You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
OPINIÃO
Biogás: fator de redução
da pegada de carbono do setor
O potencial de geração é estimado em 82 milhões de metros cúbicos
por dia, mais do que o dobro da capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia
João Guilherme Sabino Ometto*
Desde a década de 1970,
o setor vem implementando
contínuo movimento
de diversificação,
quando se intensificou a produção
de etanol. Esse processo tem sido
o principal fator para viabilizar seu
crescimento e ferramenta de apoio
à superação dos desafios de uma
atividade competitiva, mas, permeada
por distorções, como subsídios
no Exterior, barreiras ao
comércio e outros tipos de intervenção
ao livre mercado.
Na safra 2019/20, no Centro-Sul,
65,7% da cana foram direcionados
para etanol e 34,3% para açúcar. A
flexibilidade passou a ser uma
grande vantagem da indústria brasileira
em relação aos concorrentes.
Isso fica evidente este ano,
quando a queda da demanda por
combustíveis devida ao isolamento
social está sendo superada por alteração
do mix de produção, com
queda significativa na proporção da
cana destinada ao etanol.
O seu mercado continua em expansão,
nos planos doméstico e
externo, à medida que aumentam
a percepção e o reconhecimento
de que é energia quase neutra em
emissões de carbono, de alta densidade,
escalável, replicável, sem
barreira tecnológica e que gera
renda e empregos de maneira descentralizada,
agregando valor a
matérias-primas de biomassa e
estimulando a economia circular. O
etanol é valorizado por ser fator
fundamental de redução da poluição
do ar, contribuindo para amenizar
a morbidade e a mortalidade
causadas por diversas doenças,
incluindo a Covid-19.
No contexto de sua diversificação,
o setor também implementou a
bioeletricidade gerada a partir do
bagaço e da palha da cana. Tal
aproveitamento foi alavancado pelo
enorme esforço de mecanização
da colheita e do plantio, que permitiu
ao ramo sucroalcooleiro alcançar
níveis de sustentabilidade incomparáveis
em todo o mundo,
com a capacitação de colaboradores
para operar equipamentos sofisticados,
que incluem mais computadores
do que a espaçonave
Apollo 11. A cogeração existente a
partir de todas as fontes conta com
18,5 gigawatts de capacidade instalada
em operação comercial,
sendo que a biomassa da cana representa
62% desse total; com gás
natural, 17%, e com licor negro,
14%.
A nova onda de diversificação concentra-se
no desenvolvimento do
potencial do biogás e do biometano.
Sua versão purificada é comparável,
em termos energéticos, ao
gás natural fóssil, com a vantagem
de ser renovável. O potencial de
geração de biogás no Brasil é estimado
em 82 milhões de metros
cúbicos por dia (m3/d), mais do
que o dobro da capacidade do gasoduto
Brasil-Bolívia. Desse total,
56 milhões de m3/d representam
volume a ser gerado pelo setor sucroenergético;
20 milhões, pelo
aproveitamento de resíduos agroindustriais;
e seis milhões, do lixo
urbano. Tal volume equivale a 115
mil GWh por ano, ou 24% da demanda
total de energia elétrica,
44% da relativa ao diesel e 73% do
gás natural fóssil consumido no
País.
Com pequena parcela desse potencial,
o setor poderá tornar-se independente
do uso de diesel em
operações agrícolas, visto que já
há fabricantes de veículos e colhedoras
oferecendo equipamentos
capazes de utilizar esse combustível.
Uma carreta, quando abastecida
com gás gerado por resíduos
agrícolas, reduz em 85% a emissão
de dióxido de carbono (CO 2 )
em relação ao óleo diesel. No trator,
a economia é de 40% no consumo
e diminuição de 50% nos ruídos e
vibrações. Nos dois casos, já temos
protótipos sendo utilizados,
segundo dados da Associação
Brasileira do Biogás.
O Plano Decenal de Expansão de
Energia prevê que, em 2029, a
oferta energética interna para movimentar
a economia será de 380
milhões TEP (milhões de toneladas
equivalentes de petróleo), representando
crescimento de 2,9% ao
ano. As fontes renováveis podem
chegar à participação de 48% do
total. Isso manteria o Brasil em
conformidade com o compromisso
firmado no Acordo de Paris,
de reduzir a emissão de carbono e
promover maior participação de
renováveis na matriz energética.
Tal avanço é viável, considerando
as potencialidades do biogás, como,
por exemplo, ser renovável,
armazenável, aplicável para gerar
energia elétrica ou como combustível
e com possibilidade de produção
regional descentralizada. Também
contribui para o êxito da meta,
o Renovabio, que incentiva a descarbonização,
permite a concessão
de certificação de biocombustíveis
que demonstre a redução
de gases de efeito-estufa e a comercialização
de créditos de carbono.
Em paralelo às iniciativas do setor,
há programas importantes de outros
segmentos, como a Frente
Brasil de Recuperação Energética
de Resíduos, lançada por Abetre,
ABCP, Abiogás e Abrelpe. Estimase
existir potencial de se produzirem
3% do consumo nacional de
eletricidade a partir de gases gerados
nos aterros sanitários de destinação
do lixo.
A pegada de CO 2 do etanol de cana
produzido no Brasil, que já é a mais
baixa do mundo, deverá ser cada
vez mais otimizada, indo na direção
da emissão negativa, quando
for computada a incorporação de
carbono no solo, uma realidade
constatada há décadas, mas ainda
não incluída no cálculo. No contexto
de alterações da matriz energética
e da mobilidade produtiva
relacionada ao álcool, à bioeletricidade
e ao uso do biogás e do biometano,
a contínua diversificação
do setor coloca-o na vanguarda da
sustentabilidade e das exigências
relacionadas ao meio ambiente e à
saúde.
*João Guilherme Sabino Ometto
é engenheiro, empresário do
setor agrícola e membro da Academia
Nacional de Agricultura.
2
Jornal Paraná
SETOR SUCROALCOOLEIRO
Temor inicial de perdas se
transforma em bons resultados
Produção e preços foram bons e até a contratação de trabalhadores teve saldo positivo
Osetor sucroenergético
tinha tudo para
ficar preocupado no
início de safra, em
abril de 2020, quando a pandemia
provocada pela Covid-
19 mostrava toda a sua força.
O isolamento confinou as pessoas
em casa e reduziu drasticamente
o movimento nas
ruas. Com isso, o consumo de
etanol, um dos principais produtos
do setor, despencou,
conforme reportagem da Folha
de São Paulo.
“Foi um susto para todo mundo,
tanto em termos de saúde
como de consumo, no nosso
caso, de etanol. Mas, gradativamente,
retomamos o consumo
do biocombustível e a
recuperação do preço do açúcar
compensou as perdas fazendo
com que as usinas
paranaenses destinassem um
volume de matéria prima ainda
maior do que o esperado inicialmente
para a produção de
açúcar”, afirma Miguel Tranin ,
presidente da Alcopar. Situação
semelhante ocorreu na região
Centro-Sul.
Por conta disso, analisando os
números do final de ano, vê-se
que o setor acabou sendo um
dos menos prejudicados e a
safra, positiva em todos os aspectos,
desde o resultado da
produção de açúcar e de álcool,
como a geração de energia
e a venda CBios (certificados
de crédito de descarbonização
emitidos pelas produtoras
de etanol).
O saldo líquido de empregos
foi de 34 mil trabalhadores na
região centro-sul, e a moagem
de cana deverá atingir 605 mil
toneladas. A produção de açúcar
subiu para 38,4 milhões de
toneladas e a de etanol será de
30,4 bilhões de litros. O ATR
(Açúcar Total Recuperável),
que é a aferição da qualidade e
do rendimento da cana, subiu
para 144,7 quilos por tonelada
Preço do açúcar compensa perdas e usinas destinam maior
volume de matéria prima para produção da commodity
de cana, o maior patamar desde
a safra 2008/09.
As exportações de açúcar dispararam,
os preços melhoraram
e o consumo interno subiu
próximo de 10%. Confinadas
em casa, as pessoas utilizaram
mais açúcar do que nos anos
anteriores. Já os preços do
etanol não foram tão ruins
como se imaginava. Seguiram
os patamares de 2019.
Mas quem optou pelo açúcar
teve uma remuneração 22%
superior à do etanol, aponta reportagem
da Folha de São
Paulo.
4
Jornal Paraná
A safra da pandemia acabou
não afetando tanto o setor sucroenergético
como ocorreu
com outros, afirma Antonio
Padua Rodrigues, diretor técnico
da Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar). A
mobilidade não voltou ao normal,
mas há expectativas de
que isso ocorra até o final da
safra, que termina em março.
“Podemos dizer que tivemos
um ano relativamente bom,
apesar da estiagem que reduziu
a produtividade nesta safra
e pode afetar a próxima também”,
complementa Tranin.
Analistas apontam que a safra
2021/22, que se inicia em abril
de 2021, poderá não ter as
mesmas características da
atual. A oferta de cana pode
ser menor, e a qualidade da
matéria-prima não deverá atingir
os patamares deste ano. A
seca afetou o desenvolvimento
da cana, o que deverá reduzir
a oferta da matéria-prima no
Centro-Sul. Além disso, a aceleração
dos preços dos grãos,
principalmente os da soja e os
do milho, vão ter efeito sobre a
área de cana em toda região.
“Este é um fator que deve
pressionar principalmente as
usinas localizadas em regiões
de terras mais férteis, onde a
concorrência com as lavouras
de soja e milho é forte, o que
nos preocupa”, afirma Tranin.
Para a próxima safra, estimativas
feitas pela Unica apontam
para uma produção 4% menor,
com moagem total de 575 milhões
de toneladas. No etanol,
a queda deve ser de 5,2%, de
27 bilhões deste ciclo para
25,6 bilhões no próximo. Já o
açúcar deve sofrer retração de
10%, dos atuais 38,2 para
34,2 milhões de toneladas. A
seca prolongada e os efeitos
do La Niña são os principais
fatores que explicam estas
projeções aponta o professor
doutor Marcos Fava Neves.
A boa notícia é que parte da
produção de açúcar do próximo
ano já foi comercializada
a preços remunerativos. Segundo
reportagem da Reuters,
as usinas brasileiras, até
o final da segunda semana do
ano, já fixaram preços de açúcar
da safra 2021/22 em um
volume de 17,25 milhões de
toneladas, ou um patamar histórico
de 69% de uma exportação
projetada em 25 milhões
de toneladas, dados da Archer
Consulting.
O percentual de fixações antecipadas
da safra é recorde para
esta época. No mesmo período,
para a safra anterior
(2020/21), o percentual de fixação
havia atingido 29%. O
valor médio da fixação é de
1,589 reais por tonelada (FOB
Santos, equivalentes a 0,6920
real por libra-peso, ambas já
incluindo o prêmio de polarização).
Também, em vigor desde
2020, a Política Nacional de
Biocombustíveis teve meta de
descarbonização reduzida pela
metade em seu primeiro ano,
passando de 28,7 milhões de
créditos de descarbonização
(CBios) para 15 milhões de toneladas,
além da demora na
emissão de CBios e o impasse
com distribuidoras.
"Foi um ano de aprendizado
para todos os agentes: produtores,
certificadores, distribuidores
e ANP. Mas o RenovaBio
já está em pleno funcionamento.
A pandemia levou o governo
a rever as metas deste
ano, reduzindo-as a 50% das
metas iniciais, o que foi feito
mediante ampla consulta pública,
aberta a todos os agentes
da cadeia", afirma Eduardo
Leão, diretor executivo da
Unica.
“Apesar de todos os contratempos,
tivemos um bom volume
de CBios comercializados,
o que mostra que as energias
alternativas e ecologicamente
corretas têm tomado
conta da pauta energética”, comenta
Tranin.
Valores pagos pelo etanol não
foram tão ruins como se temia
Das 270 usinas de etanol do
Centro-Sul, em que se inserem
grandes regiões sucroenergéticas
como Ribeirão Preto
(SP), 209 obtiveram autorização
para emitir CBIOs, documentos
que atestam a redução
na emissão de carbono e que
já somam R$ 685 milhões em
títulos negociáveis na Bolsa de
Valores.
"Sem dúvida é o maior programa
de descarbonização da
matriz de transportes do mundo,
não tem nada igual com
esse nível de ambição", diz
Leão.
Jornal Paraná 5
SETOR SUCROALCOOLEIRO
Perspectiva para 2021 é positiva
“No Paraná, vamos ter um ano semelhante em termos de ganhos
econômicos e resultados agronômicos”, diz Miguel Tranin
Ocenário para o setor
sucroenergético em
2021 deve ser bastante
semelhante a do
ano anterior na avaliação do
presidente da Alcopar, Miguel
Tranin. “No Paraná, vamos ter
um ano semelhante em termos
de ganhos econômicos e resultados
agronômicos”, diz. Apesar
da seca severa que castigou
as lavouras do Centro-
Sul, e do temor inicial de que a
colheita só iniciaria em abril no
Paraná, por falta de matéria
prima para a tradicional retomada
da colheita mais cedo,
Tranin comenta que já em março
deve ter usinas paranaenses
moendo cana. “As chuvas que
vêm ocorrendo têm recuperado
e potencializado o desenvolvimento
das lavouras e como as
empresas fizeram a sua parte
investindo na renovação dos
canaviais, devemos ter cana
para iniciar a safra mais cedo”,
diz.
A Moody's afirma que o cenário
de açúcar e etanol na América
Latina em 2021 deve ser positivo,
segundo reportagem da
Broadcast. A Moody's cita o
provável aumento de produção
do adoçante na região enquanto
outros países produtores
têm quebra de safra, preços
domésticos mais altos -
tanto do açúcar quanto do etanol
- e um avanço de mais de
9% do Ebitda das empresas do
setor na temporada 2020/ 21.
A produção de açúcar da região
vai subir para mais de 40
milhões de toneladas, avanço
anual de mais de 35%, destaca
a agência. No entanto, "a produção
modesta na Tailândia
torna um superávit menos provável
em 2020/21, embora a
recuperação da produção indiana
aumente o risco para
2021/22 e 2022/23", diz o relatório.
Portanto, a maior produção
não deve ter efeito negativo
nos preços.
Na próxima safra, a Moody's
lembra também que o Açúcar
Total Recuperável (ATR) no Brasil
deve cair, o que levaria a uma
menor produção do País. Para
evitar o risco de queda de preços
na próxima safra, a agência
diz que deve haver fixações expressivas.
Os preços para março
de 2021, 2022 e 2023 estão
em R$ 1.662/tonelada, mais de
7% acima do preço médio do
spot em 2020/21 e 30% a mais
do que em 2019/20, de acordo
com a agência.
Em relação ao etanol, a expectativa
da Moody's é de valorização
de 2,4% em 2020/21.
Embora o preço do petróleo
deva cair - o que costuma
pressionar o biocombustível - e
a demanda esteja baixa em decorrência
da pandemia da
covid-19, a produção brasileira
de etanol deve cair nesta temporada,
já que usinas têm adotado
um mix mais açucareiro
para aproveitar os preços favoráveis
do adoçante.
"O mercado retornou ao equilíbrio
com uma queda de 4 bilhões
de litros na produção de
2020/21", diz a agência. Para
as próximas safras, a expectativa
é de que o etanol aumente
sua participação no mix sucroenergético,
impulsionado pela
recuperação da demanda, pelos
preços do petróleo e pelo
RenovaBio.
Já a maior trading de açúcar do
mundo, a Alvean, joint venture
entre Cargill e Copersucar, projeta
déficit de dois anos da
commodity no mercado global,
o cenário mais “construtivo”
desde 2016 e calcula que a
produção de açúcar ficará
abaixo da demanda em 5 milhões
de toneladas nesta safra.
Esse déficit será seguido por
outro de 6 milhões de toneladas
em 2021/22.
“A Tailândia enfrenta uma safra
ruim, a produção da Europa diminuiu
e o Brasil deve produzir
menos açúcar depois que a seca
no ano passado prejudicou
o desenvolvimento da cana”,
justifica. Com todos esses fatores,
o mundo dependerá do
açúcar da Índia, onde a produção
está crescendo, embora o
subsídio às exportações aprovado
em dezembro pelo governo
tenha sido menor do que
o esperado pelas tradings.
6
Jornal Paraná
SAFRA
Moagem no Centro-Sul atinge
597,36 milhões de toneladas
No Paraná, no acumulado da safra, foram 32,254 milhões de toneladas,
2,9% a menos que o registrado no mesmo período do ano safra 2019/20
Amoagem acumulada
desde o início da safra
2020/2021 até 1 de
janeiro de 2021 somou
597,36 milhões de toneladas
no Centro-Sul do País -
crescimento de 3,16% no
comparativo com o mesmo
período do último ciclo agrícola.
A produção acumulada de açúcar
no mesmo período atingiu
38,20 milhões de toneladas,
com crescimento de 44,22%
no comparativo com o mesmo
período da safra passada. A
produção de etanol até 1 de janeiro
de 2021, por sua vez,
atingiu 9,59 bilhão de litros de
etanol anidro (-2,70%) e 19,71
bilhão de litros de etanol hidratado
(-11,60%).
Especificamente na segunda
quinzena de dezembro, a produção
de etanol hidratado foi
25,94% superior a quantidade
observada no mesmo período
no ciclo 2019/20. Esse aumento
se deve, majoritariamente,
ao biocombustível produzido a
partir do milho, que totalizou
88,67 milhões de litros na segunda
metade do mês.
No acumulado desde o início
da safra 2020/21 até 1 de janeiro
de 2021, foram produzidos
1,35 bilhão de litros de
etanol de milho, com aumento
de 82,72% em relação ao ciclo
agrícola 2019/20.
Na segunda quinzena de dezembro,
7 empresas encerraram
a moagem. No acumulado
desde o início da safra até 1 de
janeiro de 2021, já são 258
unidades com safra 2020/21
encerrada, ante 257 verificadas
na mesma data de 2020. Em
janeiro de 2021, 10 unidades
devem seguir produzindo, sendo
5 exclusivas de etanol de
milho, 3 processando cana-deaçúcar
e 2 unidades flexíveis
que utilizam milho e cana-deaçúcar
como matéria-prima.
No Paraná, onde todas as usinas
paralisaram suas atividades
em meados de dezembro, a
moagem de cana realizada pelas
unidades produtoras no Estado,
no acumulado da safra,
somou 32,254 milhões de toneladas.
Comparando com as
33,212 milhões de toneladas registradas
no mesmo período do
ano safra 2019/20, houve uma
redução de 2,9%. Isso resultou
em 2,514 milhões de toneladas
de açúcar e 1,136 bilhão de litros
de etanol, sendo 505,8 milhões
de litros de anidro e 630,1
milhões de litros de hidratado.
Região esmaga 3,16% a mais do que no mesmo período da safra passada
A quantidade de Açúcares Totais
Recuperáveis (ATR) por
tonelada de cana, também no
acumulado da safra 2020/21
ficou 0,6% abaixo do valor observado
na safra 2019/20, totalizando
142,20 kg de ATR/t
de cana, contra 142,99 kg
ATR observados na safra passada.
O volume de etanol comercializado
no Centro-Sul na última
quinzena de 2020 somou 1,5
bilhão de litros, com retração
de -0,86% em relação ao mesmo
período de 2019. Desse
total, as exportações representam
158,57 milhões de litros
(+60,79%) e 1,35 bilhão de litros
(-5,14%) foram negociados
pelas empresas do
Centro-sul no território nacional.
No acumulado desde abril até
o final de 2020, a quantidade
de etanol vendida alcançou
23,31 bilhão de litros do biocombustível,
que representa
uma queda de 10,35% no
comparativo com o ciclo agrícola
2019/2020.
A trajetória crescente de comercialização
de etanol anidro
se manteve na 2ª quinzena de
dezembro, quando foi registrado
aumento de 0,68%, com
483,896 milhões de litros vendidos
em 2020 ante 480,61
milhões de litros comercializados
no final de dezembro de
2019. No acumulado da safra
2020/21, as vendas de etanol
anidro acumulam queda de
2,47%, com 7,62 bilhão de litros
comercializados.
O volume de etanol hidratado
entregue pelas unidades produtoras
do Centro-Sul ao logo
2020 apresentou variações negativas
em todos os meses do
ano. Na última quinzena de dezembro
de 2020, a retração foi
de 1,57% e o volume comercializado
atingiu 1,02 bilhão de
litros. No acumulado desde o
início da safra 2020/21 até 1
de janeiro de 2021, a queda
nas vendas de etanol hidratado
alcança 13,73%, totalizando
15,70 bilhão de litros vendidos
no último ano.
A despeito da performance negativa
do etanol carburante, o
biocombustível destinado a
outros fins acumula alta de
31,79% no volume comercializado
até 1 de janeiro de 2021.
Ao todo foram comercializados
994,43 milhões de litros desde
o início da safra 2020/21. “Os
dados da safra 2020/21, observados
até o momento,
estão dentro da nossa expectativa”,
acrescenta o diretor
técnico da UNICA, Antonio de
Padua Rodrigues.
8
Jornal Paraná
USINA
Santa Terezinha inova no
Recrutamento e Seleção
A atualização do processo é
realizada em parceria com a
Gupy, uma plataforma de
inteligência artificial
AUsina Santa Terezinha,
alinhada ao
movimento de transformação
digital dos
processos seletivos, conta
agora com uma nova plataforma
para preenchimento das
vagas de emprego: a Gupy,
pioneira em inteligência artificial
para Recrutamento e Seleção
no Brasil.
Dessa forma, os processos
seletivos ganham agilidade,
maior assertividade e transparência.
Agora, os interessados
em fazer parte do time de funcionários
UST poderão se candidatar
por meio da plataforma
Gupy, a qual garante simplicidade
e praticidade durante as
etapas de candidatura.
A novidade permite que o processo
seletivo seja grande
parte online, tornando a plataforma
mais robusta para um
departamento estratégico de
Recursos Humanos. Os gestores
poderão acompanhar os
processos seletivos das suas
vagas, participando ativamente
junto ao RH. Os candidatos recebem
retornos em todas as
etapas, garantindo uma interação
muito mais próxima.
Você pode cadastrar o seu currículo,
acessando: https://usinasantaterezinha.gupy.io/
Jornal Paraná 9
DOIS
PONTOS
A maior trading de açúcar do
mundo projeta déficit de dois
anos da commodity no mercado
global, o cenário mais
“construtivo” desde 2016.
A Alvean, joint venture entre
Cargill e Copersucar, calcula
que a produção de açúcar ficará
abaixo da demanda em 5
Açúcar
Sem tarifa
milhões de toneladas nesta
safra. Esse déficit será seguido
por outro de 6 milhões de toneladas
em 2021/22. A Tailândia
enfrenta uma safra ruim, a
produção da Europa diminuiu
e o Brasil deve produzir menos
açúcar depois que a seca no
ano passado prejudicou o desenvolvimento
da cana. Com
todos esses fatores, o mundo
dependerá do açúcar da Índia,
onde a produção está crescendo,
embora o subsídio às
exportações aprovado em dezembro
pelo governo tenha
sido menor do que o esperado
pelas tradings.
Exportação
O Brasil exportou, em 2020,
62,64% mais açúcar e melaço
e obteve uma receita
64,51% maior que a de 2019.
A soma dos dados de dezembro,
divulgados pela Secretaria
de Comércio Exterior
(Secex), com as informações
consolidadas no Agrostat até
novembro mostram que, no
ano passado, o País exportou
31 milhões de toneladas, com
receita de US$ 8,831 bilhões.
Em 2019, foram 19,063 milhões
de toneladas embarcadas,
e a receita totalizou US$
5,368 bilhões. A depreciação
da moeda brasileira e a quebra
de safra em produtores
importantes, como Tailândia e
União Europeia, foram fatores
que impulsionaram a demanda
pelo açúcar brasileiro.
Além disso, como o mix do
Centro-Sul do País foi mais
açucareiro nesta safra, em decorrência
dos preços baixos
do etanol, o Brasil teve um
maior volume do alimento disponível
para embarques.
O governo do Reino Unido
anunciou a criação de uma
cota sem tarifa para importação
de 260 mil toneladas de
açúcar bruto de cana, disse a
Unica, ressaltando que a medida
pode favorecer o Brasil
enquanto fornecedor. A cota
amplia o acesso a um mercado
que era suprido majoritariamente
pelo produto da União
Europeia e foi precedida de
uma consulta pública da qual o
setor produtivo brasileiro participou.
A cota entrou em vigor
dia 1º de janeiro, com duração
de 12 meses. A tarifa aplicada
ao açúcar importado pelo
Reino Unido era a mesma da
União Europeia, de 339 euros
por tonelada. No acumulado
do ano até outubro, o Brasil exportou
186 mil toneladas do
adoçante aos britânicos, volume
que representa mais que
o dobro do total embarcado
em 2019, de 79 mil toneladas.
A Petrobras assinou o contrato
de venda de 50% da
BSBios Indústria e Comércio
de Biodiesel Sul Brasil com a
RP Participações em Biocombustíveis,
no valor de R$
322 milhões. A BSBios é proprietária
de duas usinas de
biodiesel: uma em Passo
Fundo (RS), com capacidade
de produção de 414 mil
BSBios
m³/ano, capacidade de esmagamento
de 1.152 mil toneladas/ano
e de armazenamento
de 120 mil toneladas
de grãos, 60 mil toneladas de
farelo e 7,5 mil m³ de biodiesel;
e outra localizada em
Marialva (PR), com capacidade
de produção de 414 mil
m³/ano e de armazenamento
de 3 mil m³ de óleo vegetal,
1,5 mil m³ de gordura animal
e 4,5 mil m³ de biodiesel.
Fundada em 2011, a RP Participações
em Biocombustíveis
S.A. é uma empresa
controlada pela ECB Group e,
tem como atividade principal
participar e investir em empresas
que produzam e comercializem
biocombustíveis.
O Japão pretende eliminar
os veículos movidos à gasolina
nos próximos 15
anos, disse o governo em
meio a um plano cuja meta
é atingir emissão zero de
carbono e gerar quase 2 trilhões
de dólares por ano em
Japão
crescimento sustentável até
2050. O plano visa substituir
a venda de novos veículos
movidos à gasolina por
veículos elétricos, incluindo
veículos híbridos e movidos
à célula de hidrogênio, até
meados da década de 2030.
10
Jornal Paraná
Em 2020, a energia produzida
a partir da queima de resíduos
do cultivo da cana no
Brasil foi suficiente para
atender a 5% do consumo
de eletricidade do país no
ano ou 12 milhões de residências.
Em termos de redução
de emissões de
O setor de etanol do Brasil
saiu “mais relevante” do que
entrou na pandemia, à medida
que a sociedade passou
a valorizar produtos que são
Bagaço
Relevância
ambientalmente mais sustentáveis,
disse o presidente da
Unica, Evandro Gussi. Estudos
mostrando relações entre
as mudanças climáticas e o
RenovaBio
A safra 2020/21 da cana no
Centro-Sul do Brasil se encaminha
para o encerramento
tendo como principal avanço a
bem-sucedida implantação da
Política Nacional de Biocombustíveis
– RenovaBio. Atualmente,
65% das empresas produtoras
de etanol no país participam
do programa e estão
certificadas e aptas a emitirem
créditos de descarbonização
(CBios) – essas empresas representam
cerca de 85% da
carbono, é o mesmo que ter
evitado 7 milhões de toneladas
de CO2 que seriam depositadas
na atmosfera do
planeta, segundo a Unica,
marca que somente seria
atingida com o cultivo de 49
milhões de árvores nativas
ao longo de 20 anos. O bagaço
de cana foi capaz de
atender a demanda elétrica
tanto do processo produtivo
do açúcar e do combustível
etanol, como ainda exportou
em benefício de todo o país
22,6 mil GWh neste ano,
crescimento de 1% em relação
ao resultado de 2019.
surgimento de pandemias reforçaram
a importância de
combustíveis que emitem
menos poluentes e gases do
efeito estufa.
produção nacional de etanol. A
Unica estima que até 31 de dezembro
a soma de CBios gerados
seja de 18 milhões. Na safra
2020/2021, que vai até 31
de março, esse número pode
atingir 23 milhões.
Safra menor
Os canaviais do Centro-Sul
do Brasil sofreram com a seca
que atingiu a principal região
produtora do país em
2020, e a próxima safra
(2021/22) será menor como
consequência, assim como a
produção de açúcar cairá do
recorde alcançado no ciclo
O anúncio da realização de
quatro leilões em 2021 para a
contratação de novos projetos
de geração de energia elétrica,
feito pelo Ministério de
Minas e Energia (MME), representa
uma oportunidade
para o setor sucroenergético.
O cronograma possibilita o
início do planejamento dos
projetos de investimento em
geração a serem inscritos
nos certames. O último leilão
em que a biomassa da cana
participou foi o A-6, realizado
Recorde
atual, afirmaram dirigentes da
Unica. O volume de produção
de açúcar e etanol vai depender
da disponibilidade de cana
e da qualidade da matéria-prima,
mas a expectativa
é de que a produção de açúcar
deve ser reduzida de forma
significativa.
Dados apurados até 1º de
dezembro de 2020 confirmam
a safra 2020/21 como
o ciclo em que a cana cultivada
no Centro-Sul mais
ofertou matéria-prima para
açúcar e etanol. A quantidade
de açúcares totais recuperáveis
(ATR) produzido
pelas empresas até o início
de dezembro, totalizou 86,33
milhões de toneladas, superando
os dados finais registrados
nas safras anteriores.
A projeção para o final do
ciclo é de 87,54 milhões de
toneladas de ATR no acumulado
desde abril de 2020 até
março de 2021. Essa condição
decorre da maior moagem
de cana e, principalmente,
da melhora na qualidade
da matéria-prima processada
Leilões de energia
em outubro de 2019, juntamente
com empreendimentos
hidrelétricos, eólicos,
fotovoltaicos e termelétricas a
gás natural e biomassa em
geral. Na oportunidade, o gás
natural foi a fonte que mais
comercializou energia no A-6,
de 2019, levando sozinho
40% da demanda total com
três projetos. Os projetos de
bioeletricidade da cana representaram
apenas 4% da demanda
contratada, com seis
projetos.
Jornal Paraná 11
PORTO DE PARANAGUÁ
Passa exporta biocombustível
de bagaço de cana
A movimentação de pellets de biomassa de cana de açúcar
possibilita a abertura de novos mercados e negócios futuros
No berço 204, a oeste
do cais do Porto de
Paranaguá, o embarque
de um novo produto
chamou a atenção no
início do ano. A granel, pellets
de bagaço de cana-de-açúcar
encheram os porões do navio
Marina Prince. A biomassa é
produto de exportação que vai
atender o mercado do Reino
Unido na geração de energia
sustentável.
“Ficamos muito satisfeitos
quando novos produtos chegam
e saem pelos portos do
Paraná. Nesse caso, é ainda
mais compensador o fato de
se tratar de um biocombustível
que será utilizado em
substituição ao carvão na geração
de energia termoelétrica”,
afirma o diretor-presidente
da Portos do Paraná,
Luiz Fernando Garcia.
O produto embarcado pelo Estado,
de origem paulista, é o
bagaço da cana (que sobra
das usinas de produção de
açúcar e etanol) transformado
em pellets, que nada mais é do
que a matéria orgânica (biomassa)
comprimida para se
tornar biocombustível.
O procedimento de embarque
é o mesmo dos demais graneis
sólidos exportados no
porto paranaense. Ou seja, o
produto sai do terminal e, em
esteiras transportadoras, chega
até o shiploader (equipamento
carregador de navios)
que despeja o produto enchendo
os porões da embarcação.
A operação é da Pasa,
em parceria com a Céu Azul.
Segundo o gerente de operações
da Pasa, Eric Ferreira de
Souza, esta é a primeira vez
que o produto é embarcado
pela empresa. “A movimentação
de pellets de biomassa de
cana de açúcar possibilita a
abertura de novos mercados e
negócios futuros. Mostra, também,
o pioneirismo e o potencial
do nosso terminal frente
aos diversos produtos operados
em Paranaguá”, afirma o
gerente.
Segundo a Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab),
a cana-de-açúcar é considerada
uma das grandes alternativas
para o setor de biocombustíveis
devido ao
grande potencial na produção
de etanol e seus respectivos
subprodutos.
Produto de exportação vai atender o mercado do Reino Unido na geração de energia sustentável
No Estado, a produção de
energia renovável também é
estimulada. No último mês de
dezembro, através da Secretaria
de Estado da Agricultura e
do Abastecimento e do Instituto
de Desenvolvimento Rural
do Paraná – Iapar-Emater (IDR-
PR), o Governo do Paraná instituiu
o programa Paraná Energia
Rural Renovável.
O programa, que está em fase
de estruturação, dará apoio à
geração distribuída de energia
elétrica a partir de fontes renováveis
em unidades produtivas
rurais. A ideia é criar subsídios
como linhas de crédito e incentivos
tributários para que os
produtores rurais e as agroindústrias
paranaenses invistam
nessa produção.
Segundo o coordenador do
programa, Herlon Goelzer de
Almeida, o principal objetivo é
aproveitar essa matéria prima
– tanto os dejetos animais
quanto os resíduos vegetais
das agroindústrias (principalmente
do setor sucroalcooleiro)
- para geração de energia
dentro do próprio Estado.
“Esses subprodutos podem
ser utilizados em biodigestão
para gerar energia. O setor sucroalcooleiro
é o que mais tem
possibilidade e capacidade de
produção de energia renovável.
Estamos finalizando a estruturação
do programa. Acredito
que nos próximos anos teremos
uma forte adesão do setor
que pode inclusive gerar
energia própria, a partir dessa
biomassa, reduzindo seus
custos e tornando a produção
mais sustentável”, completa
Herlon.
Jornal Paraná 12