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29HORAS - Outubro 2020

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14 COLUNA<br />

adonis@blogdoadonis.com.br<br />

Marketing e marcas<br />

POR<br />

Adonis<br />

Alonso<br />

FOTO ALE CATAN | DIVULGAÇÃO<br />

Apresentadora<br />

Fátima Bernardes na<br />

campanha da Seara<br />

Garotas papo-firme<br />

Atrizes, apresentadoras e cantoras são os rostos de<br />

marcas há muito tempo<br />

Elas só tinham uma chance. Não podiam<br />

errar. Não havia teleprompter. O texto<br />

era decorado minutos antes. Às vezes,<br />

humanamente erravam, ou esqueciam o<br />

roteiro. Mas tiravam de letra. O<br />

improviso reinava. Elas eram adoradas<br />

pelo público. Sua credibilidade garantia<br />

o sucesso da marca anunciada.<br />

A história da propaganda dos anos<br />

1970 na televisão brasileira começou a<br />

ser contada ainda no final dos anos 1950<br />

e início da década de 1960 por comerciais<br />

feitos ao vivo pelas primeiras garotas-<br />

-propaganda do país.<br />

Idalina de Oliveira, Meire Nogueira e<br />

Neide Alexandre, hoje senhoras na faixa<br />

dos 80 anos, foram as primeiras<br />

anunciantes de produtos na telinha.<br />

Tornaram-se verdadeiras celebridades<br />

do marketing.<br />

Na metade dos anos 1960, uma<br />

garota-propaganda em especial pulou<br />

dessa categoria para as telenovelas e<br />

virou a “Namoradinha do Brasil”. Sim,<br />

em 1964, Regina Duarte estreou na TV<br />

fazendo publicidade para a geladeira<br />

Frigidaire. Depois vieram as top models,<br />

como Luiza Brunet, que aos 18 anos era a<br />

estrela de todas as campanhas do jeans<br />

Dijon.<br />

Sete décadas depois, essas garotas-<br />

-propaganda agora são apresentadoras,<br />

atrizes, cantoras e modelos. Se antes as<br />

pioneiras trabalhavam pelo salário que<br />

ganhavam das emissoras, hoje negociam<br />

altos cachês, que variam exatamente<br />

pelo seu grau de credibilidade.<br />

Entre 2014 e 2017, Fátima Bernardes<br />

estrelou comerciais da Seara. Parou<br />

quando a Lava Jato chegou à JBS,<br />

preocupada com sua imagem. Três anos<br />

depois, já em <strong>2020</strong>, concordou em voltar<br />

a anunciar os produtos da marca,<br />

segundo informações, por um cachê<br />

anual de R$ 10 milhões.<br />

Quase no mesmo patamar, mesmo<br />

que há 10 anos fora da TV, a atriz Ana<br />

Paula Arósio topou mostrar sua cara,<br />

conforme dizem, por um contrato de R$<br />

8 milhões para divulgar um novo<br />

produto do banco Santander.<br />

As garotas-propaganda do mundo<br />

moderno aparecem também na internet,<br />

principalmente nas redes sociais, onde<br />

suas contas atingem milhões de<br />

seguidores. São, além de tudo, influenciadoras.<br />

Experimentam e divulgam<br />

lançamentos, recomendam produtos de<br />

beleza ou simplesmente usam roupas,<br />

sapatos e acessórios, e trocam alguns<br />

milhares de reais pela menção das<br />

marcas.<br />

A cantora Anitta é exemplo dessa<br />

prática, inserindo marcas em seus clipes<br />

e, desde o início da pandemia, em suas<br />

lives. A lista é grande e inclui a cantora<br />

Ivete Sangalo e as atrizes Paolla Oliveira<br />

e Taís Araújo, sem contar, claro, a<br />

campeã Giselle Bündchen.<br />

Exclusividade, porém, custa caro. Mas<br />

também funciona de modo contrário.<br />

Primeiro uma marca escolhe uma<br />

garota-propaganda pouco conhecida do<br />

público, e depois usufrui do sucesso que<br />

ela mesmo proporciona.<br />

Foi assim com a bailarina Aline<br />

Riscado, do time de balé do "Domingão<br />

do Faustão" entre 2011 e 2014, que graças<br />

às campanhas da cerveja Itaipava se<br />

tornou conhecida em todo o país. Como<br />

embaixadora da marca e rosto conhecido<br />

pelo público, até quando desfila como<br />

rainha de bateria as pessoas se lembram<br />

da cerveja.<br />

Embora uma prática antiga do<br />

marketing, as garotas-propaganda estão<br />

mais do que nunca na moda.<br />

ADONIS ALONSO é jornalista, colunista e coordenador de Conteúdo do Fórum de Marketing Empresarial do LIDE.

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