Lusitano de Zurique, edição nº 265 - Junho 2020
Órgão informativo do Centro Lusitano de Zurique
Órgão informativo do Centro Lusitano de Zurique
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[ JUNHO 2020 | Edição Nº. 265 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]
LUSITANO DE ZURIQUE
MUDA DE CASA E DÁ-LHE
BOAS-VINDAS!
A partir de
1 de Julho
WWW.CLDZ.CH
EDITORIAL
NOVA CASA
PÁGINA 3
COMUNIDADE
DONATIVOS DAS
“JANEIRAS 2020”
PÁGINA 7
DIREITO
O QUE É UM
CONTRATO?
PÁGINA 12 E 13
2
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Centro Lusitano de Zurique
Birmensdorferstr, 48
8004 Zürich
www.cldz.eu - info@cldz.eu
Bufete, reserva de refeições 077 403 72 55
Cursos de alemão 076 332 08 34
Consulado Geral de Portugal em Zurique
Zeltweg 13 - 8032 Zurique
Tel. Geral: 044 200 30 40
Serviços de ensino: 044 200 30 55
Serviços sociais: 044 261 33 32
Abertura de segunda a sexta-feira das
08:30 às 14:30 horas
Embaixada de Portugal
Weitpoststr. 20 - 3000 Bern 15
Secção consular: 031 351 17 73
Serviçoa sociais: 031 351 17 42
Serviços de ensino: 031 352 73 49
Edição anterior
[ MAIO 2020 | Edição Nº. 264 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]
Pandemia Covirus-19
Edição
digital
DE REGRESSO À
NORMALIDADE?
Direcção
044 241 52 60 / info@cldz.eu
Futebol armindo.alves@garage-mutschellen.ch / 079 222 09 14
InCentro
incentro@cldz.ch
Publicidade 079 913 00 30/pub.lusitano@gmail.com
Rancho folclórico 079/549 99 10 / rancho@cldz.ch
Vamos contar uma história 079 647 01 46
Serviços municipais de informação para
imigrantes - Zurique (Welcome Desk)
Stadthausquai 17 - Postfach 8022 Zurique
Tel.: 044 412 37 37
Polícia 117
Bombeiros 118
Ambulância 144
Intoxicações 145
Rega 1414
WWW.CLDZ.CH
EDITORIAL
NORMALIDADE
OU NÃO?
PÁGINA 3
COMUNIDADE
VIAGENS
CANCELADAS
REEMBOLSOS
PÁGINA 17 E 36
SAÚDE
SAÍDA DE CON
FINAMENTO
PÁGINA 16
Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH
Katholische Mission der Portugiesischsprechenden
Fellenbergstrasse 291, Postfach 217 - 8047 Zürich
Tel.: 044 242 06 40 7 044 242 06 45 - Email: mclp.zh@gmail.com
Horário de atendimento:
- segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h
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Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
EDITORIAL
3
Nova Casa
SANDRA FERREIRA
Directora - jornalista CC12 A
Tudo na vida tem um início, um meio e um fim. Dependendo do que se trata existem
aqueles que duram mais e aqueles que duram menos. É tudo uma questão de empenho,
de cuidado, de renovação, de reinventar o já inventado.
A Associação Centro Lusitano de Zurique, com 36 anos de existência, tem sabido manter a sua existência e
enfrentar com firmeza todas as adversidades. Foram muitos aqueles que pensaram e se manifestaram preocupados
com o fecho das antigas instalações do C.L.Z. Seria este o fim de uma associação com tanta história na
cidade de Zurique? Claro que não! Não podemos dizer que foi fácil a procura de um local, contudo a direcção
continuou a acreditar que ainda iríamos a tempo. E assim foi. Se por um lado, a pandemia que vivemos nos
últimos dois meses foi uma situação complicada para muitas associações e casas portuguesas, para a nossa
associação não veio alterar em nada o rumo das coisas. Apenas não podemos despedir-nos das antigas instalações
como deve de ser. Contudo estamos todos contentes por encher a nova casa e continuar a fazer o trabalho
que essa associação tem feito em vários departamentos, para toda a comunidade portuguesa em Zurique.
É com orgulho que dizemos que ainda estamos a meio deste projecto que é o C.L.Z. e este está para durar.
Por outro lado, não podia deixar de mencionar que foi com tristeza que recebemos a noticia que o Jornal de
diáspora Gazeta Lusófona, nosso camarada na informação à comunidade portuguesa na Suíça, terminou.
Fundado há 22 anos, por Manuel Araújo e Adelino Sá, o Gazeta foi sem dúvida, o meio de comunicação social
que chegou a mais portugueses na Suíça. Com o empenho do seu então director, Adelino de Sá conseguiu
manter-se sempre presente e actual.
Sabemos por experiência própria, que manter um projecto destes não é mesmo nada fácil. Requer muito investimento
pessoal, muita partilha e muita solidariedade. Também sabemos que muitas vezes a comunidade
portuguesa não dá o devido valor a esta profissão ingrata. Contudo, devemos pensar que quando perdemos
projectos destes, estamos a perder um pouco da nossa cultura, da nossa tradição. Estamos a perder a oportunidade
de ter um meio que nos faz estar mais próximos uns dos outros. E isso não se recupera!
Deixo aqui uma saudação especial ao colega de trabalho Adelino de Sá e espero que o seu trabalho e o projecto
Gazeta Lusófona nunca sejam esquecidos pela nossa comunidade!
EQUIPA REDACTORIAL
EMAIL: LUSITANOZURIQUE@GMAIL.COM
Sandra Ferreira
Armindo Alves
DIRECTOR A CC12 A
SUB-DIRECTOR CC15 A
Natascha D´Amore
Maria dos Santos
Lúcia Sousa
Zuila Messmer
Joana Araújo
CC11 A
Cristina F. Alves
CC 16 A
Jorge Macieira
CC28 A
Pedro Nogueira
Nuno Brandão
Domingos Pereira
Carmindo de Carvalho
Euclides Cavaco
Nelson Lima
Carlos Matos Gomes
Manuel Araújo
jornalista 3000 A
EDIÇÃO,
COMPOSIÇÃO
E PAGINAÇÃO
Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
araujo@manuelaraujo.org
Tel.:(+351) 912 410 333
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Tel.: 079 913 00 30
IMPRESSÃO
Diário do Minho
Tiragem: 2000 exemplares
Periodicidade: Mensal
Distribuição gratuita
PROPRIEDADE
& ADMINISTRAÇÃO:
Centro Lusitano de Zurique
Birmensdorferstr. 48
8004 Zürich
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241 53 59
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E-mail: info@cldz.eu
Esta publicação
não adopta nem
respeita o inútil
(des)Acordo Ortográfico
Apoios:
Daniel Bohren
Jurista
Pedro Nabais
CC14 A
Aragonez
Marquez
Ivo Margarido
Jeremy da Costa
NOTA: Os artigos assinados reflectem tão-somente a opinião dos seus
autores e não vinculam necessariamente a direcção desta revista
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COMUNIDADE
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COMUNIDADE
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C.L.Z. reabre em novas
instalações em Leimbach
SANDRA FERREIRA
Já falta pouco para o Centro Lusitano de Zurique
dar as boas-vindas aos associados, amigos e público
em geral, nas novas instalações em Leimbach.
A reabertura tem lugar no primeiro dia do próximo
mês de Julho, e a direcção do C.L.Z. espera ter
tudo pronto a tempo para poder receber todos
sem grandes percalços.
Como já era do conhecimento de todos os amigos e sócios do
Centro Lusitano de Zurique, a associação teria de sair das suas
instalações até meados de Abril deste ano. A procura de um novo
local já vinha a ser feita há algum tempo, até que lhes apareceu
esta oportunidade, num edifício histórico, com espaço amplo na
localidade de Leimbach, que fica a cerca de 10 minutos do local
em que se encontravam as antigas instalações.
Um local bastante central que vai permitir receber muitos mais
clientes e estará aberto não apenas aos fins de semana, mas
também Quarta, Quinta e Sexta-feira, na hora de almoço e jantar.
A exploração do local vai continuar a ser feita por Rosa Pereira,
que diz estar muito satisfeita e contente por voltar a receber
os habituais clientes, assim como conhecer e receber os novos
clientes. Devido ao fecho inesperado das antigas instalações,
obrigatório pela pandemia do Covid-19, o C.L.Z. não teve a oportunidade
de fazer uma festa de despedida com todos os amigos e
clientes, algo que deixou Rosa Pereira bastante triste. Contudo, o
C.L.Z. está a espera que as medidas de confinamento sejam todas
levantadas, para que possa fazer uma grande festa de reabertura
e de boas-vindas à nova casa.
Armindo Alves, presidente da associação, diz que está muito
satisfeito com esta mudança e agradece a ajuda de todos neste
processo. “Queremos muito dar vida a este lugar fantástico com
a contribuição de todos“.
O restaurante “Zum Hüsli“ é um edifício que foi construído em
1612 na Risweg 1, em Leimbach. Cumpre a importante função de
ponto de encontro entre bairros e pertence à cidade de Zurique
desde 1968.
Direcção da esquerda para a direita: José Miranda, David Padela, Paulo Silva, Pedro
Pereira, Susana Pereira, Jorge Macieira, Rosa Pereira, Sandra Ferreira, Carina Azevedo,
Armindo Alves e Sandra Alves.
Ausentes: Pedro Nogueira, Magda e Sérgio Padela e Domingos Pereira
PARA AS NOVAS INSTALAÇÕES DO CLZ PROCURA-SE:
SERVENTE DE MESA m/f (parte-time)
AJUDANTE DE COZINHA com experiência em pizzaiolo m/f (parte-time)
Requisitos:
- falar prefeitamente o português e o alemão (obrigatório)
- ter experiência na área da restauração
- pessoa flexivel e responsável
É para trabalhar de Quarta-feira a Domingo.
Para mais informações entrar em contacto com Rosa
Pereira através do nr. 077 403 72 55.
Enviar o currículo para rosa.pereira@icloud.com
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6 SAÚDE
TDAH –
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
KARLA KÍSSIA ALMEIDA MAIA (*)
Ao gestar, a mãe e o pai se preparam para
receber um novo membro para a família.
Muitas expectativas são depositadas nessa
vida que chegará em breve. Quando nascem,
são cercados de cuidados, acompanhamentos
e muito amor.
Quando chega o momento de começar a frequentar
a escola, algumas vezes, as expectativas
dos pais começam a se frustrar com
os desafios escolares, tanto sociais quanto
cognitivos. Isso ocorre, principalmente,
quando a criança começa a não acompanhar
as demandas institucionais da escola.
A cobrança sobre a criança é grande. É preciso
aprender a ler, escrever, somar, subtrair,
multiplicar, dividir e, em meio a tudo isso,
não esquecer de ser criança. Entendemos
que muitas crianças conseguem responder
a todas essas demandas sem grandes
problemas, porém existem outras que, em
sua individualidade, possuem demandas
diferentes, é o caso das crianças com algum
tipo de transtorno de desenvolvimento ou
de aprendizagens, deficiências intelectuais,
visuais ou motoras.
Entre esses e outros problemas que existem,
o mais comum na escola é o Transtorno
do Deficit de Atenção e Hiperatividade.
Mais conhecido como TDAH, trata-se de
um transtorno do neurodesenvolvimento,
pois provoca mudanças no funcionamento
cerebral desde o início da vida e permanece
ao longo dos anos.
Uma criança com TDAH apresenta características
muito típicas como agitação,
desorganização espacial, memória curta,
dificuldade de se relacionar com outras
crianças, dificuldade de seguir regras, dispersão,
resistência para actividades que
exijam concentração, entre outros.
É bastante comum, acreditarmos que a
criança com TDAH é somente agitada, no
entanto, existem três tipos diferentes desse
transtorno. O primeiro e mais comum é o
tipo predominantemente hiperativo-impulsivo,
que aparece muito mais nos meninos.
As características da impulsividade e da
hiperatividade são mais acentuadas nas
crianças diagnosticadas nessa classificação.
Outro tipo é o predominantemente desatento,
este já é menos comum e, normalmente,
aparece mais em meninas. As crianças que
apresentam características dessa classificação
demoram mais a receber um diagnóstico,
pois são mais quietas, introvertidas
e, por não chamar muito atenção na sala
de aula, passam-se por tímidas. Por isso, é
preciso que os professores e gestores dentro
da escola tenha um olhar bastante sensível
a essas crianças.
O último tipo é o combinado, talvez seja o
tipo de TDAH mais complexo, pois nele as
crianças apresentam ambos os sintomas,
tanto da desatenção quanto da hiperatividade,
por esse motivo, este pode ser considerado
o tipo mais severo do transtorno e
que acarreta mais prejuízos no processo de
aprendizagem.
O diagnóstico de um transtorno como esse
não ocorre com um simples exame clínico
de um médico neurologista. É necessário, ao
serem detectados os sintomas, uma equipe
multidisciplinar formada por profissionais
como fonoaudiólogo, psicopedagogo ou neuropsicopedagogo,
neurologista, psicólogo e
outros que possam vir a contribuir para uma
análise completa, evitando assim equívocos.
Mesmo diante de todos os estudos e pesquisas,
esse transtorno ainda divide opiniões
entre os pesquisadores, educadores e
médicos. Alguns profissionais não gostam
desse diagnóstico e não acreditam na sua
credibilidade. O principal motivo é que toda
criança é activa, agitada e impulsiva. Então,
eles acreditam que acaba sendo uma forma
de “justificar” um mal comportamento em
determinados ambientes, como, por exemplo,
na escola.
Sabemos que mais importante do que criar
“rótulos” para as crianças que precisam de
ajuda profissional para conseguir aprender,
é fornecermos o auxílio necessário para
proporcionar o sucesso na aprendizagem.
(*) Neuropsicopedagoga Clínica (Faculdade
UnyLeya)
Pedagoga (UFC – Universidade Federal do
Ceará) Fortaleza/CE – Brasil. 2020
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COMUNIDADE
7
CLZ entrega donativos das
“Janeiras 2020”
SANDRA FERREIRA
Antes de fecharem as fronteiras,
o CLZ ainda teve a oportunidade
de entregar o valor arrecadado
nas Janeiras 2020 a três
instituições em Portugal, para
as quais tinha sido feito o peditório.
Apenas uma ficou ainda
em aberto devido à situação de
confinamento em que nos encontramos.
A associação PAJE foi uma das primeiras
a receber o valor de 4.250
francos suíços entregue em mãos pelo
membro da direcção do CLZ, Domingos
Pereira. A direcção da Associação,
representado pela Dra Fernanda
Gaspar, recebeu este valor com toda a
alegria, agradecendo a todos aqueles
que contribuíram para este valor, mas
em especial ao CLZ pela iniciativa.
O mesmo valor foi entregue também
ao Lar de Nossa Senhora da Graça
de Padrões, em Almodôvar. Este foi
entregue à direcção do Lar pelos
compatriotas Rui e Cristina Venâncio,
que de visita à sua terra tiveram
a amabilidade de levar esta doação do
CLZ. De volta trouxeram os muitos
agradecimentos deste Lar a todos os
que contribuíram para esta boa causa.
O terceiro valor a ser entregue foi à
Corporação Fabriqueira da Paroquia
de São Paio de Brunhais, que também
fez questão de enviar uma nota de
agradecimento a todos os membros
do Centro Lusitano de Zurique.
Por entregar ficou apenas o mesmo
valor que foi entregue a todos, de
4250 francos suíços, a uma criança
em Guimarães, o Tomás de Oliveira,
que tem uma doença degenerativa e
que precisa muito de ajuda. o valor
será entregue logo que seja possível
uma deslocação a Portugal.
O CLZ fica contente poder, todos os
anos, ajudar várias instituições em
Portugal e agradece a todos aqueles
que nos recebem em Janeiro e Fevereiro
e que contribuem para esta causa.
Caro(a)s Amigo(a)s
São Tomás de Aquino, no seu Tratado de Gratidão, ensinou-nos que a gratidão consiste uma
realidade humana complexa, composta por três níveis:
O primeiro nível é o do reconhecimento do benefício recebido. O segundo é o nível do
agradecimento, que consiste em louvar e dar graças. O terceiro é o nível mais profundo, da
retribuição, do vínculo, neste nível, sentimo-nos vinculados e comprometidos a retribuir ao outro.
Cada país, fazendo uso de sua língua, agradece num dos três níveis. No inglês e no alemão
agradece-se no nível mais superficial. “Thank you” ou “zu danken” expressa o reconhecimento
pelo favor que recebemos. Este nível está diretamente ligado ao nosso intelectual, pois
precisamos pensar e ponderar para então reconhecer determinado feito.
Na maior parte das outras línguas agradece-se no nível intermédio. “Merci” em francês, “gracias”
em espanhol ou “grazie” em italiano, indica dar graças por aquilo que recebemos e, neste
sentido, estamos sendo gratos.
Já a formulação portuguesa “obrigado” é a única que expressa o nível mais profundo de gratidão.
Quando agradecemos, queremos dizer “fico obrigado perante vós”, ficamos então vinculados,
comprometidos a retribuir. Esta é a singularidade e a beleza do agradecimento da nossa língua.
Uma palavra especial que muitas vezes usamos no dia a dia sem valorizarmos seu o significado e
o compromisso que ela carrega. Possamos, a partir de hoje, usar mais conscientemente o nosso
“muito obrigado”.
Mas a PAJE, consciente do gesto que o Centro Lusitano de Zurique teve, do seu empenho e
dedicação, vem por este meio expressar gratidão no nível mais profundo, pois ficamos
“obrigados” perante vós a retribuirmos com o nosso trabalho diário, no sentido de conferirmos
mais justiça aos que desde crianças se viram privados de uma Família cuidadora.
Gostaria muito que tomassem perfeita consciência que o donativo que nos enviaram, resultante
do Vosso esforço, permite que continuemos a dar resposta a cada vez mais pedidos de ajuda de
jovens, que por terem crescido em Instituições de Acolhimento e não terem redes sociais de
suporte, têm dificuldades acrescidas.
A PAJE não tem (ainda) apoio financeiro do Estado, pelo que vive da criatividade (caminhadas,
concertos solidários, etc.) e das ajudas que a sociedade civil, através de iniciativas como a Vossa,
nos fazem chegar. Sintam que a verba que nos remeteram, será decisiva, mesmo!!!
Um abraço fraterno e espero em Setembro poder agradecer-vos pessoalmente!
Coimbra, 01 de Março de 2020
P´la Direção (Presidente)
João Pedro Gaspar, PhD
Alameda da Feira, S/N – 3045-382 S. Martinho do Bispo
www.paje.pt ∙ Tel. 913142204 ∙ geral@paje.pt ∙ NIF: 513967419 ∙ facebook.com/PlataformadeApoioJovensExacolhidos
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8
COMUNIDADE
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COMUNIDADE
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Adida para a Segurança Social na Suíça
para responder a emigrantes
A partir do dia 18 de maio, a Dr.ª Cristina Ribeiro, Adida para a Segurança Social, passará a atender
presencialmente a comunidade portuguesa, espalhada por toda a Suíça, com a finalidade de tratar de
situações específicas da Segurança Social portuguesa, nomeadamente:
· Prestações de Desemprego;
· Prestações Familiares;
· Pensões de reforma, velhice e invalidez;
· Assistência médica;
· Destacamentos.
Atenta a necessidade de a Senhora Adida para a Segurança Social
ter de se deslocar até aos Consulados Gerais em Genebra e Zurique
e a Embaixada em Berna, o atendimento personalizado estará
sujeito a marcação prévia.
No que respeita ao Consulado em Zurique, está já prevista uma sala
onde esse atendimento presencial se irá realizar. Será necessário,
com a devida antecedência, entrar em contacto em contacto com
a Dr.ª Cristina Ribeiro, a fim de se concertar um dia em que as
pessoas poderão ser atendidas. Será, em princípio, uma vez por
mês. O endereço eletrónico de contacto é o seguinte: Adido-SS-
-Suica@seg-social.pt.
Assim sendo, as pessoas interessadas podem começar, desde já, a
manifestar o seu interesse em marcar uma reunião.
A Dr.ª Cristina Ribeiro está igualmente disposta a esclarecer e
atender os nossos compatriotas sem que seja imperioso agendarem
um dia e uma hora, i.e., o atendimento poderia ser feito por telefone
e também por esta via, e não forçosamente de maneira presencial.
A curto e médio prazo, as associações da área de jurisdição de
Zurique serão contactadas a fim de se agendarem sessões de esclarecimento.
PORTUGUESES
RESIDENTES NO ESTRANGEIRO
NÃO IMPORTA
ONDE ESTÁ.
COM A CAIXA
FICA MAIS PERTO.
Escritório de Representação da CGD - Suíça
Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève
Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465
email: geneve@cgd.pt
A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.
Créditos & Seguros
Andrade Finance GmbH
Contabilidade
Declaração de impostos
SEGUROS CRÉDITOS desde 6.95%
• Doença / Krankenkasse * discreto, simples, eficaz
..os prémios mais baratos
* possível a compra do cédito existente
• Vida, Jurídico, Acidente ...peça informação
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• Recheio, Responsabilidade Civil Tel. 076 336 93 71
• Responsabilidade Profissional Tel. 043 811 52 80
• Automóvel
Birmensdorferstrasse 55- 8004 Zürich
Info@andradefinance.ch
www.andradefinace.ch
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10
CORONAVÍRUS
DA SUÍÇA PARA PORTUGAL
PORTUGAL SEMPRE
NO NOSSO CORAÇÃO
Vantagens do SERVIÇO
DE TRANSFERÊNCIAS:
Simples
Online ou por correio, os seus recursos ficam disponíveis
com rapidez na conta do Banco Santander Totta.
Próximo
O seu Banco sempre perto de si. Na Suíça ou em Portugal.
Justo
Câmbio favorável. Agora com despesas reduzidas.
Online
Acesso fácil via e-banking.
Através do Site da Postfinance ou do seu Banco na Suíça utilize
a opção: “ordem de pagamento com o boletim vermelho”.
Preencher todos os campos conforme o vale de correio vermelho
fornecido pelos escritórios de representação.
Não esquecer:
conta do Banco Santander Totta (30-175563-2)
IBAN, nome e morada do beneficiário
Novo endereço
Correio
Utilizando o Impresso (Vale de correio vermelho)
Boletim/Vale vermelho requisitado através dos escritórios
de representação de Genebra ou Zurique e entregue com
a Ordem de Pagamento ao seu Banco na Suíça
(preferencialmente no PostFinance) para concretizar
o pagamento.
Boletim vermelho
(fornecido pelos escritórios de representação
de Genebra ou Zurique)
+
Ordem de pagamento
(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
+
Envelope
(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
Envio por correio para o seu banco suíço
ou Postfinance
Pelas regras em vigor é obrigatória a identificação do ordenante, IBAN e morada
do beneficiário realizando-se a transferência para débito em conta. Interdita
a utilização de numerários (cash).
A utilização do ST (Serviço Transferências) apesar de permitir custos reduzidos não
dispensa a consulta do preçário em santandertotta.pt, com as condições de cada
entidade bancária na Suíça e em Portugal.
Escritório de Representação de Genebra
Rue de Genève 134, C.P. 156 | 1226 Thônex - Genève | Tel. 022 348 47 64
Escritório de Representação de Zurique
Badenerstrasse 382, Postfach 687 | 8040 Zürich | Tel. 043 243 81 21
Baslerstrasse, 117 - 8048
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ACTUALIDADE
Mulheres poderiam trabalhar mais com
creches menos caras e emprego flexível
11
Boa parte das mulheres suíças reduzem seu ritmo de atividade profissional depois de virar mãe. (© Keystone / Gaetan Bally)
PAULINE TURUBAN (*)
A Suíça é um dos países europeus com
a maior proporção de mulheres trabalhando
em tempo parcial. Um estudo
recentemente publicado mostra que isso
nem sempre é por escolha, e que muitas
delas gostariam de aumentar sua porcentagem
de emprego se as condições
fossem mais favoráveis.
As mães que trabalham na Suíça estão satisfeitas
com a sua situação? Para responder a
esta pergunta, a organização familiar Pro Família
realizou uma pesquisa em março entre
uma amostra de 500 mulheres trabalhadoras
com um ou mais filhos. Os resultados foram
publicados no domingo.
O estudo ilustra em primeiro lugar como
a redução do tempo de trabalho é quase a
norma para uma mulher quando ela tem um
bebê. Mais de três quartos das entrevistadas
dizem ter reduzido sua taxa de atividade
por causa da maternidade. Em todo o país,
o padrão de mães que trabalham mas em
tempo parcial é o mais difundido e atinge
mais de seis em cada dez famílias, de acordo
com dados do Departamento Federal de
Estatística (OFS, nas iniciais em francês).
Embora a proporção de mulheres trabalhadoras
esteja entre as mais altas da Europa,
a Suíça é o segundo país, depois dos Países
Baixos, onde as mulheres mais trabalham
em tempo parcial.
Sete em cada dez mulheres gostariam de
trabalhar mais
Na situação atual, quase dois terços das mulheres
que responderam à pesquisa da Pro
Familia dizem estar satisfeitas com sua situação.
Uma em cada cinco mulheres gostaria de
reduzir ainda mais o seu horário de trabalho,
e apenas 17% gostaria de aumentá-lo.

No entanto, o estudo também indica que se
todas as condições básicas estivessem estabelecidas
para facilitar a atividade profissional
das mães, sete em cada dez mulheres
gostariam de trabalhar mais. Este desejo diz
respeito principalmente àqueles com educação
superior. O potencial de aumento chega a
até 80% - apenas uma pequena minoria das
mulheres pesquisadas gostaria de trabalhar
em tempo integral.
Então quais seriam as alavancas que incentivariam
as mulheres a investir mais no
mercado de trabalho? A Pro Família aponta
para quatro principais: o incentivo financeiro
para ir trabalhar; o preço das creches;
a possibilidade de trabalhar em casa; e a
redução da carga das tarefas domésticas e
do tempo gasto com as crianças.
O alto custo das creches é identificado há
muito tempo como um grande obstáculo à
atividade profissional feminina. Apesar das
medidas tomadas nos últimos anos, nem
sempre é financeiramente atraente trabalhar
mais. Em média, de acordo com o OFS, as
famílias dedicam 4% de sua renda ao cuidado
extrafamiliar de crianças. O custo do cuidado
de uma criança menor de 4 anos em uma
creche é de CHF 1.160 por mês para uma
família no terço superior do nível de renda, e
CHF 400 para uma família no terço inferior.
As respostas à pesquisa Pro Família também
destacam outra realidade, a do peso
das tarefas domésticas e educacionais que
expõem as mulheres ao "trabalho dobrado".
Nos lares com filhos, as mães ainda fazem a
maior parte das tarefas domésticas.
De modo geral, a tradicional distribuição de
papéis de gênero ainda está muito presente,
o que provavelmente é uma conseqüência
da política familiar não intervencionista da
Suíça. Francesco Giudici do Departamento
de Estatística do Cantão do Ticino foi questionado
pela swissinfo.ch em novembro de
2019 sobre este tema: "As estruturas sociais
e econômicas que foram criadas numa época
em que o modelo de ganha-pão masculino
formava a base da vida familiar e profissional
ainda estão muito presentes em nossa
sociedade e continuam a difundir a ideia
de que ter um filho é um assunto privado.
Mesmo a adoção em setembro passado de
uma licença paternidade obrigatória de duas
semanas não será suficiente, disse ele, para
compensar outros fatores culturais e estruturais
que continuam a favorecer a divisão
tradicional do trabalho.
(*) Swissinfo - autor escreve em português do
Brasil
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
12
DIREITO
O que é um contrato?
DANIEL BOHREN
Como é celebrado um contrato?
Um contrato é celebrado quando duas ou
mais pessoas manifestam uma vontade
mútua concordante sobre a constituição
de direitos e obrigações. A manifestação
da vontade pode ser efetuada expressa
(oralmente, por escrito, etc…), mas também
implicitamente. Não é necessário,
salvo em poucas exceções, que os contratos
sejam celebrados por escrito. Para, no
entanto, poder comprovar os direitos derivados
dum contrato, se ele não for cumprido,
devia-se, todavia, celebrar um contrato
por escrito. Existem, portanto, outros
meios de prova (testemunhas etc. ...) mas
estas provas são menos seguras.
O que significa por escrito?
Segundo a lei por escrito significa, que o
contrato é assinado por todas as partes
contratantes. Um E-Mail por exemplo não
satisfaz a exigência de forma escrita, porque
lhe falta a assinatura. Mas um email
sempre é uma prova, mas como pode ser
falsificada facilmente é uma prova duma
qualidade inferior.
Quando é que o contrato se encontra
celebrado?
Quando se chegou a acordo sobre os pontos
principais. No contrato de compra os
pontos principais são, por exemplo, o objeto
da compra e o preço. Se se chegar por
exemplo a acordo, que se vende a alguém
determinado carro, mas não se chegou
ainda a acordo sobre o preço, então não foi
ainda celebrado nenhum contrato, porque
o preço é um ponto principal, sobre o qual
se precisa obrigatoriamente um acordo.
Outro exemplo é o contrato de trabalho:
os pontos principais são a disponibilidade
de trabalhar para alguém contra remuneração.
Sobre o montante do salário não é
necessário acordo.
O que acontece quando não se
chega a acordo sobre os pontos
secundários?
Os pontos secundários são então determinados
pela lei ou o juiz estipula-os de
modo a que correspondam o mais possível
ao contrato ou como são usuais para tais
contratos. Não se chegou, por exemplo, a
acordo sobre o salário, tem-se então direito
ao salário, que é praticado habitualmente
para este trabalho, tendo em consideração
a formação e a experiência do
trabalhador.
Quero celebrar um contrato escrito
para venda do meu carro
com um colega de trabalho: Tenho
de escrever o contrato em
alemão?
Não. Um contrato pode ser celebrado em
qualquer língua. Só se houver um processo
judicial é que é preciso mandá-lo traduzir.
É importante que escolha num
contrato por escrito as palavras
certas?
Não, só é relevante o que as partes contratantes
queriam de facto e não o que se
encontra escrito no contrato. Quem puder
assim comprovar, que a vontade mútua
foi algo diferente do que se encontra no
contrato, então não é válido o que está no
contrato escrito, mas sim o que se pretendia.
Mas um contrato por escrito tem num
processo judicial alto valor comprovativo,
razão pela qual não é com frequência possível,
comprovar algo de diferente.
Se recebo uma oferta de contrato
e não reajo. O que é então
válido?
Sem aceitação não há contrato.
Por quanto tempo é uma oferta
de contrato obrigatória, ou antes,
quanto tempo posso esperar
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
até aceitar um contrato?
A essa pergunta não pode ser respondido
de uma maneira geral e depende do contrato.
Pode esperar-se, como é usual ou
razoável, para poder pensar na celebração
do contrato. Regra geral a aceitação
é usual dentro de alguns dias. Se aceita
tarde a mais o contrato só se celebra se a
outra parte continua a ser de acordo.
O que acontece, quando aceito
uma oferta só com algumas alterações?
A aceitação com alterações corresponde a
uma recusa da oferta original e uma nova
oferta com as alterações, que o outro pode
aceitar ou não. Se ele não reage ou não
aceita, não se efetua contrato nenhum.
Não existe um direito de renovação da
oferta original.
O que tenho de fazer se alguém
me manda produtos para casa
que eu não encomendei e não
quero ficar com eles?
Não tenho de fazer nada. Nem é preciso
enviar os produtos de retorno nem os
guardar. Quem, todavia, aceita o produto
como sua propriedade, utilizando-lho,
também tem de pagar o preço indicado.
Vejo numa loja uma coisa que
tem indicado um preço: O preço
é vinculativo?
Sim, pode exigir que lhe vendam a coisa
ao preço indicado. A única exceção é
quando o preço foi reconhecivelmente e
claramente escrito erradamente.
Posso revogar um contrato?
Em certos casos é possível fazê-lo: Quem
celebra um contrato com uma grande imparidade
entre prestação e contraprestação,
porque foi tirado partido da sua
situação de precaridade, da sua inexperiência
ou da sua leviandade, pode impugnar
o contrato dentro do prazo de 1 ano. O
mesmo é possível, se alguém foi enganado
propositadamente ou se só fechou o contrato
por ter medo pela integridade física,
pela vida, pela honra ou pelo património
próprio ou de pessoas que lhe estão perto.
Também devido a um erro se pode rescindir,
após reconhecimento do erro, dentro
de 1 ano um contrato, mas só quando se
tratam de erros graves, como, por exemplo,
quando nos enganámos sobre o tipo
de contrato (um contrato de compra em
vez de locação) ou quando por engano se
DIREITO
13
prometeu muito demais. Duma maneira
geral pode-se impugnar o contrato se
nos enganámos sobre as condições, que,
vistas com objetividade e eram bases do
contrato e isso foi reconhecível para o
parceiro do contrato. É o caso, por exemplo,
quando se verifica à posteriori, que o
carro comprado foi roubado, um aparelho
DVD comprado tem um código e não pode
ser utilizado na Suíça ou quando alguém
alugou uma garagem para nela instalar
uma oficina e se verifica depois, de que tal
não é permitido. Neste caso só é possível
uma revogação, se o locatário sabia, o que
o locador pretendia fazer na garagem.
Ainda é possível uma rescisão, se alguém
celebra em casa, no trabalho em locais públicos
ou telefonicamente um contrato por
mais de Fr. 100. A revogação tem aliás de
ser efetuada dentro do prazo de 14 dias.
Este direito de revogação não é válido
para encomendas feitas pela Internet. A
maior parte das lojas web concedem, no
entanto nas suas Condições Contratuais
Gerais um direito de revogação.
Tem perguntas que digam respeito
ao direito?
Envie a sua pergunta com a indicação “Lusitano”
a:
Bohren Rechtsanwalt, Postfach 229, 8024
Zürich
ou para mail@dbohren.ch
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14 CRÓNICA
Do nosso cantinho para o vosso cantão
Cotovelo Contra Cotovelo
ARAGONEZ MARQUES (*)
A pandemia tem prejudicado todas
as pequenas empresas em Portugal.
As editoras estão fechadas, as apresentações
de livros proibidas... os
escritores, sem saber o que fazer.
Foi por isso que resolvi editar aqui,
dois capítulos do meu próximo livro
que se chama “A Taberna de
Avelino Camejo” – quem sabe não
poderá um dia ser apresentado em
Zurique?
Dantes, a dor de cotovelo era uma
coisa feia; agora, cumprimentamo-
-nos com eles.
Não entendo esta coisa... prefiro os
afectos, por isso vos dou esta prenda.
20. O funeral de José Boavida
Foi grande. Muita gente, clientes, fornecedores,
familiares da mulher, cunhados,
cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, mas
amigos contavam-se pelos dedos.
José Boavida nunca foi de grandes relações
e eram mais as amigas da mulher,
todas velhas de preto e carpideiras, que
os vivaços amigos dele, alguns mesmo
não estiveram presentes porque não quiseram,
tal como ele, eram adversos ao sofrimento.
Quando tudo terminou, Avelino, a mulher
e os filhos, ainda pequenos, regressaram
a casa da tia para ela não ficar sozinha.
A mais pequenina abriu a televisão, a tia
estava no quarto. Avelino apagou-a de
imediato:
- Hoje não há televisão filhota, é um dia
muito triste.
Foi Pituca que saiu do quarto quando o
ouviu, para pasmo de todos tinha mudado
de roupa, preto fora, e trazia um vestido
branco com desenhos cinzentos.
- Aqui tudo continua igual, acende a televisão
na mesma.
Depois voltando-se para Avelino:
- Viste alguma lágrima debaixo dos meus
óculos escuros no funeral? Já não tenho
lágrimas, secaram os meus olhos depois
da morte de João Fernando, o meu rico
filho, e algumas que ainda ia tendo, levou-as
o teu tio. Tratei-o sempre bem em
vida, agora acabou-se. Já está, já está.
Não o podemos trazer de volta, quero toda
a gente feliz a começar por mim.
Ela mesma abriu a televisão.
Dois meses depois, impediu a venda do
carro do marido, tirou a carta de condução,
e imaginem, matriculou-se em aulas
na piscina pública e aprendeu a nadar.
Com a morte do marido, tinha nascido
outra mulher.
21. Nova vida
Durou alguns anos esta nova mulher, e
logo que lhe faleceu o pai, alguns anos depois
do acidente de João Fernando, começou
a sair com as amigas e ainda fez algumas
viagens a Gibraltar, Ceuta, Madeira e
Açores e nas férias, alugavam um apartamento
na praia de Sesimbra, durante os
primeiros vinte dias do mês de agosto.
Todas viúvas, menos a Dona Maria, que
apaixonada por um homem que nunca
se apercebeu que ela o amava, casou, e
mesmo depois de ter casado, tirava-lhe
sempre o chapéu quando a cumprimentava
na rua, desconhecendo sempre esse
amor nunca manifestado, até que a morte
o levou com oitenta e um anos, deixando
mulher, filhos e netos.
Dona Maria fez o seu próprio luto interior
e, embora solteirona, sem nunca ter
conhecido homem, permitia a quem a não
a conhecia que a julgassem viúva, inventando
ou fugindo sempre à conversa se alguém
lhe perguntava algo sobre o marido.
Só respondia, sempre igual, quando lhe
perguntavam se tinha filhos:
- Deus nunca o quis.
Este grupo de mulheres habituaram-se a
tomar café depois do almoço onde falavam,
riam e nunca choravam.
As tristezas eram passado e agora, quando
não viajavam, davam grandes passeios,
três atrás e duas à frente, no carro
do defunto de Pituca, que nunca permitiu
que fosse vendido, chegando mesmo nos
domingos, depois da missa a irem almoçar
fora, clientes habituais do restaurante
da Aldeia de Varche.
Canja e frango assado, a especialidade, e
depois, sobremesas variadas.
Assim viveram durante quase dez anos,
até que as doenças as começaram a dividir
e a regressarem a casa dos filhos, a
última porta das suas vidas.
Só Dona Maria passou a ir viver com uma
irmã, mas pouco tempo, pois preferiu ir
para um lar.
Dona Pituca, sem filhos, foi para casa do
sobrinho.
Deveriam ter começado a viver muito
mais cedo.
(...)
(*) In A Taberna de Avelino Camejo
...a ser publicado por Filigrana Editora...
NOTA: Para o próximo mês terei que falar
sobre um grupo chamado “Alentejanos no Facebook”
que merece uma referência negativa.
Mas hoje, não me apetece aborrecer. Abraço a
todos os leitores e amigos. Leitoras e amigas,
também, obviamente!
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CRÓNICA
Em nome da língua
portuguesa
15
ANTONIO MANUEL RIBEIRO (*)
Por ventura, a pessoa mais importante
na minha formação literária
seja o professor Manuel
Mendes, que me deu aulas entre
1972 e 1974 no antigo ‘barracão’,
a que chamávamos Liceu Nacional
de Almada – uma escola
erguida em pré-fabricado que
deveria ter durado meia dúzia de
anos e ali ficou por mais de duas
décadas.
Um dia propôs-nos a redacção de uma prosa
livre. E eu, que já escrevia poemas para
as minhas paixões, bem, seriam antes cartas
em forma poética (uma chegou às 21
páginas), surfei um texto com agilidade –
aos 18 anos é assim, errar é fácil. Quando
ele me viu despachado, enquanto os meus
colegas batalhavam entre o substantivo e
o pronome, agarrou no meu caderno, leu e
disse-me: «Se quiseres escrever sobre algo
mete-lhe densidade além do somatório de
palavras, fala de coisas concretas». Nunca
mais o esqueci.
Mais tarde, já na faculdade de Letras (na
altura em que o Artur Jorge estudava Germânicas
e eu Românicas), encontrei uma
professora de Linguística II que me fez
despertar para o som da palavra, o peso
da palavra, o grito, o palavrão, a entoação,
o sotaque – as minhas perguntas exasperavam
os futuros professores que queriam
um diploma a correr, mas ela gostava. Urbano
Tavares Rodrigues (Literatura) e Pereira
Bastos (psicanálise do estudo literário)
abriram-me um mundo que eu trouxe
para a música.
Enquanto isto, na prática jornalística no
trissemanário Record, onde passei 4 anos
1976/80), moldei-me à síntese que uma
notícia exige – os versos vêm do mesmo
ninho.
Foi gente como José Afonso, José Mário
Branco ou Sérgio Godinho que consolidaram
a minha palavra, o contributo maior
que fornecemos ao rock português – cantar
na língua-mãe de Camões,na pátria de
Pessoa, na riqueza de Eça, Lobo Antunes,
Saramago, Peixoto.
Eu respeito a língua portuguesa desde o
meu primeiro dia público. Sou obsessivo
na correcção, de um livro, de um poema,
de um post nesta rede social. Porquê? Para
não propagar erros.
Escreve-se muito mal em Portugal. Uma
boa parte dos pais querem ver os filhos
entrar na linha de produção da fábrica-escola
e que não se perca tempo – é a ansiedade
que tudo altera e mata. Estudar exige
tempo para errar e corrigir.
Estudar exige tempo e discussão. Com a
eleição daquele senhor em 2005 entrámos
no desvario de certificar depressa e em
força para atingir as médias europeias.
Triste sina para um país, uma língua, o
que aí vem. Iliteracia pura e funcional.
Hoje, na celebração do 1.º dia Mundial
da Língua Portuguesa, em que múltiplos
discursos somarão as banalidades do costume,
aguardarei (sentado) que o famigerado
Acordo Ortográfico de 1990 (sem
ratificação na CPLP) seja invocado para
devolução ao étimo fundador, dele extirpando
os facilitismos saloios que um grupo
de peraltas desenhou há 20 anos.
Compras:
Discos: LP Led Zeppelin – “Live at the Fillmore
West, San Francisco, 1969” (2020)
- Livros:
“O Traidor” – Nelson DeMille (2020)
(*) Fundador e vocalista do grupo de Rock
mais antigo de Portugal - o UHF
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16
COMUNIDADE
Gazeta Lusófona
despede-se
Comemoração do 4 aniversário do Gazeta Lusófona - Consul de Zurique Drª Regina Marchueta, Adelino Sá, Manuel Araújo e Manuel Beja
CARLA PIMENTA (*)
Fundado há 22 anos, o jornal de
diáspora Gazeta Lusófona, ao serviço
desde 1998 da comunidade
portuguesa residente na Suíça, vai
fechar, como anunciou um dos fundadores,
Adelino Sá, no seu último
editorial de Abril/Maio.
"Quero agradecer publicamente as imensas
mensagens de apoio e acreditem que este é
um momento muito difícil", explicou o director
do jornal no editorial.
Adelino Sá, natural do Porto, junto com o
jornalista Manuel Araújo, natural de Amares,
foram os fundadores daquele que foi um dos
primeiro jornais destinados à comunidade
portuguesa na Suíça.
O jornal, com sede na cidade de Luzerna,
contava com uma tiragem média mensal
de 6.000 exemplares que chegava a todo o
território helvético.
Num artigo de opinião para a revista Lusitano
de Zurique, da qual Manuel Araújo é
actualmente editor, o mesmo explica como
surgiu a necessidade de criar este jornal: “Há
mais de 35 anos quando cheguei à Suíça, a
informação que tínhamos sobre Portugal
era praticamente nula. A fome informativa
era tanta, que havia portugueses, entre os
quais me incluo, que ao fim de semana visitavam
o aeroporto na esperança que algum
passageiro vindo de Portugal, lhes deixasse
o jornal do dia, que era distribuído durante
a viagem”.
Com a chegada da RTP na década de 90 ao
pacote de televisão suíça, surge um dos primeiros
jornais de diáspora, o Luso Helvético,
para o qual Manuel Araújo e Adelino Sá colaboraram.
“Foi o terceiro jornal português
a ter uma página na Internet, a seguir ao
jornal O Público e ao Jornal de Notícias. Saí
devido a divergências de opinião e criei com
o actual director e proprietário (Adelino Sá),
o Gazeta Lusófona. Foi um sucesso, mas mais
tarde, em desacordo com a linha editorial
imposta, optei por vender a minha parte”,
explica o jornalista Manuel Araújo.
Segundo o actual director, foi necessário
“muito esforço e dedicação” para dar vida
ao jornal durante os 22 anos que esteve ao
serviço da diáspora portuguesa na Suíça,
ainda no editorial, que reproduziu na rede
social Facebook.
“Para se chegar até aos dias de hoje, foi
necessário percorrer muitos milhares de
quilómetros, nos últimos 14 anos. E orgulhamo-nos
muito, temos de o referir, de nunca
termos falhado uma única edição”, adianta
Adelino Sá.
A Gazeta Lusófona, conhecida pela comunidade
portuguesa na Suíça como sendo um
“jornal de proximidade”, além de tratar dos
mais diversos temas da actualidade portuguesa
na Suíça, disponibilizava informações
práticas aos leitores de forma a ajudar
a comunidade na sua integração no país de
acolhimento.
Adelino Sá, um dos fundadores da Gazeta
despede-se, deixando explícito todo o esforço
e dedicação que colocou no projecto
para servir a comunidade durante mais de
duas décadas.
“Dei desde o início o melhor de mim em
enaltecer e divulgar o melhor da nossa comunidade,
que é rica de valores e profunda
de sentimentos patrióticos, com uma dedicação
e amor incomensurável à terra que os
viu nascer, carregando consigo os nossos
costumes e tradições”, explica o jornalista.
Manuel Araújo referiu ainda as dificuldades
com que se depararam na criação do jornal:
“O Gazeta foi criado e dei o ‘corpo ao manifes-
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COMUNIDADE
17
to’ durante mais de quatro anos a aguentar
o barco, enquanto havia prejuízo. Antes
da criação do Gazeta, o Adelino era um
carteiro que sabias escrever umas coisas,
ele veio para o Luso Helvético uns tempos
e depois de sairmos os dois, criámos
o Gazeta. Mas fui eu e o Luís Esteves que
assinámos a declaração para a CCPJ (Comissão
de Carteira Profissional). Uma vez
que o Adelino aceitou o cargo de director,
foi-lhe atribuída então a carteira profissional
de jornalista, sem qualquer estágio”.
Manuel Araújo regressou a Portugal em
2000, para dirigir a redacção do jornal Gazeta
Lusófona, que tinha sede em Amares e
em 2003 vendeu a sua parte amigavelmente
a Adelino Sá, ficando este à posteriori
como único proprietário do jornal, a par
com as suas funções de director do mesmo.
“A idade começa a pesar e os problemas
de saúde também se começam a avolumar.
Chegou o momento de me despedir
depois de 22 anos de actividade”, declara
o Adelino Sá, confessando que “não é uma
decisão fácil e que de certeza nem todos
vão entender”.
Segundo o director do jornal, a situação
actual de pandemia veio acelerar a tomada
de decisão de encerramento do projecto.
“Este período mais obscuro, devido a esta
pandemia, que veio trazer ao de cima todas
as nossas imensas fragilidades, faz com
que vos escreva estas palavras de despedida”,
refere Adelino Sá, salientando que
“esta paragem também veio trazer ao de
cima todas as debilidades do foro económico
e, muito especialmente, para quem
tem um projecto que depende de terceiros”,
como é o deste jornal que chega ao final
da sua vida.
(*) Jornalista CC43A/ luso.eu
1998 - Primeira edição 2020 - Última edição
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TRANSCENDÊNCIAS
A Humanidade Vive
Desfocada…
IVO MARGARIDO
Angústia, sofrimento, dor,
stress, depressão, solidão, …,
são apenas alguns dos padrões
recorrentes em que vive
a generalidade da humanidade,
simplesmente porque não
se conhece. A única coisa que
conhece é trabalho, trabalho,
trabalho … sem ser capaz de
identificar a felicidade.
Sempre foi treinada para ser assim, quer
através da cultura familiar, quer, e essencialmente,
através do sistema de ensino,
que formata pessoas para servir o sistema
capitalista. Na verdade, o sistema capitalista
patrocina a competição, o individualismo,
o egoísmo, fomentando uma
sociedade desequilibrada e materialista,
que consome desmesuradamente os recursos
do planeta, destruindo tudo, inclusive
a si mesma.
As escolas criam “robots”, máquinas sem
alma, sem espírito. Nenhum curso aborda
a alma, a consciência, a essência do
Ser Humano, porque o sistema de ensino
não quer saber se és feliz e, por isso,
não e não te ensina a lidar com as tuas
emoções; apenas te forma para arranjares
um emprego, para trabalhares numa
empresa e ganhares dinheiro e entrares
no mercado de consumo. Terás então a
ilusão de que o dinheiro é sucesso e o sucesso
é felicidade. Surge então o stress,
que não é mais do que uma manifestação
sintomática de uma corrida por algo que
nunca alcançarás. E O SISTEMA ENSI-
NA-TE ISSO COMO UMA FILOSOFIA
DE VIDA, mas essa é uma mentira do
capitalismo.
Pára um instante e concede-te um momento
de reflexão; de todo o tempo que
já viveste, qual a percentagem de tempo
vivido em prazer e qual a percentagem de
tempo vivido em stress, angústia e sofrimento?
Lembra-te; se não vives em prazer, estás
a criar-te problemas de saúde e passas a
ser um(a) “medicamento-dependente”,
o que te forçará a trabalhar ainda mais
para poderes comprar os remédios que
nunca curarão os males que criaste à tua
alma. Logo, sobes um degrau na escada
da tua própria escravatura.
Eu diria que, 99% da população mundial
vive abaixo do nível de prazer, significando
que não existe prazer na vida destas
pessoas. Quantas vivem enclausuradas
em casamentos que de união só têm o
nome, por exemplo? Percebemos então
o grau de dependência e a gravidade da
problemática em que a sociedade está
mergulhada. Não existe sociedade mais
reprimida e atormentada que a nossa.
É simplesmente impossível as pessoas serem
felizes num modelo capitalista, porque
a felicidade não se compra através do
que tem preço; o que tem valor, conquista-se
somente através da alma. Observa à
tua volta e avalia o resultado. As pessoas
ainda vivem de forma demasiado primitiva
(espiritualmente falando); é assim
que queres continuar a viver? Então, começa
já hoje a tua transformação.
Antes de caminhares pelas estrelas, necessitas
de aprender a andar pela Terra.
Se não detectares esse teu estado doentio
em que vives, tomando consciência,
nunca conseguirás sair dele. Quando
começares a tua transformação, não te
preocupes com o que os outros possam
pensar ou dizer, mesmo que te rotulem
de louco(a), pois começarás a ser diferente,
a ler coisas que a maioria não lê,
a fazer coisas que a maioria não faz … e a
diferença incomoda a população formatada;
“já não vais connosco para os copos?
Já não vais connosco ver o futebol?
Fazes meditação?”
Quando alguém te rotular de louco, podes
ter a certeza de que estás no caminho
certo, já que enquanto permaneces no estado
doentio (idêntico ao da maioria das
pessoas que te rodeia), ninguém repara.
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CRÓNICA
19
“Ligados em tempo de
quarentena”
ALICE VIEIRA (*)
É um tempo difícil, claro. Mas as
dificuldades também servem para
nos pôr à prova. E quando tudo isto
acabar, nunca seremos os mesmos,
o mundo nunca será o mesmo.
Um corvo parou à beira da minha
janela.
Eu nem sabia que na minha rua
havia corvos.
Acabou por voar para outros sítios, e eu abri a
janela, para sentir na pele o calor da manhã.
O vizinho do prédio em frente também abriu
a janela, e sorrimos e acenámos um ao outro.
Eu nem sabia que aquele andar tinha gente.
Ligam-me amigos que eu não ouvia há anos,
e eu ligo para amigos que eu nem sei se ainda
estarão vivos porque ninguém tinha tempo
de telefonar aos amigos.
Ligo para amigos que vivem em Itália, em
Inglaterra e em Espanha, e é como se vivessem
aqui ao lado. Porque de repente o mundo
tornou-se mesmo naquela aldeia global de
que o McLuhan falava.
Abro um livro, e leio na dedicatória: “lembra-te
de mim”. Nunca mais tinha voltado a
pegar neste livro, nunca há tempo para ler,
mas agora li-o até ao fim e o amigo já morreu,
e eu acho que nunca tive tempo de lhe dizer
como gostava dele.
De repente desato a escrever cartas e a receber
cartas, num tempo em que se dizia que já
ninguém sabia sequer o que era uma carta.
De repente sigo a missa na Capela do Rato
aos domingos, pela net—quando inventava
sempre pretextos para ficar a dormir porque
estava muito cansada ou tinha muito trabalho
a despachar.
De repente, tudo o que era distante aproximou-se
de nós. Estamos sozinhos em casa –e
nunca estivemos tão acompanhados.
E percebemos agora que ninguém está só
neste mundo. Que dependemos dos outros,
como os outros dependem de nós. E que nenhum
homem é uma ilha, como há centenas
de anos John Donne descobriu.
É um tempo difícil, claro.
Mas as dificuldades também servem para
nos pôr à prova. E quando tudo isto acabar,
nunca seremos os mesmos, o mundo nunca
será o mesmo.
Mas tudo depende daquilo que fizermos e
pensarmos nestes tempos de quarentena.
Testemunho da Alice Vieira para a Renascença.
Foto: Pedro Antunes Pereira
Alice Vieira junto do Hotel onde passsava as suas férias em criança, nas Termas de Caldelas, onde tem muitos amigos. Visita-as sempre que tem oportunidade.
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
20
AGENDA
Terça-feira
9.6.2020
CONCERTOS EM CASA
Devido à disseminação do coronavírus, os
concertos estão cancelados em todo o mundo.
Aqui você encontrará uma visão geral de
concertos online. Desfrute de concertos ao
vivo todos os dias diretamente da sua sala
de estar. Grátis.
http://blog.ticketmaster.de/musik/livestreams-
-konzerte-6432/
Quarta-feira
10.6.2020
GRUPO DE CORRIDA
Por favor, informe-se para confirmar a realização
deste evento. Todas as quarta-feira,
os entusiastas do desporto se encontram no
grande relógio de flores na “Bürkliplatz” para
um treinamento de corrida. Esta oferta é
direcionada especificamente para iniciantes.
09:00-10:00. Grátis.
Bürkliplatz, Blumenuhr.
Tram 2/5/8/9/11 oder Bus 161/165 bis “Bürkliplatz”.
http://www.zueriraennt.ch/laufgruppen
Quinta-feira
11.6.2020
MUSEU DO DESIGN
Este museu é especializado em design e
comunicação visual. A exposição “Énergie
animale” (até 25.10.) concentra-se na relação
entre os humanos e os animais. Ela aborda
tópicos actuais, como o uso de peles, nosso
consumo de carne ou a extinção de espécies.
Ter-dom 10:00-17:00. Qua 10:00-20:00. Com
KulturLegi CHF 8.- (em vez de CHF 12.-).
O escritório da MAPS sorteia 2×2 entradas
gratuitas. Basta ligar para: 044 415 65 89
ou escrever um email: maps@aoz.ch.
Museum für Gestaltung. Ausstellungsstr.
60.
Tram 4/13/17 bis “Museum für Gestaltung”.
http://www.museum-gestaltung.ch
Sexta-feira
12.6.2020
DESPORTO PARA ADULTOS
Por favor, informe-se para confirmar a realização
deste evento. A associação “Sportegration”
oferece cursos desportivos para
refugiados, imigrantes e residentes. Hoje,
por exemplo, há um treino de vôlei às 18:00.
Com N/F Ausweis participação gratuita ou
CHF 10.- por treino. Oferta detalhada no site
www.sportegration.ch.
Schulhaus Kern, Turnhalle. Kernstr.
41.
Tram 8 oder Bus 32 bis “Helvetiaplatz”.
http://www.sportegration.ch
Sábado
13.6.2020
CAMINHADA NO SIHLWALD
O “Sihlwald” é o local ideal para fugir da
agitação da cidade. Uma trilha de caminhada
sinalizada leva os caminhantes da estação de
comboios “Sihlwald” através do bosque. Além
disso, o museu “Wildnispark Zürich” fica a
apenas 5 minutos a pé da estação de comboios
“Sihlwald”. Ali você encontrará informações
interessantes sobre o tema dos bosques e
florestas. Entrada livre. Custo: o bilhete de
comboio para a “estação Sihlwald”.
Wildnispark Zürich, Besucherzentrum. Alte
Sihltalstr. 13.
S4 bis “Bahnhof Sihlwald”.
http://www.wildnispark.ch
Domingo
14.6.2020
APRENDER ALEMÃO EM CASA
No grupo do Facebook “Deutsch lernen
Zuhause”, você encontrará informações para
seu estudo autônomo. Descubra, por exemplo,
quais aplicativos gratuitos você pode
usar. Você precisa de ajuda ou conselho para
cursos de alemão? Ligue para nós. Residente
na cidade de Zurique: qua/qui 09:30-11:30;
077 814 09 21 (alemão, inglês, francês, espanhol).
Residente no cantão de Zurique:
seg/qua 14:00-16:30; 079 762 81 12 (alemão,
inglês, francês, espanhol, turco) e 077 814
09 21 (alemão, inglês, francês, espanhol) ou
escreva um e-mail para: deutschmobil@aoz.
ch. Grátis.
http://www.facebook.com/deutschlernenzuhause/
Segunda-feira
15.6.2020
VISITAS GUIADAS PELA CIDA-
DE
Por favor, informe-se para confirmar a realização
deste evento. A associação “Free
Walk” oferece vários passeios gratuitos por
Zurique todos os dias. Tours originais e divertidos
com muitas dicas são garantidos.
Visitas guiadas em alemão ou inglês. Por
exemplo, o “Altstadtführung” começa todos
os dias às 11:00 na Paradeplatz. Ponto de
encontro em frente do banco “Credit Suisse”.
Os passeios duram aproximadamente 90
minutos. Participação gratuita, contribuição
espontânea.
Paradeplatz.
Tram 2/7/8/9/10/11/13/17 bis “Paradeplatz”.
http://www.freewalk.ch/zurich/
Terça-feira
16.6.2020
EXPOSIÇÃO (ATÉ 06.12.)
A exposição de fotografia e som “Kalkutta
Schwarz Weiss” apresenta outra visão da
cidade indiana de Calcutá. A exposição etnográfica
combina imagens e sons da cidade,
permitindo assim um olhar profundo na vida
quotidiana. Ter-dom 10:00-17:00. Qui 10:00-
19:00. Entrada gratuita.
Völkerkundemuseum. Pelikanstr. 40.
Tram 2/9 oder Bus 66 bis “Sihlstrasse”.
http://www.musethno.uzh.ch
Quarta-feira
17.6.2020
KULTURLEGI
O cartão KulturLegi é um documento para
pessoas com baixos rendimentos. Beneficie
de preços reduzidos em vestuário, alimentação,
cursos de alemão e muito mais.
Por exemplo, com KulturLegi a entrada é
gratuita na “Kunsthaus Zürich” ou no “Nordamerika
Native Museum”. Informe-se na
Caritas através do número 044 366 68 48 ou
por mail zuerich@kulturlegi.ch. Também pode
solicitar o cartão KulturLegi online em www.
kulturlegi.ch/zuerich. Seg-sex 09:00-13:00,
14:00-17:00.
Caritas Zürich, KulturLegi. Reitergasse
1.
Tram 3/14 oder Bus 31 bis “Sihlpost”.
http://www.kulturlegi.ch
Quinta-feira
18.6.2020
PASSEIO A PÉ PELO JARDIM BO-
TÂNICO
Aproveite o dia no jardim botânico. Descubra
cerca de 7000 variedades de plantas
diferentes. Um grande prado e uma lagoa
convidam-no a ficar. Seg-dom 08:00-18:00.
Gratuito.
Botanischer Garten. Zollikerstr. 107.
Bus 33/77 bis “Botanischer Garten”, Tram 11
oder Bus 31 bis “Hegibachplatz”, Tram 2/4 bis
“Höschgasse”.
http://www.bg.uzh.ch
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
AGENDA
21
Sexta-feira
19.6.2020
HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS
Informe-se e confirme a realização deste
evento. “Family Literacy” é um programa de
promoção da língua e da leitura destinado a
famílias com origem multilingue, que decorre
em diversas bibliotecas. Crianças entre os 2
e os 5 anos ouvem histórias na sua língua
materna. Hoje em chinês. Outras línguas:
albanês, inglês, francês, português, espanhol,
tamil, turco. 15:00. Mais informações em:
www.pbz.ch/familyliteracy. Gratuito.
PBZ Schütze. Heinrichstr. 238.
Tram 4/6/8/11/13/17 oder Bus 33/72/83 bis
“Escher-Wyss-Platz”.
http://www.pbz.ch/familyliteracy
Sábado
20.6.2020
CAFÉ DAS LÍNGUAS
Informe-se e confirme a realização deste evento.
Deseja melhorar o seu alemão e aprender
novas palavras? Então o Café das Línguas é
o lugar certo para si. Pode conhecer pessoas
interessantes e praticar a comunicação na
língua alemã. 09:30-10:30. Gratuito.
GZ Buchegg, Bucheggstr. 93.
Tram 11/15 oder Bus 32/72 bis “Bucheggplatz”.
http://www.gz-zh.ch/gz-buchegg
Domingo
21.6.2020
PASSEIO NA NATUREZA
Informe-se e confirme a realização deste evento.
A Associação “Natur- und Vogelschutzverein
Höngg” convida-o a dar um passeio.
Na companhia de peritos, parta em busca
de andorinhas-dos-beirais. Ponto de encontro:
paragem “Meierhofplatz”. 08:00-10:00.
Gratuito.
Meierhofplatz.
Tram 13 oder Bus 38/46/80 bis “Meierhofplatz”.
http://www.nvvhoengg.ch
Segunda-feira
22.6.2020
BIBLIOTECA
A “Pestalozzi Bibliotheken Zürich” (PBZ) disponibiliza
o aluguer de um grande número de
livros, CDs, DVDs e revistas para crianças,
jovens e adultos. Cartão anual gratuito (em
vez de CHF 40.-) com KulturLegi ou com documento
N/F.
http://www.pbz.ch/abonnemente/
Terça-feira
23.6.2020
COSTURAR EM CONJUNTO
Informe-se e confirme a realização deste evento.
À terça-feira, pode aprender a costurar
e concretizar os seus próprios projectos de
costura no “Nähcafé”. Costureiras experientes
estão lá para ajudar. Máquinas de costura, tecidos
e utensílios estão ao dispor. 10:15-12:30.
Pessoas com poucos recursos financeiros ou
com KulturLegi pagam CHF 1.- (em vez de
CHF 4.-), materiais incluídos.
GZ Bachwiesen. Bachwiesenstr. 40.
Bus 67/80 bis “Untermoosstrasse”.
http://www.gz-zh.ch/gz-bachwiesen
Quarta-feira
24.6.2020
ORQUESTRA NA SALA DE ES-
TAR
Gosta de ouvir música clássica? A orquestra
“Tonhalle” de Zurique disponibiliza semanalmente
online uma transmissão de um dos
seus concertos ou de um documentário sobre
a orquestra. Gratuito.
http://www.tonhalle-orchester.ch/news/going-
-against-fate/
Quinta-feira
25.6.2020
ARTE CONTEMPORÂNEA
O museu “Migros Museum für Gegenwartskunst”
mostra arte contemporânea internacional.
Até 11.10. pode visitar a exposição
“Potential Worlds 1: Planetary Memories”.
Os artistas da exposição debruçam-se sobre
a relação entre o Homem e a Natureza.
À quinta-feira entre as 17:00-20:00 entrada
gratuita (em vez de CHF 12.-).
Migros Museum für Gegenwartskunst.
Limmatstr. 270.
Tram 4/8/11/13/15/17 oder Bus 33/72/83 bis
“Escher-Wyss-Platz”.
http://www.migrosmuseum.ch
Sexta-feira
26.6.2020
PISCINAS DA CIDADE DE ZURI-
QUE
Informe-se e confirme se as instalações estão
abertas. Gosta de nadar? O cartão KulturLegi
dá-lhe 50% de desconto na entrada (excepto
Dolder e Altstetten). Preços com KulturLegi:
adultos CHF 4.-, jovens a partir dos 16
anos CHF 3.- e crianças a partir dos 6 anos
CHF 2.-. Condição prévia: ser residente na
cidade de Zurique. Mais informações: www.
sportamt.ch.
http://www.sportamt.ch
Sábado
27.6.2020
CAMINHAR EM ZURIQUE
Informe-se e confirme a realização deste
evento. Ao sábado de tarde pessoas de todo
o mundo fazem uma pequena caminhada na
região de Zurique (3-4 horas). Contacto Peter e
Tatjana: 076 524 63 15 ou zusammen.wandern.
zh@gmail.com. Ponto de encontro: junto do
relógio grande na gare central de Zurique.
13:30. Participação gratuita. A associação
“Solinetz” assume os custos com o transporte
e o piquenique de refugiados.
http://www.solinetz-zh.ch/projekte/zusammen-
-wandern
Domingo
28.6.2020
ESTACIONAMENTO PARA TO-
DOS
Informe-se e confirme se as instalações estão
abertas. O “Bikepark Zürich” está diariamente
à disposição de toda a população e é adequado
tanto para ciclistas experientes como para
principiantes e crianças. Há cinco circuitos
para vários tipos de modalidades em bicicleta.
08:00-21:00. Gratuito.
Bikepark Zürich. Allmendstr. 1.
Tram 5/13/17 oder Bus 89/200 bis “Saalsporthalle”.
www.bikeparkzuerich.ch
Segunda-feira
30.6.2020
INFORMAÇÕES SOBRE COMO LIDAR
COM DINHEIRO
Tem perguntas sobre avisos de pagamento,
processos de cobranças de dívidas e dívidas?
À terça-feira na “Moneythek” os interessados
obtêm informações sobre temas relacionados
com dinheiro. Apareça ou telefone para 044
413 69 44. Ter 16:30-18:50. Gratuito.
PBZ Altstadt. Zähringerstr. 17.
Tram 4/15 bis “Rudolf-Brun-Brücke” oder
Tram 3/6/7/10/15 oder Bus 31 bis “Central”.
http://www.stadt-zuerich.ch/moneythek
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
22
COMUNIDADE
Vistos de trabalho
na Suíça
A obtenção de um visto de trabalho
na Suíça depende de vários
factores, inclusive a nacionalidade,
as habilitações e as quotas.
Nos termos do Acordo UE-Suíça
sobre a livre circulação de pessoas,
os cidadãos suíços podem
viver e trabalhar livremente na UE
Os nacionais de um Estado-Membro da UE
ou da EFTA podem vir para a Suíça para
procurar emprego. Para uma estadia máxima
de três meses, eles não precisam de permissão.
Se a procura de um emprego dura
mais tempo, pode obter autorização para
curto prazo de residência por um período de
validade de três meses por ano civil, quando
disponíveis os meios financeiros necessários
para a sua manutenção.
*UE-25 inclui os seguintes países: Alemanha,
Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca,
Espanha, Estónia, Finlândia, França, Alemanha,
Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia,
Lituânia, Luxemburgo, Malta, países baixos,
Polónia, Portugal, República checa, Roménia,
Reino Unido, Suécia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha.
**EFTA: Islândia, Liechtenstein, Noruega, Suíça
Emprego remunerado menos de três
meses (cidadãos da UE - 27/EFTA)
Para o exercício de uma actividade remunerada
(emprego), com duração máxima de
três meses, ou seja, 90 dias, por ano civil, os
cidadãos da UE-27/EFTA não necessitam
de qualquer autorização de residência.
O seu empregador, na Suíça, é, no entanto,
obrigado a notificr a sua actividade por meio
do procedimento de notificação electrónica.
A notificação deve ser feita o mais tardar no
dia anterior ao início da actividade.
O emprego mais de três meses (cidadãos
da UE-27/EFTA)
Para estadias de longa duração na UE-27/
EFTA requerer uma autorização de residência.
A notificação deve ser feita antes do início
do trabalho no município de residência.
Deve ser portador:
— de um bilhete de identidade ou passaporte
válido
No caso do emprego por conta de outrem:
— Declaração da entidade patronal ou certidão
de emprego (por exemplo. Contrato de
emprego)
No caso emprego por conta própria:
Apresentação dos livros de contabilidade,
de modo que você pode mostrar que você
pode cobrir suas despesas. Você precisa
aplicar para assistência social no decorrer
do tempo, você perde o seu direito de residência.
Mais informações para permanecer
como um assalariado, entre em contacto
com o escritório de migração cantonal ou do
lado da Secretaria de Estado para as Migrações,
www.sem.admin.ch> Entry & estadia>
Viver e trabalhar na Suíça.
As autoridades cantonais são as responsáveis
pela emissão dos vistos.
Para obter mais informações em relação aos
cidadãos da União Europeia e EFTA, visite
a página da Internet do Departamento Federal
de Migração. Uma brochura em português
intitulada “Bem-vindo à Suíça” dá as
explicações iniciais para as pessoas interessadas
em viver no país.
Para se obter informações específicas sobre
países específicos das comunidades UE /
EFTA, visite a página da Internet do Departamento
Federal de Migração.
Vistos de trabalho para cidadãos EU /
EFTA podem ser divididos em várias
subcategorias e são definidos por letras.
Eis os significados de alguns deles:
L: curto prazo
Os titulares que possuem esta autorização
de residência são estrangeiros que se encontram
a residir temporariamente na Suíça.
Geralmente este documento é atribuído
a habitantes que ficam apenas por um período
com menos de um ano. Praticando ou
não uma actividade lucrativa.
De acordo com um contrato de trabalho,
que pode ter a duração de três meses a um
ano. Os países da UE/AELE têm direito a
esta autorização de residência.
Se exercer um trabalho inferior a três meses
ao longo do ano não será necessário alguma
autorização de residência. Mas sim tem
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
de se anunciar as entidades responsáveis
e comunicar seu interesse pelo tempo que
pretende ficar na Suíça.
A durabilidade desta autorização pode ser
prolongada por até um ano no total.
Todos os europeus que vêem da UE/AELE
a procura de um emprego e pretendem obter
uma autorização de residência L “Permi
L” não podem usufruir de qualquer beneficio
da Segurança Social.
Nota: Se pretende ficar mais de três meses
tenha em atenção a alguma exigências
deste país, uma delas é a obrigação de um
seguro de saúde.
B: visto de residência inicial
Os titulares que possuem esta autorização
de residência são estrangeiros que se encontram
a residir definitivamente na Suíça.
Geralmente este documento é atribuído
habitantes permanentes na Suíça. Praticando
ou não uma actividade lucrativa. A
autorização de residência aos estrangeiros
vindos da União Europeia (EU-27/EFTA)
tem o prazo de validade com cinco anos.
Este documento e concedido a cidadãos da
UE-27/EFTA com a condição de ser provado
terem um contrato de trabalho por um
prazo mínimo de um ano. Contrato esse
que deve ser de duração ilimitada ou duração
limitada com no mínimo 365 dias.
Para os cidadãos sem actividade lucrativa,
só podem ter a autorização de residência B
se provarem ter meios financeiros suficientes
e um seguro de saúde e acidentes que
cubram todos os riscos.
C: visto de residência permanente
Os estrangeiros titulares de uma autorização
de residência C (Permi C) apenas podem
obter esta autorização depois de cinco
ou dez anos na Suíça. O direito de permanência
e indeterminado, e não esta sujeito
a nenhuma condição.
A Secretaria de Estado para as Migrações
é que fixa a data de partida. Apenas depois
das autoridades nacionais competentes
derem autorização de poder partir é que o
pode fazer.
Após permanecer na Suíça durante dez
anos ininterruptos, cidadãos dos terceiros
Estados podem, em princípio, obter um
visto C. Os cidadãos dos EUA e do Canadá
devem permanecer por somente cinco anos
ininterruptos.
Um cidadão com visto C pode mudar livremente
de emprego e viver em qualquer
cantão. Impostos deixam de ser retido na
fonte.
Os cantões são os responsáveis pela emissão
dos vistos, mas sujeitos à aprovação
federal. Para informações mais detalhadas
sobre o processo de retirada de visto; onde
pedir, que formulários devem ser preenchidos,
quanto tempo demora, etc, o cidadão
COMUNIDADE
23
ou representantes de países estrangeiros.
Trata-se de familiares como cônjuges e filhos
até a idade de 25 anos.
A validades destes documentos de residência
têm uma validade de acordo com a duração
das funções do titular principal.
G: trabalhadores das zonas fronteiriças
Autorização de residência G (Permi G) para
os habitantes da UE/ países da EFTA que
residem em seus países e trabalham em
território suíço. Empregados ou independentes,
trabalham na Suíça e regressam
a suas residências no seu país pelo menos
uma vez por semana.
É o caso de países como a França, Itália,
Alemanha. São muitos trabalhadores que
passam a fronteira para trabalhar mas regressam
todos os dias ou mesmo ao fim de
semana.
A autorização de residência G para a UE /
EFTA tem um prazo de cinco anos. Esta sujeita
à existência de um contrato de trabalho
de duração indeterminada ou superior
a um ano
Se o contrato de trabalho for inferior a um
ano de trabalho e com mais de três meses.
nesta caso a autorização de residência será
de acordo com o contrato de trabalho.
A Autorização de residência B (Permi B)
pode ser renovada por cinco anos se o estrangeiro
preencher os requisitos pedidos.
A primeira vez que for renovada pode ser
limitada a um ano se a pessoa se encontrar
em situação de desemprego involuntário á
mais de 12 meses consecutivos.
deve entrar em contacto com as autoridades
competentes.
Após obter a autorização de residência C
não paga mais seus impostos na fonte.
CI: autorização de residência com
emprego remunerado.
Uma autorização de residência CI só é atribuída
a membros da família de trabalhadores
de organizações intergovernamentais
Para menos de trás meses de contrato não
necessita de autorização de residência,
apenas tem de se anunciar as autoridades
competentes.
Na Suíça, um cidadão dos terceiros estados
somente pode ser contratado se não for encontrada
uma pessoa de dentro do mercado
de trabalho suíço ou de um país da UE
ou EFTA.
Os empregadores devem mostrar que eles
fizeram “grandes esforços” para encontrar
um suíço, um cidadão da UE / EFTA ou de
qualquer cidadão estrangeiro que já esteja
na Suíça com uma licença de trabalho.
Além disso, o empregador deve mostrar
porque as pessoas com prioridade que se
candidataram não eram apropriadas para
o referido trabalho.
Os estrangeiros com as melhores chances
de conseguirem um visto são os gestores,
os especialistas e pessoas altamente qualificadas,
ou seja, aqueles com diploma universitário
e experiência profissional. Aos
candidatos pode ser pedido que falem uma
das línguas oficiais da Suíça.
Também podem obter vistos de trabalho
em circunstâncias especiais como para
jointventures, cargos de professores temporários,
cargos de gestão, especialistas e
cientistas altamente qualificados ou para
trabalhos que envolvam arte e cultura.
Não há limite de tempo para o processo de
visto, porém pode levar pelo menos três semanas.
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
24
CRÓNICA
O mundo negro
da Bola
Foto: FERNANDO VELUDO
CARLOS MATOS GOMES (*)
Saiu há dias a notícia de uma deliberação do
Conselho Superior da Magistratura a autorizar
um Procurador a fazer parte dos corpos
dirigentes de um clube de futebol. A autorização
foi dada, com declarações de voto
e abstenções mas foi dada, embora reconhecendo
que aquelas funções não prestigiam
a magistratura e que o chamado mundo da
bola não é local recomendável a quem tem
de zelar pelo cumprimento das leis da República.
Hoje o meu amigo Castro Lousada,
ilustre causídico na cidade de Tomar onde
estudei e brilhantíssimo pára-quedista militar
(para não referir o pai) publicou no seu
mural do FB uma notícia/texto ao que julgo
retirado do Expresso, que desce aos círculos
mais profundos do Inferno (da Divina Comédia,
de Dante) e que aqui adiante reproduzo,
e que envolvem personagens das trevas,
que envolvem o fascismo internacional,
o branqueamento de capitais para fins mais
do que suspeitos, malta da bola, o ninho
de víboras do gangue sob forma de partido
político que cada dia parece ser mais claro
reunir-se sob o disfarce do Chega.
Temos então um suspeito americano, o dito
Chega do Ventura, uma agremiação conhecida
por clube Canelas, e pela sua violência a
coberto do futebol, dirigido por uma figura
sinistra alcunhado ou auto-intitulado por
Macaco e que se preparam, os intervenientes,
para utilizarem o tal clube de futebol
Canelas como barriga de aluguer através
da transferências de capitais. Ou branqueamento.
É neste mundo que se movem Canelas, Macacos,
traficantes de mais do que duvidosas
intenções, também magistrados. E tudo
sem que o Banco de Portugal, que tem responsabilidades
de fiscalização dos crimes
de branqueamento de capitais e a Judiciária
e o MP (que fornece magistrados para
este mundo) pareçam ver alguma coisa de
anormal.Aqui deixo o texto de Castro Lousada
e o fotografia do tal empresário da
bola.Segundo o Expresso, um tal Caeser
DePaço, recém-exonerado cônsul de Portugal
em Palm Cost, nos EUA, e dono da multinacional
americana Summit Nutritionals,
empresa de matérias-primas da industria
farmacêutica e alimentar, quer adquirir a
maioria do capital da futura SAD do Canelas
2010, gerido por este sujeito da foto. Segundo
o semanário, Madureira pensa ficar
com 39% da SAD, o clube com 10% e o De-
Paço com o resto do capital accionista. Madureira
e DePaço conheceram-se, segundo
aquele, através do vice-Presidente da Distrital
do Porto do Chega, José Lourenço. DePaço
ligou-se ao futebol através da Secção de
Boxe do FCP, da qual a Summit Nutritionals
é patrocinadora oficial, bem como das camisolas
do Canelas. Lê-se ainda na notícia
que o líder do Chega no Porto está a braços
com um processo de difamação no Brasil e
na lista dos devedores fiscais em Portugal.
O Canelas devia ter sido irradiado do futebol
mas a justiça desportiva é uma paródia.
O Madureira tem de ser novamente investigado
pelo MP e Fisco e levado a julgamento
pois ninguém de bom senso acredita que os
sinais exteriores de riqueza que exibe lhe tenham
caído do céu. E o Ventura tem de explicar
sem tibiezas que tipo de ligações tem
com esta gente. Leio no jornal que DePaço é
apoiante do Chega e que Ventura não esclareceu
a questão do financiamento.
Missões do Banco de Portugal: O Banco de
Portugal tem competências de supervisão
preventiva do branqueamento de capitais
e do financiamento do terrorismo (BCFT)
do setor financeiro, zelando, em primeira
linha, pelo cumprimento por parte das entidades
financeiras dos seguintes deveres:•
Identificação e Diligência;• Comunicação
de Operações Suspeitas;
O branqueamento de capitais é o processo
pelo qual os autores de atividades criminosas
encobrem a origem dos bens e rendimentos
(vantagens) obtidos ilicitamente,
transformando a liquidez proveniente dessas
atividades em capitais reutilizáveis legalmente,
por dissimulação da origem ou do
verdadeiro proprietário dos fundos.
São estas atividades que unem o Chega e
o Canelas, o Ventura e o Macaco, mais o
tal americano e a que se chama também o
mundo do futebol, com benção de entidades
fiscalizadoras e magistratura.
(*) Autor escreve segundo as normas no novo
(des)Acordo Ortográfico
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
DESPORTO
25
É sempre um grande orgulho
representar a selecção suíça.
JORGE MACIEIRA
Ricardo Azevedo Alves de 18 anos,
nascido em Genebra e natural de
Santo Tirso, jogador do Servette
FC, actual 4º classificado da Liga
Suíça, é um habitual convocado
para a selecção Suíça. O Lusitano
de Zurique este à conversa com
esta jovem promessa do futebol
onde falamos sobre a sua carreira,
sobre a pausa da quarentena
e sobre o regresso à liga Suíça.
Lusitano Zurique - Como se apresenta
como jogador?
Ricardo Azevedo - Chamo-me Ricardo
Alves tenho 18 anos sou suíço e português,
jogo no Servette FC e também estou a acabar
os meus estudos.
L.Z. - Começastes com apenas 7 anos
no Meyrin FC e passastes aos 15 anos
para o Servette FC, como foi essa
passagem?
R.A. - Eu estava mesmo muito contente
por ter passado pelo Meyrin, mas vim para
o Servette porque é o maior clube da cidade
e por terem sido eles a contactar-me. Era
mesmo um orgulho.
L.Z. - Tem 1,73 e 60 kg, informações
recolhidas no site do clube. Alguma
vez teve problemas com a estrutura
física no futebol?
R.A. Não são boas informações estou com
1,78 e 67kg (risos), e é certo que não sou um
jogador com muito físico, mas penso que
tenho outras qualidades técnicas e mentais
que me permitem não ter problemas com o
aspecto físico.
L.Z. - Como é que recebeu a notícia
de que ia ser convocado para a equipa
principal do Servette FC ?
R.A.- Os dirigentes e o mister falaram comigo
e disseram-me que estava pronto a
integrar a equipa principal e as coisas fizeram-se
naturalmente.
L.Z. - Estreou-se na equipa principal
com Young Boys, no dia 3 de Novembro
de 2019, qual foi a sensação?
RA: Foi uma sensação indescritível. No
momento não estava a realizar, mas foi
uma enorme alegria e um grande orgulho
poder estrear-me neste jogo e representar
o Servette.
L.Z. - Teve alguma espécie de padrinho
na equipa principal?
R.A.- Não tanto, mas todos me acolheram
muito bem e tenho um companheiro de
equipa que joguei com ele no Meyrin e agora
jogamos, outra vez juntos, no Servette.
L.Z. - A nível de selecções, representa
a Suíça dos sub-15 até aos sub-19
(actualmente), como tem sido essa
aventura?
R.A. - É sempre um grande orgulho representar
a selecção suíça. Infelizmente este
ano não ouve europeu, mas espero que essa
aventura continua.
L.Z. - Já houve algum contacto ou
interesse teu em representar a selecção
das quinas?
R.A.- Nunca ouve nenhum contacto com a
selecção portuguesa nesse sentido.
L.Z. - Como foi a tua quarentena e a
da tua equipa?
R.A.- Passei a quarentena a treinar com os
meus companheiros de equipa para guardar
o ritmo e tentei o máximo evitar lugares
com gente.
L.Z. - O que achas deste recomeço da
Super League Suíça? E a dificuldade
que pode ter causado a tua equipa
actual, quarto classificado do campeonato?
R.A.- Acho que é bom para nós, porque
esta situação não nos permite fazer o nosso
trabalho, e se é para treinar sem fazer
jogos não há interesse nenhum. Penso que
não há grandes dificuldades porque todas
as equipas da liga também tiveram paradas
então não há desculpas a ter quando o campeonato
recomeçar.
L.Z. - Cada vez mais se vê jogadores
portugueses ou luso-descendentes
nas ligas suíças, é cada vez mais uma
aposta no talento luso?
RA: Aqui na suíça somos muitos portugueses
e é certo que na liga também há cada
vez mais português e acho que é bom para
o povo português e também para o futebol
suíço que está a crescer cada vez mais.
L.Z. - Agradeço imenso este tempo
para esta entrevista e gostava que
deixasses uma mensagem aos nossos
leitores.
R.A.- Também agradeço esta entrevista e
espero que toda gente se porte bem neste
período de crise.
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
26
ESPECTÁCULO
“Quem é quem, na Arte
portuguesa e que faz o
Estado por esses artistas”
VÍTOR RUA
Escrevo este texto não como “crítico”,
musicólogo ou muito menos como “jornalista”,
mas sim como um músico que
esteve no epicentro de uma actividade
musical e artística intensa, quer em Portugal,
quer no estrangeiro.
Assim, escrevo na “primeira pessoa” e, dando apenas
a minha descrição de factos, conforme eu os vi e vivi.
Tentarei evitar, sempre que possível (mas será quase
impossível), juízos de valor sobre obras e artistas e
tentarei reportar-me a factos por mim vividos e presenciados.
Não obedecerei a qualquer ordem cronológica dos
acontecimentos, não sei se me ficarei pelo rock produzido
em Portugal ou se irei abordar outras tipologias
musicais e não sei ainda, no momento em que
escrevo estás palavras, se irei limitar-me a falar de
música ou se irei alargar o “leque” a outras artes realizadas
nesta país.
Comecei a tocar guitarra aos nove anos e a minha
primeira guitarra era acústica de cordas de nylon de
um fabricante português. Aos 10 anos tive a minha
primeira guitarra eléctrica e aos 11 anos tive o meu
primeiro sintetizador.
Fotografia Alfredo Cunha
Desde os 10 anos que comecei a fazer parte de bandas
rock. O meu primeiro grupo foi os “Snif”, que depois
chegariam, nos anos 1980, a editarem um single, sob
o nome de “Tilt”. Depois vieram uma série de grupos
formados por mim, que já reflectiam, não só um certo
experimentalismo, como estavam sempre carregados
de humor. Grupos com nomes como “Trompas
The Falópio”, que era constituído por um vocalista
que tocava aspirador, um baterista que tocava com
colheres de pau numa sanita e penicos e eu na guitarra
eléctrica e sintetizador. Depois tive um grupo
com o nome de “Os Colhões”, que nem um concerto
deram, pois fomos interrompidos pela minha mãe,
que ao ouvir dizer “Colhões”, fez terminar logo ali o
concerto. Formei depois um grupo de “rock progressivo”
com o título de “Transladação dos Ossos Sagrados
de São Francisco de Xavier”, que não teve grande
saída nas rádios, creio eu, por causa do nome... E finalmente,
juntei-me a um grupo chamado “Esboço”
e que realmente, veio a ser o esboço de outro grupo
a que me juntei, chamados de “King Fischer’s Band”.
Com esse grupo, actuei durante cerca de quatro anos,
todos os dias, ao vivo! Todos! Natal, Páscoa, Ano
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Novo, aniversários, tocava sempre. Tínhamos
contratos de um mês e terminado esse
prazo, já tínhamos contrato noutro clube ou
bar. Gravamos na altura “Tele-Discos”, mas
nunca chegamos a gravar um disco.
Foi nesta altura, que surge um dia na Taverna
do Infante o Rui Veloso, que ia assistir aos
nossos concertos e também do Very Nice e
no final, pediu para falar connosco. De referir,
que eu era o mais novo da banda e não
tinha na altura, a importância dos líderes da
banda, os irmãos Mesquita (Jorge e Orlando).
Nessa reunião o Rui Veloso explica que
foi convidado a gravar um LP e que gostava
de nos ter como banda dele para a gravação
do seu disco e para isso, puxou de uma guitarra
acústica e tocou para nós o Chico Fininho.
Depois de alguma conversa, o Jorge e o Orlando,
explicam ao Rui que não podem aceitar,
porque não cantavam em português,
perdendo assim, naquele instante e com
aquela decisão, a oportunidade de terem
deixado os seus nomes, naquela que viria a
ser, uma obra primordial, para o rock e para
a indústria e mercado do rock produzido em
Portugal. Curiosamente, poucos anos depois,
a banda começaria a cantar em português
sob o nome de “Banda do Rei Pescador”.
Também nessa altura, começa a ir assistir
aos nossos concertos o Alexandre Soares, na
altura guitarrista num grupo chamado “Pesquisa”
e que viriam a ser mais tarde chamados
de “Táxi”. No final de uma nossa actuação,
o Alexandre veio falar comigo e houve
logo uma grande empatia e convidei-o a ir
à minha garagem, para ensaiarmos. Nesse
encontro, toquei para ele duas músicas em
inglês, mas que viriam a ser conhecidas pelo
público em português e sob o nome de “Portugal
na CEE” e “Vem ser um gordo da GNR”.
Durante esse período, na minha garagem
no Porto, ensaiavam o Rui Veloso, Ramón
Galarza e Zé Nabo, da parte da manhã, ensaiando
o LP “Ar de Rock”, da parte da tarde
ensaiava com os King Fischer’s Band e à noite
com os GNR.
Simultaneamente, tinha um trio com o Alexandre
Soares e o baterista dos Táxi, o Rodrigo,
chamado “Os Pastorinhos de Fátima”,
que chegou aos jornais pela pena do então na
altura produtor, Ricardo Camacho. Nunca
chegamos a dar concertos, pois a única coisa
que me recordo, é de adormecer num ensaio,
de pé, encostado à porta da minha garagem,
tal era a “pedra”. Aliás a razão do nosso
nome era precisamente por estamos sempre
na “Paz do Senhor”.
O primeiro concerto que os GNR dão é na
Igreja do Carvalhido, sendo que iríamos fazer
a primeira parte do grupo Pesquisa (ao
qual o Alexandre tinha pertencido) e antes
de nós tocaram os Tilt (a quem eu tinha pertencido
sob o nome de Snif).
Já anteriormente, com os Trompas The Falópio,
tínhamos dado um concerto no Pavilhão
dos Carvalhos, fazendo a primeira parte dos
grupos King Fischer’s Band e Pesquisa, sendo
que no final do concerto, os então Pesquisa,
ficaram muito bem impressionados com
a nossa música (que era de minha autoria),
nem que não seja pelo facto de sermos os
únicos que só tocamos música original, pois
todos os outros tocavam músicas de outros
grupos estrangeiros, aquilo que hoje se intitula
de “covers”.
Além dos grupos e músicos já citados, pela
minha garagem passaram músicos como o
Aníbal Miranda, que também lá ensaiou, os
Marca Amarela, os Roxigénio nasceram lá,
elementos do Jáfumega, e tantos outros músicos
como o Carlos Araújo ou Pedro Fesch.
Quando o Rui Veloso edita o seu disco, dá-se
aquilo a que se resolveu intitular do “Boom”
do rock em Portugal. Esse disco é de uma
importância enorme para a música portuguesa
e, não menos importante, para toda a
indústria que este disco iria pôr em acção:
editoras, estúdios de gravação, promotores
de concertos, empresas de som, roadies, etc..
Se até aí, gravar um disco, era quase uma
impossibilidade em Portugal, a partir dessa
altura acontece o contrário: quase tudo que
faz música, começa a gravar, trazendo muitas
coisas positivas, mas também outras negativas
e entre essas encontrávamos a fraca
qualidade musical de 90% desses grupos.
Mas deixem-me recuar um pouco atrás, para
explicar-vos o seguinte: já havia “rock” nos
anos 1960 em Portugal, só que reparem,
como podiam esses grupos conseguirem alguma
proeza de registo, se para se comprar
uma guitarra eléctrica se tinha de comprar
no estrangeiro? E onde tocavam essas bandas
se não haviam locais para essa nova
“música”? Nos anos 1970 surgem as primeiras
casa de instrumentos musicais, a venderem
guitarras eléctricas, órgãos e, raramente
é mais tarde, sintetizadores. Mas quando
falo em casa de instrumentos musicais, refiro-me
por exemplo, à Ruvina e à Castanheira
no Porto e só mais tarde nos anos 1980 a
Caius. Relembro isto, como explicação para
o facto de o rock em Portugal, ter sido sempre
de tão fraca qualidade. A culpa não era só
dos músicos mas sim, dos 50 anos de fascismo
que tinha atrasado o país em décadas em
relação aos outros países da Europa.
Já nos anos 1980, começa a surgir toda uma
indústria ligada ao rock, como já referi anteriormente
e, repito, tudo tendo início no
LP do Rui Veloso. É que imaginemos que o
primeiro disco a ser editado nessa altura não
seria o do Rui mas sim, por exemplo, dos Roxigénio.
Tudo poderia ter sido diferente! Eu,
por exemplo, que os vi nascer na minha garagem,
não me consigo recordar de um tema
deles! Um! No entanto recordo-me de bastantes
do Rui. Porquê? Porque o Rui e o Carlos
Tê, conseguiram criar temas que, como
se costuma dizer popularmente “entram no
ouvido”, ou seja, o Rui tem o dom natural
de fazer “hits”. Tal como foram depois hits
o Portugal na Cee ou o Chiclete ou a Rua do
Carmo ou o Amor. Daí eu reforçar a ideia, da
importância para todo um mercado e indústria
do rock, que teve o LP do Rui, nessa época
e que se repercutiu até aos dias de hoje.
Mas não se fique com a ideia, de que só se
começou a ganhar dinheiro com a música
rock, a partir dessa altura. Eu, por exemplo,
entre os anos de 1975 e 1979, ganhava entre
30 a 60 contos mensais, a tocar com os King
Fischer’s Band. Só para terem uma ideia,
um carteiro nessa altura, ganhava 17 contos
mensais...
Com os GNR nos anos 1980, já não era a
CRÓNICA
27
questão de ganhar 60 contos mensais, mas
sim, ganhar 60 contos por concerto! Muitos
sacos de erva comprei eu ao Quim Preto no
bairro de Francos...
Quando se edita o LP dos GNR “Independança”,
muda-se momentaneamente, a ideia
de um rock para as “massas”, para um tipo
de rock-art, inexistente até há altura e surge,
por exemplo, o tema “Avarias”, que ocupava
todo o lado B desse disco: 27 minutos de uma
improvisação rock feita em tempo real e com
a poesia concreta do Reininho.
O Reininho vinha do Anarband do Jorge
Lima Barreto e a sua postura (performance)
e letras (poesia), eram invulgares em Portugal.
As letras das canções até aí realizadas
no rock feito em Portugal, eram do tipo
“Rua do Carmo, Chico Fininho”, “Chiclete”
ou “Amor” e o Reininho surge com letras
refrões como “Horrorosa Natureza pseudo-
-mãe transformada em Pátria e guerra” ou
“Ela é Blitz Tampax, as formas de um Sax,
C’est la coqueluche”, aos quais não se estava
habituado e daí, o primeiro LP dos GNR ter
passado quase despercebido.
Conheço entretanto o Jorge Lima Barreto,
que me dá a conhecer todo um novo Mundo
musical e formo com ele os Telectu e, durante
um período de tempo, faço parte destes
dois projectos, até extinguir (por razões musicais),
os GNR, que, sob o apoio da Valentim
de Carvalho, não aceita que os outros membros
continuem com outro nome e começa
uma batalha em tribunal que duraria anos.
Com os Telectu, aconteceram duas coisas:
uma, foi o meu afastamento gradual do
mundo do rock e a outra foi o entrar num
novo mundo de Arte e de artistas de várias
áreas artísticas, como a poesia (conheci e
fiz vídeos com o Eugênio de Andrade ou o
Ernesto M de Melo e Castro), pintores (Luís
Camacho e António Palolo), cineastas (Rui
Simões), videastas (Edgar Pêra), actores e
encenadores (Luís Lima Barreto, Luís Miguel
Cintra, Ricardo Pais ou Jorge de Silva
Melo), performers como o Manoel Barbosa
ou Silvestre Pestana, artistas plásticos como
o António Barros, bailarinos e coreógrafos
como o João Fiadeiro, Clara Andermatt, Vera
Mantero, João Galante, Teresa Prima, Ana
Borralho, Aldara Bizarro, Carlota Lagido),
que além de colaborar com eles em diversas
circunstâncias, muito aprendi também com
todos eles e fizeram-me ver a Arte Total.
Nesses meados dos anos 1980, o meu cachet
com os Telectu era de duzentos contos por
concerto e dávamos mais de um concerto
por mês. Mas tudo era também caro no que
a instrumentos musicais dizia respeito: um
sintetizador Roland Júpiter 8 custava 700
contos... A minha guitarra GR-300 da Roland,
custou-me 400 contos na altura e a
GR-707, já custou quase 600 contos...
Assim, a minha geração, viveu ainda as dificuldades
de coisas hoje muito simples, como
comprar um instrumento musical, gravar
um disco ou dar um concerto, tudo coisas
que hoje se faz em casa com um computador:
grava-se o disco num software do computador
e com uma câmera ligada a este, pode-
-se dar um concerto online e em streaming,
para todo o Mundo.
De 1985 a 1995, a indústria da música cresce
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28
ESPECTÁCULO
abissalmente, não significando isso, que a
qualidade também aumentou, pelo contrário,
diminuiu, tornando-se “prisioneira”
dos mercados e do comércio, mas, também
foi a altura, em que mais se ganhava financeiramente
com esta tipologia musical.
Isso reflectia-se, em alguns casos, no estilo
de vida desses músicos, que começavam a
comprar automóveis de luxo, jeeps, montes
no Alentejo, casas com piscina e até, aviões
a jacto particulares (o caso de um conhecido
promotor de espectáculos).
Já em Lisboa, conheço o António Pinho
Vargas, de quem fico amigo e que mais
tarde iria viver para a minha casa na Rua
do Arco e que mais tarde usou como estúdio
para a sua criação musical e com quem
aprendi muito.
Curiosamente, o Pinho Vargas, tinha colaborado
em concertos do Rui Veloso e dos
Arte & Ofício, mas rapidamente, construiu
em Lisboa, uma carreira a solo como jazzman
e como compositor. Não que antes
não tivesse nada! Pelo contrário, tinha já
pertencido a vários grupos, inclusivé com o
Lima Barreto e era já um nome de prestígio
do jazz nacional. Mais tarde o Pinho Vargas,
larga um pouco a sua carreira de jazzman,
pela de compositor de música erudita
e também como escritor e pedagogo.
Logo no início dos anos 1980, conheço
também, uma das maiores, senão a maior
figura da música improvisada portuguesa
e mundial, o Carlos Zingaro, com quem venho
a colaborar e a aprender e com quem os
Telectu ao longo do tempo, foram mantendo
contacto.
Entretanto, o Nuno Rebelo, que eu tinha
conhecido dos Street Kids e que na saída do
Miguel Megre dos GNR, o foi substituir, fazendo
parte dos GNR durante algum tempo,
forma primeiramente os Mler Ife Dada,
para depois, tal como eu, abandonar o rock
e dedicar-se à improvisação e composição
de música funcional.
Tanto os Telectu, como o Zingaro, o Vargas
ou o Rebelo, tínhamos além de Portugal,
reconhecimento, concertos e outras actividades,
no estrangeiro, sendo que o Zíngaro
seria o que teria mais, depois os Telectu e
depois o Vargas ou Rebelo.
Levamos o nome de Portugal à URSS, aos
EUA, à China, ao Japão, a Cuba, Egipto ou
toda a Europa, nos melhores Festivais e
com os maiores músicos das tipologias musicais
que representávamos.
Nessa altura, começam a surgir os dinheiros
da comunidade europeia e começam a
ser dados subsídios para a Arte, mas especialmente
à Dança, que ao contrário da
comunidade musical, se juntou, formando
Fóruns e Centros de criação e programação
e os artistas começam a formar associações,
para divulgarem e promoverem o seu
trabalho.
Músicos como os Telectu, Vargas, Zíngaro
ou Rebelo, nunca receberam qualquer ajuda
do Estado nessa altura e, ainda continua
a ser assim agora para muitos de nós, pese
em conta, o serviço que nós prestávamos ao
país.
Mal se passou para o euro, que se começou
a notar, gradualmente, uma descida nos cachets
praticados, mas noutros casos, como
na Dança e no Teatro, ainda se continuava a
ganhar muito bem. Eu, entre 2000 e 2006,
ganhava por espectáculo, quantias entre
os 10 mil e 15 mil euros, para fazer música
para uma peça de teatro, em que tinha de ir
só a dois ou três ensaios...
Hoje, pelo mesmo trabalho e nos mesmos
Teatros, recebo 5 vezes menos...
Estabeleci como preço mínimo para concerto
(ainda nos Telectu), 500 euros e, porque
outros músicos começavam a tocar por
preços baixíssimos ou até inexistentes, os
concertos começaram a rarear. Actualmente,
se tiver mais de 6 concertos com esse
cachet, num ano, já é muito bom...
Dessa forma, com a quase total ausência
de concertos, pelo menos do nosso tipo de
música, comecei eu e outros músicos, a recorrerem
à música “funcional”, realizando
obras para vídeo, cinema, teatro ou dança
e era aí que conseguíamos sobreviver. Outros
dedicaram-se também ao ensino...
E de repente, aqui estamos nós, os músicos
que tanto elevaram o nome de Portugal
em tantos eventos no estrangeiro, a não
sabermos como vai ser o dia seguinte, sem
qualquer tipo de apoios do Estado, que pelo
contrário, exclui-nos da sociedade, criando
centros “culturais” por todo o país, mas que
depois estão desertos a nível de público e,
centros esses, que há anos levam sempre
as mesmas coisas de música ou teatro ou
dança, mas nunca os nomes em cima mencionados.
Sempre ouvi dizer e nunca concordei até
aos dias de hoje, que é mais grave um rico
virar pobre, do que um pobre continuar
pobre... Mas esta frase aplicada aos dias de
hoje e aos nossos artistas, parece servir que
nem uma luva! Deram-nos o que merecíamos
na altura ou pelo menos nós conquistávamos
isso e agora, deixam os artistas
ao Deus Dará e que se “arranjem” que o
problema não é deles... E o pior, é que o Zé
Povinho, engole o que vai ouvindo e depois
acha muito bem, que o Estado nada nos dê
a esses “chulos” que “nada fazem”... Políticos
como o outrora MRPP e actualmente
PSD, Pacheco Pereira, chama-nos até de
“subsídio-dependentes”!!!... Quando nunca
recebi um subsídio na vida...
Há uns tempos abri o Público e li que o Tordo
“ameaçava” emigrar... E depois li os comentários
do povinho e eram: “vai para a
Coreia do Norte” ou “ainda estás cá?”...
Quem tem razão?... O Tordo em dizer que
vai emigrar ou o povinho a mandá-lo pró
caralho?... Se calhar, nenhum! Porque o
Tordo, tendo supostamente consciência
política deveria ter continuado a sua luta
através da sua música (música de intervenção)...
Mas qual música de intervenção fazia
o Tordo actualmente?... Não se terá acomodado,
como se acomodaram quase todos
os chamados “músicos de intervenção”
portugueses?... Eu não vejo o Sérgio Godinho
a cantar “A paz, o pão, habitação”, mas
vejo-o como júri num qualquer programa
abjecto da TV. Eu não vejo o Vitorino a lutar
pelos trabalhadores, mas sim a cantar com
o Tony de Matos no Coliseu ou a cantar o
“Menina estás à janela”. Até o Fausto, canta
agora músicas abrasileiradas... O Palma
passa nas telenovelas “encostando-se” a
eles. Que razão têm esses, realmente, para
virem dizer que isto está mal e que querem
emigrar?
E também não tem razão o povinho em os
mandar foder, porque no fundo, foram eles
que os sustentaram e, nalguns casos, estes,
os cantores de intervenção, tiveram muita
importância na mudança de paradigma em
Portugal, antes do 25 de Abril.
Pergunto-vos: sabem quem é o Rui Chafes?...
A maior parte que me está a ler, deve
desconhecer totalmente este nome... Mas
se eu disser “Joana Vasconcelos”, já sabem
quem é, no entanto a última é uma artista
dos regimes (porque se até agora “comeu”
do PSD, esperem para ver o que vai “papar”
do PS), sem qualquer valor artístico na
História da Arte em Portugal e o primeiro
é reconhecido pelos pares e não só, como
um dos mais importantes escultores da actualidade
e é português.
E de quem é a culpa de tudo isto?
É do Povo português que andou a gastar
o que não devia e dos artistas que são uns
chulos e não “trabalham”!
Não é do Estado, cheio de corruptos e bandidos,
nem dos políticos e suas leis que só a
eles os protegem!!!
É do Povo e dos que fazem Cultura!
Porque é o povo e por conseguinte os artistas
também, que estão a pagar a crise e não
os cabrões dos bancos que nos andaram a
“dar” créditos a torto e direito, para que nos
endividássemos, para agora nos dizerem
que fomos “gastadores”...
E o povinho vai na conversa e baixa a bolinha
como cordeirinhos bem amestrados.
A mim e a outros músicos como eu, esta
crise, não me afecta, da mesma forma que
afecta, por exemplo, um Paulo Gonzo ou
um Olavo Bilac, que tão rapidamente subiram,
como desceram, tendo até um deles
pedido insolvência.
Só que há que distinguir claramente uma
coisa: uma coisa são artistas como eu, Zingaro,
Vargas, Chafes, Rui Simões, Edgar
Pêra, Miguel Azguime ou José Nascimento
que fazem Arte pela Arte e outra coisa
são artistas que “usam” supostamente algo
próximo daquilo que intitulamos de “arte”,
mas que, per se, ganham muito dinheiro
com a sua “arte comercial”!
Mas reparem o paradoxo: é a esses que não
precisam de dinheiro do Estado, porque a
sua actividade é comercial, que o Estado
subsidia (o caso “gritante” da Joana Vasconcelos)
e aos que precisam, eles cortam...
Resumindo: se o Vargas escreve que se o
Estado quiser ele “suicida-se” quando fizer
63 anos, para que o Estado não lhe tenha
de pagar o que é dele por direito, se o Tordo
diz que vai emigrar, eu digo que daqui não
saio e mando-os a todos irem pró caralho,
pois não posso ter respeito e consideração
por assassinos que andam a matar velhos,
pobres e reformados e que tentam exterminar
com a Felicidade, Cultura e Arte em
Portugal.
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CRÓNICA
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Queremos mesmo sobreviver
à pandemia?
CARLOS MATOS GOMES
Se há um tempo para pensarmos em sobreviver
é este. Os europeus – porque sou europeu
– devem reunir-se e agir e não é a senhora
Lagarde, do BCE, nem os ministros das
Finanças do Eurogrupo que podem ser os
nossos timoneiros – devemos reunirmo-nos
para impedir que sejam os nossos coveiros.
A questão não são os bonds, nem empréstimos,
nem dívida pública: são como regular
a utilização de recursos e a sua distribuição.
Carlos de Matos Gomes(*)
O vírus classificado como Covid-19 tem
provocado milhares de mortes. Devastou
o modelo de desenvolvimento neoliberal –
daí a justificação para o comportamento de
Trump de mosca dentro da garrafa. Quanto à
Europa: Os dois dos maiores países da outra
margem do Atlântico são dirigidos por criminosos
sem escrúpulos nem qualquer sentido
não só de humanidade, mas de animalidade,
isto é, de instinto de sobrevivência,
Trump e Bolsonaro. A Leste, a Rússia gere
os seus recursos internos para preservar
forças (possui uma relação favorável de população,
território e recursos essenciais) e a
China a repegar o modelo de produção onde
o deixara, assente na sobrexploração de recursos
(desde logo o do trabalho) e de inundação
dos mercados com produtos a preços
esmagados que implicam a abolição de direitos
humanos fundamentais. Desde logo a
liberdade. E a Europa?
Leio o artigo de Miguel Sousa Tavares no Expresso:
“Eu fui um dos que tive uma esperança, ainda que
ténue, de que tivéssemos aprendido alguma coisa
com esta lição (a da pandemia). Mas ainda nem
vemos o fim do pesadelo nem alcançámos todas
as suas consequências e já se percebeu que quem
manda nisto — no mundo, no planeta, neste “capitalismo
que mata”, como disse o Papa Francisco
— pretende fazer tudo igual, mas ainda mais
depressa e pior, se possível. As Bolsas animam-
-se com a retoma económica na China, puxada a
todo o gás pelas centrais a carvão; a Amazónia,
escondida temporariamente dos satélites pelas
nuvens e pela pandemia à solta em terras do Brasil,
aumentou em 171% a área desflorestada em
Abril, em comparação com igual mês de 2019 e
na Europa, sob pressão das companhias aéreas,
Bruxelas abandonou qualquer veleidade de limitar
a lotação dos aviões, um dos mais intensos
poluidores atmosféricos e um dos mais eficazes
focos de propagação do vírus.
Entre nós, muito se escreveu e falou sobre um regresso
ao campo e à pequena agricultura familiar
e biológica, cujos benefícios e atractividade
o confinamento forçado tinha permitido redescobrir,
e também se escutaram juras de revisão
do modelo de turismo assente nas multidões e
na destruição de habitats naturais. Pois, aí está:
a agricultura que é apoiada, financiada por dinheiros
europeus e aquela por onde vagueiam
exércitos de trabalhadores asiáticos semiescravos
é a agricultura superintensiva, predadora da
terra e esbanjadora de água.
Como é que nada poderá não ser como dantes?” -
Miguel Sousa Tavares”
Para os cidadãos europeus, cercados a Leste
e a Oeste, a questão é sobreviver. Não como
sobreviver ao vírus, mas como impedir que
o vírus tenha aqui os seus ninhos e impeça
a sobrevivência da nossa espécie, que nos
ganhe, que nos derrote enquanto seres humanos
e europeus. Trata-se de sobrevivência
de uma espécie ameaçada não por um vírus,
mas por uma podridão generalizada, por
uma metástase disseminada. O Covid 19 é o
nosso vírus!
O Covid 19 é uma consequência, não é uma
causa. Os cidadãos europeus têm o dever de
se levantar para exigirem respostas para as
causas desta epidemia.
A frase é apresentada como tendo vários autores,
de Einstein a Benjamin Frankelin “Insanidade
é fazer a mesma coisa repetidamente
e esperar resultados diferentes”. Não
sei se a resposta à epidemia é insanidade,
mas estupidez é com certeza.
Os cidadãos europeus têm o direito e o dever
de exigirem dos seus eleitos uma resposta
que não seja a repetição da que causou a
calamidade. Reúna-se um Eurogrupo, uma
Cimeira, um Forum, uma feira, um conclave
para os europeus discutirem e decidirem em
que mundo querem viver.
Primeira pergunta: Queremos viver? E, de
seguida, queremos viver como baratas chinesas?
Como grunhos americanos? Como
evangelistas bolsonaristas?
Com tantos estudos e tanto dinheiro para estudos
contra o vírus Covid 19, que geram lucros
imensos, despesas em boa parte inúteis,
ou sobre objetivos secundários, porque não
um estudo sério sobre o tempo que nos resta
para viajar nos navios de cruzeiro, nos charters
de aviões para um pacote de uma semana
de solysombrero? Sobre quanto tempo
nos resta para passear no último camelo à
volta das pirâmides do Egito, ou para matar
animais nos safaris do Kruger Park, ou
do Quénia, ou para ir ver a última árvore da
Amazónia, para subir na derradeira viagem
no elevador do Empire State para ver arranha-céus
e torres Trump, ou da Torre Eiffel,
ou para uma viagem numa gondola (insuflável)
em Veneza?
Quanto tempo teremos para comprar uns ténis
da Nike fabricados por escravos no Bangladesh,
ou umas T-shirts da Zara? O que
vamos fazer aos tuk-tuk que enxameiam as
ruas de Lisboa a Phnom Penh? E aos carros
elétricos, a diesel ou gasolina das várias autoeuropas
espalhadas pelo mundo? E ao arsenal
nuclear, o que vamos fazer às ogivas,
atiramo-las aos Covid ou uns aos outros? E
aos satélites, desinfetamo-los cá de baixo,
ou mandamos lá alguém? Quem cuidará das
ruínas do Coliseu de Roma quando só restarem
ratos e baratas? Ou do Castelo Templário
de Tomar? E até quando haverá judeus
para dar cabeçadas no Muro das Lamentações,
depois de terem morto o último palestiniano,
mesmo sem lhe terem feito o teste
do coronavírus e sem ter lavado as mãos com
gel, depois? Não, esses últimos visitantes,
não morrerão do coronavírus. Morrerão da
nossa estupidez. Uma morte lenta, presume-
-se e teme-se, de fome, doença, desespero,
de lutas pelo último hambúrguer, pela última
coca-cola… Entretanto aqui discute-se
se devemos peregrinar a Fátima ou ao Seixal,
ao Avante! E se existe incoerência entre
um estádio vazio e um avião cheio – ora a
questão não é de incoerência, é de cegueira:
os estádios jamais se encherão e os aviões
também não.
Já agora os coletes amarelos (lutadores sociais,
não era?) desapareceram de França,
agora que tão necessários eram! E os neofascistas
do Salvini em Itália parece estarem de
muito bem com a possibilidade de retomar
ao antigamente, com turistas na fonte de
Trevi, assim como os seguidores de Trump,
e os evangelistas e as dondocas brasileiras
de bolsonaro, e os espanhóis franquistas de
Madrid, a malta da bola e por cá há lideres
como Jerónimo de Sousa que não admite a
austeridade. Acredita na lâmpada de Aladino
ou tem alquimistas que criam ouro no
Comité Central. É preciso voltar ao antigamente,
depressa e em força! O problema é
que não há antigamente atualmente.
Dirão os que acreditam que vai ficar tudo
bem, este é um texto de ficção científica.
Tomara eu! Catastrofismo. Cenário apocalítico!
Dirão os evangélicos, os do Alá e os do
Acá: Deus é grande. A última crença desta
espécie de gente no Brasil, ao que li, é a da
conspiração comunista: os caixões dos mortos
do Covid estão cheios de pedras (presume-se
que fabricadas na China) e as favelas
do Brasil estarão assim pejadas de mortos
vivos!
Se há um tempo para pensarmos em sobreviver
é este. Os europeus – porque sou europeu
– devem reunir-se e agir e não é a senhora
Lagarde, do BCE, nem os ministros das
Finanças do Eurogrupo que podem ser os
nossos timoneiros – devemos reunirmo-nos
para impedir que sejam os nossos coveiros.
A questão não são os bonds, nem empréstimos,
nem dívida pública: são como regular
a utilização de recursos e a sua distribuição.
(*) In Tornado
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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CIDADANIA
31
Você é uma boa pessoa?
Ser uma boa pessoa é
muito difícil, muito mais
do que as pessoas pensam.
Fazer a escolha
certa e a escolha fácil
diferencia uma pessoa
boa, de uma farsante.
A escolha certa
é sempre mais difícil e é
por isso que muitos decidem
evitar e acabam
buscando um caminho
mais fácil. Seguindo
esta linha de pensamento,
destacamos 10 virtudes
que evidenciam que
você é uma boa pessoa
e sempre faz o que pode
para fazer o certo:
— A bondade
Começando com o mais óbvio,
a bondade é o principal que nos
diz que estamos fazendo a coisa
certa, em vez da mais fácil. Significa
ter a disposição para fazer
o bem às coisas e aos outros.
— A ética
Ter um conjunto de princípios
morais, especialmente aqueles
relacionados a um determinado
grupo, campo ou forma de
conduta, definirá uma pessoa
como ética. Devemos ter regras
e comportamentos baseados em
ideias do que é bom e do que é
ruim. Não trair sua namorada é
ético, mas trair sua namorada e
pensar que pode sair ileso dessa
é anti-ético e, definitivamente,
não é uma característica de uma
boa pessoa.
— A equidade
Ser justo é justificável. A equidade
remete à justiça, reconhecer
os direitos de cada um, utilizando
a equivalência que nos torna
a todos iguais. Reconhecer que
você não está acima da lei e do
seu próximo, diz muito sobre
uma pessoa.
— A moralidade
Moralidade é até visto como um
sinónimo da ética, mas tem um
significado diferente. A moralidade
é um sistema de valores,
um todo de condutas, que uma
boa pessoa deve possuir. O certo
ou errado é justificado pelos
princípios morais que a sociedade
actual possui.
— A integridade
A honestidade sempre vence.
Pode levar um dia, um ano, ou
até mesmo uma década, mas
vai mostrar que você fez a coisa
certa. A verdade deve ser falada
mesmo que sua voz trema. Fazer
a coisa honesta e dizer ao seu
amigo que você viu sua namorada
traindo-o seria moral e ser
uma pessoa de integridade.
— A dignidade
A resposta mais comum que as
pessoas oferecem é que a dignidade
é sobre o respeito. Pelo contrário,
a dignidade não é o mesmo
que o respeito. A dignidade
é o nosso valor inerente e vale a
pena como seres humanos; todos
nascem com ele. O respeito,
por outro lado, é obtido através
de suas acções.
7. A honra
A verdadeira honra não tem nada
a ver com nossos sentimentos
e emoções. Começa como uma
decisão do coração e é expressa
externamente com respeito genuíno,
reverência e a mais alta
estima. Não pode ser limitado a
um simples serviço porque, mais
cedo ou mais tarde, a condição
real do coração será testada e
exposta.
— A decência
Trata-se da Regra de Ouro: tratar
os outros como você gostaria
de ser tratado na mesma situação.
Parece haver uma falta
de compreensão entre muitas
pessoas do que significa ser humano
e reconhecer o que outras
pessoas estão sujeitas. A decência
humana básica reconhece
a humanidade dos outros. Ela
reconhece como todos nós podemos
nos colocar em situações
difíceis e precisamos de ajuda e
compaixão, às vezes.
— A respeitabilidade
Uma pessoa respeitável é aquela
que não só respeita a si mesma,
mas é respeitada pelo mundo em
que vive. Quanto mais você pode
viver como uma pessoa em que
os outros realmente querem estar
por perto, mais respeitável
você se tornará.
— A nobreza
Ok, essa palavra tem mais definições
e isso não é “pertencer a
uma classe com alto status social.
É onde nos honramos por
nossas boas acções e altruísmo.
“Para sermos bons de verdade,
temos que sustentar todas as
características acima e fazê-las
permanecer dessa forma, ou então
o bem estará sempre um passo
a sua frente, e você vai persegui-lo
toda a sua vida como uma
pessoa mediana.”
_________
Fonte: Simple Capacity
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32
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OPINIÃO
33
André Ventura e o Chega são
inimigos do Estado laico
JOÃO MENDES (*)

Um dos pilares de qualquer democracia
consolidada é a laicidade do Estado. Foi
uma conquista arrancada a ferros, depois
de séculos de domínio do Vaticano sobre
reis e imperadores, feito das mais variadas
formas de opressão, cruzadas e “hereges”
a arder em fogueiras. Em Portugal, as ligações
estreitas entre o Estado Novo e o
topo da hierarquia de Igreja Católica são
conhecidas, sombrias e a total negação dos
ensinamentos de Jesus Cristo. E sim, ainda
existem por aí uns quantos abades com
sangue inocente debaixo das unhas. E não,
não foi assim há tanto tempo.
Não é preciso ir muito longe para perceber
o quão nociva é a captura de Estados por
instituições religiosas. Basta olhar para o
Médio Oriente para perceber isso mesmo.
Ou até para o papel dos fundamentalistas
evangélicos em governos como o de Bolsonaro,
onde a pastora evangélica e ministra
Damares Alves exigiu recentemente a prisão
imediata de todos os juízes do Supremo,
por estes não se vergarem as exigências
do presidente. A separação de poderes,
tal como a laicidade, é, para os fanáticos
religiosos, um alvo a abater.
Em Portugal, a investigação do jornalista
Miguel Carvalho para a revista Visão revelou
aquilo que muitos já desconfiavam:
o Chega recebe financiamento de líderes
evangélicos portugueses, muitos deles integrantes
das listas que o partido apresentou
às Legislativas. E, para além do financiamento,
o líder do partido é promovido
nos locais de culto como um messias que
desceu à Terra. Uma das evangélicas mais
influentes e politicamente activa no Chega,
Lucinda Ribeiro, faz publicações recorrentes
nas redes sociais, onde cultiva a islamofobia
e partilha notícias falsas que acusam
a esquerda de promover o incesto e a masturbação
dos filhos pelas mães. É neste patamar
de demência que estamos.
Esta ameaça, ainda silenciosa, representa
um sinal de alerta que não pode ser ignorado
por democrata algum, seja ele socialista,
liberal ou conservador. Por agora,
elegem como alvos homossexuais, feministas
e progressistas, amanhã virão atrás de
todos os que desafiarem a sua própria sharia.
Os exemplos que nos chegam de fora
são bem ilustrativos daquilo que representará
uma hipotética tomada do poder
pelo neofascismo evangélico. Será o fim da
democracia e da liberdade como a conhecemos.
Resta saber se ficaremos de braços
cruzados, com medo de proferir o nome
do Voldemort da política portuguesa, com
receio que isso lhe dê protagonismo, ou se
nos mobilizamos para os combater. Não
importa se votamos PSD ou PCP. Eles virão
atrás de todos nós. Todos. Se não lutarmos
pela laicidade do Estado e pela separação
de poderes, agora, estendemos um tapete
vermelho para a extrema-direita e para o
fundamentalismo religioso. Não podemos
permitir que isso aconteça.
(*) AVENTAR
Ghttps://www.facebook.com/transportes.fernandes
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34
HUMOR
“Quem não sabe rir, não sabe viver”
Palavras e Presumíveis
Significados
BALATA -Insecto preto oriundo do Japão
BARACHAR -Encontrar local para matar
a sede
BARÃO -Bar muito grande
BARATEZA -Bar para pessoas sem
dinheiro
BARBAR -Bar para pessoas gagas
BARBASCO - Bar que se encontra na
fronteira Franco-Espanhola
BARBICHA -Este é só para Gay’s
BARBÍPEDE -Bar onde não podem entrar
pernetas
BARBUDA - Bar onde se pratica o
budismo
BARGANHAR -receber um botequim de
herança.
BAROCLÍNICO -Cafetaria de um hospital
BARRACÃO -proibir a entrada de
cachorro.
BATACHIM -SANTINHO !!!!!!!!!
BATELA -Ordem dada para se agredir
uma pessoa do sexo feminino
BELADONA -Mulher boa
BERIBÉRICO -Observar um nativo
português ou espanhol no Porto
BEZERRO -O mesmo que “Num be
nada!...”
BIBOCA -Pessoa que tem duas bocas
BIGAMIA -Acto de roubar duas vezes
BISBÓRRIAS - Ordem para cagá-las duas
vezes
BISCOITO -Acto sexual repetido
BLASFÉMIA -Eu nem sequer sabia que
havia BLASMACHO ....
BOLBO -Filial portuense da conhecida
marca de automóveis suecos
BOMBARATO -Não existe, ou é bom e
caro, ou barato e fraco
BORDADURA -Extremidades rijas
COMUNGUEI -relacionamento com um
homossexual.
CRETINO -nativo de Creta.
DEPAUPERADO -operado de fimose.
DESANUVIADO -a glória do gay.
DESBOTAR -quando a galinha bota dez
ovos.
DESDENTADAS -o mesmo que dez
mordidas.
DESVIADO -uma dezena de
homossexuais.
DETERGENTE -acto de prender
indivíduos suspeitos.
EDIFÍCIO - antónimo de “é fácil”.
EFICIÊNCIA -ciência que estuda a letra
“F”.
ENCURRALAR -o mesmo que esfolar o *
ENTREGUEI -estar cercado de
homossexuais.
ESFERA -animal selvagem já
domesticado.
ESPERTO -o mesmo que distante.
GENEROSA -factor genético da rainha
das flores.
HALOGÊNIO -forma de se cumprimentar
pessoas muito inteligentes.
HOMOSSEXUAL -sabão em pó para lavar
partes íntimas.
INTIMAÇÃO -o mesmo que carícias
sexuais.
MINISTÉRIO -aparelho de som de
tamanho reduzido.
MISSÃO -missa muito longa.
NEGATIVA -crioula muito trabalhadora.
NEGOCIANDO - crioulo entrando no cio.
PRESSUPOR -colocar preço em alguma
coisa.
SOLUÇÃO -forte soluço.
SUPERSTIÇÃO -crioulo muito forte.
TABELA -sinónimo de “estar muito
bonita”.
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ADIVINHAS
PASSATEMPO
SUDOKU
35
S o l u ç õ o
15- Poucos gostam de o ver
Quando anda em casa à solta
Porque só faz é roer
O que encontra à sua volta.
17- Sou um mestre na ciência
Meu saber é muito rico
Tudo dou, mas em essência
Com tudo na mesma fico.
18 -Tem um nome de pessoa
E também de capital
Ferramenta e sem ser Côa
É um rio de Portugal.
19 - Pensando diga depois
Que espécie d’analogia
Existe entre um par de bois
Médicos e freguesia?
20 -Sem ter nada de café
Ou qualquer bebida fina
Diga-nos lá o que é
Que mais cheira a cafeína?
S o l u ç õ o
16 – Rato
17 – Livro
18 – Lima
19 – Junta
20 – Nariz
CRUZADAS
Junho de 2020
Feriados e Datas Comemorativas
01 SEG Dia Mundial da Criança
02 TER Dia Internacional da Prostituta
03 QUA Dia Mundial da Bicicleta
04 QUI Dia Internacional das Crianças Inocentes
Vítimas de Agressão
05 SEX 2.º Eclipse Lunar Penumbral
05 SEX Dia Mundial do Ambiente
05 SEX Dia Internacional de Luta contra a Pesca
Ilegal, Não Declarada e Não Regulamentada
08 SEG Dia Mundial dos Oceanos
10 QUA Dia de Portugal
12 SEX Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil
14 DOM Dia Mundial do Dador de Sangue
15 SEG Dia Mundial da Consciencialização da Violência
contra a Pessoa Idosa
18 QUI Dia da Gastronomia Sustentável
19 SEX Dia Mundial do Malabarismo
19 SEX Dia Internacional para Eliminação da Violência
Sexual em Conflito
20 SÁB Início do Verão
20 SÁB Solstício de Verão
20 SÁB Dia Mundial do Refugiado
20 SÁB Dia Mundial da Produtividade
21 DOM Eclipse Solar Anular
21 DOM Dia Europeu da Música
21 DOM Dia do Relógio do Sol
23 TER Dia Internacional das Viúvas
24 QUA Dia Nacional do Cigano
26 SEX Dia Internacional da Luta Contra o Uso e
Tráfico Ilícito de Drogas
30 TER Dia Mundial das Redes Sociais
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36
LITERATURA
VCARMINDO
DE CARVALHO
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carvalho
TALVEZ SOMENTE NADA
( Reflexão )
Quem não se gasta a pensar, é que porventura é muito feliz!
Certamente que sente
As picadas no corpo, como toda a gente
Sente, mas não sente a tortura na mente.
Os outros que recusam esse estado
Amorfo, acomodado
Andam constantemente
Espicaçados por outra forma de estar.
Esta forma de tentar afastar
Essa maldição omnipresente
E omnipotente.
O ter de cair e tornar a levantar.
O tropeçar e continuar a caminhar.
O querer calar
O grito que teima
Em lhe sair do coração. Um, ainda vá lá! Talvez ainda
Se consiga abafar
Ou aguentar.
Mas por vezes são tantos
Os gritos, que dentro de mim gritam
Que tenho de os soltar.
Senão, certamente iria rebentar
Como balão insuflado de ar.
E nesse ar, feito em nada...
nada, talvez somente nada.
---------------------------
Por isso, é que um dia escrevi isto:
Evasão
“ Às vezes cavalgo no sopro
de liberdade que há no grito
e livre escapo ... “
CORSÁRIOS PIRATAS E INFANTES
DOM NUNO BARROSO
D’ ALÉMMAR
Corsários piratas e infantes
Deuses do sol resplandecente
Criadores de fronteiras distantes
Sagres do meu peito de sonhos
Cruz da ordem de Cristo
Marcada no templo do eterno
Cruzes aos ventos
guerras salgadas de outros tempos
Ladrões de diamantes em bruto
com dentes d'ouro e de prata
fruto de sorrisos e de aventuras
Somos piratas de Alémmar
Com sorrisos marcados de rugas de sal
Cicatrizes de espadas
vencedores e aventureiros
invasores de água cristalina
Cabelos longos e selvagens ao vento
Proa apontada ao fundo dos mares
Barba branca de água salgada
Poemas do sol do tempo
Guerreiros da lua do século passado
Espadas aos ventos e velas em proa em tempestades
de futuro do mundo
Fronteiras desventradas de mar Atlântico
Em África Ceuta e tanger
no sentido do vento e das marés
Margens de praias d amor
pescadores e marinheiros mercantis
Cruz vermelha voando aos 7 ventos
7 mares de mim
7 sonhos de cristo
O lugar destinado imprevisto dos ventos
Barlavento de mim és tu quem amo e para onde
um dia hei de voltar
Infante do futuro
Do passado e do futuro
Em marés d Henriques
De água Da Coragem
de libertar a garrafa
Caravelas a solta libertas de amarras vamos descobrir
e desventrar
O sonho e o templo
Vive em Porto gral
Astrologia das estrelas
Ursa maior
Do mundo dos deuses
Planetas distantes
Deuses feitos marinheiros
Do futuro de mim
Reis magos em desertos
de águas sem fim
Estrela polar do sonho
Astrolábio do sonhador
do sonho d sonhar...
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LITERATURA
37
O SÍMBOLO
ANTÓNIO MANUEL RI-
BEIRO (*)
Desde o passado dia 16/05
que não vos escrevo nada,
descrevendo o meu estado
de espírito. Passámos da
estranheza a novas incertezas
porque o rumo da vida,
amigos meus, mudou, mesmo
que façamos uma birra
monumental.
Tenho trabalhado como nunca,
quase sempre ‘pro bono’,
mas os artistas estão sempre
disponíveis para participar
e ajudar – se houver TV até
fazem fila. Estou azedo?
Também não, nem cínico, ao
fim de mais de 40 anos nesta
actividade – ainda marginal,
segundo alguns – já vi de
tudo. Ou talvez não, da vulgaridade
salta amiúde uma
nova surpresa.
Nos UHF preparamo-nos,
para voltar aos palcos, voltar
a gravar, começando pelos
ensaios. Mas ainda há incógnitas.
Como sou ácido a analisar o
espectro social – o Vernáculo
é um poema escrito e editado
em livro em 2006, não esqueçam
– não é só dos políticos
que quero falar. Também de
nós, os que pedem mais, os
que dizem que merecem, os
que se lamentam por tudo e
por nada.
Nunca me lamento, perante
a realidade menos apetecível
procuro uma saída. Cresci
assim nas quintas da colina
de Almada que leva ao Cristo-Rei.
De ramos de árvores
fiz arcos e flechas, machados
índios, espadas templárias.
Fugi da catequese, mas sou
crismado. Quando vi a guitarra
do Alvin Lee, já no Feijó,
construí uma (parecida, claro),
e pelo sonho de realizar
venci o vazio de não ter. Depois
aprendi só a ser o que sou
– um ser humano, não um ter
humano. Um SER – do verbo
nasce a acção.
Quando no dia 12/03 o PM
António Costa anunciou o
estado de emergência e confinamento,
com layoff simplificado,
um ror de empresários
(?) já não tinha dinheiro no
dia 13/03 para os ordenados
desse mês. Como?, interroguei-me.
E há cerca de um
mês, um banqueiro, à saída de
um encontro com o PR Marcelo,
anunciou que 30% das
empresas portuguesas vivem
os 12 meses do ano com saldos
negativos. Como?, repito
incrédulo. É isto próprio de
uma sociedade ocidental, moderna,
democrática e capaz?
Revela um modelo triste de xico-espertos
que não auguram
nada de bom para os dias que
se aproximam.
A foto é minha e guarda um
símbolo nacional, talvez de
uma farda de polícia, de bombeiro
ou afim. Foi-me oferecida
no final do concerto dos
UHF na Ilha Terceira, freguesia
de Santa Bárbara, no dia
29 de Agosto de 2019. Estava
eu a dar uns autógrafos, quando
um homem na casa dos 40
se chegou a mim e me deu o
símbolo da fotografia, acrescentando:
“Tome, é você que
merece isto”, e desapareceu
como chegou.
Vaidade minha? Não, um facto
que guardei até hoje, porque
há mais do que se vê nesta
viagem itinerante de cantar
português em Portugal.
AMR - (UHF)
ESTE FILME
ANTÓNIO MANUEL
RIBEIRO
Marionetas de pau santo
Num bailado quase louco
Personagens por um fio
Portugueses sem confronto.
Um intruso, dois heróis
E uma feia muito bela
Um enredo que nos mói
Prisioneiros nesta tela.
E o filme é, o filme é
Aguentar sempre de pé.
E as cinzas do Império
Tão humildes a preto e branco
Usurpadas à mão cheia
No silêncio do rebanho.
Com a fauna a entoar
Cantos cisne pela noite
Extravagâncias que nos sobram
Como risos dc coiotc.
E o filme é, o filme é
Aguentar sempre de pé.
Esta raiva que eu sinto
No silêncio que ecoa
Esse ódio tão passivo
Tão sublime que sufoca.
Este filme dia a dia
A morrer entre mãos
Esta glória empoeirada
Fado velho da nação.
E o filme é, o filme é
Aguentar sempre de pé.
in Todas as faces de um rosto
AMR - (UHF)
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38
HORÓSCOPO
RV - JOANA ARAÚJO
(*)
Carneiro
Este é um momento do ano importante
para decisões em assuntos financeiros e
também na definição de prioridades materiais.
Evite que o consumismo desequilibre
planos nestes temas. Período importante
para mudança de postura nas relações,
principalmente em sociedades que possua
e também junto a quem tem maior vínculo
afectivo. É propenso a reorganizar planos
que envolvam estudos, viagens ou actividade
que programou.
Touro
Com o Sol no seu signo, começa o ano
novo astrológico pessoal, o que favorece
decisões e reconhecimento nos seus objectivos.
Tendências a lidar com revisões
antes de dar rumo em metas. Dobrar a
atenção a impulsos em temas materiais
será essencial. Retomar relações e conversas
com vínculos especiais fará muito bem
durante o período. Até mesmo algumas relações
mais difíceis são propensas a serem
retomadas para entendimento. Momento
especial para reconhecimento nas questões
profissionais.
Gémeos
Este é um momento do ano propenso a
desgastes e certa introspecção, especialmente
antes do aniversário. Regente do
seu signo, Mercúrio retoma movimento
directo no início de Junho, um período especial
para revisões em temas materiais,
estudos e trabalho. Ocasiões de lazer, terapia,
crenças e espiritualidade ajudarão
a recarregar energias. Atente-se para não
ser radical na comunicação, principalmente
com amizades ou grupos que tenha vínculo.
Evite intervir mais do que deve em
assuntos do par ou se portar de maneira
individualista na vida amorosa.
Caranguejo
Está mais propenso a envolver-se em situações
ligadas a grupos, especialmente
no trabalho ou causa especial. Algumas
variações marcarão o ambiente de trabalho,
área a qual tomará dedicação para
revisar assuntos e lidar com ajustes. São
maiores as tendências para retomar contacto
com amizades e costumes especiais
com pessoas que tem consideração. Aliás,
é um momento para melhor percepção da
conduta junto dos amigos em geral. Um
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cuidado com o corpo e a saúde será mais
frequente.
Leão
São maiores as chances de lidar com novas
metas e responsabilidades na área profissional.
Há tendências para divergências de
pensamento no trabalho, o que pode ser
amenizado se agir com diplomacia e paciência
diante das relações. Propensões
a retomar temas associados a amigos e
também relacionados a grupos, vínculos
capazes de proporcionar mudança de postura
significativa na condução de certos
assuntos. Período com mais chances para
retomar momentos sociais e diversões que
há tempos não desfruta.
Virgem
Propensões a mudar costumes que preza
ou mesmo lidar com inovações que precisará
aceitar no seu quotidiano e mesmo
no trabalho. Uma lentidão será frequente
na resolução de assuntos profissionais
e materiais ao longo do período mensal.
Tendências a decisões importantes envolvendo
interesses a longo prazo. Momento
para retomar conhecimentos e actividades
culturais que tragam prazer.
Balança
Este é um momento do ano em que pesquisas
serão importantes diante de assuntos
financeiros ou que envolva qualquer
parceria material e de negócios. Há
tendências a contratempos nas finanças e
necessidade de ajustes com planos que as
envolvam. Temas profissionais recomendam
mais observação e estratégia antes
de decisões para interesses a longo prazo.
Escorpião
Vivemos o período do Sol em Touro, seu
signo oposto, o que recomendará atenção
com decisões em conjunto ou que reflictam
junto a outras pessoas. Evite se doar
mais do que deve a problemas e questões
de quem convive. Momento do ano para
repensar parcerias, sejam elas profissionais
ou de negócios. A reaproximação de
pessoas ou mesmo de vínculos sociais são
tendências durante este período. Temas
materiais terão chances para novos rumos
ou lentidão em alguma decisão. Mudanças
de ritmo em sua rotina e cuidados extras
à saúde serão mais frequentes. Na vida
afectiva, propensões a rever posturas, retomar
assuntos e ter nova etapa em situações
a dois.
Sagitário
Variações no ritmo de sua rotina são propensas
no período mensal, o que recomenda
atenção especial com desgastes físicos
e mentais. Valorizar hábitos simples fará
diferença para recompor energias. Será
mais frequente envolvimento com novas
metas, desafios e trato sobre parcerias
em temas profissionais. Marte ingressa
em Gémeos, seu signo oposto, condição
importante para conversas mais francas e
atenção dobrada para não querer resolver
assuntos de maneira individualista, especialmente
relacionados a quem tem vínculo
afectivo.
Capricórnio
Tendências a dosar situações de envolvimento
social com algumas reclusões. Compensar
desgastes com mais ocasiões de
lazer e diversões que há tempos não aproveita
será bem-vindo. Época para recompor
energias com cuidados ao corpo, atenção
a estudos, momentos “zen”, terapias e
temas espirituais. Momento para revisões
e criatividade nas decisões profissionais,
bem como em actividades autónomas.
Aquário
Momento do ano para esclarecer antigos
assuntos e tomada de decisões com base
em algo que deu certo no passado, especialmente
no trabalho. Período em que
nostalgias e lembranças são propensas a
trocá-los, principalmente junto aos familiares,
com os quais dedicará atenção especial.
A retomada de vínculos com grupos,
amigos e pessoas também marcará este
período, bem como uma alteração de sua
parte na postura diante de algumas destas
relações.
Peixes
O empenho a estudos e a actividades culturais
será mais frequente e pode alternar
sua rotina neste período mensal. A comunicação
e a troca de ideias serão fundamentais
nas relações de trabalho, mesmo
que para isso tenha que ignorar divergências.
Atente-se com boatos e seja paciente
com a lentidão de alguns assuntos, ainda
que a ansiedade por decidir algo seja grande.
Papéis, documentos e escritos tomarão
empenho para ajustes e revisões em interesses
materiais.
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ÚLTIMA
A EMERGÊNCIA DE UM NOVO MUNDO
Uma oportunidade única
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O coronavírus provou ser um teste
de liderança maior do que o 11 de
Setembro e a crise financeira combinada,
um choque sério que destruiu
suposições complacentes de que o
progresso sempre se move “para
cima e para a direita”. A evolução,
tanto biológica quanto civilizacional,
é um processo muito mais casual e
indeterminado.
Estamos no meio de um “furacão” que
estendeu os seus efeitos por todo o mundo
e uma nova palavra se juntou à “incerteza”:
o “inesperado”. O inesperado,
que é a causa número um da incerteza,
tornou-se mais premente do que antes.
Em todos os momentos podemos ser surpreendidos
com acontecimentos inesperados
e muitos deles absolutamente
impensáveis e difíceis de entender e assimilar
(os nossos padrões mentais são
lentos a mudar). Isto torna a informação
e o conhecimento nas principais ferramentas
para enfrentarmos tudo o que
nos espera e que ainda ignoramos. Com
mais informação e mais conhecimento
ficamos melhor preparados para as surpresas
e para resolver muitas delas.
O conhecimento é, definitivamente, uma
força impressionante (“o conhecimento
é poder”, já havia percebido o filósofo
inglês Thomas Hobbes, na transição do
século XVI para o XVII) e que está ao alcance
de quem o desejar aplicar.
(*) Neuro-cientista
Junho 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU