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RADAR<br />
Terrorismo ameaça deteriorar<br />
as finanças públicas<br />
O economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, considera<br />
haver uma ameaça terrorista no Norte de Moçambique<br />
que pode prejudicar as finanças públicas, num momento<br />
em que a economia do País já sofre com os efeitos da<br />
pandemia de covid-19.<br />
“As ameaças associadas ao terrorismo na província de Cabo<br />
Delgado podem ter implicações negativas nas finanças<br />
públicas e intensificar as pressões sobre a balança de pagamentos”,<br />
escreve numa nota do banco.<br />
Segundo Fáusio Mussá, a situação “também poderá ter<br />
implicações ao nível da inflação, à medida que o metical<br />
se deprecia”.<br />
Não espanta, por isso, ainda de acordo com a análise, que<br />
o Banco Central tenha decidido “manter a sua taxa de juro<br />
de política monetária (MIMO) inalterada nos 10,25% para<br />
o resto do ano, com o mercado a praticar uma taxa de<br />
empréstimos (prime rate) de 15,9%, ainda elevada em termos<br />
reais, quando comparada com a inflação homóloga<br />
de Julho nos 2,8%”.<br />
ECONOMIA<br />
Pescas. O Porto da Beira, o<br />
maior porto de pescas de<br />
Moçambique, recebeu, recentemente,<br />
o primeiro navio<br />
de pesca que transportava<br />
500 toneladas de carapau<br />
após a sua reabilitação.<br />
O projecto de reconstrução<br />
daquela infraestrutura custou<br />
120 milhões de dólares.<br />
De acordo com o director do<br />
porto de pesca da Beira, António<br />
Remédio, “a embarcação<br />
com 119 metros de comprimento<br />
e 4,7 metros de calado,<br />
atracou e zarpou sem<br />
quaisquer contratempos. A<br />
operação foi, nas suas palavas,<br />
“um sucesso para a<br />
competitividade internacional<br />
e regional do porto e o<br />
primeiro passo na rentabilização<br />
da infra-estrutura”.<br />
Negócios. De um universo<br />
de pouco mais de 89 385 empresas<br />
abrangidas por uma<br />
pesquisa sobre o impacto<br />
do Covid-19 nas empresas,<br />
o Instituto Nacional de Estatística<br />
(INE) constatou que 80<br />
756 empresas, o correspondente<br />
a 90,4%, sofreram algum<br />
tipo de impacto devido<br />
à pandemia. Como consequência,<br />
pouco mais de 3,3<br />
milhões de trabalhadores<br />
foram afectados, além de se<br />
ter registado uma quebra<br />
da facturação global das<br />
empresas na ordem dos 8<br />
mil milhões de meticais.<br />
De acordo com o estudo,<br />
apresentado recentemente,<br />
no primeiro semestre,<br />
as empresas registaram<br />
10,9 mil milhões de meticais<br />
em receitas, muito abaixo<br />
dos 18,6 mil milhões reportadas<br />
em igual período<br />
de 2019.<br />
Inhambane é a província<br />
onde mais empresas foram<br />
prejudicadas pela crise. De<br />
um total de 5 385 empresas<br />
avaliadas, 98,8% sofreram<br />
os efeitos da pandemia,<br />
seguida da província de Gaza,<br />
com 94,8% das 5 414 empresas<br />
abrangidas pelo estudo<br />
a reportarem prejuízos.<br />
A pesquisa revela ainda<br />
que 100% das actividades<br />
de educação, artísticas,<br />
de espectáculos e de recriação<br />
foram afectadas.<br />
Cooperação. A Confederação<br />
das Associações Económicas<br />
(CTA) – principal entidade<br />
patronal do País – considera<br />
haver potencialidades<br />
para a diversificação do leque<br />
de produtos que constituem<br />
a base das trocas comerciais<br />
entre Moçambique<br />
e a Índia.<br />
Segundo Castigo Nhamane,<br />
vice-presidente da CTA,<br />
que falava durante um fórum<br />
de negócios que juntou<br />
empresários dos dois países,<br />
em Maputo, a castanha de<br />
caju e o feijão estão entre os<br />
principais produtos agrícolas<br />
que Moçambique exporta<br />
para a Índia, país que eliminou<br />
as taxas de exportação<br />
sobre produtos moçambicanos,<br />
com excepção de<br />
bebidas alcoólicas e tabaco.<br />
“Acreditamos que a Índia,<br />
sendo um país em desenvolvimento,<br />
pode ter um papel<br />
muito importante para<br />
ajudar a alavancar e dinamizar<br />
o sector privado moçambicano”,<br />
sublinhou.<br />
Na ocasião, o Alto-Comissário<br />
da Índia em Moçambique,<br />
Rajeev Kumar, manifestou<br />
preocupação com os<br />
raptos de empresários que<br />
tem vindo a acontecer no<br />
País como um obstáculo a<br />
remover para melhorar a<br />
atractividade do mercado.<br />
Insustentabilidade. O economista<br />
Egas Daniel defende<br />
que facto de a dívida moçambicana<br />
se situar na casa<br />
dos 122% do PIB tem como<br />
impacto directo o desvio<br />
de recursos que deveriam<br />
ser usados para o<br />
desenvolvimento do País.<br />
“A alta percentagem da<br />
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www.economiaemercado.co.mz | <strong>Setembro</strong> <strong>2020</strong>