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Mariana
Edição Especial: Obras Sociais Monsenhor Horta
Revista Histórica e Cultural
Revista Mariana Histórica e Cultural - Junho 2020
Revista Mariana Histórica e Cultural
A Revista Mariana Histórica e Cultural é uma publicação eletrônica criada pelo professor
Cristiano Casimiro dos Santos em parceria com Associação Memória, Artes, Comunicação
e Cultura – AMACULT de Mariana. O periódico mensal tem por objetivo divulgar matérias,
artigos, ensaios, entrevistas e resenhas sobre a cultura e história da cidade de Mariana.
A Revista mostra a cultura de uma forma leve e traz histórias e curiosidades da cidade de
Mariana. A revista é um passo importante para a divulgação e pesquisa de conteúdos sobre
a cidade. Esperamos que as matérias publicadas possam contribuir para a formação de
uma consciência de preservação e que incentivem pesquisas.
Está edição especial é uma parceria entre As Obras Sociais Monsenhor Horta e a Revista
Mariana Histórica e Cultural, que apresentam a revista: Obras sócias Monsenhor Horta
60 anos transformando Amor e Ação. Nesta edição mostraremos um pouco da vida do
Santos de Mariana: Monsenhor Horta, a trajetória das Obras Sociais neste 60 anos
existências e um pouco da história recente da cidade de Mariana.
Assim, agradecemos a todos que colaboraram com esta edição, principalmente de todos já
escreveram sobre Monsenhor Horta e sobre as Obras Socais Monsenhor, que foram fonte
de nossa pesquisa. Sem estes estudos e publicações não poderíamos ter organizado esta
revista. Agradecimento aos autores e pesquisados: Augusta de Castro Cotta, Professora
Virginia Buarque, Tiago Pires, Cônego Raimundo da Trindade, Lucas Lolli Vieira, Germano
Moreira Campos, Frederico Ozanan Santos e a professora Hebe Maria Rola Santos.
Revista Mariana Histórica e Cultural esta na rede mundial de computadores com a
colaboração da MASTERIX Sistemas no site: www.marianahistoricaecultural.com.br. A
finalidade desta plataforma é permitir ao público o acesso virtual e gratuito às informações
sobre cultura, história e turismo de Mariana.
A revista eletrônica, a edição especial e a plataforma de pesquisa (site) não recebem
nenhum recurso ou apoio dos governos municipal, estadual ou federal.
Assim, agradeço, imensamente, a todos que colaboram com esta publicação. A revista
deste mês é de distribuição gratuita em meio digital.
Cristiano Casimiro dos Santos
Revista Mariana Histórica e Cultural
Diretoria das Obras Sociais Monsenhor Horta.
Teresa Cristina dos Santos - Presidente
Sergio Vicente dos Santos- Vice presidente
Leila Maria de Paiva- Secretária
Enock Gualberto Arcanjo - Tesoureiro
Conselho Fiscal.
Odilon de Souza Baeta
Elias Salim Mansur Filho
José Eustáquio Magalhães Elias
Suplentes.
Antonio Nascimento Rezende
Cristiano Cassimiro dos Santos
José da Cruz Rodrigues Vieira
ORGANIZAÇÃO
Diagramação e Arte: Cristiano Casimiro
Fotografias: Photocarmo : César do Carmo, Acervo OSMH,
Arquivo Márcio Lima,, Márcio Eustáquio de Lima,
Vitor Gomes e Cristiano Casimiro.
Tiragem: Revista Virtual
4
Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
Índice:
02 Editorial: O Testemunho da História
06 Oração de Beaticação de Monsenhor Horta
08 Monsenhor Horta o Santo de Mariana
16 Processo de Beaticação de Monsenhor Horta
18 Infográco: Cronologia de Monsenhor Horta
23 Obras Sociais Monsenhor Horta - Histórico
36 Voluntárias de Monsenhor Horta
38 Monsenhor Vicente Diláscio
42 Cônego Paulo Diláscio
44 Os meninos de São João Del Rei
Acervo: Márcio Lima
“Durante seus 47 anos de sacerdócio, a principal incumbência de Monsenhor Horta
consistiu em dar suporte nas funções político-administrativas da Cúria, principalmente como
secretário do Arcebispado e vigário-geral de Mariana. Além disso, ele foi também cônego da
Sé e, por algum tempo, exorcista da Diocese, mas a prática que melhor o configurou como
religioso foi sua extremada dedicação aos pobres, enfermos
e pessoas em busca de consolo espiritual”
BUARQUE; PIRES. Monsenhor José Silvério Horta e a Espiritualidade do Bom Pastor (1859-1933). Belo
Horizonte, MG: Fino Traço, 2012.
Arquivo Márcio Lima
Editorial
O Testemunho da História
José da Cruz Rodrigues Vieira
OBRAS SOCIAIS DE AUXÍLIO À
INFÂNCIA E À MATERNIDADE
MONSENHOR HORTA
Aqui vai uma introspecção com narrativas
de situações vividas por mim junto desta
insigne entidade onde trabalhei no Hospital
Monsenhor Horta, por quase de 34 anos,
mais precisamente de 01/12/1970 a
30/7/2003.
Corria o dia 20 de junho de 1959. Aquela
data trazia à memória do clero e da população
de Mariana a figura de um sacerdote
que transcendeu a virtude do amor e da
caridade para com as pessoas pobres e
necessitadas. Naquela ocasião, dentre as
personalidades do clero de Mariana,
figuravam o arcebispo Dom Oscar de
Oliveira, o pároco Vicente Dilascio e seu
irmão Paulo. Vivenciando as carências do
povo eles foram tocados na mente e no
coração por uma inspiração. Era a data em
que o memorável sacerdote, Monsenhor
José Silvério Horta, nascido em 20/6/1859,
estaria completando 100 anos se vivo
estivesse. Foi então que Monsenhor
Vicente, cura da catedral da Sé, diante da
premente necessidade de um serviço na
área da assistência social e da saúde,
resolveu assinalar a data com a fundação
de uma entidade que recebeu o nome de
"Obras Sociais de Auxilio à Infância e à
Maternidade Monsenhor Horta" com o
beneplácito de Dom Oscar de Oliveira e o
apoio de toda a comunidade para manter
viva a virtude da caridade, vivida intensamente
por Monsenhor Horta.
Incrementaram-se então, com a iniciativa
de Cônego Vicente, muitas atividades de
cunho assistencial.
Em trabalho simultâneo com a "Cáritas
Arquidiocesana de Mariana" já atuante na
cidade, foram implantadas várias outras
ações tais como ambulatório com consultas
médicas, gabinete de assistência
odontológica, distribuição gratuita de
medicamentos e de alimentos diversos,
tudo direcionado aos mais necessitados do
município.
Não satisfeito, Cônego Vicente vislumbrava
dotar a cidade com uma estrutura de
atendimento médico-hospitalar ampla e
eficiente. Almejava eliminar o desconforto
de as pessoas terem que buscar tratamento
médico-hospitalar em outras cidades.
Partindo do pensamento para-a ação, logo
um sonho se concretizaria. Com a anuência
do arcebispo Dom Oscar de Oliveira e
ajuda de seu irmão Paulo Dilascio,
Monsenhor Vicente conquistou o apoio da
comunidade marianense, de entidades
civis, de empresas e de muitos voluntários,
todos empenhados em ajudá-lo naquela
almejada e nobre missão.
Transcorriam, os anos de 1960. O extraordinário
tino administrativo do visionário e
empreendedor Vicente Dilascio fez concretizar
em Mariana o que parecia impossível:
A construção, em menos de 4 anos, de um
moderno e grande hospital geral em
Mariana tornou-se realidade. A inauguração
aconteceu na tarde do dia 8 de novembro
de 1970,
03
em dia chuvoso com a presença do clero
arquidiocesano, do Governador de Minas,
Sr. Rondon Pacheco, de diversas autoridades
e da população feliz por ver concretizando
um sonho de um hospital moderno e
funcional na cidade com 2.445 m² de área
construída.
Como autor desta narrativa, logo após a
inauguração, eu senti-me honrado pelo
convite que recebi de Monsenhor Vicente,
então presidente da entidade, para assumir
o cargo de Secretário Executivo deste
Hospital, inicialmente com cerca de 40
colaboradores e uns poucos médicos.
Antes do hospital as atividades da mantenedora
"Obras Sociais Monsenhor Horta"
se concentravam principalmente na Sopa
Tia Lica, fundada em 1966. Quero assinalar
que durante os 15 anos que passei ao lado
de Monsenhor Vicente na direção do
Hospital Monsenhor Horta e da Santa Casa
de Ouro Preto eu vivi momentos de apreensão
que eram sempre substituídos por uma
posterior tranqüilidade dado às soluções
que surgiam como milagres atribuídos a
Monsenhor Horta. Sempre acontecia um
final feliz para os momentos difíceis ao que
atribuo ao tino administrativo e a fé desse
extraordinário sacerdote, que foi
Monsenhor Vicente Dilascio. Após o ano de
1985, quando permaneci mais 20 anos na
administração do hospital com os padres
camilianos em Mariana e no Hospital São
Vicente de Paula, em Itabirito, eu teria
ainda uma epopéia de narrativas de situações
e fatos mas que aos poucos vão-se
esvaindo da memória deste octogenário
que já sou. Ainda me lembro destes fatos
vividos por mim no Hospital Monsenhor
Horta:
Desde sua inauguração em 1970 até 1974
não foram, anos fáceis para o hospital. O
custo do atendimento aos pacientes do
FUNRURAL e aos "Não Pagantes" superava
em muito os recursos financeiros.
Mas aí acontecia o inexplicável que considero
milagre de Monsenhor Horta. È que
apesar disso nunca tivemos sequer um
cheque devolvido; os salários dos colaboradores
eram pagos corretamente e havia
total adimplência nos pagamentos aos
fornecedores e das obrigações trabalhistas.
Também, sempre houve uma salutar
harmonia entre nós da direção com médicos
e demais colaboradores. Aqui, cabe
uma introspecção: A fé e a confiança que
existia entre nós perante a função exitosa
do hospital nós atribuíamos à proteção
divina através do Servo Monsenhor Horta,
abençoando principalmente o trabalho de
Monsenhor Vicente. Como explicar que
mesmo nos primeiros anos do hospital, em
meio a dificuldade econômica, nunca
houve sequer uma devolução de cheque
sem fundos de nossa emissão, e essa era
nossa única maneira de efetuarmos pagamentos.
Em contrapartida éramos disputados
pelas firmas distribuidoras e pelos
laboratórios de medicamentos para nos
vender seus produtos atestando, assim, a
sua confiabilidade no hospital. Mesmo nas
maiores preocupações vividas com a
iminência de faltar dinheiro para as obrigações
o pessimismo não tinha vez.
Tínhamos fé e, no momento certo, Deus
provia-nos de condições para que sem
dissabores pudéssemos atender a todos os
que necessitassem do hospital, mesmo n,
situação em que muitas vezes a percentagem
do atendimento ambulatorial e das
internações dos pacientes "não-pagantes",
ultrapassava a 50%, pudesse comprometer
a estabilidade econômica do hospital. Aqui
vão nosso reconhecimento e agradecimento
aos médicos e farmacêuticos bioquímicos
que nunca negaram atendimento a
esses indigentes antes da criação do SUS.
04
Um fato importante passou a preocuparnos
após o ano de 1974. Foi que, com
apenas 5 anos de inaugurado o Hospital
Monsenhor Horta, com seus 2.264 m² de
área construída, já dava sinais claros de
insuficiência de espaço para atender à
demanda. Isto foi devido ao aumento da
população motivado pelo incremento nas
atividades minerarias no município. Aí,
mais uma vez, entrou a clarividência, tino
administrativo e a fé de Monsenhor
Vicente. O hospital deveria ser ampliado,
argumentou ele. Por sua iniciativa em
pouco tempo, já estávamos com as plantas
da ampliação aprovadas pelo Ministério da
Saúde. Eram mais 3 blocos, somando mais
2.445 m² que seriam incorporados ao
conjunto existente. Então, o inestimável
apoio das empresas, Samarco, Vale,
Samitri, Alcan, da Prefeitura, do comércio
local, da população e do voluntariado foi
fundamental para o bom êxito do empreendimento
em atividade. Entretanto, para
concluir a área física bem como mobiliar e
equipá-la seria necessário um aporte
expressivo em dinheiro. Nada menos que
CR$ 33.000.000,00 (trinta e três milhões
de cruzeiros). Esse valor foi obtido junto ao
programa FAS da Caixa Econômica
Federal, mediante empréstimo sob hipoteca
de bens. Tivemos aí mais um ato de
coragem de Monsenhor Vicente que à
época nos deixou entusiasmados, mas ao
mesmo tempo apreensivos sobre como
liquidar um empréstimo tão vultoso.
Entretanto, passados os meses de carência
do empréstimo para iniciar o pagamento
com amortizações mensais, elas foram
pagas sem atropelos. Neste fato sentimos
mais um milagre que atribuo a Monsenhor
Horta que, a tempo e à hora, nos proveu
dos recursos necessários. Lembro-me
ainda que, solicitada por Monsenhor
Vicente, a parcela restante do empréstimo
foi paga com alegria mediante uma doação
feita por um benfeitor empresário titular da
empresa "Viação Pássaro Verde". O
hospital, daí para frente, graças ao surgimento
de diversos planos de saúde oferecidos
pelas empresas, e a implantação
pelo governo do sistema SUS, que universalizou
o atendimento médico, o hospital
evoluiu chegando um bom estágio da
assistência médica e diagnóstica.
Mariana,maio de 2019.
Arquivo OSMH
Acervo Márcio Lima
Foto e arte: Cristiano Casimiro
Oração pela beatificação de Monsenhor Horta
Ó Jesus, sumo e eterno sacerdote, que Vos dignastes elevar à
dignidade sacerdotal, aqui na terra, o Vosso fiel servo Monsenhor
Horta, e lhe concedestes a graça de ser o pregoeiro da Vossa
bondade, glorificador devoto da Vossa Mãe Santíssima e modelo
luminoso de caridade, de humildade e demais virtudes, dignai-Vos,
agora, por Vossa benevolência, fazer conhecer Vossos desígnios a
seu respeito concedendo-me, por sua intercessão, a graça... que
Vos peço. Amém.
Pai Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai.
Acervo Márcio Lima
Monsenhor José
Silvério Horta
A Providência Divina destina, durante a vida terrena, a alguns
indivíduos passagens e feitos que imortalizam o nome e a memória.
M
Monsenhor José
onsenhor José Silvério Horta nasceu
no dia 20 de junho de 1859, na
Fazenda Monte Alegre, em Gesteira –
Barra Longa, quando aquela localidade
pertencia ao Município de Mariana.
Filho de José Caetano Ramos Horta e Ana
Jacinta de Figueiredo Horta. José Silvério
Horta foi o primogênito entre seus outros
irmãos, Afonso, Carlos, Artur, Maria,
Antônio e Manuel.
Chamaria Silvério, se a vontade de seus
padrinhos de batismo fosse aceita e pela
tradição católica de colocar o nome do
recém nascido em homenagem ao padroeiro
do dia, São Silvério “por ter nascido no
dia da festa deste Santo, porém seu pai se
opôs, dando- lhe o nome de José Silvério,
não só por ser o seu primogênito; como
também porque apenas saído do primeiro
banho, levou-o e deixou-o aos pés da
piedosa imagem do Glorioso Patriarca São
José, consagrando-lhe a sua especial
proteção.
Na fazenda onde nasceu, recebeu as
bases de todos seu conhecimento, seja
humano, cientifico ou literário. Neste,
mesmo local o pequeno José Silvério
obteve a orientação sólida de espiritualidade,
recebendo seus pais todos os ensinamentos
cristãos.
Seus estudos, talvez devido a sua doença
e fraqueza ou a condições de educação da
época, foram feito em instituições escolares,
intercalado períodos de instrução
Sillvério Horta
dentro da sua casa. Sua alfabetização foi
feita pelo pai, e com sua mãe aprendeu arte
da pintura.
Ao recordar sua primeira infância, José
Silvério Horta, relata em seu manuscrito
autobiográfico, finalizados em 1929,
descreve a fragilidade de sua saúde e a
educação religiosa que recebia de seus
pais. Em um relato que rememora uma
conversa com seu pai, misturando um
diálogo com observações, Monsenhor
Horta descreve:
"Quando via, por exemplo, alguma flor no
campo, perguntava a meu pai: papai, quem
fez esta flor? Foi Deus, meu filho: E quem
fez este passarinho? Resposta invariável:
foi Deus, meu filho. E para que fez ele o
passarinho? Para louvar a ele, cantando e
para nos alegrar também, e assim a respeito
da borboleta, da água, das arvores, etc.
E como a resposta era sempre invariavelmente
a mesma, pedi a ele certo dia que
me mostrasse Deus, dizendo: papai me
leva lá, onde está Deus? Sorrindo me
respondeu:
Ninguém pode ver a Deus neste mundo,
mas ele está aqui mesmo gostando das
tuas perguntas e nos ouvindo muito alegre.
Você não está vendo a flor, a arvore, o
passarinho, a água! tudo isso ele é quem
fez, e fez também o papai, mamãe e você
também, porque ele é muito bom. E para
que Deus fez papai, mamãe, a mim e todos
nós? Foi para conhecermos, amá-lo e
servir a ele neste mundo e depois irmos
para o céu, onde ele está, e ficarmos com
ele no céu para sempre."
09
Arquivo Obras Sociais Mons. Horta
Fazenda Monte Alegre, Gesteira- Barra Longa
A sua família saiu da fazenda Monte
Alegre onde morava, mudando-se para
Mariana. Em Mariana, a família de José
Silvério Horta passou por situações de
dificuldade, ainda mais intensas do que
na fazenda, onde podiam recorrer a terra
para garantir sua subsistência. Assim,
seu pai, José Caetano Ramos Horta, teve
de trabalhar em um instável emprego de
guarda livros do armazém da Companhia
Inglesa Dom Pedro Gold Mining no Morro
de Santana. Uma condição econômica de
maior segurança seria conseguida pela
família apenas quando seu pai passou em
um concurso par professor de língua
latina. José Caetano Horta estudou no
Colégio do Caraça e foi funcionário da
Secretária de instrução Pública em Ouro
Preto, antes do casamento.
Como relatado Monsenhor Horta nas
suas as memórias:
10
“Para esse concurso inscreveram-se
diversos candidatos, entre os quais meu
pai, que mereceu a primeira classificação.
Nomeado enfim professor, meu pai
passou-se a residir definitivamente na
cidade e levar uma vida mais tranqüila,
deixando o emprego de guarda-livros.”
Os estudos em Mariana, também, forma
muito difíceis para o pequeno José silvério,
a saúde frágil lhe impedia de comparecer
regularmente à escola.
O então Bispo de Mariana Dom
Benevides viu no menino José Silvério,
uma aptidão cristã pura e uma grande
destreza na arte da pintura. Silvério
desenhava e pintava muito bem. Assim, o
bispo lhe ofereceu uma bolsa para
estudar Belas Artes na Europa, mas José
Silvério Horta tinha outros planos para
sua vida.
Monsenhor José
Sillvério Horta
O Bispo de Mariana Antônio Maria Correia e
Benevides o convidou para a formação
sacerdotal.
Assim, o jovem José Silvério iniciou sua
caminhada pra servir a Deus. A pedido do
Bispo estabeleceu-se no Palácio Bispos
(Palácio da Rua da Olária), lá José Silvério
iniciou seus estudos como seminarista e
começou a assessorar o Dom Benevides
em trabalhos burocráticos.
Aperfeiçoou seus conhecimentos religiosos,
científicos, literários e humanísticos,
sempre sobre orientação de Dom
Benevides.Neste período , também, José
Silvério aprendeu história geral e natural,
grego, física, química e filosofia.
No palácio da Rua da Olaria fazia atividades
como: ajuda nas visitas pastorais, atendimento
aos mais pobres, organização da
agenda do bispo e ajudava na parte de
limpeza e manutenção do prédio.
Em 1883 recebeu a Tonsura Clerical. Era
um cerimônia da Igreja católica que consistia
em cortar e raspar o cabelo , no alto da
cabeça, em forma de circunferência para
distinguir os jovens pretendentes ao sacerdócio.
Continuou seus estudos, ora com professores
indicado pelo Bispo ou por conta própria,
pois era muito disciplinado e dedicado
as atividades educativas.
Em 1884 recebeu as Ordens Menores -
leitor oficial da bíblia nas celebrações,
oficial do hostiário entre outras atividades
na missa.
Recebeu o diaconato em 11 de abril de 1886
e em 03 de julho do mesmo ano na festa da
Ascensão do Senhor na Capela do
Recolhimento de Nossa Senhora de
Macaúbas recebeu o sacerdócio.
A primeira Missa Celebrada pelo Padre
José Silvério Horta foi na Capela do Carmo
em Macaúbas em 04 de julho de 1886.
Em novembro do mesmo ano, tornou-se
membro do Cabido Metropolitano de
Mariana, por ordem expressa da Princesa
Isabel, então regente do Brasil.
Em 1887, torna-se Cônego do Cabido e em
194 , por designação do Papa Pio XI é
agraciado com o título de Camareiro secreto
do Papa.
Óleo Sobre Tela Alberto André Feijó Delpino
Cidade de Mariana 1890
Foto: Vitor Gomes
Acervo Márcio Lima
Mosteiro de Macúbas - Santa Luzia - MG
Monsenhor José
Sillvério Horta
Sobre ele, escreveu o historiador Cônego
Raymundo Trindade, grande historiador de
Mariana:
"Monsenhor Horta foi o nome mais largamente
conhecido na diocese e por todo o
Estado de Minas Gerais. Proverbial e
comovedor o seu amor pelo pobre, sendo
ele pobre e dos mais pobres. Foi o mais
humilde dos eclesiásticos do seu tempo, ao
mesmo tempo em que foi, entre eles, o
mais insigne do Arcebispado. Somente
dispunha de si e do seu tempo para se
tornar útil aos outros. De tal sorte se impôs
por suas heróicas virtudes, que a sua
bênção, deveras prodigiosa, era solicitada,
diariamente, por levas e levas de romeiros
que, para recebê-la, vinham dos pontos
mais recuados do Brasil. A todos atendia
com bondade, paciência e humildade
sobre-humana".
Franzino, a sua constituição física revelava
que a sua saúde não era das melhores.
Mas a sua fortaleza interior mostrava o
vigor do seu espírito sempre ativo e generoso
na prática do bem.
Vestia-se pobremente, com a singeleza
que não dispensa o asseio. Quanto a esse
particular, parecia com Agostinho, que se
envergonhava de andar luxuosamente
vestido com roupas ricas.
A sua pobreza voluntária não era confundida
com a pobreza suportada. Sentia-se
bem nos rigores dela, comovendo todos do
seu tempo.
Em muitos lares fez com que a paz e o amor
voltassem a reinar. Promoveu a reconciliação
de inimigos que pareciam rancorosos.
Consolou muitos aflitos que viviam feridos
na carne e na consciência. Enxugou muitas
lágrimas. Atendeu os enfermos que chegavam
à sua casa procurando a cura dos
males do corpo e do espírito. Muitas almas
endurecidas e fechadas pelas decepções
da vida ele abriu para o amor a Deus, como
o Sol faz abrir a corola da flor que a noite
fechou.
Para todos, o que havia de mais reconfortante
e tranqüilizador era encontrar a sua
ternura, a sua piedade e a sua compaixão.
Todos sabiam que podiam contar com ele,
pois tinham bom lugar no seu coração.
Sobretudo os que padeciam de miséria,
que é a falta do necessário.
Via no pobre faminto, no necessitado de
roupa, de pão e de teto, a verdadeira
imagem de Cristo, imagem viva que padece,
sentindo frio, estando desabrigado, não
tendo o que comer, e sofrendo o abandono
e o desprezo de muitos cristãos (conforme
Evangelho de Mateus, capítulo XXV,
versículos 31 a 46).
13
Monsenhor José
Sillvério Horta
Quem o via pela primeira vez sentia-se
perto de um São Luiz Gonzaga ou de um
Vicente de Paulo, não somente pela
paciência de suas palavras, mas também
pela suavidade encantadora com que
eram proferidas, envolvidas na piedade e
na fé. Possuía também uma erudição
pouco comum, sendo profundo conhecedor
do latim, português e outras línguas.
Inúmeras foram às curas prodigiosas pela
água que ele abençoava. Vários foram os
possessos e desequilibrados que socorria,
incluindo as entidades que se manifestavam
pelos doentes. Pobre, extremamente
pobre, sua vida foi reflexo de sua
alma. Praticava a caridade sem olhar a
quem beneficiava, e era tão estimado que
por onde passava não tinha um momento
de descanso. Levantava-se cedo, regularmente
as seis da manhã. Orava por uma
hora.
As sete celebrava a missa, as quais
gastava quase uma hora (nos últimos
anos) por já estar abatido pela doença e
pela vista fraca. Quando terminava a
cerimônia, consagrava-se à atenção aos
pobres, doando-lhes alimento e consolo.
Nessa atividade, esquecia-se muitas
vezes da refeição matinal. Depois do
almoço (sempre frugal), descansava 15
minutos e dedicava-se a responder as
cartas (com pedidos) que lhe chegavam
de várias partes do país. Terminado esse
trabalho, entrava em oração para depois
retornar ao contato com os pobres. Esse
atendimento ia até às 21 horas, com os
corredores e salas de sua residência
cheias de pessoas esperando pela sua
atenção.
Se a vida de Monsenhor Horta foi de um
justo, o seu falecimento o foi também. Não
se sentindo bem na tarde de 29 de março,
solicitou que lhe chamassem seu confessor,
a quem fez a confissão, pedindo-lhe
também que lhe administrassem a extrema
unção.
Às nove horas do dia 30 de março de 1933
voltaram os sintomas alarmantes, que o
fizeram outra vez pedir a presença do seu
confessor, que, atendendo-o imediatamente,
o encontrou em aflição e, à sua
entrada no quarto, Monsenhor Horta pôsse
de joelhos sobre o leito, dizendo-lhe
comovido:
"Peço-lhe a caridade de me absolver de
todos os pecados da minha vida passada",
tendo-lhe sido as últimas palavras
que expressou.
O seu funeral efetuado na tarde do dia
seguinte foi uma verdadeira apoteose,
calculando-se em perto de 5 mil pessoas
de muitos lugares.
Referências:
Arquivos Obras Sociais Monsenhor Horta
BUARQUE, Virgínia. Autobiografias eclesiásticas
COTTA, augusta de Castro - Livro Monsenhor Horta
PIRES, Tiago Autobiografia Católica e Cultura no Séc. XIX e XX
TRINDADE, Raimundo - Arquidiocese de Mariana
14
Acervo Vitor Gomes
Palacio dos Bispos - Mariana
Cristiano Casimiro
Processo de Beatificação e Canonização do
Servo de Deus José Silvério Horta.
Em agosto de 2004, constatando uma sólida e difundida fama de santidade do Mons. José
Silvério Horta,O Arcebispo de Mariana, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, ouvindo Mons.
Vicente Diláscio e outros, decidiu pedir a devida autorização (nihil obstat) da Santa Sé para
iniciar a Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus José Silvério Horta.
17
Monsenhor José
Sillvério Horta
Em dezembro do mesmo ano, o Cardeal
José Saraiva Martins, então Prefeito da
Congregação para as Causas dos Santos
concedeu a permissão requerida, em
latim, cuja tradução se segue:
Roma, 15 de dezembro de 2004.
Excelentíssimo Sr. Dom Luciano Mendes
de Almeida,
Por meio da carta do dia 21 de
agosto de 2004, V. Excia. pergunta se a
Santa Sé tem alguma objeção à Causa de
Beatificação e Canonização do Servo de
Deus José Silvério Horta, sacerdote
diocesano, que faleceu no ano de 1933.
Feitas as devidas análises, alegrome
em comunicar-lhe que, da parte de
Santa Sé nada obsta a que a referida
causa de Beatificação e Canonização do
mesmo Servo de Deus José Silvério
Horta possa introduzir-se, observadas
´As Normas a serem seguidas pelos
Bispos na Investigação Diocesana nas
Causas dos Santos´, dadas pela citada
Congregação no dia 07 de fevereiro de
1983.
Devotissimo de V. Excia., no Senhor,
José, Card. Saraiva Martins – Prefeito.
Eduardo Nowak – Secretário.
A doença e morte de Dom Luciano, sem
que pudesse constituir o Tribunal
Diocesano para a Causa. A seguir, o
período de vacância da Sé Metropolitana
e, após quase um ano da morte de Dom
Luciano, a posse do novo arcebispo, Dom
Geraldo Lyrio Rocha aos 23 de junho de
2007.
No contexto do ano sacerdotal 2009-2010
proclamado pelo Papa Bento XVI com a
Carta do dia 16 de junho de 2009 por
ocasião dos 150 anos do nascimento do
Santo Cura d´Ars, Dom Geraldo Lyrio
Rocha decidiu iniciar a fase diocesana do
processo do Servo de Deus Mons. Horta.
Nomeou o Revmo. Sr. Côn. Paulo
Dilascio para o ofício de Postulador da
causa.O Revmo. Sr. Pe. Roberto Natali
S t a r l i n o f o i n o m e a d o D e l e g a d o
Episcopal; o Revmo. Sr. Pe. Danival
Milagres Coelho, Promotor de Justiça; o
Revmo. Sr. Diác. Antônio Rodrigues do
Prado, Notário Arupario e o Ilmo. Sr.
Maurício de Assis Reis, Notário Adjunto.
Foram também designados Teólogos e
Censores para análise dos escritos
publicados do Servo de Deus.
Ficou constituída uma Comissão
Histórica composta de três membros: o
Pe. Enzo dos Santos, presidente; o . Côn.
José Geraldo Vidigal de Carvalho, membro;
a Profa. Dra. Virgínia Albuquerque
Castro Buarque, relatora
.
Em março de2010,após a Missa de
Crisma, com a renovação das promessas
sacerdotais, Dom Geraldo presidiu,
dentro da Catedral de Nossa Senhora da
Assunção (Sé de Mariana), a Sessão de
Abertura da fase diocesana da Causa do
Servo de Deus Mons. José Silverio Horta,
às onze horas da manhã deste sábado
que antecedia o Domingo de Ramos e da
Paixão do Senhor.
Em 2018 a situação da causa: os
Teólogos e a Comissão Histórica e a
concluíram o trabalho a eles confiado. Os
depoimentos da maioria das testemunhas
já foram tomados. Uma normativa interna
da Congregação das Causas dos Santos
alterou a Instrução que reconhecia a
língua portuguesa na elaboração dos
documentos a serem enviados a Roma.
Isto significa que, na prática, todo o
trabalho feito precisa ser passado para
u m a d a s l í n g u a s a d m i t i d a s n a
Congregação.
18
Fotos Cristiano Casimiro / Acervo Corporação Musical
Monsenhor Horta Cronologia
1859, 20 DE JUNHO
Nasce dos pais Jose Caetano Ramos Horta e Ana Jacyntha Gomes de Figueiredo,
na Fazenda do Monte Alegre (Distrito de S. José da Barra Longa, Município de Mariana).
Faz a primeira Comunhão na Matriz S. José da Barra Longa.
1865
Seu pai, José Caetano, com toda a família fixa sua residência na
chácara "Vamos Vamos", em Mariana.
1865
1875
Nomeado Capelão Cantor da Catedral de Mariana.
Efetivação como Capelão Cantor.
Entra como fâmulo (auxiliar) do Bispo, no Palácio Episcopal de Mariana
e aí mesmo inicia os estudos sacerdotais.
1875
1885
Recebe o Subdiaconato na Capela do Palácio Episcopal.
Recebe, no Domingo in Albis, o Diaconato pelo Bispo diocesano
na mesma Capela do Palácio Episcopal.
1886
1886
1886
1887
Ordenação Presbiterial na Capela do Mosteiro das Franciscanas
Concepcionistas de Macaúbas, conferida pelo Arcebispo D. Benevides.
Primeira Missa Solene na Capela de Nossa Senhora do Carmo,
no mesmo Mosteiro em Macaúbas.
Apresentação pela Princesa Imperial Regente
D. Isabel como Cônego do Cabido da Sé de Mariana.
Toma posse da Cadeira de Cônego na Sé de Mariana.
1887
1904
Agraciado com o título de Camareiro Secreto e, mais tarde,
de Prelado Doméstico conforme breve de Pio XI.
Nomeação como Chantre do Cabido Metropolitano.
1924
1928
Recebe ordens médica de não atender a chamados fora da cidade.
Faz sua última viagem à cidade de Oliveira - MG.
1933
1929
1932
Finaliza sua autobiografia
Alguns dias antes de morrer, foi ter um encontro com o Arcebispo no Palácio
Episcopal. Recebe os últimos sacramentos.
Morre em 30 de março de 1933.
Referências:
Arquivos Obras Sociais Monsenhor Horta
COTTA, augusta de Castro - Livro Monsenhor Horta
Fotos Márcio Limal
Obras Sociais Monsenhor Horta
Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
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Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
“Cada homem age por si, segundo um plano próprio, mas o resultado é uma ação
social, em que outro plano, externo a ele, se realiza; e com os fios crus, finos e
desfeitos da vida de cada um, se tece a teia de pedra da história.”
R. P. Pogodin
No dia 20 de junho de 1959, na missa de
c o m e m o r a ç ã o d o c e n t e n á r i o d e
nascimento de Monsenhor Horta, na Sé de
Mariana, Monsenhor Vicente Diláscio
anunciou e lançou o embrião de uma obra
de ajuda aos pobres que a Igreja em
Mariana. Na sua pregação lembrou-se de
Mons. Horta, de seu especial carinho com
as crianças, pobre e de sua compaixão
pelos doentes e com os anciãos. Naquele
momento, nascia as obras Sociais
Monsenhor Horta. Em um esforço
comunitário conclamou a população
Marianense e chamou pessoas de boa
vontade para que se unissem e pudessem
tornar realidade uma Instituição de
atendimento sistemático, eficiente e
contínuo. Com a ajuda, de seu irmão e
Cônego Paulo Diláscio e aprovação de D.
Óscar de Oliveira, então Bispo Coadjutor
de Mariana deram início aos trabalhos.
Todas as grandes obras coisas começam
simples. E muitas podem ser expressas em
poucas palavras: Amor, Compaixão,
Vontade, Piedade e Esperança.
Inicialmente chamada de "Obras Sociais de
Auxilio à Infância e à Maternidade
Monsenhor Horta". Assim, nasceu as
Obras Sociais Monsenhor Horta, com
pouco recurso financeiro, mas co muita
confiança em Deus, na sua providencia, e a
lembrança de que todo o dinheiro do
mundo nada faz, sem o amor por trás, mas
o amor, movendo pessoas, pode realmente
gerar todo o dinheiro necessário para os
empreendimentos.
Na Cidade de Mariana já havia uma
estrutura de atendimento social e de saúde
,mas muito precária. Este pequenos grupos
de voluntários, liderados por Monsenhor
Vicente Dilascio se tornaram o embrião da
Obras Socias Monsenhor Horta.
A primeira diretoria foi constituída assim:
Diretor: Mons. Vicente Diláscio, presidente:
Sr. Benedito Nunes Horta, secretário: Sr.
Benjamim Lemos, tesoureiro: Vicente
Cândido da Silva, procurador: Vicente
Ângelo das Mercês, primeira voluntária: Ir.
Vicência, filha da Caridade de São Vicente
de Paulo.
Aos poucos, a organização foi tomando
corpo e palatinamente novas ações foram
surgindo em prol dos necessitados de
Mariana. Com a posse de Dom Óscar de
oliveira em 25 de abril de 1960, como
terceiro Arcebispo Metropolitano de
Mariana. As Obras Sociais Mons. Horta
tomaram um novo rumo, o Arcebispo
o f e r e c e u u m i m ó v e l n a P r a ç a
Bandeirantes para sediar um Posto de
Assistência à Saúde. O então Secretário da
Fazenda, Dr. Tancredo Neves ofertou
Cr$500 000,00 (quinhentos mil cruzeiros) o
suficiente para instalar o consultório
médico, o gabinete dentário, o laboratório
de análises clínicas e a farmácia.
Arquidiocesano" de 11/06/1961 dá-nos
uma preciosa informação: "Bondosamente,
o Exmo Sr. Arcebispo D. Oscar, num gesto
significativo de aplauso e de estímulo à
notável Instituição de assistência social,
cedeu-lhe uma casa de propriedade da
Mitra, situada à Praça Bandeirantes. As
suas dependências que foram ampliadas,
a d a p t a r a m - s e p e r f e i t a m e n t e à s
necessidades da Instituição."
23
Hospital Monsenhor Horta - Mariana
Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
Um pequeno Ambulatório de Clínicas foi
montado no imóvel. Com a colaboração,
imprescindível, da Ir. Vicência, formada em
bioquímica e enfermagem o consultório foi
aberto para atender a população carente da
cidade. E assim, instalaram-se consultório
médico, odontológico, sala ambulatorial;
laboratório de análises clínicas; pequena
farmácia; seção de coleta e distribuição de
vestuário e alimentação.
As ações não se restringiam ao consultório,
visitas domiciliares eram sempre requisitadas.
Na companhia dos irmãos Mons.
Vicente e Cônego Paulo, a Irmã Vicência
visitava a zona rural da cidade para ministrar
ensinamentos relativos à saúde, à
medicina preventiva.
Já em 1965, surgiu outra ação das obras
sociais, a Casa Promocional Tia Lica em
uma casa na rua dom Viçoso cedida pela
Sociedade São. Vicente de Paulo. Com a
participação de Dona. Maria Delfina
Gomes (D. Maricas), Tia Lica , Dona Letícia
do Patrocínio e de Dona Cornelita
Trindade. Uma nova etapa de assistência
aos mais pobre surge, com distribuição de
alimentos e vestuário e acolhimento de
pessoas.
As Obras continuaram suas luta para o
bem estar dos mais necessitados : visitas
domiciliares para orientação de saúde,
encaminhamento a recursos devidos e
necessários e para levar o socorro possível
a cada um. Os sacerdotes, nas missas
celebradas nas diversas regiões rurais do
município, levam consigo os agentes de
promoção humana e de saúde que aproveitam
o momento dos encontros das comunidades
para oferecer-lhes noções de higiene
e despertá-los para a prevenção (vacinação
- saneamento de água); combate à
verminose; combate à desnutrição das
crianças, aplicação de medicamentos
necessários entre outros.
As dificuldades encontradas nas visitas e
os poucos recursos de saúde oferecido
pelo município naquela época levaram a
todos envolvidos na obras Sociais
Monsenhor Horta a pensar em algo maior
para atender a saúde em Mariana. Assim
surge a idéia de construir um hospital.
Com uma área cedida pela Arquidiocese de
Mariana, o aval do arcebispo do Óscar de
Oliveira Hospital Mons. Horta e o com o
empreendedorismo de Monsenhor Vicente
Diláscio, as obras do hospital.
A instituição Alemã MISEREOR ajudou
financeiramente na construção do hospital.
A MISEREOR , é um braço da Obra
episcopal da Igreja Católica da Alemanha
para a cooperação ao desenvolvimento. A
instituição alemã está comprometida com a
luta contra a pobreza na África, Ásia e
América Latina. A ajuda de MISEREOR
dirige-se a todas as pessoas que sofrem
necessidade – independentemente da sua
religião, raça, cor ou sexo. Assim, o
Hospital Monsenhor Horta Foi Inaugurado
no dia 08 de novembro de 1970.
Em meados da década de 70, o Hospital
Monsenhor Horta passou por uma grande
ampliação, tornando –se o que é hoje.
Através de um financiamento do Fundo de
Apoio ao Desenvolvimento Social da caixa
econômica Federal ( FAZ-CEF), com ajuda
de empresas como SAMITRI – Mineração
Trindade S.A. Vale do Rio Doce, prefeitura
de Mariana e uma ação de movimentação
comunitária liberada por Monsenhor
Vicente.
26
Creche Casinha de Nazaré
Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
O Hospital Monsenhor Horta foi ampliado e
adequado com equipamentos e pessoal
para atender a um novo período em
Mariana.
Em 1985, a direção das Obras sociais
Mons. horta passou a administração do
h o s p i t a l p a r a u m a a s s o c i a ç ã o
especializada em cuidar da área de saúde.
Assim, depois de muitas consultas e
pesquisa foi escolhida a Sociedade
Beneficente São Camilo, que desde 1922
instalada no país, possui a expertise de
trabalho com a saúde.
No início do ano de 1985, abriu uma nova
atividade das obras sociais Monsenhor
Horta, para atender a demanda de famílias
que não tinham com quem deixar os filhos,
quando estavam trabalhando. Crio-se a
C r e c h e C a s i n h a d e N a z a r é c o m
atendimento direcionado a criança entre
02 e 06 anos. A Creche iniciou seus
trabalhos no antigo Colégio maternal
Santo Estevão, na Rua Mons. Horta, no
bairro do Rosário. Hoje a Creche está
sobre a Administração da Prefeitura
Municipal de Mariana.
Outra ação das Obras Sociais Mons Horta
foi construção do Lar Santa Maria.
Percebendo que o envelhecimento
populacional estava ocorrendo em um
contexto de grandes mudanças sociais,
culturais, econômicas e com as mudanças
no sistema de valores e na configuração
dos arranjos familiares ocorridos
principalmente, na década de 80 do século
passado. Mons. Vicente e os voluntários
decidiram que a cidade de Mariana deveria
ter um local digno de acolhimento de
pessoas idosas que não poderiam ficar
com seus familiares. Assim em 08 de
28
dezembro de 1992 foi inaugurado o Lar
Santa Mariana ,a princípio em instalações
provisórias. E no ano 1997, em parceria
com a Samarco Mineração, Mineração
Trindade (Samitri), Vale do Rio Doce e a
Arquidiocese de Mariana, foi a construído
as Instalações, definitivas, do Lar Santa
Maria. Uma instituição que atende mais de
60 anciãos em regime de internato, que
recebe todo cuidado de saúde, higiene,
alimentação e moradia. São constantes as
atividades sociais, religiosas e confecção
de pequenos trabalhos manuais, para
e s t i m u l a r a c o n v i v ê n c i a . S o b a
administração religiosa e profissional das
Irmãs Carmelitas de Madre Candelária,
ordem religiosa fundada na Venezuela no
século passado. Aqui em Mariana, esta
ordem veio para auxiliar nas obras Sociais
Monsenhor Horta , a convite do Arcebispo
Dom Luciano Mendes, especialmente, em
ações no Lar Santa Maria. A coordenação,
atual, fica a cargo da religiosa Inocenta
Del Valle Rojas Astudillo, que com
competência e faz um trabalho que
louvável na cidade.
Em 1999, houve a necessidade de ampliar
o atendimento em regime de creche para
crianças na faixa etária entre 07 e 10 anos.
Criou-se Casa Jesus Maria e José
funcionou a princípio em um casa na
Avenida Getúlio Vargas no centro de
Mariana, Este imóvel foi doado as obras
Sociais Mons. Horta por D. Jenny Teixeira
Loyola com desejo de sua mãe Dona
Maria Teixeira Fonseca. Posteriormente, a
Creche Casinha de Nazaré foi transferida
para um local mais amplo na Rua
Wenceslau Brás, 88, onde havia
funcionado o Centro de Atendimento ao
Adolescente Carente.
Empresas parceiras apresentando o projeto
do Lar Santa Mariana a Mons. Vicente.
A creche e acolhe hoje em dia cerca de 100
crianças em regime de contra turno, ou
seja, em um período a criança freqüenta a
escola regular, no outro período freqüenta
a creche. Com aulas de Pintura, reforço
Escolar, musicalidade, saúde e higiene e
trabalhos manuais.
Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
Atividades educativas da Casa Jesus Maria José
Faz-se necessário que toda criança tenha
direito a cidadania e a inclusão, nesse
sentido o trabalho desenvolvido nas
oficinas de artesanato possibilitam
momentos de interação, descontração,
além de ser uma terapia, para a melhoria
na qualidade de vida dos mesmos.
Reforço Escolar:
consiste em ajudar as crianças com dificuldades
em língua portuguesa a alcançarem
o sucesso escolar. Contribui também para
aumentar o repertório lingüístico, ensinálas
a ler e escrever corretamente, despertando
assim o gosto pela leitura e pelo
aprender.
O projeto é aplicado de forma dinâmica e
eficaz, procurando trazer para o universos
das crianças atividades específicas de
acordo com o grau de dificuldade de cada.
São trabalhados jogos pedagógicos e de
leitura de livros literários, que contribuem
para despertar o interesse das crianças
pela língua portuguesa e o universo infinito
de descoberta proporcionado pela literatura
.
Oficina de Artesanato :
Na oficina de artesanato, voltada para a
bijuteria, trabalhamos muito com a colaboração,
concentração, criatividade e principalmente
o resgate da autoestima, oferecendo
um lazer saudável para as crianças .
Nessa oficina se desenvolvem técnicas de
artesanato facilitando o trabalho manual,
para que possam também, futuramente,
utilizar dessa habilidade para benefício
próprio e da sua família. A oficina é de
extrema importância para o desenvolvimento
cognitivo, motivando-os a superar
seus limites.
Fanfarra
O ritmo da fanfarra é algo que desperta
muito interesse nas crianças, além de ser
uma oficina que trabalha a coletividade e
concentração das mesmas. Por este
motivo e por outros tantos é que a fanfarra
“Sons da Vida” vem trabalhando com
objetivos de contribuir com o desenvolvimento
das crianças, juntamente com a
capacidade que as mesmas possuem,
acrescentando sempre em suas vidas,
pois essa oficina além de resgatar valores,
melhora a auto-estima e lhes aponta
caminhos positivos.
Dentro da proposta desenvolvida, a fanfarra
“Sons da Vida” realiza diversas apresentações
fora de nossa instituição, como
forma de divulgação do nosso trabalho e
para que as crianças e adolescentes se
sintam reconhecidas, firmando assim o
seu papel de ser parte integrante na comunidade.
Outro objetivo desse projeto é o de resgatar
a cultura e os valores do passado,
mantendo viva a tradição, afinal, essa arte
faz parte do nosso contexto e não pode se
perder no tempo. A Oficina de fanfarra está
passado por um remodelação, mas em
breve teremos nossas crianças mostrando
a boa música pelas ruas da cidade sob a
batuta do maestro Edson da Silva.
30
Fanfarra da Casa da Criança Jesus Maria José
Acervo : Obras Sociais Mons. Horta
Acervo Obras Sociais prof Geraldino
Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
Oficina de desenho e Pintura.
A oficina de pintura, supervisionada pelo artista plástico Gersldino Silva, oferece para as
crianças momentos de descobrimento do mundo, proporcionando cores, formas, linhas,
sentimentos imaginações, símbolos, experiências, coordenação motora, espaço e percepção
visual. O trabalho com a pintura estimula a comunicação, a criatividade, e a sensibilidade, além
de aumentar a capacidade de concentração, auxiliando as crianças e adolescentes que
possuem essa necessidade, e conseqüentemente acrescentando em outras áreas importantes.
O principal objetivo dentro das atividades que a pintura permite é dar auxilio ao desenvolvimento
das individualidades de cada criança, e elevar sua auto-estima, incentivando a personalidade
criativa e desenvolvendo habilidades para resolução de problemas cotidianos,
organizando suas idéias, incentivando a comunicação e tornando-a mais eficaz, além de
favorecer a expressão dos sentimentos.
Referências:
Arquivos Obras Sociais Monsenhor Horta
COTTA, augusta de Castro - Livro Monsenhor Horta
33
Lar santa Maria - Mariana MG
Os sonhos são pássaros canoros que cortam o firmamento, semeando florestas de ideais
que desabrocham em flores e frutos. Conforme Henriqueta Lisboa em Elegia a Mariana,
nossa terra é:
Guia espiritual da Província,
Mariana do primeiro ofício:
Fé, Esperança e Caridade
foram teus dons para que sejam
remissíveis seus pecados.
Podemos confirmar que tais dons perpetuam-se nas Obras Sociais Monsenhor Horta,
independentes da remissão dos pecados, porque se baseiam no “Amai-vos uns aos
outros” como nos ensinou Monsenhor José Silvério Horta.
Mas quem é Monsenhor José Silvério Horta?
O hino dedicado a ele, pelos Voluntários da referida entidade, assim diz:
Salve! Salve! Monsenhor Horta
Humilde servo do Senhor
Nossas almas sempre em prece
Vêm cantar o teu louvor
Salve! Salve! Monsenhor Horta
Mensageiro do amor
Salve! Salve! Monsenhor Horta
Santo alívio de nossa dor
Propagas a Fé e a Caridade
Medianeiro de Maria
Fazes da visa suavidade
Com o pão de cada dia
Salve! Salve! Monsenhor Horta
Guardião da Esperança
Salve! Salve! Monsenhor Horta
De Mariana, suave bonança
Estribilho
Chovam bênçãos infinitas
Sobre os seguidores teus
Sejam sempre benditas
Tuas obras em nome de Deus
Este “santo” canto e encanto de inúmeros fiéis à Caridade não só na abrangência do nosso
município, inspirou clérigos e o povo crédulo que se uniram para a instalação da entidade
filantrópica, que perpetuaria o altruísmo, desvelo e zelo de Monsenhor Horta, especialmente
com os menos favorecidos.
36
Assim, com a bênção de Dom Oscar de Oliveira, então Bispo Coadjutor, os sacerdotes Cônego
Vicente e Cônego Paulo Diláscio, voluntários e a primeira voluntária, Irmã Vicência, Filha da
Caridade de São Vicente de Paulo, a “boa samaritana”, como era chamada, instituíram o
embrião da futura Associação de Voluntários de Obras Sociais Monsenhor Horta.
~
Em 1986, instala-se realmente a Associação de Voluntários de Obras Sociais Monsenhor
Horta que colaboram continuamente para o êxito da entidade maior, promovendo eventos
sócio-culturais que contribuem não só para os trabalhos de assistência a crianças e idosos,
mas também para fazer frente à falta de recursos, especialmente do Lar Santa Maria.
A cada mês, no dia 20, participam com a comunidade da celebração da eucaristia e, em
seguida, da visita ao túmulo de Monsenhor Horta para louvá-lo e pedir-lhe graças. Além disso,
promovem, mensalmente, atividades culturais e de lazer no Lar Santa Maria.
Leitor, divulgue o colabore com uma das mais antigas e importantes entidades filantrópicas do
nosso município, colaborando para que tenhamos a beatificação do nosso patrono, que é um
“santo”, e para que suas obras floresçam em graça, sabedoria e abnegação.
Professora Hebe Maria Rola Santos
37
Residência de Monsenhor Horta
Rosário - Mariana -MG
Arquivo OSMH
Monsenhor Vicente Diláscio
Monsenhor Vicente, sacerdote exemplar
Deus chamou na madrugada de 12 de abril
de 2005, aos 81 anos, o querido monsenhor
Vicente Diláscio, para receber o
prêmio de uma vida abnegada, totalmente
dedicada ao ministério sacerdotal. Nascido
em 7/12/ 1923, em São João del Rei, filho
de Nicolao Diláscio e de dona. Zulmira
Santos Diláscio, desde cedo, já aos 13
anos, entrou no Seminário de Mariana
(MG). Foi nessa cidade que exerceu,
desde a ordenação presbiteral, durante
mais de 50 anos, sua zelosa atuação,
tornando-se mais tarde pároco e vigáriogeral
Homem de fé profunda, fiel à oração e a
seus deveres pastorais, vibrante pregador
da palavra de Deus, formado em filosofia,
teologia e direito, era por todos amado e
respeitado. Afável e acolhedor, recebia as
pessoas com muita atenção, procurando
que a ninguém faltasse a resposta esperada.
Os sacerdotes encontravam nele o
amigo solícito, discreto, capaz de dar todo
o tempo necessário para aconselhar os
colegas com sorriso e prudência.
À ciência e à cultura soube aliar a iniciativa
de promover inúmeras obras sociais, fruto
de sua caridade. Para atender os doentes e
cuidar da saúde do povo, construiu o
hospital Monsenhor Horta. Abriu a creche
que acolhe até hoje centenas de crianças
carentes e uma casa especial para meninas
adolescentes. Mais tarde, conseguiu,
com a cooperação de amigos, edificar o Lar
Santa Maria, onde os idosos são recebidos
com carinho e residem com dignidade.
Preocupava-se com o alimento dos pobres
e conseguiu organizar em Mariana uma
refeição diária, substanciosa, servida com
pontualidade na Casa da Tia Lica.
As pessoas carentes não faziam fila em
sua porta. Com elegância, muito antes de
nossas cestas básicas, garantia um vale no
armazém para a nutrição mensal da família.
Esse apóstolo da caridade era também
excelente administrador da arquidiocese e
solícito colaborador dos arcebispos que
nele depositaram toda a confiança. Entre
suas realizações mais portentosas está a
restauração da igreja de Nossa Senhora do
Carmo. Após anos de fechamento, graças
a empresas patrocinadoras, reformou toda
a construção. Tudo estava preparado para
a inauguração quando aconteceu, em
1999, o incidente do incêndio, que, em
poucas horas, consumiu a maior parte da
imponente igreja. Monsenhor Vicente
sentiu muito, mas não esmoreceu.
Recomeçou a sua luta, convocou os
amigos, as irmandades, o povo. Pouco a
pouco, o santuário foi saindo das cinzas e
hoje, com beleza, está terminada a reconstrução,
obra-prima de sua devoção a
Nossa Senhora do Carmo, padroeira da
cidade de Mariana. Várias outras capelas e
igrejas foram recuperadas pela competente
atuação de monsenhor Vicente.
A vida de tão eminente sacerdote apresenta
uma singular característica: a presença
e a colaboração constante de seu irmão
cônego Paulo Diláscio, que com ele partilhava,
a todo momento, o zelo no serviço
divino, o peso dos trabalhos e as alegrias
do ministério. Os dois irmãos sabiam
dedicar-se aos demais membros da família,
cuidando da formação espiritual e da
c o m p r e e n s ã o e n t r e t o d o s .
Na última conversa que tive com o querido
monsenhor Vicente, um dia antes de seu
falecimento, enfraquecido pela doença,
manifestou mais uma vez seu amor e
abandono nas mãos de Deus e sua confiança
em Nossa Senhora. Queria recuperar
a saúde para retomar os trabalhos e servir
ainda mais.
Servo bom e fiel, Deus o chamou para o
prêmio. Com seu sorriso de bondade,
levou-nos no seu coração e agora intercede
por nós diante de Deus.
39
Dom Luciano Mendes de Almeida
Jornal Folha de São paulo
Caderno: Opinião
Santuário do Carmo de Mariana
Cristiano Casimiro
Mariana, 20 de janeiro de 1999. Quartafeira.
Dia comum. Logo após o almoço,
turistas enfrentam o sol forte do verão
para desvendar a cidade.
Trabalhadores e moradores do centro
mantêm os seus afazeres. Na Praça
Minas Gerais, cartão postal da cidade,
duas igrejas se entreolham, uma pede
por socorro.
Há algumas versões de quem foi o
primeiro a avistar as chamas. Uns
dizem ter sido duas turistas que tiravam
fotos, outros que foram os vizinhos da
igreja. Fato é que passava um pouco
das duas da tarde quando a fumaça
começou a ser notada. As chamas não
brincaram em serviço. O incêndio mal
tinha começado e o forro e telhado do
Santuário de Nossa Senhora do Carmo
já não existiam mais. A causa foi
acidental. Não à toa, Monsenhor
Vicente Diláscio, reitor do santuário na
época, definiu a data como um dos dias
mais tristes da história de Mariana.
Em três anos, o Santuário reabriu as
portas. Em entrevista ao Jornal
P a s t o r a l d e J a n e i r o d e 2 0 0 2 ,
Monsenhor Vicente Diláscio, reitor do
Santuário na época, atribuiu a Nossa
Senhora do Carmo o milagre de reconstruir
a igreja em tão pouco tempo.
“Humanamente seria impossível”,
declarou Monsenhor Vicente Diláscio
também confidenciou ao jornal que,
pelo menos uma vez por semana,
celebrava a missa em meio às ruínas
com a presença apenas do sacristão
para agradecer e pedir a Deus.
Um tríduo preparatório iniciado no dia
24 de janeiro de 2002, na igreja de São
Francisco de Assis, deu início a
programação para a reabertura do
Santuário. No dia 27, Dom Luciano
presidiu a missa de reabertura do
templo com a presença de autoridades
que representavam as empresas
patrocinadoras da restauração e toda a
população marianense. Desde então, o
santuário permaneceu aberto para
visitação, tendo missas em todos os
domingos, às 18h30.
A segunda etapa da restauração
começou logo em seguida. Em um
informativo datado do dia 27 de janeiro
de 2002, Monsenhor Vicente Diláscio
e s c r e v e q u e a s c e l e b r a ç õ e s
eucarísticas no santuário manteriam
todos firmes na fé para reiniciar de
imediato a obra, que consistia na
confecção dos altares laterais, do paravento,
na restauração dos elementos
artísticos da Capela-Mor e da cantaria
e, por fim, dos ornamentos em pedrasabão
na parte interna da igreja. As
obras foram encerradas e a igreja
entregue oficialmente em meados de
2005.
Jornal Pastoral da Arquidiocese de Mariana
Cristiano Casimiro
23
Arquivo OSMH
Cônego Paulo Diláscio
Cônego Paulo Diláscio nasceu a 02 de
maio de 1929 em São João Del Rei. Filho
do italiano Nicolau Diláscio e de Dona
Zulmira da Santos Diláscio, viveu sua
infância junto com pais, os irmãos e
parentes.
Sua avó paterna colocava o menino e
seus irmãos diante dela para rezar o
"Pai-Nosso" a "Ave-Maria", em italiano.
Desde pequeno, manifestava para seus
pais o desejo de ir pá o seminário. Aos
sete anos, já vestia a batina vermelha e ia
ajudar nas missas, como coroinha. Foi
nesse ambiente de fé e religiosidade que
ele viveu sua infância.
Com 11 anos, veio para Mariana para
início ginásio no Seminário menor Nossa
Senhora da Boa Morte em Mariana,
concluindo seus estudos no Seminário
São José em 1953. Passou sua adolescência
no, em Mariana, estudando,
dedicando ações religiosidade e praticando
esportes .
As disciplinas das ciências humanas
eram suas favoritas, o Latim era quase
sua língua pátria. Dom Óscar foi seu
professor e só admitia que alunos fizessem
perguntas e provas em latim. Sua
vida acadêmica foi marcada pelos cursos
de teologia e filosofia. O direito abriu-lhe
muitos horizontes e a pedagogia enriqueceu
seu trabalho na trajetória como
educador.
Junto com o Irmão Vicente construiu uma
das mais importantes associação filantrópica
de Mariana - Obras Sociais
Monsenhor Horta.
Começou a lecionar de Português na
Escola da Comunidade Dom Frei Manoel
da Cruz- CNEC- e no Seminário da Boa
Morte.
Em 1976, foi convidado para preparar o
projeto e o processo da instalação do
Ginásio Estadual Dom Silvério.
Com a instalação da escola, assumiu a
direção do estabelecimento, onde
permaneceu 25 anos como diretor.
Formou-se em direito, atuou como
advogado em causas dos pobres, ter
preferência pelo direito civil, mais especificamente
pelo direito de família.
Aposentou- se em 1989 e a pedido do
Bispo, Dom Luciano, assumiu a direção
do Colégio Arquidiocesano. que a época
pertencia a as Obras Sociais Monsenhor
Horta.
Nesta época, o colégio necessitava de
muitos recursos e ele teve de traçar um
plano para recuperá-lo.
Assim, continuou desenvolvendo seu
trabalho como diretor do Colégio
Arquidiocesano nas unidades 1 e 2, e
como religioso, celebrando missas e
dedicando muito do seu tempo às pessoa
s c a r e n t e s n a s o b r a s S o c i a i s
Monsenhor Horta. Em seu ritual diário de
visitar os doentes no Hospital Monsenhor
Horta e no Lar Santa Maria, nunca deixou
de dar uma palavra de conforto, solidariedade
e fé.
Segundo Cônego Paulo a experiência
mais marcante de sua vida foi formar-se
Padre. Para ele, este foi um modo muito
especial de servir aos outros. 'E ver em
cada um a figura de Jesus".
Cônego Paulo Diláscio nos deixou em
2010.
43
Os Meninos de São João Del Rei
A história de Cônego Paulo Diláscio e
Monsenhor Vicente Diláscio se confundem
com a história contemporânea de Mariana.
Extrapolando os limites de suas atividades
meramente religiosas e espirituais, foram
responsáveis, discreta e modestamente,
pelo desenvolvimento educacional e social
da cidade, como exemplo a construção do
Hospital Monsenhor Horta e o Lar Santa
Maria, que abriga com muito carinho dezenas
de pessoas da terceira idade.
Os irmãos Diláscio, legítimos sucessores de
Monsenhor Horta aqui em Mariana. Foram o
braço direito dos arcebispos Dom Helvécio
Gomes de Oliveira, Dom Óscar de Oliveira e
de Dom Luciano Mendes de Almeida.
Figura extremamente dedicada a educação
e cultura Marianense, Cônego Paulo se
notabilizou durante meio século de magistério
como o apóstolo da educação da juventude
. Foi fundador e primeiro diretor por 25
anos da EE. Dom Silvério. Foi diretor diretor
do Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto.
Mons. Vicente era o irmão dedicado as
causas sociais, fundou e administrou junto
com um grupo de entusiastas da cidade de
Mariana ás obras Social Monsenhor Horta,
que é a mais importante ação social da
Região dos Inconfidentes nos últimos 60
anos.
Os Irmãos Diláscio têm uma característica
muito especial que os difere de todos os
demais colegas sacerdotes. Apesar de não
serem marianenses, pois nascidos em São
João Del-Rei, mas cidadãos honorários de
Mariana, fora de suas atividades religiosas,
participavam intensamente das atividades
cívicas e leigas da comunidade marianense.
Os Irmãos Diláscio tiveram uma personalidade
tão identificada com os valores mais
caros ao povo marianense que Mariana
jamais estará preparada para viver sem o
carisma irresistível dos saudosos
Monsenhor Vicente e Cônego Paulo
Diláscio!
Baseado no texto de Frederico Ozanan Santos
Referência Blog do Ozanan
Márcio Lima
Igreja de Nossa Senhora do Carmo
São João Del ReI
Obras Sociais Monsenhor Horta, 60 anos transformado amor em ação
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"Os rios não bebem sua própria água; as árvores não
comem seus próprios frutos.
O sol não brilha para si mesmo; e as ores não espalham
sua fragrância para si. Viver para os outros é uma regra
da natureza. (...)
A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito
melhor quando os outros estão felizes por sua causa".
Papa Francisco
"Quem ama não conhece nada que seja difícil."
Santo Antônio
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