ERNIE PIKE - preview
Duas HQs completas e todas as informações sobre ERNIE PIKE, de Oesterheld e Pratt, nova publicação da Figura.
Duas HQs completas e todas as informações sobre ERNIE PIKE, de Oesterheld e Pratt, nova publicação da Figura.
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Ernie Pike, clássico absoluto da parceria entre Héctor
Oesterheld e Hugo Pratt, é considerado um dos melhores
quadrinhos de guerra já realizados. A Figura Editora irá
lançar a obra inédita no Brasil, em uma edição de 364
páginas, com as HQs em preto e branco, e muito material
extra em cores. É o maior livro publicado pela editora
até aqui, e conterá todas as histórias da série que foram
produzidas pela dupla, num total de 34 episódios.
Experiente repórter de guerra, Pike está atrás das
pequenas histórias por trás dos grandes conflitos da
história humana. Seja nos campos de batalha da Segunda
Guerra Mundial, da Guerra da Coreia ou da Guerra
do Vietnã, o jornalista dá voz aos dramas dos soldados
rasos e da gente comum, e traz uma visão humanista,
sem maniqueísmo, que revela que o valor humano não
escolhe lado: o único mal verdadeiro é a própria guerra.
Ernie Pike foi publicada originalmente na Argentina a
partir de 1957, naquela que hoje é considerada uma das
melhores revistas de HQ já produzidas no país: a Hora
Cero, editada pelo próprio Oesterheld, que então estava
em seu mais prolífico período criativo.
Para desenhar a série, o italiano Hugo Pratt – autor que,
anos mais tarde, ganhou prestígio mundial com Corto
Maltese – lançou mão de uma maleta que continha uma
coleção com mais de 500
fotos com soldados de
todas as partes do mundo.
Muitas dessas fotos eram
do próprio Pratt, que
viveu muitas façanhas
durante a Segunda Guerra
Mundial.
Apesar de o protagonista
da série ter ganhado
as feições de Héctor
Oesterheld, o personagem
está inspirado no
Ernie Pyle, o jornalista que inspirou a criação
de Héctor Oesterheld
jornalista Ernie Pyle, o mais famoso repórter de guerra
norte-americano na Segunda Guerra Mundial. Pyle
se destacou porque colocou os pequenos personagens
da guerra à frente de suas matérias jornalísticas,
humanizando os relatos vindos das frentes de combate.
Suas reportagens lhe renderam o aclamado Prêmio
Pulitzer de jornalismo.
A Figura Editora convida você a participar desta prévenda,
na qual você vai colaborar ativamente para trazer
uma das primeiras séries de quadrinhos adultos do
mundo. Entre no front com Ernie Pike e assine seu nome
como colaborador de mais esta edição histórica.
Capa da revista Hora
Cero mensual nº 1, de
1957, em que estreou a
série Ernie Pyke.
FRANCO-ATIRADORES
ROTEIRO: H. G. OESTERHELD
ARTE: HUGO PRATT
nesse dia tinha
visto matarem
friamente um
homem, um
soldado…
isso me levou a escrever. quis desafogar
de tanta morte, de tanta…
sei que nem a life nem A time comprarão
este relato.
nem qualquer
outra publicação
que se respeite.
talvez seja um relato amargo.
mas acho que há nele
heroísmo
do bom…
um relato com esse toque de
cinza e crueza que as coisas da
realidade têm. um relato
sem bons nem maus…
mas com um vilão, um supervilão,
o mais odiado de todos:
a guerra! mas vamos
começar de
uma vez…
janeiro, 1944
pagliano – itália
um batalhão das tropas do general
clark consolida as posições no monte
214, recém-tomadas dos alemães.
a conquista tinha sido dura: a carga de baionetas
havia custado muitas baixas.
mas os alemães sabiam o que faziam
quando se retiraram. a nova posição
ianque ficou sob o fogo de seus
morteiros…
o que a
nossa
artilharia
faz? por
que não
calam esses
morteiros?
não sabem de onde
disparam… só nos
resta cavar.
mexa-se, maleta!
o fogo dos morteiros… … continuou implacavelmente exato… se pudéssemos averiguar onde
diabos está essa porra
de artilharia…
deve estar em
algum desses
barrancos…
concordo. mas
poderíamos bombardear
por um ano esses
cerros antes de
acertá-los…
vamos evacuar a
posição, tenente. rápido!
que o pessoal saia um
por um da trincheira e se
esconda naquele barranco.
aquela tropa era
veterana, mas não
desgastada. ágeis,
eficientes, os infantes
cumpriram a ordem.
enfim vai dar
pra fumar com
calma…
prefiro uma
boa sesta.
estamos
pior que
antes!
mas em algum lugar dos cerros, um olheiro
percebeu a mudança de posição e passou a
informação aos do morteiro.
vamos! até o
fundo do
barranco!
mas de pouca coisa serviu o novo
movimento.
agora
compreendo por que
cederam a trincheira…
estamos numa
verdadeira
arapuca!
se pudéssemos localizar
o olheiro que
orienta
o tiro…
talvez eu possa
localizá-lo, senhor.
você? de
onde saiu?
sou um partisan,
senhor… conheço
muito bem
a zona.
bom, até a ajuda
do diabo nos
viria
bem.
onde você ficaria
se quisesse nos
observar?
qualquer um desses montes serviria
para observação. a gente teria de ir
até aquela lomba para examinar os
cerros e saber em que ponto está o
olheiro.
há vários
lugares no alto
desses cerros.
teria de ir sem
ser visto…
claro que se o olheiro
descobrir a manobra, vai
atrair o fogo dos
morteiros sobre os
que forem.
você se animaria
a ir?
sim, senhor. eu
posso acabar
com o olheiro.
estes civis não são de confiança,
capitão. vai ver se assusta antes
de chegar. por que não mandamos
o sargento damon?
ele se perderá entre os barrancos
e levará muitas horas pra
chegar. eu posso chegar
em vinte minutos.
está bem. irão os dois,
você e o sargento.
chame ele,
sargento.
pouco depois, o sargento damon
se perfilava diante do capitão.
este partisan vai
indicar a você onde
está o olheiro…
suponho que não
tenha perdido a
pontaria,
sargento… claro
que não. tem
de fazer mais
alguma
coisa?
também tem que descobrir a
localização dos morteiros. e castigálos
um pouco, mas não
tanto que ponha sua
volta em perigo.
não se preocupe, capitão.
voltaremos logo.
saíram do barranco quase a trote,
para a sua própria retaguarda. a
ideia era se distanciar para dar uma
volta ampla e driblar a vigilância
do olheiro.
depois de vários minutos de corrida,
deram uma parada para descansar.
aqui podemos
falar sem que
nos ouçam.
você propôs
este trabalho
pro capitão.
sim, eu.
e disse que eu
acompanhasse
você?
não, não sabia que
estava na brigada.
foi o tenente que
indicou você.
é possível… a sujeira sempre
sobra pra mim. mas já que
estamos aqui, que acha se acertamos
logo o
caso da
anna?
e acertamos
como?
me contaram que,
quando tive que sair
de carma, você disse
que era uma pena, que
gostaria de me dar
uma surra…
por que não
começa agora,
pietro?
não é hora
pra isso,
damon.
não esqueça que
temos coisa mais importante
a fazer. vamos!
já sabia que
você era um
cagão.
o insulto chegou com
clareza aos ouvidos de
pietro. mas ele seguiu
em frente.
com passo ágil, de animal selvagem, o guerrilheiro
avançou rapidamente, aproveitando os riachos
secos, os barrancos e todas as irregularidades
do terreno, que poderiam mantê-los
ocultos do invisível e impiedoso
olheiro.
o sargento damon
já estava no fim
de suas forças
quando pietro se
deteve.
chegamos. podemos vê-lo
de cima
da rocha.
já era
tempo…
acabou com meu fôlego…
mas antes de continuar,
acertamos
o caso da
anna?
naquele momento, o sargento odiava o guerrilheiro
com muito mais intensidade do que
quando, lá em carma, aquela garota de olhos
como precipícios enlouquecia aos dois com
suas indecisões. odiava-o por sua calma, por
aquele jeito de se safar disso.
e aí,
acertamos?
os morteiros continuam
disparando,
sargento.
se não liquidarmos
logo o olheiro, não
vamos encontrar
ninguém vivo
quando
voltarmos.
era verdade. as
granadas seguiam
caindo sobre
o barranco no
mesmo ritmo.
nem todas acertavam
o alvo, claro,
e os homens
haviam conseguido
se enterrar
como se deve,
mas aquilo era
inevitável: as baixas
continuavam.
tenha cuidado, pietro…
que podem
nos ver…
eu sei o que é ter
cuidado. acha que se não
soubesse estaria vivo?
nós, não vocês, fizemos
os alemães correrem
de carma.
pela primeira vez,
houve uma aresta
afiada, dura, na
voz de pietro.
talvez, pensou
damon, não seja
tão frouxo como
parecia por sua
pouca vontade
de lutar.
a gente aprende muito
na guerrilha, sargento
damon… por sinal, você
saberia como
voltar ao
barranco?
claro que sim! por que acha
que o tenente me escolheu?
mentia porque (ele sabia, mas nunca
poderia admitir) dificilmente encontraria
o caminho de volta, apesar de toda
sua capacidade de scout.
todos estes
“dagos” são
iguais. preciso
tomar cuidado…
ele não se
atreve a lutar
cara a cara,
mas é capaz
de qualquer
traição.
daqui se domina o topo
dos cerros. temos de
achá-lo agora.
cuidado pra que os
vidros não reflitam
o sol…
acha que é a
primeira vez que
dou uma de
franco-atirador?
está ali! perto
dos restos do
aeroplano…
sim, ali estava o olheiro que, com tanta
exatidão, orientava o fogo dos morteiros
sobre a brigada norte-americana.
a bateria de morteiros
não pode estar longe. está
ali!
desta vez foi
damon que fez
a descoberta.
três peças leves, manejadas por homens
que se moviam com a precisão de
engrenagens.
o olheiro está a
400 metros da gente.
os morteiros, a 700.
o olheiro oferece
um belo alvo.
os outros…
um ruído leve
o fez se virar.
mas…
não se
assuste…
acho melhor não
atirar no olheiro.
eu me aproximo e o
mato por trás.
depois poderemos acertar pelo
menos dois artilheiros. em troca,
se fizermos barulho ao matar o
olheiro, os artilheiros vão
se esconder.
essa não… o olheiro
não parece nenhum
panaca. vai ouvir você
chegar. e talvez
a gente não possa
acertar nem ele…
o sargento damon calou o
verdadeiro motivo para a
negativa: preferia não perder
de vista aquele guerrilheiro
de movimentos suaves e
olhos indecifráveis. talvez
aquela faca havia sido afiada
pensando nele, não no inimigo…
garanto, damon, que não
vou fazer barulho…
pare,
pietro!
não confio em você… como
vou saber que não pensa em
atrair a atenção dos outros
contra mim?
o guerrilheiro
não respondeu.
vai ficar
aqui, onde
posso ver
você…
antes de sair de
carma, prometi a
anna que cuidaria
de você.
sempre cumpro o que
prometo, damon.
não me engana, pietro… você
é como todos os “dagos”…
rápido com a
faca nada
mais…
olha, vou ficar com a
pistola bem à mão o
tempo todo, e tenho
um senhor
ouvido.
aconselho você
a não se mexer…
os
morteiros
continuam
atirando…
o sargento damon se concentrou
na tarefa que tinha pela
frente.
primeiro acabo com
o olheiro, depois
vejo se…
mas…
teve uma necessidade e procurou
um lugar protegido
do vento. vai
ver só…
o olheiro sumiu!
aonde terá se metido?
olhou de novo para se certificar.
e pietro?
ele se foi!
puxa, me descuidei… piores
que cobras esses
“dagos”!
o que faço agora?
como atirar,
sabendo que
anda por aí?
o silêncio com que
o guerrilheiro havia
desaparecido não podia
ser mais preocupante:
podia voltar com o mesmo
silêncio. pensou na faca…
mas sacudiu a cabeça.
que vá pro diabo! não vá ter medo de
uma cobra… faça de uma vez o que lhe
mandaram, damon, e fica livre pra
se cuidar.
uma última olhada receosa ao redor.
estava tudo tranquilo, apenas os
arbustos se mexiam ao vento. havia
zumbido de insetos.
apontou de novo.
apertou suavemente
o gatilho.
chegou
ao “descanso”…
concentrou-se na mira telescópica.
ajustou a alça para a distância.
dali de perto, à esquerda, chegou o som de um
disparo.
ele se antecipou!
pietro…
o que fez,
pietro?
… mas não continuou apertando.
prometi a anna que cuidaria de você,
damon. volte agora. eu vou continuar
atirando nos morteiros.
não pode fazer isso!
sou eu que tenho de
atirar, não você.
agora compreendia.
atirando de um lugar
afastado, o guerrilheiro
atrairia sobre si as
granadas dos morteiros…
antes de sair de carma, anna me
confessou que você era o vencedor…
que ama você… que se casará
com você.
como uma ponta de aço, as
palavras do guerrilheiro
penetraram no sargento
damon. porque ele não amava
anna, era só um passatempo. se
a tinha disputado com pietro
era só para prevalecer sobre
um “dago”. reagiu na hora.
quem volta é você, pietro! eu não
sei o caminho… e nem penso em me
casar com
ela!
você vai voltar e
se casar com ela,
damon. não me
engana…
quase sem mirar, o guerrilheiro começou a
atirar. pouco podia fazer, sem mira
telescópica…
tô dizendo que
não a amo. e
pare de atirar!
esquecido de tudo, começou a atirar…
percebeu pelo telescópio
o susto dos
alemães…
volte,
pietro!
o tiro do outro fuzil
foi a resposta.
continuou atirando, depressa, mas mirando bem. não
perdeu um tiro. até que a agulha do disparador bateu
no vazio.
vai voltar, damon…?
a resposta dos morteiros não podia demorar.
uma hora depois,
uma patrulha de
reconhecimento
informava o
tenente alemão
que comandava
os morteiros.
schultz, schultz, was ist
denn los, anworte.
schultz, o olheiro
está morto. no alto,
encontramos dois
franco-atiradores, um
partisan e um sargento.
mortos?
sim, meu
tenente.
o que nunca vou entender é
por que insistiram tanto… não iam
pensar em acabar com toda a
bateria sem que
respondêssemos!
pouco mais tarde, a pressão
aliada em outro setor obrigou a
apressada retirada dos alemães. a
brigada recebeu ordens de avançar.
a urgência foi tanta que ninguém
se lembrou…
… de sepultar os franco-atiradores.
ali ficaram, separados por uns
metros de rochas e arbustos,
mas despenteados pelo mesmo
vento norte que descia dos
cerros distantes…
ROTEIRO: H. G. OESTERHELD
ARTE: HUGO PRATT
O que há com Raki, sargento? Por que
está tão fechado? Por acaso não
acabam de condecorá-lo?
Vou lhe explicar o
que há com Raki... Sei
que com você posso
falar... Foi durante
a luta nas matas de
Merles...
Vamos! Ao ataque!
“Nosso batalhão se lançou a um ataque
prematuro: o inimigo nos castigava com
sua artilharia.”
Não ouviu a ordem, Raki?
Tem que atacar!
“Raki estava
atordoado
pela explosão,
muito perto, de
um obus...”
Vamos! Pra fora
deste barranco!
Temos que atacar!
“O sargento Verger
estava fora de si...”
“Raki se juntou aos outros e atacou...”
“O ataque avançou muito mata adentro...” “...mas o fogo da artilharia inimiga foi
pesado demais. Tivemos de nos retirar...”
“...sem nem mesmo
ter visto um
soldado inimigo.
Tivemos de recuar
bem ao sul de
nossas posições
anteriores.
Foi uma surra
completa...”
Sorte que não contra-atacaram... Teriam
varrido a gente... É preciso vigiar muito
de noite. Pode ser... Mas...
AHHHH!!
É o sargento Verger! Vi que o feriram...
Mas não sabia que tinha
ficado lá!
Não podemos deixá-lo morrer...
Agora mesmo uma patrulha vai
buscá-lo... Quem me
acompanha?
Eu vou, sargento...
E eu...
E você, Raki?
AHHHH!!
Não,
Raki está
cansado.
“Saí com meia dúzia de homens...”
“Mas algum olheiro inimigo nos
vigiava de perto. Atraiu uma barreira
de morteiros, e só eu e outro
pudemos voltar...”
impossível ajudá-lo...
não se pode passar...
Raki passará,
sargento...
Acha que pode
trazê-lo sozinho?
Sim, sargento.
Raki passa por
onde ninguém
passa.
“Era verdade. A maioria de nós vem
da costa do Senegal e esqueceu
a ciência da selva... Raki vem do
interior, da terra dos imkos, uma
das tribos mais selvagens... A gente
nem se deu conta, quando deixou a
posição e se meteu na
terra de ninguém...”
“Foi uma sombra entre as
sombras. Nem o mais
alerta dos alemães podia
descobri-lo. Chegou até o
coração da mata.”
AHHHH!!
Está ali...
AHHHH!!
“Seu instinto, mais que o ouvido,
lhe avisou que outros também
vinham em busca do ferido...”
Raki não pode
fazer barulho...
“Mas Raki não se precipitou
em sua ajuda...”
Raki vai tirar você daqui,
sargento... Não se preocupe Mais...
“Foi como
um leopardo
entre
antílopes
surpresos.
Não tiveram
nem tempo de
disparar...”
Nunca imaginei...
...que justamente você
viesse me buscar...
Raki levará você.
“Raki tratou de voltar. Mas
avançar sozinho pela mata não
é a mesma coisa que com uma
carga... Raki fez barulho...”
Grieben avisa...
Alguém anda em N8...
Já ouvem ele...
Apontar N8...
FOGO!
Vamos, temos de
sair daqui o quanto
antes...
Vá, Raki... Eu
estou muito
ferido, não vou
sobreviver...
Raki tem que levar você,
sargento! Raki não vai
abandonar você nunca!
“Tiveram sorte. Conseguiram driblar as granadas e
continuaram fugindo...”
O que foi,
sargento?
Pare, Raki...
Pare...
Estou mal... e tenho febre... Mas por
aqui... não dá, Raki... A nova... posição...
fica... pra lá...
Raki não pode se perder,
sargento... Não se
preocupe... Estamos indo bem.
Mas... é
que...
Não dá mais, Raki!
Sinto que estou
morrendo...
Falta pouco,
sargento...
Logo a gente
chega.
“Raki deixou de lado toda precaução...
e correu...”
Atenção,
barulho em L22...
Apontar L22...
“Sim, faltava pouco... Mais uns metros... E
por fim chegaram. Chegaram aonde Raki
queria chegar: ao Barranco do
Cavalo Morto...”
Se dá conta de onde estamos, sargento? Lembra do começo do
ataque? Lembra do Barranco do Cavalo Morto? Aqui você deu
uma bofetada em Raki... Na terra dos imkos, as ofensas são
pagas com sangue, no lugar da ofensa...
Por isso Raki trouxe você até aqui.
Não pra
salvar você,
sargento... Pelo
contrário.
“O aço brilhou, mas os olhos do
sargento continuaram olhando
para nada. Raki não havia andado
suficientemente rápido. Tinham lhe
passado a perna.”
A morte chegou antes de Raki!!
A ofensa segue sem castigo!
O que será de você, Raki?
“Nessa mesma noite se retomou
o ataque aliado. Dessa vez
com sucesso total. Raki foi
encontrado nO BARRANCO ao
lado do sargento...”
“... O coronel já sabia que Raki havia tentado
salvar Verger, e desde o primeiro instante Raki
foi considerado um herói... Havia se perdido ao
procurar nossa linha...”
“...mas isso não
importava. Pensando
bem, também não tinha
muita importância
que Verger houvesse
morrido antes de
chegar. O importante
era a façanha, o
feito exemplar do
soldado resgatando o
sargento...”
Foi condecorado e
promovido a cabo... Mas ele
sabe que foi desonrado: não
pôde lavar a ofensa com a
morte do ofensor.
O que será
dele agora?
É fácil prever. No próximo ataque vai se deixar
matar. Um guerreiro imko não pode sobreviver
à desonra.
Entendo.
EDIÇÃO
364 PÁGINAS
sendo 348 páginas em P e B, mais 16 páginas coloridas
de extras, com as capas das revistas Hora Cero
ilustradas por Hugo Pratt e texto de Juan Sasturain (Perramus).
FORMATO 21,5 X 28 cm
CAPA DURA / PAPEL SUPER PÓLEN 90 g.
VALORES
Nas livrarias o livro custará em torno de R$ 130
(Na Europa, a edição similar custa 50 €, mais de R$ 300)
NA PRÉ-VENDA DO CATARSE AS OFERTAS SERÃO:
RECOMPENSA A
40% de desconto
nas primeiras 28 horas
R$ 80
+ frete R$ 20
Capas ilustradas
por Hugo Pratt
que estarão nos
extras da edição
de Ernie Pike
(Com participação em sorteio
de três livros da editora)
RECOMPENSA B
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na primeira semana
R$ 90
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(Com participação em
sorteio de três livros da editora
+ brindezinho surpresa)
Outros livros
da editora com
20% de
desconto
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27% de desconto
no restante da campanha
R$ 94
+ frete R$ 20
Para montar uma recompensa
diferenciada, escreva para
figuraeditora@gmail.com
para saber os valores.
Héctor Oesterheld nasceu em Buenos
Aires, Argentina, em 23 de julho de 1919. Geólogo de
profissão, enveredou pela literatura desde a juventude.
Seu primeiro conto foi publicado no jornal La Prensa,
em 1943. Nos anos seguintes, foi um constante
colaborador da Editora Abril argentina, pela qual
publicou muitos contos infantis na revista Gatito e
relatos de ficção-científica em Más Allá, até começar a
criar roteiros de quadrinhos.
Em 1951, publicou sua primeira HQ, Ray Kitt,
junto com Hugo Pratt, que marcou o início dessa
mítica dupla, que logo apresentaria Sargento Kirk,
o inovador faroeste lançado em Misterix, em 1952.
Nesse mesmo ano, apareceu Bull Rocket, um de
seus personagens mais populares, desenhado por
nomes como Campani e Solano López, que marcou a
primeira etapa de sua vida como roteirista.
Em 1957, em companhia de seu irmão, fundou
a editora Frontera, em que se destacaram as revistas
Frontera e Hora Cero. Nestes títulos, apareceram
numerosas e importantes obras, como Randall,
The Killer, com desenhos de
Arturo del Castillo; Ernie Pike
e Ticonderoga, com Hugo Pratt;
e a saga de ficção-científica O
Eternauta, parceria com Solano
López, que se tornou a obra mais
célebre da dupla e um clássico da
HQ mundial.
A obra de Oesterheld é
extensa, e nela sempre esteve
presente o espírito humanista
e combativo do autor. Em
finais da década de 1960, seu
posicionamento político começou a ser cada vez mais
presente em suas criações. Em parceria com Alberto
Breccia, fez as biografias em quadrinhos de Che
Guevara e Evita Perón, em 1968, e uma segunda versão
de O Eternauta, com mudanças no roteiro que deram
um forte tom político à obra.
Seu ativismo se converteu em militância quando
passou a fazer parte do movimento guerrilheiro
Montoneros, ao qual aderiu junto e por influência
de suas quatro filhas, todas na faixa dos 20 anos de
idade. Durante o golpe militar na Argentina, em 1976,
Oesterheld passou à clandestinidade, e em 1977 foi
sequestrado pelas Forças Armadas da ditadura. Suas
filhas tiveram o mesmo destino, junto a três de seus
genros. Estima-se que o autor foi assassinado pelos
militares em 1978, aos 59 anos. Seu corpo nunca foi
encontrado. Da família Oesterheld, ficaram apenas sua
esposa Elsa e dois netos.
Héctor Oesterheld é considerado um dos
melhores escritores que os quadrinhos já tiveram, e sua
obra é constantemente reeditada em vários países.
Hugo Pratt nasceu em 15 de junho de
1927, em Rimini, na Itália, mas viveu toda a sua
infância em Veneza, em um ambiente familiar
cosmopolita.
Aos 13 anos, seu pai foi transferido para a
colônia italiana da Abissínia, na África, experiência
que marcou profundamente a vida de Pratt, que
teve a oportunidade de misturar-se ao povo local,
vivendo grandes aventuras em meio ao contexto da
Segunda Guerra Mundial.
De volta a Itália, em 1945, já apaixonado
por quadrinhos, Pratt passou a integrar o grupo
conhecido como “os cinco de Veneza”, que lançou
Asso di Picche, primeira experiência de Hugo como
profissional. Graça à revista, o grupo foi convidado
a morar na Argentina, para trabalhar na Editora
Abril. Pratt viveu em Buenos Aires por 13 anos, e
consolidou sua carreira com a parceria com Héctor
Oesterheld, produzindo obras como Sargento Kirk,
e pela editora Frontera, de Oesterheld, lançou
Ernie Pike e Ticonderoga. Em paralelo à produção
de HQs, Hugo Pratt deu aulas na
Escuela Panamericana de Artes,
ao lado de Breccia, Salinas e
outros.
No início dos anos 1960,
Pratt foi morar na Inglaterra,
onde fez histórias de guerra
para a editora Fleetway. Pouco
depois, voltou a viver na Itália,
e realizou a adaptação de A Ilha
do Tesouro, de Stevenson, para
a revista Il Corrieire dei Piccoli.
Em 1967, como editor da revista
Sgt. Kirk, ele apresentou A Balada do Mar Salgado,
na qual apareceu pela primeira vez o marinheiro
Corto Maltese. A história, assim como o
personagem, só saíram internacionalmente a partir
da França, anos mais tarde, quando publicados
na revista Pif, em 1970. O sucesso da série Corto
Maltese fez de Hugo Pratt um dos autores mais
famosos da HQ mundial. A série completa chegou
a 29 livros publicados mundialmente. Corto
também virou série de animação e documentários,
e atualmente está em produção um filme live action
do personagem.
A obra de Pratt nos quadrinhos é muito vasta.
Entre outros títulos dele que se destacam, estão
Wheeling, Os Escorpiões do Deserto, Jesuita Joe e dois
livros em parceria com Milo Manara: Verão Índio e
O Gaúcho.
Desde 1984, Hugo Pratt viveu em Grandvaux,
na Suíça, onde veio a falecer em 1995, aos 67 anos.