3A Edição Revista ICONIC
A Revista ÌCONIC é uma revista da Orquestra Sinfônica Jovem do Bixiga. Nesta 3a Edição, vamos falar sobre diversos assuntos. Uma delas é sobre nosso Bixiga, teremos também a participação de um CHEF Paulinho Lim de Goiânia, com dicas sobre Cupcake, um espaço aberto para dicas e receitas, vamos falar sobre os paternidade, Pensão Alimentícia, nossa ICONIC está especial A sua participação. tem sido maravilhosa, recebemos muitos e-mails e resolvemos criar o Cartas do Leitor. Vamos falar agora um pouco sobre Ética Profissional. Sem dúvidas, profissionais éticos, independentemente do cargo que ocupam, constroem sua imagem com credibilidade.Dessa forma, se tornam pessoas confiáveis e servem como referência para os demais, gerando respeito, admiração e reconhecimento para si mesmas. A honestidade deve fazer parte da postura no trabalho. Pessoas comprometidas demonstram que têm responsabilidade com o trabalho. Ser comprometido significa estar genuinamente preocupado com a performance individual e da empresa, sempre buscando melhores resultados.Ter prudência nos relacionamentos profissionais é primordial para agir com ética. A conduta ética deve fazer parte da sua rotina e valorizada em cada atitude. Marilu Gomes Editora Chefe
A Revista ÌCONIC é uma revista da Orquestra Sinfônica Jovem do Bixiga.
Nesta 3a Edição, vamos falar sobre diversos assuntos. Uma delas é sobre nosso Bixiga, teremos também a participação de um CHEF Paulinho Lim de Goiânia, com dicas sobre Cupcake, um espaço aberto para dicas e receitas, vamos falar sobre os paternidade, Pensão Alimentícia, nossa ICONIC está especial
A sua participação. tem sido maravilhosa, recebemos muitos e-mails e resolvemos criar o Cartas do Leitor.
Vamos falar agora um pouco sobre Ética Profissional. Sem dúvidas, profissionais éticos, independentemente do cargo que ocupam, constroem sua imagem com credibilidade.Dessa forma, se tornam pessoas confiáveis e servem como referência para os demais, gerando respeito, admiração e reconhecimento para si mesmas. A honestidade deve fazer parte da postura no trabalho. Pessoas comprometidas demonstram que têm responsabilidade com o trabalho. Ser comprometido significa estar genuinamente preocupado com a performance individual e da empresa, sempre buscando melhores resultados.Ter prudência nos relacionamentos profissionais é primordial para agir com ética. A conduta ética deve fazer parte da sua rotina e valorizada em cada atitude.
Marilu Gomes
Editora Chefe
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I C O N I C
A G O S T O 2 0 2 0 N O . 0 3
B I M E S T R A L
Entrevista com
Fause Haten
Dra. Milena
Bonafé - Pensão
alimentícia
Vamos conhecer O Ponto de
Cultura - Mestre Ananias - no
Bixiga
ACADEMIA DE ÓPERA DA OSJB
Eduardo Janho-Abumrad e João
Moreira Reis
ESPECIAL
Entrevistas e homenagem à todos os Pais.
CORO da OSJB
Maestro Rafael Righini
V A M O S F A L A R D E M Ú S I C A
I N S T I T U T O O M I N D A R É
O QUE
APRENDEMOS
SE TORNA
PARTE DE
QUEM SOMOS
SEJAM BEM-VINDOS!
WWW.INSTITUTOOMINDARE.ORG.BR
“MANIFESTO NEO-ANTROPOFÁGICO”
"O Brasil é um microcosmo do mundo. É
a soma de tudo e a soma de todos!
Somos “antropofagia” viva, como
desvenda o Manifesto de Oswald de
Andrade publicado em 1928. Entretanto,
lá se vão quase 100 anos desse momento
ímpar da nossa cultura. Sob a ótica de
muitos críticos e pensadores, o Brasil
vive ainda sob as amarras dos chamados
“países do primeiro mundo”, que
parecem não querer permitir a
libertação da autoestima brasileira –
salvo (aos olhos forasteiros) o futebol e o
carnaval. Sim, é verdade! Possuímos, de
fato, um futebol que está sempre os
melhores do mundo e produzimos o
melhor carnaval do Planeta! Mas, somos
também muitas outras coisas
maravilhosas! Não é de hoje que se luta
para que consigamos nos enxergar
como seres criativos, competentes,
eficazes e eficientes. Os chamados
“modernistas” perceberam e nos
alertaram disso tudo já nos idos dos
anos 20 do século XX. Nossa música é
única e revela a profundidade da alma
brasileira, nossas danças são
contagiantes, nossa mistura de gentes é
linda, nossas terras são fascinantes e
exuberantes, nossas praias e montanhas
são maravilhosas e arrebatadoras, nosso
clima é acolhedor. Desfrutamos mesmo
do paraíso na Terra. Nosso problema
endêmico não é ficar aguardando que os
povos do chamado “primeiro mundo”
nos permitam elevar nossa autoestima.
Não! O desafio consiste em
desenvolvermos nossa autoconfiança!
Nosso projeto de nação ainda não se
consolidou, em verdade, nunca se
concretizou! Conforme destacamos
anteriormente, há quase cem anos os
modernistas nos despertaram para
o nosso potencial! Mas, há algo que nos
impede de realizá- lo: a desigualdade.
Desigualdades de toda a sorte: social,
econômica, política, educacional,
cultural. Isso tem sido, durante séculos,
nosso inferno incandescente e nos
mantém em permanente estado de
escravidão e eterna sensação de povo
colonizado.
A desigualdade é um cancro que lança
nódoa sobre o caráter nacional. Nossa
rica cultura, não avalizada pelo
estrangeiro (que só conhece o Brasil
pelo futebol e pelo carnaval), é
negligenciada. E o pior de tudo,
negligenciada por nós mesmos, em
reforço de um persistente complexo de
vira-latas. Ainda dá tempo de corrigir,
modificar, curar esse mal que nos
assola e nos limita desde que as
primeiras caravelas aportaram em
nossas águas.
Agora é mais que hora para voltarmos a
refletir, retomar e colocar em prática o
que foi proposto pelos agitadores da
semana de 1922 e, também pelos
idealizadores do “tropicalismo” de
meados da década de 1960: é a hora da
NEO-ANTROPOFAGIA.
Sim, tempo ideal de assimilar, de
ruminar, engolir as influências, idéias,
produtos e tecnologias de tudo o que
vem de fora das nossas fronteiras
– afinal, o mundo não tem mais
fronteiras. Vamos nos reinventar na
aldeia global! É a hora da NEO-
ANTROPOFAGIA, tempo ideal de
esfarelar todos esses ingredientes em
nosso “super liquidificador” para que, no
ato de engolir tudo, mixar tudo,
possamos alimentar a nossa vocação
agregadora, a fim de obter um novo
caráter nacional, fazendo surgir um
novo Brasil. Ao nosso ver, agora, nesse
início de século XXI, é chegada a hora,
mais uma vez como já o fizeram Villa-
Lobos, Tarsila do Amaral, Mario de
Andrade, Carmen Miranda, Tom Jobim,
ACADEMIA DE ÓPERA
ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DO BIXIGA
FAUSE HATEN
C A M I N H O S
D I F Í C E I S
C O S T U M A M
L E V A R
A L I N D O S
D E S T I N O S
#StopTheSpread
FONTE: OMS
Como Praticar o
Distanciamento
Social
Evite aglomerações
Mantenha uma distância
de 2 metros — por volta da
medida de um corpo — de
outras pessoas.
Evite tocar outras pessoas,
incluindo apertos de mãos.
O distanciamento social
diminui a propagação do
coronavírus, garantindo os
recursos disponíveis para
quem mais precisa.
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OAB/SP
421.743
A PALAVRA:
COM
MILENA BONAFÉ
DRA.
é um direito tutelado no
Esse
Civil, especificamente em
Código
tratamos de alimentos,
Quando
questionamentos podem
alguns
como quem são os titulares
surgir,
direito, como e quando
deste
entre outros. O objetivo
solicitar,
artigo é tentar sanar
deste
dessas dúvidas.
algumas
ressaltar que a pensão
Cabe
é destinada apenas aos
não
em si, mas abrange
alimentos
todos os demais
também
como moradia, educação,
custos,
vestuário, tudo que
saúde,
as necessidades
envolve
da criança ou daquele
básicas
necessita.
que
vamos pontuar
Inicialmente,
que têm o direito a
aqueles
alimentícia. São os filhos
pensão
de 18 anos; aos filhos
menores
desde que comprovado
maiores,
frequência em curso
a
ou técnico; o excônjuge
universitário
ou ex-companheira (o),
que comprovado sua
desde
as grávidas e outros
necessidade;
próximos que
parentes
sua necessidade.
comprovem
à explicação para cada
Vamos
deles: um
filho menor todos nós
Ao
que é possível solicitar
sabemos
alimentos, pois aos menores a
os
é presumida. A
necessidade
é encerrada quando
obrigação
completa os 18 anos, desde
este
não esteja devidamente
que
em curso superior ou
matriculado
força da obrigação
Por
de viabilizar a formação
parental
para os filhos
profissional,
de idade, até os 24
maiores
poderá demonstrar a
anos,
de continuar
necessidade
os alimentos, para
recebendo
é obrigatório comprovar em
isso,
a frequência em curso
juízo
ou técnico, ou ainda
superior
que a necessidade
demonstrar
após sua maioridade.
permanece
ex-cônjuge ou
Aos
também é
ex-companheira(o),
requerer os alimentos,
possível
demonstrar
devendo
real necessidade, mas não será
a
tempo indeterminado, e sim
por
um período estabelecido
por
que esse possa se organizar
para
ter sua independência
e
novamente.
financeira
as grávidas, os
Para
são voltados ao feto,
alimentos
de gravídicos, o
chamados
tem a responsabilidade
genitor
auxiliar financeiramente a
de
com todos os gastos
gestante
terá durante sua gestação,
que
custos médicos, remédios,
como
PENSÃO ALIMENTÍCIA
técnico.
Código Civil
seus artigos 1.694 e seguintes.
Dra. Milena Bonafé
e-mail milenabonafe@adv.oabsp.org.br
vitaminas, etc.
outros parentes próximos
Os
a Lei trata, é a obrigação de
que
alimentos, entre pais e
prestar
que se estende aos
filhos,
ou seja, é possível
ascendentes,
mãe e pai requeiram a
que
alimentícia de seus filhos,
pensão
como os avós.
assim
que entendemos quem
Agora
solicitar os alimentos,
pode
esclarecer qual a forma
vamos
requerer.
para
caminho indicado e mais
O
é via judiciário, ou seja,
seguro
com a ação de
ingressar
Sendo necessária a
alimentos.
ação de alimentos, será
Na
a porcentagem a
determinada
paga, sobre os rendimentos
ser
que prestará, levando
daquele
consideração a necessidade
em
alimentando e possibilidade
do
alimentante. Será ainda,
do
à data de
estabelecida
ou determinado via
pagamento
à empresa do alimentante
ofício
desconto diretamente em
o
holerite.
primeiro passo na ação será a
O
do valor provisório,
fixação
que o judiciário possui
sabemos
grande volume de processos
um
o torna lento, mas neste
que
de ação, por tratar-se de
tipo
a fixação do valor é
alimentos
com rapidez.
feita
OAB/SP
421.743
aquele que está com
Orientamos
guarda do menor, a separar
a
os comprovantes de
todos
que a criança demanda,
gastos
exemplo, comprovantes de
por
gastos com vestuários,
mercado,
escola, uniforme,
calçados,
escolar, comprovantes
material
farmácias, etc. Assim, poderá
de
ao juiz o quanto é
demonstrar
para o sustendo do
necessário
filho.
caso de desemprego do
Em
isso não o exime de
alimentante,
a pensão alimentícia,
pagar
geralmente determinada
sendo
porcentagem sobre o salário
uma
vigente.
mínimo
que a guarda
Ressalta-se
não é motivo para
compartilhada
dos alimentos, sendo as
isenção
iguais à guarda
obrigações
não tenha condições de
Caso
um advogado é possível
contratar
através da defensoria
requerer
basta agendar um
pública,
junto ao atendimento
horário
do órgão.
telefônico
ter esclarecido alguns
Esperamos
sobre a pensão
pontos
contratação de advogado.
unilateral.
alimentícia.
Dra. Milena Bonafé
e-mail milenabonafe@adv.oabsp.org.br
Bolos Cris Kaiser
Instagram @mkaizerlucio
www.Facebook.com/BOLOSCRISKAIZER/
Wattsap (11)98316 2253
Somos uma
comunidade
A inclusão é vital para nosso
orgulho.
Grupo Sampa LGBT
PAI
Entrevistamos diversos Pais e agora chegou o momento para nós homenageá-los
PAI É PAI E
PONTO FINAL!
Quando decidimos falar do dia dos Pais, pensamos
imediatamente em toda a diversidade paterna.
Afinal o que é SER um Pai?
Vamos deixar essa pergunta para que você nossos
leitores reflitam e respondam!
A vocês, que nos deram a vida e
nos ensinaram a vivê-la com
dignidade, não bastaria um
obrigado. A vocês, que iluminaram
os caminhos obscuros com afeto e
dedicação para que os trilhássemos
sem medo e cheios de esperanças,
não bastaria um muito obrigado. A
vocês, que se doaram inteiros e
renunciaram aos seus sonhos, para
que, muitas vezes, pudéssemos
realizar os nossos. Pela longa
espera e compreensão durante
nossas longas viagens, não bastaria
um muitíssimo obrigado. A vocês,
pais por natureza, por desejo, e
amor, não bastaria dizer, que não
temos palavras para agradecer tudo
isso. Mas é o que nos acontece
agora, quando procuramos
arduamente uma forma verbal de
exprimir uma emoção ímpar. Uma
emoção que jamais seria traduzida
por palavras. Amamos vocês!
Alexandre Peixe
Alexandre Nero
Os pais.
Entrevista
com o ator Alexandre Nero
Como foi ser pais aos 50 anos?
Para mim foi um encontro
com o meu pai, porque eu o
perdi quando ele tinha 49
anos. Como eu fui pai perto
dessa idade, tenho me dado
conta de como é importante
a presença de um pai. Foi
também uma preocupação,
queria tentar fazer o máximo
dentro do meu possível. Meu
pai não morreu por culpa
dele, claro, mas se depender
de mim, vou cuidar o melhor
possível da minha saúde, da
minha alimentação. Tento
fazer exercícios para estar
saudável e vivo,
especialmente vivo por
muito tempo na vida dos
meus filhos. Sei da
importância que é estar
presente na vida de um filho.
Como a paternidade te
transformou?
A paternidade foi me
transformando aos poucos,
não foi da noite para o dia.
Convivendo com a mãe dos
meus filhos tenho a sensação
de que é diferente, porque ela
carrega o filho dentro dela, o
filho é ela. Para o pai, essa
ficha demora muito para cair.
Mesmo depois do nascimento, o
pai ainda não se sente pai, ele
está se adaptando àquele
ser. Então, para mim a
paternidade foi uma
transformação muito lenta e
ainda está sendo: a cada dia eu
vou me transformando cada vez
mais em um pai. Por exemplo,
agora, quatro anos depois do
nascimento de meu primeiro
filho, o Noá, eu resolvi estudar
mais profundamente assuntos
como pedagogia, educação.
Acho que todo mundo que tem
filho deveria fazer cursos e
estudar para entender
melhor como educá-lo.
Como você concilia a vida
profissional e a pessoal depois do
nascimento dos seus
filhos?
Eu não consigo mais diferenciar
uma coisa da outra. Para mim tudo
está interligado. Eu não consigo
mais interpretar um personagem
que não passe pelo pensamento
dos meus filhos.
Mesmo que seja um homem
sem pai, sem filho, aquela
emoção, aquele sentimento
que eu tenho agora faz parte
de mim, então tudo,
qualquer coisa que eu pense
em relação ao mundo
perpassa pelos meus filhos,
ou pela ideia de tê-los, de
melhorar o mundo, ou de
que mundo estou deixando
pra eles. A minha vida
profissional está totalmente
ligada a tudo que eu falo, a
tudo que eu penso: o
personagem que eu faço,
a música que eu faço, não
tem como desvincular essas
coisas.
Você colabora com as tarefas
relacionadas aos meninos?
Olha, acho que a palavra
nem é mais colaborar,
porque não é uma ajuda, é
uma tarefa minha, eu não
tenho que ajudar a Karen: é
uma tarefa minha! É uma
obrigação, todo mundo tem
que fazer de tudo: ajudar,
educar, conversar. Trocar
fralda, dar banho, dar
remédio, isso é fácil, o mais
difícil é estar perto e educar,
isso é o mais complicado.
Na sua opinião, qual a parte
mais desafiadora da
paternidade?
Como me comunicar da
melhor maneira possível e
como entender aquela
criança, como entender o
pensamento dela, o que ela
quer dizer. Como a criança
ainda não sabe demonstrar
claramente os sentimentos, às
vezes ela está angustiada e
não sabe bem porquê. É
entender o que a criança está
querendo dizer e, do nosso
lado, tentar estabelecer uma
comunicação com ela, acho
que é a parte mais
desafiadora. É nos educarmos
para educar. Mas tudo isso são
coisas que eu acho... estou à
procura!
De que forma a criação que você
recebeu reflete no modo como
você educa os seus
filhos hoje?
Indiretamente, tudo o que eu
recebi dos meus pais se reflete
na educação dos meus filhos.
Inclusive as coisas ruins. E é
nisso que eu estou trabalhando.
Eu fui um cara muito amado,
tive um pai e uma mãe
maravilhosos, mas por diversas
questões daquela época, eles
não sabiam muito bem o que
fazer com crianças. E eu carrego
essa desorientação comum na
época: esse equívoco, eu não
quero transmitir para os
meus filhos. É por isso que
tenho ido atrás de saber
mais sobre o universo
infantil, para tentar ir além
do que os meus pais fizeram.
Quais valores que você e a sua
mulher mais se esforçam em
passar para o Noá e para o
Inã?
Nesse momento, acho que é
o respeito pelos colegas, o
carinho com o próximo, a
atenção. A importância de
dar à criança a chance de
escolher, pois ela aprende
que não poderá ter tudo. O
Noá também está numa fase
muito competitiva e a
gente sempre tenta fazer
com que ele entenda que
nem sempre ele precisa
ganhar, que a vida não é
assim. Acho que isso pode
ser bom para futuras
frustrações, que também
serão inevitáveis e, para isso,
trabalhar bastante a
autoestima.
Agora na quarentena, o que
você e a sua esposa estão
fazendo para distrair as
crianças? Quais atividades
vocês estão praticando
juntos?
Eu voltei a estudar, inclusive.
Como em tudo na
vida, a gente acaba
delegando algumas coisas, o
trabalho acabou me fazendo
ter que delegar: meu filho
Ele sempre teve muitos
amigos que eram bissexuais
e homossexuais. Eu também,
sempre tive amigos com
orientações sexuais
diferentes, tenho um
sobrinho que é gay, sempre
respeitei, mesmo assim, foi
um choque total. Acho que o
mais difícil foi descobrir
dentro de mim que eu era
homofóbico, saber que o
meu filho era gay me
mostrou isso.
Mil coisas ficaram na minha
cabeça a partir daquele
momento, não conversamos
mais sobre o assunto, a
questão é que o meu
relacionamento com o meu
filho nunca foi muito íntimo,
sempre houve uma barreira
entre a gente e eu nunca
entendi o porquê. E depois
da revelação dele, a nossa
relação foi ficando mais
distante ainda, nós já não
nos olhávamos, não nos
tocávamos.
Um dia teve jogo do
Corinthians e eu e a minha
filha fomos juntos. No caminho
ela questionou porque eu
andava tão desanimado,
perguntou se não era
vergonha o que eu estava
sentindo em relação ao Vitor e
eu vi que era isso! Ela estava
com 15 anos me falando: “É
desse cara que você sempre
falou com orgulho pra todo
mundo, sobre como ele era
estudioso, esforçado e
inteligente que você está com
vergonha? Só por ele gostar de
menino?”
E foi uma porrada, porque era
isso! Eu tinha vergonha do
meu filho, não estava
preocupado com o que ele
sentia, mas com o que os
outros iriam pensar. Aí
procurei ajuda, porque me
senti ainda pior.
E olhando hoje para trás, por
que você acha que você não
enxergava a orientação sexual
do seu filho?
Ele era reservado, introvertido,
falava mais com a mãe. Ele
sofria bullying na escola. Eu
era mais delicado, mais chorão,
sempre gostei de moda, de me
vestir bem e ele era parecido
comigo, esse lado feminino,
sempre falavam isso. Então
não percebia a questão da
homossexualidade. Eu nunca
imaginei. E ele nunca
demonstrou, só uma
sensibilidade. Mas eu nunca o
incentivei na questão
machista, meu pai era assim e
eu não suportava isso, me
agredia, então não passei isso
para ele.
Minha primeira vez foi com uma
prostituta e foi muito ruim.
Olhando para trás, hoje, vejo
que ele já sabia o que queria e
foi difícil para ele se aceitar, não
decepcionar. Então tinha esse
distanciamento entre a gente,
eu fazia piadas que hoje eu sei
que são homofóbicas, essa e
outras atitudes nos afastavam.
Como a aceitação e a
participação no grupo de apoio
mudou a relação de vocês?
Eu vi que precisava de
ajuda porque eu estava
perdendo o meu filho e não
sabia como me reaproximar,
tinha criado um muro enorme.
Tem muita gente vivendo assim,
diz que aceita, mas não
compartilha, não conversa.
E comecei a procurar ajuda,
pesquisei por grupo de pais
gays, não tinha, aí achei o Mães
Pela Diversidade. Peguei
o contato da coordenadora e
mandei mensagem perguntando
se o grupo aceitava a
participação de homem. A
coordenadora me chamou para
a reunião e falei para a
minha mulher. Ela me disse que
participava das reuniões há um
ano já, mas eu
não fazia ideia, tal era o nível de
falta de conversa.
E começou a reunião, elas
estavam se planejando para
ir na Parada do Orgulho
LGBT. Eram mães de
lésbicas, trans, gays e vi
aquelas mulheres agindo
normal e apaixonadas pelos
filhos, gostei demais. Os pais
iam de vez em quando, mas
o grupo era das mães, no
geral. Aí vi a diferença de
amor de mãe para o amor de
pai. A mãe ama
incondicionalmente e eu fui
me apaixonando por essas
mulheres, aquela
mobilização, porque na
minha juventude eu era
muito ativista. Comecei a me
identificar com aquelas
mulheres porque elas tinham
algo para lutar. E fui cada vez
mais entendendo os
preconceitos, o que as mães
passavam, sabendo da
existência de pais que
expulsam filhos de casa só
pela questão da sexualidade,
e as mães são expulsas junto
ao tentarem defender os
filhos. Fui para a parada
LGBT, e não parada gay
como aprendi (risos), fui com
as mães e vi que elas
provocam uma fascinação no
público. Elas representam a
família e o apoio que eles
não têm. Os olhos deles
clamando por amor, como o
meu filho, eles só querem
amar livremente. Eu passei a
enxergar e começamos a
conversar mais, ligar um para
o outro, coisa que nunca
fizemos.
Fomos nos aproximando, até
que num domingo, eu
estava cozinhando e ele
acordou, levantou e me deu
um abraço. Me emociono
porque foi o abraço mais cheio
de amor que tive na vida.
“Os pais desabafam, eles se sentem mais
livres para conversar com outro homem,
porque é preciso falar, você precisa sair do
armário junto com o seu filho!”
Washington
Também fui até a Casa
Florescer, uma casa da
Prefeitura que acolhe mulheres
trans, elas são acolhidas,
aprendem uma profissão e são
encaminhadas para o mercado
de trabalho. E são pessoas
maravilhosas, mas muito
sofridas. A minha convivência
com o Vitor foi melhorando,
fomos nos aproximando.
Naquele momento, percebi que
eu era pai, que estávamos
conectando como pai e filho,
quanto tempo eu havia
perdido!Fui ficando cada vez
mais ativo no grupo, nas redes
sociais, participando de eventos,
lendo, aprendendo, conhecendo
cada mãe, cada dificuldade.
E por que surgiu a necessidade
de um grupo só de pais e quais
são os assuntos discutidos?
As mães começaram a me
procurar para que eu falasse
com os pais.
Poucos, por volta de cinco
me procuraram. E eu relatava
toda essa minha história, sobre
tudo o que eu senti em relação a
mim e o que passou pela minha
cabeça. Os pais desabafam, eles
se sentem mais livres para
conversar com outro homem,
porque é preciso falar, você
precisa sair do armário junto
com o seu filho! Eu fui
começando a contar para
todo mundo, para amigos e no
ambiente de trabalho quando
rolava piada homofóbica. Eu
passei a alertar que aquilo não
era legal, porque o meu filho
era gay. No ano passado, nós
tivemos uma reunião, não
temos sede própria, e chamei o
e chamei o pessoal para vir
aqui em casa. E começou a
vir mais pais depois desse
ativismo. Então, as
coordenadoras, Maju e a
Clarisse, chegaram para mim
e disseram que íamos criar
a coordenação dos pais e eu
seria essa pessoa.
Não é algo separado, está
dentro do grupo das mães,
sou coordenador de pais do
Estado de São Paulo. Meu
trabalho é falar sobre isso,
sobre as crianças, os jovens.
E o que eu faço é isso,
contar a minha história em
entrevista e palestras.
Porque você acha que é tão
difícil para os pais lidarem com
a orientação sexual ou
identidade de gênero dos
filhos,ainda nos dias de hoje?
Machismo!
Durante as reuniões do
grupo, quais são as principais
dificuldades que você enxerga
entre os participantes?
A questão de expor isso. O
que os outros vão pensar, é
uma grande preocupação
para os pais. Na cabeça do
pai, o filho homem gera uma
expectativa de continuidade.
Além disso, vem a questão
do machismo, do filho ser o
pegador, o machão, o fato do
filho ser gay quebra essa
expectativa. Se ele tem uma
filha que é lésbica, também,
ele pensa sobre os netos que
sobre o fato de não levar a
filha pro altar. Poucos chegam
até mim com expectativa de
reaproximação.
Eu vejo as mães bem ativas,
mas os pais não aparecem
muito. E os meninos gays me
dizem que em casa ele é
aceito, mas que não comenta,
não leva namorado por uma
questão de respeito. Eu
explico:” Seu pai convive, mas
não te aceitou ainda.” Mas é
uma luta, os jovens precisam
falar sobre isso e os pessoal
que tá vindo agora tem uma
cabeça mais aberta.
Como você vê o preconceito
em relação a orientação sexual e
a identidade de gênero no Brasil
hoje? Quais são os maiores
empecilhos à uma sociedade que
aceita as diversidades?
Primeiramente, falta
conhecimento. É uma coisa
que a gente não fala ou
quando fala é de maneira
pejorativa. Estamos vivendo
um momento de revelações,
muita coisa errada nos
dois lados. Mas o preconceito
está aflorando muito mais, o
politicamente correto foi
deixado de lado, você fala o
que você pensa. Então, como
nação, estamos perdendo. A
desinformação é algo muito
preocupante. As pessoas hoje
acreditam mais em mensagens
recebidas no celular e fake
News do que no jornalismo
sério. Os lemas do passado,
sobre tradição, família e
propriedade voltaram, aqueles
do nacionalismo, entoados
pelos mesmos homens que
frequentavam prostíbulo, uma
hipocrisia absurda.
Falta educação e informação
correta, definitivamente. A
ideologia de conservadorismo
dos costumes domina. Nós
defendemos a família como um
todo, a diversa, a que tem todo
tipo de amor. O grupo dá voz e
apoio para aquelas famílias que
“Os pais desabafam, ele
livres para conversar co
porque é preciso falar, v
armário junto com o seu
Washington
não sabem lidar com a
questão. E o Vitor se
transformou, é uma outra
pessoa, hoje ele é um cara
feliz, engraçado. Uma das
melhores coisas que me
aconteceu nos últimos tempos
foi o Vitor ter assumido, me
deu uma causa para lutar aos
54 anos, reanimou o ativista
em mim lá do passado, e isso
me faz bem. Até namorado
arranjei para o meu filho! A
partir de um post no meu
facebook, ele conheceu um
rapaz, trouxe em casa pra
gente conhecer, eu fiz o
almoço pra todo mundo, foi
uma emoção muito grande, eu
vi que estava realmente
aceitando o meu filho
exatamente como ele é.
ela chegou a perder a melhor
amiga depois que a mãe da
menina descobriu que eu era
trans. A menina sempre
dormia aqui em casa e a
minha filha dormia na casa
dela, mas, no momento que
a mãe da garota me viu
pessoalmente, ela cortou a
amizade das duas
bruscamente.
Enfim, apesar de qualquer
coisa que tenha acontecido,
a gente tem uma relação
muito bacana e aberta.
Sempre conversei com
ela sobre a minha questão.
Eu explicava que existem
mulheres de pênis e homens
de vagina e que isso era
normal. Além disso, falo que,
independentemente dos
corpos das pessoas, elas são
pessoas. Sempre eduquei
minha filha nos padrões
ditos normais, nunca forcei
nada.A adolescência dela foi
super tranquila em relação
a isso, as melhores amigas
dela sempre foram travestis.
A nossa relação é
realmente muito boa,
inclusive, ela estava comigo
quando fiz minha
histerectomia e quando eu
fiz minha mamoplastia
masculinizadora. Ela também
comemorou comigo muito
quando eu retifiquei o meu
nome, ela teve que alterar o
nome dela e o da minha
neta, ela tem uma filha de 7
anos.
Como é a sua relação com a sua
neta?
Ela mora com a minha filha e
está de férias agora, então ela
veio para a minha casa, para
ficar comigo. Mas eu ajudei a
criá-la até os três anos, quando
a minha filha decidiu morar
sozinha. Minha neta chegou
a perguntar por que eu faço
xixi sentado, eu disse que era
mais confortável,
não teve mais nenhum
questionamento fora disso.
Nós conversamos com ela, mas
não entramos em tantos
detalhes, eu sou o vovô da
Mariana, é isso que nós
colocamos. Tivemos um
problema com o pai biológico
da Mariana porque no
aniversário dela, de 5 anos, ele
queria dar uma casa de
bonecas para ela, mas quando
a Mariana chegou na loja, viu
um barco de pirata e disse que
queria ganhar aquele
brinquedo. Ele disse que não
daria, porque era brinquedo
de menino. E ela não aceitou,
respondeu que a mamãe e o
vovô sempre falaram que
não existe brinquedo de
menino ou de menina.
Depois disso, o pai dela
chegou a pedir para a
minha filha afastar a Mariana
de mim, porque eu estava
afetando a sexualidade
da minha neta, mas a minha
filha negou totalmente essa
possibilidade de nos
afastar.
E quais valores que você se
esforça para passar para a sua
filha e para a sua neta?
Tudo que está ligado ao
respeito, com certeza.
Eu tenho uma irmã, ela tem 35
anos, mas, quando a minha
mãe morreu, ela tinha
somente dez, então ela me
chama de pai também. E ela
tem uma filhinha que
também me chama de vovô e a
gente conversa muito. Falamos
sobre a questão racial, questão
LGBT. Explicamos que essas
diferenças são normais e
reforçamos que é nossa
obrigação respeitar. Temos a
preocupação sobre a pedofilia
também, hoje elas têm muito
acesso à internet, então
fazemos de tudo pra evitar que
elas fiquem acessando
conteúdo online, porque existe
Procuramos manter o lúdico,
a brincadeira e eu produzo
os brinquedos das minhas
netas, quando elas pedem
algum jogo, eu reproduzo.
Nós somos uma família
muito unida, sem
preconceitos, passamos o
Natal e os aniversários
juntos. Agora em julho,
fizemos a comemoração dos
aniversários pela internet,
por conta da pandemia.
Claro, temos nossas brigas,
como qualquer outra família.
Eu e a minha filha
temos um gênio forte e
brigamos, mas somos felizes
juntos.
A paternidade não era um
plano do casal Paulo Reis e
Marcos Leme, moradores da
cidade de Campinas, até que
eles se empolgaram com a
possibilidade da adoção e
decidiram embarcar nessa
aventura.
Wesley, hoje com 11 anos, veio
para transformar a vida
desses dois paizões que
moldam as suas vidas às
necessidades do filho e o
criam num ambiente repleto
de carinho, diversidade e
cultura.
Contem um pouco sobre o
casamento de vocês e como
se conheceram?
Marcos: Nos conhecemos
por conta do movimento
Identidade que estava se
formando aqui em Campinas.
O Paulo veio de Santo
André, eu já morava aqui,
vimos como o nosso
pensamento era parecido e
logo ficamos juntos,
estamos juntos desde 1998.
Em que momento vocês
perceberam que queriam
adotar?
Marcos: Há uns 10 anos
decidimos adotar. O Paulo
voltou empolgado com a
ideia depois de uma viagem,
disse que viu uma matéria
sobre um ator que adotou
sozinho, começou a correr
atrás de informações sobre o
procedimento e eu deixei
rolar. Fizemos o cadastro e
não foi aceito logo no
começo. Negaram a adoção
em conjunto, pela legislação
da época, homem ou mulher
solteiro poderia, um dos
dois, mas como casal gay
não poderíamos. A
promotoria recusou o
pedido, mas o juiz, na própria
decisão, nos incentivou a
entrar com recurso. O Paulo
trabalhava no centro de
referência LGBT na época,
então conseguimos uma
advogada que preparou toda
documentação necessária e
encaminhamos para o juiz em
resposta. Tempos depois, ele
respondeu autorizando
a entrarmos para o Cadastro
Nacional de Adoção, foi uma
decisão inédita na cidade de
campinas!
Paulo: Depois disso, foram cinco
anos de espera, a única
restrição que colocamos era de
que a criança não tivesse uma
doença grave ou que não fosse
bebê, já que temos uma certa
idade. Entre o ano 2008 a 2013 a
Vara nos chamou para algumas
reuniões. Então a psicóloga da
Vara ligou e pediu que fôssemos
um dia lá. Ela agendou e não
sabíamos o motivo, naqueles dias
eu fui exonerado, eu trabalhava
na Prefeitura, não era
concursado, então eu estava
preocupado.
Chegamos na Vara e a
psicóloga estava com a
nossa pasta, passou um
resumo da nossa situação e
o marcos soltou: “Tem a
criança?” e ela respondeu:
“Tem!”.
Fizemos aquela cara de
interrogação e ela foi
explicando que ele estava no
abrigo desde os nove meses,
os pais haviam perdido
o poder familiar, e ela
perguntou se queríamos
conhecê-lo. Ela ligou no
abrigo pra pedir uma foto
pra gente e já agendou a
nossa visita. No dia seguinte,
fomos na instituição e
conhecemos o meninão!
Todo o nosso processo foi
igual ao de qualquer pessoa,
não houve diferença.
Como foi a fase de adaptação
do Wesley?
Marcos: No começo ele era
um menino arisco.
Começamos a visitá-lo, a
pegá-lo na instituição para
sair só com ele. Depois
passamos a pegar ele no
abrigo pra passar o fim de
semana com a gente, nesse
meio tempo íamos até a
psicóloga os três para
conversar, em alguns meses
ela deu um parecer
favorável, até que o juiz o
liberou para vir para a nossa
casa definitivamente. Nós
fomos adaptando a casa
nesse meio tempo também.
Até o cartório teve que se
adaptar, não tinha uma
documentação apropriada
para um casal homossexual,
até que saiu a identidade
dele, essas circunstâncias
estavam começando a
acontecer no país, as
instituições não estavam
preparadas. Adotamos o
Wesley, hoje ele está com
11 anos.
E o fato de vocês serem um
casal gay, ele lidou bem
com isso?
Marcos: Completamente, no
próprio movimento do
convívio ele passou a chamar
os dois de pai. Quando ele
quer distinguir um ou outro,
ele chama pelo nome.
Como a paternidade
transformou vocês e o que
vocês acham que é mais
desafiador?
Marcos: Criar uma criança é
uma coisa desafiadora para
qualquer pessoa.
Não foi muito diferente
comigo. Eu sou professor,
já trabalhei com adolescente
e pré-adolescentes por
muito tempo. Mas, você ter
uma criança sob a sua
responsabilidade o tempo
todo, não é fácil. É
desafiador para qualquer pai
ou mãe que se proponha a
cuidar, educar e estar
próximo do seu filho. A vida
cotidiana mudou demais,
porque tudo passou a correr
em função do Wesley,
adequamos tudo à presença
dele. Nós constituímos
família e não é diferente de
qualquer outra família, é
muito tranquilo pra gente. É
uma experiência incrível,
decidimos que queríamos
viver a paternidade.
Paulo: Foi uma surpresa na
minha vida, não tinha esse
projeto de ser pai, aconteceu
e eu acho que isso traz uma
humanidade, a gente erra o
tempo todo, mas
procuramos acertar, criar um
ser humano que seja legal,
solidário, bacana.
Vocês já passaram por
situações constrangedoras por
conta do preconceito e como
vocês ensinam o seu filho a
lidar com elas?
Paulo: Não muito, nós
vivemos numa espécie de
bolha. Somos classe média e
os nossos amigos são gente
de esquerda que entende e
respeita diferenças raciais,
religiosas, somos todos
militantes dos direitos
humanos. Trabalhamos,
atuamos, conversamos,
vamos a teatros, ao cinema,
viajamos e lemos bastante.
Esse é o grupo social que
estamos inseridos, não
existe a questão do
preconceito. Claro que
entendemos que fora existe.
O Wesley foi brincar num
parquinho um dia e disse
para a menina com quem ele
estava brincando que ele
tinha dois pais e a menina
respondeu que não podia,
que era pecado. Ele ficou
abalado, mas depois
esqueceu.
Marcos: Nós inserimos esse
debate nas conversas
cotidianas. Nesses
movimentos da nossa vida,
ele foi entendendo e para ele
não tem nenhum problema.
Ele pode vir a sofrer
preconceito, mas ele vai
estar bem preparado para
rebater.
Paulo: A gente conheceu o
Wesley quando ele estava
com quatro anos, fomos na
escola conversar com a
diretora sobre o formato da
nossa família. Mas a diretora
e a professora disseram que
não seria um problema,
explicou que existiam vários
tipos de famílias dentro da
escola.
Marcos: Mas a gente nunca
sofreu nenhuma represália, a
família aceitou. Mas é aquilo,
somos cercados de gente
bacana que partilha
dessa história.
E quais valores que vocês se
esforçam para passar para o
Wesley?
Marcos: Nós falamos para o
Wesley que ele respeite as
outras pessoas e exija para si
o mesmo respeito. Valores
religiosos a gente não tem
uma coisa fechada, mas ele
acompanha as avós na missa,
já foi até o candomblé
porque temos amigos que
são, já foi em igreja
evangélica por conta de
outros amigos que casaram.
Deixamos ele bem à vontade
para experimentar. E os
valores que a gente passa
são os que estão ligados à
preservação da nossa
família, o respeito, a
liberdade e a humanidade.
Paulo: Questão de valores,
solidariedade, não ser
egoísta. O Wesley divide
tranquilamente os
brinquedos dele com as
outras crianças, mesmo
brinquedos que ele acabou
de ganhar.
Marcos: Sobre o nosso
casamento, a formalização
no papel, isso foi recente, é
de quando começou toda
essa história da última
eleição, quando o Bolsonaro
foi eleito e transbordou toda
essa caça às bruxas.
Fomos sendo tomados por
uma preocupação grande e o
Wesley foi afetado por isso,
ele percebeu. No dia da
eleição, o Paulo foi
acompanhar os resultados na
casa de um amigo e a coisa
foi tensa, o Wesley saiu
muito impactado. Ele sentiu
que o Bolsonaro ia bater na
nossa parte e acabar com a
nossa família, então nós
casamos para preservar a
nossa família, para,
institucionalmente,
assegurar a existência da
nossa família, foi um ato de
resistência.
O Pai
Henrique Fogaça
Pai de três filhos,
Olívia, que tem
tipo raro de
epilepsia, João e
Maria. Nessa
entrevista para a
Revista Iconic, o
Chef fala sobre
paternidade e a
respeito do efeito
da música no
desenvolvimento
de Olívia.
Como a paternidade te
transformou?
Mudei sim, como qualquer
pai ou mãe que tem o
primeiro filho. Entra
a questão do amor, do
cuidado, a preocupação com
a educação e em passar
valores que permanecerão
com eles pelo resto da vida.
É realmente uma benção.
Como você concilia a vida
profissional e a pessoal depois
do nascimento dos seus filhos?
No começo é diferente, mas
a vida e o trabalho
continuam. A mãe das
crianças sempre cuidou
muita bem deles. Eu sempre
fui e sou presente, enfim,
o jogo continua, só que com
filhos é preciso dosar os
horários e as prioridades.
Qual a relação que a Olívia
tem com a música? Vocês
procuram desenvolver
atividades que envolvam
música ou/e dança com ela?
Ela já fez aula de bateria,
pegávamos a mão dela e
colocávamos na baqueta.
Também colocamos música
para ela escutar, às vezes,
pego ela e danço com ela,
com a ajuda do aparelho da
perna. Eu procuro sempre
provocar esse tipo de
estímulo nela, para que a
Olívia possa sentir o melhor
da vida.
Vocês enxergam que a música
tem efeito no desenvolvimento
da Olívia?
A música, com certeza, traz
uma sensação para a Olívia.
Ela presta muito atenção, ela
sorri. Então, a música, com
certeza, tem um efeito
muito bom. E ela pode sentir
o toque, o som, a vibração,
tudo isso é muito
importante.
Como é a relação entre a
Olívia e os irmãos? De alguma
forma vocês têm que mediar
conflitos pela atenção que
vocês acabam destinando à
Olívia e as necessidades dela?
A relação é ótima. Nunca
houve nada muito sério, só
quando o João era pequeno
e via a atenção que dávamos
para a Olívia, ele se sentia
um pouco excluído e com
ciúmes. Mas, com o passar
do tempo, isso foi
transformando, eu converso
muito com ele. Falo para ele
observar a irmã e pensar
como seria legal se ela
pudesse andar, falar.
Lá atrás, quando ele não
queria comer, eu estimulava
ele a refletir: “Olha como a
comida está gostosa, a Olívia
não pode comer, tem que se
alimentar pela sonda.”, pra
ele ter essa consciência, e
nada como um dia após o
outro, ele foi entendendo.
Na sua opinião, qual a parte
mais desafiadora da
paternidade?
A parte da educação, na
minha visão, é a parte mais
desafiadora e fundamental.
Passar aquilo que
aprendemos com a vida,
transferir valores e
princípios, mesmo em meio a
correria do dia a dia, é o lado
mais complicado. E não
podemos esquecer de
reforçar a questão do
respeito, do carinho e do
amor.
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Nesta Edição vamos prestigiar os
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