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FEVEREIRO_2021

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ÓBITO

2021 acordou triste...

Carlos do Carmo

uma voz que parte.

Até sempre!

JOAQUIM GALANTE (*)

2021 acordou de luto,

faleceu um dos maiores

intérpretes do fado e da

música popular portuguesa

do nosso tempo.

Carlos do Carmo foi um ser humano

que aprendi a admirar, não sou fã

de fado, mas aprendi a gostar do fado

dele.

Tinha 11 anos quando, em 1976, o

Carlos (que eu nunca tinha visto,

nem ouvido e nem sabia que existia)

concorreu sozinho ao Festival da

Canção, de nome “Uma Canção para

a Europa”, pois a RTP apostou nele

para conseguir ter êxito na Eurovisão.

Sentei-me no sofá junto com os meus

pais, para assistir ao meu primeiro

festival, porque, até então, não tinha

paciência para ‘aquilo’.Eu, miúdo

irrequieto, consegui ficar sentado a

ouvi-lo cantar todas as oito músicas,

umas a seguir ás outras, sem intervalo,

para mim, criança, era um feito

extraordinário alguém conseguir

cantar tanto sem se cansar.

Venceu a ‘Flor de Verde Pinho’, para

mim as melhores foram ‘No Teu

Poema’ e ‘Estrela da Tarde’ mas, claro,

foi só porque me soaram melhor

porque não entendia nada de música,

mas ainda hoje são as minha preferidas.

Em 2019, tive finalmente o privilégio

de poder estar num concerto do

Carlos do Carmo, o seu último, foi

emocionante, fotografa-lo era para

mim o expoente máximo, talvez assim

como para os católicos fotografar

o papa.

Mudou a página do calendário mas

infelizmente nada mais mudou, as

pessoas queridas e de méritos infinitos

se vão, o vírus voltou a aparecer

depois das 13h, os preços vão aumentar,

os que correm atrás do papel

higiénico, e são muitos, pensam que

de um momento para o outro se fazem

milagres e tudo muda, bastando

substituir o último algarismo do número.

Entretanto, começamos 2021 como

nunca imaginaríamos que começasse,

para nos fazer pensar que nem

tudo são rosas e mesmo essas têm espinhos.

Um forte sentimento de tristeza é o

que sinto, uma perda enorme para a

cultura portuguesa, para a família,

para os portugueses e a somar a tudo

isto partiu mais um ilustre sócio-adepto

do meu clube (Belenenses).

Até sempre, Senhor Carlos do Carmo.

(…)

No teu poema

Existe a esperança acesa atrás do

muro

Existe tudo o mais que ainda escapa

E um verso em branco à espera de futuro

(…)

(*) fotojornalista

28

Lusitano de Zurique - Janeiro 2021 | www.cldz.eu

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