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Folha de Sala Digital transmissão online 19 fevereiro 2021 Concerto com a OSP gravado23dez2020

Notas de programa: Cristina Fernandes Transmissão online de 23 de dezembro de 2020

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Transmissão online de 23 de dezembro de 2020

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O Barroco foi o primeiro período da história da música em que a

música instrumental assumiu o mesmo grau de importância da

música vocal. Ampliaram-se os recursos e as técnicas instrumentais

e surgiram novos géneros musicais, entre os quais o concerto

teve um papel emblemático nas suas três principais variantes:

concerto grosso, concerto a solo e concerto di gruppo. O concerto

grosso terá sido praticado pela primeira vez por Stradella, nas

décadas de 1670-80, tirando partido da teatralidade inerente ao

diálogo e à disputa musical entre dois organismos distintos: um

grupo maior de instrumentistas (designado concerto grosso, ripieno

ou tutti) e um pequeno grupo de solistas (concertino). Por analogia

com as sonatas da época e tendo em conta os contextos de

execução, tornaram-se comuns duas tipologias de concerto — da

chiesa e da camera — ambas presentes nos 12 Concerti Grossi op.

6, de Arcangelo Corelli (1653-1713), publicados em 1714 em Amesterdão

por Estienne Rogier.

O título original, Concerti Grossi con duoi Violini e Violoncello di

Concertino obligati e duoi altri Violini, Viola e Basso di Concerto

Grosso ad arbitrio, che si potranno radoppiare, é revelador em

relação às práticas de execução, indicando que seria possível aumentar

o número de instrumentos, dobrando as partes escritas.

Assim, tanto podiam ser tocados em versão camarística, como

por conjuntos de dimensões surpreendentes, por vezes próximos

da centena de músicos, conforme documentam várias fontes em

relação a eventos promovidos pelos mecenas de Corelli, em particular

a rainha Cristina da Suécia e os cardeais Benedetto Pamphili

e Pietro Ottoboni.

O Concerto Grosso op. 6, nº 8, «fatto per la Notte di Natale», é o mais

célebre da série, sobretudo pelo último andamento (Pastorale ad

libitum), inserindo-se na tradição das Pastorais natalícias cultivadas

pelos compositores italianos dos séculos XVII e XVIII. Melodias

dançantes, em ritmos de divisão ternária, e longas notas

pedal que evocam os bordões das gaitas de foles, usadas pelos

pastores, são traços dominantes do vocabulário comum da «pastoral»

barroca que emergem desta página. Os andamentos precedentes,

seguem com liberdade a estrutura do concerto da chiesa

numa sucessão de contrastes e efeitos de surpresa que incluem

quer passagens melancólicas que jogam com a tensão harmónica

nos andamentos lentos, quer uma escrita sofisticada do ponto de

vista retórico, em conjunto com a influência da dança.

Durante o Classicismo prevaleceu o género do concerto, agora

quase sempre a solo e influenciado pela forma-sonata, ao mesmo

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