EXAME 91
Num período de incertezas o fim é sempre uma certeza presente. Esta é a última edição da EXAME. Fica um agradecimento especial aos nossos leitores, que sempre nos inspiraram ao longo destas 91 edições, onde produzimos mais de 7500 páginas sobre a realidade económica moçambicana e internacional. Nesta última edição abordamos a temática do investimento directo estrangeiro. Se no curto prazo está já a reflectir os efeitos da menor capacidade de investimento das empresas, no longo prazo África enfrenta outros desafios, como o menor retorno esperado de alguns projectos e o da relocalização das cadeias de produção. Mas Moçambique é já um destino prioritário do IDE no continente. E é muito bem vindo.
Num período de incertezas o fim é sempre uma certeza presente. Esta é a última edição da EXAME. Fica um agradecimento especial aos nossos leitores, que sempre nos inspiraram ao longo destas 91 edições, onde produzimos mais de 7500 páginas sobre a realidade económica moçambicana e internacional.
Nesta última edição abordamos a temática do investimento directo estrangeiro. Se no curto prazo está já a reflectir os efeitos da menor capacidade de investimento das empresas, no longo prazo África enfrenta outros desafios, como o menor retorno esperado de alguns projectos e o da relocalização das cadeias de produção. Mas Moçambique é já um destino prioritário do IDE no continente. E é muito bem vindo.
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IMPACTO DA PANDEMIA NOS LUCROS<br />
PREVISTOS, NOVOS PROJECTOS DE<br />
INVESTIMENTO E DE FUSÕES &<br />
AQUISIÇÕES DAS 5000 MAIORES<br />
MULTINACIONAIS<br />
Previsão<br />
de queda<br />
de resultados<br />
Total -36%<br />
Primário -65%<br />
Minas, extracção, petróleo -70%<br />
Agricultura, florestas, pescas -1%<br />
Indústria -34%<br />
Veículos motorizados<br />
e equipamento de transporte<br />
-50%<br />
Têxtil, vestuário, peles -49%<br />
Materiais básicos -47%<br />
Maquinaria e equipamento -39%<br />
Outros produtos -28%<br />
Computadores, electrónica, produtos<br />
ópticos e material eléctrico<br />
-20%<br />
Alimentos, bebidas e tabaco -15%<br />
Farmácia, químicos de uso clínico<br />
e produtos botânicos<br />
-14%<br />
Serviços -35%<br />
Hospedagem e alimentação -94%<br />
Transportes e armazenagem -63%<br />
Outros serviços -44%<br />
Actividades comerciais -32%<br />
Informação e comunicação -31%<br />
Comércio -28%<br />
Financeiro e seguros -23%<br />
Construção -21%<br />
Electricidade, gás, água<br />
e gestão de resíduos<br />
-16%<br />
Fonte: WIR2020 (UNCTAD).<br />
TEMPESTADE À VISTA<br />
O pior, contudo, pode estar para vir — para todos<br />
—, sobretudo por causa da COVID-19. De acordo<br />
com o WIR2020, o IDE mundial pode cair em 2020<br />
entre 30 a 40% face ao ano passado, ficando, no<br />
pior dos cenários, abaixo da fasquia simbólica do<br />
bilião de dólares, um mínimo de 2005. A UNC-<br />
TAD antecipa que o IDE volte a recuar no próximo<br />
ano, entre 5% e 10%, podendo recuperar em 2022.<br />
O tombo coloca o IDE mundial a níveis bem<br />
abaixo dos atingidos na sequência da crise financeira<br />
de 2008/2009 e ataca em cheio as economias<br />
em desenvolvimento e as que estão ainda na transição<br />
para esse estatuto, as chamadas mais vulneráveis<br />
por serem muito dependentes de investimentos<br />
RENOVÁVEIS JÁ SÃO MAIS DE METADE<br />
DOS PROJECTOS DE INVESTIMENTO<br />
Não é ainda uma realidade generalizada em África, mas é uma tendência<br />
incontornável do IDE global, numa altura em que já estão na<br />
agenda as preocupações com a sustentabilidade ambiental dos projectos.<br />
As energias renováveis têm vindo a receber cada vez mais<br />
atenção nos últimos dez anos e, em 2019, este sector constituiu mais<br />
de metade dos projectos de investimento a nível global.<br />
A preponderância destes investimentos, assinala a UNCTAD, é “ainda<br />
mais marcada nas economias desenvolvidas, onde esta indústria já<br />
representava mais de 50% do investimento em 2015, tendo vindo<br />
a crescer desde então”.<br />
Nos países em desenvolvimento o investimento em energias renováveis<br />
também cresceu, passando de 20% do total, em 2010, para<br />
44%, em 2019. Neste grupo de países, lembra a agência das Nações<br />
Unidas, os investimentos em infra-estruturas são igualmente importantes,<br />
representando mais de 20% do total dos projectos na última<br />
década, com um pico de cerca de 30% em 2013-2014, motivado<br />
sobretudo pelo lançamento do projecto da Rota da Seda Marítima<br />
do Século XXI, uma estratégia de desenvolvimento adoptada pela<br />
China envolvendo desenvolvimento de infra-estruturas e investimentos<br />
em países da Europa, Ásia e África.<br />
De acordo com a UNCTAD, o custo médio destes projectos baixou<br />
na última década em mais de 30%, levando as renováveis a um “ciclo<br />
virtuoso de custos decrescentes, aumento da implementação e aceleração<br />
do progresso tecnológico”, indica o WIR2020.<br />
“De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável, o<br />
preço dos painéis solares caiu cerca de 80%, desde 2010, e o das<br />
turbinas eólicas, 30 a 40%. O impacto da pandemia irá resultar na<br />
competição por financiamento internacional por parte de novos<br />
projectos”, diz o relatório, que acrescenta que “muitos já anunciados<br />
foram adiados, suspensos ou cancelados para que fosse priorizado<br />
o combate à crise”.<br />
ENERGIA RENOVÁVEL:<br />
Mais de metade dos projectos<br />
de investimento a nível global<br />
agosto 2020 | 19