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Revista Ferreira's - Violência e Solidão

Nesta edição trimestral vamos abordar a “violência e solidão” como o tema principal por Hélia Susana Cabral. Nesta edição teremos também a preocupação de uma mãe em ajudar os seus filhos a ultrapassar o confinamento por causa do covid-19, escrito por Daniela Delgado. Entre outros temas se faz a revista “FERREIRA’S”.

Nesta edição trimestral vamos abordar a “violência e solidão” como o tema principal por Hélia Susana Cabral. Nesta edição teremos também a preocupação de uma mãe em ajudar os seus filhos a ultrapassar o confinamento por causa do covid-19, escrito por Daniela Delgado. Entre outros temas se faz a revista “FERREIRA’S”.

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FERREIRA’S

REVISTA | EDIÇÃO TRIMESTRAL JULHO/AGOSTO/SETEMBRO | ANO 1 | Nº 1 | GRATUITA

VIOLÊNCIA E SOLIDÃO

POR HÉLIA SUSANA CABRAL

AS CRIANÇAS APÓS

O CONFINAMENTO

POR DANIELA DELGADO

#UNIDOS PELO PRESENTE

E FUTURO DA CULTURA

EM PORTUGAL

POR S.D

EXPOSIÇÃO

ARTÍSTICA

POR RENATA SAMINA


Normalmente aqui neste espaço, quem fala é o diretor da

revista, mas eu cá não sou diretor de nada. Nesta revista

simplesmente juntei pessoas com talento, capazes e prontas

para desenvolver o seu talento através de palavras e

imagens. Já mais na minha vida pensei que isto seria

possível e que todos os que estão neste momento comigo,

aceitassem o meu convite para participar nesta aventura.

Estou assim, muito grato por caminharem comigo. Juntos

vamos fazer a diferença, juntos vamos fazer história, juntos

vamos ultrapassar os nossos medos e os nossos complexos.

Acredito que, em cada edição da revista, vamos crescer e

aprender. Somos simples e verdadeiros. A revista conta com

pessoas únicas e com história. Não procuro a perfeição,

porque a perfeição não é certeira; procuro a humildade e a

verdade de cada pessoa. Nesta edição trimestral vamos

abordar a “violência e solidão” como o tema principal por

Hélia Susana Cabral. Nesta edição teremos também a

preocupação de uma mãe em ajudar os seus filhos a

ultrapassar o confinamento por causa do covid-19, escrito

por Daniela Delgado. Entre outros temas se faz a revista

“FERREIRA’S”. Veja cada talento e partilhe com os seus

conhecidos e faça parte também desta história.


“Não procuro a perfeição, porque a perfeição

não é certeira; procuro a humildade e a

verdade de cada pessoa.”


SUMÁRIO

07

SÓ TENS UMA VIDA

10

AS CRIANÇAS APÓS O CONFINAMENTO

23

DIÁRIO DE UMA DESEMPREGADA

À RASCA

28

UMA CARTA PARA TI

34

VIOLENCIA E SOLIDÃO


53

#UNIDOS PELO PRESENTE E FUTURO

DA CULTURA EM PORTUGAL

61

FOTOGRAFIA DE MICAEL FERREIRA

(EXPOSIÇÃO)

68

A ARTE DA RENATA SAMIRA

(EXPOSIÇÃO)

87

LASANHA DE ATUM E LEGUMES

91

ESCAPADINHAS

(SERRA DA ESTRELA)



SÓ TENS UMA

Nos teus olhos não vejo a felicidade

que desejas. Escondes-te atrás de

algo que não é de ti. Queres parecer

forte, mas és frágil. Preferes ser

outro alguém e não tu mesmo.

Nasce dentro de ti o ódio de quem

te rejeita. O escândalo para ti tem

mais valor do que o bom senso.

Tuas cicatrizes são profundas do

passado não esquecido. Sabes te

defender, sem saber amar. Sabes ter

e desprezar. A vida pode ser dois

dias, mas tu só tens uma vida, não a

desperdices.

por Micael Ferreira


FERREIRA´S

DIREÇÃO-GERAL: MICAEL FERREIRA

COLABORADORES TEXTO: MICAEL FEREIRA, DANIELA

DELGADO, HÉLIA SUSANA CABRAL, S.D, RENATA

SAMINA

COLABORADORES DE FOTOGRAFIA: UNSPLASH.COM,

MICAEL FERREIRA, DANIELA DELGADO, HÉLIA

SUSANA CABRAL, RENATA SAMINA

BIOGRAFIA: TEMA VIOLENCIA E SOLIDÃO

Jornalismo de Dados, EURODATA, Youtube, 21

maio.2019. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=9liqUbacYe0 > ,

Acesso em 14 junho.2020

Site APAV, Violência doméstica, Disponível em:

<https://apav.pt/vd/index.php/features2>, Acesso

em 14 junho.2020

Site APAV, Apoio à Vítima, Disponível em: <

https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/>. Acesso em

14 junho.2020

Site EPORTUGAL.GOV.PT, Contactar linha telefónica

de informação às vítimas de Violência Doméstica,

Disponível em: <

https://eportugal.gov.pt/servicos/contactar-linhatelefonica-de-informacao-as-vitimas-de-violenciadomestica>,

Acesso em 14 junho.2020


“Os braços de uma mãe são feitos

de ternura e os filhos dormem

profundamente neles.”

- Victor Hugo


AS

CRIANÇAS

APÓS O

CONFINA

MENTO

POR DANIELA DELGADO


“O sorriso de um filho renova as

energias, acalma o coração e ameniza

qualquer dor”

Meu menino de sorriso gigante e difícil, que

gosta pouco de confianças com pessoas mesmo

sendo da família, o menino que não diz uma

palavra quando falam para ele, e que ao mesmo

tempo com algumas pessoas faz amizade

facilmente e até rápido.



O menino que sabe contar até 10, que tem

montes de cicatrizes nas pernas das quedas e das

traquinices que faz e que mesmo assim não

desiste, o menino persistente, que ia partindo

dois dentes nesta quarentena, que foi ao dentista,

que deixou de comer e muitos dias de sorrir por

ficar privado de tudo o que gostava, por causa

do que estamos a passar. Magoou um dedo do pé

por andar descalço e anda descalço todos os

dias. Provou limonada e mesmo azeda não

parava de beber, o menino teimoso e persistente

que recusava fazer xixi no bacio e agora ele

próprio já pede (ainda tem um ou outro descuido

mas eu fui mais teimosa).



O menino mais mimocas que mal o pai saia dá

um beijo e um abraço de até logo e mal chega

igual, o menino que quando faz asneira chora

baba e ranho, muitas vezes sem lágrimas e nos

puxa para nos abraçar, que aprendeu a saltar com

os dois pés juntos sozinho, que adora fazer

trabalhos principalmente pintar se todo, o que

adora andar descalço e sem meias, e o que

começou a comer este mundo e o outro de um dia

para o outro, que nesta quarentena e desde que

nasceu; em 2 anos já roeu mais de 50 chuchas, o

menino das asneiras, o menino que durante 1 ano

e meio berrava para andar de carro e chorava a

viagem toda e que agora chora que se farta para

andar de carro, o menino que adora água e

chafurdar, mas não gosta de bebe la, o menino

que detesta dormir, mas o menino que se aguenta

a brincar horas a fio.



O menino apaixonado por legos pequeninos, o menino que

fala pelos cotovelos e ralha connosco e põe de 'caquigo', o

menino que tem medo de 'nhonhas' (que são moscas), o

menino que detestava areia nos pés e agora adora, o menino

que durante semanas não se cortava as unhas chorava que

se matava, e agora já deixa cortar as unhas, o menino do

papa, o menino que dá cabo do irmão num abrir e fechar de

olhos, o menino mau feitio, o menino que não tem medo de

animais, que mexe em ovelhas, cães, gatos, fã de caracóis

(paixão de quarentena) que correu atrás de patos e gansos,

que devora fruta, cenouras e brócolos, que não gosta de

doces nem de gelados, mas este menino é o meu menino, é

o menino que durante 2 anos foi só meu que adorava as

suas 'mimis' mas que de um dia para o outro cresceu e

podemos dizer que à um mês não pede maminha. vai ser

sempre o meu bebé mas que agora cresceu mais um

bocadinho e já não é 'só' meu.



E este é o menino que durante 3 meses não saiu de casa e

sofreu com isso e eu não lhe pude tirar esse sofrimento,

que durante semanas não comeu e acordava a chorar, e que

falava nos amigos, na kika (a educadora), na pala (uma

auxiliar), e em tantas outras que elas sabem quem são.

Este é o menino que 3 meses depois pisou a areia da praia

e renasceu e agora temos este Valentim.

Que por mais que tenhamos medo eles precisam de

normalidade, ele é feliz em casa eu sei disso, vejo todos os

dias, e apesar dos dias serem menos bons às vezes, ele tem

sempre um sorriso para nos dar e perguntar: ‘u oi?’ (o que

foi?), mas não é menino de ficar fechado em casa sem as

rotinas, ele não era o mesmo Valentim.

E mesmo com medo fomos, mesmo com receios fomos

pisar a areia e ver o mar e o pôr do sol e foi a melhor

escolha que fizemos, mesmo a desinfetar as mãos 50 vezes

nós fomos, mas viemos de lá felizes e renascidos.

POR ELES ULTRAPASSAMOS TUDO.



Olá o meu nome é Daniela Delgado e vou fazer uma breve

apresentação sobre mim.

Eu não gosto de me definir e de me apresentar pois nunca sei

o que escrever ou o que dizer, é sempre muito difícil.

Então tenho 28 anos, sou amiga do meu amigo, alegre,

divertida, adoro sorrir, vivo para os meus filhos, preocupome

mais com os outros que propriamente comigo, mas a

cima de tudo eu sou feliz assim, desde que os outros estejam

bem eu estou bem e mesmo que eu não esteja bem eu não

digo e guardo para mim, amanhã é um novo dia e estarei

melhor, sou um bocado maluca admito, mas poucos

conhecem esse meu lado, gosto de brincar, adoro escrever e

fazer trabalhos manuais, adoro o rancho e adoro dançar,

gosto de ler, passear e explorar o que temos de mais belo,

mas sou muito envergonhada.

Entrei neste projeto depois de um convite feito por um

amigo de escola e aceitei, pois, adoro desafios e assim posso

expressar o que me vai na alma, e só tenho a agradecer a

quem fez o convite.



_

Diário

de uma jovem

desempregada

à rasca

_

por Hélia Susana Cabral


“Preciso de dinheiro, preciso de garantias,

preciso de alimentar sonhos, preciso de

estabilidade, preciso de me sentir útil,

preciso de um pouco de paz...”


14-12-2018

Querido Diário

Hoje acordei com um espírito

expectante. Não que tenha

consciência que hoje é um dia

diferente de todos os outros. Mas

quero acreditar que a vida tem

algo para me ensinar, uma vez

mais.

Fico um pouco mais a combater a

‘preguicite aguda na cama, a

deambular pensamentos em vão

na tentativa de me confortar e de

me encorajar a fazer mais do

mesmo. Levantar com o mesmo

propósito. Tento resistir à

tentação de ligar o meu ‘tablet

pela manhã, mas é mais forte do

que eu. Antes mesmo de sair

daquela cama, daquele meu meio

de conforto, fico a refletir no que

posso fazer de diferente para

alcançar o mesmo objetivo de um

ano atrás. Arranjar emprego. A

ideia ronda a minha mente como

uma maldição, até mesmo como

uma objeção que me persegue e

que não me permite noites

tranquilas com um sono

profundo.

Preciso de dinheiro, preciso de

garantias, preciso de alimentar

sonhos, preciso de estabilidade,

preciso de me sentir útil, preciso

de um pouco de paz...O som

peculiar do meu tablet desperta a

minha atenção. Sento-me à beira

da cama e de impulso clico no

ícone dos emails, com um trejeito

de obsessão evidente. Dos 50

emails que mandei ontem, terei

obtido alguma resposta? Cresceme

um nó na garganta assim que

me apercebo que o único email

que recebi é de uma empresa

algures a desejar-me boas festas.

Caio em mim e penso “ Boas

festas? É a única coisa que têm

para me dizer?” Como poderei

elevar o meu espírito natalício

sem ter o que comprar, sem ter o

que oferecer, sem ter onde

festejar? Faço um estalido

nervoso com a língua e salto da

cama com um sentimento de

revolta. Vivo um ciclo de agonia

crescente onde nada parece mudar

mas ainda assim resta em mim um

resquício de esperança para

alcançar a fé no pouco que a vida

me oferece.


Tomo o meu pequeno-almoço às

pressas e agarro na minha pilha de

currículos pronta para enfrentar as

adversidades do mundo.

Primeiramente, opto por me dirigir a

um restaurante próximo da minha

casa onde eles me encaram à primeira

vista com uma estranha empatia.

“Boa tarde, podemos ajudar? Viu

os nossos menus do dia?”

“ Na verdade...Só vim entregar o

meu currículo e...”

O empregado rapidamente muda de

postura e coloca-se a limpar as mesas

com rápidos gestos.

“Não estamos a precisar de

ninguém!”, declarou por fim, sem

querer desenvolver o assunto.

“ É possível falar com o

responsável?”, contornei.

“Ele só está cá de vez em

quando... Mas já lhe disse, menina...

Nós não estamos a precisar de

ninguém!”

Volto costas antes mesmo que ele

termine a sua sentença. O mesmo

“não”, fugaz e decisivo de sempre, a

oportunidade que tarda em aparecer.

De repente, sinto-me desmoralizada e

já não me apetece entregar currículos

em mais lado nenhum. Opto por

passear no jardim para alcançar o

encorajamento que necessito. O dia

promete ser longo e complicado.

Tenho coisas para comprar para casa

e não sei bem o que comprar. Tenho

os trocos contados.


“De repente, sinto-me

desmoralizada e já não me

apetece entregar currículos em

mais lado nenhum.”

Não me apetece pedir mais dinheiro à minha mãe, o meu pai já nem pode,

de todo. Os meus avós recebem pouco da reforma. O meu namorado não

tem aonde cair morto, as minhas amigas estão enrascadas tanto como eu.

- Solução: Roubar? Não tenho a mínima vocação para tal, nem me

apetece passar os dias a ver o sol aos quadradinhos. Quero ter a minha

própria casa, construir a minha própria família, dar um cunho pessoal no

mundo. Levanto-me arrebatadamente da cadeira do jardim, pego na

minha pilha de currículos e encho o meu espírito de orgulho. Desta vez

percorro um rumo sem destino, onde não há espaço para mais

‘vitimismos na minha cabeça. É a minha vida que está em jogo e

enquanto houver luta, há esperança.


Uma carta

para ti...

por Daniela Delgado


Pois é, nós...

Podia dizer tanto sobre nós, tanto sobre ti. Podia falar das

discussões, das zangas, dos risos, das gargalhadas, dos

ralhetes, das lágrimas, dos abraços e de muito mais.

Já são uns anos bons, desde o tempo de escola, não importa

quantos anos passem sabes? o que importa sim é o que fica.

Importa a compreensão, a amizade, o amor, a conversa, a

família que criamos, o esforço em conjunto para fazermos

tudo o que planeamos, a compreensão das várias opiniões

sejamos de acordo ou não.

Se soubesses o quanto estou agradecida por teres aparecido

na minha vida e por seres quem me segura as lágrimas,

quem me abraça e quem me apoia quando eu mais preciso.



A vida não é um mar de rosas mas cabe a nós decidir que

rumo levar e as escolhas a tomar, com conversa, com

compreensão, com desafios e só cabe a nós os dois em

conjunto decidir qual o melhor caminho seguir, pode não ser

o caminho certo mas pelo menos sei que quando chegar ao

fim tu ainda vais lá estar e vais caminhar sempre comigo ao

meu lado, para me felicitar ou para me segurar as lágrimas e

levantar para cima, mesmo com as pedras que aparecem no

caminho.

Posso não ser rica de dinheiro, mas sou rica sim no amor, na

felicidade, na minha família, na família que construímos, e

tenho o melhor de tudo, a cima de tudo tenho te ao meu lado

e só posso agradecer por isto tudo e muito mais.

Que estejas lá sempre e que os nossos sonhos, vontades e

planos sejam eles quais forem, sejam eles certos ou errados e

que se proporcionem sempre em conjunto contigo e que

caminhemos sempre lado a lado pois quando chegamos ao

fim teremos sempre um ao outro, sei que no inicio e no fim

de cada jornada tu estás lá.



Já passamos por tanto e nos mantivemos unidos, e sabes

com todas as pedras do nosso caminho construímos o

nosso muro, sim um muro que nos fortaleceu ainda mais

e que nada nem ninguém o derrube.

Obrigada por tudo o que tens feito por mim e por nós e

obrigada por lá estares sempre independente das

decisões e das escolhas sejam elas certas ou erradas, e

que só a nós diz respeito, que continuemos sempre assim

unidos e felizes.

Obrigada por me completares e por seres parte de mim.

Só porque sim, só porque me apeteceu, hoje foi para ti.


Violência e


Solidão

por Hélia Susana Cabral


É cada vez mais recorrente se ouvir falar de casos de

violência doméstica, quer nos órgãos de

comunicação social quer mesmo na própria

“vizinhança”, onde aí, muitas vezes, nada se faz

prever do cenário devastador em que as vítimas são

ou foram sujeitas no seu dia-a-dia. Define-se por

vítima qualquer pessoa independentemente do seu

status social, religião, idade, cultura, sexo, formação,

orientação sexual, grupo étnico ou estado civil.

Mas o que leva a que estes casos sejam tão

recorrentes nos tempos em que vivemos? O que leva

as vítimas a não denunciar o seu caso às autoridades,

mesmo com o acesso à informação que se dispõe nos

media e na internet? O que as leva a recuar o passo

mesmo com a informação disponível a propósito dos

perigos a que podem ser sujeitas e dos meios em que

podem recorrer para procurar ajuda?


“Os números em Portugal

são assustadores.”


Os números em Portugal são assustadores. Segundo

os dados estatísticos, a maior incidência recai sobre as

mulheres que em média 14 destas sofrem de maus

tratos por dia, a acrescentar também as crianças, 3 por

dia, idosos com a mesma média e por último homens

em que as estatísticas apontam como 2 por dia.

O crime de violência doméstica é portanto dos crimes

mais relatados em Portugal, em que o cenário decorre

maioritariamente numa residência comum, onde

normalmente a vítima apresenta um laço de

proximidade afetiva com o agressor. Os conjugues

apresentam maior percentagem, como também surge

na lista relações entre pais e filhos, ex-companheiros

e outros familiares com um grau de parentesco muito

próximos.


A verdade é que muitas vezes quando pensamos em

violência doméstica, automaticamente associamos a um

crime passional estritamente feito com agressões físicas,

mas existem outros fatores em que a violência se pode

incidir tal como o emocional, verbal, social e financeira.

Ciclo de Violência sem fim:

O que leva com que as vítimas, na sua maior parte

mulheres, permaneçam por tanto tempo numa relação

abusiva que as arrastam para um abismo sem fim?


Existe um ciclo associado à violência doméstica

caracterizado por três fases: lua-de-mel, a tensão e ataque

violento. No princípio, o casal em questão passa por uma

fase de lua-de-mel, em que o parceiro a faz sentir protegida,

demonstrando a cada instante o quanto ela é importante

para a sua vida. A fase da tensão ocorre quando existe um

gatilho desencadeado por desconfianças e exigências

criando como fruto a tensão propriamente dita. Desta fase

se evolui para aquilo em que chamamos um episódio

explosivo, onde culmina a agressão física, ameaças e

chantagens emocionais, levando a vítima a sentir-se

confusa e a questionar-se acerca dos contornos da relação.

Porém é aqui que se regressa à fase da lua-de-mel, onde o

agressor se mostra arrependido e com falsas promessas.


Este ciclo permanece por longo tempo, porque existe

uma esperança, um vínculo afetivo emocional que

persiste em colocar a vítima numa teia demarcada

pelo medo, confusão, carência, inutilidade e ilusão.

No que respeita ao agressor, ele detém um papel

dominante que conduz muitas vezes esse ciclo para

um final trágico. Num ciclo muitas vezes

interminável, ele detém o poder e o controlo que se

podem manifestar de diferentes maneiras, a maioria

através da violência física, emocional e sexual

(relações sexuais forçadas onde a mulher não tem

opção de escolha senão ceder sob pena de se sujeitar

a mais agressões físicas, humilhação e manipulação).

Este controlo piora à medida que a relação se vai

desencadeando com o passar do tempo.


Existem outras táticas em que os obsessores utilizam para

controlar as vítimas desde intimidação, culpa insistente na

parceira e isolação. É através da isolação que o agressor

exerce a maior parte do seu controlo, procurando saber o que

a vítima faz, com quem ela fala, para onde vai, limitando-a ao

máximo para a colocar à sua mercê.


Além disso, ele utiliza o ciúme excessivo para

justificar as suas ações, fazendo com que a

vítima se sinta culpada pelas suas drásticas

decisões e comportamentos. Quando existem

crianças envolvidas, o obsessor “utiliza-as” sem

escrúpulos, chantageando a parceira com o

propósito de a fazer sentir mais culpada e

aumentar ainda mais a dependência e o vínculo,

que não são compreendidos pelo “olhar” da

sociedade, ou seja as pessoas que observam essa

mesma relação exteriormente.

É fácil julgar ou supor que uma denúncia resolva

o problema mas a verdade é que existem muitos

fatores que transformam a situação num ciclo

sem fim. As ameaças cometidas valem tudo

fazendo com que a vítima se sinta ainda mais

encurralada e sem saída.


Solidão:

Consta que 3 em cada 10 mulheres denúncia o caso de

violência às autoridades. São cerca de 60% a percentagem

de mulheres que não o faz, porque a maioria não dá a

devida importância às agressões. Existem outras que não

confiam totalmente na eficácia das autoridades. O medo de

poderem a vir a sofrer retaliações, a vergonha e a esperança

da reconciliação, são outras das causas que justificam esta

proeminente percentagem.


´É claro que todos estes fatores albergam consequências

para a vida das vítimas, onde estas são obrigadas a alterar

a rotina após as agressões, com a sexualidade afetada e

problemas psicológicos. A solidão é outra sentença pesada

para o seu dia-a-dia. Elas se encontram isoladas do mundo,

do seu circulo familiar e dos amigos, porque o agressor

que outrora fora um “príncipe encantado” força com que

ela se isole dos demais por considerar que ela é a sua

propriedade.


O que fundamenta essa solidão é o medo de enfrentar

represálias por parte do agressor e até da própria sociedade

que de certa forma a reprime, aconselhando-a com um

simples “Denuncia-o à polícia!” Na maior parte dos casos,

por detrás de uma realidade devastadora, se esconde um casal

dito normal, onde muitos consideram um belo par, com um

“maravilhoso” marido que sabe cuidar da esposa e dos filhos.

Ambos pretendem esse papel, ele para omitir a crueldade dos

factos, ela para que não se sinta exposta e julgada pelos

demais. Há uma evidente solidão na sua luta. A vítima até

pode querer denunciar e fazer chegar o seu caso às

autoridades mas falta-lhe coragem. As ameaças de que ela é

sujeita e a repressão, levam com que ela enfrente a dor

sozinha.

Mas é importante frisar que ela não se encontra sozinha.

Felizmente muitos encontraram a coragem que necessitavam

para encontrar uma saída. Existem muitas associações que

apoiam esta causa, como é o exemplo da APAV (Associação

Portuguesa de Apoio à Vítima). Esta associação se dedica

inteiramente a esta causa e ajudam vítimas em desespero a

encontrar solução para o seu caso.


Antes de tudo, existem questões que podem ajudar qualquer

pessoa a clarificar se é vítima ou não de violência doméstica,

fundamental para que possa recorrer aos meios de ajuda.

- Tem medo da reação ou temperamento do

companheiro(a)?

- Ele(a) ignora ou faz pouco dos seus sentimentos?

- Alguma vez procurou ridiculariza-lo(a) em frente dos

seus amigos ou outras pessoas?

- Alguma vez ameaçou agredi-la(o), empurrou ou lhe atirou

com algum objecto?

- Alguma vez foi forçada(o) a ter relações sexuais?

- Sente que não pode estar com os seus amigos ou família

porque ele (a) sente ciúmes?

- Sente-se forçada(o) a justificar tudo o que faz ou a pedir

autorização para fazer algo?

- Já foi acusada(o) injustamente de estar envolvida ou ter

relações sexuais com outras pessoas?


Se respondeu que sim a mais que uma questão,

fique atento pois é provável que possa ser vítima de

violência doméstica. Saiba que a violência

doméstica é um crime público, que pode ser

denunciado por terceiros, não necessariamente

apenas pelas partes envolvidas. Para apresentar

denúncia, deverá dirigir-se ao posto mais próximo

da GNR ou da PSP. A Comissão CIG – Cidadania e

Igualdade de Género – disponibiliza um serviço de

informação e consulta jurídica para as vítimas de

violência doméstica. Este serviço é confidencial e

gratuito e funciona nas próprias instalações da CIG,

com marcação prévia.


Peça ajuda à APAV (Associação Portuguesa de Apoio

à Vítima) através da Rede Nacional de Gabinetes de

Apoio à Vitima e da Linha de Apoio: 116 006

(chamada gratuita, dias úteis 09h-21h) ou

www.apav.pt-apav.sede@apav.pt.

Saiba que ainda pode a ir de tempo de travar esta luta

e diminuir as estatísticas que apontam para um

crescimento. Saiba que não está sozinha (o ),

felizmente milhares de pessoas já ultrapassaram esta

dor. Junte-se a elas e deixe a sua voz falar mais alto.



Hélia Susana Cabral nasceu a 3 de Fevereiro

de 1991 em Leiria, Portugal, sendo filha de pai

cabo-verdiano e mãe santomense. Licenciada

em Turismo, sempre apresentou uma grande

paixão pela escrita, pelo que nunca deixou de

lado a hipótese de escrever livros da sua

autoria. É através da escrita que tem a

oportunidade de deixar à solta a sua

imaginação e dar vida às suas personagens. O

seu maior objetivo é sensibilizar os leitores, ao

ponto de lhes fazer refletir a mensagem

principal por detrás das suas histórias, na

esperança que alguém se identifique com

aquele percurso chamado destino.


A

E A

FAZEM PARTE

DA NOSSA


#UNIDOS PELO

PRESENTE E

FUTURO DA

CULTURA EM

PORTUGAL


Hashtag unidos pelo presente e futuro

da cultura em Portugal. Dos hashtags

mais partilhados nesta quarentena.

Com o Covid-19 o país parou e a

cultura não foi exceção. O teatro, a

televisão, a música, os museus, os

monumentos…

Na arte é preciso público, é preciso

interagir, mesmo que se esteja a fazer

um solo, estamos sempre em contacto

com pessoas, com os encenadores,

atores, técnicos e produção e mesmo

que não estejamos em contacto com

pessoas, tal como acontece nos

museus, há sempre o risco, mas a arte

é precisa e foi por isso que os atores se

uniram e unem para não deixar os

espetáculos morrer.


Não foi fácil e não é fácil para qualquer ramo artístico

separar-se assim daquilo que faz permanecer vivo, o público.

Foi preciso adotar medidas para não se parar, optou-se pela

utilização do zoom ou de publicar gratuitamente, ou não, os

espetáculos que já tinham decorrido. Mas se o público era o

pouco que ia ao teatro, então menos foi visto, mas as

companhias e estruturas não desistiram.

Mesmo a televisão teve de adiar estreias e parar gravações,

programas que tinha público só tinha os técnicos necessários.

Em todas as áreas artísticas teve de se adaptar ao mundo que

vivemos hoje e mesmo desconfinados não estamos a salvo.


Ser artista não é ter talento, é

trabalho, é olhar para o mundo de

várias maneiras, é fazer o público

olhar para o mundo de outras

maneiras, é sermos ouvidos, então,

na altura em que fomos calados

tentamos que por tudo que

fossemos ouvidos, porque um

artista em Portugal muitas vezes

não é só artista, tem de ter várias

profissões para sobreviver.

Muitas companhias e estruturas

continuaram a pagar a artistas e

técnicos com contrato, mas sem

ajudas do estado, os artistas

juntaram-se.

Ensinaram-nos na escola que ser

artista era muito difícil e se nos

pensávamos que era difícil antes

com as grandes oportunidades que

tínhamos, agora mais difícil é.


Mas é pelo público que o fazemos, é por nós, é pela

profissão e pela arte.

Um apelo: se tiverem amigos ou familiares artistas

não lhe peçam bilhetes ou peças que façam grátis e se

essa pessoa vos der, divulguem o trabalho, porque a

cultura está à disposição de qualquer um e não é

preciso irmos longe para ver arte ou apreciar arte, por

isso todos nós conseguimos fazer um pouco por nós e

pelos outros, o que uma pessoa como público ganha?

Uma nova maneira de olhar para o mundo, espírito

crítico e a riqueza algo que ate há poucos anos não

estava ao alcance de qualquer um.

por S.D



INAUGURAMOS

AS PRÓXIMAS

PÁGINAS PARA

UMA EXPOSIÇÃO

DE ARTES

VEJA A NOSSA

GALERIA DE

ARTES NA

REVISTA



ÉVORA DE ALCOBAÇA

Já foi há muitos anos que fiz este

trabalho fotográfico, de procurar

detalhes, pormenores por onde

passava. Na altura que tirei estas

fotos, era consultor imobiliário e

por andar a distribuir publicidade,

aproveitava e tirava fotos de

pequenos detalhes únicos nas

aldeias e vilas.

Muitas vezes, através do tempo que

não pára, certos pormenores vão

desaparecendo, pequenos detalhes

se vão modificando e eu quis

registar, através da fotografia, esses

detalhes que no futuro poderão

desaparecer.



Todas as fotos apresentadas

foram tiradas em Évora de

Alcobaça, uma pequena vila

a poucos quilómetros da

cidade de Alcobaça. Um

local como podem ver,

cheio de detalhes brilhantes.



“Para fazer uma obra de arte não basta

ter talento, não basta ter força, é preciso

também viver um grande amor.”

- Wolfgang Amadeus Mozart



“A vida é a arte do encontro, embora

haja tanto desencontro pela vida.”

- Vinicius de Moraes



Sou a Renata Samina, tenho 29 anos. Vivo no Alentejo, em

Montemor - o - Novo, nasci em Évora. Sou uma artista

amadora, não tenho um curso superior.

Desde de pequena sempre tive um gosto e jeito para o

desenho. Aperfeiçoei o meu talento, quando fui estudar para

Évora, para o curso de Artes Visuais, na Escola Secundária

Gabriel Pereira em 2008. Eu já tinha jeito para o desenho

desde mais nova, comecei na escola primária, fazer desenhos

à vista. Com o curso, comecei a ter mais noção dos

pormenores, das sombras, dos contrastes. Sem dúvida,

melhorei mais com este curso.

Desenho um pouco de tudo, retratos, paisagens, monumentos,

flores e objetos. Procuro fazer mais e melhor. Faço desenho à

vista, através de imagens e fotografias. A parte da

criatividade, tenho que trabalhar.


Já fiz Exposições, uma 2010 café "Alkimia" em Montemor.

Em 2012 fiz outra exposição- "O Ciclo da Vida", na galeria

9Ocre de um artista amigo também em Montemor, e mais

recente em 2019, uma exposição numa pastelaria em

Montemor "Capri". Procuro fazer mais exposições.

Em 2013 participei de um programa de talentos na televisão -

"Show Time".

Nos meus desenhos e pinturas, procuro ir aos pormenores de

cada imagem ou fotografia.

Gosto de desenhar retratos, paisagens e flores.

por Renata Samina
















“Felicidade é a certeza de que a

nossa vida não está se passando

inutilmente.” - Érico Veríssimo



LASANHA DE ATUM

E LEGUMES

POR MICAEL FERREIRA

INGREDIENTES:

6 latas de atum ao natural

1 cenoura

1 courgette

1 alho-francês

1 cebola média

Ervilhas q.b

Queijo ralado q.b

600g de béchamel

1 embalagem de folhas de lasanha

1 pacote de polpa de tomate de 210g

Manteiga q.b

1 colher de sopa de Azeite

1 ramo Salsa picada

Orégãos, Piripiri, Sal e Pimenta q.b.

PREPARAÇÃO:

Lave e descasque a cebola e pique-a.

Escorra o atum. Leve ao lume um

tacho com a manteiga, junte a

cebola, coloque a polpa de tomate e

deixe cozinhar em lume brando.

Adicione o atum e envolva bem,

deixe ferver um pouco e tempere

com sal, pimenta, piripíri, salsa

picada e uma pitada de orégãos.


Descasque e lave a cenoura e a courgette,

lave e arranje o alho-francês, rale a

cenoura, corte a courgette em meias-luas

e o alho-francês em rodelas finas. Leve

ao lume uma colher (sopa) de azeite e

salteie os legumes juntamente com as

ervilhas a seu gosto, tempere com sal e

pimenta e reserve.

Num tabuleiro de louça ou pirex verta

um bocadinho de Béchamel, só para

fazer a cama para o atum, coloque de

seguida uma camada da mistura do atum,

por cima uma folha de lasanha e depois,

uma camada de legumes, verta mais uma

vez um bocado de Béchamel, repita as

camadas até terminarem os ingredientes,

sendo que a última camada deve ser de

atum. Verta por cima o restante molho

bechamel, polvilhe com o queijo e os

orégãos e leve ao forno pré-aquecido a

180ºC durante 30 a 35 minutos.

MOLHO

BÉCHAMEL

INGREDIENTES:

600g de leite

60g de farinha

40g manteiga

Sal

Pimenta

Noz-moscada q.b.

PREPARAÇÃO:

Coloque no tacho todos os

ingredientes, ligue o lume e

mexa até engrossar.


“Ser feliz sem motivo é a mais

autêntica forma de felicidade.”

- Carlos Drummond de Andrade



por Daniela Delgado


A bela Serra da estrela…

Uma serra que todos já devem ter ouvido falar, pelo manto

branco de inverno, a bela neve que cobre toda a serra é uma

sensação linda.

A serra da estrela não é só linda de inverno, pode ser

visitada nas belas paisagens que a envolve em qualquer

altura do ano.

Para nós é paragem obrigatória todos os anos, há

sensivelmente 7 anos, um fim de semana de sexta a

domingo na altura da neve, podemos garantir que é sempre

mágico todos os anos que a visitamos, pois há sempre algo

novo a ver e este ano vai ser paragem obrigatória sem neve.

Temos imensas coisas a ver na serra se for com crianças

pequenas a serra de inverno é linda e ver a neve e os

floquinhos redondos nas nossas mãos é maravilhoso.



Se forem adultos e crianças maiores e que

gostem de adrenalina qualquer altura é

magnifica, desde trilhos para se percorrerem, a

paisagem verdejante, a vista para as serras

envolventes, as cascatas que aparecem com o

derreter da neve, a lagoa do covão dos conchos

com um buraco em forma de funil na própria

lagoa, o santuário / altar de nossa senhora da Boa

estrela situada no Covão do Boi em plena serra

da estrela, a Senhora da Boa Estrela é a padroeira

dos pastores e está esculpida na rocha que se

pode visitar, as várias barragens lindas cheias de

água que se pode ver, entre muitas outras coisas.

Dentro da serra e nas pequenas aldeias que a

compõem temos também vários locais tanto para

refeições, como para pernoitar, quer seja casinhas

rurais, como hotéis.



O nosso escolhido á 7 anos é na Covilhã sempre foi o

mesmo, já algumas vezes pensamos em mudar, mas os

miúdos todos os anos anseiam pela a chegada do dia e ir

de novo para o hotel TRYP Dona Maria na Covilhã.

Em termos que qualidade preço para nós e na nossa

opinião é excelente, com garagem ou parque de

estacionamento, piscina interior, sala de atividades para

as crianças poderem brincar sem os pais e com imensas

atividades, ginásio, um restaurante com uma vasta

escolha de comidas e petiscos sejam eles mais acessíveis

com menus mais económicos, como mais elaborados e

um pequeno almoço divinal.

Não temos nada a apontar em relação a simpatia,

atendimento, esclarecimento de dúvidas e limpeza tanto

dos quartos como do próprio hotel que para nós é

excelente cada vez que lá vamos.


A vista dos quartos é linda tanto para a cidade da

Covilhã nos quartos da frente, como para as serras

que de inverno se podem ver cobertas de neve e a

vista para a piscina coberta nos quartos de trás.

Quem não quiser fazer refeição no hotel, ou quem

quiser ir passear, tem o shopping bem pertinho que

também pode ir a pé.

E é esta a nossa dica de escapadinha experimentem

pois seja em que altura for não se vão arrepender.


OBRIGADO E

SEJA FELIZ

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