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Jornal Construindo - Ed. 24

Novembro de 2019

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Sínodo: o que é?

como acontece?

O

Sínodo para a Amazônia tem despertado

o interesse em conhecer melhor do que

estamos falando quando nos referimos

ao Sínodo. O Sínodo dos Bispos foi instituído pelo

Papa Paulo VI aos 15 de setembro de 1965, sendo

um dos frutos do Concílio Vaticano II, buscando promover

a colegialidade episcopal, a participação e a

comunhão na vida da Igreja. Presidido pelo Papa, o

Sínodo dos Bispos conta com a Secretaria Geral e

com o Conselho Ordinário, composto de 21 bispos

representando os cinco continentes. Desde a instituição

do Sínodo, foram realizadas 15 Assembleias

Ordinárias, 03 Assembleias Extraordinárias e 10

Assembleias Especiais, sendo a Assembleia para

a Amazônia a 11a. Em geral, as palavras Sínodo e

Assembleia Sinodal são empregadas como sinônimos,

de tal modo que, ao se falar da Assembleia

Especial para Região Pan-amazônica, fala-se simplesmente

de Sínodo para a Amazônia.

Cada Assembleia Sinodal Ordinária reúne bispos

representantes das Conferências Episcopais de

todo o mundo, mas não os bispos todos, pois não se

trata de Concílio Ecumênico. Participam representantes

de cada Conferência Episcopal. Aquelas que

têm acima de 200 membros, como a Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil, escolhem 05 delegados,

conforme a Constituição Apostólica Episcopalis

Communio, publicada pelo Papa Francisco aos 18

de setembro de 2018.

Entretanto, quando se trata de uma Assembleia

Extraordinária, ou de uma Assembleia Especial,

como a Assembleia para a Pan-Amazônia,

os critérios são outros. Por isso mesmo chama-se

Assembleia “Especial”. No caso do Sínodo para a

Amazônia, participam os bispos da Amazônia legal

brasileira e de outros oito países (Bolívia, Colômbia,

Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e

Guiana Francesa). Para preparar a Assembleia Especial,

o Santo Padre nomeia um Conselho Especial.

Embora o Sínodo seja sempre dos Bispos,

desde a sua instituição, é prevista a participação

de outras pessoas, seja qual for o tipo de Assembleia

Sinodal. São nomeados pelo Papa clérigos,

religiosos e leigos, conforme o tema a ser tratado.

São convidados ainda os “delegados fraternos”

representando diversas Igrejas cristãs. No caso da

Assembleia Especial para a Amazônia, foram nomeados

pelo Papa Francisco outros participantes,

bispos ou não, de vários continentes e de diferentes

campos de estudo e de atuação. Ao todo, são mais

de 250 participantes.

As últimas Assembleias Sinodais têm durado

três semanas, iniciando-se com a missa no primeiro

domingo de outubro e encerrando-se com a missa

do quarto domingo de outubro. Portanto, desta

vez, ocorre de 06 a 27 de outubro.

A Assembleia Sinodal é realizada sempre no

Vaticano, presidida pelo Papa durante as três semanas.

No final, os “padres sinodais” aprovam um

texto conclusivo, que tem sido chamado Documento

Final, anteriormente denominado Proposições,

entregue ao Papa no final da Assembleia, pois cabe

a ele ratificar e decidir a respeito de sua publicação.

Além disso, após cada Sínodo, o Santo Padre tem

elaborado a chamada “Exortação Apostólica Pós-Sinodal”,

documento que reúne as contribuições do

Sínodo que ele considerar conveniente propor para

toda a Igreja. No Sínodo para a Nova Evangelização,

em outubro de 2012, o Papa Bento XVI autorizou

a publicação das “Proposições” aprovadas. Até então,

era divulgada somente uma “Mensagem”. Os

textos conclusivos aprovados nos Sínodos de 2015

(Família) e de 2018 (Jovens) foram publicados também

com a indicação, na versão original, do número

de votos obtidos em cada parágrafo.

Cada Sínodo tem três fases. Não se trata somente

da Assembleia Sinodal, mas de um caminho

sinodal: a fase de preparação; a fase “celebrativa”,

que é a realização da Assembleia; e a fase pós-sinodal

ou de “atuação. Em cada etapa, temos um

texto de referência. Na fase pré-sinodal, publica-

-se, primeiramente, o Documento Preparatório,

antes conhecido como Lineamenta. A seguir, vem

o Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho),

que procura recolher dados, reflexões e propostas

pastorais levantadas no mundo todo, se for Assembleia

Ordinária, ou em uma área geográfica, se

for Assembleia Especial. O Instrumentum Laboris

serve de referência para as intervenções que os

participantes fazem durante o Sínodo, mas cede

lugar a um outro texto aprovado no final, o Documento

Final, que pode ser bastante diferente do

Instrumento de Trabalho. No pontificado do Papa

Francisco, a etapa pré-sinodal tem sido bastante

valorizada e ampliada, de modo a permitir maior

participação da Igreja e não somente dos membros

do Sínodo. Ele tem enfatizado a importância da escuta

e do diálogo no itinerário sinodal. “Sínodo” é

um termo grego traduzido por “caminhar juntos”.

O Papa Francisco quer envolver, neste caminhar

juntos, não somente os bispos, mas toda a Igreja.

Durante a Assembleia, tem crescido também

a participação de quem não é bispo, no plenário e

nos grupos de estudo (círculos menores), porém

sem direito a votar o texto final. A etapa pós-sinodal

é de recepção das conclusões de cada Sínodo.

Nela, acolhe-se, com especial atenção, a Exortação

Apostólica Pós-Sinodal, sempre que o Papa julgar

conveniente elaborar.

Os Sínodos têm oferecido uma contribuição

muito valiosa para a Igreja. Devem ser valorizados

e acompanhados com atenção. O Sínodo Especial

para a Amazônia tem um tema bastante atual e desafiador:

Amazônia: novos caminhos para a Igreja

e para uma ecologia integral. A Igreja na Amazônia

quer realizar sempre mais a sua missão evangelizadora

atenta às características, potencialidades e

desafios da sua realidade eclesial, sociocultural e

ambiental. Ele foi preparado através de encontros

e de estudos promovidos pela Secretaria Geral do

Sínodo, com o respectivo Conselho Especial.

O que fazer perante o Sínodo? Duas atitudes

não podem faltar: a oração e a comunhão. A primeira

atitude a ser cultivada é a oração confiante.

Durante a Assembleia Sinodal, os participantes rezam

bastante, conscientes da necessidade da graça

de Deus e da ação do Espirito Santo. A Igreja toda é

convidada a rezar muito pelo Sínodo.

A segunda é a atitude de comunhão eclesial.

Na própria oração, especialmente na Eucaristia, já

vivenciamos a comunhão que nos une na Igreja,

mas o testemunho de comunhão torna-se ainda

mais necessário num mundo marcado por tantas

divisões e conflitos. Deve ser manifestado através

do reconhecimento da importância do Sínodo, do

respeito, e da acolhida dos ensinamentos do Sucessor

de Pedro. É preciso redobrar a prudência para

não se deixar levar por comentários equivocados

ou criticas ofensivas, nem atribuir ao Sínodo opiniões

pessoais que venham a ser manifestada por

algum dos participantes. Antes e durante os Sínodos,

muito se divulga na imprensa internacional ou

nas redes sociais, mas é preciso sempre aguardar

as conclusões da Assembleia Sinodal, que acontece

cum Petro et sub Petro, isto é, “com Pedro e sob Pedro”,

conforme nos recordou o próprio Papa Francisco

no seu discurso por ocasião do Jubileu de Ouro

do Sínodo dos Bispos, proferido aos 17 de outubro

de 2015.

Numa perspectiva sinodal, é preciso caminhar

juntos, “cum Petro” e “sub Petro”, na certeza de que

Jesus está na barca onde Pedro lança as redes. Assim

como os discípulos disseram a Pedro, também

nós queremos dizer-lhe: “nós vamos também contigo”

(Jo 21,3).

Cardeal Sergio da Rocha

Arcebispo de Brasília (DF)

FONTE : Página da CNBB Nacional.

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