Pescaria Amazônica
Informações sobre peixes e crustáceas amazônicas e seu uso na culinária
Informações sobre peixes e crustáceas amazônicas e seu uso na culinária
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susan gerber-barata
PESCARIA
amazônica
PEIXES & RECEITAS
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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PEIXES & RECEITAS
PESCARIA
amazônica
Pesquisa, Concepção, Receitas &
Fotos Susanne Gerber-Barata –
susangeba@gmail.com
Todos os direitos reservados,
copyright by Susanne Gerber-Barata
Agradeço a todos que me inspiraram e
colaboraram de alguma maneira em
elaborar esse livro.
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PESCARIA amazônica
Peixes e crustáceos amazônicos – frescos, salmourados, salgados e renegados
Águas, rios e mares, mares doces, fervilhando de pescados – o que a culinária
amazônica há de bom e de melhor são os seus peixes, camarões, caranguejos e
mexilhões, sempre fresquíssimos, sempre no menu. Grelhados na brasa, no moquém ou
assados na folha de bananeira, ensopados no tucupi ou cozidos na caldeirada e -last but
not least- conservado por sal e sol - as riquezas das águas sempre fazem bonito.
Soberano e majestoso estão sendo servido na mesa do rico, do remediado ou do pobre,
cada um o serve da sua maneira ou ao seu costume. tacacá ou mojica de cuia simples,
moquecas despojadas ou ricas na panela preta de barro, caldeiradas na sopeira de prata
acompanhado de pratos de porcelana fina, a banda de peixe oferecida na travessa de
pirex ou bandeja de prata – há coisa mais democrático do que pescado?
São tantos os peixes comestíveis - estima-se que nadam entre 1.500 e 3.000
tipos de peixes diferentes nas águas amazônicas! Dá riqueza e variedade entanto que uns
peixes ofuscam os outros. De água doce, das águas salobres ou do mar, os peixes exibem,
mesmo fora da água e recém mortos, formas, brilhos e cores exuberantes além de um
paladar sem igual. Há tanta diversidade que levaria vários anos de degusta-los todos sem
repetir-se jamais, como já o famoso naturalista Jean Luiz Rodolphe Agassiz em viagem
pelo Brasil nos anos 1817-1820 constatava. Coincidência, era compatriota da autora,
suíça também, e o fascínio se repete. O presente livro, uma mistura de fotos, reportagem
e receitas, se entregou de corpo, alma e paladar ao encanto dos pescados amazônicos, à
sua beleza sem igual e a todas as riquezas do seu preparo e sua conservação. Abre-se
para uma intrusa “gringa” um mundo fascinante, quase inesgotável ainda pouco
conhecido fora da região amazônica. Infelizmente também um mundo vulnerável, em
perigo, causada pela exploração ainda com pouco critério e respeito. Seguindo a máxime
que pode-se proteger somente o que se conhece, esse livro quer fazer a sua parte. De
fato a Amazônia exporta muito peixe, sempre os mais famosos e graúdos, além disso
muitos peixes vivos, peixes ornamentais, para o Sul do país e para fora. As pisciculturas
ainda engatinham por ai. O Mato Grosso com o seu cultivo de peixes já bem
desenvolvido, até industrializada, fornece muito tambaqui para cá.
Tabus e conceitos locais aliás, ainda persistem aqui no Norte do país. Uns herdados dos
ancestrais indígenas, outros alegados pela bíblia. Como todos os conceitos e tabus alimentares,
os amazônicos só valem para quem os entende. Os peixes formam basicamente dois grandes
grupos, os peixes ósseos e os cartilaginosos. Os cartilaginosos por exemplo os tubarões e arraias,
em sua grande maioria são marinhos, a principal característica que eles possuem é um esqueleto
constituído por cartilagem. Os peixes ósseos surgiram em um momento evolutivo após os
cartilaginosos e se dividem em dois grandes grupos, peixes de escamas e os outros, os chamados
de lisos ou de couro. Na Amazônia, tanto os peixes de couro tanto quanto crustáceas são tidos
como “remosos”, o conceito bíblico significa que fazem mal para alguém sensível, com
problemas de saúde, agravando o quadro ou atrasando a recuperação. Também são proibidos
para quem sofre de alergias ou está com algum problema de pele, de resistência baixa.
O “pitiu” não também não tem vez por aqui não. “Pitiú?” Outra palavra-conceito difícil de
desvendar para os não iniciados. Uns falam que é cheiro de peixe, outros o associam com odores
menos delicados. Fato é que aqui na Amazônia também pescado deve cheirar no máximo a água
fresca do qual ele foi arrancado. Falando em peixe - gosta-se, em geral, na Amazônia dos peixes
mais gordos e de personalidade forte, embora certas regiões dão clara preferência a certos
peixes. É possível que uma região ou casa bane um peixe e outra região o ama. Em geral evita-se
por exemplo peixes como tubarão. O mesmo poderia, imagine que fatalidade, antes cumprir o
próprio destino acabando no meu prato, ter engolido um ser humano! Certos peixes que vivem
na lama ou canibalizam peixes mortos são renegados por motivos óbvios, somente o camarão se
safa. Outros são banidos do prato simplesmente por sua aparência incomum, pré-diluviano ou
por sua carne altamente perecível. Se pode, resiste! Ou fica com os peixes mais delicados, os
preferidos da autora, que aqui são tidos como “peixes sem graça” ou “peixes de doente”.
Preparados com temperos suáveis e muitas ervas, com molhos ou caldos leves, viram “comida
de doente”, deliciosa, mais perto do gosto europeu, mas aqui somente servido para pessoas de
estômago fraco.
A proposta do livro é apresentar um panorama dos peixes e crustáceas e conceitos em
volta do peixe da região amazônica. A parte mais querida se concentra nos peixes, pratos e
receitas tradicionais “feitas em casa”, quase ausente nos restaurantes. Os cardápios deles
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oferecem uma variedade muito reduzido de pescados, comparado à
abundancia no mercado. Favoreça-se os peixes gigantes, sem espinhas,
renegando os menores, os mais feios e aqueles com muitos espinhos –
contrariando a experiência da autora que acha todos deliciosos! Além
disso é pouco conhecido a variedade estupenda de peixes salgados e
salmourados e a farinha de peixe, o piracuí. Essas maneiras de
conservação interessantíssimas aguardam uma reavaliação e
modernização não só do ponto de vista higiênico. O seu preparo
infelizmente ainda completamente artesanal. Por fim chega a vez dos
crustáceos, do famoso avium até o gigante pitu, a lagosta da água doce
e o mexilhão regional.
O livro não só quer servir de inspiração na cozinha, mas também
desempenhar o papel de guia, não só na feira do peixe, contendo
muitas informações e curiosidades que valeriam muitas horas de filmes
educativos. A ideia é valorizar o “terroir”, o nativo e local, gerando um
tipo de documentação e inventário daquela parte menos conhecida da
Amazônia, vendo, lendo, degustando.
Cozinhar peixe pode ser muito simples. O livro traz muitas
receitas tradicionais. Além disso a autora se arrisca. Releia receitas de
outros países, aposta em criações mais contemporâneos, sempre
usando ingredientes locais e muitos legumes. O livro se divide em
diversas partes, seguindo os seguintes critérios: Apresentação dos
peixes mais comuns nas feiras, organizadas por tamanho. Primeiro os
peixes pequenos, naturalmente com mais espinhos, seguido por os
peixes grandes que são os mais amados, rendendo filés saborosos sem
nenhuma espinha. Os peixes médios e peixes diferentes como acari e
arraia fecham a riqueza pesqueira. Seguindo o raciocino de uma
cozinha na qual nada se perde, ou em outras palavras uma culinária que
aproveita tudo do focinho até o rabo, perdão a nadadeira, as aparas de
peixe e ovas se tornam estrelas, brilhando no prato. A secção de
petiscos foi pensada para abrir o apetite e os triques de uma boa
piracaia, costume antigo que até hoje nos brinda com infinitas delícias,
são reveladas na sequência que coloca peixes e crustáceas na grelha.
Também não foi esquecida a parte mais tradicional: Moquear, salgar,
salmourar e secar o peixe, incluindo o piracuí, conhecimentos
milenares. Termina com as crustáceas locais que enriquecem os pratos
de maneira inconfundível.
Almoço do pescador
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Com uma mistura de informações, curiosidades e um infinito prazer à
mesa, a “Pescaria Amazônica - Amazônia come os seus peixes”, convida
o leitor, a leitora de se sentar junto, pode até ser a mesa do pescador da
foto abaixo, tão simples quando deliciosa. Seria com imenso prazer que
conseguiria de encoraja-los de descobrir-se apreciador e quem sabe
cozinheiro/a dos peixes amazônicos, também dos renegados. Bom
apetite!
Primeiras observações da autora
Esse livro é ambicioso. Apela ao mesmo tempo ao intelecto, a
curiosidade e ao apetito de cada um. Se afundando no assunto
pescados, a autora não só penou muito, as informações são escassez, o
nome comum não basta. Por outro lado aprendeu demais. Por exemplo:
Ao contrário que ela pensou, as cores ou a salinidade das águas dos rios
interferem em quase nada na população de peixes ou crustáceas que
habitam neles. Tem pescado tolerante a água doce e a lagosta da água
doce, o pitu precisa do salubre para se desenvolver.
Sem lamentar – sempre falta alguma informação, um aprofundamento -
a Amazônia é grande e diversificado demais. Também foi deixado por
fora toda a captura do peixe que só por si já daria mais do que um livro,
os tipos de embarcações, as redes, não esquecendo dos artefatos mais
antigos ou indígenas, todos são, além de extremamente funcional, de
rara beleza.
Aspectos comerciais também não ganharam a devida atenção.
Só essa observação: O preço de um quilo de peixe ainda é bem inferior
ao preço de um quilo de carne. A pesca como profissão e ganha-pão é
muito importante para a região toda, dando, além da subsistência, uma
renda pequena e irregular a inúmeros ribeirinhos, infelizmente
desassistida o que favorece a exploração desordenada. Unicamente o
aspecto ecológico foi colocado, tentando lembrar que pescar ainda é na
grande maioria das vezes um ato de extrativismo. Nos consumidores
temos poder. Podemos por exemplo exercer mais sustentabilidade
variando o nosso menu, descobrindo outros, novos peixes, que tal
alguns dos renegados, os menores, os peixes com mais espinhas mas
com tanto sabor! - Peixe é, ao mesmo tempo um superalimento e uma
recurso valiosa que não pode acabar.
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PEIXES GIGANTES
288
PEIXES MENORES
78
PEIXES MÉDIOS
335
OS DIFERENCIADOS
372
359
PEIXES PERIGOSOS
OVAS & CO.
386
430
454
FAROFA &PIRÃO
PETISCOS
PIRACAIA
432
507
546
ACOMPANHAMENTOS
SAL & SOL
CRUSTÁCEAS
ÍNDICE
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
27
ÍNDICE
Amazônia come seus
peixes 13
Índice temático 27
Índice 28
Sobre a autora 34
Diversidade e saisonalidade 52
Diversidade no prato proteja 53
Vocabulário específico do Norte 58
Peixe fresco - como comprar 60
Cortes do peixe 63
Tratar peixe 66
Manejar e preparar pescados 68
Como preparar pescados 72
A Mulher e a sardinha
Querem-se a mais
pequeninha 78
Aracu-comum Perfil 79
Aracu-cabeça-gorda Perfil 80
Aracu-pinima Perfil 81
Caldo de peixe com legumes 82
Aracu escabeche 83
Aracu na brasa ou no forno com dois
molhos – picante ou tucupi 84
Aracu frito sob molho verde 85
Filé de aracu-pinima curtido no
azeite 86
Branquinha Perfil 88
Peixada de branquinha 90
Branquinha assada com farofa 91
Branquinha e legumes na massa de
cerveja 92
Cachorrinho-de-padre Perfil 93
Cachrorinho-de-padre ensopado 94
Mojica de cachorrinho-de-padre
com tucupi 95
Cará-açu Perfil 96
Cará-Prata Perfil 97
Cará-Piranga Perfil Cará
Jurupari/Bicudo Perfil 99
Cará-tinga Perfil 100
Chaperema Perfil 101
Cará-do-mar Perfil 102
Caldo picante de cará-tinga 103
Cará-tinga assado sob sal 105
Chaparema com vinagrete 106
Cará-açu com bacon sob cará 107
Cará-tinga no vapor 108
Charuto Perfil 110
Charuto-de-boca-preta Perfil 111
Charutinho aperitivo 112
Charutinho novo frito com
dois versões de vinagrete 113
Charutinho crocante frito 114
Charuto-de-boca-preta assado e
escabeche 116
Charuto e vegetais ao forno 117
Chauto assado sob versões de
molhos abacate, condimentado e
tucupi ou aurbé 119
Charutinho na marinada marinada
nortista grelhado ou assado 120
Jaraqui Perfil 122
Filé de jaraqui curado 123
Jaraqui frito com açaí ou cuscuz 125
Jaraqui frito com vinagrete 126
Jaraqui ao molho de tomate e
alcaparras 127
Pacu branco Perfil 129
Pacu manteiga Perfil 130
Pacu na brasa com farofa de
ervas e limão 131
Pacu no envelope de folha de
bananeira 132
Pacu ao forno com alho e vinagrete
verde 134
Pacu cozido na vinagrete 135
Sardinha Perfil 136
Sardinha ao forno 137
Sardinha escabeche tradicional sob
batata-doce 138
Sardinha frita com crosta de três
farinhas e castanhas 139
Sardinhas fritas com erva-doce e
uvas passas 140
Sardinha ao forno com batata e
molho de laranja e especarias 141
Pelo rabo se (re)conhece o
gigante 145
Aruanã Perfil 146
Aruanã ao tucupi 147
Aruanã com gremolata 148
Camorim Perfil 149
Creme de mandioca, cariru, couve e
camorim 150
Moqueca de camorim 151
Filé de camorim sob salada 152
Filé de camorim com pesto 153
Filé de camorim e camarão assado
sob molho bouillabaisse 155
Posta de camorim com crosta de
alho e castanhas 156
Camorim com molho cítrico 157
Dourada Perfil 159
Dourada com crosta 160
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ÍNDICE
Dourada com vegetais 161
Moqueca de dourada à Espirito
Santo 162
Dourada ao molho de tucupi 163
Dourada ao molho de açaí 164
Ragu de dourada com legumes 165
Dourada ao tamarindo 166
Dourada a maneira europeu 167
Filé de dourada com molho
azedinho 168
Dourada com creme de abacate 169
Filhote Perfil 171
Ceviche tradicional de filhote 172
Arroz do chefe à paraense 173
Filhote a moda cabocla 174
Filhote com molho condiment. 175
Filhote na folha de vinagreira 176
Filhote poché no leite 178
Posta de filhote ao leite de
castanhas 179
Filhote com molho verde 180
Gurijuba Perfil 181
Filé de gurijuba assado com
gremolata amazônica 182
Caldeirada de gurijuba 183
Ragu caboclo de gurijuba 184
Gurijuba empanada escabeche185
Jaú Perfil 187
Jaú em postas poché no leite 188
Posta de jaú na tapioca com molho
de azeitonas pretas 189
Filé de jaú cozido na cataplana 190
Jaú com castanhas e ajo blanco191
Jau com molho cremoso 192
Jundiá amazônico Perfil 193
Moqueca de jundiá, banana 194
Ventrecha de jundiá com vinagrete
de laranja 195
Postas de jundiá ao forno 196
Ragu de jundiá com cuscuz 197
Pescada Amarela Perfil 199
Caldeirada regional rica 201
Postas de pescada amarela ao
molho de laranja 202
Picadinho de pescada amarela203
Posta de pescada amarela a modo
cabocla com molho de açaí 204
Postas de pescada amarela com
molho de azeitonas 205
Pescada com crosta 206
Pirapema Perfil 207
Pirapema ao leite de coco 208
Pirapema ao molho branco
aveludado 209
Pirapema ensopada com grão-debico
210
Pirapema à portuguesa 211
Pirapema sobre couli de buriti 212
Pirapema frita sob cuscuz 213
Piramutaba Perfil 215
Moqueca de piramutaba 216
Fricassé de piramutaba com molho
picante 217
Pirapitinga jovem Perfil 218
Pirapitinga adulta Perfil 219
Ceviche de pirapitinga 220
Caldeirada de pirapitinga 221
Pirapitinga ao tucumã 222
Pirarara Perfil 224
Pirarara sob salada 225
Pirarara no papelote 226
Pirarara com crostas 227
Pirarucu Perfil 229
Pirarucu em mantas 233
Pirarucu marinado com tempero
nortista sob salada colorida 234
Pirarucu com vinagrete 235
Nuggets de pirarucu com maionese
caseira 236
Nuggets de pirarucu com crosta de
castanhas e geleia de pimenta 237
Pirarucu sob molho vermelho e
pasta de azeitonas e castanhas 238
Pirarucu servido ao leite 239
Picadinho de pirarucu express a
baiano com leite de coco 240
Pirarucu confitado 241
Cavala – Serra Perfil 242
Ceviche de serra com maracujá243
Filé de serra assado sob salada
morna de legumes 244
Serra assada com legumes 245
Picadinho de serra com molho
aveludado 246
Surubim Flamengo Perfil 247
Surubim Pintado Perfil 249
Surubim Tigre Perfil 251
Ceviche tradicional de surubim
com leite de coco 252
Moqueca rica 253
Fricassé tropical com azeite de
tucumã ou buriti 254
Isca de surubim escabeche 255
Surubim com camarão ao molho de
vinho de porto 256
Bocó – Tambaqui jovem Perfil 257
Bocó ensopado com açafrão e
especarias 258
Bocó poché com legumes sob cará
roxo 259
Bocó ao molho de açafrão, leite de
coco, especiarias e castanhas 260
Bocó assado com molho cítrico 261
Tambaqui adulto Perfil 262
Peixada de bocó ou tambaqui 263
Tambaqui na brasa escabeche e
Costela de tambaqui assada na
brasa ao molho de tucupi 264
Tambaqui assado no sal 266
Tambaqui de festa com molho de
cerveja preta 268
Tucunaré-comum Perfil 270
Tucunaré-açu Perfil 271
Tucunaré-Paca Perfil 272
Ceviche de tucunaré 273
Tucunaré no vapor com molho
branco de 7 ervas 274
Caldeirada de tucunaré 276
Tucunaré ao molho laranja 278
Tucunaré ao forno 279
Xaréu Perfil 280
Xaréu frito com molho agrid. 281
Xaréu assado sob purê 282
Xaréu confeitado 283
Xaréu com molho agridoce,
castanhas e uva passas 284
Caiu na rede – é peixe 288
Apapá/Sarda amarela Perfil 289
Apapá / Sarda branca Perfil 290
Apapá assado na folha 291
Misto de peixes e camarões fritos,
servido a moda paraense 292
Apapá com rub picante 293
Filé de apapá frito no óleo de
tucumã ou de buriti 294
Barbado Perfil 295
Cara-de-gato Perfil 296
Cara de gato grelhado 297
Peixe-cachorro Perfil 298
Curimatã Perfil 299
Curimatã na brasa ou no forno300
Curimatã no envelope com
gengibre e alcaparras 301
Fura-calça/Mandi-moela Perfil 302
Fura-calça a maneira caboclo 303
Jatuarana Perfil 305
Matrinchã Perfil 306
Matrinchã na brasa pura ou com
chutney agridoce de jambo 307
Mandubé Perfil 308
Mandubé ensopado 309
Mapará Perfil 311
Mapará Perfil 312
Mapará na grelha com molho
picante 313
Graved mapará 314
Pescada-branca Perfil 315
Pescada-preta Perfil 316
Pescada Gó Perfil 317
Pesce crudo com azeite 318
Caldeirada de pescada 319
Filé de pescada express 320
Pescada frita com molho de
maracujá e farofa 321
Pescada confitada 322
Pescada frita na manteiga com
saladas coloridas 323
Pescada com recheio e crosta de
farofa de azeitonas 324
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
29
ÍNDICE
Filé de pescada em borboleta,
empanada na goma 325
Filé de pescada empanada na goma
com temperos nortistas 326
Rolinhos de pescada recheados com
farofa de dendê 327
Piracatinga Perfil 328
Tainha / Pratiqueira Perfil 330
Traíra Perfil 331
Caldeirada mista 332
Filho de peixe, peixinho é 335
Acari-Bodó/Acari Perfil 336
Acari-bodó escabeche 337
Caldeirada de acari-bodó 338
Acari-bodó ao tucupi 339
Acari no sal grosso com salsa 340
Bacu / Bacu-pedra Perfil 342
Ceviche de bacu com caju 343
Bacu sob purê de abacaxi 444
Cujuba/Cuiú-Cuiú Perfil 346
Postas de cujuba no leite de coco
com legumes e tucumã 347
Filé de cujuba sobre salada 348
Cujuba ao molho de manteiga
com limão 349
Cujuba assada com tapenade de
azeitona preta e castanhas 350
Cujuba frita com vinagrete 351
Posta de cujuba assada sob
molho provençal 352
Tamoatá / Tamuatá Perfil 354
Caldeirada de tamuatá 355
Tamuatá ao tucupi 356
Em rio com piranhas jacaré
nada de costas 359
Raia/Arraia pintada Perfil 360
Caldo de arraia com tomate 361
Filé de arraia empanada e molho
tártaro caseiro 362
Arraia ao molho de maracujá
em duas versões 363
Arraia com tapenade verde 364
Aba de arraia na brasa ao
leite de castanhas de leite 365
Piranha-amarela Perfil 366
Piranha-caju Perfil 367
Piranha preta Perfil 368
Caldo de piranha em versões 369
Come sardinha e arrota
caviar 372
Ova de peixe Perfil 373
Ova de piranha ou aruanã na
manteiga com espague ou sob
beijucica 374
Farofa de ovas e farofa com ova 375
Sardinha recheada com farofa 376
Do focinho até a nadadeira 378
Miúdos nem um pouco miúdos 379
Variações de petiscos de pele ou
couro de peixe crocante 380
Bolinhos ou peixeburger 381
Pele de peixe crocante a moda
japonesa sob salada de mamão 382
Peixe de couro ao leite de coco com
couro crocante e legumes 383
Quem guardo o pirão
chama o ladrão 386
Ponto de partida 388
Vinagrete 389
Haja cor, muita cor! 390
Cabeças e carcaças – nada se
perde! 393
Cabeça de pirarucu assado na brasa
Fundo de peixe básico 395
Fundo de crustáceas 397
Um caldo, muitas variações 398
Caldo express de peixe 399
Cabeça de peixe no tucupi 400
Engrossando o caldo – caribé, mojica,
pirão, açorda, vatapá & bobó 401
Caribé com fundo de peixe 402
Pirão de fundo de peixe 403
Versões de pirão 405
Fricassé tropical no buriti 406
Açorda de pirarucu salgado ou
camarão regional salmourado 407
Farofas & cuscuz de farinha d´água
das mais variadas 408
Farofa de piracuí com banana e
paçoca de pescada gó 410
Posta de pescada amarela com crosta
de farinha picante 411
Crostas das mais variadas 412
Marinar peixes e crustáceas 414
Ragu de camorim com tempero
nortista picante e laranja 415
Apapá com rub picante nortista ao
forno sob cará 416
Espetos de surubim com “rub”
nortista, arroz de açaí 417
Pescada com “rub”, crosta de
temperos nortistas com purê de
banana e crocante de beijucica 418
Marinadas molhadas cheia de
sabores - familiares ou exóticas 419
Aruanã marinado e assado
escabeche 420
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
30
ÍNDICE
Araunã assado, marinado com açafrão e
vinagrete tropical 421
Molho picante de pimentão regional e
pimenta de cheiro 423
Sardinhas grelhadas sob molho picante de
pimentão regional 424
Camarão ao molho de pimentão regional
e pimenta de cheiro 425
Postas de surubim com rub nortista sob
pirão ou purê de banana 426
Surubim ao molho picante 427
Quem não arrisca não
Petisca 430
Entrando em grande estilo 431
Caldinho de tucupi 432
Carne de caranguejo com farofa 433
Canudinhos recheados 434
Bolinho de piracui com chutney 435
Pasteis de pirarucu salgado 436
Isca de arraia frita com molho 437
Cuscuz de farinha d´água com camarão
salgado 438
Coctail de camarão e abacate 439
Salda de camarão, mexilhão e peixe com
salsa verde 440
Aspic ou petisco de tapioca, jambu e peixe
ou camarão 441
Cuscuz paulista 442
Avium fresco refogado com ou sem ovo
mexido com beijucica 443
Iscas de peixe ou canapés com pesto 444
Paté de pirarucu salgado e pirarucu
salgado cozido no vinagrete 445
Tapioca a estilo mexicano com peixe
desfiado, legumes e abacate 446
Salada de feijão manteiguinha com
pirarucu salgado e maionese caseira 447
Pirarucu salgado cru com cebola e azeite
de coentro 448
Salada de pirarucu salgado com grão-debico,
pepino e repolho roxo 449
Mapará curado na vodca 450
Piracaia - Cada um puxa a brasa
para sua sardinha 454
Banquete caboclo 459
Prepara peixes inteiros – sem medo 460
Sucesso com peixe na grelha 461
Peixe no envelope 463
Tambaqui, curimatã e pirapitinga na brasa
sob salada misto e vinagrete de caju 465
Acari na grelha e pesto romanesco 466
Mapará ou charuto pescador 467
Traíra na grelha com batata-doce e
legumes ou com vinagrete 468
Matrinchã tropical com legumes e frutas
grelhado no forno ou sob brasa 469
Matrinchã grelhada com escamas na folha
de bananeira 471
Apapá grelhado na folha de palmeira472
Traíra ou fura calça na folha da bananeira
recheada e vinagrete de jambo 473
Sardinha marinada assada na folha de
bananeira 474
Com que molho eu vou? 475
Matrinchã grelhado com vinagrete de
tucupi e aracu na grelha 476
Pirarucu salgado na grelha sob feijão de
manteiguinha e farofa de ervas 477
Espeto misto sob farofa 478
Espetos de surubim e legumes na grelha
com molho agridoce 479
Espeto colorido de camarão regional e
legumes com molho agridoce 480
Arroz de festa 483
Um filé – inúmeros caldos! 484
Arroz ou risotos acompanhando ou
de peixe e crustáceas 487
Cor e tempero 488
Fiel companheiro - arroz versátil 489
Arroz de peixe português 490
Peixe e pesto - combinação perfeita 491
Sobras bem aproveitadas 493
Arroz com sobras de peixe, legumes
e tucupi preto 494
Tortilha espanhola de sobras 495
Bolinhos rústicos ou burger de
sobras de peixe sob salada colorida 496
Escabeche de sobras de peixes assados
ou fritos com purê de batata-doce 497
Escondidinho de sobras de peixe 498
Pasta com molho arrabiata feito com
sobras de peixe 499
Pudim salgado de sobras de peixe
com molho de tomate 500
Tortas salgadas 501
Torta com pirarucu salgado, ovo,
tomate e azeitonas 502
Torta de pirarucu e camarão salgado 503
Quiche amazônica com legumes e sobras
Quiche de peixe 504
Água e vento são meio sustento507
Riqueza preservada no sal 508
Piaracuí Perfil 510
Farofa de piracuí com banana pacovã 511
Bolinhos ou burger de piracui e arubé 512
Arroz rico com piracuíe avium 513
Massa com tomate e piracui 514
Peixe curtido em salmouras 517
Salmouras caseiras 519
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
31
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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ÍNDICE
Peixe cru salmourado com vinagrete tropical
de limão-de- caiena e manga 520
Branquinha, inteira ou em filés em conserva
ácida 521
Branquinha na salmoura agridoce 522
Conserva de sardinha 523
Conserva de pescada ao tucupi ácido 524
Dourada salmourada ao tucupi 525
Aracu salmourado na cachaça e frito 526
Pirarara salmourada ao molho arubé
acompanhado de arroz sete grãos 527
Pirarucu salmourado e frito e legumes 528
Arraia salmourada e dourada na manteiga com
alcaparras e molho cítrico 529
Salgar pescado e camarão 534
A química atrás da salga 536
Dessalgar peixe salgado 538
Sopa cremosa de pirarucu salgado 539
Peixe salgado sob legumes mornos 540
Pirarucu e camarão salgados com açaí 541
Mojica de peixe salgado com legumes 542
Tambaqui salgado à moda cabocla com tucupi ,
batata-doce e banana 543
File de peixe salgado frito com vinagrete verde
e salada de feijão manteiguinha 544
Tortilha amazônica com peixe salgado, batatainglesa
e jambu 545
Pirarucu salgado 549
Salada de favas com pirarucu salgado e
beterraba 550
Ceviche de pirarucu salgado com vinagrete de
laranja e azeitonas pretas 551
Pirarucu dessalgado com cará roxa, jambu,
farofa e azeite temperado 552
Peixe salgado cozido na água de coco 553
Pirarucu salgado assado sobre feijão 554
Pirarucu na casaca 555
Arroz de leite de coco com pirarucu salgado,
açafrão-da-terra e especiarias nortistas 556
Pirarucu salgado à portuguesa - cozido no leite e
com batatas-inglesas, cebola e ovo 557
Pirarucu salgado com ovo mexido,
batata palha e couve 558
Variações de brandade de pirarucu salgado 560
Pirarucu salgado com crosta tropical de farinha
Uarini sob batata-doce laranja 561
Pasta putanesca com peixe salgado 562
Pirarucu salgado confitado 563
Peixe defumado 565
Defumando peixe em casa 566
Carpaccio de pirarucu defumado com vinagrete
tropical ou azeite de ervas e picles 567
Pirarucu defumado ao forno com leite de coco e
legumes 568
Pirarucu defumado assado sob cuscuz de farinha
e legumes com azeite de vinagreira569
Pirarucu defumado com molho de azeitonas e
arroz de colorau 570
Pirarucu defumado gratinado com creme de
leite e batata-inglesa 571
Nem tudo que vem na rede é
peixe 574
Aviu/Avium Perfil 576
Caldo de avium com batata-doce e dendê 577
Avium fresco refogado sob beijucica e ovo
mexido / fritada de avium 579
Bolinho de macaxeira recheado com avium com
molho de pimenta de cheiro 580
Arroz ou espaguete com pesto e
avium crocante 581
Camarão regional fresco Perfil 582
Camarão regional crocante na casca 583
Ceviche misto 584
Caldo verde condimentada com
camarão e beijucica 586
Moqueca de camarão com pirão 587
Arroz de camarão regional 588
Cataplana amazônica 590
Arroz de cuxá tradicional com camarão
salgado ou com pesto 591
Camarão regional ao leite de castanhas de
leite, cará roxo e feijão de metro 592
Camarão e legumes puxados na manteiga sob
molho aveludado 593
Camarão branco Perfil 594
Ceviche com água de coco e tomate 595
Camarão alho-óleo picante 596
Moqueca com camarão e frutas de caju 597
Camarão e avium moqueado no leite 598
Camarão sob vinagreira com molho ajo
blanco de castanhas de caju 599
Camarão salgado e seco Perfil 604
Tacacá 606
Creme de feijão manteiguinha com leite de
coco, avium e camarão seco 607
Caldo de camarão salgado com açafrão-daterra
e leite de coco 608
Camarão salgado ensopado com mamão e
moqueca de camarão salgado com mamão 609
Arroz paraense com tucupi, jambu e camarão
regional 610
Vatapá nortista com jambu 611
Bobó de camarão salgado com açafrão-daterra
e leite de coco 612
Caruru paraense com quiabo ou cariru e
camarão salgado 613
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
33
Arroz de camarão salgado com castanhas 614
Purê de pupunha com camarão salgado 615
Espaguete com camarão salgado, limão e farofa
crocante de farinha d´água 616
Espaguete com pirarucu e camarão salgado ao
molho cítrico e três pimentas 617
Pasta com molho cítrico e camarão 618
Camarão Pitu Perfil 619
Cocktail tropical de pitu com maionese 620
Pitu e camarão regional ao tomate 621
Açorda de pitu em duas versões 622
Pitu no bafo com arubé e farofa 623
Camarão ou pitu na placa de sal grosso com
legumes laqueados com mel ao forno 624
Caranguejo-uçá Perfil 626
Versões de caldo de caranguejo 628
Caldo de caranguejo com cenoura e suco de
Laranja e caldo de caranguejo cremoso 629
Pata de caranguejo com vinagrete quente 630
Unha de caranguejo 631
Torta de caranguejo 632
Caranguejo toc toc ou ao leite de coco 633
Paella amazônica com caranguejo, mexilhão e
pirarucu salgado 634
Mexilhão-do-Mangue ou regional Perfil 635
Mexilhão ao vinagrete com batata-doce 636
Caldo de mexilhão e peixe 637
Caldo picante de mexilhão com jambu 638
Arroz de mexilhão 639
Espaguete com mexilhão ao molho tomate 640
Caldeirada paraense ao tucupi 641
Torta com mexilhões e avium 642
Ostras do mangue Perfil 643
T
Receitas tradicionais
Informação
Fora do defeso
Defeso
Sobre a autora
A autora Susanne Gerber-Barata é Suíça,
casado com um Paraense patriótico
responsável pela apresentação da culinária
nortista. Sempre cozinhou em casa e é
famosa para os seus geleias, biscoitos e
bolos. Publicou na Alemanha um livro sobre
culinária brasileira.
De tão fascinada pela culinária amazônica, os
seus aromas e a riqueza de outros
ingredientes, resolveu de juntar o seu dom
culinário, a paixão jornalística e as riquezas
amazônicas para escrever, cozinhar e
fotografar o livro “Sabor Amazônico” no qual
colocou toda a essência da mesma. Estadias
prorrogadas e ultimamente uma vivencia nas
terras amazônicas aprofundaram as
informações e lhe permitiam de não perder
nenhum detalhe dos costumes e receitas locais
que ela coloca ao alcance de todos com todo o
respeito e carinho de uma estrangeira.
Outros livros seguem como esse aqui –
Pescaria Amazônica! Bom proveito!
São Pedro – padroeiro dos pescadores 650
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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DIVERSIDADE & SAZONALIDADE
Quer comer peixe? Peixe é um alimento cada vez mais recomendado, uma comida leve,
saudável e de fácil digestão. Peixes e crustáceas são parte indispensável da dieta mediterrânea.
Além disso rico em múltiplos ácidos graxos, uma fonte imbatível de Omega 3 que ajudam no
combate dos mais diversas males e ainda com baixas calorias. Peixes são super-versáteis, comese
o peixe inteiro, em postas, ventrechas ou em forma de filé. A proteína do peixe é uma das
mais nobres.
Uma biodiversidade de peixe imensa habita as águas da Amazônia, a maior bacia
hidrográfica do planeta, cobrindo cerca de sete milhões de km2, impar com qualquer outra bacia
do planeta. Bastante estudados, mas ainda pouco se popularizou do que se hoje sabe das peixes
comestíveis amazônicos. Os ácidos graxos da família Omega 3 e 6 responsável pelos benefícios à
saúde que uma dieta baseada em carnes “brancas”, sobretudo de peixes, traz, por exemplo
encontram-se também nos peixes amazônicos como mapará, sarda ou bacu, peixes populares de
sabor agradável e preços acessíveis, que ganham com isso um argumento a mais de pular na
mesa. Aliás, no período da cheia, o pescado em modo geral “engorda”, tende a ficar mais
“magro” na época da vazante.
Pescar profissionalmente é uma atividade extrativista. A natureza a limita. Cada peixe
tem a sua estação certa e precisa descansar para poder se reproduzir para garantir a mesma
fatura do mesmo peixe para gerações futuras. Melhoras passam necessariamente pelo
consumidor, exigindo sustentabilidade. Durante o período de reprodução, a desova, o peixe é
mais vulnerável e mais sujeito de sobrepescas. Além disso a sua carne é menos saborosa.
Seguindo as tendências globais, impõe-se um respeito maior em frente ao que a natureza nos
oferece. Coerente, deve se considerar os ciclos naturais impostos pelo ambiente. O livro
apresenta informações para consumidores conscientes, defeso, se tiver, tamanho mínimo ainda
não existe para o peixe a ser capturado e o seu atual estado dos seus estoques.
Respeitar a sazonalidade dos peixes – muitos peixes não são disponíveis o ano
todo. Uns, por exemplo o Mapará, migram com a baixa das águas, outras como as sardinhas
costumam aparecer exatamente nessa época. Isso dever ser respeitado. Vale exercer
sustentabilidade na compra do peixe. Apostar na diversidade no momento da escolha do peixe
não só enriquece a mesa mas também ajuda proteger o peixe e garante a diversidade para
gerações futuras. Um aboa alternativa é comprar peixes de cativeiro, de pisciculturas. Vale a
restrição, que devem ser respeitadas as normas legais da criação e da sustentabilidade. A mesma
lógica vale pela diversidade. Não cozinhe sempre aquele mesmo peixe considerado nobre – a
sua espécie pode ser em perigo.
Peixe e metais pesadas - Além disso, variar os peixes expõe o indivíduo a menos risco
de exposição de metais pesados de ocorrências naturais ou artificiais. Peixes herbíveros e
detritíveros em geral parecem acumular menos metais pesados do que os omníveros. Peixes
herbívoros são tambaqui, jatuarana, pirapitinga, pacu e outros que se alimentam basicamente
de sementes e de frutos. Peixes como acari-bodó, jaraqui, curimatã, branquinha e outros,
detritívoros, se alimentam de matéria orgânica em decomposição e microrganismos
encontrados na lama do fundo de lagos e margens de rios. Já peixe como aruanã, pirarara, cará,
mandi, matrinchã, cujuba são omnívoros, se alimentando de detritos compostos por resíduos de
matas alagadas, ninfas de insetos e zooplâncton e com isso acumulam mais metais indesejados.
Os que comem outros peixes, os piscívoros, também chamados de carnívoros ou predadores,
infelizmente lideram a listas dos quais bioacumulam mais metais pesados. São os peixes
dourada, filhote, piranha, tucunaré, surubim, pescada e pintado.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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DIVERSIDADE NO PRATO PROTEJA
Peixes de piscicultura - Peixe produzido em tanques ou em cativeiro são uma
alternativa viável, especialmente para peixe em perigo e sobre-pesca como por exemplo o
pirarucu ou tambaqui. Peixes de piscicultura não são sujeito a sobre-pesca e o manejo
sustentável e adequado garantem resultados satisfatórios. Antes de comprar peixes produzidos
em fazendas de peixe o consumidor deve tentar saber se a mesma protege a água e o meio
ambiente. Os peixes sustentâveis mantido em cativeiro não devem ser alimentados com peixes
selvagem, comum na piscicultura tradicional, nem tratados preventivamente com
medicamentos que podem ser ingeridos ou contaminando o ambiente. Peixe saudável não deve
se alimentado nem com corantes artificiais, nem fertilizantes ou pesticidas. Permitido são restos
da indústria do processamento de peixe. Importante é que o peixe produzido em cativeiro não
mantém contato com peixes selvagens. Dessa maneira o peixe selvagem é preservado de
parasitos ou doenças transmissíveis que podem atacar os peixes em cativeiro. Além disso se
evita que peixes exóticos escapem, contaminando ambientes locais que poderia levar a extinção
de espécies nativas. Respeite as recomendações regionais e aposta em outra variedade ou tipo
de peixe.
Ao fritar peixe, queime alguns cravos ou uma casca de laranja ou limão para espantar o
cheiro do peixe.
Calcula-se mais ou menos 200 g de peixe por pessoa. Se o peixe for inteiro, calcula-se um
pouco mais.
Engoliu uma espinha de peixe? Bebe bem devagar e em goles minúsculos algum suco de
limão o que ajuda amolecer a espinha. Depois come um pouco de pão, uma colher de arroz ou
farinha o que ajudaria de descer a espinha.
Segunda nota da autora
Junto e misturado Peixe fresco, ao contrário do congelado, não é um produto previsível,
sempre a mão. Use esse fato ao seu favor – vai de mente aberto e sem preconceito ao mercado
de peixe, escolhe o que tem de melhor também no sentido de preço-ganho, e somente depois
define a receita. Prove o peixe da estação, um peixe menos conhecido, até um peixe menor com
bastante espinhas e deixa se surpreender positivamente. E ainda bate um papo com os
vendedores e tratadores de peixe. Foi com um deles que aprendi a expressão de “junto e
misturado” – ele me explicou que significa que vem uns peixes maiores e uns menores,
exatamente juntos e misturados.
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Ripas recortadas, prontos
para serem repartidas para
amarrar cambadas
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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VOCABULÁRIO ESPECÍFICO NORTISTA INVOLVENDO PEIXE
Peixe liso/de couro - peixe de
escamas – Difere-se entre peixes de couro, lisos ou
de pele e peixes de escamas. Em muitos locais da
Amazônia prefere-se tradicionalmente os peixes de
escamas. Peixes lisos são localmente conhecidos como
remosos, tornando-se dessa maneira tabu alimentar e
devem, com manda a crença, ser evitados por pessoas
de saúde fragilizada. O couro do peixe normalmente é
removido antes ou depois do preparo. Aplique-se
golpes no couro do peixe para que o tempero penetra
melhor até a carne.
Remoso - Peixes de couro tradicionalmente são
considerados remosos, tem reima, tabu alimentar
referente a um carregamento negativo, o qual prejudica
o sangue. O tabu aparece na bíblia e suponha-se que
originou na crença que os peixes de couro, peixes
cascudos e crustáceas sejam transmissor de doenças de
pele e enfraquece quem já está em estado de saúde
debilitado ou delicado como mulher parida, pessoas
que passaram por cirurgias ou sofreu golpe de faca ou
com outros machucados. Este grupo de pessoas deve,
conforme a tradição e a crença rezam, evitar o consumo
de peixes lisos ou de couro, cascudos e crustáceas, lhes
atestando supostamente propriedades negativas. O
consumo dos mesmos levaria ao agravamento de
doenças cardiovasculares e outros complicações
podendo agravar ou até desencadear doenças ou
retardar a reconvalescença.
Cambada de peixe - Peixes menores enfileirados
e amarrados com talas finas recortadas do talo grosso
das folhas da palmeira arumãs, o conjunto vendido por
um preço fixo.
Peixe gordo – aprecia-se demais no Norte
peixes gordos como matrinchã, jatuarana e tambaqui,
normalmente assados na brasa.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Peixe (não) “tratado” - Peixe “tratado” é
eviscerado e sem escamas. O tratador de peixe escama e
corta, devido ao gosto do freguês nadadeiras ou/e rabo e
reparte o peixe em bandas ou borboleta, postas, pedaços
ou filés conforme o preparo escolhido. Peixes pequenos
contendo muitas espinhas finas são ticados. Dessa forma
as espinhas se tornam imperceptíveis. Outros peixes
recebem golpes tradicionais para melhor penetrar o
tempero e/ou cozinhem por igual em todas as partes.
Recomenda-se de assar peixes inteiras junto com as suas
escamas. Os mesmos se mantêm muito mais suculentos e
evitam o ressecamento. As escamas não só protegem o
peixe como também evitem que ele adere a grelha. Na
hora de servir se retira a pele junto com as escamas. O
mesmo procedimento recomenda-se também para assar o
peixe na cama de sal.
Pitiu - Cheiro desagradável de peixe (ou outros
alimentos), resultado do início da decomposição do
pescado. Suco de limão, usado em abundância,
tradicionalmente de limão galego, ou vinagre evitam ou
retiram o pitiu. Folhas de vinagreira, acrescentadas bem
no fim do preparo, acrescentam frescor.
Salmourar ou salgar o peixe – Peixe fresco
preserva-se muito melhor coberto por uma fina camada
de sal ou nadando numa salmoura feito de sal e água com
gosto do mar. O sal não só impede que se desenvolve
qualquer pitiu mas também acrescente novos sabores ao
peixe, intensificando o seu próprio gosto.
Banho de colorau e refogado – Colorau ou
açafrão da terra, diluída em azeite, cebola, alho,
pimentão, grande ou regional, tomate e cheiro verde não
podem faltar no preparo de quase todos os pratos
amazônicos, acrescentando-os cores apetitosas e gostos
inconfundíveis.
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
59
PEIXE FRESCO – COMO COMPRAR
Armazenamento – Deve-se observar o
armazenamento dos peixes. Gelo em abundância é um
bom sinal. Mas a água, resultado do degelo, não deve
entrar em contato direto com o peixe, já que poderia
conter impropriedades.
Odor - Peixe fresco não tem cheiro, menos ainda de
peixe. Peixe fresco tem cheiro neutro e agradável,
lembrando brisa e água. Peixes com cheiro
desagradáveis, no Norte chamado de pitiu, não são mais
frescos e o seu cheiro é sinal claro que o processo da
decomposição das suas carnes já iniciou. O cheiro de
peixe se manifesta mais na cabeça, perto da guelra. Filés
de peixe também devem ser livres de qualquer cheiro,
apresentando a sua carne brilhosa quase transparente
sem depressões ou manchas.
Aspecto, textura e toque – A carne de peixe
fresco tem aspecto firme, elástico e bem aderida à
espinha. A sua aparência deve ser muito similar à um
peixe vivo, de corpo resistente e firme, o ventre sem
inchaço ou murcho. Ao apalpar, a carne deve resistir ao
toque, especialmente na barriga – as vísceras se
descompõem por primeiro. Peixe com aspecto molengo
já passou tempo demais fora da água ou foi
descongelado.
Aperto de dedo – Apertando a carne de peixe com
o dedo não deve resultar em marca ou depressão
nenhuma. Caso deixa, desiste da compra.
Pele – Pele de peixe fresco é úmida e brilhosa, livre de
manchas ou ferimentos. A fina camada de muco que
cobra a pele tem que estar intacta e transparente, nem
.
acinzentado ou amarelado e além disso não apresentar
nenhum vestígio de gosma. As escamas devem ser unidas
entre si, translúcidas e fortemente aderidas à pele.
Nadadeiras - Nadadeiras intatas, limpas e brilhosas
são um ótimo sinal. Jamais devem se apresentar
ressecadas, secas ou grudadas uma a outra. Nadadeiras
com defeito indicam captura indevida ou transporte
prorrogado
Cavidade abdominal – Os órgãos internos devem
ser bem definidos e com odor suave. O peixe deve ter sido
limpo por completo e com cuidado. Cavidade abdominal de
cor vermelha viva indica frescor. Cores mais escuras e
restos de sangue marrom e ressecados indicam peixes de
menor qualidade.
Olho - O olho do peixe deve ser úmido, claro e cristalino
que nem vidro, saltando para fora. Olhos esbugalhados ou
turvos são um mal sinal. Olhos opacos e côncavos indicam
que o peixe ficou tempo demais sob gelo.
Brânquias (guelras) - Ao levantar as guelras, as
brânquias do peixe devem apresentar-se de cor vermelho
ou rosada, brilhantes, úmidas e sem viscosidade. Mais
tempo o peixe fica fora da água, mais alaranjada-marrom a
guelra se torna. Brânquias grudentas ou gosmentas são um
péssimo sinal. Recomenda-se certo cuidado ao comprar
peixes sem cabeça e nadadeiras, ou já filetado. Dessa
maneira faltam quase todos os indicadores que garantem o
frescor do peixe. A carne de crustáceas é muito tenra e
extremamente sensível. A carne de camarões frescos é
acinzentada e sem odor, torna-se arosada somente em
contato com calor.
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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CORTES DE PEIXES
Bandear peixes - Parte-se peixes
grandes, especialmente tambaquis, ao
longo da espinha dorsal em duas partes
ou bandas. Assa-se essas bandas
tradicionalmente na grelha – as costelas
e a cabeça são tidos com as partes mais
deliciosas. Costuma-se bandear outros
peixes grandes também como os bagres
surubim ou filhote, para depois cortar as
bandas em postas, perfeito para
ensopadas em caldeiradas ou peixadas.
Costelas - Recortadas das bandas de
tambaquis grandes, obtém-se as famosas
costelas, nada mais do que a parte do
lombo logo após a cabeça, separada em
costelas ao longo de uma ou várias
espinhas grossas.
Postas ou filés - Postas grossas de
peixes gigantes como pirarucu ou filhote
são repartidas em fatias ou filés mais
finos menores para assar por igual.
Lombo do peixe - Costas do peixe,
tiradas dos dois lados logo após a cabeça
Ventrecha do peixe - Barriga de
peixes grandes, muito apreciada por ser
bem gordo e suculento.
Peixes não descamados - Grelha-se
peixes maiores como matrinchã inteiros
de preferência com as escamas,
preservando dessa maneira a suculência
e o sabor das suas carnes gordas e
magras.
Defeso - Tempo durante o qual o peixe
reproduz e consequentemente nem pode
ser nem pescado nem vendido. Muitos
peixes grandes e comercialmente
importantes infelizmente estão
desprotegidos e sem defeso.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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Abrir em borboleta
Consta em abrir o peixe ao longo
da barriga sem desprende-lo por
completo no lado oposto. Abre-se
o peixe dessa maneira para
grelhar, rechear ou salgar e secar.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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TRATAR PEIXE
Ticar/quitiár o peixe - Tica-se peixes menores como jaraqui,
charuto, aruanã, piranha e outros. Aplica-se cortes ou golpes
próximos, transversal a coluna vertebral. Essa técnica retalha e
quebra as espinhas finas incômodas de peixes menores. Carás,
maparás, tucunarés e outros recebem um golpe na transversal ao
longo do lombo e peixes maiores ou partes de peixes podem ser
ticados o que não só ajuda em absorver melhor os temperos e
destilar gordura enquanto assem na grelha mas também facilitar o
cozimento do peixe de maneira homogenia. Suco de limão e o calor
do cozimento reforcem o efeito, amolecendo a espinha picada ao
ponto que ela fica imperceptível.
Tica e recorta-se também todos os peixes a serem
salmourados e/ou salgados. Eles recebem cortes ao longo do corpo
ou do filé para o sal penetrar com mais facilidade e mais uniforme.
Partes mais grossas estão repartidas e abertas que nem um leque
em várias camadas.
Tratador de peixe é capaz de ticar sem olhar. Os dedos
guiam a faca recuando milímetros depois cada golpe.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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MANEJAR E PREPARAR PESCADOS
Frescor - O segredo de qualquer prato com peixe é o
frescor do mesmo. Sendo um alimento altamente perecível,
mais rápido o peixe é preparado, melhor. Pescados perdem já
nas primeiras 24 h um terço da sua
qualidade e do seu sabor. Peixes
devem ser armazenados na
geladeira sob um prato limpo,
cobertos por filme transparente
ou sob gelo, também protegidos,
para evitar qualquer ressecamento.
Peixe fresco pode ser mantido
em bom estado na geladeira por
no máximo 48 h sem perder em
qualidade.
Congelar peixe – Só peixe fresco
e devidamente tratado deve ser
congelado. Ideal é congelar o peixe
sobre uma superfície coberta com
filme transparente até o peixe está
firme. Depois ele é banhado por
alguns segundos em água fria para se formar uma fina
camada de gelo protetora em volta do peixe. Agora ele pode
ser armazenado individualmente em temperaturas abaixo de
zero graus em folha de alumínio ou em saco plástico por no
máximo 5 meses sem perder em qualidade. Recomenda-se
de congelar filé de peixe individualmente.
Ao serem congelados, peixes mais gordos tendam a
perder
perder sabor mais rápido do que peixes mais magros.
Descongelar peixes – Descongelar peixes exige
bastante cuidado. Os peixes congelados devem descongelar
na geladeira, postos sobre uma vasilha para acumular e
retirar a água do descongelamento. Peixes inteiros devem ser
completamente descongelados antes do uso. Descongelar
800 - 1000 g de peixe leva mais ou menos 12
horas. Filés de peixe ou crustáceas menores
podem ser usados ainda meio congelados ou
mesmo congelados. Somente em urgências
culinárias descongele o peixe sob água
corrente fria. Moluscos são, devido a sua
composição protética específica mais sensíveis do
que peixes. Devem ser armazenados durante no
máximo 1-2 dias dentro da geladeira. Melhor é o
consumo imediato ou congela-los já cozidos para
não perder aroma. Crustáceas se preservam
frescos ou cozidos por 1-2 dias na geladeira e
podem ser armazenados no congelador por um
mês.
Ao cozinhar peixes – escolhe o peixe certo
dos mesmos peixes. Invertendo a lógica, vale
primeiro escolher o peixe mais fresco disponível,
para depois escolher a receita. Peixes gordos ficam melhor
assados na grelha, mais magros são perfeitos para ensopados.
Na dúvida siga a indicação do vendedor de peixe e também
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instrui o tratador de peixe sobre o que pretende fazer com a
sua compra. Eles indicarão o melhor peixe para o seu prato
ou o corte mais adequado para o peixe escolhido.
Preferências regionais, ama-se no Norte peixes mais
gordurosos e cultiva-se um amor incondicional para peixes e
camarões salgados, devem ser respeitadas, mas os mesmos
não agradem a todos, especialmente aos não iniciados.
Peixe grande, aposta certa – Peixes grandes de
carne firme como o pirarucu ou os bagres filhote ou surubim
combinam com quase todos os preparos, além de ter
espinhos tão grandes que nem em postas não costumam de
incomodor ninguém. Pratos tradicionais prepara-se quase
sempre com a mesma variedade bem pequena dos mesmos
peixes. Peixes de carnes mais delicados como as pescadas e
tucunarés, são ideais para serem empanados e fritos e
melhor ainda em sopas e caldeiradas. Peixes mais
gordurosos e com isso bem suculentos como tambaqui,
mapará ou matrinchã ou peixes menores como jaraqui,
charuto ou pacu são perfeitos para serem assados no forno
ou na brasa, inteiros ou divididas em bandas. A gordura do
peixe, peixe muito gordos como o mapará ou a sardinha
podem apresentar até 20% de gordura, ajuda a reter a
umidade, evitando o seu ressecamento. O segredo do
preparo certo são cortes específicos que ajudem drenar
parte da gordura.
Carnes delicadas – as carnes de peixes tem, devido a
sua estrutura muscular, menos tecidos conjuntivos que são
responsáveis pela sua maciez. Isso os torna por outro lado
mais sensíveis. Consequentemente cozinham peixes e
camarões em geral muito mais rápido do que por exemplo
carne. Crustáceos, acinzentado em estado natural, se tornam
avermelhados ao entrar em contato com o calor. As suas
carapaças contêm astaxantina, um pigmento da família dos
carotenoides que reagem com o calor, se tornado rosa.
Lavar peixe com limão – No Norte do Brasil é
obrigatório de „lavar“ o pescado com água e limão antes de
usa-lo em qualquer receita. Este procedimento reduz
qualquer pitiu, mas inicia já um précozimento das carnes
delicadas e pode ser dispensado usando peixe muito fresco.
Corta-se o limão e esfregue-se sobre todo o peixe, também
por dentro da barriga. O suco de limão também pode ser
misturado à água da lavagem dos pescados.
Salgar ou salmourar para preservar- Aplicar
uma fina camada de sal sobre um peixe antes de guarda-lo
numa noite na geladeira, ou deixa-lo nadar numa salmoura
moderada, preserva o frescor do peixe, evite pitiu, lhe
acrescente sabores mais complexos e intensifica o seu
próprio gosto.
Dessalgar peixes e crustáceas salgados –
Receitas com peixe salgado pedem normalmente peixe
dessalgado, escaldado e depois desfiado e livre de qualquer
pele ou espinhas. Para hidratar peixes, camarões, avium e
piracui secos e salgados, os mesmos devem ser demolhados
em água abundante de um dia para outro ou, se for
necessário, por mais tempo, permitindo que seja retirado o
excesso de sal. A água deve ser trocado várias vezes. Depois
são lavados, igual peixe fresco, com limão e temperados com
alho, pimenta, colorau ou a gosto. Em certas receitas
demolha-se o peixe colocando-o em leite ou aferventando ou
cozinhando-o com água ou uma mistura de água com leite
fervente.
Use e abuse de colorau ou açafrão - O uso de
colorau ou açafrão, combinado com sal, óleo ou azeite é
responsável pelo aspecto apetitoso do peixe.
Filetes azuis ao lado esquerdo da página demarcam as
páginas com fotos e informações sobre peixes e crustáceas.
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(RE-)DESCOBRE COMO PREPAR PESCADOS
A versatilidade de pescado e crustáceas
amazônicos – se mostra nas inúmeras maneiras de
prepara-los: ensopados, fritos, moqueados, guisados,
grelhados, cozidos no vapor etc.. Mas antes de iniciar
qualquer preparo, usa-se aqui no Norte limão, quase
exclusivo o limão galego, para „lavar o peixe“, tirando-lhe de
imediato qualquer pitiu! Igualmente indispensável é um
bom banho de colorau com sal no qual o peixe descansa
para tomar gosto. Depois já pode ser grelhado ou
moqueado. Outros preparos partem do tipico refogado:
Cebola, pimentão regional, alho, cheiro verde com muito
coentro e algumas folhas de chicória, tudo bem picadinho. A
gosto entram um tipo de alfavaca e tomate além de
gengibre e pimenta de cheiro. O colorau também pode ser
substituído por açafrão-da-terra. Importante é que a palidez
do peixe ganha uma cor mais apetitosa. Outro tempero,
certa pungência e acidez vem tanto de tucupi, das pimentas
de cheiro, fresacas ou curadas no tucupi, na cachaça ou no
óleo ou do sempre presente cominho que combina muito
bem com peixe. Tradicionalmente sirva-se o peixe com
arroz, mas nunca falta uma farinha na mesa amazônica. A
farinha também é a base para outras iguarias como a mojica
e todo tipo de pirão. Todos, mais líquidos ou quase um
mingau, são aromatizados com um reconfortante fundo de
peixe. No vatapá ou na açorda a farinha pode ser substituído
por pão dormido.
Indispensável banho/vinho de colorau –
Aplique-se no Norte quase a todos os peixes, antes de seguir
a receita, uma fina camada de colorau e sal ou um verdadeiro
banho de colorau. Também chamado “vinho de urucum“
contém o pó vermelho diluído em óleo, vinagre ou água. A
gosto complementa-se com suco de limão, pimenta e alho
picadinho. Nesse tempero o peixe descanse por 30 minutos.
Não desperdice as aparas! - Sempre compre
peixes inteiros mesmo que depois pede para tirar só o filé.
Tirado o filé, não despreze nem cabeça, espinhaço e todas as
outras partes do peixe ou cabeças e carapaças de crustáceas.
Eles rendem ótimos fundos de peixe! Só dourar num fio de
azeite, cobrir com água e lentamente cozido sob fogo
brando. Logo o caldo começa a perfumar. Filtrados são ponto
de partido indispensáveis para a maioria das sopas, do pirão,
de risotos, vatapá e muito mais.
Pururuca de couro ou pele de peixe –
Preconceitos a parte, não desperdiça a pele dos peixes! Pele
de peixes de escama e de couro são muito ricos em gorduras
saborosas e colágenos. Nada melhor do que colágenos para
encorpar um caldo lhe dando sabor extra e cremosidade.
Fritos, o couro do peixe se revela um verdadeiro petisco.
Peixe nadando – em peixadas e caldeiradas fazem
parte do famoso cardápio nortista. Peixadas, na tendência, se
faz com um único peixe, por exemplo tucunaré. Na
caldeirada podem entrar diversos tipos de peixes que variam
em cada região, camarões regionais e caranguejos. O caldo
elaborado das aparas fica mais fino com um cálice de vinho
branco seco ou um pouco de vinagre ou limão. Nunca faltam
legumes e as típicas batatas e o ovo cozido que deve ser
herança portuguesa. Para as caldeiradas usa-se fundo de
peixe ou água, enriquecido com um cálice de vinho branco,
um pouco de vinagre ou limão, tudo temperado com o
tradicional refogado e engrossado a gosto com um pouco de
farinha d´água. As mesmas caldeiradas também não fazem
feias ensopadas com um aromático caldo de tucupi. Para
quem gosta, o indispensável cominho. O peixe pode ser
servido dentro do caldo ou a sopa na frente a parte. E lembra
se: A carne do peixe é muito sensível – cozinha-a em fogo
bem brando.
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Pirão e mojica – enquanto o pirão acompanha um peixe
moqueado, uma caldeirada ou um moqueca e é feito
basicamente de fundo de peixe engrossado com farinha
d´água, a mojica é um prato independente. Sopa consistente e
saborosa é preparada com peixe desfiado ou sobras de peixe,
avium ou piracui que lhe dão o seu sabor inigualável.
Açorda, bobó ou vatapá – são irmãs do pirão e
devem ter sido trazido salém-mar. Enquanto o bobó é feito de
purê de macaxeira, os dois outros combinam a gosto pão
dormido ou simplesmente farinha de trigo amolecido com
fundo de peixe, leite ou leite de coco. Dependendo da região
podem também entrar castanhas ou amendoim, além do
peixe desfiado e o toque de dendê para o vatapá.
Peixe assado nas brasas - Uma das maneiras mais
tradicionais é assar peixe, de preferência inteiro, na brasa.
Uns, como cujuba ou acari-bodó, vão na própria carapaça
sobre as brasas, outros como matrinchã ou pirapitinga
ficam mais suclentas ainda mantendo as escamas, um tipo de
proteção natural. Peixes maiores como tambaqui e
pirapitininga costuma-se servir em bandas. Mais gordo a
carne de um peixe, melhor ele fica na grelha. Dessa maneira
os deliciosos pacus, maparás e fura-calças, todos peixes
menores bem gordos, acabam quase sempre na grelha. O
calor das brasas ajuda destilar parte da sua gordura deliciosa.
Falando de grelha – uma cabeça nada modesto de bagres ou
de um pirarucu assada sob brasas localmente também e tido
como iguaria. Delícias regionais cheias de cartilagem são
devorados junto com muita farinha.
Moquem e peixe defumado – com a chegada da
geladeira se perdeu a importância de moquear o peixe. O
moquém, uma espécia de tripé feito de galhos que seguram o
peixe longe do chão e da brasa, permita que o mesmo é mais
desidratado e defumado do que assado, já que o calor é
moderado. A fumaça com seus aromas delicados impregna-se
no peixe e serve tanto para aromatizar quanto para conservar
o peixe durante algum tempo. A técnica é bem parecida como
a técnica de defumação aplicada em outros países. A única
diferença é que peixe defumado normalmente passa por uma
salmoura antes de ir para o forno da defumação. Outros
preparos tradicionais embrulham peixes mais delicados na
folha de bananeira ou em outras folhas, os precursores do
papel manteiga ou das folhas de papel alumínio. Depois são
assados diretamente sob as brasas ou posto numa grelha.
Peixe guisado ou moqueado – vem normalmente
na tradicional panela de barro, preta ou cor de barro. Essa
panela, bem untada, é forrada com camadas alteradas de
cebola, tomate e pimentão com peixe ou crustáceas, o peixe
normalmente em postas, todas as camadas temperadas a
gosto. Sob o calor soltam os próprios sucos aos quais depois
pode ser misturado leite de coco, tucupi e azeite de dendê a
gosto. Ingredientes alternativas como batatas, macaxeira,
banana pacovã, limão da Caiena ou frutas de caju combinam
surpreendentemente bem. Usa-se peixes firmes e com
personalidade. O aroma de peixes mais delicados tenda a ser
sobreposto pelo aroma forte do azeite de dendê.
Peixe frito, peixe assado no forno – peixe frito,
empanado com uma bela crosta ou simplesmente dourado
em óleo neutro, é sempre um sucesso. Preparo ideal para
peixes menores como charuto ou jaraqui não só pelo sabor,
mas também porque a fritura transforma as espinhas e
mesmo cabeças e rabos em delícias que podem ser devorados
sem menor cerimônia. Para empanar peixes podemos
escolher entre os mais variados ingredientes. A farinha de
trigo garante um bronzeado bonito, farinhas d´água ficam
mais pálidas mas acrescentam crocância extra. Farinha de
tapioca em flocos bem finos ou fubá são alternativas
interessantes. Massas de trigo ou goma e cerveja a moda
japonesa funcionam muito bem também. Um toque extra dá
farinha ou xerém de castanhas de tipos variados. Quem tem
medo da gordura ou das calorias, asse tudo no forno que dá
resultados satisfatórias também. Peixe frito no óleo deve
descansar sob papel cozinha. Uma infusão de cravo e canela
cozinhando em fogo baixo evita cheiros desagradáveis de
fritura.
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Peixe assado na panela ou frigideira ou no
forno – é a solução mais simples e certeira para iniciantes.
Tempere se a posta ou o filé conforme gosto, espera
descansar no tempero, seque com ajude de papel cozinha e
antes de assar vire ou não na farinha de trigo. Depois só assar
na frigideira previamente aquecida junto com um fio
generoso de azeite ou manteiga. O segredo é esperar. Evite
tocar ou mexer com o peixe até se formou em contato com a
panela uma deliciosa crostinha. A crosta evita que ele adere
no fundo e dessa maneira o peixe pode ser virado sem
problemas. Virado, só esperar até se firmar a crosta no outro
lado. Peixe assado com pele deve ser assado primeiro com a
pele por baixo. A carne inicialmente translúcida do peixe deve
se tornar opaco e se desfazer com facilidade em lascas firmes,
sinalisando que o peixe está no ponto. Peixes inteiros assados
no forno coloqua-se de preferência numa forma refratária
untada com azeite.
Selar o peixe ou crustáceas – significa dourar o
peixe ou por exemplo camarão de todos os lados em azeite ou
manteiga. Pode-se selar peixes antes de coloca-los na água da
caldeirada ou outros preparos ou selar postas ou filés que
quer servir acompanhado de molhos dos mais diversos,
simples ou sofisticados. Carnes delicadas de pescados e
crustáceos se selam rapidamente. Ao selar o peixe ou
camarão é importante de toca-lo o mínimo necessário. Vira-o
somente depois se formou de um lado uma fina crosta e
repita a mesma do outro lado.
Peixe confitado no azeite - Confitar peixe, hoje
novamente na moda, é nada mais do que assar uma posta
de peixe fresco ou salgado lentamente nadando em azeite
em abundância. É essencial caprichar na escolha de todos
os ingredientes e assa-los em temperatura em torno de 100
graus, de preferência em banho-maria, evitando dessa
maneira que a gordura utilizada não frita e somente assa.
Mantém os ingredientes restantes, alho, cebola, legumes e
batatas inteiros ou em pedaços generosos para não
desmancharem e encharcam. O tempo do cozimento varia
de 20 a 60 minutos.
Peixe cozido no vapor - Ao assar no vapor, a
maneira mais atual, mais natural e mais saudável de preparar
pescados, preserva-se não só o gosto próprio e as suas
aromas delicadas do peixe ou das crustáceas, mas também e
todos os nutrientes da melhor maneira possível. Nem peixe
nem crustáceas correm risco de ressecar e dispensa-se o uso
de qualquer gordura. Para cozinhar no vapor existem panelas
específicas com cestos perfurados ou de arame nos quais o
peixe lavado e temperado cozinha lentamente. Panelas com
cesto para cozinhar macarrão ou cuscuzeiras também
podeiam ser usadas, tanto quanto os famosos cestos de
bambu chinesas. Peixes assados na folha de alumínio, em
papel manteiga, chamado de papelote, trabalham com o
mesmo princípio. Importante é que o peixe não entra em
contato direto com a água! Ele deve cozinhar unicamente no
vapor que se forma de dois ou três dedos de água no fundo
da panela. Dependendo do tamanho do peixe e a sua
espessura, recomenda-se por exemplo que postas de 3-5 cm
precisam ser exposto ao vapor por 15-20 minutos. O peixe
está no ponto quando a sua carne se desfaz em lascas firmes
e mudou de translúcido para branco opaco. Filés de peixe
levam 5 até 10 minutos, peixes inteiros mais ou menos 40
minutos.
Peixe assado sob sal ou coberto por uma
crosta de sal – Não há maneira mais simples e ao
mesmo tempos extremamente saborosa e pomposa do que
assar pescados ou crustáceas sobre uma camada generosa de
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sal grosso ou cobertos por inteiro com o mesmo sal. Cubra-se
o peixe inteiro, de preferência com as escamas, com sal
molhado e asse-se o peixe nessa crosta. Dependendo do
tamanho pode levar entre 30 minutos ou 1 hora. Ao servir,
quebra-se a crosta, retira-se a pele e sirva-se somente o filé.
O ponto ideal de cozimento - Ao enfiar uma faca
no ponto mais grosso do peixe a carne deve se partir e soltar
dos espinhos com facilidade. A carne deve aparentar-se
firme e ter mudado de cor vidraçado-transparente para
branco leitoso.
A carne das crustáceas é mais tenra e sensível e
precisa somente alguns poucos minutos para cozinhar.
Cozinha-se as crustáceas demais, eles endurecem. Para
ensopa-los é importante que o líquido escolhido não deve
ferver, mas permanecer durante o cozimento um pouco
antes do ponto da ebulição. Carapaças e cabeças de amarões
podem ser ingeridas sem problemas e são bem nutritivos.
Uma salmoura de meia hora e uma fritura com bastante óleo
os tornam crocantes e deliciosos.
Petiscando peixes e crustáceas – Além de unha
de caranguejo e farinha de piracui, fazem saladas e cocktails
com peixes locais sucesso. De mesas estrangeiras os nativos
já compartilham os ceviches, peixes salmourados, peixes
crudos ou curados em casa. Canapés nortistas, formadas por
beijucica, um molho ou pesto, e um pedaço de peixe ou a
versão local do dadinho com avium ou camarão fazem a festa
em forma de entrada ou petisco contemporâneo. Até a
tapioca não despreza um recheio bem nortista.
Gratinados, tortas e pizzas – Escondidos nas tortas
tradicionais ou mais moderno na pizza, peixes, piracui, avium e
camarões combinam, escondidos ou em boa companhia com
outros ingredientes muito bem com muitos tipos de
escondidinhos, gratinados ou até com pastel ou empanadas.
Arroz ou macarrão de pescados – são pratos
modernos e rápidos, especialmente porque usam uma única
panela. Os molhos dos mais diversos aproveitam-se dos gostos
deliciosos de peixes desfiados, defumados, crustáceas ou
mexilhão. Fundo de peixe ou crustáceas dá um toque de chef a
qualquer arroz ou risoto com peixes ou crustáceas.
Acompanhamentos - A farina d´água, seja graúda ou
fina, em forma de pirão ou de farofa, as pimentas de cheiro,
muito limão, uma vinagrete bem picadinha o inabdicável arroz
branco são os acompanhamentos mais tradicionais tanto para
pescados como crustáceas. Em certas regiões preza-se
também o açaí para acompanhar peixes fritos ou camarões. As
verduras ainda têm um papel secundário nas mesas nortistas.
Normalmente entram só nas caldeiradas e no vinagrete. O
livro propõe usar muito mais verduras e legumes como uma
refeição mais balanceada e moderna requer. Além propõe os
mais diversos molhos e vinagretes variados, todos caseiros e
simples.
Bebidas que acompanham o peixe - Escolha
clássico para acompanhar um peixe é o vinho branco. Vinhos
rosés acompanham muito bem peixes mais fortes e peixe
salgado até combina com certos tintos. Cervejas vão bem com
peixes assados por exemplo com tambaqui.
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A mulher e a sardinha
querem-se da mais
pequeninha
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ARACU-COMUM
Aracu-comum
Perfil
Aracus são fáceis de identificar - quase todos exibem um tipo de listras
ou pintas marcantes e decorativas ao longo do corpo. Os nomes
espelham isso. Há o aracu-riscado, o aracu-de-três e outro de-quatropintas.
O aracu-flamengo por sua vez se veste com inúmeras listras
verticais. Todos, sem exceção, são um mais decorativo do que o outro.
Muitos deles nadam em aquários pelo mundo afora, longe da
Amazônia. A Amazônia lhes tira outro proveito. Revelam-se, mesmo
com bastante espinha, pequenas delícias caseiras. Devidamente
ticados, acabam na grelha ou apetecem empanado e frito. Peixes de
escamas menores, alcançam 40 cm e pesam entre 150-700g. Pertencem
a família dos Anostomidae, sendo dos generos Schizodon fasciatus,
Leporinus fasciatus ou Lepronius affinis. Oníferos, compõem sua dieta
de algas, capins aquáticos, frutas, sementes e insetos. Ocorrem em
grandes enxames preferindo as águas claras onde povoam as
contracorrentes, os remansos dos rios, lagos e florestas alagadas.
Paladar
Sua carne é delicada, leve e com baixo teor de gordura, porém com
discreto gosto de terra.
Preparo
É um peixe com bastante espinha, tradicionalmente consumido inteiro,
ticado, assado na brasa, frito ou empanado.
Proposta
Aracu na brasa com molho condimentado
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Entre Novembro e Março dependendo da região.
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ARACU-CABEҪA-GORDA
Aracu-cabeça-gorda
Perfil
Visivelmente maior do que os outros aracus e com cabeça mais
arredondada, o aracu-cabeça-gorda, Leporinus trifasciatus exibe as
mesmas decorativas listras ou pintas escuras da maioria do seus
pares aracus ou piaus, todos da grande família dos Anostomidae.
Peixe de escamas de coloração cinza prateada com corpo alongado e
fusiforme vive nas bacias amazônicas. Alcança de 30 a 40cm de
comprimento e um peso total de 1,5kg. A sua dieta é bastante
variada, dependendo da oferta inclua insetos, frutos e sementes,
folhas ou outros peixes. Sendo de temperamento arisco, dá
preferência a margens de rios, lagos ou se retire na floresta
inundada. Peixe indispensável na pesca de subsistência, pescado e
consumido quase no mesmo local, mas mas também apreciado
como peixe ornamental.
Paladar
Carne delicada, com baixo teor de gordura, porém com bastante
espinha. Tem certo gosto de terra ou lodo.
Preparo
Sendo um peixe com bastante espinha precisa ser ticado antes do
consume. Tradicionalmente é assado ou frito.
Proposta
Filé de aracu-pinima curtido no azeite com laranja, limão e mel
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Entre Novembro e Março dependendo da região.
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ARACU-PINIMA
Aracu-pinima
Perfil
O aracu-pinima, também chamado de aracu-pau-de-vaqueiro,
Rhytiodus microlepis ou argenteofuscus exibe, no lugar de listras
decorativas, um desenho em diferentes tonalidades, oscilando entre
marrom e prateado, mesclando no seu marmorizado tons mais
escuros com mais claras, separadas por uma linha reta. Peixe
pequeno, alcança 35 cm de comprimento, tem o corpo comprido e
fusiforme, a cabeça alongada e escamas muito finas. Herbívoro,
alimenta-se preferencialmente de algas, raízes e insetos. Deslocandose
constantemente, vive em cardumes. Sendo um dos poucos peixes
com predileção para certas águas, prefere lagos e rios de água branca.
Paladar
A sua carne é delicada, leve e muito apreciada, porém com bastantes
espinhas.
Preparo
Espinhoso, tradicionalmente é ticado antes de qualquer preparo. É
ideal para grelhar, assar ou fritar. Sua carne magra tem certo gosto de
terra ou lodo.
Proposta
Aracu sob molho verde condimentado
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Entre Novembro e Março dependendo da região.
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Caldo de peixe com legumes apimentado
½ cambada de aracus tratados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cebola picada
4-6 pimentões regionais em listras, sem sementes
1 pedaço de gengibre ralado
A gosto 1 pedaço de açafrão-da-terra
3-4 dentes de alho
1 cará, batata-doce ou macaxeira cozida
Legumes variados cortados em pedaços, por exemplo
maxixe, abobrinha branca,
1 ½ l de fundo de peixe ou água
½ copo (100 ml) de vinho branco seco ou suco de limão
1 pitada de noz-moscada
1 pitada de cominho a gosto
Farinha d´água a gosto para engrossar
1 cheiro verde picado
Pimento de cheiro a gosto
Lave o peixe com limão, tempere a gosto com sal, pimenta,
alho e colorau e reserve por 30 minutos na geladeira.
Cozinha a batata e todos os legumes no fundo de peixe ou
em água com sal até estejam macios e reserve os legumes
e o caldo. Refogue a cebola junto com o pimentão num fio
de azeite. Acrescente colorau, gengibre, açafrão-da-terra e
os outros temperos, espere perfumar e reserve. Na mesma
frigideira sele o peixe dos dois lados. Coloque o peixe no
caldo reservado e cozinhe em fogo muito brando até a
carne se solta com facilidade da espinha. Retire o peixe,
desfie e devolve, junto com os tubérculos e os legumes ao
caldo.
A gosto e para obter um caldo mais cremoso, passe o
mesmo antes junto com todos ou uma parte dos legumes e
tubérculos pelo liquidificador ou engrosse o mesmo com
farinha. Corrija os temperos e sirva acompanhado de
bastante pimenta, farinha e limão.
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82
Aracu escabeche
1 cambada de aracus, tratados e ticados
1 limão galego
Sal, colorau e pimenta-do-Reino a gosto
1-2 cebolas, cortada em anéis
6 dentes de alho, cortados em laminas
1 pedaço de gengibre picado
8 tomates bem maduros, cortados em rodelas
3-5 pimentões regionais, cortados em anéis
2-3 batatas-inglesas ou batatas-doces, cortadas em fatias
1-2 ramos de alecrim fresco
½ xícara (100 ml) de azeite
½ xícara (100 ml) de vinagre branco suave
1 cheiro verde picado
3 folhas de louro
Raspas da casca de um limão
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira.
Unte o fundo de uma panela de pressão generosamente com azeite, acrescente uma camada de tomate,
batata e cebola. Tempere e salpique com cheiro verde e cubra com uma camada de peixe. Siga alterando as
camadas até todos os ingredientes acabaram. Acrescente as folhas de louro e os ramos de alecrim e regue
tudo com o azeite e o vinagre. Cozinhe sob pressão por 20 minutos. Espere a panela esfriar por completo
antes de abrir. O peixe fica melhor ainda curtido uma noite. Sirva quente ou frio de entrada ou lanche,
salpicado com raspas da casca de limão.
T
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83
Aracu na brasa ou no forno com dois molhos – picante ou
tucupi
1 cambada de aracus, limpos, ticados e 1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Pimentas de cheiro e folhas de vinagreira a gosto
Jambu a gosto
Lava o peixe com limão, tempere com sal, pimenta, colorau e
alho a gosto. Reserve por meia hora na geladeira. Asse no forno
ou na brasa até dourar ou a carne se solta com facilidade das espinhas.
Molho picante
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais vermelhos
1 pedaço de gengibre picado
Azeite
2-3 dentes de alho picados
Sal, pimenta e colorau a gosto
2-3 tomates regionais picados
1 pedaço de açafrão-da-terra fresca ou em pó
¼ colher (chá) de sementes de coentro, cominho e mostarda
1 pitada de noz mascavo e cravo em pó
100 ml de caldo de peixe ou camarão
1 maço de coentro fresco
Suco de limão ou vinagre a gosto
Para o molho refogue cebola, pimentão e gengibre em um fio de azeite. Acrescente alho,
colorau e as especiarias. Por fim incorpore o tomate e o caldo de peixe. Reduz em fogo
baixo. Para um molho mais uniforme bate no liquidificador. Corrija os temperos,
acrescente a gosto suco de limão ou vinagre e sirva o peixe sobre o molho.
Molho de tucupi ou arubé
1 l de tucupi ou molho tipo arubé pronto
3-4 dentes de alho picados
1 maço de cheiro verde picado
3-4 pimentões regionais picados
Azeite
Adicional farinha d’água fina ou goma de tapioca
Aquece o tucupi junto com o alho e o cheiro verde. Refogue o pimentão num generoso
fio de azeite e junte ao tucupi. A gosto engrosse o molho com farinha ou goma. Corrige
os temperos, incorpore jambu e sirva o peixe sobre o molho. Acompanha arroz, farinha,
pimenta de cheiro e beijucica.
Antes de servir, machuque com ajuda de um garfo, uma pimenta no prato e esplhe o seu
sumo a gosto.
84
Aracu frito sob molho verde condimentado e legumes
1 cambada de aracus, limpos e ticados
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Legumes ou verduras cozidos, assados na manteiga ou no forno por ex. quiabo, maxixe, feijão de metro ou couve
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Asse os legumes na manteiga ou a
gosto e reserve. Seque o peixe com papel toalha e a gosto passe por farinha de trigo ou d´água. Aquece dois dedos
de óleo e frite o peixe dos dois lados. Escorregue sob papel cozinha e sirva o peixe sobre um espelho do molho e os
legumes. Salpique com o refogado reservado e decore com fatias de limão. Acompanha arroz branco e beijucica.
Molho verde condimentado
¼ colher (chá) de cominho em grão ou em pó
½ colher (chá) de sementes de mostarda ou de coentro em grãos ou em pó
Azeite
5-7 pimentões regionais verdes sem sementes, em listras
1 pedaço de açafrão-da-terra fresco, picado ou em pó
1 pedaço de gengibre picado
2-3 dentes de alho picados
Sal e pimenta a gosto
1-1 ½ colher (sopa) de vinagre ou suco de limão
1 maço de cheiro verde
1 maço de coentro
1-2 batatas inglesas ou batatas-doces cozidas
½ xícara (100 ml) de leite de coco
¾-1 xícara (150-200 ml) de fundo de peixe
4 folhas de vinagreira
Torre as sementes sem azeite numa frigideira sob fogo brando até levantarem seu perfume. Acrescente um
generoso fio de azeite, o pimentão, o gengibre e o açafrão e refogue tudo junto. Bem refogado, incorpore o alho e
tempere com sal e pimenta. Reserve parte do refogado para salpicar o peixe. Misture a outra parte com o restante
dos ingredientes e processe até obter um purê não muito denso. Corrige a acidez, devolve a panela, aquece em fogo
brando e depois reserve.
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Filé de aracu-pinima curtido no azeite com laranja,
limão e mel
18 filés de aracu com o couro*
1 limão galego
Marinada
1-2 laranja/s, ¼ - ½ de um copo (50 - 100 ml) do suco
½ limão, 1/8 – ¼ de um copo (25 - 50 ml) do suco ou a gosto
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de mel nativo de abelha sem ferrão
½ - 1 copo (100-200 ml) de azeite
Raspas da casca de limão e laranja a gosto
Lave o peixe com limão, salgue com um fina camada de sal e deixe
curtir na geladeira por no mínimo 4 h. Numa panela junte todos os
ingredientes da marinada. Misture bem e corrija os temperos,
equilibrando o salgado com o ácido e o doce. Aquece lentamente em
fogo brando durante 15-20 minutos. Evite que levante fervura. Sob
água corrente tire o excesso do sal dos filés do peixe, enrole cada um
individualmente, fixando com um palito. Arrume numa travessa e regue
com a marinada quente. Leve a geladeira para curtir durante no mínimo
4 horas e sirva de entrada ou lanche acompanhado de pão fresco ou
beijucica.
*Para prevenir qualquer infecção com parasitas transmitida pelo
consumo de peixe cru, recomenda-se de congelar o peixe por no
mínimo 48 h antes de usa-lo.
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Branquinhas sob gelo
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BRANQUINHA
Branquinha
Perfil
Vários peixes miúdos com escamas e cores claras são popularmente
chamadas, dependendo de cada região, de branquinha. Pertencem a
família Curimatidae, uma família numerosa com quase 100 espécies,
podem ser identificados como Psectogasteramazonica, Potamorhina
altamazonica ou latior ou Curimata inornata. As branquinhas, todas
peixes pequenos da água doce, tem escamas muito finas e como o
nome sugere de cores bem claras, corpo comprido, só moderadamente
alongado e alcançam 30 cm de comprimento e um peso de 200g por
unidade. Forma grandes cardumes e habita unicamente as margens de
lagos e rios de águas claras e pretas, onde se alimenta de material
orgânico flocado, detritos e microrganismos, além de algas. Não
possuem dentes e o seu estômago tem forma de moela. Desovam no
início da enchente empregando migrações. Peixe barato e espinhoso,
tipicamente de subsistência e normalmente pescado para consumo
próprio, aparece de vez em quando nos mercados.
Paladar
A carne da branquinha é delicada e de gosto suave, levemente terroso,
lembrando jaraqui, porém com muitas espinhas
Preparo
Assado ou frito, sempre o peixe inteiro
Proposta
Branquinha com farofa de ervas
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Entre Novembro e Março dependendo da região.
J F M A M J J A S O N D
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Peixada de branquinha servida em dois tempos
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Peixada de branquinha servida em dois tempos
1 kg de branquinha ticada ou outro peixe inteiro ou em postas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
Açafrão da terra ou a gosto
2-3 colheres (sopa) de purê de tomate
1-2 cebolas picadas em listras
8-10 pimentões regionais ou 2-3 pimentões grandes cortados em pedaços grandes, sem
sementes
3-4 dentes de alho amassados
1 pedaço de gengibre picado
2-3 tomates grandes, cortadas em 8 pedaços
2-3 litros de água fervente
1 copo de vinho branco
1-2 folhas de louro
2-3 cravos
Cominho a gosto
Legumes da estação cortados em pedaços grandes como maxixe, feijão de metro, jerimum,
abobora branca, quiabo, cenoura cortada em espaguete, quiabo
Tubérculos como cará ou batatas pré-cozidos
1/2 maço de jambu, cariru ou couve a gosto
3-5 folhas de vinagreira a gosto
1 maço de cheiro verde picado
1 maço de coentro picado
1 ovo cozido
Farinha para pirão
Lave o peixe com limão e tempere com sal, pimenta, colorau ou açafrão-da-terra a gosto.
Reserve por meia hora na geladeira. Numa panela funda refogue a cebola junto com o pimentão
num generoso fio de azeite. Acrescente alho, gengibre e o purê de tomate. Complemente com
água, vinho branco e metade do cheiro verde. Espere levantar fervura, baixo o fogo e introduz
os temperos e depois os legumes e o peixe conforme o seu tempo de cozimento. Cozinhe tudo
em fogo muito brando, até o peixe esteja cozido e os legumes “al dente”, oferecendo, ao serem
mordidos, uma certa resistência aos dentes. Verifique o cozimento perfeito do peixe na parte
mais grossa do mesmo. Ao enfiar uma faca, a carne deve se soltar da espinha com facilidade e
apresentar uma cor embranquecida. Se for usar folhas como couve, ou cariru, coloque no fim do
cozimento, esperando só que as folhas murcham. Retire parte dos legumes e o peixe com todo
cuidado e mantém quente. Para o pirão, separe parte do caldo e engrosse com a farinha até
obter a consistência desejada. Acrescente os tubérculos já cozidos ao caldo, corrija os temperos
e sirva o caldo a parte. Salpique tudo com cheiro verde, coloque o ovo no pirão e sirva
T
acompanhado de arroz branco. Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
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Branquinha assada com farofa de ervas, gengibre e limão
8-10 branquinhas inteiras, limpas e ticadas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
½ cabeça de alho
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Pré-aquece o forno em 220 graus. Recheia a cavidade abdominal do peixe com metade do cheiro verde e
alho a gosto. Unte uma forma refratária com azeite, arranje os peixes e os dentes de alho na forma, regue
com azeite e começa a assar. Asse no forno por 20-30 minutos ou até o peixe se solta com facilidade da
espinha. Enquanto isso prepare a farofa. Nos últimos 5 minutos do cozimento salpique o peixe com a farofa
e raspas da casca de limão. Regue com azeite e decore com fatias de limão. Termine o cozimento e sirva
acompanhado do restante da farofa e arroz branco.
Farofa de ervas, gengibre e limão
½ cebola picada
5-6 pimentões regionais vermelhos em rodelas, sem sementes
1 pedaço de gengibre ralado
2 maços de cheiro verde picados
½ xícara farinha d´água para farofa
2-3 colheres (sopa) de manteiga
1 limão galego, suco e raspas da casca
Refogue a cebola, os pimentões e o gengibre na manteiga derretida. Junte o restante do cheiro verde e aos
poucos a farinha. Tempere com sal, pimenta e suco de limão a gosto. No final acrescente um pouco de casca
ralada de limão.
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91
Branquinha e legumes na massa de cerveja (tempurá)
600 g de branquinha ticada, inteira ou filés de outros peixes
2 limões galego
4-5 pimentões regionais inteiras com cabinho
½ maço de couve, as folhas rasgada em pedaços grandes
½ cenoura cortada em palitos
1 cebola cortada em anéis grossos
1 maço de maxixe, cortado ao meio ou em 4 partes
1 maço de quiabo cortado ao meio
Massa de cerveja ou tempurá
100 g goma de tapioca ou outro amido
100 ml de cerveja Pilsen gelado
2 g de fermento biológico
1 pitada de sal
Sal e pimenta a gosto
1 colher (chá) de colorau
500 ml de óleo neutro para fritar
1 folha de bananeira ou de mamoeiro para servir
Para a massa dissolva o fermento na cerveja, acrescenta a tapioca peneirada, o colorau, sal e pimenta a gosto e bata
até obter uma massa lisa e elástica. Deixe-a descansar em temperatura ambiental por 1 hora. Prepare o molho. Lave
o peixe com limão, tempere com sal e pimenta e guarde por meia hora na geladeira. Esquente o óleo o que está
pronto quando um pingo da massa frita rapidamente. Seque o peixe com papel cozinha e passe tanto o peixe quanto
os legumes aos poucos pela massa e frite. Doure no óleo por 4-5 minutos de todos os lados e espere escorrer sob
papel cozinha, mantendo quente. Sirva sob a folha verde acompanhado do molho agridoce e arroz branco e farinha.
Molho agridoce de legumes assados
1-2 cebolas cortadas em 4 partes
4-5 dentes de alho na casca, cortado o fundo
1-2 tomates regionais cortados em 8 pedaços
Azeite
4-6 pimentões regionais sem sementes
Sal e pimenta a gosto
1- ½ colher (chá) de açúcar mascavo ou rapadura
Suco de limão ou vinagre a gosto
Para o molho, primeiramente pré-aquece o forno. Regue um tabuleiro com azeite, coloque todos os ingredientes,
salpique com mais azeite e açúcar. Tempere com sal e asse no forno durante 40- 50 minutos ou até todos os
legumes caramelizaram. Junte todos os legumes, o alho espremido da casca e processe até obter um molho. Corrija
os temperos equilibrando acidez, salgado e doce e sirva acompanhando o peixe.
92
CACHORRINHO-DE-PADRE
Cachorrinho-de-padre
Perfil
O peixe pequeno e gordinho, de coloração castanha-escura
com manchas negras e de corpo curto e cabeça larga e
achatada é um peixinho de couro. Ele é muito apreciado e
consumido pela população da microrregião Bragantina.
Alcança 20 cm de comprimento e atende pelos nomes
cangati, cachorrinho ou cachorrinho de padre em em latim
por Trachelyopterus galeatus. Peixe de água doce defendese
com um espinho fortemente dentado no lugar da
nadadeira dorsal. Habita as margens dos paranás,
manguezais, lagos e rios de águas brancas, claras e negras,
onde se esconde durante o dia em buracos de troncos e
galhadas. Onívoro, sai a noite para se alimentar de frutas,
sementes e invertebrados. Gosta especialmente de cupins,
formigas e aranhas. Também não despreza crustáceos e
moluscos. Campeã de sobrevivência, aguenta dias em
ambientes com baixo concentração de oxigênio.
Paladar
Carne tenra e com alto teor de gordura
Preparo
Cozido com legumes ou ao tucupi
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta período de defeso
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93
Cachorrinho-de-padre ensopado
1 kg de cachorrinho-de-padre ou outro peixe inteiro ou em postas
1 limão galego
Azeite
Colorau, açafrão-da-terra ou 2-3 colheres (sopa) de purê de tomate
1-2 cebolas picadas em listras
8-10 pimentões regionais ou 2-3 pimentões grandes cortados em pedaços grandes, sem sementes
3-4 dentes de alho amassados
1 pedaço de gengibre picado ou ralado
1-2 tomates, picados
1 ½ -2 litros de água fervente
½ copo (100ml) de vinho branco
1-2 folhas de louro
3-4 cravos
A gosto cominho
A gosto legumes da estação ou tubérculos ou batatas pré-cozidos
1 maço de cheiro verde picado
Sal e pimenta a gosto
Lave o peixe com limão e tempere com sal, pimenta e colorau. Reserve por meia hora na geladeira. Numa
panela funda de ferro ou de barro refogue a cebola junto com o pimentão e o gengibre num generoso fio
de azeite. Acrescente o alho, colorau, açafrão-da-terra ou o purê de tomate e continua refogando. Termine
com a água fervente e o vinho branco. Levantou fervura, baixa o fogo e introduz conforme o seu tempo de
cozimento os legumes e por fim o peixe, a folha de louro, os cravos e metade do cheiro verde. Cozinhe
tudo em fogo muito brando até o peixe esteja cozido e os legumes “al dente”, oferecendo, ao serem
mordidos, uma certa resistência aos dentes. Verifique o cozimento perfeito do peixe na parte mais grossa
dele. Ao enfiar uma faca, a carne deve se soltar da espinha com facilidade e apresentar uma cor
embranquecida. Corrija os temperos do caldo e salpique com o restante do cheiro verde. Sirva
acompanhado de farinha e pimenta de cheiro.
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Mojica de cachorrinho-de-padre com tucupi e beijucica
1 kg de cachorrinho-de-padre limpo, alternativo outro peixe ou sobras de peixes, desfiados
1 limão galego
Sal, pimenta e açafrão da terra a gosto
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais picados em listras finas
1 pedaço de gengibre picado ou ralado
2-3 dentes de alho
1 tomate picado bem fino
1 folha de louro
2 l de tucupi ácido
Farinha quanto basta 1 cheiro verde picado
A gosto um pouco de leite de coco e/ou azeite de dendê
Lave o peixe com limão, tempera a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Refogue a cebola junto com o
pimentão em um fio de azeite. Junte o gengibre e o alho e continue dourando. Acrescente o tomate, metade do
cheiro verde, as folhas de louro e completa com o tucupi. Cozinhe tudo em fogo brando e espere até os gostos se
misturem. Baixe o fogo e introduz o peixe. Continue em fogo brando até o peixe esteja cozido e sua carne se solta
com facilidade da espinha. Retire o peixe e desfie. Corrige os temperos do caldo, engrosse a gosto com farinha e por
fim devolve o peixe. Salpique com a segunda metade do cheiro verde e acrescente a gosto um pouco de leite de
coco ou azeite de dendê. Acompanha beijucica,
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95
CARÁ-AҪU
Cará-açu
Perfil
A família dos carás ou acarás (acrescentando a letra “A” a uma
palavra indígena multiplica a mesma) é enorme, só na Amazônia
ocorrem 100 espécies. Muitos deles expõem sua beleza cobiçada
em aquários tropicais pelo mundo inteiro. O cará-açu, Astronotus
crassipinnis, peixe de água doce e escamas ásperas, se destaca
pelo seu olho marcante na cauda. Forma, anelado de maneira
muito decorativa, uma argola amarelo-laranjada que cerca um
miolo de coloração marrom-escura. A função dessa mancha ainda é
desconhecida. De corpo alto e oval tem cabeça e olhos grandes.
Exibe, além do olho, várias escuras barras transversais sobre
flancos e nadadeira. Peixe de porte médio, cresce até 35cm de
comprimento e chega a pesar até 1kg. Vive em águas brancas onde
escolhe lagos e outros locais rasos com pouco correnteza. Escondese
entre galhadas e a vegetação aquática. Todos os acarás
compartilham o habito de encher a sua boca protrátil com
pedriscos e lascas de pedras que depois cospem. Extraem dessa
sedimentos no meio deles, pequenas larvas e peixes, minhocas,
frutas e sementes do fundo dos rios.
Paladar
Peixe pequeno com espinhas finas e carne delicada e firme.
Preparo
Tradicionalmente é ticado
Proposta
No vapor sob legumes
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta informação sobre defeso
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96
CARÁ-PRATA
Cará-Prata
Perfil
O cará-prata Chaetobranchus flavescens, peixe de escamas em tons
que variam entre verde-amarelo, verde-amarronzado até cinza
claro, é igual os outros carás, um papa-terra. Como o seu nome
expressa, esse peixe pequeno, ele alcança 23 cm de comprimento,
filtra sua nutrição da arreia ou do lodo através da sua boca
pontiagudo. Afinada de forma bem particular se mostra
perfeitamente adaptada para esse fim. Engole insetos, microcrustáceas,
material vegetal, restos de peixes e sementes. Graças ao
seu olho grande e dourado também não faz feio como peixe
ornamental. Além disso forma sua nadadeira traseira que se estica
ao longo do dorso debaixo da água um arco dentado muito
decorativo. Alcança cerca de 20 cm de comprimento e 200 g de
peso. Ocorre em águas rasas com baixa correnteza ou florestas
alagadas de águas brancas, claras e pretas. Tem o habito particular
de incubar os próprios ovos na boca, cuidando dessa maneira muito
bem da sua prole.
Preparo
Carne delicada com muitas espinhas finas
Proposta
Ensopado
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta informação sobre defeso
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97
CARÁ-PIRANGA
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Cará-Piranga
Perfil
O cará-piranga, Geophagus brasiliensis ou acará-piranga - o
acréscimo da letra “A” a uma palavra indígena multiplica a
mesma, é um peixe de escamas da água doce. Tem o corpo alto,
oval, mas estreito, uma boca pequena e um chamativo olho
alaranjado. Esse contrasta muito bem com sua coloração cinzaesverdeada,
pontilhada de manchinhas escuras. O desenho
ornamental das escamas varia conforme o habitat e tem o fim de
camufla-lo e esconde-lo no meio na vegetação aquática e nas
florestas alagadas onde vive. Peixe pequeno de 15-20 cm de
comprimento, também é apreciado como peixe ornamental. Sua
extensa nadadeira dorsal forma levantada debaixo da água um
precioso leque. Habita as margens dos lagos e rios de águas
brancas, claras e pretas. Inclua, conforme a época, na sua
alimentação mais sementes e folhas ou algas e insetos.
Ao se reproduzir, o casal de peixes limpa uma área no fundo
arenoso para lá depositar os ovos. Os filhotes que nascem são
protegidos pelo macho, recolhendo-os na sua boca.
Paladar
Carne branca firme e delicada com muitas espinhas finas.
Preparo
Ensopado e assado
Proposta
No vapor, sob legumes
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta informações sobre defeso
98
CARÁ-JURUPARI / BICUDO
Cará Jurupari/Bicudo
Perfil
Cará-Jurupari ou bicudo, Satanoperca jurupari ou acuticeps, é um
outro exemplo da vasta família dos decorativos carás que abrange
por volta de 100 espécies na Amazônia. Como todos os carás é
parente do tucunaré e jacundá, além de ser um peixe ornamental. É
exportado para enfeitar aquários no mundo inteiro e alegre com
suas cores vivas e a filigrana nadadeira dorsal. Mesmo com o seu
tamanho reduzido, alcança 25 cm de comprimento, é bastante
importante na pesca de subsistência. Onívoro, consome pequenos
invertebrados e restos vegetais. Ocorre tanto nas margens de rios
quanto em lagos. Na época da reprodução forma casais que cuidam
juntos da sua prole. Constroem ninhos pare eles e os protejam –
comportamento zelador que é compartilho por todos da sua
espécie. Alguns até produzem um muco especial que ao mesmo
tempo alimenta e proteja a prole.
Paladar
Carne delicada, com baixo teor de gordura, ideal para ser ensopado
ou assado. Pouco indicado para a brasa, tenta a ressecar
Preparo
Ticado
Proposta
Assado no forno com bacon sob cará roxo
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta informações sobre defeso
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99
CARÁ-TINGA
Cará-tinga
Perfil
Um membro a mais da grande família dos carás ou acarás.j Chamase
cará-tinga e é do gênero Geophagus surinamensis ou próximus.
Muitas vezes vendido em cambadas, o peixe de escamas finas, exibe
ao longo do seu corpo alto quase corcunda linhas alaranjadas sob
fundo cinza-amarelado além de uma fina mancha mais escura nos
flancos. Parece que a sua coloração fica mais decorativa ainda
quando ele alcança a idade adulta. Peixe pequeno de mais ou
menos 20-30 cm e cerca de 150 g é uma dos acarás mais comuns.
Ele também é bastante apreciado como peixe ornamental em
aquários pelo mundo afora. Onívoro, alimenta-se igual os seu
parentes do lodo que ele filtra da areia do fundo de águas calmas,
de margens de rio e lagos, cavando e engolindo a terra, procurando
por sedimentos. Esse habito lhes trouxe o nome “papa terra”.
Guarda a sua prole na boca para proteger de predadores.
Paladar
Carne delicada, com baixo teor de gordura, melhor assado, não
indicado para grelhar porque tenta a ressecar rapidamente.
Preparo
Com muitas espinhas finas e carne delicada, saborosa. Ensopado,
assado, frito
Proposta
Ensopado
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta defeso
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
100
CHAPEREMA
Chaperema
Perfil
O seu nome científico, Geophagus megasema ou brasiliensis, algo
como comedor de terra, ou papa-terra, expressa que a chaperema
se nutre de lodo e de detritos orgânicos além de pequenos
invertebrados e material de plantas extraído da areia fina,
abundante onde vive, nas várzeas e margens de rios de águas
doces. É um peixe com preferência para águas claras ou negras
sempre com fundos de areia fina. Peixe de escamas é
relativamente pequeno, alcança o comprimento de 20-25 cm e um
peso de 150 g. Tem a corcunda característica dos papa-terra. A
corcunda é coberta de uma nadadeira filigrana em forma de um
leque. Expõe desenhos muito decorativos ao longo do corpo em
tons de laranja vivo sob fundo cinza-amarelado e tem uma macula
arredondada escura no meio do flanco o que lhe faz querido como
peixe ornamental. Tem olho grande e boca pequena e
pontiaguda. Peixe protetor, guarde os seus ovos na boca protegelos
até alcançam a idade certa.
Paladar
Delicado com um leve toque de terra e lodo. Carne delicada, com
baixo teor de gordura
Preparo
Com bastante espinha é frito ou assado inteiro. Tenda ressecar na
grelha
Proposta
Assado sob uma cama de sal
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta defeso
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
101
CARÁ-DO-MAR
Cará-do-mar
Perfil
Carás existem em toda a bacia amazônica e seus afluentes. Um dos
inúmeros carás ou acarás, o acará-do mar, Lobotes surinamensis , é
o único da sua família Lobotidae que pode ser achado no oceano
Atlântico. Vive em regiões de mar aberto com fundo rochoso e se
encontra nas bocas de rios e manguezais onde vive sozinho ou em
pares. Peixe de escamas de coloração marrom, com reflexos
brancos ou cinza-esverdeados tem o corpo alto e comprimido,
cabeça pequena e nadadeiras dorsal e anal alongadas e
arredondadas. Costuma boiar na superfície onde caça o seu
alimento, outros peixes e crustáceos. Alcança um comprimento de
80 cm e pode pesar até 18 kg. De carne saborosa o cará do mar é
uma espécie também importante para a pesca esportiva, famoso
por boas brigas, saltando fora da água até enfim se entregue.
Paladar
Carne delicada, com baixo teor de gordura.
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
Com vinagrete de cebola roxa
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta informações sobre defeso
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
102
Caldo picante de cará-tinga com tomate, açafrão-da-terra e tempero nortista
1 cambada de cará-tinga limpos e ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
1 cebola cortada em rodelas
3-4 pimentões regionais cortados em listras, sem sementes
1 pedaço de gengibre ralado
1 pedaço de açafrão-da-terra ralado ou
1 colher (chá) de açafrão-da-terra em pó
3-4 dentes de alho picados
3-4 tomates cortados em rodelas
1-2 pimentas de cheiro ou a gosto
Cominho e coentro em grãos a gosto
2 cravos
1 folha de louro
1 l de água
1 copo de cachaça
1 cheiro verde picado
Farinha d´água fina para engrossar a gosto
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e colorau e reserve por meia hora na geladeira. Refogue
cebola, pimentão, gengibre e açafrão-da-terra num generoso fio de azeite. Murchou acrescente o tomate e
os outros temperos. Por fim junte a água e metade do cheiro verde e espere levantar fervura. Levantou
fervura, baixo o fogo. Numa frigideira sele o peixe de todos e depois introduz no caldo. Acrescente um pouco
do caldo na frigideira e solta todas os queimadinhos do fundo e incorpore ao caldo. Cozinhe o peixe em fogo
bem brando até sua carne se solta com facilidade da espinha. Retire os peixes e desfie. Enquanto isso,
acrescente a cachaça ao caldo e depois reduza o mesmo. Caso prefere um caldo mais encorpado, retire os
cravos e a folha de louro e liquidifique. Passe por uma peneira e engrosse com farinha a gosto. Devolve o
peixe desfiado, aquece e ajuste os temperos. Salpique com o restante do cheiro verde e sirva de entrada ou
jantar acompanhado de farinha, pirão, beijucica e arroz branco.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
103
Cará-tinga ou Chaparema
assado sobre uma cama de sal
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
104
Cará-tinga ou chaparema assado sob uma placa de sal com legumes ao forno,
farinha e dois molhos
1 cambada ou 1,5 kg de cará-tinga ou chaparema
1 limão galego
Pimenta e colorau a gosto
2 kg de sal grosso
2 claras de ovo ou água a gosto
1 pedaço de jerimum cortado em fatias
3 cebolas roxas cortadas em 6 ou 8 pedaços
1-2 bulbos de alho, cortado o topo
Outros legumes ou tubérculos a gosto por exemplo alho, cebola, tomate, quiabo para assar no forno
Azeite
Sal grosso
Lave o peixe com limão, tempere com pimenta e colorau reserve por meia hora na geladeira. Pré-aquece o forno em 180
graus. Corte todos os legumes em fatias ou gomos, coloque sobre um tabuleiro untado, salpique com sal grosso e regue
com azeite. Leve ao forno e asse por meia hora ou até todos os legumes estejam macios. Prepare a placa de sal. Hidrate o
sal com as claras de ovo ou com um pouco de água e espalhe em uma camada uniforme sobre um tabuleiro velho. Coloque
a placa de sal no forno e asse por 15-20 minutos até fica bem aquecida. Coloque o peixe sobre o sal e asse até a sua carne
se solta com facilidades da espinha. Sirva o peixe acompanhado dos legumes, de arroz, farinha, pimenta e de molho de
tomate picante e salsa verde.
Molho vermelho picante
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais vermelhos
1 pedaço de gengibre picado
Azeite
2-3 dentes de alho picados
Sal, pimenta e colorau a gosto
2-3 tomates regionais picados
1 pedaço de açafrão-da-terra fresca ou em pó
¼ colher (chá) de sementes de coentro, cominho e mostarda
1 pitada de noz mascavo e cravo em pó
1 maço de coentro fresco
Suco de limão ou vinagre a gosto
Para o molho refogue cebola, pimentão e gengibre em um fio de azeite. Acrescente alho, colorau e as especiarias. Por fim
incorpore o tomate e reduz em fogo baixo. Para um molho mais uniforme bate no liquidificador. Corrija os temperos,
acrescente a gosto suco de limão ou vinagre e sirva o peixe sobre o molho.
Salsa verde
6 colheres (sopa) de azeite
Sal e pimento a gosto
¼ de copo (100 g) de azeitonas verdes sem caroços, picadas
1 colher (sopa) de alcaparras, picadas
1-2 dentes de alho picados bem fino
1 maço de coentro picado
Raspas da casca de meio limão
Misture todos os ingredientes, corrija os temperos e sirva acompanhado o peixe
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105
Chaparema com vinagrete de cebola roxa e cominho
6-8 chaparemas, limpos e ticados
1 limão galego
2-3 dentes de alho
Sal e pimenta a gosto
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e alho e deixe tomar gosto por meia hora na geladeira. Prepare uma
brasa para grelhar o peixe. Prepare a vinagrete. Grelhe os peixes na brasa e os regue ainda quente com a vinagrete.
Sirva de imediato ou repousado durante uma noite na geladeira.
Vinagrete
5-6 colheres (sopa) de azeite
½ cebola roxa cortada em listras
1-2 colheres (sopa) de vinagre branco suave
Cominho a gosto
Sal e pimenta a gosto
1 maço de coentro picado
Doure a cebola no azeite até murchar, acrescente os outros ingredientes e cozinhe por mais um minuto. Tempere com
sal, pimenta e cominho, corrija os temperos e reserve. Sirva sobre o peixe.
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106
Cará-açu com bacon sob cará roxo
3-5 cará-açus, dependendo do tamanho
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
3-4 (500 g) de cará roxo, cozido, cortado em fatias
1 cenoura cortada em rodelas finas
1 cebola roxa cortada em anéis
150 g de bacon ou toucinho picado bem fino
1 limão cravo para servir
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e colorau a gosto. Reserve por meia hora na
geladeira. Pré-aquece o forno em 180 graus. Frite o bacon até ficar crocante e reserve. Unte uma
forma refratária com bastante azeite, faça uma cama de cará roxo, cenoura e cebola, tempere a gosto,
regue com mais azeite e coloque o peixe por cima. Salpique com o bacon e asse no forno até o peixe
se solta com facilidades da espinha. Sirva acompanhado de arroz e farinha ou beijucica.
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107
Cará-tinga no vapor com legumes e molho de manteiga e ervas
1 cambada de cará-tinga ou chaparema limpos e ticados
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
1 pimentão verde cortado em rodelas
1 maço de maxixes cortados em rodelas
1 abobrinha cortada em rodelas
Água
Azeite
1 panela com peneira/suporte para cozimento no vapor
Folhas de couve para servir
Lave os peixes com limão, tempere a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Coloque dois dedos de água com
sal no fundo da panela. A água não deve ter nenhum contato com os alimentos que serão cozidos no vapor. Coloque
o suporte para cozimento no vapor, forre o mesmo com os legumes e coloque o peixe por cima. Tampe a panela e
cozinhe o peixe e os legumes por 12-15 minutos no vapor ou até o peixe mude de cor e a sua carne se desfaz com
facilidades em lascas firmes. Regue com o molho. Acompanha arroz branco, farinha e pimenta de cheiro a gosto.
Molho de manteiga e ervas
2-3 colheres (sopa) generosas de manteiga com sal
1 cebola picada bem miúdo
1 dente de alho exprimido
½ tomate picado bem miúdo
1 pedaço pequeno de gengibre picado bem fino
1 pimenta de cheiro picada bem fino
1 cheiro verde picado
1 colher (sopa) de vinagre suave ou suco de limão
Alcaparras a gosto
Enquanto o peixe cozinhe sob vapor derrete a manteiga em fogo baixo, murche a cebola, acrescente alho e o restante
dos ingredientes. Espere murchar também, corrija os temperos e sirva sobre o peixe.
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108
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109
CHARUTO
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Charuto
Perfil
O pequeno charuto, Hemiodus unimaculatus, peixe de escamas e
bem roliço, alcança 25 cm de comprimento. É lindamente
prateado com uma pinta preta no meio do dorso. Se distingue de
outros charutos muito parecidos pela boca clara. Charutos são
onívoros e se alimentam de detritos de plantas e ocasionalmente
de pequenos invertebrados caçados nas praias, lagos e rios de
águas doces de rios brancas, claras e pretas. Vivem em cardumes
em águas rasas de pouca correnteza. Ficam perto da superfície e
batem ou pulem quando um barco se aproxima. A desova ocorre
na estiagem com águas baixas e todos os peixes sobem os rios
em piracema. Em certas regiões, especialmente no Baixo
Amazonas, o charuto é tido com um peixe muito popular, tanto
pelo preço quanto o seu gosto agradável. Normalmente é
vendido em cambadas de meia ou uma dúzia. É sempre ticado.
Paladar
Peixe de carne branca é delicado e leve, porém com inúmeras
espinhas finas. Tem certo gosto de terra.
Preparo
Antes do preparo é ticado para quebrar os espinhas finas.
Tradicionalmente é frito, consumido inteiro. Muito apreciado
também são charutos novos.
Proposta
Charuto novo com vinagrete
Status de conservação
Não deve estar em perigo
Protegido
Não consta defeso
110
CHARUTO DE BOCA PRETA/CUBIU
Charuto-de-boca-preta/cubiu
Perfil
Como o nome charuto de boca preta já indica, o pequeno peixe com o
pequeno focinho escuro e olho grande se distingue exatamente através
desse detalhe. O seu nome em latim é Hemiodus immaculatus. Sua
cabeça é mais comprida do que do charuto. Ele tem escamas muito finas
de cor cinza-prateada, costas mais escuras do que o ventre, boca preta,
nadadeira com mancha preta em forma de V. O seu corpo alongado é
roliço e lembra um torpedo. Peixe de água doce vive em grandes
cardumes, alcança um comprimento de 25 cm e se encontra em lagos e
rios de águas brancas e claras. Alimenta-se de invertebrados, algas e
detritos. É migratório e desova no início da enchente entre novembro e
março. Em certas regiões, especialmente no Baixo Amazonas, o charuto é
um peixe muito popular tanto pelo preço quanto pela carne gostosa.
Normalmente é vendido em cambadas de meia ou uma dúzia. Precisa ser
ticado antes de ser consumido devido as inúmeras espinhas.
Paladar
Peixe de carne branca é delicado e leve porém com muitas espinhas
finas.
Preparo
Ticado e tradicionalmente frito ou assado. Muito apreciado são charutos
novos.
Proposta
Charuto novo frito
Status de conservação
Não deve estar em perigo
Protegido
Não consta defeso
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111
T
Charutinho aperitivo
1 kg de charutinhos jovens inteiros, limpos e ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Óleo neutro para fritar
1 folha verde, aqui de couve, para servir
Fatias de limão para guarnição
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve durante
meia hora na geladeira. Depois seque com ajuda de papel
cozinha e passe a gosto por farinha ou goma. Aquece dois
dedos de óleo numa frigideira com fundo bom e frite até
dourar em várias porções em. Retire e deixa-lo escorrer sob
papel cozinha. Sirva de aperitivo ou lanche.
Acompanha salada. Maionese caseira ou outros molhos a
gosto, farinha e pimenta-de-cheiro.
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112
Charutinho novo frito com dois versões de vinagrete
1 kg de charutinhos novos ou maiores, inteiros
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
4-5 dentes de alho picados
5-6 colheres (sopa) de goma de tapioca ou farinha de trigo
Óleo vegetal neutro para a fritura
Lave o peixe com limão, seque com papel cozinha e tempere a gosto
com sal, pimenta e alho. Passe o peixe na goma ou na farinha. Aqueça
o óleo e frite todos os peixes em porções pequenos rapidamente até
ficarem dourados. Retira e deixe escorrer sob papel cozinha.
Vinagrete de limão, azeitonas, alcaparras e tomates
½ limão picado bem fino para o molho
12-16 azeitonas verdes sem caroços, picados
1-2 colheres (sopa) de alcaparras picadas
½ tomate picado bem fino
Azeite
Folhas verdes para servir
Pique e misture todos os ingredientes e sirva sobre o peixe. Regue com
azeite.
Vinagrete quente tradicional
1-2 cebolas cortadas em anéis ou picados
5-6 pimentões regionais em listras
1 pedaço de gengibre picado
2-3 tomates regionais maduros e picados
4-6 dentes de alho picados bem fino
2-3 folhas de chicória picadas
Cominho a gosto
1 cheiro verde picado
½ copo de vinagre branco suave
½ copo de vinho branco seco
Azeite a gosto
Refogue a cebola junto com os pimentões e o gengibre num generoso fio
de azeite. Murchou, acrescente o tomate e o alho. Tempere a gosto e
continue refogando e por fim incorpore o restante dos ingredientes. Corrija
os temperos e derrame ainda quente sobre o peixe frito. Sirva
imediatamente ou curtido no outro dia.
Para uma nota agridoce acrescente ao vinagrete a gosto um punhado
de uvas passas hidratadas em vinho branco.
113
Charutinho crocante frito ou assado, empanado
na farinha de tapioca ou d’água
1 cambada de charutinhos novos, inteiras, ticadas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
3-4 dentes de alho picados bem fino
Goma de tapioca ou farinha de trigo
Farinha d´água ou de tapioca em flocos bem finos
2 ovos batidos
Óleo para fritar (dispensar se vai assar no forno)
1 cheiro verde
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta,
colorau e alho a gosto. Reserve por meia hora na geladeira. Seque
com ajuda de papel cozinha. Coloque a goma ou farinha, o ovo batido
e a farinha de d´água ou de tapioca cada uma em pratos diferentes.
Tempere e passe cada peixe primeiro pela goma depois pelo ovo e
por fim pela farinha escolhida. Frite em óleo quente e espere escorrer
sob papel cozinha. Também é possível de assar os peixes no forno.
Sirva sob molho picante ou folhas verde com farinha d´água, legumes,
limão e pimenta-de-cheiro.
Molho vermelho picante
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais vermelhos
1 pedaço de gengibre picado
Azeite
2-3 dentes de alho picados
Sal, pimenta e colorau a gosto
2-3 tomates regionais picados
1 pedaço de açafrão-da-terra fresca ou em pó
¼ colher (chá) de sementes de coentro, cominho e mostarda
1 pitada de noz mascavo e cravo em pó
1 maço de coentro fresco
Suco de limão ou vinagre a gosto
Para o molho refogue cebola, pimentão e gengibre em um fio de
azeite. Acrescente alho, colorau e as especiarias. Por fim incorpore o
tomate e reduz em fogo baixo. Para um molho mais uniforme bate no
liquidificador. Corrija os temperos, acrescente a gosto suco de limão
ou vinagre e sirva o peixe sobre o molho.
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Dupla de charutos-deboca-preta
Primeio assado no forno com alho na casca, no
dia seguinte servidos ao escabeche
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115
Charuto-de-boca-preta assado e escabeche
1 cambada de charutos
1 limão galego
Sal, pimenta, colorau e cominho a gosto
2-3 bulbos de alho com o topo cortado
Azeite
Corta o topo do bulbo do alho, deixando-o inteiro. Lave o peixe com o limão e tempere a gosto. Grelha na brasa ou
asse no forno em uma forma refratária untada com azeite junto com o alho. Para comer só espremer o alho da
casca. Sirva imediatamente acompanhado de arroz e salada.
Escabeche
A acidez agradável do molho escabeche não só tempere como além disso ajuda a manter peixe assado ou frito fresco
na geladeira durante vários dias. O peixe deve ser coberto do molho.
Escabeche
1-2 cebola/s cortada/s em pétulas ou meia pétulas
4-6 pimentões regionais sem sementes, metade cortada em rodelas
1 folha de louro
Azeite
Pimenta-de-cheiro a gosto
¼ - ½ copo (50-100 ml) de vinagre suave ou a gosto
1 copo (200 ml) de vinho branco
½ xícara ( 100 ml) de água ou fundo de peixe
1 cheiro verde
Para o escabeche use o que sobrou do peixe ou dobre a quantidade do peixe a ser assado.
Para o molho liquidifique metade do pimentão junto com a água ou fundo de peixe e pimenta-de-cheiro a gosto e
reserve. Refogue a cebola junto com o restante do pimentão e a folha de louro num generoso fio de azeite.
Murchou, acrescente o pimentão liquidificado, o vinagre e o vinho branco. Tempere e cozinhe em fogo brando,
esperando o molho encorpar e reduzir. Corrija os temperos e regue o peixe com o molho quente, tampe e guarde
por algumas horas na geladeira. Sirva quente ou frio acompanhado de arroz e legumes.
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116
Charuto e vegetais ao forno sob cuscuz de farinha d´água
1 cambada de charutos limpos e ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Cominho e coentro a gosto
1 batata-doce cozida em rodelas ou fatias
1-2 cenouras cortadas em palitos grossos
1 maço de feijão de metro cozido
2-3 beterrabas cortadas em 8 pedaços
1 cabeça de alho, cortado o topo
2 cebolas, cada cortada em 8 pedaços
12 pimentões regionais de diversas cores, inteiros ou cortado ao meio sem sementes
4-5 tomates cortados em 4 ou 8 pedaços
½ jerimum pequeno, cortado em fatias
1 xícara de feijão ou grão-de-bico cozido
Pré-cozinhe a batata-doce, o feijão de metro e a cenoura em um pouco de água com sal. Se preferir, também a
beterraba. Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e colorau e reserve. Pré-aquece o forno em 200
graus. Unta uma ou duas formas com bastante azeite, espalhe todos os legumes, exceto o feijão ou o grão-de-bico,
os dentes de alho na casca, a cebola e o peixe sobre as formas untadas, salpique com sal e regue com azeite e
coloque no forno por 30-40 minutos. Cuidado com peixes pequenos que tentam a ressecar e precisam um tempo
mais curto para assar. Coloque-os mais tarde no forno. Tempere o feijão ou o grão-de-bico e aquece. Amontoe o
cuscuz no meio de um prato redondo e empilhe todos os outros ingredientes de maneira decorativa e sirva quente.
Regue com azeite antes de servir.
Cuscuz de farinha d´água
1 xícara de farinha d´água não muito graúda
400-500 ml de leite de coco ou fundo de peixe
1 colher (sopa) de manteiga
Coloque a farinha d´água numa vasilha lembrando que vai tufar. Aquece o líquido escolhido e derrame aos poucos
sobre a farinha. Espere a farinha absorver o líquido e depois solta com ajuda de um garfo. Continue até obter a
consistência desejada. Tempere a gosto. Mantém aquecido e incorpore antes de servir a manteiga derretida.
Amonte no meio de um prato e sirva junto com os outros ingredientes por cima. Regue com azeite antes de servir.
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117
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118
Charuto assado sob versões de molhos – abacate, condimentado e tucupi
1 cambada ou mais ou menos 1 kg de charutos limpos e
ticados
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Legumes assados no forno ou fritos por ex. cebola, maxixe,
abobrinha, couve rasgada, cariru ou jambu
Molho de abacate
¼ colher (chá) de cominho em grão
ou em pó
½ colher (chá) de sementes de
mostarda ou de coentro em grãos
5-7 pimentões regionais verdes
sem sementes
3-4 dentes de alho
1 pedaço de gengibre
Sal e pimenta a gosto
1 colher (sopa) de vinagre ou suco de limão
1 maço de cheiro verde
1-1 ½ de avocado bem maduro
¼ xícara (50 ml) de leite de coco
Fundo de peixe quanto basta
4 folhas de vinagreira a gosto
Folas de couve para servir
Para o molho torre as especiarias em fogo brando até
levantarem o seu perfume. Acrescente um generoso fio de
azeite, o pimentão e o gengibre e refogue. Junte o alho e
tempere a gosto. Misture com o restante dos ingredientes e
liquidifique até obter um purê não muito denso. Corrige a
acidez, devolve a panela, aquece em fogo brando e depois
reserve. Sirva o peixe e os legumes sobre um espelho de
molho verde sobre folhas de couve. Acompanha arroz branco
e beijucica.
Molho condimentado
¼ de cominho em grão ou em pó
½ colher (chá) de sementes de mostarda ou de coentro em
grãos
1 pitada de canela
1 pitada de noz-moscada e cravo em pó
Colorau a gosto
5-7 pimentões regionais vermelhos sem
sementes
1 pedaço de açafrão-da-terra fresco ou
1 colher (chá) em pó
1 pedaço de gengibre
3-4 dentes de alho
Sal e pimenta a gosto
1 colher (sopa) de vinagre ou suco de
limão
1 maço de coentro
1 maço de cebolinha
2-3 folhas de chicória
1-2 batatas-doces laranjas cozidas
½ xícara (100 ml) de leite de coco
¾ xícara (150 ml) de fundo de peixe
1 punhado de folhas de vinagreira
Manjericão para decorar
Para o molho torre as especiarias em fogo brando até
levantarem o seu perfume. Acrescente um generoso fio de
azeite, colorau, o pimentão, o gengibre e o açafrão e refogue.
Junte o alho e tempere a gosto. Misture tudo com o restante
dos ingredientes e liquidifique até obter um purê não muito
denso. Corrija tempero e acidez, devolve a panela, aquece em
fogo brando e depois reserve. Murche os legumes no molho e
sirva o peixe sobre um espelho do molho. Acompanha arroz
branco e beijucica.
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Molho de tucupi ou arubé
1 l de tucupi ácido
Sal, pimenta e colorau a gosto
3-4 dentes de alho picado bem fino
3-4 pimentões regionais picados
1 maço de cheiro verde picado
A gosto açafrão-da-terra em pó
Farinha d’ água fina
½ maço de jambu
Aquece o tucupi junto com os
Temperos e espere perfumar. A gosto
Engrosse o molho com farinha até
Obter a consistência desejada de um
mingau líquido. Murche as folhagens
nesse molho, corrija os temperos e
sirva os peixes sobre um espelho do
molho. Acompanha arroz, farinha,
pimenta de cheiro e beijucica.
A gosto acrescente um pouco de leite de coco e/ou azeite de
dendê ao molho.
119
Charutinho na marinada nortista
grelhado ou assado
1 cambada de charutos
1 limão galego
Marinada
1 maço de coentro picado
1 maço de manjericão picado
6-8 dentes de alho picados
Sal grosso a gosto
1 colher (chá) de cominho em grãos
1 colher (chá) de coentro em grãos
1-2 pimentas de cheiro amassadas ou a gosto
Açafrão-da-terra ou colorau ou a gosto
½ copo de azeite ou azeite de dendê a gosto
¼ copo de suco de limão galego ou cravo
1 colher (chá) de mel nativo a gosto
Prepare a marinada, juntando todos os ingredientes
e mexendo bem. Corrija os temperos e reserve.
Caso prefere uma marinada mais pastosa, pile no
pilão ou processe no processador. Lave o peixe com
limão e cubra com a marinada. Reserve por no
mínimo meia hora na geladeira. Retire, reserve a
marinada e grelha o peixe sob brasa ou asse no
forno. Sirva sobre batatas assadas ou acompanhado
de arroz e salada, pimenta-de-cheiro e acompanha
com o restante da marinada.
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120
Jaraquis recém pescados
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121
JARAQUI
Como o dito popular diz:
“Quem come o Jaraqui, jamais sairá daqui!
Jaraqui
Perfil
Peixe popular tanto pelo excelente sabor da sua carne
quanto pelo preço, o jaraqui de escamas grossas
Semaprochilodus insignis e o jaraqui de escamas finas
Semaprochilodus taeniurus, são peixes pequenos,
alcançando cerca 44 cm de comprimento. Se destacam
pela nadadeira listrada em amarelo e cinza. De uma
espécie que vive em grandes cardumes e migra duas vezes
ao ano, se deslocam nessa época das águas pretas e claras
para águas brancas, onde desovam. Lá os ovos encontram
perfeitas condições para desenvolver-se. Adulto, o peixe
volta exatamente ao mesmo lugar onde nasceu. Alimentase
basicamente de detritos orgânicos e algas microscópicos
os quais digere em dois estômagos, um deles cheio de lodo
para ajudar na digestão. Tradicionalmente compra-se
jaraquis em cambadas.
Paladar
Carne branca de sabor delicado, porém com um certo
gosto de terra, muitas espinhas e cocção rápida.
Preparo
Preciso ser ticado. É muito apreciado frito ou assado na
grelha.
Proposta
Combinação clássica cabocla: Jaraqui frito com farinha e
açaí.
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região. Não
consta defeso no Pará
J F M A M J J A S O N D
122
Filé de jaraqui curado em sal e vinagre, marinado no azeite a maneira do
mediterrâneo
1-2 cambadas de peixes menores*, de preferência peixes gordos como sardinha, jaraqui, aracu ou traíra*
Sal grosso suficiente para salgar o peixe
Vinagre suave suficiente para cobrir os peixes
1 cebola cortada em anéis
Grãos de pimenta do reino a gosto
2-3 folhas de louro
Cravo a gosto
Azeite de ótima providência
Cheiro verde a gosto
Para servir azeitonas pretas, fatias de ovos cozidos, pimentas de cheiro e tomates a gosto
Acomode os peixes inteiros limpos ou já filetados num recipiente, colocando uma camada de sal sobre cada camada
de peixe. Reserve por no mínimo uma até três horas na geladeira. O sal deixará a carne do peixe mais firme. Lave e
enxugue o peixe para depois cobrir por completo com vinagre ou suco de limão o que vai “cozinhar” a carne do
peixe e amolecer as espinhas finas. Deixe-o nessa marinada por 12 horas, uma noite ou a gosto. Mais tempo fica
marinando, mais ácido o peixe se torna. A gosto incrementa a marinada com cebola em anéis, pimentões regionais e
especiarias como pimenta em grãos, folhas de louro e cravo. Lave o peixe, corta a sua cabeça e o abre em borboleta.
Retire a espinha dorsal e coloque na marinada final. Use azeite de melhor qualidade e a gosto cheiro verde e alho
picado bem fino e envolve cada camada de filé. Reserve por 12 horas na geladeira e sirva de entrada ou petisco.
Peixe conservado dessa maneira, coberto com azeite, dura até um mês na geladeira.
*Para prevenir infecção com parasitas transmitida pelo consumo de peixe cru, recomenda-se congelar o peixe por
no mínimo 48 h antes de usa-lo.
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123
Combinação bem cabocla –
jaraqui frito com açaí
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124
Versões de jaraqui fritos ou assados na brasa ou no forno
1 cambada de jaraquis, ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Folhas verde para servir
T
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na
geladeira. Depois frite ou asse o peixe a gosto e sirva com um dos
acompanhamentos.
Jaraqui frito com açaí
Sirva o peixe frito acompanhado de açaí e farinha de tapioca
Jaraqui assado junto com legumes sob cuscuz de farinha d´água
Vegetais a gosto por exemplo:
1 pedaço de repolho
1-2 batatas-inglesas ou batatas-doces cozidas
1-2 cenouras cortadas em pedaços, pré-cozidas
2-3 maxixes cortados em 4 ou 8 pedaços, pré-cozidos
1 cabeça de alho, cortado o fundo
2 cebolas, brancas ou roxas, cada cortada em 8 pedaços
4-5 tomates cortados em 4 ou 8 pedaços
½ jerimum pequeno, cortado em fatias ou cubos
Grão-de-bico ou feijão manteiguinha cozido
Pré-cozinhe a batata e a cenoura em um pouco de água com sal.
Cozinhe o grão-de-bico ou o feijão. Pré-aquece o forno em 200 graus.
Unta uma ou duas formas com bastante azeite, espalhe todos os
legumes, exceto o feijão ou o grão-de-bico, os dentes de alho na
casca, a cebola e o peixe sobre as formas untadas, salpique com sal e
regue com azeite e coloque no forno por 30-40 minutos. Cuidado com
peixes pequenos que tendam a ressecar. Coloque mais tarde ou retire
antes.
Cuscuz com legumes
1 xícara de farinha d’ água não muito graúdo
400-500 ml de leite de coco, fundo de peixe ou tucupi ou meio/meio
Sal e pimenta a gosto e cominho e coentro a gosto
1 colher (sopa) de manteiga
Coloque a farinha d´água numa vasilha lembrando que vai tufar.
Aquece o líquido escolhido e derrame aos poucos sobre a farinha.
Espere a farinha absorver o líquido e depois solta com ajuda de um
garfo. Continue até obter a consistência desejada. Tempere a gosto.
Mantém aquecido e incorpore antes de servir a manteiga derretida.
Espalhe o cuscuz num prato e ponha os peixes e os legumes de
maneira decorativa. Sirva quente.
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125
Jaraqui frito com vinagrete
1-2 cebolas brancas ou roxas cortadas em anéis ou picados
1 pedaço de gengibre picado bem fino
5-6 pimentões regionais em cubinhos
1-2 tomates regionais maduros e picados
2-3 folhas de chicória picadas
1 cheiro verde picado
¾ copo de vinagre branco suave
Azeite a gosto
O vinagrete pode ser servida fria ou quente. Para a versão fria pique todos os ingredientes, tempere, junte vinagre e
azeite e sirva.
Para a versão cozida, doure a cebola junto com o pimentão em um fio de azeite, acrescente o gengibre e tomate e
frite um pouco. Acrescenta o vinagre e corrige o sal e a pimenta. Apure em fogo baixo até obtém a consistência
desejada. Espere esfriar, misture com o cheiro verde e corrige os temperos. Forre uma forma com a couve ou folha
de bananeira, coloque o peixe por cima e cubra com o vinagrete. Regue com azeite a gosto. Sirva imediatamente ou
curado na geladeira por 24 horas.
Para obter variações de vinagrete, varie os ingredientes, todos picados bem fino: azeitonas verdes ou pretas,
alcaparras ou um filé de anchova. Use vinagre balsâmico ou de maçã ou acrescente um pouco de mostarda ou mel.
Legumes como cenoura ou repolho roxo trazem cor. Frutas cítricas como limão ou laranja ou suculentas como
abacaxi, manga, maracujá ou jambo trazem frescor.
T
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126
Jaraqui ao molho de tomate e alcaparras
4-6 jaraquis, dependendo do tamanho, limpos, ticados
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite
1 cebola picada
3-4 dentes de alho picados
3-4 pimentões regionais picados bem fino
2-3 tomates regionais ou tomate cereja picados bem fino
2-3 colheres de alcaparras picadas
½ copo (100 ml) de caldo de peixe
½ copo (100 ml) de vinho branco seco
1 maço de cheiro verde picado
Casca ralada de limão
Lave o peixe com limão e tempere com sal e pimenta a gosto. Asse no forno por 15-20 minutos ou até a carne do peixe se
solta com facilidade da espinha. Doure a cebola junto com o pimentão em um generoso fio de azeite. Junte o alho, o
tomate picadinho e as alcaparras. Refogue mais um pouco e depois junte o caldo de peixe e o vinho branco. Deixe reduzir
em fogo brando por 10 minutos, corrija os temperos, junte a casca de limão e sirva o peixe sob o molho. Salpique com
cheiro verde e junte algumas fatias de limão. Acompanha arroz branco e legumes.
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127
Pacus recém pescados
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128
PACU BRANCO
Pacu branco
Perfil
Como todos os pacus, o decorativo pacu branco, Myleus
rubripinni ou torquatus, tem o corpo romboidal, alto,
arredondado, mas achatado, lembrando um disco. Alcança 30
cm de comprimento e a sua altura se equivale quase a sua
largura. Tem escamas finas prateadas com nadadeiras
alaranjadas. Herbívoro, alimenta-se tanto de algas, frutos e
sementes que acha nas águas claras. As sementes consegue
abrir com ajuda dos seus dentes poderosos. Os pacus migram
durante a vazante. Pacus são peixes comercialmente
importantes a apreciados por ser bastante gordurosos.
Paladar
A carne delicada, branca e suculenta devido ao alto teor de
gordura. As inúmeras espinhas pedem que ele seja ticado.
Preparo
Assado na brasa. Sua gordura delicada não o deixa ressecar.
Proposta
No papelote com legumes
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
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PACU MANTEIGA
Pacu manteiga
Perfil
Os pacus, da enorme sub-família Serraslmidae, que também inclui as
piranhas, são muito parecidos entre si. Há no Brasil mais do que 30
espécies de pacus, todos com corpo arredondado, achatado, alto e
comprido, lembrando um disco. São peixes de escamas de água doce
e se distinguem pelos nomes pacu-branco, pacu-comum, pacu-prata,
pacu-borracha e pacu-carupeté. O nome científico do pacu manteiga é
Mylossoma aureum ou Mylossoma duriventre. Pacus são peixes
omnivores, sem predileção por um tipo específico de alimento,
apreciando tanto plantas e frutos quanto peixes, crustáceos e
moluscos. Vivem nas várseas, igapós de água branca e migra para
reprodução. Alcançam 15-20 cm de comprimento e 300 g de peso.
Paladar
Carne muito branca, delicada e deliciosamente gordurosa, mas com
inúmeras espinhas finas e bifurcadas.
Preparo
Vendido ticado. Ideal para assar na brasa, mas também apreciado
frito.
Proposta
Assado com farofa de ervas
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
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130
Pacu na brasa com farofa de ervas e limão
6-8 pacus limpos, ticados
1 limão galego, casca ralado sem parte branca e suco
Sal, pimenta e colorau a gosto
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por 30 minutos
na geladeira. Hidrate a farinha aos poucos com o leite de coco,
soltando com ajuda de um garfo. Asse o peixe na brasa ou no
forno até a sua cor mude de transparente para leitoso e a carne se
parte em lascas firmes.
Farofa de ervas e limão
½ xícara de farinha d´água para farofa
½ xícara de leite de coco
1-2 colheres (sopa) de azeite ou manteiga
2 dentes de alho espremidos
1 pedaço de gengibre ralado
½ maço de cheiro verde picado
½ maço de coentro picado
Algumas folhas de chicória picadas
½ maço de alfavaca picada
Alguns galhos de hortelã picados
Sal e pimenta a gosto
Farofa: Se preferir uma farofa morna, doure o alho e o gengibre no
azeite ou na manteiga, junte a farinha e mexe até obter uma
farofa. Tire do fogo e misture com o restante das ervas, casca
ralada e suco de limão a gosto e tempere com sal e pimenta. Se
prefere a farofa fria, misture todos os ingredientes, tempere e
sirva acompanhando o peixe.
Se preferir, substitua a casca de limão por laranja ou limão cravo.
131
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Pacu no envelope de folha de bananeira
4-6 pacus limpos, ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Vegetais a gosto, por exemplo
1 batata-doce, cozida
4 maxixes pré-cozidos
1 cebola roxa cortada em 4 ou 8 partes
4 pimentões regionais inteiros ou em listras
1 pedaço de jerimum em palitos ou cubos
4-6 pupunhas cozidas
6 quiabos cortados ao longo do comprimento
1 maço de cheiro verde
1 punhado de folhas de vinagreira rasgadas ou picadas
Papel manteiga, uma cesta de bambou para cozimento sob vapor ou uma folha grande de bananeira
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Antes de assar recheie a sua cavidade
abdominal com algumas ervas. Cozinhe todos os legumes em água com sal al dente. Pré-aquece o forno em 200 graus.
Para cada peixe forre um quadrado de papel manteiga ou parte de uma folha de bananeira com as folhas da vinagreira,
coloque os legumes e depois o peixe por cima. Feche o papel ou a folha com folga para o vapor e asse por 20-40 minutos,
dependendo do tamanho do peixe no forno, sob brasa ou sob vapor. Acompanha arroz, pimenta e farinha.
T
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Pacu ao forno com alho e vinagrete verde
4-6 pacus, dependendo do tamanho, limpos e ticados
2 limões galego
Sal, pimenta e colorau
3-4 folhas de chicória
6-10 dentes de alho com casca
Azeite
Lave o peixe com um dos limões, tempere com sal, pimenta e colorau e deixe tomar gosto por meia hora na
geladeira. Preaqueça o forno em 220 graus. Estufe a barriga do peixe com a chicória e um pouco de cheiro
verde. Unte uma forma refratária com azeite, coloque o peixe, acrescente o alho e fatias do segundo limão e
regue com azeite. Asse no forno por 20-30 minutos ou até o peixe esteja bem assado e a sua carne se solta com
facilidade das espinhas. Sirva o peixe e regue no prato com o vinagrete a gosto. Acompanha arroz branco,
farinha ou beijucica e pimenta.
Vinagrete verde
1 maço de cheiro verde picado
1 maço de alfavaca picado
½ maço de hortelã ou manjericão a gosto picado
1 pedaço de gengibre picado
5-6 azeitonas verdes picadas bem miúdo
1 colher (sopa) de alcaparras, picados bem miúdo
Vinagre ou suco de limão a gosto
Azeite a gosto
Para o vinagrete junte todos os ingredientes bem picados, tempere com sal, pimenta, suco de limão ou vinagre e
azeite.
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Pacu cozido no vinagrete
1 cambada de pacus ou outro peixe gordo, limpo e ticado
1 limão galego
Sal, colorau e pimenta a gosto
Azeite
1 cebola, cortada em anéis
6 dentes de alho, cortados em lâminas
4-5 tomates bem maduros, cortados em fatias
3-5 pimentões regionais, cortados ao meio, sem sementes
3 folha de louro
½ xícara (100 ml) de vinagre suave
½ xícara (100 ml) de vinho branco
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cheiro verde picado
Raspas da casca de limão
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Unte o
fundo de uma panela com azeite, acrescente uma camada de tomate, pimentão e cebola, tempere, cubra com uma
camada de peixe, junte outra camada de alho, tomate, pimentão e cheiro verde. Tempere e continue com as
camadas até todos os ingredientes estejam na panela. Acrescente as folhas de louro e regue com um generoso fio de
azeite, o vinagre e o vinho branco. Tampe a panela e cozinhe tampado por 20 minutos. Sirva de imediato, quente ou
no outro dia, frio, descansado na panela durante a noite. Antes de servir, salpique com raspas de casca de limão.
Acompanha beijucica e arroz branco. Desfiado vira um ótimo recheio para tapiocas ou sanduíches.
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SARDINHA
Sardinha
Perfil
Na Amazônia vivem três tipos de Sardinhas, todas de água doce: a
sardinha comprida, Triportheus elongatus, a sardinha papuda, o seu
“papo”, elevação saliente na região do peito é bem característica,
Triportheus angulatus e a Triportheus albus. Peixes de escamas de
coloração prateada uniforme, alcançam o comprimento de 25-30 cm e
um peso de 150-200 g. Comum tem todas as sardinhas os olhos
grande e as bocas pequenas. A carne de peixes de escamas como
sardinha, matrinchã e pacu tem elevado teor de gordura. São mais
gordos do que os peixes lisos, o que os torna muito apreciados, além
de ter alto teor de ômega 3. Vivem nas várzeas, em lagos e rios de
águas claras, brancas e negras onde se alimentam de frutos e
sementes, invertebrados aquáticos e terrestres e material orgânico.
Formam cardumes e empreendem migrações para desovar nas águas
brancas duas vezes ao ano, uma na vazante, outra na cheia.
Paladar
A carne delicada é muito apreciada por ter alto teor de gordura o qual
o torno um peixe muito saboroso.
Preparo
É muito saboroso grelhada, normalmente ticado antes ou aberto em
borboleta e recheado
Proposta
Tradicional escabeche na panela de pressão
Status de conservação
Sem informações
Protegida
Novembro até Março, dependendo da região, não consta defeso no
Pará
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Sardinha ao forno simples ou com molho
de maracujá
1 cambada de sardinhas limpas e ticadas
1 limão galego
3-4 limões Taiti
Sal, pimenta, cominho e colorau a gosto
1 maço de coentro
3-4 folhas de vinagreira e chicória, picadas
Azeite
Lave o peixe com limão galego, tempere com sal,
pimenta, colorau e cominho a gosto e reserve por 30
minutos na geladeira. Preaqueça o forno em 220 graus.
Estufe a barriga de cada peixe com fatias de limão e
bastante ervas. Unte uma travessa refratária com azeite
e coloque os peixes enfileirados na travessa e regue com
um pouco de azeite. Asse no forno por 15-20 minutos até
a carne se desprende com facilidade da espinha. Sirva
salpicado com coentro e decore com fatias de limão.
Acompanha arroz branco ou beijucica e molho de
maracujá.
Molho de maracujá
1 cebola picada
Azeite, sal e pimenta
1-2 maracujás, polpa
1 dente de alho picado bem fino
1 pedaço de gengibre picado
2-3 colheres de vinagre suave a gosto
Açúcar mascavo ou rapadura a gosto
1-2 laranja/s, suco e raspas da casca a gosto
1 pimenta de cheiro vermelho picado bem fino
Para o molho refoge a cebola em um fio de azeite, junte
o gengibre, o alho e a pimenta e continue refogando um
pouco. Acrescente a polpa de maracujá, o suco de
laranja, o vinagre e a rapadura. Reduza em fogo bem
baixo por alguns minutos, corrija os temperos
equilibrando a acidez, a doçura e a picânçia. Espere
esfriar e sirva acompanhando o peixe.
137
Sardinha escabeche tradicional sob batata-doce
1 kg de sardinhas tratadas e ticadas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1-2 cebolas cortadas em anéis
3-4 dentes de alho cortados em rodelas
2 tomates regionais cortados em rodelas
5-6 pimentões regionais em listras, sem sementes
2-3 batatas-doces, na foto batata-doce laranjas, em fatias
1-2 folhas de louro
2-3 cravos
¾ xícara (150 ml)de vinho branco seco
¾ xícara (150 ml) de azeite de oliva
½-¾ xícara (100-150 ml)de vinagre branco suave ou a gosto
1 cheiro verde picado
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Escolha uma panela de
pressão ou uma com tampa que fecha muito bem. Unte com um generoso fio de azeite, forre o fundo com
rodelas de tomate, pimentão, cebola e batata-doce. Tempere cada camada e acomode o peixe salpicado
de cheiro verde. Altere as camadas até todos os ingredientes incluindo metade do cheiro verde foram
usados. Já no fogo brando, regue tudo com o vinho branco, o azeite, as especiarias, o vinagre e o restante
do cheiro verde. Tampe e espere levantar fervura. Levantou fervura, baixa o fogo e cozinhe em fogo bem
brando durante por 15-20 minutos mantendo a tampa bem fechada ou use a panela de pressão.
Terminado o cozimento, corrija os temperos. Tradicionalmente sirva-se a sardinha escabeche curtida uma
noite dentro da panela, quente ou frio. Acompanha beijucica, arroz e farinha. Salpique com cheiro verde
fresco antes de servir.
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138
Sardinha frita com crosta de três farinhas e castanhas com molho agridoce
1 kg de sardinhas limpas, ticadas, inteiras
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
2 ovos levemente batidos
Óleo vegetal para fritar (dispensa, se foram assados no forno)
Lave o peixe com limão e tempere com sal e pimenta a gosto. Reserve por meia hora na geladeira. Bate os dois ovos
com ajuda de um garfo e põe num prato de sopa. Seque o peixe com papel cozinha. Passe as sardinhas pelo ovo,
coloque por dentro do saco plástico com a farinha, encha o saco com ar, feche e gire-o até o peixe esteja
uniformemente empanado. Proceda da mesma maneira com o restante dos peixes. Frite os peixes em porções
pequenas em dois dedos de óleo de temperatura não muito elevada para não queimar a crosta. Coloque sobre
papel cozinha.
Alternativa: asse no forno em temperatura média (180 graus) até fiquem crocantes por fora e úmido por dentro
(mais ou menos 30 minutos). Regue ainda quentes com o molho e sirva o restante a parte. Acompanha limão, arroz
ou beijucica a gosto.
Crosta
½ xícara de farinha d´água fina para farofa
½ xícara de farinha de rosca
½ xícara de fubá
½ xícara de castanhas, processadas em farinha
Sal, pimenta e ervas ou alho picado a gosto
Processe todas as farinhas, exceto da castanha, junto no processador e, a gosto, passe por uma peneira. Junta a
farinha da castanha e acerta os temperos. Coloque uma porção da mistura num saco plástico.
Molho agridoce
½ cebola picada,
2-3 pimentões regionais picados
1 pedaço de gengibre ralado
Azeite
Sal, pimenta e coentro em grão ou moído ou a gosto
½ copo (100 ml) de caldo de peixe
1-2 colher/es (sopa) de mel nativo
1 limão galego, suco e raspas da casca
Para o molho refogue a cebola, o pimentão e o gengibre num generoso fio de azeite. Tempere e acrescente o caldo
de peixe. Reduz em fogo brando. Acrescenta o suco e a casca de limão, o mel e corrija os temperos. Regue os peixes
ainda quente e sirva o restante do molho a parte. 139
Sardinhas fritas com erva-doce e uvas-passas
1 kg de sardinhas inteiras, limpas e ticadas
1-2 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
3-4 dentes de alho picados
Farinha de trigo ou farinha de rosca para empanar o peixe
Óleo para fritar
1 cebola cortada em anéis
2-4 pimentões regionais cortados em anéis
2 copos de vinho branco seco ou água com vinagre suave
Sal, pimenta a gosto
Sementes de erva-doce a gosto
Uvas passas brancas hidratadas em vinho branco a gosto
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e alho e reserve por 30 minutos na geladeira. Seque os
peixes com ajuda de papel cozinha, passe pela farinha e depois doure em 1-2 dedo/s de óleo. Frite em porções,
evite temperatura muito elevada para não queimar a farinha e depois reserve sob papel cozinha.
Prepare o molho. Doure a cebola junto com o pimentão num fio generoso de azeite, acrescente as sementes de
erva-doce e refogue até a cebola murchar. Junte os peixes fritos, a gosto as uvas hidratadas e o vinho branco.
Tempere com sal e pimenta, tampe a panela e continue assando em fogo brando por mais alguns minutos.
Salpique com o cheiro verde e sirva acompanhado de arroz branco.
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140
Sardinha ao forno com batata e molho de laranja e especarias
1 cambada de sardinhas ou outros peixes pequenos ou postas de peixe
1 limão galego
2-3 dentes de alho picados
Sal, pimenta e colorau a gosto
3 batatas-inglesas médias cozidas, descascadas, em
fatias
1 punhado de pimentão regional
2 laranjas em fatias
Lave o peixe com limão, tempere com alho, sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por meia hora na
geladeira. Preaqueça o forno em 200 graus. Unte uma forma refratária com um generoso fio de azeite,
acomode nas laterais fatias de batatas e algumas de laranjas no fundo, cubra com peixe e decore com mais
fatias de laranja e os pimentões. Salpique com as especarias, sal e pimenta e regue com o suco de laranja, o
vinho e bastante azeite. Asse no forno por 20-25 minutos ou até o peixe se solta com facilidade das espinhas.
Antes de servir salpique com casca ralada de laranja. Acompanha arroz branco e salada.
Molho de laranja e especiarias
2 laranjas, 2 colheres (chá) de casca ralada, suco
Pimenta de cheiro a gosto
½-1 (100-200 ml) de vinho branco
4-5 cravos
3-4 anis-estrelado
½ colher (chá) de cominho em grãos ou a gosto
Azeite
Regue o peixe com o suco de laranja e salpique com as especiarias anes de assar.
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Limão galego
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144
Pelo rabo se (re)conhece
o Gigante
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ARUANÃ
Aruanã
Perfil
O aruanã, Osteoglossum bicirhossum, peixe de água doce
bastante primitivo é um tipo de relíquia da evolução. Compartilha
com o seu parente o pirarucu a língua óssea e áspera e a boca
enorme. Possui um corpo muito comprido e alongado,
inteiramente coberto por escamas muito grandes e marcantes.
Normalmente de coloração amarelada com reflexos prateadas, as
escamas mudem de cor no tempo da reprodução. Alcança o
comprimento de até um metro e um peso de até 5 kg. Prefere
águas claras. Habita pequenos rios, igarapés e trechos de
florestas inundadas. Alimenta-se enquanto jovem de plantas e na
vida adulta de insetos, aranhas que se arriscam próxima da
superfície, de cobras e lagartos que ele alcança “voando”. Salta
com habilidade estupenda até dois metros fora da água, fazendo
jus ao seu apelido de “macaco d´água”. Reproduz durante a
enchente. Pai zeloso, protege a sua prole em sua boca. Já mais
velhos, os filhotes nadam sempre perto da sua cabeça. É um dos
maiores peixes do mundo que se mantém alimento praticamente
só de insetos e aranhas.
Paladar
Carne muita branca, delicada, com bastante espinha
Preparo
Peixe espinhoso, vendido ticado
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região. Não consta defeso
no Pará
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146
Aruanã ao tucupi
1 aruanã limpo em postas
1 limão galego
Sal, pimenta e açafrão-da-terra a gosto
1 l de tucupi ácido
4-6 dentes de alho
2-3 folhas de chicória
1 cheiro verde picado
½ cebola picada
2-3 pimentões regionais em listras
Azeite
½ maço de jambu sem talos
Pimenta de cheiro a gosto
Sal e pimenta a gosto
Azeite
Um punhado de camarões salgados, dessalgados a gosto
T
Lave as postas do peixe e o camarão com limão. Tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Enquanto isso, ferva o tucupi com o 3-4 dentes de alho, o cheiro verde picado e uma pimenta de cheiro
durante alguns minutos. Refogue a cebola junto com o pimentão e açafrão a gosto num generoso fio de azeite.
Acrescente o peixe e sele as postas de todos os lados. Junte o peixe ao tucupi, reduza o fogo e cozinhe tudo
em fogo brando até o peixe se solta com facilidade das espinhas. Quando o peixe quase está no ponto,
acrescente o jambu e o camarão. Espere o jambo murchar, corrija os temperos e sirva acompanhado de arroz,
farinha d´água e pimenta de cheiro.
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147
Aruanã com gremolata de limão galego e pimenta rosa
1-2 aruanã/s inteiro/s (660-800 g cada), descamados e ticado/s
1 limão galego
Marinada do peixe
1 cebola ralada
1 pedaço de gengibre ralado
4-5 dentes de alho espremidos
Sal, pimenta e colorau a gosto
Cominho e coentro em grãos a gosto
Azeite
5-6 tomates regionais
1 limão, fatias
Lave o peixe com limão. No pilão junte a cebola, o gengibre, o alho, sal, pimenta e colorau, cominho e coentro a gosto e pile até
obter uma pasta. Misture essa pasta com 2-3 colheres (sopa) de azeite. Esfregue a pasta no peixe, passe inclusive na barriga e
reserve por meia hora na geladeira. Preaqueça o forno em 180 graus. Unte uma forma refratária, suficientemente grande para
abrigar os peixes inteiros, com azeite. Forre o fundo com uma camada de tomate e fatias de limão e coloque os peixes por cima.
Regue com azeite e asse por 20-30 minutos ou até a carne do peixe se solta com facilidades das espinhas. Coloque o peixe sobre
uma folha de bananeira, retire com cuidado a pele e salpique a carne com a gremolata e sirva acompanhado de arroz de coco e
farinha.
Gremolata
1 limão galego, casca ralada
2 colheres (sopa) de pimenta rosa
1 colher (chá de grãos de pimenta diversas cores)
1 cheiro verde picado
A gosto 2-3 folhas de vinagreira e
2-3 galhos de manjericão picados
Sal e pimenta de cheiro a gosto
Para a gremolata rala cuidadosamente somente a parte amarela da casca do limão e misture com o
cheiro verde picado e as grãos de pimentas a gosto. Sirva sobre o peixe.
Arroz de coco salgado
Prepare o seu arroz não com água, mas com leite de coco. Caramelize uma cebola e sirva sobre o arroz.
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148
CAMORIM
Camorim
Perfil
O camorim ou camurim, Centropomus undecimalis , no Sul do país
também conhecido como robalo branco ou camuri, é muito
apreciado. Peixe nobre brilha na pesca esportiva com sua
voracidade e depois na mesa por sua carne saborosa. Peixe de
escamas, nada em grandes cardumes, mede mais ou menos 1,50
metros e alcança um peso de 25 kg. Tem corpo alongado e
prateado com uma linha lateral negra que se destaca no meio do
corpo, terminando na cauda. É encontrado nos estuários costeiros
dos Estados Unidos até o Brasil onde vive em baias, manguezais,
costões rochosas e rios até 20 metros de profundidade. Alimentase
de peixes, crustáceas, moluscos e insetos os quais devore com
voracidade. Tolera tanto águas salgadas quando doces. Penetra em
águas doces, subindo os rios, geralmente durante o inverno nos
meses novembro e dezembro, para desovar, movimentos aliás
pouco estudados. A sua ova também é muito apreciada.
Paladar
Carne nobre, delicada, branca e firme, muito saborosa e valorizada
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
Filé de camorim e camarão assado sob molho bouillabaisse
Status de conservação
Poucas informações, deve estar em perigo
Protegido
Não consta informação sobre período de defeso
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149
Caldo cremoso de camorim e ervas
4-6 filés ou postas de camorim ou a gosto
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
3 ½ copo de fundo de peixe ou de água
1 folha de louro
½ xícara de batatas-doces ou macaxeira, cozidas e exprimidos
2-3 colheres (sopa) de manteiga
1 colher de farinha de trigo
3-4 dentes de alho picados
1 colher (sopa) de vinagre branco ou
½ copo (100 ml) de vinho branco seco
3-4 galhos de coentro, chicória, cebolinha, alfavaca, vinagreira ou outras ervas a gosto
Lave as postas de peixe com limão, tempere com sal e pimenta e reserve por meia hora na geladeira. Cozinhe a
batata ou a macaxeira bem mole e passe ainda quente pelo espremedor de batatas. Reserve. Aquece o caldo de
peixe ou a água junto com a folha de louro e tempere a gosto. Misture a manteiga com a farinha até obter uma
pastinha. Refogue a mesma numa panela e espere dourar em fogo bem baixo. Junte o vinho branco ou o vinagre,
misture muito bem para depois incorporar tudo ao caldo de peixe ou a água temperada. Espere levantar fervura,
baixo o fogo e introduz os filés de peixe e 1/3 dos ervas. Cozinhe por 10-15 minutos em fogo bem brando,
esperando o peixe cozinhar. Quando o peixe se desfaz com facilidade em lascas firmes, retire o mesmo com todo o
cuidado e reserve. A gosto desfie em lascas generosas. Acrescente o tubérculo ao caldo, tempere a gosto e espere
engrossar e ganhar uma textura aveludada. Para servir, devolva o peixe ao caldo, corrige os temperos e salpique
com o restante das ervas. Sirva acompanhado de beijucica ou com pão com alho.
Pão com alho
Manteiga com sal em temperatura ambiente
Cheiro verde picado
3 dentes de alho picados bem fino
Aquece o forno em 180 graus. Corte o pão em fatias. Recorte um dente de alho e esfregue o corte sobre o pão ou
misture o alho picado junto com o cheiro verde picado a manteiga. Passe a manteiga no pão e doure no forno por 10
minutos. Sirva quente.
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150
Moqueca de camorim com limão-da-Caiena e capim-limão
800 g de camorim em postas ou filé
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau ou açafrão-da-terra a gosto
Azeite
3-4 dentes de alho picados bem fino
1 cebola cortada em anéis
3 pimentões de cores distintas, verde, amarelo e vermelho ou pimentão regional de diversas cores, cortados
em anéis
4-5 tomates cortados em rodelas
1 punhado de limão-da-Caiena cortados em rodelas
1 punhado de capim limão
1 maço de cheiro verde picado
1 maço de coentro picado
½ - 1 copo (100-200 ml) de leite de coco
Azeite de dendê a gosto
Lave as postas do peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Aquece a panela
de barro, regado com um generoso fio de azeite. Forre o fundo da panela com uma camada de tomate,
cebola e pimentão. Tempere com sal, pimenta e açafrão. Continua as camadas com peixe, algumas rodelas
do limão-da-Caiena e um pouco de capim limão picado. Continue com as camadas alteradas até todos os
ingredientes acabaram, terminando com uma camada de tomate, cebola e pimentão. Salpique com metade
do cheiro verde, tampe e espere levantar fervura. Reduz o fogo e cozinhe em fogo brando por 10 minutos.
Acrescente o leite de coco e o azeite de dendê a gosto e continue cozinhando até o peixe se desfaz em
lascas firmes. Corrija os temperos e sirva acompanhado de pirão, preparado com as aparas do peixe.
Para o pirão use o fundo feito das aparas do peixe. Doure cebola, acrescente o fundo de peixe e engrosse o
mesmo com farinha até obter a consistência desejada. Tempere a gosto e sirva junto com a moqueca.
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151
Filé de camorim sob salada morna de feijão de praia novo
600-800 g de filé de camorim
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Óleo para assar o peixe
Lave o filé de peixe com limão e corte em pedaços se for necessário. Tempere a gosto e deixe repousar por meia
hora na geladeira. Numa frigideira aquece o óleo. Seque o peixe com ajuda de papel toalha e asse de todos os lados.
Sirva o peixe sobre a salada morna.
Se preferir, prepare picles de cebola para acompanhar a salada. Corta a cebola em listras, cozinha durante alguns
minutos em água com sal, vinagre, açúcar, pimentas e uma folha de louro. Espere esfriar e sirva com a salada.
Salada de feijão morna
2 xícaras de feijão de praia novo, cozido
2-3 dentes de alho picados bem fino
Sal grosso
1 cebola roxa cortadas em listras ou picles de cebola roxa
1-2 tomates cortados em listras
1 cheiro verde picado
Azeite
Vinagre ou arubé a gosto
Cozinhe o feijão em água sem sal até ficar mole sem desmanchar. Escorre e tempere ainda quente com alho picado,
vinagre e sal grosso. Corte o restante dos ingredientes e reserve. Tempere a salada com azeite e cheiro verde ou
arubé, junte o tomate e a cebola, misture, corrija os temperos e sirva a salada morna junto com o peixe.
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152
Filé de camorim com pesto verde de avium e castanhas e creme de leite
4-6 filés, 800 g de camorim
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Lave as postas do peixe com limão e tempere a gosto. Reserve por meia hora na geladeira. Prepare o pesto.
Seque o peixe com ajude de papel toalha e asse num generoso fio de azeite de todos os lados. Aquece o
pesto sem ferver e sirva sobre as postas. Decore a gosto. Acompanha com arroz branco e legumes assados
no forno.
Pesto com creme de leite
1 ½ copo (300 ml) de azeite
5 dentes de alho
1-2 maço/s de coentro ou manjericão
1 punhado (100 g) de castanhas de caju ou do Pará
1 punhado de avium salgado
ou 6-8 camarões secos, dessalgados, descascados
2-3 colheres (sopa) de creme de leite
1 pimenta de cheiro
1 ramo de coentro ou manjericão de decoração
Dessalgue o avium ou o camarão com água e limão. Se preferir, tire a casca e a cabeça do camarão. Processe
coentro, avium ou camarão, castanhas, alho e azeite no processador até obter uma pasta homogenia.
Acrescente o creme de leite e tempere a gosto. Sirva sobre o peixe.
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153
Filé de camorim e camarão assado
sob molho bouillabaisse
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154
Filé de camorim e camarão assado sob molho bouillabaisse
800 – 1000 g camorim ou uma mistura de 2-3 tipos de peixes por exemplo camorim, filhote e pescada
amarela em postas ou filé
Aparas de peixe e crustáceas para o fundo de peixe
400 g de camarão, caranguejo e mexilhão a gosto
1-2 limão galego, casca ralada e suco
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cebola picada
Azeite
5-6 pimentões regionais cortados em listras
1 pedaço de gengibre
½ copo de vinho branco
1-1 ½ copos (200-300 ml) de fundo de peixe obtido dos aparos do peixe e do camarão
1 cenoura
3-4 tomates regionais sem pele
1-2 pimentas de cheiro
1-2 folha de louro
2-3 cravos
Açafrão verdadeiro ou açafrão-da-terra ou colorau a gosto
1 laranja, 5 cm da casca
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de goma de tapioca ou farinha d´água para engrossar a gosto
1 cheiro verde picado
Lave o peixe e o camarão com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare
com as cascas do camarão e as aparas do peixe um fundo de peixe perfumado. Filtre, descarte as aparas e
reserve o caldo. Refogue a cebola junto com o pimentão, o colorau ou o açafrão e o gengibre num um fio
de azeite. Reserve. Na mesma panela sele os peixes e crustáceas de todos os lados num generoso fio de
azeite. Reserve. Devolve o refogado a panela, acrescente o tomate, põe vinho branco, o fundo de peixe, a
pimenta de cheiro, metade do cheiro verde, a folha de louro e os cravos. Espere levantar fervura, baixo o
fogo, tempere a gosto e acrescente aos poucos o peixe, conforme o tempo de cozimento de cada um.
Mantém o caldo com o peixe em fogo bem baixo e cozinhe os mesmos por 10-15 minutos. No final
coloque as crustáceas. Espere até tudo esteja cozido, mas ainda firme. Retire peixes e crustáceas com
ajuda de uma espumadeira e muito cuidado e reserve, mantendo quente. Passe o caldo pelo
liquidificador. Derrete a manteiga. Dilua a goma em um pouco de água fria ou use farinha e incorpore
manteiga e goma ao caldo, sempre mexendo. Acrescente a casca e o suco de laranja, e reduz em fogo
brando até engrossar. Corrija os temperos e sirva o peixe e as crustáceas sobre um espelho do molho.
Decore com o cheiro verde. Acompanha arroz branco.
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155
Posta de camorim com crosta de alho e castanhas
4 postas ou files (800 g) de camorim
1 limão galego
Sal, pimento e colorau a gosto
Abobora branca em fatias, cozida
Azeite
1-2 batatas-doces ou batatas-inglesas pré-cozidas, em fatias
1-2 maços de quiabo cortado ao meio ao longo do comprimento
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimento e colorau a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Preaqueça o forno em 180 graus. Unte uma forma refratária generosamente com azeite, corta a batata
descascada em rodelas e espalha na forma. Salpique com sal. Coloque as postas do peixe por cima.
Prepare a crosta, receita ao lado e espalhe sobre o peixe. Leve ao forno por 15-20 minutos ou até o peixe
mudou de cor e se desfaz com facilidade em lascas firmes e a crosta fique bem dourada. Enquanto doure,
frite o quiabo em um pouco de azeite, tempere e sirva junto com a abobrinha acompanhando o peixe.
O mesmo peixe fica perfeito cozido na cataplana. Para obter uma crosta crocante, coloque o peixe por
alguns minutos debaixo da grelha.
Crosta
½ xícara (50 g) de castanhas de caju ou do Pará em lâminas
3-4 dentes de alho em lâminas
1 clara de ovo levemente batido
Sal, pimenta e colorau a gosto
Para a crosta misture a clara de ovo com as lâminas de alho e castanhas, tempere a gosto e espalhe sobre
o peixe.
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156
Camorim com molho cítrico, legumes na manteiga e farofa com castanhas
800 g de camorim em filé ou postas
1 limão galego
Sal, pimento e colorau a gosto
Farinha de trigo para empanar
Azeite
Legumes na manteiga
Legumes da estação cortados em espaguetes, aqui cenoura, jerimum e feijão de metro
2-3 colheres (sopa) de manteiga
Sal e pimenta a gosto
Galhos de coentro para servir
Lave as postas do peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Puxe os espaguetes
de legumes pela manteiga, tempere e reserve. Seque o peixe com papel cozinha, passa pela farinha e doure
num generoso fio de azeite. Reserve, mantendo quente. Prepare a farofa de castanhas e o molho. Sirva sobre
o peixe acompanhado dos legumes, do molho e da farofa. Decore com galhos de coentro.
Molho cítrico
½ - 1 copo (100-200 ml) de fundo de peixe
½ copo (100 ml) de vinho branco seco
1 limão, fatias e 1-2 colher/es (sopa) de suco de limão
2 gemas de ovo
Folhas de coentro
Para o molho aquece o fundo de peixe junto com o vinho num banho-maria. Acrescente o suco de limão e as
gemas, bate com um batedor de arame até o molho engrossar. Sirva acompanhando o peixe.
Farofa com castanhas
2-3 colheres (sopa) de manteiga
1 punhado de castanhas diversas, picadas
1 dente de alho picado bem fino
1 copo de farinha para farofa
Sal e pimenta a gosto
Para a farofa doure o alho junto com a castanha na manteiga, acrescente a farinha, tempere a gosto e reserve.
Sirva acompanhando o peixe.
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158
DOURADA
Dourada
Perfil
Entre as 14 espécies de bagres da Amazônia, apelidos de peixesgolias,
a dourada Brachyplatystoma Rousseauxii ou flavicans, é a
mais capturada e cobiçada por sua carne delicada com baixo teor
de gordura. Sua espécie se distribua na Bacia Amazônica onde
habita o leito de grandes rios de águas brancas e pretas, em seus
poços e trechos abaixo das corredeiras e pedrais. Adulto, prefere
o canal do rio, os jovens vivem na várzea. É um peixe liso com
corpo roliço e alongado e tem a cabeça achatada, barbilhões
curtas e arredondados e olhos pequenos situadas no topo da
cabeça. Exibe uma cor prateada-esbranquecida que se torna,
dependendo das condições da luz, dourada. As nadadeiras são
rosadas. Alcança 1,5 metros de comprimento e 20 kg de peso.
Predador e caçador talentoso, se alimenta de outros peixes e
camarões. Para reproduzir, percorre distâncias superiores a 4 mil
quilômetros, migrando rio acima para desovar. Fortes
correntezas carregam as suas larvas rio abaixo.
Paladar
Carne delicada e nobre com baixo teor de gordura
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
Ceviche misto ou dourada assada com legumes
Status de conservação
Está correndo perigo de sobrepesca
Protegido
Novembro até Março, dependendo, sem defeso no Pará
J F M A M J J A S O N D
159
Dourada com crosta de coentro, avium e
castanhas
800 g de postas ou filés de dourada ou outro peixe de carne firme
1 limão galego
Sal e pimenta
2-3 colheres (sopa) de farinha d´água
Crosta
1-2 punhados de aviúm fresco ou salgado
3-5 dentes de alho
1 maço de coentro
3-4 folhas de chicória
1 punhado de castanhas de caju ou do Pará
1 copo (200 ml) de azeite
Pimenta a gosto
Lave o peixe e o avium com limão. Tempere o peixe a gosto
e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o pesto.
Processe todos os ingredientes no pilão ou no
processador até obter uma pasta rústica ainda com
pedaços de castanhas. Corrige os temperos e o sal e
reserve. Preaqueça o forno em 200 graus. Unte uma
forma refratária, cubra o fundo com a farinha e acomode
o peixe sobre a mesma. Cubra com o pesto e asse no
forno durante 20-30 minutos ou até o peixe se desfaz
com facilidade em lascas firmes. Sirva acompanhado de
arroz branco e legumes, decorado com galhos de
coentro.
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160
Dourada com vegetais ao
forno
800 g de filé de dourada
2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
Legumes a gosto por ex.: feijão de
metro e maxixe pré-cozidos, alho na
casca com topo cortado, quiabo,
cebola, pimentão regional, jerimum,
repolho roxo
Sal grosso
Lave o peixe com limão, tempere e
deixe tomar gosto por meia hora na
geladeira. Pré-cozinhe os legumes
em água com sal. Aquece o forno
em 220 graus. Unte uma forma
refratária com bastante azeite,
espalhe o peixe e os legumes sobre
a mesma, salpique com sal grosso e
regue com azeite. Asse no forno até
o peixe mudou de cor e se parte em
lascas firmes e os legumes
dourarem. Decore com fatias de
limão e sirva acompanhado de arroz
e farinha.
Um fio de mel de abelha nativa
derramado sobre os legumes ou um
pouco de cominho acrescentam um
toque exótico.
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161
Moqueca de dourada à Espirito Santo
sem pimentão e azeite de dendê
1 kg de dourada em postas de 5 cm de altura
Aparas do peixe para o fundo de peixe
1-2 limões galegos
3-5 dentes de alho
1 maço de coentro picado
1 cheiro verde picado
Sal, pimenta e colorau a gosto
Pimenta de cheiro a gosto
Azeite
1 cebola em rodelas
4-5 tomates, cortados em fatias
T
Lave as postas de peixe com um limão e reserve. Soque no pilão o alho junto com metade do coentro, metade do
cheiro verde, sal, pimenta e colorau. Cubra o fundo de uma panela de barro previamente untada com um pouco de
marinada. Cubra com cebola e fatias de tomate e um pouco de coentro e cheiro verde. Continue com uma camada
de peixe e altere as camadas e a marinada até todos os ingredientes estão na panela. Termine com tomates, cebola
e cheiro verde. Regue com azeite e suco de meio limão a gosto. Tampe a panela, reserve e deixe tomar gosto por
meia hora. Enquanto isso prepare o fundo de peixe com as aparas, usado no pirão. Leve a panela ao fogo e espere
aquecer. Misture 3 colheres (chá) de colorau com 1 colher (sopa) de azeite e despeje sobre o peixe na hora de
começar a levantar fervura. Cozinhe lentamente em fogo brando com a panela aberta por 20-25 minutos sem virar
nem mexer. Balance de vez em quando a panela para as postas não grudem no fundo. Corrija os temperos e
salpique com o restante das ervas. Para o pirão filtre o fundo de peixe, engrosse com farinha, tempere a gosto e
sirva o peixe acompanhado de arroz branco, pirão e pimenta de cheiro.
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162
Ventrecha de dourada ao molho de tucupi sob jambu
800 postas ou filé de dourada
Sal, pimenta e colorau a gosto
3-4 dentes de alho em lâminas
1 limão galego, casca ralada e suco a gosto
1-2 maços de jambu sem talos
T
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta, colorau e metade do alho e reserve por meia hora na geladeira.
Doure o restante do alho em um fio de azeite, acrescente o jambu, espere abafar, tempere a gosto e reserve.
Prepare o molho. Doure o peixe em um generoso fio de azeite ou asse no forno. Acrescente o jambu ao molho,
aqueça e sirva o peixe sob uma cama de jambu regado com o molho. Sirva o restante do molho a parte. Acompanha
arroz branco, farinha e pimenta de cheiro a gosto.
Molho
1 maço de cebolinha picado
½ cebola picada
1 folha de chicória picada
1 xícara (200 ml) de tucupi ácido
½ copo (100 ml) de fundo de peixe
Sal e pimenta a gosto
3-4 pimentas de cheiro
1 cheiro verde a gosto
1-2 colheres (sopa) de goma, previamente diluída em um pouco de água fria ou farinha fina para engrossar o molho
Em novo fio de azeite refogue a cebolinha, a cebola e a pimenta. Dissolve a goma em um pouco de água fria,
incorpore ao tucupi e acrescente à cebola. Misture com o fundo de peixe, corrige os temperos e reduza em fogo
muito brando até o líquido alcança a espessura desejada. Se preferir um molho liso, passe por uma peneira. Corrija
os temperos e reserve. Sirva o peixe regado com o molho.
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163
Postas de dourada ao molho de açaí
3-4 postas ou mais ou menos 800 g de dourada ou outro peixe de carne firme fresco ou semi-sal
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de farinha de trigo
Azeite
Lave o peixe com limão, tempere a gosto com sal, pimenta e colorau e reserve por meia hora na
geladeira. Seque o peixe com papel toalha. Tempere a farinha com sal e pimenta e vire o peixe na
mesma. Doure o peixe de todos os lados em um generoso fio de azeite ou asse-lo na brasa. Reserve as
postas, mantendo quente. Assando o peixe na frigideira, aproveita a mesma para preparar o molho.
Corrija os temperos do molho e sirva o peixe sobre um espelho do mesmo, decorado com os anéis de
cebola e salpicado com cheiro verde. Acompanha arroz branco, farinha, legumes e fatias de banana
pacovã assadas na manteiga.
Molho de açaí
½ cebola roxa cortada em anéis
½ cebola roxa picada
2-3 pimentões regionais picados
4 dentes de alho bem picados
1 pimenta de cheiro bem picada
2-3 folhas de chicória bem picadas
1 copo de açaí grosso
½ maço de cheiro verde picado
Refogue a cebola picada junto com o pimentão. Solte bem os queimadinhos do fundo da panela.
Acrescente o alho, a pimenta do cheiro, a chicória e metade do cheiro verde e por fim o açaí. Tempere a
gosto e reduz em fogo brando até todos os gostos se misturem. Refogue os anéis de cebola e sirva o
peixe sob um espelho do molho.
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164
Ragu de dourada com legumes e molho branco com leite de coco
800 g de filé de dourada cortada em pedaços grandes
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
2-3 dentes de alho picados bem fino
1 maço de feijão de metro
1 pedaço de jerimum cortado em cubos
1 maço de maxixes cortados em gomos ao longo do comprimento
1 cenoura cortada em palitos
1-2 batata-doce ou -inglesa cozida, cortada em cubos
1 maço de couve, o talo picado, as folhas rasgadas em pedaços
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e alho e deixe tomar gosto por 30 minutos na geladeira. Prepare
o molho, receita ao lado. Cozinhe os legumes, começa com aqueles de cozedura mais longa, primeiro o feijão, depois
a cenoura e por fim o maxixe e talo da couve e cozinhe até fiquem al dente, oferecendo, ao serem mordidos, uma
certa resistência aos dentes. Quando os legumes estão quase prontos, junte e o leite de coco. Espere levantar
fervura e acrescente o peixe. Cozinhe devagar sob fogo muito brando até o peixe mude de cor e se desfaz em lascas
firmes. Nos últimos minutos do cozimento acrescente também a batata-doce e a folho de couve rasgada. Espere
murchar, corrija os temperos e salpique com cheiro verde. A gosto acrescente um pouco de suco de limão.
Acompanha arroz branco e farinha.
Molho branco com leite de coco
3 colheres (sopa) de manteiga
1 cebola cortada em meia luas
3-4 pimentões regionais de várias cores cortados em listras
3-4 colheres (sopa) de goma peneirada, diluída em água fria
2 copos (400 ml) de fundo de peixe
½ copo (100 ml) de vinho branco seco
½ -1 copo (100-200 ml) de leite de coco
1 maço de cheiro verde picado
Suco de limão a gosto
Para o molho derrete a manteiga numa panela grande e refogue a cebola junto com o pimentão. Dissolve a goma
peneirada em um pouco de fundo de peixe frio e acrescente à cebola. Misture bem e incorpore o restante do fundo
de peixe, o vinho branco e metade do cheiro verde. Cozinhe em fogo brando até todos os gostos se uniram.
Tempere a gosto e siga receita ao lado.
A gosto pode substituir a goma por farinha branca e o leite de coco por creme de leite. Começa misturando farinha
peneirada com manteiga, frite um pouco para depois acrescentar o caldo de peixe.
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165
Postas de dourada ao molho de tamarindo com purê de grãode-bico
e batata-doce laranja
800 g de postas de dourada
1 limão galego
2-3 colheres (sopa) de farinha de trigo
Marinada
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 pedaço de gengibre
1 pedaço de açafrão-da-terra fresco ou em pó
2-3 dentes de alho picados em lâminas
¼ colher (chá) de coentro e cominho em grãos
1-2 colheres de pasta de tamarindo
1-2 colheres (sopa) de azeite
1-2 pimentas de cheiro picadas em listras
1 cebola roxa cortada em anéis
1 ½ copo (150 ml) de caldo de peixe
1 maço de coentro fresco
1 colher (sopa) de manteiga
Lave as postas do peixe com limão. No pilão pile todos os ingredientes secos da marinada.
Acrescente o azeite e a pasta de tamarindo e marine o peixe nessa marinada por 15 minutos.
Refogue a cebola junto com o pimentão num generoso fio de azeite e reserve. Retire o peixe da
marinada. Reserve a marinada e seque o peixe com ajuda de papel toalha, passa pela farinha e
doure de todos os lados num generoso fio de azeite. Reserve, mantendo quente. Aquece a
marinada junto com o refogado na frigideira na qual fritou o peixe, espere levantar seu perfume
e depois incorpore o caldo de peixe e o coentro. Reduza o molho em fogo brando até a
consistência desejada, acrescente a manteiga, corrija os temperos, devolve o peixe, espere
perfumar e sirva acompanhado de purê de batata-doce e grão-de-bico.
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166
Dourada a maneira europeu – filé de dourada confitado no azeite
acompanhado de legumes ao forno
4 filés ou postas de dourada fresca ou salmourada
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Coentro e cominho em grãos a gosto
Azeite quanto basta
Na véspera, salmoure o peixe ou cubra com uma fina camada de sal para intensificar o seu
gosto. Aqueça o forno a 120 graus. Lave o peixe com água e depois com sal, acomode bem
apertado numa forma refratária e cubra com azeite. Mais apertado melhor e menor o gasto
desnecessário com azeite. A gosto tempere o azeite com coentro e cominho em grãos e
dentes de alho. Asse peixe e legumes lentamente em temperatura baixíssima, o azeite não
deve ferver, por 1h – 1 ½ h até o peixe se desfaz com facilidades em flocos firmes. Retire o
peixe e use o azeite para outros fins. Sirva o peixe acompanhado dos legumes e arroz
branco.
Legumes ao forno
1 bulbo de alho com casca, topo cortado
1 cebola em anéis grossos ou dividido em oito
1-2 punhados de pimentões regionais
½ jerimum em fatias
3-4 tomates regionais cortados ao longo do comprimento
1 cenoura cortada em palitos
1 maço de feijão de metro, cozido
1 maço de maxixe, pré-cozido cortado ao longo do
comprimento
Azeite
Sal grosso, pimenta a gosto
A parte pré-cozinhe os legumes e arranje todos numa outra forma refratária. Salpique com
sal grosso e regue com azeite. Os legumes também poderiam ser assados juntos com o
peixe no azeite.
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167
Filé de dourada com molho azedinho de alcaparras e manteiga
800 g postas ou filé de dourada, fresco ou
salmourado durante uma noite
1 limão galego, casca ralada e suco a gosto
Sal, pimenta e colorau a gosto
Farinha de trigo
Azeite
Lave as postas do peixe com limão, tempere com sal e pimenta a gosto e reserve por meia hora na
geladeira. Enquanto isso, prepare o molho. Seque o peixe com ajuda de papel toalha, passe pela farinha
e asse num fio de azeite e uma colher de manteiga. Quando o peixe mudou de cor e se parte em lascas
firmes, reserve, mantendo-o quente. Sirva o peixe coberto com o molho, acompanhado de arroz branco
e legumes.
Molho azedinho
½ cebola picada
2-3 pimentões regionais picados
1 pedaço de gengibre ralado
1 maço de cheiro verde picado
Azeite
1 copo (200 ml) de vinho branco seco
1 copo (200 ml) de fundo de peixe
3-4 colheres (sopa) de manteiga gelada cortada em cubos
1-2 colher/es (sopa) de vinagre branco ou suco de limão a gosto
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de alcaparras
Refogue a cebola junto com os pimentões num fio de azeite e uma colher de manteiga, acrescente o
gengibre, o cheiro verde, o vinho branco e o fundo de peixe e reduza o líquido em fogo muito brando
até a metade. Doure o peixe e reserve. Aproveita a frigideira onde foi assado o peixe, soltando os
queimadinhos incorporando-as ao molho. Espere aquecer, diminua o fogo e incorpore com ajuda de um
batedor de arrame o restante da manteiga, o suco de limão ou o vinagre e as alcaparras. Evite aquecer
demais para não talhar ou amargar. Corrija os temperos e sirva o molho sobre o peixe. Se preferir um
molho liso, passe por uma peneira antes de acrescentar as alcaparras.
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168
Dourada assada ao forno sobre arroz de legumes e creme de abacate
800 g de dourada em postas ou filé
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
2-3 dentes de alho picados
Azeite
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e
reserve por meia hora na geladeira. Asse no
forno ou na grelha até a carne mude de cor e se
desfaz em lascas firmes. Sirva o peixe sobre o
arroz de legumes, acompanhado do creme de
abacate, salpicado com ervas.
Arroz de legumes regionais
1 xícara de arroz
2 xícaras de água ou fundo de peixe fervente
1-2 dentes de alho picados
Azeite
Sal e pimenta a gosto
1 maço de quiabo cortado ao longo do
comprimento e depois em três pedaços
½ maço de espinafre de orelha de macaco sem
talos
1 maço de maxixe cortado em fatias ao longo do
comprimento
Ou outros legumes como jambu, quiabo de
metro ou abobrinha branca
Doure o alho num fio de azeite, junte o arroz
lavado e depois os legumes e continue
dourando. Acrescente o fundo de peixe ou a
água, tempere a gosto e cozinhe em fogo
brando até o arroz absorveu toda a água e os
legumes estejam macios.
Molho de abacate
1 abacate maduro
1 dente de alho
1-2 colheres (sopa) de vinagre ou suco de limão
Sal e pimenta a gosto
½ - 1 maço de coentro a gosto
Ervas como coentro e hortelã para decorar
Tire o abacate com ajuda de uma colher da
casca e bate junto com os outros ingredientes
no liquidificador. Corrija os temperos e sirva
sobre o peixe.
169
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
170
FILHOTE/PIRAÍBA
Filhote/Piraíba
Perfil
Apelido de filhote, mas um bagre dos superlativos, a Piraíba,
Brachyplathystoma filamentosum pode pesar entre 20 e 200
quilos, medir até 3 metros e alcançar 1 ½ metro de
circunferência. Somente peixes até 60 kg são chamados de
“filhote”, acima disso se tornam piraíbas, os maiores bagres de
água doce do Brasil. Peixe nobre, de couro de coloração cinza
escura amarronzada com a barriga branca quando adulto e mais
claro com manchas escuros na juventude, tem cabeça achatada
com olhos pequenos posicionados por cima. O tamanho dos
seus barbilhões, importante para se orientar, pode chegar ao
dobro do comprimento do corpo. Ocorrem em rios e lagos de
águas bancas, negros e claras, sendo mais comum em águas
claras onde vivem em grandes profundezas ou nas confluências
dos grandes rios onde se alimentam de outros peixes. Enquanto
jovem, emprenham grandes migrações. Estima-se que se
deslocam mais do que 5500 km – os deslocamentos mais longos
conhecidos enfrentados por peixes de água doce. É fortemente
caçado enquanto se desloca. Pouco se sabe da sua reprodução.
Há evidências de que a desova seja total durante a enchente e
ocorra nas cabeceiras do rio Amazonas.
Paladar
Carne muito apreciada, branca, delicada e nobre com baixo teor
de gordura e espinhas proporcional gigantes
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
Ensopado ao leite de castanhas
Status de conservação
Ameaçado
Protegido
Não consta informação sobre defeso 171
Ceviche tradicional de filhote
150g de filhote fresquíssimo* por pessoa
1 limão galego, raspas da casca e suco
¼ - ½ de uma cebola roxa cortada em rodelas
1 pedaço de gengibre picado
1-2 pimentas vermelhas picadas bem fino
1 dente de alho picado bem fino
1 pimenta de cheiro
Sal marinho e pimenta a gosto
½ maço de coentro
Acompanha a gosto
1-2 cará brancos ou roxos cozidos em rodelas
4-5 folhas verdes
2 espigas de milho verde cozidas
1 batata-doce ou macaxeira cozida
Pique o peixe em cubos ou tiras e coloque numa vasilha de louça ou de vidro.
Regue todo o peixe com suco de limão e tempere com sal, gengibre, pimentão,
alho, pimenta e coentro. Alternativa: bate todos esses ingredientes, – reserve
alguns galhos de coentro para decorar – juntos com 1-2 cubos de gelo no
liquidificador e regue o peixe com este “leite”. Espere que o peixe “cozinhe”
por alguns minutos no limão, mudando de cor se tornando leitoso e
esbranquiçado. Finalize com folhas de coentro e raspas da casca de limão a
gosto e sirva a moda peruana acompanhado da salada, do milho e dos
tubérculos.
*Para prevenir qualquer infecção com parasitas transmitida pelo consumo de
peixe cru, recomenda-se congelar o peixe por no mínimo 48 h antes de usa-lo.
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172
Risoto do chefe a moda paraense
Serve 6-8 pessoas
4-6 pitus com casca
2 punhados generosos de camarão regional com casca
400 g de pirarucu filhote em postas
400 g de surubim ou pescada amarela
2 punhados generosos de mexilhão
2 punhados de patas de caranguejo
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite
Óleo para fritar
1 cebola picada
3-4 dentes de alho picados
4-5 pimentões regionais cortados em rodelas
1 xicara de arroz
1-1 ½ xícaras de caldo de camarão e pitu preparado com as aparas, cabeças e cascas dos mesmos
1-1 ½ xicaras de tucupi ácido
3 folhas de chicória
2 dentes de alho
1 maço de jambu sem talos
1 cheiro verde picado
A gosto 1-2 colheres (sopa) e manteiga
Lava os peixes e os crustáceos com limão. Retire toda a areia do mexilhão. Retire as cabeças dos camarões e do pitu,
junte aparas de peixe se tiver disponível, refogue num fio de azeite, cubra com água e prepare um caldo perfumado.
Filtre, descarte as aparas e guarde o líquido. Tempere os peixes e os crustáceos com sal e pimenta e reserve por
meia hora na geladeira. Ferva o tucupi com as folhas de chicória e os dentes de alho durante alguns minutos. Baixe o
fogo do tucupi ao mínimo e cozinhe (poché) peixes muito sensíveis e a gosto também a pata do caranguejo e o
camarão a parte alguns minutos no líquido até mudem de cor e reserve. Prepare o arroz numa panela com boca
larga e pouco funda ou de barro. Aquece um fio de azeite, refogue a cebola junto com o pimentão, acrescente o
arroz e continue refogando por um minuto. Junte o caldo de camarão e o tucupi. Coloque com cuidado as postas de
peixe menos sensíveis, tempere a gosto e cozinhe por cinco minutos em fogo brando. Aos poucos acrescente o
jambu e o restante dos ingredientes conforme o seu tempo de cozimento. Evite mexer muito e espere até o
camarão e o pitu se tornam rosados, o peixe mudou de cor, se deixa partir com facilidade em lascas firmes e o arroz
absorveu quase todo o líquido. Corrija os temperos e a gosto incorpore a manteiga, coloque o peixe previamente
cozido no tucupi sobre o arroz, espere aquecer, salpique com cheiro verde e pimentas de cheiro e sirva.
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173
Filhote a moda cabocla
1 kg de peixe em postas por ex. filhote ou outro peixe firme
1 limão galego
3-4 dentes de alho
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cebola cortada em rodelas
1 punhado de pimentões regionais cortados em listras
1 pedaço de gengibre picado
4-6 tomates regionais cortados em cubos
Ou 1 lata de tomates pelados
1 cheiro verde picado
1 xícara (200 ml) de leite de coco
1-2 colheres de goma de tapioca ou farinha fina para engrossar a gosto
1 maço de coentro picado
T
Lave o peixe com o limão, tempere com sal, pimenta, alho e colorau a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Refogue a cebola junto com o pimentão em um fio de azeite, junte o tomate e metade do cheiro verde, tempere a
gosto e deixe cozinhar em fogo brando por 30 minutos. Esfriado, passe pelo liquidificador. Sele as postas do peixe de
todos os lados em um fio de azeite, cubra com o molho e cozinhe até o peixe se desfaz com facilidade em lascas
firmes. Acrescente o leite de coco aos poucos sem levantar fervura, para não talhar. Corrija os temperos, salpica com
o coentro e sirva acompanhado de arroz branco e farinha d´água. Caso prefere um molho mais expresso, engrosse
com goma de tapioca ou farinha a gosto.
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174
Filhote com molho condimentado de açafrão-da-terra, batata-doce e leite de coco
800 g de filhote em postas ou filé
1 limão galego
Sal, pimenta e açafrão-da-terra a gosto
Azeite
1 cebola cortada em listras
3-4 pimentões verdes cortados em listras
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Doure o peixe em um fio generoso de
azeite com um pouco de açafrão-da-terra. Reserve. Na mesma panela doure a cebola junto com o pimentão. Sirva o
peixe sobre um espelho do molho, decore com as cebolas e pimentões, salpique com cheiro verde e regue com um
fio de leite de coco. Acompanha arroz branco e beijucica.
Molho condimentado
¼ colher (chá) de cominho em grão ou em pó
½ colher (chá) de sementes de mostarda ou de coentro em grãos
2-3 pimentões regionais verdes sem sementes
1 pedaço de açafrão-da-terra fresco ou
meia colher (chá) em pó
1 pedaço de gengibre
3-4 dentes de alho
Sal e pimenta a gosto
½ copo (100 ml) de leite de coco
¾ copo (150 ml) de fundo de peixe
1-2 batatas inglesas ou batatas-doces cozidas
1 colher (sopa) de vinagre ou suco de limão
1 maço de cheiro verde picado para decorar
Manjericão para decorar
Para o molho torre as sementes de coentro e cominho em fogo brando até levantar o seu perfume. Acrescente um
fio de azeite e refogue o pimentão junto com o gengibre e o açafrão-da-terra. Acrescente o alho e refogue mais um
pouco. Misture o refogado com o restante dos ingredientes e passe pelo processador. Corrija os temperos e a acidez
e aquece em fogo brando.
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175
Filhote na folha de vinagreira com purê de jerimum com cenoura e arroz colorido
800 g de filé de filhote em cubos grandes e as aparas do peixe
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 punhado generoso de folhas grandes, vinagreira ou couve
3-4 dentes de alho picado bem fino
Cipó ou barbante para amarrar e um cesto para cozinhar no vapor
Ao pedir o pesqueiro de cortar o filé, leve o espinhaço e todas as aparas do peixe para fazer um fundo de peixe,
usado no preparo do arroz.
Lave todo o peixe com o limão, tempere com sal, pimenta, alho e colorau a gosto e reserve por meia hora. Cozinhe
dos aparos do peixe o fundo de peixe. Lave as folhas de vinagreira, tire o cabinho e embrulhe cada pedaço de
peixe em 5-7 folhas de vinagreira ou meia ou uma folha inteira de couve. Amarre com o cipó ou linha e coloque na
panela sob vapor. Cozinhe no vapor por 10-15 minutos. Misture o cheiro verde ao arroz e sirva o peixe sobre o
purê acompanhado do arroz.
Purê de jerimum com cenoura
1 pedaço de jerimum cortado em cubos
2 cenouras cortadas em rodelas
Azeite
½ cebola picada
3-4 dentes de alho picados
½ xícara de água ou leite de coco
1 pitada de noz-moscada
Para o purê doure a cebola e o alho em um fio de azeite, acrescente o jerimum, a cenoura e a água ou o leite de
coco e cozinhe em fogo brando até amolecer. Amasse com ajuda de um garfo ou coloque no processador até
obter um purê. Acrescenta a noz-moscada, tempere a gosto e reduz em fogo brando até a consistência desejada.
Arroz colorido
2-3 dentes de alho
Azeite
1 xícara de arroz
2 xícaras de fundo de peixe
¼ de um pimentão vermelho, verde e amarelo picado bem fino
1 cheiro verde bem picado
Prepare o arroz. Refogue o alho junto com o pimentão, junte o arroz lavado e adicione o fundo de peixe e sal a
gosto. Cozinhe em fogo baixo até o arroz absorveu toda a água.
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176
Castanhas de leite
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
177
Filhote poché no leite de castanhas ou de coco
800 g de filhote em postas, a gosto salmourado ou salgado durante uma noite
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
¾- 1 copo (150-200 ml) de leite de castanhas ou de coco
Legumes da estação por exemplo
1 maço de maxixe
1 cenoura cortada em rodelas ou fatias
2-3 batatas-doces laranjas ou fatias de jerimum
½ maço de jambo
½ maço de feijão e metro
½ cheiro verde
T
Fundo de peixe
Aparas como carcaça, cabeça, rabo de peixe ou de camarão
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais picados
3-4 dentes de alho picados
1 ½ litro de água
Sal e pimenta a gosto
½ cheiro verde picado
Prepare o fundo de peixe. Refogue a cebola junto com o pimentão num fio de azeite, doure todos os aparos
de peixe e cubra com a água. Acrescente o restante dos ingredientes, tempere a gosto e cozinhe em fogo
baixo até obter um caldo perfumado. Filtre, descarte os aparos e transfere o líquido (mais ou menos 2-3
xícaras) para uma panela de barro.
Lave o peixe e todos os aparos de peixe com limão e salgue ou salmoure por uma noite. Caso use peixe fresco,
tempere a gosto e guarde na geladeira por meia hora. Pré-cozinhe os legumes com cozimento mais
prorrogado. Prepare o fundo de peixe e coloque ele numa panela de barro. Aquece até levantar fervura,
diminua o fogo e introduz aos poucos peixe e legumes conforme o tempo de cozimento. Mantém o caldo em
fogo bem baixo e espere o peixe mudar de cor e se desfaz com facilidade em lascas e os legumes ficam
macias. Por último acrescente o leite de castanhas ou de coco, espere aquecer sem levantar fervura para não
talhar, corrija os temperos, salpique com o cheiro verde e sirva acompanhado de arroz e farinha d’água.
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178
Posta de filhote ao leite de castanhas com purê de banana pacovã e batata-doce
4 postas, (600-800 g) de filhote ou outro peixe firme e as aparas
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Seque as postas de peixe com papel toalha e asse
num fio de azeite até se desfazem com facilidades em lascas firmes. Reserve, mantendo quente. Sirva as postas com o molho,
salpicadas com as castanhas torradas e um pouco de colorau ou páprica. Acompanha o purê e arroz branco.
Molho com leite de castanhas
1 ½ copo de castanhas de leite, alguns em lâminas para decoração
2-3 dentes de alho picados
Azeite
1 copo (200 ml) de água ou fundo de peixe, obtido das aparas
1 maço de coentro
Colorau a gosto
Goma de tapioca ou farinha para engrossar a gosto
Prepare um fundo de peixe com as aparas. Para o leite de castanhas bate as castanhas de leite - reserve algumas castanhas em
lâminas para decorar – junto com a água ou o fundo de peixe no liquidificador, coe o leite por um pano fino e reserve. Torre as
castanhas em lâminas na frigideira ou no forno médio até douram. Reserve. Na mesma frigideira prepare o molho. Doure o alho num
fio de azeite, acrescente o fundo de peixe e metade do cheiro verde, tempere a gosto e espere levantar fervura. Desligue o fogo para
não talhar e incorpore o leite de castanhas. Caso prefere um molho mais encorpado, acrescenta um pouco de goma previamente
diluída em água fria ou incorpore um pouco de farinha.
Purê de banana e batata-doce
1-2 bananas pacovãs bem maduras sem casca, em rodelas
1-2 batata/s-doce/s cozida/s, sem casca, em cubos
½ cebola picada
1-2 dentes de alho picados
Azeite
1-2 colher/es (sopa) de manteiga
Para o purê refogue a cebola num fio de azeite, junte o alho, continue dourando e depois acrescente a banana e a batata-doce.
Tempere a gosto e asse tudo em fogo brando até a banana fique bem mole. Amasse com ajuda de um garfo. Se o purê for muito
grosso, incorpore um pouco de água. Termine o purê, acrescentar a manteiga, corrija os temperos e reserve.
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179
Filhote com molho verde de castanhas, coentro e pimentão
800 g de filés de filhote ou outro peixe firme
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 maço de couve picado bem fino ou 1 maço de jambu sem talos
1 dente de alho picado
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o molho e reserve. Prepare
os legumes. Refogue o alho num fio de azeite, acrescente a couve picada ou o jambu, tempere e espere murchar.
Reserve, mantendo quente. Sele o peixe de todos os lados num generoso fio de azeite. Asse-o até sua carne mude
de cor e se parte com facilidade em lascas firmes. Sirva o peixe sobre a couve ou o jambu, cubra com o molho verde,
decore com as lâminas de castanhas e sirva acompanhado de arroz branco ou algum tipo de macarrão.
Molho verde de castanhas, coentro e pimentão
1 punhado de pimentão regional verde assado
1 punhado de castanhas do Pará ou de caju
1 maço de coentro
1 dente de alho
1 pedaço de gengibre
Sal e pimenta a gosto
½ xícara de azeite
Prepare o molho verde. Guarde algumas lâminas da castanha para decorar e misture o restante dos ingredientes no
pilão ou no processador até obter uma pasta rústica. Corrija os temperos e reserve.
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180
GURIJUBA
Gurijuba
Perfil
O Gurijiba, Arius parkeri, é um bagre marinho, de águas salgadas.
Peixe de couro de coloração pardo acinzentado com um toque
amarelado e barriga clara, tem um esporão nas costas e ocorre
principalmente no litoral Norte do Brasil. Sua cabeça curta,
formada por uma placa óssea é grande e achatada. É essa cabeça
que é – para apreciadores - a parte mais valorizada do gurijuba,
cheia de carnes tenras e gelatinosas. As carnes do corpo são
amareladas e bastante fibrosas. Em certas épocas se tornam muito
gordas, o que as faz mais apreciadas ainda. É um peixe de corpo
robusto, alcança um peso de 50 kg e 1,90 m de comprimento. Tem
pequenas barbatanas que o auxiliam na respiração nas
profundezas. Prefere águas lamacentas e turvas onde se alimenta
de peixes e crustáceas. Pode viver de 17 a 20 anos. Sua reprodução
ocorre nos meses de novembro a março.
Paladar
Carne com alto teor de gordura e por isso muito apreciada por
certas pessoas. Comercialmente tido com um peixe mais popular
Preparo
A cabeça é apreciada assada ou ensopada. As carnes são assadas na
grelha ou ensopadas.
Proposta
Gurijuba escabeche
Status de conservação
Em perigo
Protegido
15 de Novembro até Março, dependendo da região, não consta
defeso no Pará
J F M A M J J A S O N D
181
Filé de gurijuba assado com cará roxo, legumes e gremolata amazônica
4-6 filés de gurijuba
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
Lave o peixe com o limão, tempere e reserve por meia hora na geladeira. Seque os filés com ajuda de papel
toalha e frite em um fio generoso de azeite. Sirva sobre alguns folhas de vinagreira, acompanhado de legumes da
estação por exemplo cará roxo e abobrinha branca e tomate, salpicada com a gremolata.
Legumes
1-2 carás roxos cozidos, cortados em rodelas
Abobrinha branca em rodelas ou cubos
Quiabo ou quiabo de metro em pedaços
2-3 tomates regionais ou da várzea em rodelas
Cozinhe os carás e legumes inteiros ou já picados.
Sirva morno junto com o peixe, salpicado com a gremolata.
Gremolata
1-2 limões galegos, suco e raspas da casca sem a parte branca
1 maço de coentro picado bem fino
1-2 folhas de chicória picado bem miúdo
6-7 folhas de vinagreira picados bem fino
½ cebola roxa picada bem fina
Ou 1 dente de alho picado bem miúdo
½ tomate picado bem fino
Sal grosso
Azeite
Lave os limões e retire as cascas em raspas sem chegar até a parte branca. Pique todos os outros ingredientes
bem fino junto com a casca de limão. Salpique os filés de peixe e os legumes com suco de limão e a gremolata,
tempere com um pouco de sal grosso e regue com azeite. Acompanha beijucica.
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182
Caldeirada de gurijuba com açafrão-da-terra e cominho
800 g de gurijuba, filé ou em cubos e as aparas para o fundo de peixe
1 limão galego
Azeite
Água
Lave o peixe e as aparas com limão. Tempere os cubos a gosto e reserve por meia hora na
geladeira. Com as aparas prepare um fundo perfumado. Receita ao lado. Em uma panela de barro
torre os temperos até levantam o seu perfume. Junte um generoso fio de azeite e doure a cebola
junto com os pimentões, o açafrão e o gengibre. Acrescente o fundo de peixe, a folha de louro e
metade do cheiro verde e cozinhe em fogo brando até os gostos se misturaram. Retire os
temperos e passe o molho pelo liquidificador. Devolve a panela e espere levantar fervura. Baixe o
fogo e acrescente os cubos de peixe. Cozinhe em fogo baixo até mudam de cor. Retire o peixe
com cuidado, coloque a gosto o vinagre e engrosse o caldo com farinha até obter a consistência
desejada. Corrija os temperos, devolve o peixe, salpique com o cheiro verde e sirva acompanhado
de arroz branco, farinha, beijucica e pimenta de cheiro.
Caldo
Cominho e coentro em grãos
1 anis estrelado
2-3 cravos
1 pedaço de açafrão-da-terra fresco ralado ou
½ colher (chá) em pó
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais picados
1 pedaço de gengibre ralado
Sal e pimenta a gosto
2 folhas de louro
1 ½ l de fundo de peixe
1-2 colheres (sopa) de vinagre suave
Farinha para farofa para engrossar
1 cheiro verde picado
Coentro e chicória para decorar
Para o fundo de peixe refogue as aparas num fio de azeite, cubra com água e cozinhe em fogo
brando até perfumem a água. Descarte os sólidos e reserve o caldo filtrado. 183
Ragu caboclo de gurijuba com cominho e coentro
800 g de postas ou cubos de gurijuba
1 limão galego
Colorau, sal e pimenta a gosto
Cominho e coentro em pó ou em grãos a gosto
1 cebola branca cortada em anéis
½ cebola roxa cortada em anéis
3-4 pimentões regionais vermelhos cortados em anéis
Azeite
1 xícara (200 ml) de fundo de camarão ou peixe
½ copo (100 ml) de vinho branco
3-4 colheres de purê de tomate de boa qualidade
1 maço de cheiro verde picado
1 limão, raspas da casca
Lave o peixe com o limão, tempere com sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Refogue a
cebola e o pimentão em um fio de azeite. Junte o caldo de peixe, o vinho branco, o purê de tomate e metade do cheiro
verde, tempere a gosto e cozinhe por 10-15 minutos até os sabores se unem. Acrescente o peixe e continue cozinhando sob
fogo muito brando até o peixe se desfaz com facilidade em lascas firmes. Corrija os temperos, salpique com o restante do
cheiro verde e as raspas da casca de limão e sirva acompanhado de arroz branco e farinha.
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184
Gurijuba empanada escabeche
6-8 postas ou cubos de gurijuba ou outro peixe firme
1 limão galego
Sal, pimenta e cominho a gosto
Farinha de trigo para empanar o peixe
Azeite
Escabeche
4-5 dentes de alho
1-2 folhas de louro
1-2 cebolas roxas cortadas ao longo do comprimento em 8 pétalas
6-8 pimentões regionais verdes sem sementes cortados ao meio
Pimenta de cheiro a gosto
½ -1 copo (100-200 ml) de vinagre suave
1 copo (200 ml) de vinho branco ou fundo de peixe
1 cheiro verde picado
Lave o peixe com o limão e tempere a gosto. Reserve por meia hora na geladeira. Para o escabeche liquide metade
do pimentão junto com o vinagre e o vinho branco no liquidificador e reserve. Aquece o alho e as folhas de louro
num fio generoso de azeite até perfumar. Retire as folhas de louro e reserve. Seque o peixe com ajuda de papel
toalha e passe pela farinha de trigo. Doure o peixe no azeite perfumado de todos os lados até ele obter uma crosta
gostosa e se desfaz com facilidade em lascas firmes. Reserve. Refogue a cebola e o restante do pimentão cortado
ao meio no mesmo azeite do peixe. Dissolve bem os queimadinhos no fundo. Acrescente o pimentão liquidificado
junto com o vinagre e o vinho, devolve a folha de louro, tempere a gosto e espere o molho reduzir um pouco sob
fogo brando. Coloque o peixe numa vasilha de vidro ou de louça. Corrija os temperos do molho e regue o peixe
com o mesmo, acrescente as pimentas de cheiro, tampe e guarde por algumas horas na geladeira. Sirva quente ou
frio, acompanhado de arroz branco.
Peixe coberto com o molho escabeche se mantém fresco na geladeira por vários dias.
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185
Jaú pequeno
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
186
JAÚ
Jaú
Perfil
O jaú, Zungaro zungaro, é considerado um dos maiores peixes de
couro da Bacia Amazônica. Alcança 1,60 m e pode pesar entre 100-
120 kg. A sua cabeça curta, grosso e achatada distingue-se do corpo
que se afina rapidamente em direção a cauda. É de coloração parda
ou verde-azeitona com o couro coberto de máculas escuras e tem o
ventre esbranquiçado e o rabo listrado. Quando jovem apresenta
pintas claras espalhadas pelo dorso. Uma enorme quantidade de
muco produzido pela pele deixa o corpo extremamente
escorregadio. Habita canais de rios e cachoeiras de água branca,
preta e clara e as margens das baías. Nas águas baixas prefere os
poços profundos de cachoeiras onde se alimenta de outros peixes.
Caçador voraz acompanha os cardumes de peixes que sobem os rios
em piracema. Desova no início da enchente e realiza migrações em
direção às cabeceiras de rios. Apesar do pouco valor da sua carne,
tida localmente como “reimosa” ou “sem graça”, é largamente
exportado para o Sul do país onde é muito apreciado, colocado em
perigo de sobrepesca.
Paladar
Carne delicada, com poucas espinhas, porém bastante perecível
Preparo
Assado, frito, ensopado
Proposta
Poché no leite de coco com açafrão
Status de conservação
Sob pressão da pesca para os frigoríficos do Sul, em perigo de sobre
pesca.
Protegido
Não constam informações sobre defeso.
187
Jaú em postas poché no leite de coco e açafrão-da-terra
800 g de jaú em postas e aparas para o fundo de peixe
1 limão galego
Sal, pimenta e açafrão-da-terra
3-4 dentes de alho picados
Azeite
T
Molho de leite de coco e açafrão-da-terra
½ colher (chá) de açafrão-da-terra seco, ou fresco, ralado
3-4 pimentões regionais vermelhos picados em listras
1 – 1 ½ xícara (200 - 300 ml) de fundo de peixe
½ xícara (100 ml) de vinho branco seco
½ xícara (100 ml) de leite de coco
1 cheiro verde picado
Farinha d’ água ou goma de tapioca para engrossar a gosto
Lave o peixe e as aparas com limão e tempere o peixe com sal, pimenta, parte do alho e do açafrão-da-terra.
Reserve por meia hora na geladeira. Prepare um fundo de peixe com as aparas do peixe. Refogue as aparas num fio
de azeite, cubra com água e cozinhe em fogo brando até perfumar. Passe por uma peneira, descarte as aparas e
reserve o líquido. Para o molho refogue o açafrão junto com os pimentões num generoso fio de azeite. Acrescente o
alho e continue dourando. Acrescente o peixe, sele de todos os lados e reserve. Junte na mesma frigideira o fundo
de peixe e o vinho. Espere levantar fervura, diminua o fogo, devolve o peixe, tempere e cozinhe tudo em fogo
brando com a panela tampada por 8-12 minutos ou até o peixe mude de cor de transparente para embranquecido e
se desfaz com facilidade em lascas firmes. Incorpore o leite de coco, corrija os temperos e reduz ou engrosse o
molho a gosto.
Se prefere um molho mais espesso, engrosse com um pouco de goma previamente diluída em água fria ou farinha.
Salpique com cheiro verde e sirva acompanhado de arroz branco e beijucica.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
188
Posta de jaú na tapioca com molho de azeitonas pretas e
purê de jerimum e cenoura
4-6 postas de jaú, 600-800 g
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Goma de tapioca para a tapioca e engrossar o molho
1 maço de couve para forrar a tapioca
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Doure
as postas de peixe de todos os lados num fio de azeite, acrescente um pouco de água
e cozinhe até a sua carne se solta com facilidade das espinhas. Reserve.
Prepare uma tapioca por pessoa ou use beijucica. Forra a tapioca com uma folha de
couve e sirva o peixe sob o molho dentro da tapioca. Salpique com cheiro verde e
acompanhe com o purê.
Molho de azeitonas pretas
½ cebola picada
2-3 pimentões regionais picados
Azeite
½ xícara de azeitonas pretas picadas, sem caroço
3-4 colheres (sopa) de leite de coco ou fundo de peixe
Sal e pimenta a gosto
1 maço de cheiro verde
Para o molho refogue a cebola em um fio de azeite, junte o restante dos ingredientes,
tempere a gosto e passe pelo liquidificador. Devolve ao fogo e espere engrossar um
pouco. Para um molho mais espesso, acrescente um pouco de goma, previamente
diluída em água fria. Corrija os temperos e reserve.
Purê de jerimum com cenoura
1 pedaço de jerimum
1-2 cenouras
½ cebola picada
Azeite
Sal e pimenta a gosto
1 cheiro verde picado
Prepare o purê. Cozinhe o jerimum e a cenoura em água com sal bem mole. Refogue a
cebola num fio de azeite, acrescenta o jerimum e a cenoura, tempere a gosto e
amasse com um garfo ou passe pelo liquidificador para um purê mais liso. Corrija os
temperos e reserve.
189
Filé de jaú cozido na cataplana ou no vapor sob legues da estação com
arroz cítrico
1 posta grande ou 4 postas menores de jaú
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
1 copo (200 ml) de vinho branco seco ou meio vinagre,
meio água
1 cebola roxa cortada em 6 ou 8 pedaços
4-6 pimentões regionais sem sementes
1 punhado de quiabos cortados ao longo do
comprimento
2-3 tomates regionais em fatias
A gosto outros legumes como jerimum, aboborinha,
macaxeira, batata-doce, maxixe, cariru, jambu ou
couve, folhas rasgadas
1 alho, topo cortado
1 pedaço de gengibre em fatias finas
1 cheiro verde picado, galhos para decoração
Azeitonas e ovos a gosto
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve
por meia hora na geladeira. Corte todos os legumes e
pré-cozinhe os tubérculos. Unte a cataplana ou um
cesto de cozinhar no vapor com azeite e coloque
todos os legumes, salpique com o gengibre e põe por
cima o peixe. Tempere a gosto, regue com o líquido e
azeite, feche a cataplana ou a panela e cozinhe em
fogo baixo até o peixe se desfaz com facilidade em
lascas firmes. Acrescente os ovos e azeitonas e sirva
acompanhado de arroz cítrico. Para um peixe menos
anêmico, frite o filé já no ponto em azeite com
colorau e devolve sobre os legumes.
Arroz cítrico
3 dentes de alho em lâminas
Azeite
1 xícara de arroz próprio para risoto (grão redondo)
1 xícara de vinho branco
1 xícara de água quente ou fundo de peixe
Sal e pimenta a gosto
Suco e raspas da casca de 1/4 limão ou a gosto
Prepare um arroz cremoso com o grão “al dente”,
oferecendo, ao ser mordido, uma certa resistência
aos dentes. Pronto, tempere com suco e raspas de
limão a gosto.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
190
Jaú com castanhas e ajo blanco
800 g de jaú em filés ou rodelas e aparas de peixe
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
1 punhados de castanhas, de preferência de leite,
em lâminas, torradas
Azeite
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o leite de castanhas
e reserve. O bagaço obtido pode ser incorporado ao molho. Com as aparas prepare um perfumado caldo de
peixe. Derrame o mesmo ainda fervendo sobre o miolo de pão e espere hidratar. Reserve. Seque o peixe com
papel toalha e sele dos dois lados em um generoso fio de azeite. Reserve, mantendo quente. Prepare o
molho e sirva o peixe sobre um espelho do mesmo, salpicado de com as castanhas em lâminas e o restante
do cheiro verde. Acompanha arroz sete grãos e salada.
Ajo blanco - molho cremoso de miolo de pão
2-3 colheres (sopa) de manteiga
2-3 dentes de alho picados
½-1 xícara (100-200 ml) de fundo de peixe obtido com as aparas do peixe
1-2 miolos de pães brancos dormidos
½ - 1 xícara (100-200 ml) de leite de castanhas de leite, leite de coco ou creme de leite a gosto
Sal e pimenta a gosto
1 cheiro verde picado
Com as aparas prepare um perfumado caldo de peixe. Derrame o mesmo ainda fervendo sobre o miolo de
pão e espere hidratar. Reserve. Torre as castanhas em lâmina e reserve. Para o molho doure o alho na
manteiga, tempere, acrescente o fundo de peixe com o miolo de pão hidratado, o bagaço das castanhas a
gosto e metade do cheiro verde. Reduza um pouco em fogo brando para depois incorporar, já fora do fogo
para não talhar, o leite de castanhas. Corrige os temperos. Caso preferir um molho mais liso, passe pelo
liquidificador.
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191
Jau com molho cremoso de limão galego
600 g de postas ou filé de jaú
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Seque com ajuda de papel toalha e
doure o peixe num generoso fio de azeite de todos os lados. Reserve e prepare o molho. Sirva o peixe sobre um
espelho do molho, decore com fatias de limão e folhas de alfavaca. Sirva acompanhado de arroz branco e salada.
Molho de limão galego
½ - 1 copo (150 – 200 ml) de fundo de peixe
½ copo (100 ml) de vinho branco seco
1 limão galego, fatias e 2-3 colheres (sopa) de suco de limão ou a gosto, raspas da casca a gosto
½ dente de alho exprimido
2-3 gemas de ovo
Sal e pimenta a gosto
Folhas de alfavaca ou coentro a gosto
Para o molho aquece o fundo de peixe junto com o vinho e o alho a gosto num banho-maria (uma vasilha sob
vapor). Acrescente o suco de limão e as gemas, batendo sem parar com um batedor de arame. Espere o molho
arejar e engrossar.
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192
JUNDIÁ AMAZÔNICO
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Jundiá amazônico
Perfil
A família dos bagres e gigante, inclua 31 gêneros e 90 espécies.
Pouco se vê nos mercados o Jundiá amazônico, Leiarius
marmoratus, peixe de água doce e de couro exibindo um
desenho de uma malha decorativa contornando manchas
escuras sob fundo marrom, cuja distribuição e desenhos
lembram mármore, já sugerido pelo nome latim. Desenho aliás
que varia de peixe para peixe. Tanta beleza também é valorizada
por amantes de aquarismo. O jundiá amazônico tem a cabeça
típica dos bagres, a sua boca grande e os olhos pequenos,
colocados por cima da cabeça. A função das suas três pares de
barbatanas, compridas e aneladas, ainda não foi completamente
desvendada, mas parece que serve para se localizar e achar a sua
presa - se alimenta de outros peixes menores. Peixe de grande
porte, alcança 100 cm, vive no leito do rio e lagos fundos em
grandes cardumes. Descansa durante o dia sobre rochas e
troncos de árvores, torna-se predador na alvorada, durante o por
de sol e a noite.
Paladar
Carne suculenta, tenra e macia com pouco espinha
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
Assado no leite de coco
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Não constam informações sobre o defeso.
193
Moqueca de jundiá, banana pacovã, macaxeira e açafrão-da-terra
1 kg de jundiá em postas, aparas para o fundo de peixe do pirão
1 limão galego
Sal, pimenta açafrão-da-terra fresco, ralado ou ½ colher (chá) em pó a gosto
Azeite
1 cebola cortada em rodelas
3-4 pimentões regionais
3-4 tomates cortados em rodelas ou em listras
1 pedaço de gengibre ralado
1 pitada de sementes de coentro
1 pitada de cominho em pó
1-2 macaxeiras cozidas cortadas em palitos
1-2 banana pacovã não muito madura, cortada em rodelas
1 cheiro verde picado
½ copo (100 ml) de leite de coco
Azeite de dendê a gosto
1 cheiro verde picado
Lava as postas de peixe com limão, tempere com alho, sal, pimenta e açafrão-da-terra e guarde por 30 minutos
na geladeira. Misture 3 colheres (sopa) de azeite com o gengibre ralado, o coentro e o cominho e um pouco de
açafrão. Unte a panela de barro com uma parte desse azeite, coloque sobre o fogo e forre o fundo da panela
com rodelas de tomates, cebola e pimentão. Se preferir a cebola e o pimentão mais digesto, frite-os antes de
colocar. Regue com um pouco de azeite temperado e um pouco do cheiro verde. Continue com camadas de
peixe, macaxeira e banana. Repita a sequência das camadas até todos os ingredientes acabam. Tempere cada
camada a gosto. Termine com tomate, cebola, pimentão e banana. Salpique com um pouco de cheiro verde e
regue com o restante do azeite temperado. Cozinhe em fogo baixo com panela tampada sem mexer por 10-15
minutos ou até o peixe se desfaz com facilidade em lascas firmes. Quando comece a formar líquido, chacoalha a
panela levemente. No meio do cozimento acrescente o leite de coco e no fim o azeite de dendê a gosto. Corrija
os temperos, salpique com o restante do cheiro verde e sirva com arroz branco, pirão aromatizado com o fundo
de peixe elaborado com as aparas do mesmo e pimenta de cheiro.
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194
Ventrecha de jundiá com vinagrete de laranja e tempero nortista
1 ventrecha de jundiá ou outro bagre
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Preaqueça o forno em 220
graus. Coloque o peixe em uma forma untada e asse no forno até a carne se desfaz com facilidade em lascas
firmes. Prepare o vinagrete. Regue o peixe ainda quente com o vinagrete. Decore com fatias de limão,
salpique com coentro e sirva morno, acompanhado de arroz branco ou beijucica.
Vinagrete de laranja
1 cebola picada bem fino
1 maço de cebolinha bem picado
3-4 pimentões regionais verdes bem picados
1 colher (sopa) de vinagre suave, por exemplo japonês
Sal e pimenta a gosto
3 colheres (sopa) de azeite
1 colher (chá) de mostarda ou arubé
1 pedaço de gengibre bem picado
2 laranjas, 1 cortadas em gomos sem as partes brancas depois picadas
Raspas da casca de 1 laranja e suco de duas laranjas
1 maço de coentro picado
Coentro e cominho em grãos a gosto
1 pitada de cravo em pó a gosto
Para o vinagrete descasque duas laranjas, retirando toda a parte branca. Recorte os gomos, deixando a
metade inteira, a outra picada. Misture com o restante dos ingredientes e tempere a gosto. Equilibre
pungência, doçura e acidez e regue o peixe quente com o vinagrete.
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195
Postas de jundiá ao forno com legumes e crosta de farofa e ervas
800 g de postas de jundiá ou outro bagre
1 limão galego
3-4 dentes de alho espremidos
Sal e pimenta a gosto
1 cebola cortada em rodelas
2-3 pimentões regionais cortados em rodelas
1 pedaço de jerimum cozido, cortado em cubos
1-2 batatas-doces cozidas, cortadas em rodelas
1 cenoura, cozida, cortada em rodelas
1 maço de maxixe, cozido, cortado em rodelas
1 maço de couve, os talos picados e as folhas rasgadas
2-3 tomates regionais cortados em rodelas
2-3 colheres (sopa) de manteiga para os legumes
1 cheiro verde, picado
Pimenta de cheiro a gosto
3 colheres de manteiga em temperatura ambiente para a crosta
1 copo de farinha d’água
Lava as postas de peixe com limão, tempere a gosto e reserve. Cozinhe as batatas-doces e os legumes em água com
sal não muito macios. Preaqueça o forno em 200 graus. Unta uma assadeira com parte da manteiga, arranje os
legumes, salpique com o alho, o restante da manteiga e tempere a gosto com sal, um pouco de pimenta e cheiro
verde. Coloque as postas de peixe por cima. Amasse a farinha junto com a manteiga, sal e o restante do cheiro verde
e espalhe sobre as postas. Decore com fatias de tomate. Regue tudo com bastante azeite e asse no forno até o peixe
se solta com facilidade da espinha. Acompanha arroz branco ou beijucica.
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196
Ragu de jundiá com cuscuz de farinha d água
600 g de jundiá em cubos
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Cominho a gosto
1 cebola cortada em pétalas
3-4 pimentões regionais cortados em listas
Azeite
1 pedaço de gengibre a gosto
2-3 tomates regionais cortados em listras
2-3 dentes de alho cortados bem fino
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e guarde por meia hora na geladeira. Prepare o cuscuz. Refogue
a cebola junto com o pimentão e o gengibre num generoso fio de azeite. Acrescente o tomate e o alho e
continue refogando. Reserve. Doure os cubos de peixe aos poucos num generoso fio de azeite de todos os
lados, misture ao refogado e sirva acompanhado do cuscuz, decorado com galhos de coentro e fatias de
laranja.
Caso prefere servir o cuscuz quente, aquece rapidamente sob vapor d´água.
Cuscuz de farinha d´água
1 ½ - 2 xicaras de farinha d´água
2 laranjas, suco e raspas da casca de uma, fatias da outra
Leite de coco suficiente para molhar o cuscuz
½ cebola roxa cortada em pétalas
1-2 tomates regionais cortados em cubos
Sal e pimenta a gosto
1 cheiro verde picado
Prepare o cuscuz. Tempere a farinha com sal e pimenta e molhe com o suco de uma laranja e leite de
coco. Espere tufar, soltando de vez em quando com ajuda de um garfo. Misture com o restante dos
ingredientes e reserve.
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197
Pescada amarela
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
198
PESCADA AMARELA
Pescada Amarela
Perfil
A pescada amarela, Cynoscion acoupa, a maior entre as cerca 20
espécies de pescadas, todas muito valorizadas, alcança até 13 - 20
quilos com um comprimento entre 1 - 2 metros. Ao mercado chegam
peixe com 70 – 80 cm e um peso entre 4 - 6 kg. De corpo alongado e
roliço e cabeça grande com boca ampla provida de dentes pequenos,
a pescada amarela, peixe de escamas, vive no Atlântico ocidental, do
Panamá até o norte da Argentina e é encontrada ao longo do todo o
litoral brasileiro. De escamas e nadadeiras de coloração amareladodourado
sob fundo prateado, a sua cauda tem formato de um
rombóide. É um peixe carnívoro, se alimenta de peixes menores e
crustáceos, os quais captura em águas rasas salgados, salobras e
doces, próximas a costa, lagoas estuários e desembocaduras dos rios.
A pescada amarela nada em cardumes e migra para desova para
águas doces. Dessa maneira, espécies jovens são mais comuns em
águas doces e salobras. A pescada amarela é um peixe nobre, muito
procurado e apreciado pelo mercado o que se reflete no seu preço
elevado. Recomenda-se fortemente, comprar exemplares inteiros,
ainda com cabeça para garantir, de levar mesmo pescada e não filé de
um peixe inferior.
Paladar
Carne muito apreciada com sabor elegante e suave. Conhecedores
preferem a carne das fêmeas
Preparo
Constitui um dos principais ingredientes da famosa caldeirada
paraense.
Status de conservação
Não constam informações, mas deve estar em perigo
Protegido
Não constam informações sobre defeso 199
Caldeirada regional rica com
peixe, camarão e caranguejo
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
200
Caldeirada regional rica
800 g de peixes diversos por ex.: costeleta de tambaqui, pescada amarela em postas, arraia em postas, pirarucu
fresco ou salgado em postas, peixes menores inteiros como charuto, jaraqui ou sardinha
200 g de mexilhão regional
200 g de camarão regional
100 g de camarão grande
200 g de patinhas de caranguejo
Avium a gosto
2-3 limões galegos
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
3 cebolas cortadas ao longo do comprimento em 8 pedaços
3-5 dentes de alho cortados ao meio
6-8 pimentões regionais de diversas cores
3 tomates regionais cortados ao longo do comprimento em
8 pedaços
5 batatas-inglesas pré-cozidas, cortadas em 6 pedaços
1 folha de louro
1 cheiro verde picado
1 colher (sopa) de vinagre suave
2 xícaras (400 ml) de fundo de peixe ou camarão ou
1 ½ xícara (300 ml) de fundo de peixe e
½ xícara (100 ml) de vinho branco
2 ovos cozidos
Lave os peixes e crustáceas com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Cozinhe um fundo das
aparas de peixe e carcaças e cabeças dos camarões. Refogue-os mesmos em azeite, cubra com água e cozinhe em
fogo bem baixo até perfumem o caldo. Descarte as aparas e reserve o caldo. Regue o fundo de uma panela com
tampa que fecha hermético ou uma cataplana com azeite, coloque uma camada de legumes e depois alterando
camadas de peixe, legumes e cheiro verde até acabaram todos os ingredientes. Regue com o caldo e o vinagre,
acrescente a folha de louro, tampe e cozinhe em fogo bem brando por 10-15 minutos. Quando o peixe está quase
cozido acrescente os ingredientes mais delicados como camarão, mexilhão e pata de caranguejo. Tampe novamente
e espere cozinhar por completo. Corrija os temperos do molho e sirva com o restante do cheiro verde e os ovos
cozidos por cima. Acompanha arroz branco, farinha e pimenta de cheiro.
T
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
201
Postas de pescada amarela ao molho de laranja
800 g de postas de pescada amarela ou outro peixe fino
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Fatias de laranja para decorar
Listras de cebola roxa para decorar
Lave o peixe com limão, tempere com sal e pimenta e reserve por 30 minutos na geladeira. Preaqueça o forno
em 200 graus. Unte uma forma refratária com azeite, coloque as postas, regue com azeite e asse por 15-20
minutos ou até o peixe se desfaz com facilidade em lascas ou frite as postas na frigideira. Enquanto isso
prepare o molho. Sirva as postas de peixe sobre um espelho do molho, decore com fatias de laranja e listras
de cebola roxa. Acompanha arroz branco e legumes.
Molho de laranja
2 laranjas, suco e casca ralada de uma
½ copo (100 ml) de vinho branco
½ copo (100 ml) de fundo de peixe
½ copo (100 ml) de creme de leite
2 gemas
Para o molho misture o suco e as raspas da casca da laranja com o vinho branco e o fundo de peixe. Aquece
até levantar fervura, tempere a gosto, baixo o fogo e reduz um pouco. Regue as postas com uma colher da
mistura. Incorpore o creme de leite ao molho. Depois tire do fogo. Incorpore, sempre batendo com um
batedor de arame a gema. Volte ao fogo bem brando ou coloque sobre um banho-maria, corrige os temperos
e continue batendo até engrossar e alcançar a consistência desejada.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
202
Picadinho de pescada amarela com legumes e molho de açafrão-da-terra e
laranja
800 g de picadinho ou sobras picados de pescada amarela ou outro peixe firme
1 limão galego
Sal, pimenta e açafrão-da-terra em pó ou fresco
Azeite
Coentro e cominho em pó ou grão a gosto
1 cebola roxa cortada em quatro ao longo do comprimento
3-5 dentes de alho
3-4 pimentões regionais cortados em listras
1 pedaço de gengibre cortado em listras finas
1 cenoura cortada em listras
1 pedaço de jerimum cortado em listras
½ abobrinha cortada em meia luas
1 maço de feijão de metro
1 cheiro verde picado
1 copo (200 ml) de fundo de peixe elaborado com as aparas do peixe
2-3 laranjas, suco, dependendo do tamanho
1 cheiro verde picado
Raspas da casca da laranja a gosto
Goma de tapioca ou farinha fina para engrossar o caldo a gosto
Lave o picadinho de peixe com o limão, tempere com sal, pimenta, açafrão, coentro e cominho a gosto e reserve
por meia hora na geladeira. Refogue a cebola junto com os pimentões em um generoso fio de azeite. Junte o
gengibre e o alho e por fim o caldo de peixe. Aos poucos acrescente os legumes ao caldo, conforme o seu tempo
de cozimento. Sendo al dente, retire e reserve. Doure o picadinho de peixe num generoso fio de azeite e reserve.
Aromatize o molho com o suco de laranja a seu gosto, corrija os temperos e por fim junte todos os ingredientes.
Aquece sem levantar fervura e espere até todos os gostos se misturem e o peixe se desfaz com facilidade em
lascas firmes. Sirva salpicado de cheiro verde, fatias de laranja e raspas da casca de laranja a gosto. Acompanha
arroz branco.
Caso prefere um caldo mais espesso, engrosse com um pouco de goma de tapioca previamente diluída em um
pouco de água fria.
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203
Posta de pescada amarela a modo cabocla com purê de macaxeira e molho de açaí
4-6 postas ou filés de pescada amarela
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
3-4 dentes de alho, picados bem fino
Azeite
4 folhas de chicória
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve meia hora na geladeira. Prepare o purê e o molho. Seque as
postas de peixe com ajuda de papel toalha e asse em azeite até se desfaz com facilidade em lascas firmes. Reserve,
mantendo quente. Doure na mesma frigideira o alho e reserve. Coloque um espelho do molho no prato, põe o purê
e o peixe por cima. Decora com a folha de chicória e salpique com o alho dourado.
Purê
600 g de macaxeira cozida e amassada
¼ - ½ copo de leite, suficiente para o purê
Sal e pimenta a gosto
Noz-moscada a gosto
Cozinhe a macaxeira descascada em água com sal e amasse ainda quente. Misture aos poucos com o leite até obter
a consistência desejada de purê e tempere a gosto. Corrige os temperos e reserve.
Molho
1 cebola roxa
2-3 dentes de alho
1 pedaço de gengibre a gosto
½ maço de cheiro verde
Azeite
Sal e pimenta a gosto
1 copo (200 ml) de açaí grosso
Para o molho refogue a cebola num fio de azeite, acrescente o alho e o gengibre e continue refogando. Incorpore o
açaí, passe pelo liquidificador, corrige os temperos e reserve.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
204
Postas de pescada amarela com molho de azeitonas
pretas e purê de cenoura com jerimum
6-8 postas de pescada amarela
1 limão galego
Sal, pimenta e cominho a gosto
4-5 dentes de alho
Farinha de trigo
Azeite
Anéis de cebola roxa pra decorar
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Seque o peixe com ajuda de papel toalha, passe pela farinha de trigo e doure de
todos os lados em um generoso fio de azeite. Reserve. Prepare o molho na
mesma panela que foi assado o peixe aproveitando os queimadinhos. Sirva o
peixe sob um espelho do molho. Decore com cheiro verde e fatias de cebola.
Acompanha arroz branco e purê de cenoura e jerimum.
Molho
1 cebola roxa em anéis
Azeite
½ xícara de azeitonas pretas picadas, sem carroço
2 colheres (sopa) da água das azeitonas
½-¾ xícara (100-150 ml) de leite de coco
¾-1 xícara (150-200 ml) de fundo de peixe
1 maço de cheiro verde
Na mesma frigideira que foi assado o peixe refogue a cebola em um novo fio de
azeite, acrescente o fundo de peixe, as azeitonas, a água das azeitonas e metade
do cheiro verde. Passe tudo pelo liquidificador, aquece de novo, coloque o leite
de coco, corrija os temperos, engrosse a gosto.
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205
Pescada com crosta de castanha, farinha d’água, raspas de casca de limão e ervas sob
jambu
600-800 g de pescada amarela ou outro peixe de carne
firme em postas ou filé sem pele nem espinhas
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Lave o peixe com limão, tempere com sal e pimenta a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Prepare a crosta.
Preaqueça o forno em 180 graus. Unte uma forma com bastante azeite e acomode as postas do peixe. Cubra as postas com
a crosta e asse no forno por 20-25 min. ou até a crosta esteja bem dourada e o peixe se desfaz com facilidade em lascas
firmes. Enquanto isso prepare o jambu e torre as lâminas de castanha. Sirva o peixe sobre o jambu, salpicado com as
lâminas de castanhas torradas e algumas raspas da casca de limão. Acompanha arroz branco.
Crosta
1 punhado (50g) de castanhas do Pará cortadas em lâminas
4 colheres (sopa) (50 g) de farinha d’água fina
2-3 dentes de alho cortados em lâminas
2-3 colheres (sopa) de manteiga gelada
Sal e pimenta a gosto
1 cheiro verde picado
Raspas de casca de limão
Separe umas lâminas bonitas das castanhas para decorar antes de torrar o restante sem óleo na frigideira ou no forno.
Misture as castanhas, a farinha d’água, o alho e cheiro verde com a manteiga até obter uma massinha. Acrescente um
pouco de raspas de limão e tempere a gosto com sal e pimenta. Reserve na geladeira.
Jambu
1 maço de jambu sem talos
1-2 dentes de alho picado
Azeite
Sal e pimenta a gosto
Enquanto o peixe assa, murche o jambu no azeite, junte o alho, tempere a gosto e reserve.
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206
PIRAPEMA
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Pirapema
Perfil
A pirapema, Megalops atlanticus, também chamado de tarpon ou
camurupim, vive nos mares das regiões Norte e Nordeste. Espécie
costeira, prefere as águas quentes do oceano Atlântico tropical e
subtropical. Campeã de adaptação e sobrevivência, suporta, graças a
sua respiração aérea auxiliada por uma bexiga-natatória, tanto águas
salobras quanto doces, águas estagnadas ou até quase sem oxigênio,
refúgio de peixes jovens, fugindo dos seus predadores. Durante a
época da reprodução migra, formando grandes cardumes, para o mar
aberto. Peixe de escamas grandes de coloração prateada, exibe no
dorso escamas de cor cinza azulado, pardos, clareando nos flancos e
no ventre. Águas negras as fazem aparecer dourados ou
amarronzados. Tem o corpo alongado e comprido e boca grande,
levemente inclinada. Alcança 2,5 metros ou mais de comprimento e
um peso de 150 kg. Na pesca esportiva é cotada entre os mais
cobiçados pela sua disposição, arranque e os saltos espetaculares fora
da água. Alimenta-se de outros peixes.
Paladar
Carne deliciosa, com baixo teor de gordura de cor acinzentada com
bastante espinha e pele grossa e não tão valorizado pelo mercado
Preparo
Ensopado, frito, assado
Proposta
Ensopado com grão-de-bico ou confitado com legumes
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Sem informação disponível
207
Postas de pirapema com maxixe ao leite de coco
4-6 postas (800 g) de pirapema, dependo do tamanho
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite
½ cebola cortada em anéis
4 dentes de alho picados
3-4 pimentões regionais cortados em listras
12 maxixes cortados em listras
¾ copo (150 ml) de fundo de peixe elaborado com as aparas do peixe
¾ copo (150 ml) de leite de coco
½ maço de coentro picado
1 colher (chá) de goma ou farinha para farofa peneirada para engrossar
Pimenta de cheiro
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e alho e reserve por 30 minutos na geladeira. Prepare com as
aparas do peixe um fundo de peixe. Refogue as aparas, cubra com água e cozinhe em fogo baixo até obter um caldo
perfumado. Descarte as aparas e reserve o caldo.
Para o molho refogue a cebola e o pimentão num fio de azeite, junte o maxixe e parte do coentro, acrescenta o
fundo de peixe e o leite de coco, tempere a gosto e cozinhe, reduzindo o molho em fogo baixo. Numa panela
antiaderente sele num fio de azeite todas as postas do peixe de todos os lados. Acrescente o molho, abaixe o fogo
ao mínimo e cozinhe até o peixe mudou de cor e se desfaz com facilidades em lascas firmes. Reserve as postas e o
maxixe, mantendo quente. Reduza o molho até a consistência desejada. Caso prefere um molho mais expresso,
engrosse com 1-2 colheres (sopa) de goma de tapioca, previamente dilua em um pouco de água fria ou use farinha
fina para engrossar. Corrija os temperos, devolve o peixe e os legumes ao molho, aquece tudo junto e sirva
acompanhado de arroz branco, decorado com fatias de limão, pimentas e galhos de coentro.
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208
Pirapema com camarão, avium, legumes e batata ao molho branco aveludado
600 g de Pirapema em cubos grandes e as aparas do peixe
400 g de camarão regional fresco, descascado
200 g de avium fresco
1-2 limões galegos
Azeite
Sal e pimenta a gosto
2-3 pimentões regionais picados, sem sementes
3 dentes de alho picados
1-2 maços de quiabo ou maxixe cortado em tiras de 3 cm
2-3 batatas ou batatas-doces cozidos, cortados em cubos
1 maço de coentro
Lave o peixe, o camarão e o avium com o limão. Tempere a gosto e guarde por meia hora na geladeira. Reserve aparas de peixe
e cascas e cabeças do camarão para o fundo de peixe, veja instruções ao lado. Pré-cozinhe os legumes com mais consistência.
Em uma panela funda doure os cubos de peixe de todos os lados em um generoso fio de azeite. Reserve. Na mesma panela sela
o camarão e o avium, esperando até mude de cor. Reserve e acrescente o fundo de peixe. Dissolve todas as crostas do fundo,
espere levantar fervura, tempere a gosto, diminua o fogo e aos poucos junte o peixe e os legumes conforme o seu tempo de
cozimento. Cozinhe tudo em fogo bem brando até o peixe mude de cor e se desfaz em lascas firmes e os legumes fiquem al
dente, oferecendo, ao serem mordidos, uma certa resistência aos dentes. Nos últimos minutos do cozimento adicione o
camarão e o avium e espere mudar de cor. Para terminar o molho, siga as instruções ao lado. Devolve o molho ao peixe e aos
legumes, aquece sem levantar fervura, corrija os temperos, decore com o coentro e sirva acompanhado de arroz branco.
Fundo de peixe
Aparas do peixe e do camarão
Água
1 folha de louro
½ cheiro verde
Sal e pimenta a gosto
Molho
1 ½ - 2 xícaras (300 - 400 ml) de fundo de peixe ou camarão elaborado com as aparas do peixe e do camarão
¼ de copo (50 ml) de vinho branco
2 gemas de ovo
1-3 colheres (sopa) de creme de leite ou leite de coco a gosto
Refogue as aparas de peixe e de camarão num fio de azeite. Cubra com água e cozinhe em fogo baixo até obter um caldo
perfumado. Descarte os sólidos e reserve o caldo, mais ou menos 1 ½ copo (300 ml). Para finalizar o molho retire peixe e
legumes, mantendo quente. Bate o vinho junto com as gemas com ajuda de um batedor de arame numa vasilha posta sob
vapor de água, um banho-maria durante 5 minutos até obter uma consistência cremosa. Aos poucos, sempre batendo,
incorpore ao caldo. Por fim acrescente o creme de leite ou leite de coco. Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
209
Pirapema ensopada com grão-de-bico
800 g de pirapema em postas ou em cubos grandes, aparas para elaborar um fundo de peixe
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau
Azeite
1 pedaço de gengibre picado
Facultativo os seguintes especarias:
1 pitada generosa de cominho em pó ou em grãos
1 pitada generosa de coentro em grãos
1 pitada generosa de canela em pó
1 pitada generosa de noz-moscada
1 cebola picada em anéis ou meia luas
Sal, pimenta e colorau a gosto
1-2 pimentas de cheiro, picadas muito fino
3-4 dentes de alho picados
5-6 pimentões regionais picados em listras
1-2 tomates picados em listras
1 l de fundo de peixe elaborado com as aparas do peixe
1-2 copos de grão-de-bico, previamente cozido
1 cheiro verde picado
Na véspera demolhe o grão-de-bico e no dia cozinhe o mesmo em água com sal. Reserve. Lave o peixe
com limão, tempere com sal, pimenta e colorau e reserve por 30 minutos na geladeira. Prepare com as
aparas um fundo de peixe. Refogue as aparas, cubra com água e espere obter um caldo perfumado.
Descarte as aparas e reserve o caldo.
Seque o peixe com ajuda de papel toalha, frite aos poucos em azeite abundante e reserve. Na mesma
frigideira refogue a cebola, pimentões e gengibre em novo fio de azeite. Junte os temperos, espere
levantar o seu perfume e depois acrescente o alho e a pimenta de cheiro. Espere murchar e termine
colocando o fundo de peixe. Ao levantar fervura e perfumar, acrescente o grão-de-bico e cozinhe mais
uns 5 minutos. Junte as postas de peixe, espere tomar gosto, corrija os temperos e salpique com o cheiro
verde. Sirva acompanhado de arroz branco e farinha.
T
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
210
Pirapema à portuguesa
1 kg de postas ou filé de peixe, por exemplo pirapema
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite em abundância
3-4 batatas-inglesas, cozidas, cortados em fatias ou rodelas generosas
1-2 cebolas, cortada/s em quatro
4-6 dentes de alho com casca, fundo cortado
1 pimentão vermelho cortado em listras generosas
1 pimentão amarelo cortado em listras generosas
1 pimentão amarelo cortado em listras generosas
2-3 tomates, cortado em 6 ou 8 ao longo do comprimento
Pimenta-do-reino em grãos a gosto
2 folhas de louro a gosto
1-2 ovos cozidos, partidos em quatro
12 azeitonas pretas
1 maço de couve rasgado
Azeite quanto basta
T
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e guarde na geladeira por meia hora. Preaqueça o forno em 150 graus.
Regue uma forma refratária na qual cabem os ingredientes bem apertadas, com bastante azeite, acomode as
postas do peixe junto com a cebola, o alho, o tomate, batata e os pimentões. Acrescente as folhas de louro e a
pimenta em grãos. Cubra generosamente com azeite e leve ao forno. Asse por 60 minutos em fogo bem baixo.
Quando o peixe está quase pronto, acrescente a couve, os ovos e as azeitonas. Leve de volta ao forno e espere a
couve murchar. Sirva acompanhado de arroz branco.
Receita ideal também para servir postas de pirarucu salgado, previamente dessalgadas. Antes de ir para o forno,
escalde o pirarucu em água fervente.
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211
Pirapema frita sob cuscuz morno de farinha d´água com legumes e temperos
nortistas
800 g de pirapema em postas
300 g de camarão fresco, descascado
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
Cuscuz de farinha d´água
1 xicara de farinha d´água
Sal e pimenta a gosto
1 pitada generosa de cominho em pó, coentro em grãos ou pó, noz-moscada e
canela em pó
1 pedaço de gengibre ralado e 2-3 dentes de alho
Azeite e manteiga
1 cebola cortada em anéis
½ copo de uva passas, hidratadas por 10 minutos com água morna e/ou
azeitonas pretas a gosto
1 laranja, suco e raspas da casca
Ou ½ l de fundo de peixe ou tucupi, o necessário
1 xícara de grão-de-bico, previamente cozido
Legumes a gosto, previamente cozidos ou assados no forno por ex.:
3-4 pimentões regionais
1 maço de maxixe cortado ao longo do comprimento em 8-10 pedaços
1 maço de feijão de metro
1 pedaço de jerimum
1 cheiro verde
Lave o peixe e o camarão com o limão. Descasque e elabore com as cascas o caldo de camarão. Tempere peixe e
camarão a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Cozinhe todos os legumes ou asse os mesmos no forno regado
com azeite e salpicado com sal grosso. Prepare o cuscuz de farinha d´água. Hidrate a farinha com suco de laranja e aos
poucos com o fundo de camarão, sempre soltando com ajuda de um garfo, até obter a consistência de um cuscuz. Pile
todos os especarias junto com o alho, sal e o gengibre até obter uma pasta. Aquece um fio generoso de azeite junto
com 2 colheres (chá) de manteiga e acrescente a pasta dos especarias. Torre a mistura em fogo médio até levantar o
seu perfume. Acrescente a cebola, espere murchar e as uvas passas para depois mistura tudo ao cuscuz. Corrija os
temperos e reserve. Seque o peixe com papel toalha e asse num generoso fio de azeite de todos os lados até a sua
carne mude de cor e ele se desfaz em lascas firmes. Nos últimos minutos acrescente os camarões e espere mudar de
cor. Reserve peixe e camarões, mantendo quente. Acrescente o grão-de-bico e os legumes ao cuscuz e sirva o peixe e
o camarão por cima. Salpique com cheiro verde e sirva.
Caso prefere o cuscuz quente, aquece o mesmo por alguns instantes na cuscuzeira ou sobre outra fonte de vapor.
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212
Filé de pirapema sobre couli de buriti
600-800 g de file de pirapema e aparas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite ou óleo para assar ou fritar
Couli de buriti
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais picados
2-3 dentes de alho
½ xícara (100 ml) de caldo de peixe preparado com as aparas do peixe
1 xícara (200 ml) de polpa de buriti ou a gosto
Sal e pimenta a gosto
3-4 batatas-doces laranjas, cozidas
1 maço de quiabo cortado ao longo do comprimento
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Prepare o caldo de peixe. Refogue as aparas
de peixe num fio de azeite, cubra com água e cozinhe até obter um caldo perfumado. Descarte as aparas e reserve o caldo.
Para o coulis refogue a cebola e o pimentão em um fio de azeite, junte o alho e espere murchar. Acrescente o caldo de peixe e
reduza por 10-15 minutos em fogo baixo. Incorpore a polpa de buriti, tempere a gosto e continue reduzindo até a consistência
desejada. Reserve. Cozinhe a batata-doce, descasque e reserva. Grelha o quiabo e tempere a gosto. Reserve. Seque as postas
de peixe com ajuda de papel cozinha. Aquece uma panela de ferro. Quando estiver quente, coloque o óleo e espere aquecer o
mesmo. Quando o óleo começa a fumegar, coloque o peixe e frite as postas sem mexer por 2-3 minutos, somente depois vire.
Vire o peixe e termine o cozimento. Sirva as postas sob a batata-doce e um espelho do coulis acompanhado do quiabo
grelhado e fatias de batata-doce.
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213
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214
PIRAMUTABA
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Piramutaba
Perfil
A piramutaba, Branchyplatystoma vaillantii, ou platynemum
lembra em muito outros bagres, mas a sua carne suculenta é
menos valorizada. Como fama de ter um certo pitiu é tido como
peixe vulgar. É muito apreciado nos Estados Unidos para onde é
exportada em quantias. Peixe liso, de couro de água doce, tem o
corpo denso e comprido, cabeça deprimida com olhos pequenos
situados no topo da cabeça e barbilhões longíssimos. De cor
escura com barriga mais clara, a piramutaba é a única espécie do
gênero que forma grandes cardumes. Alcança 80 cm -1 metro de
largura e pode pesar até 8-10 kg. Facilmente capturada aos
milhares ao longo da calha do Solimões/Amazonas onde se
alimenta, é piscívora, devorando outros peixes menores. Desova
no início das enchentes em lugares rasos, em rios com água turva.
A safra da piramutaba ocorrere no período chuvoso.
Paladar
Carne suculenta com poucas espinhas, mas localmente pouco
apreciada
Preparo
Assada na brasa acompanhado de açaí ou ensopada
Proposta
Moqueca
Status de conservação
Sem informações
Protegido
15 de Setembro até 30 de Novembro
J F M A M J J A S O N D
215
Moqueca de piramutaba à baiana com
pimentão, leite de coco e dendê
1 kg de postas de piramutaba
1-2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau ou açafrão a gosto
T
1-2 cebolas, cortadas em rodelas
3 tomates, cortados em rodelas
3-4 dentes de alho picados
2-3 pimentões, verde, amarelo e vermelho, cortados em
rodelas
1 maço de cheiro verde picado
1 maço de coentro picado a gosto
Azeite
1 copo (200 ml) de leite de coco
Flocos de coco a gosto
4-6 colheres (sopa) de azeite de dendê ou a gosto
Lave o peixe com limão e tempere a gosto com sal, pimenta e
alho. Reserve por 30 minutos na geladeira. Doure a cebola em
um fio de azeite, junte os pimentões e espere murchar.
Reserve. Unte uma panela de barro com azeite e aquece a
mesma. Forre o fundo da panela com uma camada de tomate,
cebola e pimentão, tempere e distribua as postas de peixe.
Dissolva o colorau ou o açafrão em 1-2 colheres de azeite e
regue cada camada do peixe com um pouco da mistura. Cubra
com outra camada de tomate, pimentão, cebola e cheiro verde
e continue com as camadas até todos os ingredientes
acabaram. Termine com uma camada de tomate e cheiro
verde. Espere levantar fervura, baixo o fogo e cozinha tudo
com panela tampada lentamente em fogo baixo. Na metade do
cozimento acrescenta o leite de coco e o azeite de dendê.
Continue cozinhado em fogo brando até as postas estejam
cozidos e a carne do peixe se solta com facilidade das espinhas,
se desfazendo com facilidade em lascas firmes. Sirva
acompanhado de arroz branco e pirão elaborado com as
aparas do peixe.
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216
Fricassé de piramutaba com molho picante de
tomate, arubé e gema de ovo
800 g de picadinho de piramutaba
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
Farinha de trigo
1 maço de maxixe cortado em meia luas
1 maço de quiabo cortado ao meio ao longo do comprimento
Lave o picadinho de peixe com limão, tempere com sal e pimenta a gosto
e reserve por 30 minutos na geladeira. Cozinhe os legumes em água com
sal ou no vapor al dente e reserve. Seque o picadinho de peixe com papel
cozinha, passe pela farinha com colorau e doure em um fio generoso de
azeite ou asse no forno.
Prepare o molho, acrescente os legumes e o peixe desfiado em lascas
grandes ao molho, espere integrar os gostos, salpique com o cheiro verde
e sirva acompanhado de arroz branco e farinha d´água.
Molho
1 cebola picada
2-3 pimentões regionais cortados em listras
2-3 dentes de alho cortados em lâminas
300 g de tomates maduros em fatias
1 folha de louro
100 ml de fundo de peixe elaborado com as aparas do peixe
Sal e pimenta a gosto
3 gemas de ovo
2-3 colheres (chá) de arubé ou mostarda suave
1 colher (chá) de suco de limão a gosto
½ maço de cheiro verde picado
2-3 pimentas de cheiro
Em uma panela funda refogue a cebola e o pimentão em um fio de azeite.
Acrescente o tomate, a folha de louro e o fundo de peixe, tempere e
cozinhe sob fogo baixo até todos os ingredientes se integram, por mais ou
menos 15-20 minutos. Retire a folha de louro e passe pela peneira ou o
liquidificador. Acrescente o arubé ou a mostarda ao molho, deligue o
fogo, junte as gemas e o suco de limão e corrija, temperos e reserve.
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217
PIRAPITINGA
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Pirapitinga jovem
Perfil
A pirapitinga ou caranha, Piaractus brachypomus, muda, ao
crescer, de cor. Jovem é muito parecida com a piranha-caju com
seu dorso cinza, manchas escuras e alaranjado no ventre. Adulta
muda os flancos para um marrom escuro mais uniforme ou cinzaarroxeadas.
Peixe de escamas alcança 70-80 cm de comprimento
e 30 kg de peso, embora não seja muito comum encontrar
exemplares desse porte. Habita lagos de águas brancas, claras e
pretas. Onívoro com tendência a herbívora, come frutos,
sementes, folhas, insetos e ocasionalmente larvas de
invertebrados. Faz duas migrações, uma no início da vazante,
outra no começo da enchente para desovar em águas brancas. A
sua carne é muito apreciada. Em certas regiões já são vendidos
híbridos, cruzamentos entre pirapitinga e tambaqui o que produz
carnes extremamente suculentas, porém com menos gordura do
que a do tambaqui.
Paladar
Carne suculenta, lembrando tambaqui. A carne pode adquirir em
certas épocas do ano um leve gosto terroso.
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
Caldeirada paraense
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
218
PIRAPITINGA ADULTA
Pirapitinga adulta
Perfil
A Pirapitinga, Piaractus brachypomus, popularmente conhecida
também por pacu negro ou caranha, é um dos maiores peixes de
escamas de água doce. É parente tanto do pacu quanto da
piranha, porém é onívoro com forte tendência a herbívoro e
frutívoro, se alimentando basicamente de frutas e sementes os
quais acha em regiões de matas alagadas e rios. Habita águas
brancas, claras e pretas das Bacias Amazônica e Araguaia-
Tocantins. Faz duas migrações acompanhando as subidas e
descidas das águas. Durante a vazante migra da floresta alagada
para as cabeceiras dos rios. No início da enchente, desce para
desovar na cheia, em águas frias e rasas. Tem o corpo alto,
comprido em forma romboidal com cabeça pequena. Ao crescer,
muda de cor. Troca sua cor mais intensa de manchas alaranjadas
para uma coloração cinza arroxeada. Alcança 70-80 cm de
comprimento e um peso de 30 kg. Em certas regiões é um peixe
comercialmente bastante valorizado. No mercado já estão
disponíveis cruzamentos de pirapitinga com tambaqui com
carnes muito suculentas.
Paladar
Carne suculenta, lembrando tambaqui porém com mais espinhas.
A sua carne pode ficar em certas épocas do ano com certo gosto
terroso.
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
No envelope
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
219
Ceviche de pirapitinga
150g de pirapitinga* fresca por pessoa
1-2 limões galegos, raspas da casca e suco
½ xícara (100 ml) de leite de coco
¼ - ½ de uma cebola roxa cortada em rodelas
1 dente de alho
1 pimenta de cheiro exprimida ou picada bem fino
1 pedaço de gengibre picado
Sal marinho e pimenta a gosto
½-1 maço de coentro
4-6 cubos de gelo
1-2 cará branco ou roxo cozido, cortado em rodelas
Macaxeira cozida a gosto
Milho verde cozido a gosto
Pique o peixe em cubos ou tiras. Regue o peixe com suco de limão e o leite de coco e tempere com sal e pimenta
ou bate o gengibre, o coentro – reserve alguns galhos para decorar – junto com o suco de limão e o leite de coco, o
sal, os cubos de gelo e o alho no liquidificador e regue o peixe com este “leite”. “Cozinhe” o peixe por alguns
minutos nesse líquido, até ele mude de cor e fique esbranquiçado. Acrescente o restante dos ingredientes e sirva
em porções individuais, por exemplo em copos ou sob uma folha verde, acompanhado a maneira peruana de cará,
macaxeira e milho verde. Decore com fatias de limão e galhos ou folhas de coentro.
*Para prevenir qualquer infecção com parasitas transmitidas pelo consumo de peixe cru, recomenda-se de
congelar o peixe por no mínimo 48 h antes de usa-lo.
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220
Caldeirada de pirapitinga
800 – 1000 g de pirapitinga em postas, aparas para o fundo de peixe
400 g de camarão regional a gosto, aparas para o fundo de peixe
1-2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau ou açafrão-da-terra a gosto
Azeite
1 cebola picada
3 dentes de alho picados
1 pedaço de gengibre ralado
½ copo (100 ml) de vinho branco
2 copos (400 ml) de fundo de peixe obtido com as aparas
3-4 tomates sem pele, picados
5-6 pimentões regionais picados
1-2 folha de louro
2-3 cravos
1 limão/ laranja, 1 pedaço da casca, suco
1 colher (sopa) de manteiga
1 cheiro verde picado
Pimentas de cheiro a gosto
Farinha d’água fina para engrossar
Lave o peixe e o camarão com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na
geladeira. Aproveite as aparas para preparar um fundo de peixe. Refogue as aparas,
cubra com água e cozinhe até obter um caldo perfumado. Descarte as aparas e
reserve o caldo. Para a caldeirada refogue a cebola junto com o pimentão, o
gengibre e o colorau ou açafrão num fio de azeite. Junte o tomate, espere suar e
acrescenta o vinho branco, o fundo de peixe e os temperos. Espere levantar fervura,
diminua o fogo e acrescente metade do cheiro verde e aos poucos o peixe e o
camarão conforme o seu tempo de cozimento. Cozinhe em fogo bem brando sem
levantar fervura, até o peixe mude de cor e se desfaz com facilidade em lascas
firmes, por mais ou menos 10-15 minutos. Retire peixe e camarão com a ajuda de
uma espumadeira e o mantém quente. Retire também os especarias do caldo e
passe o mesmo pelo liquidificador. Derrete a manteiga, acrescente um pouco de
farinha, cozinhe um pouco e incorpore ao caldo. Corrija os temperos e espere
engrossar. Tempere com casca ralada e suco de limão/laranja. Coloque o caldo na
sopeira, acrescente o peixe e as crustáceas e decore com cheiro verde. Sirva
acompanhado de arroz branco, farinha e pimenta de cheiro.
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221
Pirapitinga poché no molho de tucumã
800 g de postas ou filé de pirapitinga e aparas para o fundo de peixe
1 limão galego
Sal, pimenta, colorau e alho a gosto
1 cebola ralada
Azeite
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o fundo de peixe.
Doure as aparas do peixe em um fio de azeite, cubra com água, tempere a gosto e cozinhe em fogo
brande até perfumar. Filtre, descarte as aparas e reserve. Seque o peixe com papel cozinha e sele de
todos os lados em um fio de azeite. Acrescente o peixe ao molho e termine o seu cozimento em fogo
muito baixo até sua carne muda de cor e se desfaz com facilidade em lascas firmes. Corrija os temperos e
sirva o peixe acompanhado de arroz branco.
Se preferir, asse o peixe por completo em um fio generoso de azeite e coloque sobre um espelho do
molho aquecido e temperado. Decore com cheiro verde.
Molho de tucumã
2 copos (300-400 ml) de fundo de peixe
3-4 tucumãs-açus, descascados, sem carroço
1-2 colheres (sopa) de vinagre suave
Prepare o fundo de peixe, descarte as aparas e bate junto com as cascas do tucumã. A gosto acrescente
um pouco de vinagre para cortar a baba. Se tiver muitas fibras, passe o molho por uma peneira e reserve.
Refogue a cebola num fio de azeite, acrescente o molho de tucumã, tempere e espere levantar fervura.
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222
Pirarara
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
223
PIRARARA
Pirarara
Perfil
A pirarara, Phractocephalus hemeliopterus, é um peixe
extremamente decorativo. Alguns exemplares exibem além do
desenho acinzentado a cauda e parte das nadadeiras amareloalaranjadas.
Tanta beleza cobiçada faz dele um peixe ornamental
mesmo que é de grande porte, alcança 1,30 – 1,50 m de
comprimento e 50-80 kg de peso. Tem cabeça arredondada
coroada por duas placas ósseas pesadas e chega por causa disso
muitas vezes já decapitado ao peixeiro. Peixe de couro, peixe liso,
olhos redondos posicionados no meio da cabeça, tem corpo curto
e robusto com faixas pretas e brancas que se esticam ao longo dos
flancos. Vive em poços e corredeiras de rios médios e grandes de
águas brancas, claras e pretas. Indivíduos jovens são encontrados
em florestas alagadas e praias. A pirarara, onívora, prefere peixes,
mas também não despreza crustáceas, frutos e sementes,
invadindo florestas alagadas. É um peixe de hábitos diurnos,
migratório, percorrendo grandes distancias rio acima para desovar
entre a seca e o início da enchente. Sua pele é sendo aproveitada
para produção de couro.
Paladar
Carne delicada, leve e pouco gordurosa, exigindo certo cuidado
Preparo
Ensopado, frito, assado
Proposta
Posta com crosta de beijucica
Status de conservação
Em perigo
Protegida
Não consta informações sobre defeso
224
Salada refrescante com cubos de pirarara
600 g de filé de pirarara em cubos
1 limão galego
Sal, pimenta, colorau e cominho a gosto
Salada
2-4 folhas de couve, as folhas rasgadas, o cabo picado
1 pedaço de jerimum, cozido, cortado em cubos
1 batata-doce cozida, cortada em cubos
1 maço de feijão de metro, cozido
1 cenoura cozida, cortada em rodelas,
1 cebola roxa, cortada em meia luas
1 cheiro verde picado
Outros legumes, por ex. maxixe, chuchu ou brócolis a gosto
3-4 colheres (sopa) de azeite
1-2 colheres (sopa) de vinagre suave
Arubé a gosto
Sal grosso e pimenta a gosto
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta, colorau e cominho a gosto e reserve por meia
hora na geladeira. Cozinhe os legumes em água com sal, no vapor ou asse no forno e tempere ainda
morno. Arranje os juntos com a cebola num prato, tempere a salada ainda morna com sal grosso,
pimenta, azeite, arubé e vinagre ou limão, salpique com cheiro verde e reserve. Asse o peixe em um
generoso fio de azeite até ficar crocante. Sirva o peixe sobre a salada. Decore com uma fatia de limão
e um galho de coentro. Sirva imediatamente.
Versão
Substitua no molho o azeite por iogurte ou abacate, batido com um pouco de água, ou sirva no lugar
do molho tradicional molho verde ou maionese caseira.
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225
Pirarara no papelote com cariru e
chips de batata-doce
4 postas de pirarara com couro, o couro ticado em
retângulos
1 limão galego
Sal grosso, pimenta e colorau a gosto
4 folhas de papel manteiga
Azeite
1 cebola roxa cortada em anéis
1 maço de cariru
1 limão em fatias
2-3 batatas-doces cortadas em lâminas finas
Óleo vegetal para fritar os chips de batata
1 cheiro verde
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Lave o peixe com limão e aplique cortes diagonais
na pele. Tempere a gosto e reserve por meia hora
na geladeira. Preaqueça o forno em 200 graus.
Recorte quatro folhas grandes de papel manteiga,
unta com azeite, distribua o cariru sobre as folhas,
tempere, coloque uma posta de peixe sobre o
legume, põe cebola e fatias de limão sobre a fatia,
regue com azeite e fecha o envelope, deixando
bastante espaço para o vapor que se formará.
Asse os papelotes no forno por 20-40 minutos
dependendo da grossura do peixe. O peixe está no
ponto quando se desfaz com facilidade em lascas
firmes e mudou de cor de leitoso para
embranquecido.
Acompanha chips de batata-doce: No mandolim
corte a batata-doce crua em lâminas. Seque as
lâminas com papel cozinha e frite em óleo quente
até dourar. Coloque sobre papel cozinha para
escorrer o excesso de óleo, tempere a gosto com
sal e sirva o peixe acompanhando dos chips de
batata.
226
Pirarara com variações de crostas de beijucica
e castanhas sob purê de banana e legumes
800 g de filé de pirarara ou outro peixe firme em postas não
muito altas
1 limão galego
Sal, pimenta e cominho a gosto
Crostas
2 punhados de castanhas picadas
2 punhados de beijucica quebrados em pedaços não muito finos
Sal, pimenta, cominho e colorau a gosto
Azeite ou manteiga suficiente para dar liga
1 cheiro verde picado
Raspas de casca de limão a gosto
Legumes para assa no forno como alho, cebola, pimentão e
jerimum
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia
hora na geladeira. Preaqueça o forno em 200 graus. Seque o
peixe com papel toalha coloque num tabuleiro untado e prepare
a crosta. Para a versão clara quebre o beijucica em pedaços não
muito pequenos e misture com as castanhas, o cheiro verde e as
raspas da casca de limão.
Para a versão alaranjada, troca as raspas por colorau. Tempere a
gosto, regue com azeite até dar liga e coloque sobre o peixe,
apertando bem. Coloque os legumes sobre um tabuleiro untado,
salpique com sal grosso e azeite e asse junto com o peixe. Asse o
peixe no forno durante 20-30 minutos. Sirva peixe e legumes
sobre o purê de banana.
Purê de banana pacovã
2-3 bananas pacovã maduras sem casca e em rodelas
2 colheres (sopa) de manteiga
Azeite
1 cebola picada
Sal, pimenta e noz-moscada a gosto
Leite de coco a gosto
Refogue a cebola na manteiga com azeite, acrescente a banana
em rodelas e asse em fogo baixo até ficar macio. Tempere e
amasse com ajuda de um garfo. Acrescente leite de coco até
obter a consistência desejada.
Se preferir, asse a banana na casca junto com os legumes no
forno e amasse já assado. Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
227
Pirarucu com menino
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228
PIRARUCU
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Pirarucu
Perfil
O colossal pirarucu, Arapaima gigas, o nome em
latim diz tudo, é um dos mais apreciados peixes da
Amazônia. Gigante de verdade, é o maior peixe de
escamas da água doce - alcança facilmente 3
metros de comprimento e um peso de 200 kg ou
mais. Com seu corpo alongado e cilíndrico e uma
cabeça achatada tem uma boca igualmente
grande. Tem a fama de mostrar bastante
personalidade, vive na bacia amazônica em águas
rasas de rios e lagos onde ele se alimenta de
outros peixes, caranguejos, camarões e tartarugas.
Curiosamente dispõe de dois sistemas
respiratórios distintos. Possui, além das brânquias,
responsáveis pela respiração debaixo da água, uma
bexiga que funciona como um pulmão. Por causa
disso é obrigado a subir à superfície em intervalos
regulares de 10 ou 15 minutos para captar ar.
Presa fácil do arpão do pescador a sua espera. O
melhor pirarucu fresco vem tradicionalmente da
região de Santarém e de outras cidades do interior
do Baixo Amazonas como Alenquer e Prainha.
Paladar
Carne muito saborosa praticamente sem espinhas
e muito apreciada
Preparo
Apropriado para muitos preparos mas não
recomendado para por na grelha
Proposta
Empanado com vinagrete tropical
Status de conservação
Ameaçado
Protegido
Dezembro até Maio, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
229
Posta gigante de Pirarucu
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230
A escama do Pirarucu, também gigante, antigamente usada como
lixa de unha. Sua língua áspera rala até hoje bastão de guaraná.
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231
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
232
PIRARUCU EM MANTAS
Pirarucu em mantas
Ele é tido como “bacalhau da Amazônia”. Sua carne quase sem
nenhuma espinha convence pelo sabor e a suculência. O pirarucu
chega tradicionalmente já recortado em mantas impressionantes
ao mercado. Um pirarucu, gigante de 60 kg rende mais ou menos
40 kg de manta - pura carne nobre. As mantas são divididas em
costelas, ventrechas, filés, lombo e outras partes, todas
cobiçadas. As mais apreciadas são as mais gordurosas. Aproveitase
quase tudo do peixe: cabeça, pele e carcaça rendem
ensopados ricos. Uma parte considerável é salgada.
Ao se reproduzir durante a seca, o pirarucu forma casais. O
macho constrói um ninho no qual a fêmea desova. Durante a
incubação e durante os meses seguintes cuida da sua prole com
muito desempenho. Os estoques de pirarucu vêm sofrendo
grandes pressões devido a sobrepesca predatória e o pirarucu
está em perigo, mas já existem projetos bem-sucedidas de
manejo sustentável.
Paladar
Carne muito saborosa, praticamente sem espinhas, muito
Apreciada, mas maior o peixe, maior a rigidez da sua carne
Preparo
Aprecia-se muito a gordurosa ventrecha e a cabeça, assada na
brasa
Proposta
Nuggets com maionese caseira
Status de conservação
Ameaçado
Protegido
Dezembro até Maio dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
233
Filé de pirarucu marinado com tempero nortista sob salada colorida
600 g de filé de pirarucu fresco, filé não muito alto*
1 limão galego
Marine o peixe um ou dois dias antecipado. Lave os filés com limão. Prepare a marinada, instruções ao
lado. Espalha uma camada da marinada no fundo duma forma de vidro ou porcelana grande suficiente
para acomodar os peixes, coloque os filés por cima. Cubra com o restante da marinada e acrescente a
vodca ou o vinagre. A marinada deve cobrir todo o peixe. Para mante-lo submerso, pode ser colocado um
peso por cima. Reserve por 24 h na geladeira e vire de vez em quando. Curtido, limpe os filés com ajuda
das costas de uma faca e corta na diagonal em fatias muito finas. Descarte a marinada.
Prepare a salada. Tempere a gosto, salpique com o cheiro verde sirva as lascas de peixe sob a salada e
salpique com pimenta rosa.
*Para prevenir qualquer infecção com parasitas transmitida pelo consumo de peixe cru, recomenda-se
congelar o peixe por no mínimo 48 h antes do consumo do mesmo.
A mesma receita também pode ser preparada com pirarucu salgado, devidamente dessalgado.
Marinada
5 colheres (sopa) (100 g) sal marinho ou sal grosso
5 colheres (sopa) (50 g) de açúcar branco ou mascavo
1 colher (sopa) de grão de mix de pimenta-do-reino em diversas cores
½-1 colher (sopa) de cominho em grão ou moído
½-1 colher (sopa) de sementes de coentro
3 folhas de louro
Raspas da casca de ½ limão ou laranja a gosto
1-2 cálices de vodca ou vinagre suave
Coloque todas as especiarias, o sal e o açúcar em um pilão e amassa grosseiramente.
Salada
½ maço de rúcula
½ pepino cortado em lâminas finas
½ tomate picado
½ pimentão de cheiro em listras
1 carambola picada ou em fatias
½ cheiro verde picado
Sal, pimenta, azeite e vinagre a gosto
Prepare uma salada colorida e tempere a gosto.
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234
Pirarucu fresco ou salmourado sob cuscuz de farinha e vinagrete tropical com
abacaxi e laranja
600-800 g de postas de pirarucu fresco ou
salmourado durante 1-2 dias
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de farinha de trigo ou goma de
tapioca
Azeite
Salmoure o pirarucu de véspera. No dia, lave com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Prepare o cuscuz e o vinagrete. Seque o peixe com papel toalha, passe pela farinha e doure no azeite de todos
os lados até se desfaz em lascas firmes. Sirva o peixe sobre o cuscuz, regue com o vinagrete e decore com uma
fatia de limão e um galho de coentro.
Cuscuz
1 xícara de farinha d’ água
¼ - ½ copo (80-100 ml) de leite de coco ou
¼ - ½ copo (80-100 ml) de fundo de peixe quente
Sal e pimenta a gosto
Tempere a farinha com sal e pimenta e regue aos poucos com o leite de coco e/ou o caldo de peixe até obter a
consistência de um cuscuz. Solte de vez em quando com ajuda de um garfo. Espalhe numa travessa, mantendo
quente.
Vinagrete tropical
1 fatia de 1,5 cm de abacaxi picado
1-1 ½ tomate regional picado
2-3 pimentões regionais de diversas cores, picados
1 cebola roxa cortada em anéis ou meia luas
1 pedaço de gengibre picado bem fino
1 laranja, raspas da casca, gomos e suco
1 maço de cheiro verde picado
1 maço de coentro picado
Sal e pimenta a gosto
Azeite e vinagre a gosto
Pimentas de cheiro a gosto
Para o vinagrete misture todos os ingredientes, tempere a gosto e reserve.
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235
Nuggets de pirarucu empanada na farinha de Uarini com maionese caseira
600 g de filé de pirarucu cortado em listras de 2 cm
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de goma de tapioca ou farinha
de trigo
2 ovos ou somente as claras, batido com um garfo
Farinha Uarini fino quanto basta
Óleo vegetal quanto basta para fritar
Maionese caseira ou outro molho ou vinagrete a
gosto
Folhas verdes para servir
Lave o peixe com limão, tempere com sal e pimenta e deixe tomar gosto na geladeira por 30 minutos. Prepare
o molho a gosto e reserve. Coloque a goma de tapioca, o ovo batido e a farinha Uarini cada um num prato.
Tempere a farinha Uarini com sal e pimenta. Seque os filés com papel toalha, passe primeiro pela tapioca,
depois pelo ovo batido e por fim pela farinha Uarini até fiquem bem empanados. Aquece o óleo e frite o peixe
aos poucos no óleo quente. Deixe escorrer sob papel toalha. Corte ao meio e sirva acompanhado do molho
sobre uma folha de bananeira ou de mamão.
Maionese caseira
1 gema de ovo fresco, temperatura ambiente
1 colher (chá) de mostarda ou arubé
1 colher (chá) de suco de limão
100 ml de óleo vegetal (use óleo, azeite amarga o preparo)
Sal e pimenta a gosto
Misture a gema à mostarda ou ao arubé com ajuda de um batedor de arame ou no liquidificador. Acrescente,
sempre batendo manualmente ou no liquidificador, aos poucos, primeiramente pingando, depois em fio fino,
o óleo até obter a consistência desejada de maionese.
A gosto misture com algumas gotas de suco de limão, alcaparras cortadas ou folhas picadas de vinagreira.
Corrija os temperos e sirva acompanhando os nuggets.
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236
Nuggets de pirarucu com crosta de castanhas e geléia de pimenta
600 g de filé ou postas de pirarucu, livre de espinhas
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de farinha de trigo ou goma de tapioca
2 ovos ou somente as claras levemente batidas
200 g de castanhas picadas grosseiramente ou em lâminas
2 colheres (sopa) de manteiga
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare a geleia de pimenta,
receita ao lado. Preaqueça o forno em 180°. Forre uma forma refratária com papel manteiga. Pique as castanhas
e coloque num prato fundo. Prossegue do mesmo jeito com a farinha peneirada e os ovos levemente batidos.
Tempere a farinha com sal e pimenta. Seque o peixe com papel toalha, corte em pedaços e passe cada pedaço
primeiramente pela farinha, depois pelo ovo e por fim pelas castanhas. Coloque sobre a forma forrada. Distribua
a manteiga sobre os pedaços e asse no forno por 15-20 minutos ou até a crosta dourar. Sirva acompanhado da
geléia de pimenta ou outro molho a gosto. Acompanha salada fresca.
Geléia de pimenta
2 xícaras de pimentões regionais bem vermelhos em listras, sem sementes
2-3 pimentas de cheiro ou a gosto
1 fatia generosa de 4-6 cm de abacaxi
3-4 colheres (sopa) de açúcar ou a gosto
1 pitada de sal
Colorau a gosto
Pique as pimentas e pimentões e retire as sementes se preferir uma pungência mais amena. Pica o abacaxi e
cozinhe tudo em fogo brando junto com o açúcar e o restante dos ingredientes até desmanchar. Acrescente água
se for precisa. Passe pelo processador e engrosse até obter a consistência desejada. Contrabalance doçura e
pungência, corrija os temperos e reserve.
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237
Posta de pirarucu sob molho de pimentão e tomate com pasta de
azeitonas e castanhas
4-6 postas de pirarucu
1 limão galego
Azeite
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve. Preaqueça o forno em 220 graus e asse os legumes
para o molho, receita ao lado. Nos últimos 10-15 minutos que os legumes assam, coloque o peixe, ainda
sem a pasta de azeitonas, também no forno, regado com bastante azeite. Prepare a pasta de azeitonas,
receita ao lado. Aquece a mesma, corrija os temperos e reserve. Reparta o molho em pratos individuais,
coloque uma posta de peixe por cima e cubra com a pasta de azeitonas. Decore com um galho de
coentro e sirva acompanhado de arroz branco.
Molho de pimentão e tomate
2 punhados de pimentões regionais vermelhos sem sementes
3-4 tomates regionais cortados em gomos
1-2 cebola roxa
1 cabeça de alho com casca, cortado o topo
Sal, pimenta e colorau a gosto
Para o molho espalhe o pimentão sem sementes, o tomate, cortado em gomos, a cebola cortada em 4
partes ao longo do comprimento e o alho, os dentes na casca mas com o fundo cortado, em uma forma
refratária untada. Regue com bastante azeite e salpique com sal grosso. Asse por 30-40 minutos ou até
amolece bem. Esprema o alho da casca e triture junto com os outros ingredientes. Aquece tudo junto e
corrija os temperos. Reserve.
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238
Pirarucu e legumes assados no forno ou na chapa, servido ao leite de coco
1 posta (800 g) de pirarucu fresco
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Legumes da estação, se for necessário pré-cozidos
por exemplo:
2-3 cebolas roxas cortadas ao meio ou em quatro
1 maço de maxixe cortado ao longo do comprimento
1 fatia de jerimum cortada em cubos
1 maço de feijão de metro ou quiabo de metro pré-cozido, cortado em pedaços
3-4 pimentões regionais de diversas cores
1 batata-doce pré-cozida cortada em cubos
1 cenoura cortada em listras
1-2 tomates cortados ao longo do comprimento
Azeite
Sal grosso
Lave o peixe com limão e tempere a gosto. Reserve por meia hora na geladeira. Asse a posta de peixe e
os legumes na brasa ou no forno. Se for assar no forno, unta uma forma grande com azeite, espalhe os
legumes, regue com bastante azeite e salpique com sal grosso. Asse o peixe em outra forma. Prepare o
molho, receita ao lado. Coloque o peixe e os legumes no molho espere tomar gosto e sirva
acompanhado de arroz branco e farinha ou beijucica.
Molho
½ cebola picada bem fino
¾ copo (150 ml) de fundo de peixe
¾ copo (150 ml) de leite de coco
1 cheiro verde
Farinha para engrossar a gosto
Para o molho, refogue a cebola em um fio de azeite, acrescente o fundo de peixe e o leite de coco,
tempere a gosto e espere reduzir um pouco. Caso prefere um molho mais espesso, engrosse com um
pouco de farinha.
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239
Picadinho de pirarucu express a baiano com leite de coco e dendê
800 g de picadinho de peixe, por ex. pirarucu
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite
3-4 dentes de alho picados
1 colher (chá) de açafrão-da-terra fresco ralado ou em pó
1 cebola picada
1 pedaço de gengibre picado a gosto
3-4 pimentões regionais de várias cores em listras ou rodelas ou pimentão em rodelas
2-3 tomates regionais picados
1 copo (200 ml) de caldo de peixe obtido com as aparas do peixe
½ copo (100 ml) de vinho branco seco ou tucupi
½ copo (100 ml) de leite de coco
1-2 colheres (sopa) de azeite de dendê ou a gosto
1 cheiro verde picado
Farinha d´água fina ou goma de tapioca para engrossar o caldo a gosto
Lave o picadinho de peixe com limão e tempere com sal e pimenta a gosto. Refogue a cebola, o pimentão, o
açafrão e o gengibre num fio de azeite. Junte o tomate, tempere gosto e espere engrossar um pouco. Junte
o caldo de peixe, o vinho ou o tucupi. Seque picadinho de peixe com papel cozinha e sele num fio de azeite.
Acrescente ao molho e cozinhe suavemente em fogo bem brando com a panela tampada por 5-8 minutos
ou até o peixe mude de cor e se desfaz com facilidade em lascas firmes. Retire o peixe. Incorpore o leite de
coco e o azeite de dendê ao molho e reduz um pouco. Caso prefere um molho mais espesso, engrosse com
um pouco de farinha ou goma, previamente diluída em um pouco de água fria. Devolve o peixe ao molho,
corrija os temperos, salpique com cheiro verde e sirva acompanhado de arroz branco.
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240
Pirarucu confitado em azeite de especarias
4 postas de pirarucu fresco ou salmourado
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 bulbo de alho com casca, topo cortado
1 cebola em anéis grossos
Azeite aromatizado
½ xícara de azeite de oliva ou suficiente para cobrir o peixe
2 cravos-da-índia
1 anis-estrelado
2 sementes de cardamomo
1 pedaço de uns 3 cm de casca preciosa
1 colher (chá) de pimenta-rosa
1 colher (chá) de pimenta-do-reino
1 tira larga de casca de limão galego
2 folhas de um limoeiro galego
3 folhas de chicória
Na véspera, salmoure o peixe ou cubra com uma fina camada de sal. Pelo menos 1 hora antes de iniciar o preparo,
coloque o azeite e todas as especiarias em uma panela e aqueça até levantar fervura. Desligue e espere que as
especiarias aromatizarem o azeite. Preaqueça o forno a 120 graus. Lave o peixe com água e limão, tempere a gosto e
reserve por meia hora na geladeira. Escolha uma forma refratária na qual cabe o peixe bem apertada - mais
apertado, menos azeite necessário. Forre a forma untada com os anéis de cebola. Arranje a postas bem apertadas
por cima. Acrescente a gosto uma cabeça de alho e outros legumes. Regue com o azeite temperado, o peixe deve
ser submerso no azeite, e asse lentamente em temperatura baixíssima, o azeite não deve ferver, por 1h –1 ½ h até o
peixe se desfaz com facilidades em flocos firmes. Sirva o peixe e os legumes regados com azeite, acompanhado de
arroz branco e grão-de-bico.
Para fazer o peixe na conserva, coloque o peixe, os legumes escolhidos e o azeite no vidro escolhido. Fecha
hermeticamente, embrulhe numa toalha e coloque numa panela alta. Coloque água até a boca do vidro e cozinhe
lentamente no fogão ou no forno. Espere esfriar dentro da água. Sirva frio acompanhado de beijucica.
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241
CAVALA – SERRA
Cavala – Serra
Perfil
A cavala, Scomberomorus cavalla e a serra, Scomberomorus
rasiliensis são da mesma família, os dois peixes nobres. A cavala
tem cabeça relativamente curta com focinho pontudo. O corpo
é fusiforme e comprido, a nadadeira caudal é forcada e as
escamas azul-metálicas são tão finas que dão a impressão de
pele lisa. A cavala se difere da serra tendo a linha lateral bem
marcada, sem pintas nem manchas. Os flancos da serra por sua
vez exibem manchas arredondadas de cor dourada. As duas
espécies podem alcançar mais de 1,5 resp. 1,7 metros e 30,
resp. 45 kg de peso. Exigente com a qualidade da água, vivem
em águas salgadas. Indivíduos da mesma idade formam
grandes cardumes. Na fase adulta os grupos se tornam
menores ou os indivíduos são até encontrados solitariamente.
Peixes de grande importância comercial, emprenham-se em
grandes migrações e vivem nas costas do Brasil do Amapá até
Santa Catarina. Onívora e voraz, tem sua dieta composta de
peixes, crustáceos, moluscos e ocasionalmente graminhas e
algas. A cavala desova de outubro até março, a serra de
setembro até março.
Paladar
Carne deliciosa, apreciada e nobre
Preparo
Frito, ensopado, assado
Proposta
Fricassé tropical
Status de conservação
Ameaçada
Protegido
Sem informações sobre defeso
242
Ceviche de serra com molho de maracujá
600 – 800 g de peixe firme por exemplo serra* em postas ou filés
3 maracujás ou a gosto, suco, sem sementes
1 limão galego
1-2 dentes de alho
1 pedaço de gengibre
Pimentas de cheiro a gosto
2 cebolas roxas cortadas em meia luas
1 maço de coentro
Sal e pimenta do reino a gosto
Cará roxo, cará do ar, batata-doce ou milho verde para acompanhar
Corte as cebolas com ajuda de um mandolim em fatias bem finas. A gosto coloque em água com gelo para
amenizar um pouco a acidez. Reserve. Passe o suco de maracujá por uma peneira e descarte as sementes.
Numa vasilha de preferência de vidro ou porcelana por causa da acidez do molho que poderia reagir com
outros materiais, misture o suco de maracujá com o alho picado, o gengibre ralado suco do limão. A gosto
acrescente a pimenta de cheiro picadinha ou espreme a mesma com ajuda de um garfo no prato antes de
colocar o ceviche. Ideal é recortar o peixe ainda um pouco gelado em listras ou cubos a gosto. Outra dica é
salgar a posta de peixe e reservar durante alguns minutos. A carne do peixe ganhará mais firmeza. Depois
recorte a posta em cubos ou fatias a gosto. Misture o peixe picado com o molho de maracujá e espere mudar
de cor. Mais tempo o peixe permenacera no molho, mais «cozido» o mesmo ficará. Retire do molho e coloque
no prato definitivo. Misture com a cebola, o coentro e mais pimenta e sirva com os acompanhamentos
escolhidos. Sirva o restante do molho num copo a parte.
*Para prevenir infecção com parasitas transmitida pelo consumo de peixe cru, recomenda-se congelar o peixe
por no mínimo 48 h antes de usa-lo.
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243
Filé de serra assado sob salada morna de legumes e ovo
4 filés ou postas de serra com pele
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
2-3 colheres (sopa) de farinha de trigo
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve. Prepare a salada e tempera ainda morna. Reserve. Seque o peixe com
ajuda de papel toalha e passe pela farinha. Aquece um generoso fio de azeite em uma frigideira, coloque o peixe com a pele
por baixo e espere três, quatro minutos sem mexer até dourar. Vire para outro lado e continue até dourar também. Sirva as
postas sobre a salada temperada e decore com as fatias de ovo, cheiro verde e a cebola.
Salada morna de legumes
2 maços de feijão de metro cozidos
1-2 cenouras cortadas em palitos crus ou cozidos a gosto
1 pedaço de jerimum em cubos, cozido
1 pedaço de abobrinha branca em cubos, cozidos
1 batata-doce cozida, fatiada
1 maço de couve, talos picados e folhas rasgadas
2-3 tomates cortados ao longo do comprimento em 8-10 pedaços
4 ovos cozidos cortados ao longo do comprimento
Azeitonas pretas a gosto
Azeite
Sal e pimenta a gosto
1 cebola roxa cortada em anéis
Cozinhe todos os legumes junto com os talos das folhas da couve em água com sal até fiquem al dente. Descasque a batata
e arranje junto com os legumes, a couve rasgada e o tomate nos pratos. Se preferir, asse as folhas da couve rapidamente
numa frigideira. Tempere a salada ainda quente.
Molho da salada
2 dentes de alho
3 colheres (sopa) de azeite
1 colher (sopa) de suco de limão ou vinagre de vinho tinto a gosto
½ -1 colher (chá) de mostarda Dijon ou arubé
1 colher (sopa) de alcaparras (se for necessário, dessalgadas)
1 maço de cheiro verde picado
Sal grosso e pimenta
Prepare o molho: Amasse o alho junto com ½ colher (chá) de sal no pilão até obter uma pasta. Acrescenta o restante dos
ingredientes, bata bem e derrame sobre a salada.
244
Ventrecha de serra assada com legumes puxados na manteiga
1-2 ventrecha/s de serra ou cavala
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
2-3 colheres (sopa) de manteiga
Legumes da estação por ex.
1 cebola roxa cortada em listras
2-3 dentes de alho em lâminas
Abobrinha branca cortada em palitos
Pimentões regionais vermelhos cortados em listras
1 maço de couve, a folha rasgada, o cabo picado bem fino
Raspas de ½ limão galego
Lave a ventrecha com limão, tempere com sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Caso
queira assar o peixe junto com o couro, aplique golpes não muito fundos no mesmo, dessa maneira os temperos
penetram melhor na carne. Preaqueça o forno em 220 graus. Unte uma forma refratária com azeite, põe a
ventrecha com o couro para cima sobre ela e a asse no forno em 220 graus por 20-30 minutos ou até a carne se
desfaz com facilidade em lascas firmes. Doure a cebola e o pimentão em um fio de azeite, acrescente a manteiga e
os outros legumes conforme a sua duração de cozimento e continue dourando em fogo brando até os legumes
fiquem al dente, oferecendo, ao serem mordidos, uma certa resistência aos dentes. Tempere com sal e pimenta e
sirva os legumes sobre a ventrecha. Salpique com as raspas de limão. Acompanha arroz branco, farinha d´água e
pimentas de cheiro.
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245
Picadinho de serra e legumes na manteiga com molho aveludado
800 g de picadinho de serra ou outro peixe branco firme
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Farinha de trigo
Azeite
2-3 colheres (sopa) de manteiga
1 cebola roxa cortada em meia luas
2-3 dentes de alho cortado em lâminas
3-4 pimentões regionais cortados ao meio ao longo do comprimento
2 maços de quiabos cortados a meio ao longo do comprimento
2 maços de maxixes cortados em gomos ao longo do comprimento
Lave o picadinho de peixe com limão, tempere a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Doure a cebola e o
pimentão num um generoso fio de azeite, junte a manteiga e os restantes dos legumes, tempere com sal e
pimenta e refogue em fogo moderado até os legumes fiquem al dente. Seque o picadinho de peixe com papel
cozinha, passe pela farinha e doure em um fio generoso de azeite. Misture peixe e legumes e reserve. Prepare o
molho, receita ao lado e sirva o peixe com os legumes sob um espelho do molho salpicado com o cheiro verde.
Acompanha arroz branco.
Molho de mostarda ou arubé
½ xícara (100 ml) de vinho branco
½ xícara (100 ml) de fundo de peixe obtido das aparas do peixe
2 gemas de ovo
2 colheres (sopa) de mostarda suave ou arubé
1-2 colher/es (sopa) de creme de leite
Açafrão-da-terra a gosto
½ cheiro verde
Pra o molho bata o vinho e o fundo de peixe junto om as gemas e a mostarda ou o arubé durante 5 minutos com
ajuda de um batedor de arame numa vasilha sob um banho-maria (sobre o vapor da água). Tempere e bate até
obter uma consistência cremosa. Corrija os temperos, colore com açafrão a gosto, incorpore o creme de leite e
sirva o peixe sob um espelho do molho.
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246
SURUBIM FLAMENGO
Surubim flamengo
Perfil
Os dois bagres Brachyplatystoma juruense, ou Brachyplatystoma
tigrinus, surubim flamengo, dourada-zebra ou zebrinha, são muito
parecidos, especialmente enquanto jovem. Os dois exibem sobre o
tronco 8-10 faixas transversais escuras sob fundo cinza-marronzado
transversais bem chamativas. São peixes ornamentais procurados
que se exibem em aquários mundo afora. Parte da grande família
dos bagres, catfish em inglês, são peixes de água doce, peixes de
couro de porte imponentes, alcançam até 70-80 cm, o que dá
postas generosas com poucas espinhas. Tem longas barbas sobre
quais pouco se sabe. Parecem de servir para se orientar. Os dois
são amplamente distribuídos na Amazônia, sempre ocorrendo em
pequenos números. Habitam principalmente o canal dos rios
profundos de águas brancas e parecem ser mais comum na região
do alto do Solimões. Piscívoros, se alimentam de outros peixes
menores. Para se reproduzir empregam migrações extensas rio
acima.
Paladar
Carne firme e delicioso com poucas espinhas
Preparo
Ensopado, assado, frito
Proposta
Assado com gremolata
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região. Não consta defeso
no Pará
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247
Surubim recortado em postas
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248
SURUBIM PINTADO
Surubim pintado
Perfil
O surubim pintado, Pseudoplaty- stoma fasciatum, peixe de
couro de água doce, é um dos bagres mais apreciado no
mercado. O seu corpo muito alongado e roliço exibe nas costas,
sob fundo acinzentado ou castanho-escuro, um desenho
elaborado de faixas verticais pretas irregulares com manchas
arredondadas terminando em pontos escuros. O ventre é branco
e as nadadeiras salpicadas de inúmeras pintas escuras. A cabeça
é grande e achatada com as características barbatanas laterais
que o ajudam na orientação durante a caça noturna. Grande
predador, se alimenta preferencialmente de peixes menores de
escamas e camarões. Ocorre nos principais calhas dos rios e na
floresta inundada, em lagos e rios de águas brancas, claras e
pretas. De porte grande, pode alcançar até 3 metros e pesar mais
do que 70 kg. As fêmeas são maiores do que os machos. É uma
espécie migratória que parece percorrer grandes distâncias no
período reprodutivo no início da enchente.
Paladar
Carne amarelada e suculenta carecendo de espinhas
Preparo
Ensopado, assado, frito, na brasa
Proposta
Com camarão e molho de pimenta
Status de conservação
Ameaçado
Protegida
Novembro até Março, dependendo da região. Não consta defeso
no Pará
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249
Surubim tigre
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250
SURUBIM TIGRE
Surubim tigre
Perfil
De desenho e porte chamativo, o surubim tigre, Pseudoplatystoma
tigrinum, exibe, mesmo abatido, toda a sua beleza. Bagre, peixe de
couro, maravilhosamente ornamentado é um peixe de água doce. O
corpo alongado é roliço tem manchas pretas irregulares, sob fundo
cinza, lembrando um tigre, iniciam na região dorsal e se estendem até
abaixo da linha lateral. As nadadeiras exibem pontos pretos. Igual a
todos os bagres tem olhos pequenos situados no lateral da cabeça
com um sulco no meio se estreitando no fim da boca larga e achatada.
É um peixe de porte grande, alcança 1,3 metro de comprimento e
pode pesar até 70 kg. Piscívoro, alimenta-se de outros peixes que caça
durante a noite. Os seus barbilhões compridos e sensitivos lhe
permitem explorar o ambiente com exatidão na ausência da luz.
Habita lagos e rios de águas brancas, claras, pretas e mistas. Enquanto
jovem, prefere matas inundadas, adulto vive em lagos e canais dos
rios. Realiza migrações para desova durante o fim da seca e volta no
fim do período das chuvas. Muito importante na pesca comercial e
esportiva está em perigo, vítima de sobrepesca.
Paladar
Carne firme e delicioso com poucas espinhas, apreciado mesmo sendo
de peixe de couro
Preparo
Ensopado, assado, frito, na brasa
Proposta
Ceviche ou moqueca
Status de conservação
Ameaçado
Protegida
Novembro até Março, dependendo da região. Não consta defeso no
Pará
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251
Ceviche tradicional de surubim com leite de coco
½ cebola picada em fatias finas
500 g de surubim* cortado em cubos ou listras
1-2 limões galegos
1 pimentão regional picado bem miúdo
1 tomate regional picado bem fino
1 pimenta de cheiro picada sem sementes ou a gosto
1 maço de coentro picado
¾ xícara (150 ml) de leite de coco
Sal e pimenta a gosto
Pique a cebola e cubra com água com gás para tirar um pouco da sua acidez. Lave o peixe com uma
parte do limão e reserve. Misture em um recipiente de vidro ou de porcelana o pimentão, o
tomate, a cebola, a pimenta, o coentro, o suco restante do limão e o leite de coco. Se preferir, bate
o suco de limão junto com o leite de coco e dois cubos de gelo e metade do coentro no
liquidificador e regue o peixe com esse “leite”. Acrescente o peixe e deixe mudar de cor de
transparente até opaco. Sirva gelado.
Acompanha, a moda peruana, milho verde cozido e tubérculos variados.
*Para prevenir qualquer infecção com parasitas transmitidas pelo consumo de peixe cru,
recomenda-se de congelar o peixe por no mínimo 48 h antes de usar.
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252
Moqueca rica com surubim, mexilhão, camarão e batata-inglesa
600 g de peixe firme em postas, por ex. surubim
400 g de camarão regional, descascado
400 g de mexilhão, bem lavado
1 limão galego
Sal, pimenta, colorau ou açafrão-da-terra a gosto
Azeite
2-3 cebolas grandes em rodelas
4-5 dentes de alho em lâminas
3-4 pimentões regionais sem sementes, em rodelas
4-5 tomates regionais em rodelas
4-5 batatas-inglesas, pré-cozidas e cortadas em rodelas
1 maço de cheiro verde picado
1 maço de coentro picado
3 folhas de chicória, picadas
1 pedaço de casca de limão desidratado
1-3 pimenta de cheiro ou a gosto
1 copo (200 ml) de leite de coco
Azeite de dendê a gosto (1-2 colheres (sopa) ou a gosto)
T
Lave o peixe, o camarão e o mexilhão com limão. Tempere com sal, pimenta e alho e reserve durante meia hora na
geladeira, absorvendo os temperos. Aqueça a panela de barro untada com um fio de azeite. Murche a cebola e o
pimentão e reserve. Sele as postas do peixe de todos os lados e reserve. Arrume camadas, alterando tomate, cebola,
pimentão, batata, peixe, camarão e mexilhão. Tempere cada camada e salpique com cheiro verde e coentro e
continue até todos os ingredientes acabaram. Regue com o leite de coco, acrescenta a casca de limão desidratado e
acerta o sal e a pimenta. Tampe e cozinha em fogo baixo por 15-20 minutos sem mexer para não desmanchar. A
gosto gire e vire a panela para distribuir bem os líquidos. Perto do final acrescente o azeite de dendê a gosto e
corrija os temperos. Aqueça mais uns minutos. A moqueca está pronta quando o peixe se desfaz com facilidade em
lascas firmes. Salpique com o restante do cheiro verde e sirva. Acompanha pirão e arroz branco.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
253
Fricassé tropical com surubim, camarão regional e avium ao leite de coco e azeite
de tucumã ou buriti
400 g de surubim em cubos ou outro peixe firme
400 g de camarão regional
1 punhado de avium
1 limão galego
Sal, pimenta e açafrão-da-terra a gosto
Azeite
5-6 dentes de alho picados
1-1 ½ copo (200-300 ml) de fundo de camarão ou peixe elaborado com as aparas do peixe
½ copo (100 ml) de leite de coco fresco ou industrializado
1 maço de cheiro verde picado
2-3 colheres (sopa) de óleo de tucumã ou azeite de dendê
1 cheiro verde picado
Lave o peixe, o camarão e o avium com limão. Descasque o camarão e reserve as aparas para preparar o fundo de
peixe e camarão. Tempere peixe e camarão a gosto e guarde por meia hora na geladeira. Para o fundo refogue todas
as aparas num fio de azeite, cubra com água, acrescente um pouco de alho, sal e açafrão e cozinhe por 15-20
minutos até obter um caldo perfumado. Descarte as aparas e reserve o caldo. Para o picadinho doure o alho num
generoso fio de azeite. Reserve. Seque o peixe com papel cozinha e sele o mesmo na mesma frigideira. Tomou cor,
acrescente o camarão e o avium e continue selando por 2-3 minutos. Reserve. Prepare o molho na mesma frigideira,
aproveitando todos os queimadinhos no fundo. Coloque 1 copo do fundo de peixe, o alho e metade do cheiro verde.
Tempere e espere reduzir um pouco. Junte o leite de coco e o azeite de tucumã ou buriti, corrija os temperos e
espere engrossar um pouco. Coloque peixe, camarão e avium no molho e aquece um pouco até todos os sabores se
uniram. Salpique com cheiro verde e sirva acompanhado de arroz preparado com cubinhos de pimentão e tomate.
Se preferir um caldo mais encorpado, engrosse o caldo com goma de tapioca previamente diluída em água fria ou
farinha d’ água e devolve depois o peixe e camarão ao molho. Sirva acompanhado de arroz colorido com legumes e
tomate.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
254
Isca de surubim escabeche agridoce
600 g de filé de surubim, cortado em pedaços ou
listras
1 limão galego
2-3 dentes de alho picado
Sal e pimenta a gosto
4-5 colheres (sopa) de goma de tapioca
2 ovos batidos
4-5 colheres (sopa) de farinha fina para farofa
Óleo vegetal neutro para a fritura, suficiente para cobrir os peixes
T
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e alho e reserve por trinta minutos na geladeira.
Prepare o vinagrete, receita ao lado. Coloque a tapioca peneirada, o ovo levemente batido e a farinha cada
uma num prato. Tempere a farinha d´água com sal e pimenta. Aquece o óleo. Seque os filés de peixe com
ajuda de papel toalha e passe cada filé primeira pela tapioca, depois pelo ovo e por fim pela farinha. Bate
levemente até fiquem bem empanados. Frite aos poucos no óleo quente. Coloque sobre papel toalha,
mantendo quente. Sirva o peixe sobre uma folha de bananeira e regue ainda quente com o vinagrete. Sirva
quente ou frio, curtido por uma noite na geladeira.
Vinagrete agridoce
1 pedaço de gengibre picado
2-3 tomates picados bem fino
2-3 pimentões regionais, picados bem fino
1 cheiro verde picado
½ cebola picada a gosto
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de vinagre branco suave ou limão
5-6 colheres (sopa) de azeite
1-2 colheres (sopa) de mostarda picante ou arubé
1-2 colheres (sopa) de mel de abelha nativa
1 folha de bananeira para servir
Pique todos os ingredientes do vinagrete, misture com azeite, vinagre e tempere a gosto com sal, pimenta,
mostarda ou arubé e mel, equilibrando acidez, doçura e picância. Reserve. Regue o peixe quente com o
vinagrete.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
255
Surubim com camarão ao molho de pimenta rosa e vinho de porto
800 g de surubim em postas, aparas para elaborar um fundo de peixe
300 g de camarão regional com casca, aparas para elaborar um fundo de peixe e camarão
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
2 ½ colher (sopa) de manteiga
½ cebola roxa picada
½ copo (100 ml) de fundo de camarão e peixe, elaborado com as aparas do peixe
3 colheres (sopa) de creme de leite
1 cheiro verde picado
1-2 colheres (sopa) de pimenta rosa
5 colheres (sopa) de vinho de porto branco
Sal e pimenta a gosto
1 pimenta de cheiro
Suco de limão a gosto
Lave o peixe e o camarão com limão, descasque o camarão, reservando as aparas, tempere a gosto e reserve
por meia hora na geladeira. Para o fundo de peixe e camarão refogue as aparas em um fio de azeite, cubra
com água e cozinhe em fogo brando até obter um caldo perfumado. Filtre o caldo, reserve-o e descarte as
aparas. Derreta metade da manteiga e doura a cebola. Reserve. Na mesma frigideira acrescenta o restante da
manteiga, o peixe e um dedo do fundo de camarão, baixo o fogo ao mínimo, tampa e deixa cozinhar no
próprio vapor por 5-8 minutos. Retire, mantendo quente. Repita o mesmo procedimento com o camarão.
Reserve, mantendo igualmente quente. Devolva a cebola na mesma frigideira, junte o restante fundo de peixe
e o vinho de porto. Tempere com os grãos da pimenta, sal e pimenta do reino. Levantou fervura, baixe o fogo
ao mínimo e reduza por alguns minutos. Depois incorpore o creme de leite e metade do cheiro verde. Reduza
mais um pouco, mantendo fogo baixo. Corrija os temperos, devolve o peixe e os camarões ao molho e sirva,
acompanhado de arroz com açaí ou purê de cará roxo e fatias de tomate.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
256
BOCÓ – TAMBAQUI JOVEM
Bocó – Tambaqui jovem
Perfil
O tambaqui é um dos peixes mais apreciados e comercialmente
mais importantes do Norte, especialmente na região de Manaus e
Santarém. O tambaqui, Colossoma macropomum é o segundo
maior peixe de escamas da água doce da América de Sul, só o
pirarucu o supera. Jovem, o tambaqui se distingue por sua
coloração mais intensa. Sofre grandes variações no decorrer do seu
desenvolvimento tanto no corpo quanto na cor que se adequa a cor
da água na qual vive. De corpo romboidal, alto e achatado quase
redondo, se alimenta, enquanto jovem, principalmente de algas,
insetos e larvas achadas nas matas inundadas e nos igapós de águas
brancas, claras e negras. Suas mandíbulas poderosas quebram
sementes e coquinhos. Pode alcançar 1 metro de comprimento e
30 kg de peso. Antigamente eram capturados exemplares até 45 kg,
hoje exemplares desses são vítimas da sobrepesca. Mas já cria-se
tambaqui com grande sucesso em tanques flutuantes em rios ou
lagos artificiais e maioria dos peixes das feiras vem de cativeiro.
Paladar
Carne considerada das mais saborosas e tenras, mas com alto teor
de gordura
Preparo
Na caldeirada ou na brasa
Proposta
Ensopado
Status de conservação
Salvo por pouco - maioria dos peixes vendidos vem de cativeiros
Protegido
Outubro até Março
J F M A M J J A S O N D
257
Bocó ensopado com açafrão e especarias
2-3 bocós limpos, ticados, cortados em 2-3 pedaços
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite
1 colher (chá) de açafrão-da-terra fresca ralada ou em pó ou
uma pitada de pétalas de açafrão verdadeiro
1 pitada de cominho e coentro em pó a gosto
2-3 cravos
1 folha de louro
1 anis-estrelado
2 cebolas grandes picadas
4-6 pimentões regionais cortados em listras
1 pedaço de gengibre picado
2-3 dentes de alho
1 tomate picado
1 maço de cheiro verde
1 l de fundo de peixe ou água
½ copo (100 ml) de vinho branco
1 cálice de conhaque a gosto
Farinha d’água para encorpar a gosto
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Em um generoso fio de azeite refogue o
açafrão e todos os temperos até soltam o seu perfume. Retire e reserve. Na mesma frigideira refogue a cebola com o pimentão.
Acrescente o gengibre, o alho, o tomate e metade do cheiro verde. Devolve as especiarias, junte o fundo de peixe e o vinho e
espere levantar fervura. Coloque o peixe, tempere a gosto e cozinha em fogo bem brando por 10-15 minutos ou até o peixe se
solta com facilidade das espinhas e todos os gostos se misturarem. Caso prefere um caldo mais encorpado, retire o peixe e
alguns legumes decorativos e as especiarias inteiras e bate no liquidificador. Se prefere mais encorpado, engrosse com um
pouco de farinha d´água. Devolve o caldo a panela, corrija os temperos, junte o conhaque, devolve o peixe e sirva
acompanhado de farinha ou pirão e arroz branco.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
258
Bocó poché com legumes sob cará roxo
2-3 bocós dependendo do tamanho
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
1 cebola cortada em meia-lua
1 punhado de pimentões regionais cortados em listras
1 ½ l de fundo de peixe elaborado com as aparas
2 tomates regionais, cortados em rodelas
1 maço de feijão de metro, cozido
1-2 cenouras, cortadas em espaguete
1 fatia de jerimum, cortado em espaguete
2-3 carás roxo cozido, cortado em rodelas ou outros tubérculos
1 cheiro verde picado
1-2 colher/s (sopa) de manteiga
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Com as aparas elabore um fundo de peixe ou
use simplesmente água. Refogue a cebola e os pimentões em um generoso fio de azeite. Junte o fundo de peixe e espere
levantar fervura. Alcançou o ponto de fervura, reduz o fogo para um mínimo, acrescente o peixe e metade do cheiro verde e
aos poucos os legumes conforme o seu tempo de cozimento. Tempere a gosto e cozinhe tudo em fogo brando até os
legumes fiquem al dente, oferecendo, a serem mordidos, uma certa resistência aos dentes, e o peixe se solta com facilidade
das espinhas. Puxe o cará ou outro tubérculo na manteiga. Forme uma camada no prato, coloque o peixe por cima e decore
com os legumes. Salpique com o cheiro verde. Sirva o caldo a parte de entrada.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
259
Bocó ao molho de açafrão, leite de coco, especiarias e castanhas
1 cambada de bocó ou tambaqui
1 limão galego
Sal, pimenta e açafrão-da-terra a gosto
Azeite
1 cebola picada em meia-lua
1 punhado de pimentão regional cortado em listras
1 pedaço de gengibre picado bem fino
1 pedaço de açafrão-da-terra fresco ralado ou
1-2 colheres (chá) de açafrão em pó
Coentro e cominho moído ou em grãos a gosto
1-2 cravos
½ pau de canela
1 folha de louro
2-3 dentes de alho picado bem fino
1-2 tomates regionais cortados em meia-lua
1 – 1 ½ xícara (200-300 ml) de fundo de peixe elaborado com as aparas do peixe ou água
½ xícara (100 ml) de leite de coco
1 punhado de castanhas em lâminas
1 cheiro verde picado
Farinha d´água ou goma de tapioca para engrossar o molho
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e guarde na geladeira por meia hora. Corte o peixe ao meio ou em três e
doure em um fio generoso de azeite. Reserve. Refogue metade da cebola e do pimentão. Acrescente o gengibre, o
açafrão, o restante das especiarias, o alho, e metade do tomate e do cheiro verde. Refogue mais um pouquinho e
cubra com o fundo de peixe ou simplesmente água. Levantou fervura, baixo o fogo, acrescente o peixe, tempere e
cozinhe em fogo lento até a carne do peixe se solta com facilidade da espinha. Torre a castanha e reserve. Reserve o
peixe, mantendo quente e guarde o caldo para fazer o molho. Passe o caldo pelo liquidificador e reserve. Refogue o
restante da cebola, do pimentão, do tomate e do cheiro verde. Junte o molho, incorpore o leite de coco, corrija os
temperos e engrosse a gosto com goma de tapioca, previamente diluída em água fria ou farinha. Devolve o peixe e
corrija os temperos. Aquece por 2-3 minutos até todos os gostos se misturam, salpique com as castanhas e o
restante do cheiro verde. Sirva acompanhado de arroz branco e beijucica.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
260
Bocó assado com molho cítrico acompanhado de salada morna de batata-doce
3-4 bocós dependendo do tamanho
1 limão galego
2-3 dentes de alho
Sal, pimenta e colorau a gosto
Lave o peixe com limão, tempere com alho, sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Aquece
um fio de azeite, frite o peixe de um lado e o vire quando a cor mude de opaque para branco leitoso. Se preferir, asse o
peixe na brasa ou no forno. Se for assar o peixe na frigideira, aproveita a mesma para preparar o molho. Prepare o molho,
instruções ao lado e a salada de batata e sirva o peixe sobre um espelho do molho e fatias de limão e laranja.
Molho cítrico
½ laranja, corta ¼ em fatias finas para decorar, suco do restante e a gosto raspas da casca
½ limão, corta ¼ em fatias finas para decorar, suco do restante e a gosto raspas da casca
2-3 colheres (sopa) de vinho branco
2-3 colheres (sopa) de manteiga gelada em cubinhos
1 maço de cheiro verde picado
Alcaparras e azeitonas picadas a gosto
Se for assar o peixe na frigideira, usa a mesma para preparar o molho. Misture os sucos cítricos e a gosto as raspas das
cascas com o vinho, aproveitando todos os queimadinhos do peixe. Reduz um pouco para depois incorporar com ajuda de
um batedor a manteiga e o cheiro verde. Engrosse em fogo bem baixo por 1-2 minutos. Corrija os temperos, junte as fatias
de laranja e limão, e sirva o peixe sob o molho.
Salada de batata-doce morna
3-4 batatas-doces dependendo do tamanho
1 maço de cheiro verde
3-4 colheres (sopa) de azeite
1 colher (sopa) de vinagre suave
Sal grosso e pimenta de reino a gosto
1 cheiro verde picado
Cozinhe as batatas em água com sal, descasque ainda morno, corte em cubos e regue imediatamente com vinagre, azeite e
salpique com sal grosso e cheiro verde. Sirva acompanhando o peixe.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
261
TAMBAQUI ADULTO
Tambaqui adulto
Perfil
Todos os tambaquis, Colossoma macropomum, apresentam
grandes variações de cor e desenho. Adulto, o tambaqui
caracteriza-se pelo corpo alto, levemente comprido e pela
coloração mais escura do que de exemplares jovens, amarela no
dorso e com o abdômen esbranquiçada, resultado da adequação à
cor da água do seu habitat. Alcança 90 cm de comprimento e
pode pesar até 30 kg. Peixe onívoro, adquire a sua carne suculenta
e gordurosa alimentando-se de sementes de castanheiras e
palmeiras, além de plâncton e insetos aquáticos. Peixe de
escamas, o tambaqui tem carne muito apreciada por sua gordura
suculenta, altamente nutritiva. Muito apreciado são as “costelas
de tambaqui”, a espinha grossa que lembra uma costela de um
mamífero, normalmente preparada na grelha, destilando a
gordura. A maioria dos tambaquis hoje comercializados origina de
pisciculturas que deve aliviar os estoques em perigo de
sobrepesca.
Paladar
Peixe com carne considerada das mais saborosas e tenras devido o
seu alto teor de gordura
Preparo
Caldeirada ou na brasa
Proposta
Costela ao tucupi
Status de conservação
Salvo por pouco - maioria dos peixes vendidos vem de cativeiros
Protegido
Outubro até Março
J F M A M J J A S O N D
x x x x x x
262
Peixada de bocó ou tambaqui
1 kg de bocó ou tambaqui, ticado e cortado
Outros peixes, camarões e caranguejos a gosto
1 limão galego
Sal, pimenta e cominho a gosto
Azeite
3-4 dentes de alho amassados
2-3 cebolas cortadas em 8 pedaços ou em anéis
8-10 pimentões regionais ou 2-3 pimentões cortados em pedaços grandes, sem sementes
2-3 litros de água ou fundo de peixe fervente
1/2 copo (100 ml) de vinho branco
2-3 tomates grandes, cortadas em 8 pedaços
Legumes da estação cortados em pedaços grandes como feijão de metro, jerimum, abóbora branca, quiabo
ou a gosto
1 maço de couve rasgada
1 maço de cheiro verde picado
1 maço de coentro picado
1-2 folhas de louro
Colorau ou 2-3 colheres (sopa) de purê de tomate
1 colher (chá) de vinagre branco suave
2 batatas-inglesas cozidas, descascadas
4 ovos cozidos e descascados
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Se preferir um aroma mais intenso,
salgue toda a superfície e a barriga do peixe com uma fina camada de sal, e deixe descansar durante noite na
geladeira. No outro dia lave sob água corrente. Numa panela funda refogue a cebola e o pimentão num generoso fio
de azeite. Junte o alho, colorau ou purê de tomate e continue dourando. Acrescente o peixe e doure de todos os
lados. Reserve o peixe e acrescente todos os legumes, exceto a couve e a batata, cubra com água ou fundo de peixe
fervente, junte o vinagre, o vinho e a metade do cheiro verde. Tempere a gosto, cozinhe os legumes em fogo brando
por alguns minutos, devolve o peixe, leve de novo até o ponto de ebulição, diminua o fogo e continue em fogo muito
brando por 15-20 minutos. Verifique o cozimento perfeito do peixe na parte mais grossa do peixe. Ao enfiar uma faca,
a carne deve se soltar da espinha com facilidade e apresentar uma cor embranquecida. Reserve duas xícaras ou a
gosto do caldo para fazer o pirão. Corrija os temperos, acrescente a couve, a batata e os ovos, aquece até todos os
gostos se misturam, salpique com o restante do cheiro verde e sirva acompanhado de arroz branco e pirão.
T
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
263
T
Tambaqui na brasa escabeche
Sobras de uma banda de tambaqui assado na
brasa, desfiada sem espinhos e pele
1 cebola picada bem miúda
1 tomate regional picado bem miúdo
3-4 pimentões regionais picados bem miudinhos
Sal e pimenta a gosto
Azeite a gosto
Vinagre branco a gosto
Desfie o peixe, pique todos os ingredientes do
vinagrete bem miúdos, tempere com sal,
pimenta, azeite e vinagre e misture com o peixe.
Deixe tomar gosto por algumas horas na
geladeira. Sirva acompanhado de beijucica.
Costela de tambaqui assada na
brasa ao molho de tucupi
Por pessoa
200 g de costela de tambaqui
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1-2 copo/s de tucupi ou meio tucupi meio fundo
de peixe
1 folha de chicória
1-2 dentes de alho
Farinha ou goma de tapioca para engrossar a
gosto
Lave as costelas com o limão, tempere a gosto e
reserve por meia hora na geladeira. Ferve o tucupi
com o alho e a chicória por 10 minutos e engrosse
a gosto com farinha ou goma. (Dissolve a goma
em água fria antes de acrescentar.) Asse as
costelas na brasa. Sirva a costela acompanhada do
molho com arroz e farinha d´água.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
264
Tambaqui na cama de sal
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
265
Tambaqui assado na cama de sal
1 tambaqui inteiro, com escamas, tratado
2 limões galegos
Pimenta e colorau a gosto
1 cheiro verde ou outras ervas
1 palito,
1-2 kg de sal grosso
100-150 ml de água ou 1 clara de ovo por kg de sal
Preaqueça o forno em 220 graus. Lave o peixe com limão, tempere a
cave abdominal a gosto e estufe com ervas e umas fatias de limão.
Feche com um palito. Umidifique o sal com um pouco de água ou com
as claras de ovo. Forre uma forma refratária com uma generosa
camada de sal e acomode o peixe por cima. Caso prefira cubra com
outra camada de sal. Asse o peixe. Conte para cada 500 g de peso 10
minutos de forno ou espere a camada de sal começar a amarelar.
Asse no mesmo forno legumes da estação. Terminado a assadura, tire
o peixe do forno e deixe descansar por 5 minutos. Depois abra a
camada de sal com ajuda de uma faca ou um martelo. Retire-a com
muito cuidado. Para servir, retire a pele do peixe e sirva a carne
acompanhada de vinagrete, legumes assados ou um molho da sua
escolha.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
266
Tambaqui de festa com molho de cerveja
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
267
Tambaqui de festa com molho de cerveja preta
1 tambaqui grande inteiro, ticado no rabo
1-2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau a gosto
4-6 dentes de alho picados
Azeite
1 cebola roxa cortada em 8 pedaços
10 dentes de alho com casca, cortado o fundo
1 punhado de pimentão regional verde
1 batata-doce cozida, cortada em cubos
1 beterraba cozida, cortada em 8 pedaços
10 pupunhas cozidas
1 punhado de castanhas de caju picadas
Lava o peixe com limão, tempere com o alho picado, colorau, sal e pimenta, também na cava abdominal. Reserve por meia
hora na geladeira. Preaqueça o forno em 200-220 graus. Escolha uma forma refratária suficientemente grande para caber o
peixe em pé, unta com azeite, coloca uma ou duas xícaras de café com a boca para baixa na forma e põe o peixe em pé
sobre as xícaras. Espalhe cebola, alho e pimentão em volta do peixe, regue com azeite e salpique com sal grosso. Asse tudo
por 40-50 minutos ou até a carne do peixe se solta com facilidade das espinhas. Prepare o molho. Faltando 10 minutos para
o peixe assar por completo, junte a batata-doce, a beterraba e a pupunha, regue com azeite e espere aquecer. Torre a
castanhas até levantar o seu perfume e sirva o peixe com a guarnição em volta, salpicado das castanhas, acompanhado do
molho e arroz branco.
Molho de cerveja preta
½ cebola picada
1 pedaço de gengibre ralado
3 dentes de alho picados
Azeite
1 anis-estrelado
2 colheres (sopa) de farinha d´água ou goma de tapioca para engrossar
Sal e pimenta a gosto
½ colher (chá) de coentro em grãos
1 pedaço de casca de laranja
½ xícara (100 ml) de fundo de peixe
½ xícara (100 ml) de cerveja preta
(Malzbier)
Refogue cebola junto com o pimentão e gengibre. Acrescente o alho, as especarias, a casca de laranja e por fim o caldo de
peixe e a cerveja. Tempere e engrosse sob fogo baixo por 30 minutos. De vez em quando pincele o peixe com o molho.
Caso prefira um molho mais encorpado, incorpore um pouco de farinha ou goma previamente diluída em um pouco de
água fria. Corrija os temperos do molho e reserve. Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
268
Tucunaré-açu
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
269
TUCUNARÉ-AÇU
Tucunaré-açu
Perfil
O turunaré-açu, Cichla ocellaris, peixe de escamas, cativa pela
sua cor dourada que varia em intensidade conforme a água que
ele habita. Além do característico olho com anel dourado na
nadadeira, exibe sob fundo dourado, verde escura no dorso e
branca no ventre, três barras escuras que se estendem pelas
laterais. A nadadeira dorsal é raiada de espinhos. Alcança 120
cm de comprimento e 16 kg de peso. Excelente caçador,
piscívoro, caça durante o dia, alimenta-se de outros peixes e
camarões os quais persegue ativo e com voracidade para depois
engoli-las por inteiro. Peixe territorial e bastante sedentário,
habita açudes, represas e rios de águas brancas, claras e negras
e dá preferência a águas lentas e calmas. Também é criado em
cativeiro. Quase não realiza migrações com o fim de se
reproduzir. Os tucunarés formam casais e constroem ninhos nas
pausadas e pedras e cabe ao macho de cuidar da prole.
Paladar
Dos peixes mais apreciados. Carne muita branca, com baixo teor
de gordura, tenra e muito saborosa
Preparo
Caldeirada, frito, assado
Proposta
No vapor com molho branco
Status de conservação
Ameaçado
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, não consta defeso
no Pará
J F M A M J J A S O N D
270
TUCUNARÉ-COMUM
Tucunaré-comum
Perfil
Na bacia amazônica existem vários tipos de tucunarés, todos
apreciadíssimos tanto no prato quanto na pesca esportiva ou em
aquários. Famoso por sua rapidez e agressividade, o tucunaré se
revela um predador e caçador por excelência, perseguindo sua
presa, normalmente pequenos peixes e camarões com força e
verve. Lindamente coloridos com desenhos de uma beleza
extraordinária, são peixe de escamas. Como todos os tucunarés, o
tucunaré-comum, Cichla monoculus, apresenta em cima da cauda
uma mancha redonda, induzindo um segundo par de olhos. Além
disso exibe ao longo do corpo alongado em algumas partes
manchas pretas, outras avermelhadas ou laranjas. Vive em lagos,
lagoas, beiras dos rios e nas florestas inundadas de águas brancas,
claras e negras, mas também é criado em cativeiro. O seu
comprimento pode chegar a 1,2 metro e o peso alcança 16 kg. Não
realiza migrações para se reproduzir. Forma casais protetores, os
quais constroem ninhos entre galhos e troncos e protegem a prole
até o terceiro mês depois do nascimento.
Paladar
Dos peixes mais apreciados. Carne branca, baixo teor de gordura,
mas bem saborosa. Peixe nobre
Preparo
Caldeiradas, grelhado, frito
Proposta
Caldeirada
Status de conservação
Ameaçado
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, não consta defeso
no Pará
J F M A M J J A S O N D
271
TUCUNARÉ-PACA
Tucunaré-Paca
Perfil
O tucunaré-paca ou pimima, Cichla temensis, é dos mais discretos
entre os tucunarés. Peixe de escamas, tem corpo alongado com
cabeça e focinho grande e boca de caçador imponente. De cor
cinza-esverdeada com pintas brancas ou amareladas, distribuídas
em linhas regulares ao longo do dorso, exibe o característico olho
na nadadeira caudal, cuja função é desconhecida. Suspeita-se que
serve para confundir outros predadores e presas. Extremamente
veloz, se lança como um foguete sobre as presas e é dos poucos
peixes da Amazônia que perseguem a presa sem desistir até ter a
capturada. Peixe de grande porte, alcança acima de 80 cm, é um
peixe importante não só na culinária, mas também como peixe
ornamental e na pesca esportiva. Contrastando com sua valentia de
predador, cuida com dedicação da sua prole pela qual constrói
ninhos e a protege. É uma espécie sedentária e territorial, vive em
lagos e rios de águas brancas, claras e pretas e têm hábitos diurnos.
Paladar
Dos peixes mais apreciados. Carne muita branca, pouco gorduroso,
tenra e saborosa
Preparo
Ensopado, frito e assado
Proposta
Ceviche ao tucupi
Status de conservação
Ameaçado
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, não consta defeso no
Pará
J F M A M J J A S O N D
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272
Ceviche de tucunaré a moda nortista
400-600 g de filé de tucunaré*
½ - 1 limão, suco a gosto
½-1 cebola roxa, cortada em meio luas
1 pedaço de gengibre picado bem fino
1-2 pimentões regionais picados
1-2 pimentas de cheiro a gosto
½-1 xícara (100-200 ml) de tucupi acido, fervido e temperado ou meio caldo de peixe, meio tucupi
3-4 dentes de alho picados bem fino
Sal e pimenta a gosto
Coentro a gosto
Jambu e chicória para decorar
Cubro o filé ainda inteiro com uma fina camada de sal. Isso torna a carne mais firme e a mesma fica mais fácil de
cortar. Ou fatie o peixe ainda meio congelado em listras ou cubos e regue com algumas gotas de limão. Misture com
a cebola, o alho, o gengibre e tempere com sal e pimenta. Use o tucupi esfriado ou se preferir, aquece e derrame
sobre o peixe. Espere até o peixe mude de cor e fique embranquecido, salpique com coentro, tempere com limão e
sirva acompanhado de beijucicas.
*Para prevenir infecção com parasitas transmitida pelo consumo de peixe cru, recomenda-se congelar o peixe por o
mínimo 48 h antes de usa-lo.
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273
Tucunaré no vapor com molho branco de 7 ervas
1-2 tucunarés dependendo do tamanho
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Molho 7 ervas
1 punhado de vinagreira
Azeite
1 dente de alho picado
¾ xícara (150 ml) caldo de peixe elaborado com as aparas do peixe
¾ xícara (150 ml) de leite de coco ou creme de leite
1-2 galhos de salsinha
4-5 ramos de cebolinha
1-2 galhos de alfavaca
1-2 folhas de chicória
3-4 ramos de coentro
1 ramo de hortelã
1 ramo de carmelitana ou 2-3 folhas de vinagreira
Sal e pimenta a gosto
1 colher (chá) de mostarda ou arubé a gosto
1 cesto próprio para cozinhar no vapor
2 folhas de couve para servir
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e guarde por 30 minutos na
geladeira. Aquece cinco centímetros de água em uma panela, coloque o
cesto sobre a água sem o mesmo ter contato nenhum com a água, forre o
cesto com a vinagreira, coloque o peixe por cima e cozinhe no vapor por
15-20 minutos ou até a carne do peixe se solta com facilidade das
espinhas. Doure o alho num fio generoso de azeite, junte o caldo de peixe,
o leite e metade das ervas rasgadas a mão. Tempere a gosto, mostarda ou
arubé trazem picância, e reduza o molho por alguns minutos. Incorpore
um pouco de farinha para mais consistência. Forre um recipiente com a
couve, regue com o molho e coloque o peixe por cima. Salpique com mais
ervas e sirva acompanhado de arroz branco e fatias de limão.
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274
Caldeiradra de tucunaré com legumes locais
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275
T
Caldeirada de tucunaré com legumes e cará
1 kg de tucunaré e/ou outros peixes regionais diversos, cortados
em postas como pescada, dourada, surubim ou filhote
2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
1 cebola cortada em meia luas
3-4 pimentões regionais cortados em anéis
3-4 dentes de alho
1-2 tomates cortados em pedaços
Outros legumes como maxixe, feijão de metro, jerimum e
aboborinha a gosto, se for necessário pré-cozidos
2-3 carás brancos ou mandiocas cozidas, cortadas em cubos
3-4 folhas de vinagreira rasgadas
1 cheiro verde picado
3-4 folhas de chicória
Água ou fundo de peixe quanto basta
2-3 ovos a gosto
Lava o peixe com limão, tempere com sal, alho, colorau e azeite e
reserve na geladeira por 30 minutos. Pre-cozinhe os legumes com água
com sal ou no vapor. Refogue a cebola e os pimentões em um fio de
azeite, acrescente colorau, o tomate e as postas do peixe e continue
refogando. Junte a chicória e metade do cheiro verde, a água do
cozimento dos legumes e fundo de peixe até cobrir o peixe. Tempere e
cozinhe em fogo baixo até o peixe se solta facilmente das espinhas.
Junte o cará e os outros legumes conforme o seu tempo de cozimento.
Acrescente a vinagreira rasgada por último. Cozinhe por alguns poucos
minutos até todos os gostos se misturam. Corrija os temperos e
salpique com cheiro verde. Acompanha arroz, pirão, farinha e pimenta
de cheiro.
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276
Tucunaré ao molho laranja condimentado
800 g de filé de tucunaré em listras ou cubos grandes
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cebola roxa cortada em tiras
2-3 pimentões regionais vermelhos, sem sementes, cortados em tiras
Azeite
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o molho, receita ao lado. A
parte refogue a cebola e o pimentão em azeite e reserve. Seque o peixe com papel toalha e asse em azeite até
dourar de todos os lados. Monte o prato: Coloque o molho, junte o peixe e decore com a cebola e o pimentão frito.
Salpique com coentro e sirva acompanhado de arroz branco.
Molho condimentado laranja
¼ colher (chá) de sementes de coentro e cominho
¼ colher (chá) de sementes de mostarda
1 pitada de noz-moscada
1 pitada de cravo em pó
Azeite
½ cebola picada
3-4 pimentões regionais vermelhos em listras
1 pedaço de gengibre
1-2 tomates regionais em cubos
Colorau a gosto ou 1 pedaço de açafrão-da-terra fresco ou em pó
2 dentes de alho picados
1-2 batata-doce laranja, cozida/s sem casca em cubos
½ xícara (100 ml) de leite de coco
½ xícara (100 ml) de caldo de peixe ou camarão
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 maço de coentro fresco
Suco de limão ou vinagre a gosto
Para o molho, torre todas as especiarias até levantem o seu perfume. Acrescente um generoso fio de azeite e a
cebola, os pimentões, o gengibre e o açafrão. Refogue. Junte o alho e o tomate. Refogue mais um pouco e depois
reúna todos os ingredientes do molho no liquidificador. Reserve uns galhos do coentro para decorar. Liquidifique,
devolve a panela, aquece em fogo brando, corrija os temperos acrescentando suco de limão ou vinagre a gosto.
Reserve.
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277
Tucunaré ao forno com batata-doce
2 tucunarés inteiros, ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
2-3 dentes de alho picados
1 pedaço de gengibre picado
1 cabeça de alho inteira, os dentes com casca, o topo cortado
2-3 cebolas roxas cortadas em 8 ao longo do comprimento
4-5 pimentas regionais inteiras
300 g de batata-doce pré-cozida, cortada em fatias
3-5 tomates cortados em 8 ao longo do comprimento
1 maço de coentro ou cheiro verde picado
Lave o peixe com limão, tempere a gosto com sal, pimenta, alho e gengibre e reserve por meia hora na geladeira.
Preaqueça o forno em 200 graus. Unte uma forma refratária, coloque uma cama de legumes e batatas, acomode
o peixe, acrescente o restante dos legumes, tempere a gosto e regue com azeite. Asse no forno até o peixe se
solta com facilidade das espinhas. Salpique com cheiro verde e sirva acompanhado de arroz branco.
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278
Xareu
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279
XARÉU
Xaréu
Perfil
O xaréu, Caranx hippos, destaca-se pela sua carne avermelhada cor de
sangue que lembra a do atum. Peixe de escamas relativamente finas,
pertence a uma espécie oceânica que ocorre na costa brasileira do
Norte ao Sul, mas tolera amplas variações de salinidade. Dessa
maneira pode ser encontrado tanto em água salgada, salobra e em
rios costeiros onde vive em locais com fundo de pedras ou areia dura,
formando cardumes pequenos. Tem o corpo ovalado, achatado e
comprido e a cabeça grande e alta, mais curta. A forma da cabeça dá a
impressão de uma grande testa com boca arredondada e olhos
grandes. A sua coloração difere. Exibe no dorso um tom azulado, nos
flancos tons pratas com nuanças douradas enquanto o ventre é
amarelo. A nadadeira caudal forma uma forquilha, indicando que ele é
um excelente nadador. Muito cobiçado na pesca esportivo que
respeita a sua resistência a captura, xaréus adultos alcançam 1 metro
de comprimento e podem pesar até 25 kg. Predador voraz, consome
peixes menores e camarões e outros invertebrados. Espécie
migradora, sobe os rios costeiros para desovar.
Paladar
Carne de cor avermelhada escura, saborosa e de alto teor de gordura
Preparo
Ensopar, fritar, assar etc.
Proposta
Xaréu frito sobre cuscuz de farinha d’ água e ervas regionais e molho
agridoce
Status de conservação
Sem informação
Protegido
Não consta defeso
J F M A M J J A S O N D
280
Xaréu frito sobre cuscuz de farinha d’ água, verduras regionais e molho agridoce
4 postas de xaréu
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
2-3 dentes de alho picado bem fino
½ maço de jambu ou cariru lavado, sem talos
1 maço de cheiro verde com alfavaca e coentro, somente as folhas
1-2 galhos de manjericão, somente as folhas
Lave o peixe com limão, tempere com alho, sal e pimenta e guarde por meia hora na geladeira. Prepare o cuscuz e
reserve. Receita ao lado. Seque o peixe com papel toalha e asse em um generoso fio de azeite dos dois lados até a sua
carne se solta com facilidade da espinha. Reserve, mantendo quente. Aproveita a frigideira para elaborar o molho,
receita ao lado. Sirva o peixe sobre a came de verduras, cubra com uma parte do molho e sirva o restante a parte.
Cuscuz
1 xícara de farinha d’ água
½ xícara (100 ml) de fundo de peixe quente
½ xícara (100 ml) de leite de coco
Para o cuscuz aquece o fundo de peixe junto com o leite de coco e derrame aos poucos sobre a farinha. Espere hidratar,
soltando de vez em quando com um garfo, até alcança a textura de um cuscuz. Tempere a gosto, coloque sobre um prato
e espalhe as folhas das verduras por cima.
Molho agridoce
2-3 colheres (sopa) de fundo de peixe
½ laranja, casca raspada e suco
2 colheres (sopa) de mel de abelhas nativas
2 colheres (sopa) de arubé ou mostarda picante
2 colheres (sopa) de azeite
½ cheiro verde picado
Para o molho aproveite a frigideira, acrescentando aos poucos todos os ingredientes na mesma. Solte bem o fundo,
espere aquecer, corrija os temperos e equilibre a doçura com a acidez. Incorpore o cheiro verde e sirva sobre o peixe.
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281
Xaréu assado sob purê de pupunha
4 postas ou filés de xaréu, 600-800 g
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
2-3 dentes de alho picados bem fino
Farinha de trigo para empanar
3-4 colheres (sopa) de manteiga ou óleo neutro para fritar
Cebola roxa em anéis e galhos de coentro para decorar
Lave as postas de peixe com limão, tempere com alho, sal e pimenta e deixe descansar por 30 minutos na
geladeira. Prepare o purê de pupunha, instruções ao lado. Seque o peixe com papel cozinha, vire na farinha de
trigo e frite na manteiga ou no óleo dos dois lados até dourar. Sirva sobre o purê de pupunha e decore com a
cebola roxa e um galho de coentro fresco.
Purê de pupunha
1 cebola picada
Azeite
4-5 pimentões regionais picados
3-4 dentes de alho picados
1 pedaço de gengibre a gosto
2-3 xícaras de polpa de pupunha (cozida em água com sal, sem casca nem carroço)
Sal, pimenta e açafrão da terra a gosto
Leite de coco a gosto
Refogue a cebola em um fio de azeite junto com os pimentões, acrescente o alho, o gengibre e a polpa de
pupunha. Aquece, sempre mexendo até todos os gostos se misturarem. Amasse tudo com um garfo ou processe
no processador. Junte leite de coco aos poucos até alcançar a consistência desejada, corrija os temperos e
reserve, mantendo quente.
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282
Xaréu confeitado com batata-doce
1 kg de xaréu em postas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Cominho e coentro a gosto
Azeite em abundancia
2 folhas de louro
Pimenta em grão e outras especiarias a gosto
6 dentes de alho na casca, fundo cortado ou
1 cabeça de alho, cortado o topo
2-3 cebolas roxas partidas em quatro
2-3 batatas-doces, dependendo do tamanho, pré-cozidas
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Preaqueça o forno em 120
graus. Regue uma forma refratária na qual cabem todos os ingredientes bem apertados com bastante azeite,
acomode o peixe, a batata-doce e o restante dos ingredientes e cubra por completo com mais azeite. Asse no
forno por mais ou menos uma hora, mantendo a temperatura baixa – evitando dessa maneira que o azeite ferve.
Acompanha arroz branco, legumes a gosto, farinha e pimenta.
Essa receita também fica espetacular preparado com pirarucu fresco ou salgado.
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283
Postas de xaréu com molho agridoce, castanhas e uva passas sob farofa
colorida
800 g de xaréu em postas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 punhado de uvas passas, hidratadas em
½ cálice (100 ml) de vinho branco seco
1 punhado de castanhas picadas
3-4 pimentões regionais
2-3 dentes de alho picado
Sal e pimenta a gosto
2 laranjas, suco e raspas da casca
Regue as uvas passas com o vinho e espere hidratar por 2-3 horas. Lave o peixe com limão, tempere
com alho, sal e pimenta e reserve por meia hora na geladeira. Prepare a farofa, receita ao lado. Seque o
peixe com papel cozinha e o asse em um fio generoso de azeite até a sua carne se solta com facilidade
da espinha. Reserve o peixe e torre na mesma frigideira a castanha. Reserve, e refogue a segunda
porção de cebola em um fio de azeite. Junte a pimenta, espere murchar, depois a uva passa hidratada e
o suco de laranja. Raspe bem o fundo da panela. Espere o molho reduzir um pouco, corrija os temperos,
aquece a farofa e o peixe e sirva as postas sob uma cama de farofa regadas com o molho. Salpique com
cheiro verde ou coentro.
Farofa
1 xícara de farinha d´água para farofa ou a gosto
3-4 colheres (sopa) de manteiga
½ - 1 cebola cortada em rodelas
2-3 pimentões regionais cortados em listras
1 cenoura ralada no ralo grosso
A gosto 1 banana pacovã madura cortada em cubinhos
Sal e pimenta a gosto
Cheiro verde ou coentro picado a gosto
Para a farofa doure a cebola na manteiga, acrescente o pimentão e espere murchar. Junte a cenoura e
os outros ingredientes a gosto. Doure um pouco e depois junte a farinha, sempre mexendo, tempere e
reserve, mantendo quente.
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284
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285
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286
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287
Caiu na rede
é peixe
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288
APAPÁ/SARDA AMARELA
Apapá/Sarda amarela
Perfil
O apapá, sardinhão ou sarda é um peixe d´água doce e peixe de
escamas. Não nega o seu parentesco com a sardinha com seu
corpo alto, lateralmente comprido, com peito saliente e boca
pequena voltada para cima. Existem duas variedades de sardas, o
apapá branco, Pellona flavipinnis, de menor porte e o apapá
amarelo, Pellona castelnaeana, cuja cor amarelo prateado se
intensifica na cabeça. As duas espécies podem ser encontradas
juntos, sendo o apapá amarelo mais comum, ambos com uma
mancha escura na nadadeira traseira. Alcançam 60 cm de
comprimento e podem pesar até 2-3 kg. Sendo peixe d´água doce,
também tolera águas salobras onde vive na superfície e meia água
dos leitos dos rios, lagos e matas alagadas de águas brancas, claras
e negras. Alimenta-se nas horas do crepúsculo de peixes,
camarões e invertebrados aquáticos. Parece que realiza migrações
durante a vazante/seca para desovar rio acima. Peixe típico da
pesca de subsistência, já que possui muitas espinhas finas e
bifurcadas, todavia é bastante apreciado por sua carne saborosa.
Paladar
Peixe bastante apreciado, carne saborosa porém com muitas
espinhas bifurcadas
Preparo
Tradicionalmente ticado e frito
Proposta
Assado no forno
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Não consta defeso no Pará
J F M A M J J A S O N D
289
APAPÁ/SARDA BRANCA
Apapá / Sarda branca
Perfil
A sarda branca, sardinhão ou apapá é um peixe de escamas de águas
doces. Existem duas variedades de apapás, o apapá branco, Pellona
flavipinnis, de menor porte e de cor branco prateada, mais intensa na
cabeça com uma mancha lateral avermelhada ao longo do corpo e o
apapá amarelo, Pellona castelnaeana, amarelo prateado. Ambos
exibem manchas escuras na nadadeira traseira, têm corpo alto, muito
comprido lateralmente com peito saliente. A boca pequena e alta e
voltada para cima. Pode alcançar 50 cm e 1,5-2 kg e gosta de se
alimentar de peixes, camarões e invertebrados aquáticos os quais acha
na superfície e no leito dos rios, lagos e matas alagadas de águas
brancas, claras e negras. Tolera uma certa salinidade da água e forma
pequenos cardumes em corredeiras. Espécie migradora, reproduz-se
no verão durante a enchente e cheia. O apapá branco é um peixe
típico da pesca de subsistência, especialmente apreciado no oeste da
Amazônia onde sua carne gordurosa e saborosa porém com muitas
espinhas finas tem muitos amantes.
Paladar
Peixe bastante apreciado embora com bastante espinhas finas,
bifurcadas e com carne suculenta devido ao alto teor de gordura,
Preparo
Assado, frito
Proposta
Apapá com tempero picante
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Não consta defeso no Pará
J F M A M J J A S O N D
290
Apapá assado na folha de
bananeira no forno ou na
brasa
2-3 amapá limpos mas com as escamas*
1-2 folha/s de bananeira
1-2 limão/s galego/s
Sal e pimenta a gosto
1 cheiro verde
Lave o peixe com limão, tempere a
cavidade abdominal com sal e pimenta.
Recheie a mesma com fatias de limão e
cheiro verde ou a gosto com farofa e
embrulhe na folha de bananeira. Feche
bem e asse lentamente no forno ou sob
brasas. Sirva acompanhado de vinagrete
tradicional com tomate, vinagrete verde
com alcaparras e azeitonas, arubé, purê
de cará roxo e beijucica.
*Peixes assados com escamas se
mantêm mais suculentos. Como a pele
de qualquer jeito é descartado, vale a
pena assa-los com as escamas. O
tempero vem junto com a vinagrete.
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291
Misto de peixe frito a moda paraense com açaí e beijucica
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292
Misto de peixes e camarões fritos, servido a moda paraense com açaí, farinha,
banana assada e vinagrete
1,5 kg de peixes diversos, da estação ou o que o mercado ofereceu de melhor naquele dia
Por exemplo: apapá bandeado, meia banda ou postas de tambaqui ou pirapitinga, pescada aberta em borboleta,
postas de arraia, surubim e pirarucu fresco ou salgado, peixes menores inteiros por exemplo pratiqueira, charuto ou
jaraqui ticados
300 g de camarões regionais frescos, sem casca
1-2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau a gosto
Óleo neutro para fritar
1 l de açaí
Farinha d’ água a gosto
Farinha de tapioca a gosto
Beijucica a gosto
1-2 tipos de vinagrete a gosto
Saladas diversas a gosto
1 banana pacovã, cortada ao longo do comprimento e frita a gosto
Fatias de limão para decorar
Se for usar pirarucu salgado, dessalgue de véspera. Lave todos os peixes e os camarões com limão, tempere com
sal, pimenta e colorau a gosto e guarde na geladeira por meia hora. Aquece o óleo, seque o peixe e o camarão com
papel toalha e frite aos poucos em porções dos dois lados até ficarem crocantes. Deixe descansar sob papel talha.
Frite as metades da banana também e sirva tudo acompanhado de açaí, farinhas, beijucica, salada e fatias de limão.
T
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293
Filé de apapá frito no óleo de tucumã ou de buriti sob legumes com purê de
cará roxo
800 g de filé de apapá ou outro peixe regional e com personalidade para contrapor com o óleo escolhido
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Óleo de buriti, tucumã ou dendê a gosto
600 g de cará roxo cozido, picado ou amassado
2-3 colheres (sopa) de manteiga
½ cebola roxa picada
½ cebola roxa cortada em anéis
1 maço de quiabo cortado em rodelas
1 maço de maxixe cortado ao longo do comprimento
1 maço de cheiro verde picado
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e guarde por meia hora na geladeira. Cozinhe o cará e os
legumes a parte em água com sal ou no vapor. Derrete a manteiga e doure a cebola picada. Puxe o cará
junto com a cebola na manteiga, corrige os temperos e preenche um anel de metal redondo com o cará.
Decore com os anéis de cebola e reserve. Seque o peixe com papel cozinha e frite em um dos óleos até
dourar de todos os lados. Reserve, mantendo quente. Puxe os legumes no mesmo óleo ou na manteiga,
corrija os temperos e sirva o peixe sobre uma cama de legumes acompanhado do cará roxo. Regue com o
restante do óleo, decore com uma fatia de limão e anéis de cebola e sirva.
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294
BARBADO
Barbado
Perfil
O peixe chamado barbado ou barba chata, Pinirampus
pirinampus, é um bagre pequeno que chama atenção por seus
barbilhões longos e achatado. Saíam, parecendo fitas, do canto
da sua boca. A sua função ainda é desconhecida, pressupõe-se
que servem com um tipo de sensores, úteis na caça e na
orientação. Como todos os bagres tem olhos pequenos
posicionados bem em cima da cabeça cônica, comprida e pouco
larga e corpo roliço e comprido. Peixe de couro de água doce
alcança uma largura entre 60-75 cm e pode pesar entre 3-5 kg.
A sua coloração no dorso e flancos varia entre cinza e castanho
com ventre mais claro. Exibe nas costas nadadeiras duplas
arosadas. Habita lagos, florestas alagadas e rios de águas
brancas, claras e pretas. Predador pouco especializado, devora
peixes menores e camarões que caça no fundo do rio. Peixe
migratório, vive em cardumes que sobem os rios para desova
durante a estação da seca. Na bacia Amazônica os cardumes de
barbados aparecem em novembro e dezembro. Peixe cobiçado
por pescadores recreativos que apreciam que ele é muito ativo
e bom de briga e sua carne é deliciosa.
Paladar
Carne suculenta, porém sensível perdendo rapidamente o seu
frescor
Preparo
Cozido, ensopado ou assado
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Não consta defeso
J F M A M J J A S O N D
295
CARA-DE-GATO
Cara-de-gato
Perfil
Parece que o nome popular desse peixe, cara de gato,
Platynematichthys notatus, se refere a sua expressão facial que
lembra a cara de um gatinho. É parecido com os maparás e
mandis, mas com olho posicionado em cima da cabeça curta,
arredondada e alta. Tem dentes pequenos, formando um tipo de
lixa. Peixe liso, da família dos bagres, peixe de couro tem o corpo
alongado, levemente achatado e roliço, de coloração acinzentada
e pintas escuras nos flancos é um peixe de subsistência. Vive em
canais e nos fundos dos leitos de rios de água doce branca, preta
e clara e é amplamente distribuído na Bacia Amazônica. Alcança
até 60 cm de comprimento e um peso de até 5 kg. Crê-se que
seja piscívoro, alimentando-se também ocasionalmente de
camarões. Apresenta fecundidade o ano inteiro, mas o pico da
desova se inicia no início da enchente no período chuvoso,
inundando as margens dos rios. Não há evidências de migrações
longas de desova.
Paladar
Carne branca delicada, bastante suculento mas com muitas
espinhas
Preparo
Ensopado, frito e assado
Proposta
Assado sob arroz com açafrão da terra
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Sem defeso
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296
Cara de gato grelhado sob arroz com açafrãoda-terra
e pimentão regional
1 cambada de caras de gato limpos, ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Lave os peixes com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora
na geladeira. Prepare a brasa, aquece a grelha antes de colocar o
peixe para ele não aderir a mesma e asse os peixes na grela até a
carne se solta com facilidade das espinhas. Sirva sobre o arroz.
Arroz com açafrão-da-terra
3 dentes de alho cortados em lâminas
1-2 pedaços do açafrão-da-terra frescos, ralados ou açafrão em pó
1 pitada generosa de coentro em pó
1 pitada generosa de cominho em pó
3 sementes de cardamomo
1-2 pimentões regionais vermelhos em rodelas
Azeite
1 xícara de arroz
2 xícaras de água ou fundo de peixe elaborado com aparas
1 folha de louro
1-2 pimentas de cheiro
Prepare o arroz. Doure as especiarias, o alho e o pimentão num fio
de azeite. Acrescente o arroz lavado, a água ou o fundo de peixe e a
folha de louro. Tempere o arroz a gosto, tampe e cozinhe em fogo
baixo até o arroz absorveu todo o líquido. Sirva o peixe sobre o
arroz.
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297
PEIXE-CACHORRO/PIRANDIRÁ
Peixe-cachorro
Perfil
A cachorra ou peixe cachorro, Cynodon gibbus ou Rhaphiodon
vulpinus faz jus ao seu nome, exibindo no maxilar inferior um
enorme par de presas, muito maior do que o restante dos seus
outros dentes. Especializado na caça de outros peixes com boca
de predador, engole outros peixes bastante grandes com até
40-50% do seu próprio comprimento. Atrás da cabeça tem uma
mancha parda. Sua coloração é mais escura no dorso do corpo
muito alongado, alto e aerodinâmico com escamas
extremamente finas de coloração branca-prateada os quais se
desprendem do corpo com muita facilidade. Prefere águas
rápidas e com paus e pedras onde embosca as suas presas atrás
de galhos, árvores e pedras. Veloz, persegue cardumes de
outros peixes na superfície da água próximo às margens de
lagos e rios de água branca, clara e negra. Espécie de média
porte, alcançando entre 30-70 cm de comprimento e 2 quilos
de peso. A reprodução ocorre entre novembro e abril. Migra
por longas distâncias para desovar.
Paladar
Carne gostosa porém com muitas espinhas bifurcadas e finas.
Preparo
Ensopado ou na grelha
Status de conservação
Não deve correr perigo por ser peixe de mera subsistência.
Protegido
Sem defeso
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298
CURIMATÃ
Curimatã
Perfil
O curimatã, Prochilodus nigricans, parente do jaraqui, é muito
apreciado localmente por sua carne com alto teor de gordura e
por isso bem saborosa. Conhecido popularmente como curimatã,
curimbatá, grumatã e curimba, tem corpo fusiforme com escamas
ásperas de coloração prateada-azulada e vive em rios de águas
doces brancas, claras e negras. Pescado de tamanho médio, pode
alcançar 80 cm e pesar até 3 kg. É um peixe robusto, chega a viver
10 anos e tem cabeça pequena em relação ao corpo. Detritívoro,
capta material orgânica e microrganismos da lama. Raspa, com
lábias carnudas e inúmeros dentes, barro dos barrancos dos leitos
de rios. Forma cardumes numerosos e realiza durante a enchente
longas migrações para se reproduzir nos rios de águas brancas e
claras nas quais é capaz de superar grandes obstáculos. Durante a
piracema é acompanhado por espécies carnívoras, utilizando o
como alimento. Além disso é bastante apreciado na pesca
esportiva pela dificuldade de captura.
Paladar
Carne com alta teor de gordura e bem saborosa, porém com
bastante espinha e leve toque de lodo ou terra.
Preparo
Assado na brasa ou frito
Proposta
Curimatã no envelope
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
299
Curimatã na brasa ou no forno
2-3 curimatãs, dependendo do tamanho, com ou sem escamas
1-2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau a gosto
½ maço de jambu sem talos
Lava o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora
na geladeira. Asse o peixe sob brasas ou no forno. A gosto, asse a
banana e as batatas-doces, os dois com casca, junto. Reserve
algumas rodelas para decorar. Dependendo do tamanho do peixe,
pré-cozinhe a batata e asse banana e batata por mais tempo do
que o peixe. A banana está no ponto quando sua casca é
completamente preta e o miolo bem macio. O peixe está no
ponto quando a sua carne se solta com facilidade das espinhas.
Prepare com essa banana o purê, receita abaixo. Escalde ou frite o
jambu, doure as fatias de banana na manteiga e sirva o peixe
sobre o purê e o jambu, acompanhado das rodelas de banana
assada e fatias de limão.
Purê de banana e batata-doce
1-2 batatas-doces pré-cozidas, na casca assados na brasa ou no
forno
½ cebola
1-2 bananas pacovã, maduras, com casca, assada no forno ou sob
brasa
1 cabeça de alho com casca, cortado a ponta, assado no forno ou
sob brasa
Leite de coco a gosto
1 colher (sopa) de manteiga
Fatias de limão
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
Guarde algumas fatias da banana para decorar. Mantém a banana
na casca e asse junto com a batata-doce, a cebola e o alho na
mesma brasa ou no forno junto com o peixe. Dependendo do
tamanho e da forma, todos os ingredientes tem tempos de
cozimento diferentes. Para o purê descasque banana e batatadoce
e espreme o alho da casca. Amasse os ingredientes ainda
quentes junto com a cebola. Tempere a gosto, reserve, mantendo
quente. Caso prefere um purê menos rústico, passe pelo
processador e acrescente um pouco de leite de coco para ficar
mais líquido. Doure as fatias de banana na manteiga e sirva com o
peixe. 300
Curimatã no envelope com gengibre e alcaparras
2-3 curimatãs, mais ou menos 1-1½ kg
2 limões galegos, casca ralada de uma
Sal e pimenta a gosto
1 cebola em rodelas
1 pedaços de gengibre ralado ou
4-5 dentes de alho, picados
2-3 colheres (sopa) de manteiga
2-3 colheres (sopa) de alcaparras picados
1 cheiro verde picado
Papel manteiga para o envelope
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Preaqueça o forno em
220 graus. Corte dois pedaços de papel manteiga suficientemente grandes para embrulhar os peixes e
coloque em cruz sobre uma forma refratária. Unte com um pouco de manteiga e espalhe a metade da
cebola e do gengibre sobre o papel. Recheie a cavidade abdominal do peixe com gengibre e cheiro verde.
Coloque os peixes no meio do papel manteiga, regue com a manteiga restante, salpique com o cheiro
verde, as raspas da casca do limão, o alho, a cebola e as alcaparras. Corta fatias finas do segundo limão e
reparte entre os peixes. Feche o papel, lembrando que o vapor que se formará precisa um espaço em
cima do peixe. Asse no forno por 20-30 minutos, dependendo do tamanho do peixe. O peixe está no
ponto quando a carne se solta com facilidade das espinhas. Sirva acompanhado de arroz branco, legumes
e um molho cítrico da sua escolha.
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301
FURA-CALÇA/MANDI-MOELA
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Fura-calça/Mandi-moela
Perfil
De corpo alongado, roliço e comprido, cabeça cônica e boca
inferior, o mandi-moela, latim Pimelodina flavipinnis, ganhou o
seu nome devido o estômago que lembra uma moela de galinha.
Uma parte cortante ao lado da cabeça explica o seu apelido de
fura calça. Peixe de couro, com três pares de barbilhões
longíssimos, é de cor cinza, que varia bastante e é mais clara na
barriga. Alguns exemplares expõem, concentradas nos flancos,
inúmeras pintas pretas. Alcança 30 cm de comprimento e 1 kg de
peso e vive no fundo dos rios, em corredeiras e cachoeiras.
Alimenta-se principalmente de outros peixes, invertebrados e
outros organismos que acha nos fundos do rios, corredeiras e
lagos de águas claras, brancas e negras. A sua reprodução ocorre
durante a enchente. Migra por longas distâncias. Na culinária,
divide os espíritos, uns o adoram, outros o banem da cozinha
devido a seu cheiro forte e por ser peixe de couro.
Paladar
Carne macia e deliciosa porém de decomposição rápida
Preparo
Ensopado, frito ou na grelha
Proposta
Assado na grelha
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
302
Fura-calça a maneira caboclo
1 cambada de fura calças, limpas e ticadas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cheiro verde
Lave o peixe com limão, aplique 5-6 cortes nas laterais para ajudar diluir um pouco sua gordura. Tempere o peixe a
gosto também na cavidade abdominal. Preenche a mesma com cheiro verde e fatias de limão ou uma farofa a gosto.
Reserve o peixe por meia hora na geladeira. Prepare um braseiro. Aquece a grelha antes de colocar o peixe para o
mesmo não aderir a grelha. Asse os peixes dos dois lados por 10-12 minutos ou até a carne se solta com facilidade
das espinhas. Sirva imediatamente, acompanhado de limão, farinha d´água e pimenta de cheiro.
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303
Jatuarana aberta nas
costas em borboleta
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304
JATUARANA
Jatuarana
Perfil
A Jatuarana, Brycon melanopterus é parente próxima da
Matrinchã e muito parecida com ela, porém de coloração mais
clara e com uma cabeça menor e mais achatado em relação ao
corpo fusiforme. É um peixe de escamas prateadas mais
escuras tanto quando as nadadeiras e a cauda. Consegue se
deslocar muito rápido graças ao seu corpo alongado, além de
saltear com excelência. Figura entre os peixes de escamas mais
esportivos da Amazônia. Vive junto a pedras e troncos
submersos em igapós, lagos e rios de águas claras e pretas de
água doce o que lhe permite uma dieta variada de frutos,
sementes, restos vegetais, peixes e insetos. Com os seus dentes
fortes abre todas as sementes e coquinhos a seu alcance. Sua
carne suculenta e gorda é muito apreciada, mesmo tendo
inúmeras espinhas. Atinge 35 cm de comprimento e de pode
pesar até 2 quilos. Ao contrário do Matrinchã não migra para se
reproduzir. A desova acontece no período da enchente. E
criado com sucesso em cativeiro.
Paladar
Carne firme, com alto teor de gordura e muita saborosa
Preparo
Bem gorda é melhor assada
Proposta
Assada com chutney de jambo
Status de conservação
Em risco
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
305
MATRINCHÃ
Matrinchã
Perfil
A matrinchã, Brycon Amazonicus, é tão parecida com a jatuarana que
não é raro as duas serem confundidas. É um peixe de escamas
prateadas com nadadeiras alaranjadas e cauda escura. Se difere pela
cabeça ovalada e grande em relação ao corpo alongado. Alcança 40
cm de comprimento e 3 quilos de peso. As fêmeas são maiores do
que os machos. Ocorre tanto em lagos e rios de águas brancas, claras
e pretas onde vive junto a pedras e troncos submersos. Alimenta-se
de frutos, sementes, restos vegetais. Enquanto jovem, enriquece a
dieta com peixes e insetos. Além de saltear com excelência, abre com
os seus dentes fortes todas as sementes e coquinhos a seu alcance.
Desova em rios de águas brancas no início das enchentes. O início da
reprodução coincide com o aumento da temperatura da água. Nessa
época forma grandes cardumes, se preparando para longas
migrações. Comercialmente muito importante, já é reproduzido com
sucesso em cativeiro.
Paladar
Mesmo tendo muitas espinhas, a sua carne firme e saborosa é muito
apreciada localmente
Preparo
Assada no forno ou na brasa
Proposta
Assada com legumes e frutas assadas
Status de conservação
Já está sendo criado em cativeiro
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, não consta defeso no
Pará
J F M A M J J A S O N D
306
Matrinchã na brasa em duas versões: pura ou com chutney agridoce de
jambo
2-3 matrinchãs dependendo do tamanho,
com ou sem escamas, sem escamas ticadas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
2-3 dentes de alho picados
1 pepino em lâminas para decorar
1 folha de bananeira ou mamoeiro
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o chutney. Asse o
peixe sobre a brasa e sirva sobre a folha de bananeira, puro ou coberto com o chutney e decorado com as
fatias de pepino. Acompanha arroz branco, beijucica e farinha.
Chutney de jambo
400 g de jambo vermelho
1 cebola roxa picada
2-3 dentes de alho picados
Azeite
1 pedaço de gengibre em lascas ou ralado
4-5 colheres (sopa) de açúcar ou a gosto
2-3 colheres (sopa) de vinagre balsâmico
Sal e pimenta a gosto
5 grãos inteiras de pimenta rosa ou/e outras pimentas levemente machucadas
3-4 sementes de cardamomo
1-2 sementes de anis estrela
Água se for necessário
Recorte o jambo em fatias do caroço. Refogue a cebola junto com o gengibre num fio de azeite,
acrescente o alho, junte o jambo, as especiarias, o açúcar e o vinagre e um pouco de água se for
necessário. Cozinhe em fogo brando até os pedaços do jambo estejam moles, mas ainda firmes. Equilibre
picância com doçura e acidez e reserve.
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307
MANDUBÉ
Mandubé
Perfil
O mandubé ou boca-larga, Ageneiosus inermis, consegue engolir
com sua boca semicircular e imponentes presas demasiadamente
grandes. De cabeça achatada, tem olhos bem desenvolvidos que
situam nas laterais o que o favorece muito a visão. Peixe de couro
com dorso cinza-azulada e flancos amarelados, clareando em
direção ao ventre exibe nas costas uma perigosa nadadeira
ossificada pontiaguda. Vive tanto em lagos quanto em rios em toda
a Amazônia, mas prefere corredeiras com vegetação submersa e
águas barrentas. De hábitos noturnos, alimenta-se de outros peixes,
camarões e insetos e alcança 50-60 cm de comprimento e 2-2,5 kg
de peso. Se reproduz na cheia entre novembro e fevereiro,
realizando uma piracema. Peixe de subsistência, mas muito
apreciada como alimento em algumas regiões já que sua carne é
muito macia e de teor alto de gordura. Diferencia-se de outros
peixes de couro por sua carne bastante perecível e sensível, porém
delicada.
Paladar
Chamado do leitão-do-rio por sua carne suculenta e macia, embora
seja bastante sensível e perecível.
Preparo
Ensopado, na brasa
Proposta
Ensopado num caldo rápido
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta defeso
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308
T
Mandubé ensopado
2-3 mandubés, dependendo do tamanho,
em postas com aparas para elaborar um
fundo de peixe
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cebola coartada em meia luas
4-5 pimentões regionais em listras
1 tomate regional em listras
1 cheiro verde picado
1 ½ l de fundo de peixe elaborado com as
aparas
1 colher (sopa) de vinagre branco suave ou
suco de limão a gosto
Lave o peixe com limão, tempere e
reserve por meia hora na geladeira.
Refogue a cebola e o pimentão em um fio
de azeite. Junte o peixe e sele de todos
os lados. Acrescente o fundo de peixe e
metade do cheiro verde. Cozinhe em
fogo bem brando até o peixe se solta
com facilidade das espinhas. Corrija os
temperos, acrescente um colher sopa de
vinagre ou suco de limão a gosto.
Salpique com o restante do cheiro verde
e sirva acompanhando de arroz e farinha
e pimenta de cheiro.
A gosto engrosse o caldo com farinha
d´água.
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309
Mapará na grelha
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310
MAPARÁ
Mapará
Perfil
Assado na grelha ou salgado, o mapará divide - uns o amam
de paixão, para outros é um peixe tabu. Sua carne gordurosa
tem cheiro forte. Alguns o chamam de pitiu. Existem três
espécies de maparás, Hypophthalmus edentatus, marginatus
e fimbriatus, todos com corpo alongado que diferem entre si
somente em detalhes. Típico do mapará é o focinho
apontado e os olhos posicionados na lateral da cabeça,
quase voltados para baixo. Devido a isso, é chamada em
inglês de “loweye catfish”. Os maparás pertencem aos
bagres e tem os mesmos pares de barbilhões compridos.
Órgão sensível, funcionam como receptores de informações
úteis ao explorar o ambiente a noite quando são ativos. A
sua pele lisa cor cinza-chumbo, é no dorso mais escuro do
que no ventre. Alcança 30-60 cm de comprimento e um peso
de 1,3 kg. A grande boca do mapará exibe, no lugar de
dentes, fileiras de branquiais longos com os quais eles
filtram, nadando de boca aberta, com alto grau de seleção,
plânctons, organismos minúsculos da água. Habitam a
superfície de lagos e rios de água branca e preta.
Paladar
Carne extremamente macia e saborosa mas de
decomposição rápida.
Preparo
Assado na brasa
Proposta
Grelhado de bucho cheio
Status de conservação
Estoques estão sob forte pressão
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
311
MAPARÁ
Mapará
Perfil
Os maparás se dividem em três espécies, Hypophthalmus
edentatus, fimbriatus e marginatus, todos muito parecidos entre si.
Peixe de água doce, tem o couro de tonalidade cinza-prateada com
dorso mais escuro. Sua carne com concentração de gordura
superior a outros peixes, divide. Uns o amam, outros o odeiam.
Além disso é peixe de couro, tabu alimentício muito divulgado.
Mesmo assim os seus estoques estão sobre forte pressão. Vive em
cardumes grandes perto da superfície da água onde encontra o seu
alimento preferido, o plâncton e crustáceas minúsculos que ele
filtra da água. Aparece nos mercados locais quando as águas sobem
para desaparecer durante a vazante. O mapará difere de outros
peixes lisos pela posição dos olhos, postos na lateral da cabeça.
Atinge 50 cm de comprimento e até 3 kg de peso. A sua desova
ocorre em novembro quando as águas começam a subir. Consta
que a desova ocorre, quando as águas atingiram seu nível mais
elevado. Faz longas migrações e vive em cardumes numerosos.
Paladar
Carne macia e deliciosamente gordurosa com sabor forte
Preparo
Por seu alto teor de gordura normalmente é assado
Proposta
Assado na grelha ou Graved Mapará
Status de conservação
Estoques estão sob forte pressão
Protegida
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
312
Mapará na grelha com molho picante
1 cambada de maparás, limpos e ticados
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Lave o peixe com limão, tempere a gosto, reserve por meia hora na geladeira e asse sob brasa até a sua carne se
desfaz com facilidade em lascas firmes. Sirva acompanhado do molho picante de pimenta e farinha d´água.
Molho picante de pimentão e pimenta de cheiro
1-2 punhado/s de pimentões regionais vermelhos sem sementes
1-2 pimentas de cheiro ou malagueta vermelhas
12 dentes de alho na casca, topo cortado
Sal grosso a gosto
Colorau a gosto
½ -1 colher (sopa) de vinagre a gosto
½ -1 colher (sopa) de açúcar mascavo ou a gosto
150 ml de água
Asse os pimentões, a pimentas e o alho no forno ou na brasa. Se for possível retire a pele e espreme o alho da casca.
Misture todos os ingredientes numa panela, tempere a gosto e aquece até todos os sabores se misturem. Passe pelo
processador, corrija os temperos e sirva acompanhando o peixe.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
313
Graved mapará ou Mapará curado
1 kg de filé de mapará* com o couro ou mapará aberto em borboleta com o couro*
2 limões galegos, raspas da casca e suco de um
2 colheres (sopa) de sal grosso
4-5 colheres (sopa) de açúcar cristal
1 colher (sopa) de pimenta em grãos
1 colher (sopa) de grãos de mostarda
1 colher (sopa) de grãos de cominho e coentro a gosto
1-3 folha/s de louro
1 maço de manjericão ou coentro
¼ de copo (50 ml) de vodca
Beijucica a gosto
Verifique se o filé não contém nenhuma espinha. Caso que sim, retire com a ajuda de uma pinça. Lave o peixe com
limão e reserve. Misture num pilão o sal, o açúcar, os grãos das especiarias, as raspas de limão e o manjericão. Pile
até obter uma pasta e esfregue a mesma sobre os filés. Empilhe os filés num recipiente de vidro ou porcelana, um
sobre o outro, couro para cima, e regue com a vodca. Embale com filme plástico, apertando firme e deixe curtir na
geladeira por no mínimo 48 horas. (Facultativo: Coloque um peso por cima.) Vire os filés durante este tempo 4
vezes. Antes de servir retire a marinada com as costas de uma faca e unte cada filé com um pouco de azeite. Com
uma faca bem afiada recorte a carne do couro, corte fatias muito finas, quase transparentes, em diagonal.
Descarte o couro. Sirva de entrada, acompanhado do molho de mel e mostarda ou arubé e beijucica a gosto.
* Para prevenir qualquer infeção com parasita transmitidas pelo consumo de peixe cru, recomenda-se de congelar
o peixe no mínimo 48 h antes de usar.
Molho de mostarda e mel
1 colher (sopa) de mostarda
1 colher (sopa) de azeite
1 colher (sopa) de suco de limão
1 colher (chá) de mel de abelhas nativas
Sal e pimenta a gosto
Misture todos os ingredientes, corrija os temperos equilibrando doçura, picância e acidez. Acompanha o peixe.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
314
CORVINA/CURVINA / PESCADA BRANCA
Pescada-branca
Perfil
A pescada branca ou corvina, Plagioscion squamosissimus ou
surinamensis é um peixe médio que pode alcançar até 80 cm de
comprimento e 2,5 kg de peso. Vive em cardumes pequenos próximo
a desembocadura de rios em até 70 m de profundidade na costa
brasileira. Jovem, se adapta a diferentes tipos de águas. Menor,
frequenta os manguezais e estuários com água salobre e sobe até nas
águas doces dos rios. Adulto, prefere a costa. Esconde-se durante o
dia para subir a superfície a noite. Peixe de escamas prateadas, de
corpo alongado, exibe na lateral do mesmo uma linha ondulada,
descendo da cabeça até a nadadeira traseira com mancha escura
atrás da cabeça. Se alimenta de outros peixes e camarões, engolindoos
por inteiro como sinaliza a grande boca com dentes afinados. No
tempo da reprodução o macho emite um som que lembra ronco. A
desova parece acontecer durante o ano todo. Espécie comercial
muito importante e bastante cara. As más línguas falam que as
pescadas vendidas em filé muitas vezes são de peixes inferiores que
fingem de ser pescada, permitindo o pesqueiro lucrando além.
Paladar
Peixe fino de carne macia e delicado, tido com perfeito “peixe de
doente”.
Preparo
Ideal para pratos com ervas ou molhos
Proposta
Ensopado
Status de conservação
Em perigo
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, não consta defeso no
Pará
J F M A M J J A S O N D
315
PESCADA-PRETA
Pescada-preta
Perfil
A pescada preta, Plagioscion auratus, peixe de escamas
uniformemente escuras, é mais escura e arroxeada do que a
pescada-branca e muito menos conhecida, porém igualmente
cobiçada. Também possui o corpo alongado com a
característica linha ondulada e diagonal ao longo do mesmo.
Essa linha é um dos sentidos mais aprimorados dos peixes. As
escamas nessa região possuem um pequeno poro onde a água
entra em contato com um pequeno órgão chamado
neuromasto, ele que envia os sinais de fuga, caça, alimento,
reprodução, etc. para o sistema nervoso. É um peixe médio,
pode alcançar até 50 cm de comprimento e 1,5 kg de peso.
Vive nos fundos arenosas de estuários e enquanto jovem nas
várzeas de águas brancas, onde come larvas de insetos e
crustáceas. Adulto se alimenta exclusivamente de peixes. No
tempo da reprodução o macho emite um som que lembra
ronco e ainda não se sabe exatamente se ela migra para a
desova. Reproduza-se nos períodos da vazante e seca.
Paladar
Carne branca e delicada, julgado por alguns de peixe “sem
graça”, a perfeita “comida de doente”, por ser peixe de
escamas e de baixo teor de gordura
Preparo
Ensopado, frito, empanado combina com todos os preparos
Proposta
Aberta em borboleta e frita na manteiga, acompanhada de uma
salada generosa
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, não consta
defeso no Pará
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316
PESCADA GÓ
Pescada Gó
Perfil
Da mesma família, Sciaenidae como as outras pescadas, a pescada
gó, Macrodon ancylodon, peixe menor, de escamas claras de cor
pratada com dorso azul-esverdeado, ventre embranquecido e a
característica linha ao longo do corpo, típico das pescadas, agita
de março a junho os mercados de peixe na costa atlântica do Pará.
Também chamada de pescada foguete, o que descreve a forma do
seu corpo, é um peixe marinho e tem o seu habitat restrito a
parte ocidental do oceano Atlântico. Vive nas águas salgadas da
costa com fundo lamacento ou arenoso onde se alimenta de
peixes e camarões. Vive em profundidades de 60 cm e poderia
alcançar um comprimento de 45-50 cm. Tamanho hoje raramente
alcançado por motivos de sobrepesca. Larvas e jovens
pescadinhas também podem ser encontradas em águas salobras,
típico de lugares onde os rios encontram o mar. Subproduto da
pesca dos camarões, desova com picos em julho-agosto e
dezembro-fevereiro ligado as chuvas. É um peixe comercialmente
muito importante.
Paladar
De carne delicada e pouca firme, magra, perfeita “dieta de
doente”
Preparo
Ensopado, frito, empanado
Proposta
Frita com uma salada generosa
Status de conservação
Em perigo
Protegido
Não consta defeso
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317
Pesce crudo – pescada crua curtida a moda italiana com azeite de coentro
800 g de filé de pescada gó* ou pescada branca*
1 limão galego
1 copo (200 ml) de suco de cítricos
por ex. de 1-2 limões galegos, de 1-2 laranjas ou de limões cravos a gosto
Sal e pimenta a gosto
1 cebola roxa cortada em fatias finas
Raspas da casca de um limão para decorar
Galhos de coentro para decorar
Lave o peixe com limão e congela por no mínimo 48 horas. Retire do congelador e corte ainda meio congelado
em fatias finas. Cubra as fatias com o suco de dois ou três tipos de cítricos, sal e pimenta a gosto e guarde na
geladeira por no mínimo 6 horas ou de um dia para o outro. Retire o peixe do suco, coloque num prato e
prepare o azeite. Coloque o peixe sobre um espelho do azeite, decore com a cebola roxa e o coentro e finalize
com as raspas da casca de limão. Sirva gelado.
Azeite de coentro
¾ copo (150 ml) de azeite de primeira qualidade
1 maço de coentro
Sal grosso a gosto
½ -1 dente de alho a gosto
Pimenta de cheiro a gosto
Para o azeite bate todos os ingredientes no liquidificador até obter um molho expresso. Corrija os temperos e
sirva o peixe curtido sobre um espelho do molho.
*Para prevenir qualquer infecção com parasitas transmitida pelo consumo de peixe cru, recomenda-se
congelar o peixe por no mínimo 48 h antes de usa-lo.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
318
Caldeirada de pescada com ovo e legumes
1 cambada de pescada, limpa e suas aparas para elaborar um fundo de peixe
1-2 limões galegos
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 l de água ou fundo de peixe elaborado de aparas
½ cebola picada
2 pimentões regionais picados
1 pedaço de gengibre picado
1 folha de chicória
1 folha de louro
1-2 cravos
Cominho e noz-moscada a gosto
1 cenoura em palitos
1 maço de maxixe cortado em rodelas
½ maço de cariru sem talos
2 tomates sem pele, picados
1-2 folhas de um limoeiro ou de uma laranjeira ou uma parte da casca de um cítrico
1 cheiro verde picado
Pimentas de cheiro a gosto
2-3 ovos cozidos
Farinha d´água para engrossar o caldo a gosto
T
Lave os peixes com limão, tempere a gosto e guarde por meio hora na geladeira. A gosto prepare um fundo de
peixe com aparas. Refogue as aparas num fio de azeite, cubro com água e cozinhe em fogo brando até
perfumar. Descarte as aparas e guarde a caldo. Para a caldeirada refogue a cebola, o pimentão, colorau e
gengibre num generoso fio de azeite. Acrescente a água ou o fundo de peixe e espere levantar fervura. Baixe o
fogo e junte os temperos, parte do cheiro verde e aos poucos os legumes conforme o seu tempo de
cozimento. Acrescente o cariru somente no final. Coloque o peixe e cozinhe em fogo bem brando por 10-15
minutos até a sua carne se solta com facilidades das espinhas. Retire com todo o cuidado peixe e legumes,
reserve e apure o caldo mais um pouco. A gosto desfie o peixe em lascas generosas. Filtre o caldo, descarte as
especiarias e passe com uma parte dos legumes pelo liquidificador ou engrosse com farinha d´água. Devolve a
panela, corrija os temperos, devolve o peixe e os legumes inclusive o cariru, junte os ovos e cozinhe em fogo
brando por alguns minutos. Salpique com o restante do cheiro verde. Acompanha pirão ou arroz branco,
farinha, limão e pimentas de cheiro.
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
319
Filé de pescada express com tomate, alcaparras e azeitonas
800 g de filé de pescada, aberta em borboleta ou outro peixe firme como tucunaré ou pirarucu sem espinhas
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cebola picada
12 tomates cerejas cortadas em quatro
3-4 colheres (sopa) de azeitonas pretas, picadas, sem caroço
2-3 colheres (sopa) de alcaparras, picadas
1 maço de cheiro verde
1 cálice de vinho branco seco
Raspas da casca de meio limão
2-3 colheres (sopa) de manteiga
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Seque o peixe com papel cozinha e
asse, pele para baixo, em um generoso fio de azeite, vire, termine fritando do outro lado e reserve, mantendo
quente. Refogue a cebola num novo fio de azeite, acrescente os tomates, as azeitonas e as alcaparras. Termine com
o vinho, tempere a gosto e cozinhe por poucos minutos até os gostos se integram, mas o tomate ainda permanece
firme. Termine acrescentando a manteiga e as raspas da casca de limão. Corrija os temperos e sirva o molho sobre o
peixe. Acompanha arroz branco e legumes ou salada.
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320
Pescada frita sob espinafre de macaco com molho de maracujá e farofa de farinha
Uarini
1 kg de pescada, filé ou aberta em borboleta com pele
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Coentro, galhos para decorar
1 maço de espinafre orelha de macaco sem talos
3-4 dentes de alho dourados
Lave o peixe com limão, tempere com sal e pimenta e reserve por meia hora na geladeira. Murche o espinafre com um
pouco de água. Doure o alho a parte num fio de azeite e misture a metade com o espinafre. Tempere o espinafre a gosto e
reserve, mantendo quente. Seque o peixe com papel toalha, passe pela farinha e doure num generoso fio de azeite dos
dois lados. Sirva sobre uma cama de espinafre, salpicado do restante do alho, acompanhado do molho e da farofa.
Farofa
1 ½ xicara de farinha de Uarini
2-3 colheres (sopa) de manteiga
Sal e pimenta a gosto
Prepare a farofa. Doure a farinha na manteiga, tempere e
reserve, mantendo quente.
Molho de maracujá
1-2 dentes de alho espremidos
1-2 colheres (chá) de açafrão-da-terra fresco ou em pó a gosto
1 ½ colher (sopa) de gengibre ralado bem fino
1 pimenta de cheiro picada bem fino
1 pimentão regional vermelho picado bem fino
1 colher (sopa) de cachaça
3-4 colheres (sopa) de fundo de peixe concentrado
Suco de ½ maracujá com ou sem sementes a gosto
Suco de ½ laranja
1 colher (chá) de mel ou a gosto
1 pitada de cominho moído
Pimenta regional a gosto
Para o molho doure o alho em um fio de azeite, acrescente o açafrão, o gengibre e a pimenta e continue dourando. Junte a
cachaça, o fundo de peixe e o suco de maracujá e de laranja. Reduz em fogo brando até engrossar, junte o mel e tempere a
gosto. Equilibre acidez, doçura e picânçia e reserve. Sirva acompanhando o peixe. 321
Pescada confitada no azeite com castanhas
1 filé (800 g - 1kg) de pescada ou outro peixe branco suave por exemplo surubim, pirarucu, filhote ou dourada
1 limão galego
Sal a gosto
A gosto tucupi preto para temperar o peixe
1 copo de azeite extra virgem ou suficiente para que o peixe nade no azeite
A gosto 2-3 punhados de castanhas de Pará ou de caju, picados não muito fino
Folhas verdes, na foto ora-pro-nobis
Lave o peixe com o limão e tempere a gosto. Reserve durante meia hora na geladeira. Preaqueça o forno em 180 graus.
Seque o peixe com ajuda de papel toalha. Para não gastar azeite demais, escolhe uma forma refratária na qual a peixe cabe
bem apertado. Coloque um dedo de azeite nessa forma, coloque o peixe por cima e complete com o restante do azeite.
Asse o peixe durante 15-25 minutos dependendo do tamanho lentamente no azeite que nunca deve levantar fervura. A
parte torre as castanhas e salpique o peixe com elas nos últimos minutos do cozimento. Salpique com folhas verdes ou
cheiro verde e sirva acompanhado de legumes e arroz branco.
Versões
• No lugar das castanhas tempere o azeite com casca ralada de laranja e sirva com fatias de laranja.
• Aromatize o azeite com especiarias como erva-doce ou outros.
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322
Pescada frita na manteiga com saladas
coloridas da estação e molhos a gosto
1 cambada de pescada limpa
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Manteiga ou óleo neutro para fritar, suficiente para o peixe
frita submerso
Lave o peixe com o limão, tempere a gosto e reserve por
meia hora na geladeira. Derrete a manteiga ou coloque 2-3
dedos de óleo em uma frigideira aberta. Frite o peixe aos
poucos, controlando a temperatura para não queimar até
dourar de todos os lados. Coloque sobre papel toalha e
mantém quente até todos os peixes estão fritos.
Saladas da estação
1 cenoura ralada no ralo grosso
1 beterraba crua ou cozida, ralada no ralo grosso
¼ de repolho roxo picado bem fino
1 maço de couve picado ou folhas rasgadas, cabo picado
1 pepino cortado em fatias
1 maço de feijão de metro cozido
1-2 tomates fatiados
1 galho de jambu
Sal grosso, pimenta e cheiro verde a gosto
Azeite, vinagre ou outros tipos de molho ou chutneys a gosto
T
Prepare os molhos e as saladas conforme gosto e estação.
Cozinhe a beterraba e o feijão e dê uma murchada na couve
e reserve. Tempere a salada com sal, pimenta, azeite e
vinagre ou prepare um vinagrete, maionese ou outros
molhos e picles a gosto e sirva acompanhando o peixe.
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323
Pescada com recheio e crosta de farofa de azeitonas, gengibre e alcaparras
800 g de filé de pescada, aberto em borboleta
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Azeite
Recheio e crosta
2 cebolas cortadas em meia luas
3-4 colheres (sopa) de manteiga
3-4 colheres (sopa) de azeitonas verdes picados sem caroço
1-2 colheres (sopa) de alcaparras picados
1 pedaço de gengibre picado
2 xícaras de farinha fina para farofa
1 cheiro verde picado
Sal e pimenta a gosto
Raspas da casca de um limão
Lave o peixe com o limão, tempere e reserve por 30 minutos na geladeira. Para a crosta refogue a cebola na metade
da manteiga, acrescente as azeitonas, o gengibre, a farinha e o cheiro verde. Tempere a gosto, continue refogando e
corrija os temperos. Preaqueça o forno em 180 graus. Unte uma forma refratária com azeite, forre com uma fina
camada da farofa, recheie o peixe com a mesma farofa e coloque na forma. Salpique com o restante da farofa e
espalhe manteiga em flocos sobre a crosta. Asse no forno até dourar. Salpique com um pouco de cheiro verde e as
raspas da casca do limão. Sirva acompanhado de salada de abobrinha branca com pepino, fatias de limão e arroz
branco.
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324
Filé de pescada em borboleta, empanada na goma com temperos nortistas sob
jambu
4 pescadas, abertas em borboleta
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
1 xícara de goma de tapioca seca (se for usar molhada, reduze a quantidade de água)
1 ovo batido
2 colheres (chá) de cominho em grão ou em pó
2 colheres (chá) de coentro
1 colher (chá) de pimenta em flocos
¼ colher (chá) de açafrão-da-terra em pó ou colorau
¾ copo (185 ml) de água morna ou água com gás
Óleo neutro para fritar
1-2 maços de jambu sem talos
1-2 dentes de alho
1 limão, suco e raspas da casca
Lave os peixes com o limão, tempere com sal e pimenta e reserve por meia hora na geladeira. Misture a goma com o
ovo, sal, açafrão ou colorau e os outros os temperos. Acrescente, batendo com batedor de arrame, aos poucos a
água, somente suficiente até obter uma massa elástica. Deixe-a descansar por 10 minutos. Escalde o jambu,
tempere com o alho, sal e pimenta e reserve, mantendo quente. Em uma frigideira esquente dois dedos do óleo.
Seque o peixe com papel toalha, passe pela massa e doure no óleo quente. Escorre o excesso de óleo colocando o
peixe sobre outro papel toalha. Ponha o jambu numa travessa, arranje o peixe por cima, regue com um pouco de
suco de limão e raspas da casca a gosto e sirva acompanhado de salada de batata-doce ou arroz branco.
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325
Filé de pescada empanada escabeche tradicional
600-800 g de pescada, aberta em borboleta, sem espinhas
1 limão galego
2-3 dentes de alho picado
Sal e pimenta a gosto
4-5 colheres (sopa) de goma de tapioca
2 ovos batidos
4-5 colheres (sopa) de farinha fina para farofa
Óleo vegetal neutro para a fritura, suficiente para o peixe frite submerso
T
Lave o peixe com limão, tempere com sal, pimenta e alho e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o
vinagrete, receita ao lado. Coloque a goma de tapioca, o ovo levemente batido e a farinha cada um em um
prato. Tempere a farinha d´água com sal e pimenta. Seque o peixe com papel toalha e passe primeiro pela
goma, depois pelo ovo e por fim pela farinha até fiquem bem empanados. Frite aos poucos no óleo quente e
deixe escorrer sob papel toalha. Coloque em um prato e regue ainda morno com o vinagrete. Sirva quente ou
frio, curtido por uma noite na geladeira. Acompanha arroz branco e salada.
Vinagrete
½ cebola picada a gosto
2-3 pimentões regionais, picados bem fino
2-3 tomates picados bem fino
1 cheiro verde picado
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de vinagre branco suave ou limão
5-6 colheres (sopa) de azeite
Azeitonas, alcaparras, arubé ou mostarda a gosto
Pique todos os ingredientes do vinagrete bem miudinho, misture com azeite, vinagre e tempere com sal e
pimenta a gosto. Reserve.
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326
Rolinhos de pescada recheados com farofa de dendê e leite de coco
6-8 filés de pescada, sem pele
1 limão galego
1 cebola picada
Sal e pimenta a gosto
Palitos
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Prepare a farofa, receita ao
lado. Coloque parte da farofa numa forma refratária previamente untada. Preaqueça o forno em 180 graus.
Enrole o peixe, recheie com o restante da farofa, segure com um palito e coloque sobre a camada de farofa.
Repita até todos os filés são recheados. Asse no forno por 15-20 minutos ou até o peixe mudou de cor,
ficando embranquecido e se desfaz com facilidade em lascas firmes. Salpique com um pouco de coentro e
sirva acompanhado de salada da estação.
Farofa de dendê e leite de coco
2-3 colheres (sopa) de azeite de dendê
1 punhado de pimentões regionais cortados em listras
1 maço de cheiro verde picado
1 banana pacovã picada
2 xícaras de farinha fina para farofa
Sal e pimenta a gosto
200 ml leite de coco
Para a farofa refogue a cebola e o pimentão em um generoso fio de azeite de dendê. Junte a banana e aos
poucos farinha e misture bem. Regue com o leite de coco, espere um pouco até tufar, tempere a gosto e
reserve.
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327
PIRACATINGA
Piracatinga
Perfil
A piracatinga, Calophysus macropterus, também chamada de
urubu da água, é um peixe tabuizado no Brasil por se alimenta
de animais e peixes mortos. Muito apreciado na Colômbia, era
exportado em grande quantia. Desde janeiro 2015 a sua pesca
é proibida por cinco anos. Para captura-lo usava-se iscas de
boto cor-de-rosa, Inia geoffrensis, e jacarés, dizimando a
população dos golfinhos drasticamente. Estudos também
apontam que espécie pode conter altos índices de mercúrio.
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328
Tainha / Pratiqueira
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329
TAINHA/PRATIQUEIRA
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Tainha / Pratiqueira
Perfil
O peixe de cabeça pequena e escamas prateadas azuladas, mais
escuros no dorso, com corpo roliço, robusto e fusiforme, se chama
tainha ou pratiqueira, Mugilidae mugil ou Mugilidae curema. A
família dos Mugilídeo abrange 80 gêneros, todos muito similares
entre si. Surpreendentemente adaptados, destacam-se nos
estuários da costa brasileira, onde as bocas dos rios deságuam no
mar e as águas doces se confundem com as salgadas. Excelentes
nadadores, mas muito visado pelos pescadores por serem de
grande importância comercial, a tainha vive bem na superfície das
águas. Pelágicos, se alimentam de algas, vermes e resíduos,
agitando as águas com a cabeça, levantando uma nuvem de areia
da qual sugam os detritos. Os machos alcançam a idade
reprodutiva com três e as fêmeas com quatro anos e se
reproduzam entre julho e novembro em mar aberto, voltando
depois para o estuário. Os indivíduos maiores podem alcançar um
comprimento de 30-50 cm, pesando cerca 0,6-1,5 kg. Possuem
uma membrana que recobre o olho.
Paladar
A tainha tem um gosto pronunciado, e sua gordura tende a ter
sabor forte. Sua ova é muito apreciada
Proposta
Tainha frita
Status de conservação
Ameaçada
Protegido
Não consta defeso no Norte do país
J F M A M J J A S O N D
330
TRAÍRA
Traíra
Perfil
A traíra, Hoplias malabaricus, peixe de escamas grandes e duras,
de corpo roliço, cilíndrico e muito escorregadio, é um predador
voraz, briguento, solitário e territorial. Característico são seus
dentes caninos e a sua cor cinza-escura as vezes com barras
angulares ao longos dos flancos. Alcança 40 cm de comprimento
e habita águas paradas de lagos, lagoas, matas inundadas e em
igarapés onde fica espreitando entre as plantas aquáticas,
especialmente a noite, emboscando a sua presa. Carnívoro,
devora peixes, sapos e insetos que engole inteiro. Vive tanto em
águas brancas, claras quanto pretas e mistas. Dispõe da
capacidade de deslocar-se fora da água com vegetação ou
terreno úmido e migrar dessa maneira entre rios e lagos. Desova
no começa da enchente, faz ninhos para sua prole que são
guardados pelo macho. Uma pessoa, descrita como traíra, se
refere referir a rara capacidade do peixe de se dobrar para trás
para morder, além de ser muito escorregadio.
Paladar
Carne saborosa e de teor de gordura elevado, porém um pouco
duro e com bastante espinha fina e bifurcada
Preparo
Ensopado ou assada na brasa
Proposta
Filé confitado no azeite
Status de conservação
Sem informações
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
331
Caldeirada mista de traíra e aruanã
2-3 peixes da estação, por exemplo traíra e aruanã limpos, ticados, cortados em 2-3 pedaços
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau ou açafrão-da-terra a gosto
Azeite
1 cebola grande
4-6 pimentões regionais cortados em listras
1 pedaço de gengibre picado
Azeite
2-3 dentes de alho
2 tomates cortados em cubos
Legumes da estação a gosto por ex. cenoura, jerimum, maxixe, quiabo e couve rasgada
Macaxeira, batata-doce ou outro tubérculo em cubos ou pré-cozidos
2-3 ovos cozidos
1 pitada de cominho
1-2 cravos
1 folha de louro
1 maço de cheiro verde
1 l de fundo de peixe elaborado com as aparas do peixe ou água
½ copo (100 ml) de vinho branco
1 cálice de conhaque a gosto
Farinha fina para engrossar a gosto
1 cheiro verde picado
T
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por 30 minutos na geladeira. Prepare o fundo de peixe
usando cabeças e aparas dos peixes. Para a caldeirada refogue a cebola com os pimentões e o gengibre
num generoso fio de azeite. Junte o alho, colorau ou açafrão, metade do cheiro verde e as especarias,
refogue mais um pouco e reserve. A parte, já na panela fundo, sele o peixe de todos os lados. Reserve o
peixe, acrescente o refogado e o vinho, a metade do cheiro verde e o fundo de peixe. Solte bem o fundo
da panela e cozinha em fogo brando por 5-10 minutos ou até todos os gostos se misturarem. Devolve o
peixe, acrescente os legumes conforme o seu tempo de cozimento e cozinhe em fogo bem brando por 10-
15 minutos ou até o peixe se solta com facilidade das espinhas. Se prefere um caldo mais encorpado,
retire o peixe e alguns legumes decorativos, bate o caldo no liquidificador e engrosse com farinha. Devolve
o peixe e os legumes, junte o conhaque e acrescente os ovos. Corrija os temperos, salpique com o
restante do cheiro verde e sirva acompanhado de farinha ou pirão e arroz.
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332
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
333
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
334
Filho de peixe
peixinho é
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
335
ACARI-BODÓ / ACARÍ
Acari-Bodó/Acari
Perfil
Popularmente conhecidos como cascudos, a família dos l
oricariidae, abrange mais do que 200 espécies. Muito apreciado na
Amazônia, o Acari ou Acari-bodó, Liposarcus Pardalis, é um peixe
médio, alcançando 50 cm de comprimento. De aparência prédiluviana
e olhos fundos, tem o corpo inteiro coberto por várias
fileiras de placas ósseas de cor marrom escuro ricamente
ornamentadas com pequenas listras ou pintas decorativas. Vive no
substrato mole onde filtra do lodo restos orgânicos e sedimentos.
Raspa com sua boca posta no lado inferior da carapaça as pedras
nos fundos de lagos e rios de águas brancas, claras e pretas. Na
seca, enterra-se, campeão de sobrevivência, na lama. Respira
através do seu estômago e até consegue sobreviver por várias
horas fora da água. Ao se reproduzir, cuida da sua prole
construindo ninhos. Algumas espécies mantêm os ovos aderidos
aos lábios. De carne perecível, cor rosada que ele, devido a sua
carapaça, não entrega com facilidade, deve ser comprado muito
fresco. Nas feiras aparece ainda vivo. Muito piracui, farinha de
peixe, é preparada com acari.
Paladar
Carne rosada, baixo teor de gordura
Preparo
Assado na brasa ou ensopado
Proposta
Assado no sal
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Não consta defeso
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336
Acari-bodó escabeche
1 ½ kg de acari ou outro peixe cascudo
1 colher (chá) ou mais de sal marinho
Suco e raspas de 1 limão galego
ou ½ xícara (100 ml) de vinagre de arroz
2 folhas de louro
6 dentes de alho em lâminas
2 cebolas em rodelas
1 punhado de pimentões regionais em listras
2 tomates em rodelas
1 colher (sopa) de pimenta em grãos
4 pimentas de cheiro
4 ramos de alfavaca
2 ½ xícara (500 ml) de óleo ou azeite
1 cálice de cachaça
1 cálice de vinagre a gosto
T
Lava os peixes muito bem. Escalde-os com água quente e retire os filés com a ajuda de uma colher. Para ficar mais
estético, preserve os rabos dos peixes. Unte o fundo da panela de pressão com bastante azeite e forre com tomate,
pimentão, cebola, alho e um pouco de cheiro verde. Lave o peixe com limão ou vinagre e tempere com sal, pimenta e
colorau a gosto. Coloque uma camada de peixe, outra de tomate, cebola, pimentão, alho e cheiro verde e continue até
todos os ingredientes acabem. Acrescente a folha de louro e os outros condimentos, regue com a cachaça, o azeite e
vinagre a gosto. Cozinhe sob pressão, começando com fogo alto. Quando começar a apitar, conta 10-15 minutos e baixo o
fogo. Espere esfriar por completo com a panela fechada. – Fica melhor ainda no dia seguinte! Sirva quente ou frio,
salpicado com cheiro verde e raspas da casca de limão, acompanhado de pão, torradas ou beijucica.
Conserva-se coberto com azeite em um vidro previamente esterilizado por algumas semanas.
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337
Caldeirada de acari-bodó
800-1 200 g de acari-bodó muito fresco
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 cebola picada
1 pedaço de gengibre picado
3-4 pimentões regionais em listras
3-4 dentes de alho
Azeite
1 copo de vinho branco seco
200 ml de fundo de peixe elaborado com as
aparas do peixe ou água
1 cenoura picada,
1 pedaço de jerimum picado
1-2 tomates em rodelas
1 maço de couve rasgado ou espinafre de
macaco sem talo
Pimenta de cheiro a gosto,
1-2 folha de louro
1 cheiro verde picado
T
Lave o peixe muito bem com limão, tempere
a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Escalde o peixe com água quente e descarte
a água. Refogue a cebola junto com o
pimentão e o gengibre em um fio de azeite.
Acrescento o alho, a folha de louro e o peixe
escaldado. Sele rapidamente de todos os
lados e depois cubra com os líquidos. Junte
aos poucos os legumes. Mantém o caldo
com o peixe em fogo bem baixo, sem
levantar fervura, por 10-15 minutos ou até o
peixe esteja no ponto. Tempere a gosto,
salpique com cheiro verde e sirva
acompanhado de arroz branco e farinha.
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338
T
Acari-bodó ao tucupi
1 ½ kg de acari ou outro peixe cascudo, cortado ao meio, muito fresco
1 limão galego
1 ½-2 l de tucupi ácido
3-4 dentes de alho em lâminas
Açafrão-da-terra fresco ou em pó a gosto
3-4 pimentas de cheiro
Azeite
4 ramos de alfavaca
4 folhas de chicória
Azeite
Sal e pimenta a gosto
1 maço de jambu sem talos
Lava o peixe o limão e escalde-o com água fervente. Descarte a água e reserve o peixe. Aquece o
tucupi. Refogue o pimentão junto com o açafrão num generoso fio de azeite e junte ao tucupi.
Tempere com pimenta de cheiro, alfavaca e chicória, cozinhando em fogo brando até todos os gostos
se misturarem. Acrescente o peixe, espere levantar fervura, reduz o fogo e cozinhe sob fogo brando
até o peixe se solta com facilidade da carapaça. Acrescente o jambu já no fim do cozimento. Corrija os
temperos e sirva acompanhado de arroz branco, farinha e pimenta de cheiro.
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339
Acari no sal grosso com salsa verde
6-8 acaris bem frescos
1 limão galego
1 ½ -2 kg de sal
Água ou clara de ovo
Lave o peixe com limão. Preaqueça o forno em 220 graus.
Misture o sal com a água ou a clara de ovo até fica uma
pasta. Forre uma forma refratária com uma camada de sal,
põe os peixes por cima e cubra com outra cama de sal. Asse
no forno por 30-40 minutos ou até o sal formar uma crosta
firme. Retire do forno e espere o peixe descansar por 5
minutos. Retire a crosta de sal por completo e aprecia a
carne do peixe, retirando-a com ajuda de uma colher.
Acompanhe de um molho da sua escolha, por ex. salsa
verde.
Salsa verde com hortelã
1 maço de coentro e/ou outras ervas com manjericão,
alfavaca, hortelã ou da sua escolha, picados
1 punhado de castanhas picadas
2-3 pimentões regionais picados
½ xícara de azeite
Sal e pimenta a gosto
Misture todos os ingredientes, tempere a gosto e sirva
acompanhando o peixe assado no sal.
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340
Bacus já decapitados
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341
BACU / BACU-PEDRA
Bacu / Bacu-pedra
Perfil
O bacu, Lithodoras dorsalis, é parente próximo da cujuba de uma
família bem grande que abrange 30 gêneros e 72 espécies. Todos os
membros são devidamente armados com marcantes espinhos
ferozes espalhados ao longo dos flancos e no dorso. Eles saiam de
placas ósseas ricamente ornamentadas que protejam os corpos
densos e robustos. O conjunto forma uma compacta armadura de
puro osso. Conforme o peixe cresce se dá gradualmente a cobertura
por essas placas ósseas. A coloração chamativa da sua pele, dos
espinhos laterais e das placas ósseas varia muito, vai de cinza- ou
marrom- alaranjada até marrom-escuro e com sua beleza
extraordinária o bacu é procurada para ser exposto em aquários.
Tem cabeça curta, no topo achatada e focinho arredondado. Alcança
um comprimento de 1 metro e um peso de 15 kg. Vive nas várzeas e
floresta inundadas. É herbívoro, alimenta-se de plantas, capins
aquáticos, frutos e sementes, desempenhando um papel importante
em dispersar muitas espécies. Reproduz-se durante a enchente. O
bacu, antigamente descartado, hoje é apreciado.
Paladar
Carne branca e firme com gosto delicado próprio, lembrando cujuba.
Preparo
Cortado em filés ou postas com poucas espinhas
Proposta
Filé assado na manteiga
Status de conservação
Sem informação
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, sem defeso no
Pará
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342
Ceviche de bacu com caju, suco de caju, pimentão, gengibre e cará
400 g de bacu* fresco, picado na faca em quadradinhos ou tiras
3-4 cajus ácidos, picados em listras
½ xícara (100 ml) de suco de caju
1 pedaço de gengibre ralado fino
Sal e pimenta a gosto
1-2 pimentas de cheiro a gosto
½ + ½ limão galego, casca ralada e suco
1 cebola cortada em rodelas
1-2 cará/s, cozidos, cortados em rodelas
1/1 maço de coentro
Lava o peixe com ½ limão, tempere com sal, pimenta de cheiro e pimenta e reserve para tomar gosto.
Misture o suco de caju com a casca e o suco da outra ½ do limão e o gengibre ralado e tempere
equilibrando a acidez do limão com a suavidade do caju. Pique o peixe e o caju e empilhe em um prato.
Regue com os sucos misturados e espere até o peixe mudou de cor se tornando leitoso. Decore com as
rodelas da cebola e salpique com o coentro. Acompanha cará e beijucica. Sirva imediatamente.
*Para prevenir qualquer infecção com parasitas transmitida pelo consumo de peixe cru, recomenda-se
congelar o peixe por no mínimo 48 h antes do consumo do mesmo.
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343
Bacu fresco ou salmourado sob purê picante de abacaxi
800 g de filé de bacu fresco ou salmourado
1 limão galego
Sal, colorau e pimenta a gosto
Salmoura
1 l de água
Sal grosso quanto basta
A gosto especiarias
Uma salmoura intensifique de maneira muito agradável o gosto próprio do peixe. De véspera descansar na
geladeira por uma noite. No outro dia lave embora o excesso do sal sob água corrente.
Alternativa: Use o peixe ou algumas horas antes de usa-lo lave o peixe com limão. Faça uma salmoura:
Acrescenta tanto sal a um 1 litro de água até tem gosto da água do mar. Cubro o peixe com a salmoure e
reserve uma noite na geladeira.
Alternativa: Cubro o peixe com uma fina camada de sal e deixa fresco. Lave com limão, tempere a gosto e
reserve por meia hora na geladeira. Prepare o purê e reserve. Seque o peixe com papel cozinha e asse de
todos os lados num generoso fio de azeite. Sirva sobre o purê. Acompanha arroz branco e salada.
Purê picante de abacaxi
1 fatia de abacaxi de 6-8 cm sem casca, picada
1 cebola picada
4-5 pimentões regionais verdes, picados
Azeite
2-3 dentes de alho
1 pedaço de gengibre picado
Sal e pimenta a gosto
2-3 colheres (sopa) de vinagre de vinho branco suave
Goma de tapioca ou farinha fina para engrossar
1 cheiro verde picado
Para o purê pique o abacaxi e os outros ingredientes não muito fino. Refogue a cebola junto com o pimentão
e o gengibre em um fio de azeite. Acrescente o alho e o abacaxi. Cozinhe em fogo brando até o abacaxi
incorporou todos os sabores e desmancho um pouco. Tempere com sal e pimenta a gosto, acrescente o
vinagre e metade do cheiro verde e reduz mais um pouco. Passe pelo processador para obter um purê,
devolve a panela e corrija os temperos. Caso prefere um purê mais espesso, engrosse com um pouco de goma
de tapioca peneirada, previamente dissolvida em um pouco de água fria ou farinha fina. Sirva o peixe sobre o
purê.
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344
Cujubas
Pescaria Amazônica - Susanne Gerber-Barata
345
CUJUBA/CUIÚ-CUIÚ
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Cujuba/Cuiú-Cuiú
Perfil
O peixe cujo focinho cônico lembra a boca de um aspirador de pó,
se chama cujuba ou cuiú-cuiú, Oxydoras niger. Muito apreciado
por sua carne, é um peixe de corpo roliço e alto com a mesma
couraça que ordena o restante da sua família. Formada por uma
peça única, ossificada, muito forte e resistente, ela vai da cabeça
estreita até o peito. Fileiras de espinhos feitas serrilhas ao longo do
corpo reforçam a proteção poderosa contra qualquer inimigo. As
nadadeiras também são duras e igualmente munidas de pequenos
espinhos ou serras. Possui olhos bem desenvolvidos e a boca
desprovida de dentes se encontra no lado inferior do corpo,
estratégico para raspar o fundo de lagos marginais e rios de águas
claras, brancas e pretas. Prefere regiões de corredeiras onde acha
larvas de insetos, camarões, frutas e detritos orgânicos. Suspeitase
que sejam grandes dispersadores de sementes. De coloração
cinza-escura uniforme, alcança a largura de 1,2 metros e 20 kg de
peso. A sua reprodução acontece no início da enchente.
Paladar
Carne deliciosa e firme, lembrando em cor e consistência atum,
porém teor de gordura mais baixo. Dá postas com poucas espinhas
Proposta
Grelhado com molhos diversos.
Status de conservação
Não deve correr perigo
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região, sem defeso no
estado Pará
J F M A M J J A S O N D
346
Postas de cujuba no leite de coco com legumes e tucumã
Fundo de peixe
1- 1 ½ copo (200-300 ml) de fundo de peixe ou
600 g de aparas de peixe como cabeça e aparas
1 cebola cortada em rodelas
1 folha de louro, 2-3 cravos
Água suficiente para cobrir o peixe
Caldo
1 cujuba de 1 ½ kg, cortado em postas ou filé
1 limão galego, casca ralada e suco
Sal e pimenta a gosto
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais verdes, vermelhos e amarelos em listras
1 pedaço de gengibre ralado
Azeite
2-3 dentes de alho picados
½ copo (100 ml) de leite de coco feito em casa ou industrializado
Legumes da estação:
1 maço de feijão de metro cortado em 3 ou 4 pedaços
5 maxixes cortadas em gomos
½ maço de cariru sem talos, reserve as flores
1-2 tucumãs descascados, casca cortada em listras finas
2-3 pimenta de cheiro
Cheiro verde ou coentro picado
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o fundo de peixe. Refogue a
cebola num fio de azeite, doure as aparas de peixe, cubra com água tempere a gosto e cozinhe em fogo brando até
obter um caldo perfumado. Bata o coco em pedaços ou ralado com a água e filtre ou use leite de coco pronto.
Reserve. Filtre o fundo de peixe e descarte espinhas e cabeça. Refogue a cebola junto com o pimentão e o gengibre
num fio de azeite. Reserve. Seque as postas de peixe com papel cozinha e sele na mesma frigideira de todos os
lados. Junte refogado, alho, peixe e fundo de peixe. Aquece devagar, acrescentando os legumes conforme o seu
tempo de cozimento, tempere a gosto e cozinhe devagar em fogo brando até o peixe se solta com facilidades das
espinhas. Quando o peixe está quase no ponto, acrescente as lascas do tucumã e o leite de coco. Corrija os
temperos e salpique com cheiro verde, raspas de casca de limão e algumas flores do cariru. Acompanha arroz
branco.
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347
Filé de cujuba assado sobre salada regional
4 filés de cujuba
1 limão galego
Farinha de trigo
Sal e pimenta a gosto
Salada regional
500 g de feijão de praia verde, cozido
ou feijão manteiguinha de Santarém, cozido
2-3 dentes de alho picados
½ maço de cheiro verde picado
Sal marinho e pimenta a gosto
Azeite e vinagre suave ou suco de limão a gosto
1 beterraba crua, cozida ou assada no forno, cortada em fatias finas
1-2 tomates cortados em fatias finas
2-3 pimentões regionais verdes cortados em listras
2-3 galhos de cariru ou couve, folhas rasgadas
1/ cebola roxa cortada em anéis
Cozinhe o feijão em água com sal, descarte a água, tempere o feijão ainda quente com alho, sal marinho e vinagre.
Amornado, acrescente azeite e coentro picado. A salada fica melhor ainda guardada uma noite na geladeira. Lave o
peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Asse a beterraba no forno e corte em fatias.
Pique o restante das saladas e arranje tudo sobre os pratos. Amontoe a salada de feijão no meio. Seque o peixe com
papel toalha e vire na farinha temperada com sal e pimenta. Doure num fio generoso de azeite e sirva as postas
sobre a salada. Decora com os anéis de cebola e folhas de cariru e salpique com sal marinha. Regue com azeite e
sirva esse prato leve em dias quentes.
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348
Cujuba ao molho de manteiga com limão
800 g de cujuba em postas
1 limão galego
Sal e pimenta a gosto
Farinha de trigo
Manteiga para assar o peixe
Molho de manteiga e limão
2-3 colheres (sopa) de manteiga
½ copo (100 ml) de fundo de peixe
½ copo (100 ml) de vinho branco seco
½-1 limão, suco e raspas da casca
1 maço de cheiro verde picado
Lave o peixe com o limão, tempere com sal e pimenta a gosto e reserve por meia hora na geladeira.
Seque as postas do peixe com papel toalha, vira na farinha e asse na manteiga. Se preferir, cozinhe no
vapor. Retire e reserve, mantendo quente. Coloque o restante da manteiga na frigideira e espere
derreter. Incorpore o caldo de peixe, o vinho branco e tempere a gosto. Reduz em fogo brando por
alguns minutos. Acrescente suco de limão, raspas da casca e o cheiro verde. Corrija os temperos e sirva
o peixe sobre um espelho do molho. Caso prefere um molho mais opaco, engrosse-o com um pouco de
goma de tapioca, previamente diluída em água fria. Acompanha purê de cará roxo, farinha e pimenta
de cheiro.
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349
Cujuba assada com tapenade de azeitona preta e castanhas com cebola
roxa e salada de couve
800 g de postas de cujuba
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Cebola roxa em meia lua para decorar
Lave o peixe com o limão, tempere com sal, pimenta e colorau a gosto e reserve por meia hora na
geladeira. Prepare a tapenade e reserve. Seque o peixe com papel toalha, vira na farinha e asse em um
generoso fio de azeite. Coloque a folha de couve na travessa e coloque o peixe sobre ela. Aqueça a
tapenade e sirva sobre o peixe. Coloque a salada de couve do lado, sirva com fatias de limão e decore o
peixe com a cebola roxa. Sirva acompanhado de arroz branco.
Salada de couve
1 maço de couve picado bem fino, uma folha inteira para servir
Sal grosso e pimenta a gosto
Azeite e vinagre a gosto
Limão cravo para decorar
Para a salada enrole a couve que nem um charuto e pique bem fino. Tempere a gosto e reserve.
Tapenade
12 castanhas
12 azeitonas pretas grandes sem caroço
1 cebola roxa, uma parte em meia luas para decorar
½ copo (100 ml) de azeite
Sal e pimenta a gosto
Processe todos os ingredientes no processador. Corrija os temperos e reserve.
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350
Cujuba frita com vinagrete tropical de limão-de-caiena e manga
800 g de cujuba em postas
1 limão galego
2-3 dentes de alho picados bem fino
Sal, pimenta e colorau a gosto
Farinha de trigo para empanar o peixe
Azeite ou óleo para fritar
1 maço de couve cortada bem fina
1 laranja, raspas da casca e suco
Lave o peixe com limão, tempere com alho, sal e pimenta e deixe tomar gosto por 30 minutos na geladeira. Seque
os peixes com papel cozinha, empana na farinha e frite em um fio de azeite de todos os lados. Sirva sobre uma cama
de couve crua ou levemente refogada, regado com o vinagrete e decorado com as frutas.
Vinagrete tropical
1 pedaço de gengibre picado bem fino
1 tomate regional picado em cubinhos
3-4 pimentões regionais vermelhos cortados em listras finas
1 cebola roxa cortada em meia luas
½ - 1 manga, cortada em fatias finas
4-6 limões-de-caiena cortados em meia luas finas
1 cheiro verde picado
Azeite e vinagre a gosto
Sal e pimenta a gosto
1-2 colheres de mostarda, arubé ou mel para um toque agridoce
1 laranja, raspas da casca e suco
Pique e misture todos os ingredientes do vinagrete. Tempere a gosto com sal, pimenta, azeite, vinagre e suco e
raspas da casca de laranja. Mostarda e/ou mel reforçam o toque agridoce. Sirva sobre o peixe.
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351
Posta de cujuba assada sob molho provençal
800 g de postas e cujuba ou outro peixe de carne
firme
1 limão galego
Sal, pimenta e colorau a gosto
Azeite
Ervas frescas para servir
Lave o peixe com limão, tempere a gosto e reserve por meia hora na geladeira. Prepare o molho. Seque as
postas do peixe com ajuda de papel toalha e doure num generoso fio de azeite de todos os lados. Se preferir,
sele o peixe e termine o seu cozimento no molho. Sirva o peixe sobre um espelho do molho, acompanhado de
arroz branco ou de macarrão de boa qualidade. Decore com ervas frescas.
Molho provençal
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais vermelhos em listras
3-4 dentes de alho picados
5-6 tomates regionais picados ou
1 lata de tomates pelados
1 punhado de azeitonas verdes, uns para o molho, outros para decorar
Alcaparras a gosto
2 galhos de alecrim fresco ou seco
4 galhos de orégano
1 maço de manjericão
1 maço de cheiro verde
Sal e pimenta a gosto
Casca de limão ralado a gosto
.
Para o molho refogue cebola e o pimentão num fio de azeite, junte o alho, o tomate e as especiarias. Cozinhe
lentamente e em fogo brando até o tomate desmanchou por completo por 15-20 minutos. Se for necessário,
acrescente um pouco de água. Corrija os temperos e incorpore as azeitonas.
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352
Tamoatá / Tamuatá
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353
TAMOATÁ / TAMUATÁ
Tamoatá / Tamuatá
Perfil
O pequeno tamoatá, peixe antediluviano, Hoplosternum littorale, é
muito apreciado pela população local. Assado na brasa, na própria
carapaça ou ensopado em tucupi é uma delícia! Iniciados preferem
come-lo não tratado. Apreciam demais o gorduroso e levemente
amargo sabor do bucho e do fígado. Peixe pequeno e roliço
inteiramente coberto com placas ósseas de cor castanha postas em
zigue-zague formando uma couraça decorativa, alcança 18-25 cm de
comprimento. Apresenta do lado da boca um par de barbilhões.
Habita os igarapés e barrancos de lagos e rios de águas brancas e
também a floresta alagada. Sobrevive estiagens com pouco oxigênio
na água, utilizando seu intestino para respiração aérea e também
consegue sobreviver em condições pouco favoráveis, achando
detritos em fundos lamacentos ou em igarapés urbanos poluídos.
Onívoro se alimenta de larvas de insetos, micro invertebrados, algas e
escamas de peixes. Além disso consegue se deslocar por curtas
distâncias fora da água. Ao se reproduzir no início da enchente, os
machos constroem ninhos flutuantes para sua prole. Depois cuidam
da mesma até os alevinos nadem de maneira independente.
Paladar
Carne delicada, magra e de um laranja forte
Preparo
Tradicionalmente ensopado ou na brasa
Proposta
Caldeirada de tamuatá
Status de conservação
Sem perigo
Protegido
Novembro até Março, dependendo da região
J F M A M J J A S O N D
354
T
Caldeirada de tamuatá
1,2 kg de tamuatá limpo ou com bucho, a gosto
1 limão galego
1 cebola picada
4-5 pimentões cortados em rodelas
3-4 dentes de alho picados
Azeite
Sal, pimenta e colorau a gosto
Diversos legumes por exemplo:
1 cenoura cortada em rodelas
1 pedaço de abobrinha branca
1 tomate picado
4-5 maxixes cortados ao longo do comprimento em 8
pedaços
1 maço de couve, rasgada, o cabo picado
1 maço de cheiro verde picado
Lave o tamuatá com limão. Escalde com água fervente,
descartando a água. Refogue a cebola junto com o
pimentão e o colorau num fio de azeite. Junte tomate e
alho e depois os peixes e os legumes e continue refogando.
Cubra com água, metade do cheiro verde e os outros
legumes conforme o seu tempo de cozimento. Tempere a
gosto e cozinhe lentamente em fogo baixo até os legumes
fiquem al dente, oferecendo uma certa resistência ao
serem mordidos e o peixe se solta com facilidade da
carapaça. Corrija os temperos, salpique com o cheiro verde
e sirva acompanhado de arroz branco e pirão.
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355
Tamuatá ao tucupi
1,5 – 2 kg de tamuatá (ou tamutá, tamboatá), inteiros ou tratados a gosto
1 limão galego
1 cebola picada
3-4 pimentões regionais picados
3-4 dentes de alho
1 maço de cheiro verde picado
2-3 folhas de chicória
Azeite
2 litros de tucupi ácido, fervido
Sal, pimenta e colorau a gosto
1 maço de jambu sem talos
T
Limpe o peixe, corte a boca e as barbas, mas deixe ele inteiro, o fígado é considerado uma iguaria.
Lave-o limão e cubra com água. Acrescente um pouco de cachaça, vinagre ou limão e deixe o peixe
descansar por 2 horas. Aquece uma panela grande com água e escalde o peixe por alguns poucos
minutos até as placas começam a se soltar. Descarte a água e retire a carapaça do peixe com ajuda
de uma faca. Refogue a cebola e os pimentões em um fio de azeite. Junte o alho, a chicória, metade
do cheiro verde e o tucupi. Espere levantar fervura e junte o peixe. Cozinhe por 10-15 minutos. Nos
últimos 5 minutos acrescente o jambu. Corrija os temperos, salpique com o restante do cheiro
verde e sirva acompanhado de arroz branco, farinha, e pimenta de cheiro.
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357
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358
Em rio com
piranhas
jacaré nada de costas
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359
RAIA / ARRAIA PINTADA
Raia/Arraia pintada
Perfil
A raia da água doce, plural arraias, (a letra a indica o plural) Potamotrygon
hystrix, Potamotrygon falkneri ou Potamotrygon motoro é um peixe
cartilaginoso, muito temido. Na Bacia Amazônica encontram-se cerca de 13
espécies diferentes. Com corpo em forma de disco, o diâmetro varia entre
70-90 cm, a raia pode alcançar 15-30 kg e é de cor marrom escuro,
dependendo do habitat, salpicado de manchas irregulares e ventre claro. Os
olhos, voltados lateralmente, estão inseridos na face superior do disco. A raia
é parente do tubarão. Ambos dependem de água com muito oxigênio, de
ótima qualidade. Raias vivem solitárias ou em pequenos grupos. Mimicandose,
imóveis e enterradas quase por completo na lama ou arreia dos fundos de
remansos de rios e lagos de água doce onde se alimenta de pequenos
moluscos, peixes, crustáceo e insetos. São ativas durante o dia. A sua cauda
temida tem forma de chicote e termina num ferrão pontiagudo e serrilhado
com qual se defende ao ser surpreendia. O ferrão, coberto por um muco
tóxico, tem um comprimento de 4-6 cm, resultando em ferimentos
desproporcionalmente dolorosas. A raia cresce durante toda a sua vida e
renove o seu ferrão a cada seis meses. O ciclo reprodutivo das arraias é
ligado aos ciclos de subidas e descidas das águas. Filhotes, gestados durante
três meses, nascem vivos, completamente desenvolvidos. São largamente
exportados como peixes ornamentais.
Paladar
Carne macia e saborosa, mas fibrosa
Preparo
Tradicionalmente cortadas em iscas, empanadas
Proposta
Arraia com tapenade verde
Status de conservação
Não deve correr perigo.
Protegido
Não consta defeso para arraias
J F M A M J J A S O N D
360