Jornal Paraná - Junho 2020
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OPINIÃO
O setor do etanol, outra vítima do coronavírus
Nenhuma das propostas reverte o problema mais grave, que é a derrubada do consumo de
combustíveis na temporada de isolamento da população e de brutal queda da atividade econômica
Por Celso Ming
Sem normalização da
economia e do mercado
de petróleo, não
haverá clareza sobre
como consertar estragos causados
pela crise no setor sucroalcooleiro.
O petróleo não cai
sozinho. Todos os mercados de
energia também vêm sendo duramente
atingidos. E um deles é
o do etanol, produto estratégico
no Brasil.
A principal condição técnica do
etanol é a de que tem, por volume,
apenas 70% do teor energético
da gasolina, seu principal
sucedâneo no uso dos motores
a combustão (ciclo Otto). Antes
da crise, os preços do etanol
estavam ligeiramente abaixo do
correspondente a 70% da gasolina.
Na hora de encher o tanque
do seu carro flex, o consumidor
fazia uma conta sumária. Se os
preços do etanol ficassem a
70% dos preços da gasolina ou
abaixo disso, optava pelo etanol.
Como, de dois meses para cá,
os preços da gasolina caíram
mais de 50%, o etanol já não
consegue competir com a gasolina,
por mais que as usinas
comprimam seus custos.
Este é um problemão do setor,
no momento exato em que começa
a safra da cana-de-açúcar
no Centro-Sul. Para todo o
Brasil a produção para o período
2019/20 está estimada em 643
milhões de toneladas, 3,6% superior
à do período anterior. O
açúcar, outro produto derivado
da cana, ainda proporciona um
retorno maior do que o etanol
porque os maiores concorrentes
internacionais do Brasil, especialmente
a Índia e a Tailândia,
vêm tendo sua produção e
sua logística desorganizadas
pela reação ao ataque do vírus.
Nos últimos anos, a produção
de açúcar no País correspondeu
a aproximadamente 35% do
total da sacarose obtida com a
moagem da cana. Neste ano, as
usinas integradas (as que podem
produzir tanto etanol quanto
açúcar) poderão aumentar a
participação de açúcar no total.
Mas, em todo o setor, essa participação
não deverá ser superior
a 45% do total.
De todo modo, a vantagem do
açúcar sobre o etanol, reforçada
agora pela alta do dólar no câmbio
interno, que aumenta o faturamento
em reais do produtor
com suas exportações, está
longe de compensar o rombo
produzido pelo mergulho dos
preços do etanol.
Afora isso, há o passivo anterior.
Antonio de Pádua Rodrigues,
diretor técnico da União
da Indústria de Cana-de-Açúcar
(Unica), observa que as
empresas do setor começaram
a safra deste ano com alto nível
de endividamento, consequência
do custeio a que foram
obrigadas para modernizar
suas lavouras e aumentar produtividade,
prejudicada pela
crise de 2015.
Das outras vezes em que a
competitividade do etanol resvalou
para abaixo da paridade
técnica com a gasolina, a solução
foi adicionar álcool anidro à
gasolina. (Não confundir com o
etanol hidratado, o combustível
dos veículos movidos unicamente
a etanol.) Mas, hoje, essa
mistura atingiu 27% na gasolina
comum, já no teto do admissível,
de modo a não prejudicar
os motores não adaptados para
operar tanto com gasolina como
com etanol.
Outra proposta, defendida pelo
ex-ministro da Agricultura Roberto
Rodrigues, é acionar a
Cide, a Contribuição de Intervenção
no Domínio Econômico.
A Cide não é um imposto
destinado a arrecadar, embora
também arrecade. Seu objetivo
é funcionar como válvula reguladora
do mercado. Quando
aplicado sobre combustíveis,
seu objetivo é restabelecer a
paridade entre eles, de maneira
a reequilibrar o mercado.
Enquanto a economia não voltar ao normal e não houver
um mínimo de estabilidade no mercado de petróleo,
não haverá clareza sobre o que esperar do setor e
como consertar os estragos causados pela crise.
No caso, a sugestão do ex-ministro
é encarecer a gasolina
com a Cide, de maneira a restabelecer
o espaço do etanol no
mercado. O problema aí é que
os preços dos derivados do petróleo
vêm tendo comportamento
maluco, a ponto de não
permitir a definição da alíquota
apropriada para a Cide. Rola
ainda a proposta de aplicar a
Cide para desonerar o setor de
contribuições trabalhistas, mas
esse é outro assunto.
Outras opções de política compensatória
não passariam de
paliativos. A atual ministra da
Agricultura, Tereza Cristina, vem
defendendo a redução da contribuição
do PIS-Cofins cobrada
sobre o etanol. E Pádua Rodrigues,
da Unica, sugere a redução
dos juros no financiamento
dos estoques.
Nenhuma dessas propostas reverte
o problema mais grave,
que é a derrubada do consumo
de combustíveis nesta temporada
de isolamento da população
e de brutal queda da atividade
econômica. Enquanto a
economia não voltar ao normal
e enquanto não houver um mínimo
de estabilidade no mercado
de petróleo, também não
haverá clareza sobre o que esperar
do setor e como consertar
os estragos causados pela
crise.
(Celso Ming com Guilherme
Guerra)
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Jornal Paraná
SAFRA
Estiagem favorece colheita,
mas prejudica lavouras
Apesar das chuvas ocorridas nos últimos dias, clima preocupa pela severidade da
estiagem e por ainda não ter se iniciado o período normalmente mais seco do ano
Com quase 20% do total
estimado para essa
safra de cana-deaçúcar
colhidos até
meados de maio, as 20 usinas
e destilarias em funcionamento
no Paraná aceleram a colheita
aproveitando o período mais
seco, ocorrido neste início de
colheita. Foram esmagados no
Estado, no acumulado desta
safra, 6,462 milhões de toneladas.
Comparando com os
6,206 milhões de toneladas registrados
no mesmo período
do ano safra 2019/20, houve
um aumento de 4,1%. A expectativa
inicial é encerrar a
safra 2020/21 com 33,543
milhões de toneladas de cana
moídas.
Até meados de maio, a produção
de açúcar totalizou 465 mil
toneladas dos 1,971milhão de
toneladas esperados na safra,
e a de etanol, 205 milhões de
litros, sendo 61 milhões de litros
de anidro e 144 milhões
de litros de hidratado. A previsão
é produzir 1,585 bilhão de
litros de etanol total sendo 546
milhões de litros de anidro e
1,039 bilhão de litros de hidratado.
O clima mais seco tem também
resultado em maior produtividade
industrial. A quantidade
de Açúcares Totais Recuperáveis
(ATR) por tonelada
de cana, também no acumulado
da safra 2020/21, ficou
3,4% acima do valor observado
na safra 2019/20, totalizando
129,43 kg de ATR/t de
cana, contra 125,13 kg ATR
observados na safra passada
no mesmo período.
A preocupação, entretanto, é
com a produtividade agrícola,
não só dessa safra, mas também
da próxima. “As lavouras
de cana-de-açúcar têm sofrido
bastante com as estiagens dos
últimos tempos. Mesmo com
as chuvas ocorridas recentemente,
ainda não entramos no
período do ano em que normalmente
se intensificam os
períodos mais secos”, afirma
o presidente da Alcopar, Miguel
Tranin.
Segundo dados do Departamento
de Economia Rural
(Deral), a estiagem já é considerada
histórica no Paraná
sendo uma das mais severas
dos últimos 50 anos e a região
mais afetada pela seca é o
norte do Estado.
A safra 2019/20 no Paraná foi
encerrada no dia 31 de março
com 34.135.547 toneladas de
cana moídas. A produção de
açúcar totalizou 2.008.671 toneladas.
Com relação ao etanol,
foram produzidos 1,612
bilhão de litros, sendo 558,016
milhões de anidro e 1,054 milhões
de litros de hidratado.
Segundo estimativas da Companhia
Nacional de Abastecimento
(Conab), o Brasil terá
uma moagem de cana 1,9%
menor na temporada 2020/21,
para 630,7 milhões de toneladas,
mas a produção de açúcar
terá um crescimento de
18,5%, para 35,3 milhões de
toneladas, com uma maior
destinação da matéria-prima
para o adoçante.
Já a produção total de etanol
do país em 2020/21 foi estimada
em quase 32 bilhões de
litros (de cana e milho), redução
de 10,3% ante a safra passada,
com o setor privilegiando
o açúcar que tem preços mais
favoráveis em reais em meio a
uma disparada do dólar.
Expectativa é
encerrar a safra
com 33,543 milhões
de toneladas de
cana moídas
Jornal Paraná 3
BAGAÇO DE CANA
Mistura de enzimas tem alto
desempenho para gerar etanol
Uma usina com capacidade de produção anual de 70 mil toneladas
de E2G será capaz de obter ganhos da ordem de R$ 50 milhões por ano
Cientistas da Embrapa
Agroenergia (DF) e do
Centro de Tecnologia
Canavieira (CTC) desenvolveram
um meio para
obter etanol a partir do bagaço
e da palha da cana-de-açúcar e
impulsionar no País a indústria
do etanol de segunda geração
(E2G). Trata-se do coquetel enzimático
CMX, uma mistura de
enzimas produzidas a partir de
três diferentes microrganismos
que mostrou alto desempenho
para desconstruir a biomassa
da planta, ação fundamental
para retirar dela o açúcar que
se transformará em biocombustível.
Um estudo de impacto do coquetel
estimou que uma usina
com capacidade de produção
anual de 70 mil toneladas de
E2G será capaz de obter ganhos
da ordem de R$ 50 milhões
por ano. Outros índices de
avaliação do investimento se
mostraram promissores. O investimento
em P&D teria uma
taxa interna de retorno (TIR) de
19,2% e um valor presente líquido
(VPL) de R$ 76,69 mil
em 20 anos.
Ao viabilizar economicamente a
produção de E2G no Brasil, a
tecnologia é capaz de contribuir
para impulsionar esse tipo de
processo no País. O coquetel enzimático
ainda pode ter sua aplicação
expandida para outros
setores, como as indústrias de
rações e têxtil, e colocar o Brasil
no mercado bilionário de produção
de enzimas. Atualmente, o
País importa enzimas celulolíticas,
empregadas na desconstrução
de biomassa lignocelulósica.
A maior parte das enzimas que
compõem o coquetel enzimático
CMX foi obtida a partir de
microrganismos da biodiversidade
brasileira preservados na
Coleção de Microrganismos e
Microalgas Aplicados à Agroenergia
e Biorrefinarias da Embrapa
Agroenergia. “Estamos
produzindo um coquetel com
tecnologia 100% nacional, um
produto de alto valor agregado,
que valoriza os nossos recursos
genéticos e poderá ser produzido
no próprio ambiente industrial”,
destaca a pesquisadora da
Embrapa Betania Quirino.
O coquetel é uma mistura de
Palha e bagaço da cana podem ser melhor aproveitados com nova tecnologia
enzimas de diversos tipos: endoglicanases,
exoglicanases,
betaglicosidases, mono-oxigenaseslíticas
de polissacarídeos
(LPMOs) e xilanases. Todas
atuam de forma complementar
para melhorar o desempenho
do produto.
A Embrapa Agroenergia busca
por empresas que queiram fechar
parceria no codesenvolvimento
de processos e produtos.
No caso do mercado de
enzimas, os pesquisadores procuram
parceiros capazes de
produzir o coquetel em escala
industrial, aumentando a concentração
de enzimas no meio
de produção e realizando testes
de aplicação em escala piloto.
Cumpridas essas etapas, o produto
estará pronto para ser comercializado.
Vários mercados poderão ser
beneficiados pelo coquetel enzimático,
em especial as empresas
produtoras de enzimas
e a agroindústria sucroalcooleira
energética, que faz a conversão
da biomassa lignocelulósica
em combustíveis, eletricidade,
calor e compostos
químicos derivados. Devido à
versatilidade do coquetel enzimático,
outras aplicações também
podem ser vislumbradas,
como, por exemplo, nas indústrias
têxtil e de ração animal.
“O desenvolvimento de tecnologias
nacionais para a produção
de enzimas poderá contribuir
para a redução de custo
desse insumo nos diferentes
setores em que serão aplicados,
especialmente para aqueles
com produção da enzima on
site, ou seja, no mesmo local
em que serão utilizadas”, analisa
a pesquisadora da Embrapa
Dasciana Rodrigues. “Isso porque
a importação de enzimas
tem custo elevado devido à necessidade
de realizar a sua concentração
e estabilização para
4
Jornal Paraná
o armazenamento e transporte,
além das taxas de mercado.”
Os resultados sobre rendimento
de hidrólise foram bastante animadores,
de acordo com a
pesquisadora da Embrapa Dasciana
Rodrigues. “O fungo que
produz o extrato enzimáticobase,
denominado 'chassi', expressou
todo o conjunto de celulases
(endoglicanase, exoglicanase
e betaglicosidase) necessário
para converter celulose
em glicose. Além disso, o
coquetel pode ser usado a 50 ̊C
ou 35 ̊C, apresentando o mesmo
desempenho de hidrólise, o
que o torna versátil em aplicações
na indústria de biocombustíveis
ou como aditivo em
rações para animais”, conta a
cientista.
Ela ressalta que essas características
não são comumente
observadas nos coquetéis enzimáticos
que estão disponíveis
no mercado. “O desempenho
do coquetel enzimático sobre a
hidrólise da celulose presente
em bagaço de cana-de-açúcar
pré-tratado por explosão a vapor
é comparável aos de coquetéis
enzimáticos disponíveis
comercialmente”, observa Rodrigues.
Agora, um dos principais desafios
da equipe para a inserção
da tecnologia no mercado é
aprimorar o processo de produção
dessas enzimas, visando
aumentar sua concentração no
meio de produção, o que pode
ser alcançado por meio de melhoramento
genético dos microrganismos
produtores ou
melhoramento do processo de
produção das enzimas.
Há inúmeras vantagens em se
utilizar enzimas como ferramentas
catalíticas para o setor
industrial. Elas são biodegradáveis
e atuam em condições
brandas de temperatura e
pressão, o que poupa energia
em processos de produção.
Além disso, são específicas,
ou seja, para cada tipo de hidrólise
desejada há uma enzima
a ser utilizada. Essa característica
gera maior rendimento
dos produtos, menor
custo de fabricação, uso reduzido
de energia, redução de
produtos e coprodutos tóxicos,
redução de gases do efeito estufa
e, por fim, melhor qualidade
do produto.
A pesquisa que deu origem ao
coquetel fez parte do projeto Yeastzyme,
realizado pela Embrapa
Agroenergia em parceria
com o CTC e com recursos financeiros
do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). O objetivo
do projeto foi buscar novas
enzimas e leveduras capazes de
melhorar a produção de etanol
a partir da biomassa de canade-açúcar.
Jornal Paraná 5
DOIS
PONTOS
Oportunidade
A pandemia de covid-19 é
uma “grande oportunidade”
para o Brasil “reposicionar a
imagem lá fora" como fornecedor
confiável de alimentos,
tanto em quantidade como em
qualidade, disse o professor e
coordenador do Insper Agro
Global, Marcos Jank. Mas,
não basta mostrar capacidade
de produção; é preciso comprovar
a sanidade da agropecuária
local. “Essa oportunidade
exige ações mais organizadas
do Estado e uma presença
maior do setor privado,
Doses imensas de gastos
com estímulos estão oferecendo
alívio em meio aos
danos causados pelo coronavírus,
mas
seu legado de
enormes dívidas
pode gerar crises
futuras, prejudicando
o
c r e s c i m e n t o
econômico e
piorando a pobreza,
especialmente
nos países
em desenvolvimento.
Bancos centrais e governos
do mundo inteiro liberaram
pelo menos 15 trilhões de
dólares em estímulos por
meio de compras de títulos
e gastos orçamentários para
Indústrias brasileiras de açúcar
buscam certificação halal para
atingir um mercado de 1.8 bilhão
de muçulmanos. No ano
passado, o Brasil exportou
quase 16 milhões de toneladas
e teve o açúcar considerado o
11º principal produto exportado
pelo país. Os principais países
importadores foram a Argélia,
chegando ao mercado final,
conversando com todos os
atores, explicando coisas importantes
do Brasil tanto na
área da sustentabilidade como
cada vez mais da sanidade”,
disse Jank, ressaltando que a
sanidade dos alimentos “vai
emergir como uma das questões
mais importantes” no
mundo pós covid-19, com a
sustentabilidade e a saúde humana.
“Vai ter grande esforço
por mais certificação, rastreabilidade,
digitalização e controle
sanitário”.
Coronavírus
Halal
amortecer o golpe de uma
recessão global que provavelmente
será a pior desde
a década de 1930. Mas as
medidas vão levar
a ainda mais
dívidas nos países
que já lutam
com as consequências
da crise
financeira de
2008 e 2009 - a
dívida global total
aumentou
em 87 trilhões
de dólares desde 2007, e os
governos, com 70 trilhões,
foram responsáveis pela
maior parte desse aumento,
segundo estimativas do Instituto
de Finanças Internacionais.
Bangladesh, Nigéria e a Arábia
Saudita. O valor exportado de
açúcar e melados já atingiu
US$ 191 milhões até o mês de
março. Países árabes foram
responsáveis por 10% das exportações
de açúcar brasileiro
no primeiro trimestre deste ano
e a maioria destes países exige
a certificação halal.
O Brasil deverá produzir um
volume recorde de 41 milhões
de toneladas de açúcar na safra
2020/21, ante 29,6 milhões
no ciclo anterior, ampliando a
destinação de cana para a produção
do adoçante em detrimento
do etanol, cuja fabricação
despencará por impacto
da queda do consumo em
meio à pandemia do Covid-19,
avaliou a Job Economia. A exportação
de açúcar do país na
temporada recém-iniciada no
centro-sul brasileiro está prevista
em 29,80 milhões de toneladas,
versus 19,44 milhões
de toneladas na safra passada.
O Brasil destinará 48,4% da
cana para a produção de açúcar
em 2020/21, versus 35%
na safra anterior, o que permitirá
ao país retomar da Índia a
A China não renovou a política
de salvaguarda adotada desde
2017 que aumentava tarifas
de importação de açúcar sobre
volumes extracota, abrindo
espaço para que o Brasil
eleve as vendas ao país asiático.
A redução da tarifa pode
representar uma oportunidade
para o setor ampliar a comercialização
internacional em
meio à crise causada pela
Covid-19 no mercado interno.
Sphenophorus levis
Açúcar
posição de maior produtor global
da commodity. Essa exportação
maior levará o mercado
a superávit na próxima temporada
global. Em fevereiro, a Organização
Internacional do
Açúcar previu um déficit de 9,4
milhões de toneladas no período
2019/20, que se encerra
em setembro.
Tarifa
A China estabelece uma cota
de importação anual de 1,95
milhão de toneladas de açúcar
com a tarifa de 15%. Volumes
extracota, até 2017, tinham
50% de tributo. Com a salvaguarda,
volumes extracota
passaram a ser taxados em
95%, com uma progressão
decrescente de 5% ano a ano
até o final do prazo. Entre
maio de 2019 e maio de
2020, a barreira estava em
O levantamento da Spark Consultoria
Estratégica, em seu estudo
relativo ao mercado de
agroquímicos para cana no ciclo
2019, apontou uma elevação
de 79% na movimentação
de inseticidas específicos ao
controle de Sphenophorus levis.
Esses produtos registraram
vendas de US$ 87 milhões,
ante US$ 48 milhões da safra
anterior. A área tratada com inseticidas
do gênero subiu 65%,
para 1,781 milhão de hectares.
O Estado de São Paulo foi o
mais atingido pela praga, tendo
registrado mais de 40% das infestações.
Pragas de solo como
a ´Sphenophorus’ estão
entre os principais problemas
hoje enfrentados pelo produtor.
O avanço da colheita mecanizada
contribuiu para o aumento
do problema.
Energia
O investimento global em
energia deve cair em torno
de 20% em 2020, o que
significaria uma retração de
400 bilhões de dólares, a
maior já registrada, devido
à pandemia de coronavírus,
disse a Agência Internacional
de Energia. Isso poderia
ter sérias repercussões para
a segurança energética e
a transição para energia
limpa conforme o mundo
se recuperar do vírus. No
começo do ano, a expectativa
era de que o investimento
global em energia
limpa crescesse 2% em
2020, a maior expansão
em seis anos. Um total de
1,8 trilhão de dólares foi investido
no setor em 2019.
85%. Com o fim da salvaguarda,
todo volume extracota
volta a ser tributado em 50%.
Dados da Unica mostram que,
até o início da salvaguarda, a
China era o maior mercado
para o açúcar brasileiro, com
exportações que ultrapassavam
2,5 milhões de toneladas
por ano. Na safra de 2017/18,
com a política da salvaguarda,
o volume caiu para apenas
115 mil toneladas.
6
Jornal Paraná
FEIRA
Fenasucro & Agrocana é adiada para 2021
Em função da pandemia de COVID-19 e dos seus impactos no mercado, o maior
evento do mundo no segmento é adiado para 17 a 20 de agosto do ano que vem
Realizada em Sertãozinho/SP,
a Fenasucro
& Agrocana,
principal evento de
Bioenergia Sucroenergética
do mundo, anunciou que a
edição 2020 foi adiada para
17 a 20 de agosto de 2021.
A decisão foi tomada pela
Reed Exhibitions, organizadora
do evento, em conjunto
com o CEISE-Br. "A escolha
de adiar o evento acontece
diante da análise de um cenário
atípico e ainda altamente
imprevisível, tendo como
principais objetivos resguardar
a saúde e a integridade de
visitantes, expositores e parceiros,
assim como responder
de forma adequada aos
impactos econômicos da
pandemia, que afeta indiscriminadamente
todos os setores
da economia", informaram
as empresas em comunicado
enviado aos clientes.
Enquanto se prepara para uma
feira ainda melhor para o ano
que vem, a organização do
evento trabalha para proporcionar
aos expositores e visitantes
da Fenasucro & Agrocana
oportunidades de interação
em formato digital.
Jornal Paraná 7
MEIO AMBIENTE
Santa Terezinha faz campanha
contra incêndios criminosos
A usina, que não se utiliza mais da queima controlada do canavial desde 2019,
utiliza tecnologia de ponta e oferece recompensa para mitigar esses problemas
Diante da crescente
ocorrência de incêndios
em canaviais
este ano, superando
os números do ano passado,
a Usina Santa Terezinha, que
desde 2019 não realiza mais a
queima controlada para a colheita
da cana-de-açúcar, deu
inicio a megaoperação “Unidos
contra o Fogo”, com o objetivo
de prevenir os casos
ocorridos em canaviais da região.
A suspeita é de que os
incêndios sejam criminosos.
Em parceria com a empresa
SP Segurança, a usina tem utilizado
tecnologia de ponta,
com drones, sistemas de monitoramento
por câmeras de
alta resolução, equipes de vigilantes
com cães adestrados
e veículos para patrulhamento
rural, além de oferecer recompensa
financeira no valor de
R$ 3 mil reais para quem apresentar
prova concreta que
identifique e traga juízo sobre
quem pratica esses atos criminosos,
explica o diretor agroindustrial
do Cluster Norte da
Santa Terezinha, Leonardo
Cintra.
Os incêndios em lavouras de
cana-de-açúcar na região de
Iguatemi, distrito de Maringá,
são um pesadelo para os moradores
e oferecem riscos sérios.
Eles sofrem com a fumaça,
que piora os problemas
respiratórios, justamente neste
período de pandemia da
Covid-19 e de clima seco, devido
à estiagem, além de causar
danos ao meio ambiente.
Para a usina, que desde janeiro
de 2019 colhe suas lavouras
integralmente com a
palha, se antecipando ao que
determina o decreto 10068/
2014 que proíbe a queima de
cana em toda área mecanizável
até dezembro de 2025,
esses incêndios causam prejuízo
financeiro, porque a
queima ocorre muitas vezes
em canaviais que ainda não
estão aptos para a colheita.
“Também precisamos da
palha no solo para melhoria
agronômica”, ressalta o diretor
agroindustrial.
A Usina Santa Terezinha tem
sete unidades de processamento
em atividade na região
noroeste do Paraná e um
greenfield no Mato Grosso do
Sul. O número de telefone
para denúncias é o (44)
99737-7018.
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Jornal Paraná