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Economia & Mercado Setembro 2020

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RADAR<br />

Terrorismo ameaça deteriorar<br />

as finanças públicas<br />

O economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, considera<br />

haver uma ameaça terrorista no Norte de Moçambique<br />

que pode prejudicar as finanças públicas, num momento<br />

em que a economia do País já sofre com os efeitos da<br />

pandemia de covid-19.<br />

“As ameaças associadas ao terrorismo na província de Cabo<br />

Delgado podem ter implicações negativas nas finanças<br />

públicas e intensificar as pressões sobre a balança de pagamentos”,<br />

escreve numa nota do banco.<br />

Segundo Fáusio Mussá, a situação “também poderá ter<br />

implicações ao nível da inflação, à medida que o metical<br />

se deprecia”.<br />

Não espanta, por isso, ainda de acordo com a análise, que<br />

o Banco Central tenha decidido “manter a sua taxa de juro<br />

de política monetária (MIMO) inalterada nos 10,25% para<br />

o resto do ano, com o mercado a praticar uma taxa de<br />

empréstimos (prime rate) de 15,9%, ainda elevada em termos<br />

reais, quando comparada com a inflação homóloga<br />

de Julho nos 2,8%”.<br />

ECONOMIA<br />

Pescas. O Porto da Beira, o<br />

maior porto de pescas de<br />

Moçambique, recebeu, recentemente,<br />

o primeiro navio<br />

de pesca que transportava<br />

500 toneladas de carapau<br />

após a sua reabilitação.<br />

O projecto de reconstrução<br />

daquela infraestrutura custou<br />

120 milhões de dólares.<br />

De acordo com o director do<br />

porto de pesca da Beira, António<br />

Remédio, “a embarcação<br />

com 119 metros de comprimento<br />

e 4,7 metros de calado,<br />

atracou e zarpou sem<br />

quaisquer contratempos. A<br />

operação foi, nas suas palavas,<br />

“um sucesso para a<br />

competitividade internacional<br />

e regional do porto e o<br />

primeiro passo na rentabilização<br />

da infra-estrutura”.<br />

Negócios. De um universo<br />

de pouco mais de 89 385 empresas<br />

abrangidas por uma<br />

pesquisa sobre o impacto<br />

do Covid-19 nas empresas,<br />

o Instituto Nacional de Estatística<br />

(INE) constatou que 80<br />

756 empresas, o correspondente<br />

a 90,4%, sofreram algum<br />

tipo de impacto devido<br />

à pandemia. Como consequência,<br />

pouco mais de 3,3<br />

milhões de trabalhadores<br />

foram afectados, além de se<br />

ter registado uma quebra<br />

da facturação global das<br />

empresas na ordem dos 8<br />

mil milhões de meticais.<br />

De acordo com o estudo,<br />

apresentado recentemente,<br />

no primeiro semestre,<br />

as empresas registaram<br />

10,9 mil milhões de meticais<br />

em receitas, muito abaixo<br />

dos 18,6 mil milhões reportadas<br />

em igual período<br />

de 2019.<br />

Inhambane é a província<br />

onde mais empresas foram<br />

prejudicadas pela crise. De<br />

um total de 5 385 empresas<br />

avaliadas, 98,8% sofreram<br />

os efeitos da pandemia,<br />

seguida da província de Gaza,<br />

com 94,8% das 5 414 empresas<br />

abrangidas pelo estudo<br />

a reportarem prejuízos.<br />

A pesquisa revela ainda<br />

que 100% das actividades<br />

de educação, artísticas,<br />

de espectáculos e de recriação<br />

foram afectadas.<br />

Cooperação. A Confederação<br />

das Associações Económicas<br />

(CTA) – principal entidade<br />

patronal do País – considera<br />

haver potencialidades<br />

para a diversificação do leque<br />

de produtos que constituem<br />

a base das trocas comerciais<br />

entre Moçambique<br />

e a Índia.<br />

Segundo Castigo Nhamane,<br />

vice-presidente da CTA,<br />

que falava durante um fórum<br />

de negócios que juntou<br />

empresários dos dois países,<br />

em Maputo, a castanha de<br />

caju e o feijão estão entre os<br />

principais produtos agrícolas<br />

que Moçambique exporta<br />

para a Índia, país que eliminou<br />

as taxas de exportação<br />

sobre produtos moçambicanos,<br />

com excepção de<br />

bebidas alcoólicas e tabaco.<br />

“Acreditamos que a Índia,<br />

sendo um país em desenvolvimento,<br />

pode ter um papel<br />

muito importante para<br />

ajudar a alavancar e dinamizar<br />

o sector privado moçambicano”,<br />

sublinhou.<br />

Na ocasião, o Alto-Comissário<br />

da Índia em Moçambique,<br />

Rajeev Kumar, manifestou<br />

preocupação com os<br />

raptos de empresários que<br />

tem vindo a acontecer no<br />

País como um obstáculo a<br />

remover para melhorar a<br />

atractividade do mercado.<br />

Insustentabilidade. O economista<br />

Egas Daniel defende<br />

que facto de a dívida moçambicana<br />

se situar na casa<br />

dos 122% do PIB tem como<br />

impacto directo o desvio<br />

de recursos que deveriam<br />

ser usados para o<br />

desenvolvimento do País.<br />

“A alta percentagem da<br />

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