25.03.2021 Views

SCMedia News | Revista | Fevereiro 2021

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

A revista dos profissionais de logística e supply chain.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Fev <strong>2021</strong><br />

4,60€<br />

Mensal<br />

19<br />

ERA UMA VEZ... A MODIS<br />

ENTREVISTA A<br />

JOÃO BOTELHO<br />

PRESIDENTE DA APCADEC<br />

TENDÊNCIAS <strong>2021</strong>:<br />

OPORTUNIDADE OU<br />

SOBREVIVÊNCIA?<br />

O FUTURO DO<br />

TRANSPORTE<br />

Programa<br />

Alimentar Mundial<br />

“A melhor<br />

vacina contra o caos”<br />

Super Bock Group<br />

O Ingrediente secreto<br />

é a Logística


Logística<br />

Compras<br />

Operações<br />

Workshops/Cursos<br />

Intra-Empresas<br />

estruturados e<br />

construídos à medida,<br />

realizados nas<br />

instalações da<br />

empresa, nos horários<br />

que forem mais<br />

convenientes.<br />

Esta é uma oportunidade<br />

para reciclar<br />

conhecimentos, ampliar<br />

outros e alargar horizontes<br />

profissionais.<br />

SAIBA MAIS EM:<br />

www.supplychainmagazine.pt/flow/<br />

flow@supplychainmagazine.pt<br />

Formação em Supply Chain<br />

Formação IN-HOUSE<br />

Auditoria Logística<br />

Como minimizar os custos de transporte<br />

E-commerce<br />

Estratégias e projectos de Colaboração Logística<br />

Estrutura de custos logísticos<br />

Facility Management<br />

Ferramentas de gestão logística para transitários<br />

Formação Air & Sea - Vertente Comercial<br />

Formação em Transporte Aéreo - Vertente Comercial<br />

Formação em Transporte Marítimo - Vertente Comercial<br />

Gerir com sucesso a sua frota<br />

Gestão de Compras<br />

Gestão de Processos<br />

Gestão de projectos aplicada à Logística e Supply Chain<br />

Gestão de Rotas<br />

Gestão de Stocks<br />

Gestão do Armazém<br />

Gestão do Retalho<br />

Health, Risk and Safety: certificações e inspecções anuais de racking<br />

Lean Logistics<br />

Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />

Logística inversa e o seu papel na economia circular<br />

Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />

Negociação na Logística através da liderança eficaz<br />

O essencial da Gestão Logística e da Cadeia de Abastecimento<br />

Procurement eficiente<br />

Qualidade em Supply Chain<br />

S&OP - Sales and Operations Planning<br />

Sector Transitário - Formação em Vendas<br />

Seleção e avaliação de fornecedores<br />

Sistemas de informação na Logística<br />

Powered by


Dora Assis<br />

dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />

EDITORIAL<br />

LONGE, MAS MUITO PERTO<br />

A nossa primeira edição totalmente pensada<br />

e produzida em teletrabalho foi publicada há...<br />

12 meses. Portanto, no meio de muitos recuos<br />

e avanços tal quer dizer que há um ano que<br />

andamos nisto da reinvenção, transformando<br />

hábitos e criando formas de continuar a chegar<br />

a quem está desse lado, em maior ou menor<br />

confinamento.<br />

Nestes tempos de trazer por casa, a<br />

pandemia continua a ser o foco das atenções<br />

mas ainda há vida para além da Covid-19,<br />

felizmente. Nós ainda não lhe batemos à<br />

porta, é um facto, nem fazemos entregas ao<br />

“postigo”, mas continuamos a levar até si o<br />

mundo que está lá fora e muitas das coisas<br />

fantásticas que os profissionais de logística<br />

e supply chain continuam a fazer acontecer e<br />

não cabem entre quatro paredes. Aliás, como<br />

sempre, são 80 páginas.<br />

A capa desta edição é dedicada à Super Bock<br />

Group. Não são tempos fáceis para o sector e<br />

no negócio das bebidas cada empresa tem a<br />

sua estratégia comercial e de marketing para<br />

chegar ao mercado. Contudo, para o êxito, há<br />

um ingrediente fundamental e bem conhecido<br />

de quem se movimenta na supply chain. A<br />

logística, como não podia deixar de ser.<br />

Fomos até ao MARL e estivemos à conversa<br />

com Rui Paulo Figueiredo. Apesar de toda<br />

a adversidade que se vive, o presidente<br />

do Grupo SIMAB encara o futuro de forma<br />

positiva, não só pelas opções estratégicas<br />

de crescimento tomadas pelo lado do<br />

“Quando penso que cheguei ao meu limite,<br />

descubro que tenho forças para ir além”<br />

Ayrton Senna<br />

investimento, mas também pela consolidação<br />

sustentada das contas. Sobressai a confiança<br />

numa actividade estratégica e a importância<br />

crescente das grandes plataformas logísticas.<br />

Avaliámos ainda com João Botelho, o<br />

presidente da direcção da APCADEC, o<br />

papel do procurement no contexto em que<br />

o mundo se viu de repente e as mudanças<br />

que o mesmo está a trazer para a profissão<br />

e para a associação dos profissionais de<br />

aprovisionamento e compras.<br />

E, espante-se, até conseguimos regressar ao<br />

passado e voltar a um tempo onde pandemia<br />

nem sombra dela, apenas o pandemónio<br />

desencadeado pela evolução da “distribuição<br />

moderna”. Com todas as restrições à circulação<br />

de pessoas e bens, não saia do seu lugar e<br />

venha connosco até ao longínquo ano de<br />

1992. Não precisa de óculos de realidade<br />

aumentada ou de qualquer outra tecnologia<br />

sofisticada para ficar a saber como começou<br />

a centralização logística em Portugal, a<br />

importância que teve um projecto chamado<br />

Log-In e o papel fulcral da criação de um<br />

entreposto logístico.<br />

O desenvolvimento do enredo é feliz e,<br />

como boa história que é, começa com “Era<br />

uma vez... a Modis”. O resto, desta e de<br />

todas as outras boas histórias do mundo da<br />

supply chain que integram esta edição é para<br />

descobrir, ao virar da página. É que, tal como<br />

diz o título, estamos longe, mas muito perto.


4<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

#26 #44 #48<br />

ÍNDICE<br />

FACTOS & NÚMEROS<br />

<strong>2021</strong> é o Ano Europeu do Transporte<br />

Ferroviário 6<br />

LOGÍSTICA<br />

Super Bock Group 8<br />

Era uma vez… a Modis 17<br />

Grupo SIMAB: “Valemos tanto<br />

quanto valem os nossos clientes” 26<br />

Gestão integrada da supply chain<br />

na INEOS Automotive 32<br />

PROCUREMENT<br />

Entrevista com João Botelho,<br />

Presidente da APCADEC 36<br />

Do “manda vir”<br />

ao sourcing estratégico 40<br />

10 casos que inspiraram em 2020 44<br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Plataforma RFID<br />

promove a sustentabilidade 48<br />

Quatro tendências que<br />

vão marcar a logística em <strong>2021</strong> 51<br />

TECNOLOGIAS<br />

“O digital, à data de hoje,<br />

é estar junto das pessoas 54<br />

Tendências <strong>2021</strong>:<br />

oportunidade ou sobrevivência? 58


SCM Supply Chain Magazine 5<br />

TRANSPORTES<br />

As grandes transformações em curso 62<br />

Sustentabilidade no sector marítimo 66<br />

CARREIRA<br />

Como combater a fadiga pandémica 74<br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

#66 #74<br />

Construção de vantagem competitiva<br />

e resiliência na cadeia de abastecimento 76<br />

O MUNDO É REDONDO<br />

TED Ideas worth spreading 2010,<br />

“O poder da vulnerabilidade” 78<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Sede, Administração e Redacção_<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

Direcção Geral_<br />

Filipe Barros<br />

Directora_<br />

Dora Assis<br />

Redacção_<br />

Ana Paiva, Fábio Santos<br />

Projecto gráfico_<br />

Maria João Carvalho<br />

Paginação _<br />

Daniela Moço<br />

Circulação & Eventos _<br />

Inês Ferreira<br />

Direcção Comercial _<br />

Filipe Barros<br />

Sales & Marketing _<br />

Margarida Matildes<br />

Impressão _<br />

VASP DPS<br />

MLP – Quinta do Grajal,<br />

Venda Seca<br />

2739-511 Agualva Cacém<br />

Tiragem _<br />

3 mil exemplares<br />

Propriedade_<br />

SC Media Unipessoal, Lda.<br />

Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />

2890-307 Alcochete<br />

T: 210 499 074<br />

E: geral@supplychainmagazine.pt<br />

W: supplychainmagazine.pt<br />

NPC _<br />

514707143<br />

Capital Social_<br />

100,00€<br />

Participações sociais_<br />

Susana Silva<br />

Administração_<br />

Filipe Barros<br />

Registo na ERC n.º _<br />

127322<br />

Depósito Legal n.º _<br />

458604/19<br />

Os artigos assinados apenas veiculam<br />

a posição dos seus autores.<br />

Interdita a reprodução de textos e<br />

imagens sem autorização expressa.<br />

Esta revista é escrita respeitando a grafia<br />

anterior ao novo Acordo Ortográfico


6 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

FACTOS<br />

& NÚMEROS<br />

Ano Europeu<br />

do Transporte<br />

Ferroviário<br />

<strong>2021</strong> é o Ano EuropEu<br />

do TrAnsporTE<br />

FErroviário<br />

A<br />

Comissão Europeia propôs, ainda no<br />

primeiro trimestre do ano passado, tornar<br />

<strong>2021</strong> o “Ano Europeu do Transporte<br />

Ferroviário”, defendendo que este é “um dos<br />

modos de transporte mais sustentáveis e mais<br />

seguros”, procurando ainda com isto acelerar o<br />

ritmo da modernização dos caminhos-de-ferro<br />

e que consigamos cumprir mais facilmente as<br />

metas estipuladas no Pacto Ecológico Europeu<br />

no domínio dos transportes.<br />

Veja alguns dos números partilhados pela<br />

Comissão Europeia:<br />

8M € - O financiamento estimado para o<br />

Ano Europeu do Transporte Ferroviário é de 8<br />

milhões de euros;<br />

90% - Para atingir as metas estipuladas para<br />

2050 ainda é necessário baixar as emissões<br />

dos transportes em 90%;<br />

95% - O transporte europeu está<br />

dependente de petróleo e petrolíferos em<br />

95%;<br />

500M € - Espera-se que no futuro os<br />

comboios e as mercadorias sejam construídos<br />

sob o formato standard e certificados para<br />

andar por toda a Europa. Estima-se que as<br />

empresas de transporte ferroviário seriam<br />

capazes de poupar 500 milhões de euros em<br />

custos administrativos até 2025;<br />

75% - Como parte do Pacto Ecológico<br />

Europeu, a Comissão Europeia apelou para que<br />

um monte substancial de 75% do frete interior<br />

actualmente transportado por estrada seja<br />

deslocado para os caminhos de ferro e para as<br />

vias navegáveis interiores.<br />

Ao nível da sustentabilidade, a Comissão<br />

Europeia também aponta que em 2018 os<br />

principais emissores de gases com efeitos<br />

de estufa eram os transportes rodoviários,<br />

com a grande maioria de 71,8%, seguidos do<br />

transporte marítimo (14,1%), aviação civil<br />

(13,2%), outros (0,5%) e apenas 0,4% dos<br />

transportes ferroviários.<br />

Em termos de distância de carris, a fonte<br />

também revela que os EUA contam com 203<br />

mil quilómetros, a União Europeia com 201<br />

mil, a China com 132 mil e a Rússia com 87<br />

mil. •


R F id<br />

ESPECIALISTAS EM SOLUÇÕES DE<br />

LOGÍSTICA E PRODUÇÃO<br />

VOICE PICKING<br />

Solução de RFid com<br />

ligação ERP, MRP, WMS<br />

Solução multimodal que<br />

pode coabitar com leitor<br />

código de barras ou RFid<br />

Tag’s<br />

RFID<br />

Solução de RFid com<br />

ligação ERP, MRP, WMS<br />

CÓDIGO DE BARRAS<br />

Terminais/PDA<br />

Tablets<br />

Scanners e impressoras<br />

Etiquetas e Ribbons<br />

+351 215 885 556<br />

+351 220 931 713<br />

comercial@identprint.com


8 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Super Bock Group<br />

o ingrEdiEnTE sEcrETo é A logísTicA<br />

Cervejas, águas, sidras, vinhos, sangrias… o Super Bock Group conta com dezenas de referências,<br />

presença nacional e internacional, além de estar em todos os canais de distribuição. Contudo, antes<br />

dĄoŝsƌ pƁrƄoŝdĄuơtƙoŝsƌ cýhīeċgĤarƄeċmő aoŝ cýoŝnœsƌuơmőiİdĄoŝrƄ fiǟnœalň hīá mőoŝvƽiİmőeċnœtƙaçĀãùoŝ dĄeċ mőatƙeċrƄiİaiİsƌ, iİnœtƙeċrƄnœa eċ eċxǃtƙeċrƄnœa<br />

à empresa, chegada de matéria-prima, stocks, produção, armazenamento, distribuição, com a<br />

logística a funcionar como interface entre todas elas. Nesta área de negócio cada empresa tem<br />

a sua estratégia comercial e de marketing e todos querem chegar ao mercado. Há, contudo, um<br />

iİnœgĤrƄeċdĄiİeċnœtƙeċ fģuơnœdĄamőeċnœtƙalň pƁarƄa oŝ êĐxǃiİtƙoŝ: lňoŝgĤíIJsƌtƙiİcýa.


SCM Supply Chain Magazine<br />

9<br />

Texto:Fábio Santos<br />

Fotos:Super Bock Group<br />

É<br />

a partir partir do Norte de Portugal que<br />

chegam a todos os cantos do país, e ainda<br />

a alguns internacionais, as cervejas, águas<br />

e cidras da maior empresa portuguesa de<br />

bebidas. António Lameira, director de logística<br />

e planeamento operacional do Super Bock<br />

Group, explica-nos que para além de liderarem<br />

o mercado português, são também a principal<br />

exportadora nacional de cerveja, através<br />

da marca Super Bock, e que essa presença<br />

internacional é conseguida através de<br />

parceiros locais independentes, mas também<br />

aproveitando a ligação que têm com o Grupo<br />

Carlsberg, detentor de uma parte considerável<br />

do Super Bock Group, e recorrendo à sua rede<br />

de distribuição.<br />

Como salienta, esta ligação permite-lhes<br />

“fazer parte de um sistema integrado de<br />

produção que visa a optimização da cadeia de<br />

abastecimento”, ainda que a cerveja daquela<br />

marca vendida no nosso país seja produzida cá.<br />

“Por diversas vezes já produzimos esta cerveja<br />

(assim como outros produtos) para abastecer<br />

a própria Carlsberg, para diferentes países”,<br />

lembra. No entanto, o foco está no mercado<br />

nacional, pois “os mercados internacionais não<br />

têm o peso que tem o negócio em Portugal”.<br />

Contudo, mantêm “como objectivo e foco<br />

continuar o desenvolvimento sustentável do<br />

negócio que temos em todos os países onde<br />

temos operação”.<br />

o primEiro pAsso é AbAsTEcEr<br />

Todo o processo começa com a compra das<br />

matérias-primas, e nesse sentido o Super Bock<br />

Group investiu na produção nacional, à qual dá<br />

preferência e é onde adquire a maior parte das<br />

matérias-primas, “embora pelas quantidades<br />

necessárias, haja a necessidade de recorrer a<br />

alguma importação”. António Lameira conta<br />

que ao nível das cervejas “adquirimos cerca de<br />

40% da cevada a produtores nacionais (através<br />

da Maltibérica e da parceria com os produtores<br />

no Alentejo) e absorvemos 100% da produção<br />

de lúpulo em Portugal (este com origem na<br />

região Bragança)”.<br />

Adquirimos cercA de 40% dA<br />

cevAdA A produTores nAcionAis<br />

(ATrAvés dA mAlTibéricA e dA<br />

pArceriA com os produTores no<br />

AlenTejo) e Absorvemos 100% dA<br />

produção de lúpulo em porTugAl<br />

António Lameira, director de logística e<br />

planeamento operacional do Super Bock<br />

Group


10<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Para este aprovisionamento contam com<br />

“dois horizontes distintos”:<br />

» “Numa óptica anual, é feita a contratação<br />

das quantidades globais do ano. Em<br />

alguns casos, dadas as características das<br />

matérias-primas, a estratégia de compra<br />

exige uma contratação antecipada (por<br />

vezes com anos de antecedência), para<br />

assegurar a disponibilidade dos materiais<br />

e das variedades desejadas, nas melhores<br />

condições e nos timings pretendidos”;<br />

» “Posteriormente, em ciclos semanais<br />

de gestão de stocks, a reposição do stock<br />

na fábrica é feita com lead time que pode<br />

variar entre um, dois dias a cinco semanas.<br />

Sempre garantindo aos nossos fornecedores<br />

uma visibilidade mínima de oito semanas dos<br />

nossos pedidos”.<br />

Estas matérias-primas chegam à fábrica de<br />

Leça do Balio através de camião, na maior<br />

parte das vezes, porém, no caso dos maltes e<br />

cevada, também existe o transporte marítimo<br />

(contentorizado ou a granel), com integração<br />

com transporte terrestre.<br />

produção E ArmAzEnAgEm<br />

AcompAnhAm o mErcAdo<br />

Com a crescente procura de novos estilos e<br />

características diferentes, têm assistido a um<br />

aumento da diversidade, e como tal, o tempo<br />

de produção também é muito variado. Em<br />

média, são necessários 20 dias para produzir<br />

uma cerveja lager, desde a maltagem do cereal<br />

até ao enchimento, no entanto depende do<br />

tipo de cerveja e da levedura utilizada.<br />

“Atendendo à nossa sazonalidade, estamos<br />

preparados para produzir 450.000.000 litros<br />

cerveja, por ano”, explica António Lameira. No<br />

que toca à produção de sidra, anualmente têm<br />

uma capacidade de gerar 10.000.000 de litros<br />

de Somersby, lançada no mercado nacional<br />

em 2011, “o que criou a categoria das sidras<br />

em Portugal, já que antes a expressão era<br />

residual”, conta ainda o responsável.<br />

A produção da sidra tem algumas<br />

similaridades ao nível dos processos quando<br />

comparada com a da cerveja, destaca o<br />

responsável, e por ambos serem fermentados,<br />

permite que as produções sejam feitas


SCM Supply Chain Magazine 11<br />

ATendendo à nossA sAzonAlidAde,<br />

esTAmos prepArAdos pArA<br />

produzir 450.000.000 liTros<br />

cervejA, por Ano<br />

nas mesmas instalações. No entanto, em<br />

muito também diferem, começando pelos<br />

ingredientes: “as principais diferenças a<br />

assinalar serão ao nível da fabricação de<br />

mosto, já que no caso da cerveja se utiliza<br />

os cereais como matérias-primas principais,<br />

enquanto que na sidra se utiliza um<br />

concentrado de maçã”, explica o responsável,<br />

acrescentando que “ao nível da fermentação e<br />

filtração existem pequenas diferenças, sendo<br />

que a sidra exige uma levedura diferente e um<br />

passo adicional de filtração”.<br />

Relativamente às águas, a marca Vitalis<br />

é captada na Serra de S. Mamede, em<br />

Castelo de Vide. “As captações são feitas de<br />

acordo com a regulamentação e de forma a<br />

assegurar a sustentabilidade do ecossistema<br />

circundante”, conta-nos António Lameira. Ao<br />

mesmo tempo, procuram que o enchimento<br />

no Centro de Produção também atenda “às<br />

melhores práticas e a todos os requisitos,<br />

nomeadamente em matéria de Qualidade e de<br />

Segurança Alimentar”.<br />

Para a insígnia Pedras, uma água com gás<br />

100% natural captada na região de Trás-os-<br />

-Montes, o director de logística e planeamento<br />

operacional conta que esta água tem uma<br />

“composição única”, e que “apenas 0,5% das<br />

águas de todo o mundo partilha as suas<br />

características”.


12 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

procEssos dE FábricA E<br />

dEsEnvolvimEnTo dE novos<br />

produTos<br />

nesTAs unidAdes, A águA minerAl<br />

é cApTAdA e desde logo cheiA<br />

nAs gArrAFAs, sem demorA, num<br />

processo que se quer simples,<br />

direcTo e rápido, mAnTendo,<br />

Assim, sem AlTerAção As<br />

cArAcTerísTicAs dA águA<br />

A partir daí surgiram também as Pedras<br />

Sabores, uma gama “que reforça as credenciais<br />

de naturalidade da marca-mãe”, Pedras, mas<br />

com a particularidade de que “o sabor a fruta<br />

que adicionamos assegura ainda mais frescura<br />

à água com gás 100% natural”.<br />

Ao nível do armazenamento, o Super Bock<br />

Group conta com uma capacidade anual de<br />

170.000.000 litros, e ao nível das águas, antes<br />

do enchimento, 2.000.000 de litros. Após o<br />

enchimento, o Super Bock Group conta com<br />

uma capacidade global superior a 90.000<br />

paletes, distribuídos entre os armazéns de<br />

fábrica e centros de distribuição. “Os materiais<br />

de embalagem representam cerca de 9% do<br />

valor global da armazenagem”, revela.<br />

“O portefólio de bebidas do Super Bock Group<br />

apresenta características bastantes distintas,<br />

saindo de diferentes unidades e de diferentes<br />

áreas produtivas da fábrica consoante<br />

o produto”, conta ainda o responsável,<br />

destacando também que para isto utilizam<br />

processos com elevado grau de automação e<br />

rigorosos critérios de qualidade, possuindo um<br />

sistema de gestão integrado que abrange as<br />

áreas de Qualidade, de Segurança Alimentar,<br />

de Ambiente e de Saúde e Segurança no<br />

Trabalho.<br />

Para o enchimento das águas minerais,<br />

este é feito nos quatro Centros de Captação<br />

e Produção, localizadas junto ao recurso<br />

hidromineral. “Nestas unidades, a água<br />

mineral é captada e desde logo cheia nas<br />

garrafas, sem demora, num processo que se<br />

quer simples, directo e rápido, mantendo,<br />

assim, sem alteração as características da<br />

água”, explica António Lameira, acrescentando<br />

que é também ali que são produzidas as<br />

águas com sabores, em divisões específicas,<br />

“onde se junta a água mineral aos diferentes<br />

ingredientes antes de serem enviados para o<br />

enchimento”.<br />

Na fábrica de Leça do Balio são produzidas<br />

as cervejas, sidras, vinho e sangria, utilizando<br />

cada tipo de bebida os seus equipamentos<br />

específicos, em processos mais complexos.<br />

No caso da cerveja e da sidra, depois<br />

de produzidas são cheias em garrafa ou<br />

barril utilizando linhas de enchimento em<br />

comum, enquanto que o vinho e a sangria<br />

são preparados e cheios em equipamentos<br />

dedicados.


13<br />

Movimentando mais<br />

por menos.<br />

Líderes na<br />

economia circular.<br />

A CHEP criou um dos modelos<br />

logísticos mais sustentáveis do mundo.<br />

As nossas paletes, caixas<br />

e contentores formam a espinha<br />

dorsal invisível da cadeia de<br />

abastecimento global.<br />

Graças ao nosso modelo de negócio,<br />

baseado na economia circular, e à<br />

nossa vasta rede, ajudamos os nossos<br />

clientes a melhorar a visibilidade e<br />

rastreabilidade dos seus produtos.<br />

Definimos soluções inovadoras<br />

para desafios globais.<br />

CHEP PORTUGAL<br />

+351 21 446 8100<br />

www.chep.com<br />

@CHEP_PT<br />

@CHEP.Global<br />

@CHEP


14<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

O responsável conta que o grupo tem<br />

“uma cultura de inovação e I&D muito forte”,<br />

tanto em Portugal como fora, e procuram<br />

acompanhar as tendências, comportamentos<br />

e hábitos dos consumidores. Através dessa<br />

análise permite-lhe “continuar a desenvolver a<br />

nossa actividade e a identificar oportunidades<br />

que possam estimular o negócio, enquadrando<br />

nos diferentes canais de comercialização e<br />

territórios que definimos como estratégicos”,<br />

potenciando “novas experiências, como a<br />

entrada em novos canais de comercialização”,<br />

revela, referindo-se ao comércio electrónico.<br />

Para as marcas, este acompanhamento é<br />

uma capacidade de diversificarem os seus<br />

portefólios, e a “capacidade de investimento<br />

é contínua, sempre na perspectiva de lançar<br />

novas propostas de valor, selectivas e<br />

diferenciadas, mediante a identificação de<br />

tendências e oportunidades, assegurando<br />

que mantemos as nossas marcas relevantes<br />

para o consumidor”, exemplificando com a<br />

Super Bock Sem Glúten e a Pedras Sabores<br />

Tangerina.<br />

Neste sentido, aponta três pontos que<br />

envolvem os hábitos dos consumidores e<br />

que acompanham para o desenvolvimento<br />

de produtos e diversificação das marcas:<br />

» Mais preocupados com a<br />

sustentabilidade e impacto ambiental<br />

das marcas – Os consumidores actuais<br />

estão mais atentos e informados sobre o<br />

que as marcas fazem, procurando marcas<br />

que gerem menor impacto negativo no<br />

ambiente;<br />

» Com estilos de vida mais activos e<br />

saudáveis – Os consumidores adoptam um<br />

estilo de vida mais equilibrado e saudável,<br />

estando mais atentos aos produtos, o que<br />

gera diversificação por parte das marcas;<br />

» Em busca de uma melhor experiência<br />

de compra – Os consumidores procuram<br />

a experiência de compra através de<br />

canais de comercialização diversificados<br />

e alternativos, nomeadamente ao nível<br />

do e-commerce, que antecipam que irá<br />

continuar em crescimento.<br />

dA FábricA pArA A prATElEirA<br />

Nos últimos sete anos o Super Bock Group<br />

investiu mais de 100 milhões de euros, o<br />

que permitiu a modernização do Centro de<br />

Produção e Logístico na sede da empresa.<br />

Incluído nesse investimento, António<br />

Lameira destaca o armazém automático com<br />

capacidade para armazenar 50.000 paletes, e<br />

movimentar mais de 8.000 por dia.<br />

Sobre a distribuição, o responsável conta<br />

que “no canal HORECA, existe uma rede de<br />

distribuidores que asseguram grande parte<br />

da cobertura nacional e são abastecidos<br />

directamente a partir das fábricas em camião<br />

completo”. Em Lisboa, no Porto, na Madeira<br />

e nos Açores (Pico e Faial), contam com


SCM Supply Chain Magazine<br />

15<br />

numA lógicA de procurA consTAnTe de susTenTAbilidAde e eFiciênciA<br />

do TrAnsporTe cAdA vez mAis promovemos pArceriAs de bAckhAuling<br />

armazéns locais para abastecer directamente<br />

os pontos de venda.<br />

Ao nível do abastecimento contam ainda<br />

com o sistema Beer Drive, que são tanques de<br />

250, 500 e 1.000 litros que estão em clientes<br />

do canal HORECA de elevado consumo,<br />

abastecidos com recurso a camiões-cisterna.<br />

No retalho moderno, a operação está<br />

sustentada em dois centros de distribuição,<br />

um em Leça do Balio e outro em Santarém,<br />

sendo que a partir destes têm uma cobertura<br />

nacional para entrega directa aos clientes<br />

ou para cross-docking. Para além disso,<br />

“numa lógica de procura constante de<br />

sustentabilidade e eficiência do transporte<br />

cada vez mais promovemos parcerias de<br />

backhauling”, avança António Lameira. À<br />

excepção do sistema Beer Drive, para o<br />

qual contam com frota própria, o serviço de<br />

transporte e distribuição é feito por recurso<br />

a prestadores de serviço, sob o controlo<br />

constante do Super Bock Group de modo a<br />

que os padrões de qualidade do serviço sejam<br />

respeitados.<br />

A nível internacional, o Super Bock Group<br />

exporta para mais de 50 países a partir de<br />

Leça do Balio, essencialmente por camião ou<br />

intermodal para a Europa e por contentor de<br />

20 ou 40’, através do Porto de Leixões.<br />

Como diariamente recebem milhares de<br />

encomendas através de diferentes canais de<br />

contacto, “essencialmente EDI, mas também<br />

e-mail, fax, telefone, portal e equipamentos<br />

de mobilidade em visitas físicas efectuadas<br />

pelos vendedores que andam no terreno”,<br />

segundo explica António Lameira, a<br />

organização do transporte é feita com recurso<br />

a um optimizador de rotas. As encomendas<br />

têm diferentes lead times para serem<br />

entregues, “entre 12 e 72 horas, dependendo<br />

do canal de vendas, e são abastecidas<br />

por diferentes modos de transporte, de<br />

acordo com a tipologia de encomenda e de<br />

destinatário”.


16 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

EnTrE álcool, sEm álcool E<br />

álcool-gEl<br />

Devido ao impacto que a pandemia teve, em<br />

especial no canal HORECA, foi necessário<br />

adaptarem a sua capacidade de produção<br />

em consequência da diminuição da procura<br />

por parte do mercado, decorrente das<br />

restrições impostas como forma de combater<br />

a propagação da pandemia. “Esta situação<br />

verificou-se no imediato nos dois canais de<br />

comercialização, com maior incidência no<br />

canal HORECA – que ainda hoje continua com<br />

grandes constrangimentos -, e também ao<br />

nível das exportações, já que as circunstâncias<br />

inéditas também limitaram, transversalmente,<br />

esta actividade, pelos constrangimentos<br />

logísticos internos e externos, como por<br />

quebras na procura nos mercados de destino”,<br />

explica o responsável.<br />

A nível global “tivemos de reajustar a<br />

forma de trabalhar dentro das organizações,<br />

em linha com as orientações oficiais das<br />

autoridades portuguesas”, adoptando também<br />

as medidas excepcionais integradas no plano<br />

de contingência da empresa. “Era crítico<br />

salvaguardar a segurança e o bem-estar de<br />

todos os colaboradores do Super Bock Group”,<br />

acrescenta ainda António Lameira.<br />

Tal como foi visível em grande parte das<br />

empresas, os colaboradores que conseguiam<br />

desempenhar as suas funções a partir das<br />

suas casas migraram para um regime de<br />

teletrabalho, tendo sido asseguradas as<br />

ferramentas necessárias às suas tarefas.<br />

O director de logística e planeamento<br />

operacional comenta ainda que apesar de<br />

se tratar de um modelo flexível que já era<br />

praticado pela empresa, não o era a esta<br />

dimensão.<br />

“Para as áreas operacionais foram<br />

implementadas várias medidas e normas<br />

de segurança e saúde, assim como equipas<br />

espelho, que permite assegurar a laboração<br />

fabril”, descreve.<br />

Ao nível da produção, durante a pandemia<br />

aproveitaram também a produção da Super<br />

Bock Sem Álcool para desenvolverem um<br />

sub-produto: álcool-gel desinfectante para as<br />

mãos, auxiliando assim a falta de capacidade<br />

da indústria, que passou por uma escassez<br />

nos primeiros meses da pandemia, bem como<br />

várias unidades hospitalares a quem doaram<br />

este produto.<br />

A receita para o sucesso é grande e<br />

complexa, requer muitos ingredientes, muito<br />

tempo dedicado, um grande investimento<br />

e uma capacidade de observação e<br />

acompanhamento da evolução dos gostos a<br />

quem vão chegar as bebidas, mas a logística<br />

está sempre lá. E isto não vem nos livros de<br />

receitas, vive-se no terreno e por quem está<br />

no palco das operações. •<br />

Tivemos de reAjusTAr<br />

A FormA de TrAbAlhAr<br />

denTro dAs orgAnizAções,<br />

em linhA com As<br />

orienTAções oFiciAis dAs<br />

AuToridAdes porTuguesAs


SCM Supply Chain Magazine 17<br />

LOGÍSTICA<br />

Centralização logística<br />

Texto: Dora Assis<br />

ErA umA vEz... A modis<br />

Preparados para uma viagem no tempo? A história começa numa época em que pandemia nem<br />

sombra dela e pandemónio só o desencadeado pela evolução e crescimento da “distribuição<br />

moderna”. Vamos até ao longínquo ano de 1992, espreitar a história e saber como começou a<br />

centralização logística em Portugal, a importância que teve um projecto chamado Log-In e o<br />

papel fulcral que veio a desempenhar a construção de um entreposto logístico.


18<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

O<br />

desenvolvimento do enredo é feliz e, como<br />

em todas as boas histórias, envolve muitas<br />

outras pequenas histórias. São as peças<br />

de um puzzle que ajuda a compor e perceber<br />

o papel que o nascimento do Entreposto da<br />

Modelo Distribuidora (Modis), na Azambuja,<br />

acabou por vir a ter na dinamização da<br />

centralização e da própria logística em<br />

Portugal.<br />

Estávamos em 1992. Em Maastricht,<br />

assinava-se o Tratado da União Europeia que<br />

estabelecia as bases para a política externa<br />

e de segurança comum, a cooperação mais<br />

estreita nos domínios da justiça e dos assuntos<br />

internos e a criação de uma união económica<br />

e monetária, incluindo a moeda única; a CEE<br />

muda a sua designação para «Comunidade<br />

Europeia» (CE); na África do Sul, marcando o<br />

fim do apartheid, realizam-se eleições livres,<br />

que são ganhas por Mandela; Barcelona<br />

recebe a 25.ª edição dos Jogos Olímpicos;<br />

deste lado da Península Ibérica vai para o ar a<br />

emissão inaugural da SIC, a primeira estação<br />

de televisão privada portuguesa… e, no seio<br />

da Sonae Distribuição, nasce o projecto Log-In<br />

(Logística-Integrada).<br />

Mas vamos recuar um pouco mais para<br />

perceber todo o contexto que se vivia no país.<br />

José António Rousseau, actualmente consultor<br />

de marketing, distribuição e logística, além<br />

de professor, na época era director-geral da<br />

APED, onde esteve mais de 30 anos, e ajudanos<br />

a encontrar o fio condutor: “a abertura<br />

do primeiro hipermercado em Portugal<br />

com a insígnia Continente, localizado em<br />

Matosinhos, aconteceu em Dezembro de<br />

1985. Nessa época, na distribuição integrada<br />

em Portugal praticava-se um sistema de<br />

reaprovisionamento das lojas descentralizado,<br />

isto é, os produtores entregavam os seus<br />

produtos directamente nas lojas das insígnias<br />

retalhistas que, para tal, tinham de possuir<br />

espaços de armazenamento generosos para<br />

guardar os respectivos stocks”, recorda.<br />

o primEiro pAsso<br />

A criação da Modelo Distribuidora (MODIS),<br />

o braço logístico da Sonae Distribuição,<br />

representou o primeiro passo do processo<br />

de centralização na distribuição, através do<br />

aumento da eficiência do abastecimento às<br />

lojas e de uma aposta na melhoria do serviço<br />

que então era prestado aos clientes.<br />

A área de retalho da Sonae, a actual<br />

Sonae MC, foi pioneira no lançamento de<br />

processos de centralização logística. Tudo<br />

começou em Justino Teixeira (Campanhã) com<br />

a centralização de frescos para os antigos<br />

Supermercados Modelo. Em 1985, para dar<br />

apoio à operação na Grande Lisboa é criado o<br />

Entreposto de Loures, com a centralização de<br />

produtos em temperatura ambiente. Em 1990,<br />

é criada uma plataforma logística na Guia<br />

(Albufeira) para dar apoio às lojas do Sul e é<br />

também inaugurado o Centro de Distribuição<br />

da Maia, o primeiro entreposto construído de<br />

raiz pela Sonae Distribuição.


SCM Supply Chain Magazine 19<br />

Entretanto, lá fora, ao nível da distribuição,<br />

a logística vivia momentos de glória. Nos<br />

Estados Unidos, a Walmart dava passos<br />

de gigante, em Inglaterra a Tesco estava<br />

imparável e, por cá, a Sonae soube ver e ler<br />

os sinais atempadamente. Jorge Marques<br />

do Santos esteve na génese da mudança. Já<br />

era um homem Sonae, passa para a Modelo<br />

Continente como administrador com o pelouro<br />

da logística em 1992 e acompanhou no<br />

terreno as mudanças, o desenvolvimento do<br />

projecto Log-In e a revolução subsequente a<br />

que se iria assistir com a posterior construção<br />

do entreposto da Azambuja. “A Sonae, já forte<br />

na distribuição, fez a leitura correcta do que se<br />

estava a passar e percebeu atempadamente a<br />

importância de investir na logística”, recorda,<br />

“soube olhar para a logística não como a<br />

gestão isolada do transporte ou do armazém e<br />

sim como uma actividade em rede”.<br />

Estamos a falar de um tempo em que, por<br />

exemplo, “a maioria do transporte era ainda<br />

feito com camiões de lona”, sublinha Marques<br />

dos Santos. Tudo o que veio a seguir dependeu<br />

de um árduo trabalho de parceria que foi<br />

preciso desenvolver com os fornecedores:<br />

gestão de tempos, gestão de stocks,<br />

gestão de quantidades... A introdução dos<br />

camiões de caixa rígida foi o primeiro passo<br />

e foi o suficiente para os transportadores<br />

começarem a ter também este serviço, mas<br />

não havia capacidade de resposta e a dado<br />

momento “optámos pelo transporte próprio,<br />

embora depois viéssemos a tomar a decisão<br />

estratégica de fazer outsourcing, pois aquele<br />

não era o nosso core business”, sublinha<br />

Marques dos Santos.<br />

O desenvolvimento e a mudança eram<br />

imparáveis. Luís Cruz, o actual head of<br />

logistic operation da Sonae MC explica que<br />

“em 1993, dá-se a reconfiguração do retalho<br />

da Sonae Distribuição, assentando essa<br />

reconfiguração de lojas na insígnia Continente<br />

e no novo conceito Modelo Hiper e com a<br />

criação, em 1994, do Centro de Distribuição da<br />

Azambuja, nasce o 1.º Entreposto compósito<br />

em Portugal, ficando a rede logística assente<br />

no abastecimento centro-sul a partir deste<br />

centro logístico e o centro-norte a partir do<br />

Centro de Distribuição da Maia, onde estava<br />

também suportada a área de frescos por uma<br />

plataforma logística localizada em Valadares”.<br />

José António Rousseau<br />

os produTores enTregAvAm<br />

direcTAmenTe nAs lojAs dAs insígniAs<br />

reTAlhisTAs que, pArA TAl, TinhAm de<br />

possuir espAços de ArmAzenAmenTo generosos<br />

pArA guArdAr os respecTivos sTocks


20<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

primEiro Foi o TrAnsporTE<br />

Mas não foi fácil chegar àquela fase e decisão.<br />

A revolução começou no transporte e na<br />

forma de transportar. De repente começa-se a<br />

conjugar a movimentação dos congelados com<br />

a dos produtos de temperatura controlada<br />

e ambiente, mas não bastava transportar.<br />

“Os entrepostos eram fundamentais para<br />

conseguirmos fazer a gestão integrada<br />

dos fornecedores”, explica Jorge Marques<br />

dos Santos. Por isso, no âmbito do Log-In<br />

desenvolvem-se estudos para se encontrar<br />

a localização mais adequada para os<br />

entrepostos que deveriam abastecer toda a<br />

região Sul do país.<br />

“Decidimo-nos pela Azambuja quando, na<br />

época, só existia ali a fábrica da Opel”, salienta<br />

Marques dos Santos ao lembrar como todos os<br />

passos que deram foram determinantes para<br />

evidenciar posteriormente a complexidade e<br />

importância da logística. Hoje a Azambuja é o<br />

que todos conhecemos. O tempo encarregouse<br />

de evidenciar a lógica da decisão.<br />

A mudança acontece, desenha-se uma<br />

revolução e no país começa a ganhar forma a<br />

importância do desenvolvimento da logística.<br />

O entreposto compósito alimentar da Modis,<br />

que em 1994 nasce na Azambuja, foi o<br />

primeiro do género em Portugal, sendo o seu<br />

objectivo abastecer, diariamente, de produtos<br />

alimentares, nomeadamente horto-frutícolas,<br />

as lojas das insígnias Modelo e Continente das<br />

zonas Centro e Sul do país.<br />

Hoje tudo parece simples, mas os ganhos<br />

da centralização não eram fáceis de explicar.<br />

Marques dos Santos recorda a este propósito<br />

um episódio vivido: “imagine eu a explicar ao<br />

Eng. Belmiro de Azevedo que era mais rentável<br />

e teríamos ganhos consideráveis ao trazer<br />

as laranjas do Algarve até à Azambuja para<br />

A mudAnçA AconTece,<br />

desenhA-se umA revolução<br />

e no pAís começA A gAnhAr<br />

FormA A imporTânciA do<br />

desenvolvimenTo dA logísTicA<br />

posteriormente as voltarmos a enviar para<br />

as nossas lojas do Algarve nas quantidades<br />

necessárias! Tudo isto era estranho naquela<br />

época”.<br />

Implantado numa área total de 67.000 m², o<br />

entreposto tinha uma área coberta de 20.500<br />

m² repartida em termos de área interior<br />

por 15.000 m² de temperatura ambiente<br />

e 5.500 m² de temperatura controlada,<br />

compreendendo esta as câmaras frigoríficas e<br />

de congelação.<br />

Com uma altura livre de 12 metros, tinha<br />

em média, seis níveis de stockagem, uma<br />

capacidade total de 21 mil lugares de palete e<br />

dispunha de 43 cais para carga e descarga.<br />

As operações funcionam 24 horas por dia,<br />

7 dias por semana e 362 dias/ano. Fixam-se<br />

horários para a recepção dos produtos, o plano<br />

de entrega às lojas é predominantemente<br />

nocturno e as encomendas são feitas<br />

pelas lojas através de EDI, o que permite a<br />

optimização dos lead-times de entrega.<br />

“Estive presente na inauguração da<br />

primeira nave do entreposto da Modis na<br />

Azambuja, o qual nos últimos anos cresceu e<br />

se multiplicou quer em área quer em número<br />

de SKU trabalhados”, conta-nos José António<br />

Rousseau. A Sonae centraliza todas as<br />

entregas dos fornecedores num único espaço<br />

e começa “um processo próprio de logística<br />

capilar, pois começou a entregar a partir


SCM Supply Chain Magazine 21<br />

dos entrepostos da Modis directamente nas<br />

suas lojas através da implementação de um<br />

sistema de reaprovisionamento centralizado,<br />

automático e eficiente. Tal mudança<br />

impactou os seus concorrentes mais directos,<br />

nomeadamente o grupo JM que também<br />

procedeu à mesma mudança de processos.<br />

Uma consequência directa desta mudança<br />

foi a redução substancial dos espaços de<br />

armazenamento das lojas”, explica ainda o<br />

consultor e professor que não tem dúvidas ao<br />

afirmar que foi assim que nasceu “a entrada<br />

dos grandes distribuidores na assunção directa<br />

da sua logística que antes era desempenhada<br />

apenas pelos produtores, o que provocou uma<br />

mudança total na forma como se fazia a<br />

logística em Portugal”.<br />

imAgine eu A<br />

explicAr Ao eng.<br />

belmiro de Azevedo<br />

que erA mAis<br />

renTável e TeríAmos<br />

gAnhos consideráveis<br />

Ao TrAzer As lArAnjAs do<br />

AlgArve ATé à AzAmbujA pArA<br />

posTeriormenTe As volTArmos<br />

A enviAr pArA As nossAs lojAs<br />

do AlgArve nAs quAnTidAdes<br />

necessáriAs! Tudo isTo erA<br />

esTrAnho nAquelA épocA<br />

Jorge Marques dos Santos<br />

sTock A produzir dinhEiro<br />

José Crespo de Carvalho também acompanhou<br />

de perto toda esta evolução e detalha-nos<br />

alguns aspectos. “O que esteve na base da<br />

criação da Modis foi a ideia de centralização<br />

logística. Centralização física. É conhecido<br />

de todos que a loja com armazém de retém<br />

à rectaguarda para produtos da loja e para<br />

repor a loja apenas replica stock em loja e de<br />

loja para loja. Isto significa que se tivermos n<br />

lojas cada qual com stock de segurança médio<br />

teremos esse mesmo número n a multiplicar<br />

pelo stock de segurança médio retido em cada<br />

uma das lojas (que não será igual entre lojas<br />

mas para efeito de exemplo serve),<br />

ou seja, (N) x (stock médio<br />

de loja). Se conseguirmos<br />

centralizar, baixamos<br />

consideravelmente<br />

o stock global que,<br />

por ter uma curva<br />

de procura que é<br />

o agregado das<br />

curvas de procura<br />

das várias lojas<br />

apresentar-se-á<br />

sempre como mais<br />

smooth. Isto significa que<br />

a variabilidade da procura<br />

gerida pelo armazém da loja gera<br />

um stock maior que a variabilidade da procura,<br />

menor, gerida por um stock posicionado<br />

num armazém central. Ora, esta lógica,<br />

acompanhada de maior visibilidade central<br />

sobre os movimentos de cada loja não só<br />

permite baixar stocks como também ganhar<br />

escala e reduzir custos. Adicionalmente,<br />

e muito embora sendo stocks activos em<br />

balanço são igualmente susceptíveis de<br />

se tornarem obsoletos, rodarem pouco


22<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

José Crespo de Carvalho<br />

pArA Além dA visibilidAde cenTrAl<br />

que se preTende sempre em cAdeiAs<br />

de AbAsTecimenTo, iniciou-se um<br />

movimenTo, um dos mAis imporTAnTes<br />

dos úlTimos Anos em supply chAin, que<br />

Foi o movimenTo de cenTrAlizAção de<br />

produTos e sTocks<br />

ou transformarem-se em monos. Se os<br />

tivermos em loja apenas perdemos com<br />

isso, pois temos mais e maior possibilidade<br />

de obsoletos espalhados pelo mercado e<br />

uma área que devia ser de venda, em zona<br />

premium, a servir de armazém. Assim, a ideia<br />

de stock como activo, sobretudo quando<br />

há prazos de validade e quebras, é sempre<br />

muito interessante desde que eles rodem<br />

e não expirem a validade e estejam aptos<br />

ao consumo. Stock a produzir dinheiro. Se à<br />

centralização dos stocks somarmos entregas<br />

centrais e não ao ponto de venda, o que<br />

permite reduzir custos ao fornecedor e cobrar<br />

ainda fees de centralização pelo distribuidor,<br />

temos uma situação quase só com vantagens.<br />

Poucos são hoje os produtos que não<br />

obedecem a uma lógica central: por questões<br />

de redução de custos (com stock em si e com<br />

área de armazenagem e tudo o que lhe está<br />

subjacente, inclusive pessoal), por questões<br />

de equalização de qualidade de serviço de<br />

entrega e por questões de homogeneidade de<br />

tempos de entrega procedendo a respostas<br />

rápidas a cada loja num sistema muito capaz<br />

de responder aos efeitos de procura em cada<br />

um dos locais de consumo - lojas”.<br />

O papel da Modis em tudo isto? Crespo<br />

de Carvalho não tem dúvidas: “para além da<br />

visibilidade central que se pretende sempre<br />

em cadeias de abastecimento”, iniciou-se<br />

um movimento, “um dos mais importantes<br />

dos últimos anos em supply chain, que foi o<br />

movimento de centralização de produtos e<br />

stocks”.<br />

A lógicA dA logísTicA<br />

José Costa Faria, professor e consultor<br />

na área, acompanhou no terreno todo<br />

este desenvolvimento e foi outro dos<br />

profissionais a quem pedimos auxílio neste<br />

regresso ao passado da logística. “Se não<br />

me engano, tratou-se do primeiro projecto<br />

de envergadura na centralização dos fluxos<br />

físicos dos fornecedores e no abastecimento<br />

à rede de lojas. Este conceito introduziu<br />

enormes eficiências operacionais nas diversas<br />

operações: transporte de aprovisionamento;<br />

operações de armazém; entregas nas lojas;<br />

melhor controlo dos inventários e gestão<br />

de stocks… As metodologias operacionais,<br />

administrativas e de gestão de informação<br />

introduzidas tiveram um efeito indutor de<br />

novas práticas mais eficientes na rede de<br />

fornecedores. Toda a cadeia de abastecimento


SCM Supply Chain Magazine 23<br />

foi impactada e todos os stakeholders tiveram<br />

que tornar-se mais eficientes e colocar a<br />

logística no centro das suas preocupações.<br />

Não é necessário apenas ter produto e preço. É<br />

imprescindível ter uma logística de qualidade.<br />

Os transportes também tiveram que aportar<br />

novas soluções: veículos multi-temperatura,<br />

prazos de entrega rigorosos, fluxo tenso, entre<br />

tantos outros. Outro aspecto importante foi<br />

que o retalho em geral foi um dos motores<br />

do desenvolvimento das práticas logísticas<br />

dos produtos de grande consumo. A logística<br />

nunca mais foi a mesma e a Modis teve aqui<br />

um papel pioneiro e inovador”, revela-nos<br />

no seu exercício de memória. Não esconde<br />

que todo este percurso não foi fácil. “Todos<br />

os que o viveram recordam momentos<br />

bons e momentos menos bons, mas esta é<br />

a característica dos projectos diferentes e<br />

inovadores”, acrescenta.<br />

no grupo dos pionEiros<br />

Paulo Sousa é director-geral da empresa<br />

Castros - Lighting Designers mas vestiu e<br />

suou a camisola Sonae durante mais de duas<br />

décadas e acompanhou também os primeiros<br />

passos da Modis, do projecto Log-In e da<br />

“revolução”.<br />

José Costa Faria<br />

“O meu trajecto na Modis (e Sonae<br />

Distribuição) que durou 22 anos e meio,<br />

começou em 1992 ainda estava eu no último<br />

ano do meu curso de Engenharia Mecânica<br />

na FEUP, tirando a especialização em<br />

Engenharia Industrial e Gestão”, começa por<br />

contar. Convém lembrar aqui que à época<br />

ainda não havia formação ou especialização<br />

em logística. Paulo cruza-se com o universo<br />

Sonae Distribuição numa das visitas de<br />

estudo no âmbito dessa especialização, que<br />

foi exactamente à Modis, após o que surge<br />

a oportunidade de integrar um programa<br />

de estágios. “Acabei por ser seleccionado<br />

e integrei a equipa Log-In em part-time<br />

enquanto finalizava o meu curso. Estávamos<br />

em Abril de 1992 e em Agosto acabei por<br />

assinar o meu primeiro contrato a tempo<br />

inteiro e ficar definitivamente na Modis”.<br />

Nos primeiros anos teve oportunidade de<br />

participar em toda a análise e planeamento<br />

da centralização logística, coordenar várias<br />

equipas logísticas na execução dessa<br />

centralização, incluindo a formação e<br />

coordenação da primeira equipa de Gestão de<br />

Transportes. “Após vários anos de coordenação<br />

mais operacional transitei para a área de<br />

desenvolvimento onde participei e coordenei<br />

vários projectos de melhoria das operações<br />

e que visaram uma notável modernização,<br />

As meTodologiAs operAcionAis,<br />

AdminisTrATivAs e de gesTão de<br />

inFormAção inTroduzidAs TiverAm um<br />

eFeiTo induTor de novAs práTicAs mAis<br />

eFicienTes nA rede de Fornecedores


24 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Paulo Sousa<br />

há Aqui pelo<br />

meio Todo<br />

um TrAbAlho<br />

AssenTe<br />

em horAs de<br />

Análise, observAção<br />

e pesquisA, de pArceriA<br />

com Fornecedores especiAlizAdos<br />

e com ouTrAs empresAs<br />

inTernAcionAis que já esTAvAm<br />

em esTágios muiTo AvAnçAdos<br />

relATivAmenTe à logísTicA<br />

automatização e aumento de produtividade<br />

dos vários processos logísticos, como a<br />

implementação de sistemas como Voice<br />

Picking, Labor Management, Automatismos de<br />

recepção e picking integrado, além de muitas<br />

outras inovações e desenvolvimentos que<br />

fizeram da Modis um exemplo de vanguarda<br />

na área da logística”, detalha Paulo Sousa.<br />

dorEs dE crEscimEnTo<br />

Há aqui pelo meio todo um trabalho assente<br />

em horas de análise, observação e pesquisa,<br />

de parceria com fornecedores especializados<br />

e com outras empresas internacionais que<br />

já estavam em estágios muito avançados<br />

relativamente à logística. “Lembro-me, por<br />

exemplo, de fazer estágios de semanas<br />

completas nos entrepostos e lojas da Tesco<br />

em Inglaterra, onde aprendemos muito e<br />

retirámos muito do know how que depois<br />

foi aplicado na nossa realidade e nos nossos<br />

projectos”, relembra este pioneiro.<br />

Mas há também as dores de crescimento.<br />

“Foi obviamente necessário rever todos os<br />

processos, reformular por completo tanto as<br />

estruturas existentes na altura, construção e<br />

reformulação de novos entrepostos, aquisição<br />

de equipamentos logísticos, bem como o<br />

reforço e formação de todas as equipas e<br />

das centenas de pessoas que foi necessário<br />

recrutar para este processo, alterar horários de<br />

trabalho e começar a laborar 24 horas x 7 dias<br />

por semana…”. A relação com os fornecedores<br />

também sofreu grandes alterações e<br />

necessitou do seu tempo para se ajustar, para<br />

que o trabalho conjunto começasse a dar os<br />

seus frutos: “por incrível que possa parecer,<br />

não foi fácil convencer alguns fornecedores<br />

que seria mais vantajoso fazerem entregas<br />

num só spot/entreposto ao invés de fazerem<br />

‘N’ entregas em várias lojas”, exemplifica Paulo<br />

Sousa.<br />

Uma história repleta de desafios tem<br />

também muitos momentos marcantes. Paulo<br />

Sousa partilha dois. “Recordo o primeiro<br />

Natal na Modis, após o início em força<br />

da centralização, em que dada a falta de<br />

estruturas e pessoal para tamanho volume<br />

de trabalho e mercadoria recepcionada, a<br />

logística teve que se reinventar e até um<br />

parque de estacionamento foi transformado<br />

em armazém provisoriamente para colocar as<br />

paletes que já não cabiam nos entrepostos. Foi<br />

talvez das alturas mais exigentes e cansativas<br />

que tive na minha vida logística! Outro<br />

episódio curioso foi quando começámos a<br />

instalar o voice picking. Muitos colaboradores<br />

achavam que tínhamos alguém escondido<br />

nos gabinetes a dar as instruções via voice<br />

e que não era o sistema automático a


SCM Supply Chain Magazine 25<br />

gerar o diálogo, apesar de obviamente lhes<br />

explicarmos que era uma nova e inovadora<br />

tecnologia. Alguns “reclamavam” mesmo no<br />

meio dos corredores via sistema auriculares/<br />

microfone com essas supostas pessoas quando<br />

não entendiam as mensagens”.<br />

Um projecto desta envergadura e<br />

desenvolvido num tempo em que nem<br />

formação específica na área existia em<br />

Portugal, não surpreende que a Modis e a<br />

Azambuja tenham sido marcantes para muitos<br />

profissionais, como é o caso de Paulo Sousa:<br />

“apesar de ter tirado o meu curso superior<br />

na FEUP, a minha verdadeira escola, aquela<br />

onde mais aprendi, onde ganhei resistências,<br />

onde ganhei amigos e que recordo como o<br />

local onde realmente me formei e moldei<br />

como profissional de logística foi a Modis.<br />

Definitivamente, no meu caso a Modis foi a<br />

grande ESCOLA da minha vida profissional”.<br />

os resulTAdos A que chegámos<br />

levArAm-nos A conTinuAr<br />

sempre de olhos posTos nA<br />

inovAção e nA liderAnçA<br />

em Todo esTe processo de<br />

desenvolvimenTo nA áreA<br />

logísTicA, liderAndo nA<br />

implemenTAção<br />

de váriAs<br />

soluções Ao<br />

longo dos<br />

Anos<br />

Luís Cruz<br />

“ThE bEsT is yET To comE”<br />

Luís Cruz sintetiza a evolução registada,<br />

explicando que “este foi o quadro da revolução<br />

logística que iniciámos com o nascimento dos<br />

nossos centros de distribuição, traccionando<br />

à nossa volta outros players a olharem para<br />

esta oportunidade de transformação gradual<br />

do retalho e distribuição em Portugal. Os<br />

resultados a que chegámos levaram-nos a<br />

continuar sempre de olhos postos na inovação<br />

e na liderança em todo este processo de<br />

desenvolvimento na área logística, liderando<br />

na implementação de várias soluções ao longo<br />

dos anos”.<br />

A mesma interpretação faz Costa Faria,<br />

para quem “o entreposto da Modis foi apenas<br />

o primeiro passo. A evolução que se seguiu<br />

até aos dias de hoje foi enorme, as práticas<br />

logísticas sofisticaram-se, a tecnologia está<br />

a chegar a um ritmo<br />

alucinante, a omnicanalidade<br />

e os seus desafios vieram para ficar, o<br />

conhecimento e as competências das pessoas<br />

da logística já estão a fazer a diferença e vão<br />

ser cada vez mais estruturantes”.<br />

Também a logística e cadeia de<br />

abastecimento da Sonae MC vive num<br />

contexto de constante transformação,<br />

especialização e enorme competitividade,<br />

o que eleva o nível dos desafios. O primeiro<br />

centro de distribuição compósito foi apenas<br />

um, mas talvez o motor do gigantesco<br />

desenvolvimento que posteriormente e ao<br />

longo dos anos tem vindo a desencadear-se.<br />

Aguardemos, porque a história da logística<br />

ainda está a acontecer e reescreve-se a cada<br />

novo dia para que o final seja feliz: cliente<br />

satisfeito. •


26<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

LOGÍSTICA<br />

Trajectória positiva<br />

“vAlEmos TAnTo quAnTo<br />

vAlEm os nossos cliEnTEs”<br />

O Grupo SIMAB (Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores) integra no seu universo<br />

e gere quatro mercados estrategicamente localizados para abastecer o país de Norte a<br />

Suơlň: Miİnœhīoŝ, Liİsƌbüoŝa, Alňeċnœtƙeċjłoŝ eċ AlňgĤarƄvƽeċ. EmőbüoŝrƄa nœa gĤéČnœeċsƌeċ hīajła uơmő fģoŝcýoŝ agĤrƄoŝ-alňiİmőeċnœtƙarƄ<br />

estas infra-estruturas são cada vez mais pólos logísticos de apoio à economia e às cadeias<br />

de abastecimento, em consonância com a evolução dos mercados e das necessidades das<br />

empresas.


SCM Supply Chain Magazine 27<br />

Texto: Dora Assis<br />

Fotos: Daniela Moço<br />

Rui Paulo Figueiredo preside ao Grupo<br />

SIMAB e, mesmo em contexto de<br />

pandemia, a entrevista foi presencial.<br />

Apesar de toda a adversidade que se vive,<br />

encontrámos um homem confiante, optimista<br />

e satisfeito, não só com as opções estratégicas<br />

de crescimento tomadas pelo lado do<br />

investimento, mas também pela consolidação<br />

sustentada das contas. Sobressai a confiança<br />

neste sector estratégico e a importância<br />

crescente das grandes plataformas logísticas.<br />

A conversa foi a que se segue.<br />

O SIMAB tem vindo a crescer nos últimos<br />

anos, tanto do ponto de vista operacional<br />

como ao nível dos indicadores financeiros.<br />

Como é que se explicam estes resultados?<br />

Rui Paulo Figueiredo – A trajectória tem sido<br />

consolidada, tanto no aumento do volume<br />

de negócios, como do resultado líquido, na<br />

diminuição da dívida e na melhoria de todos<br />

os restantes indicadores financeiros. E o<br />

ano de 2020, embora ainda com resultados<br />

previsionais, demonstra-o, e em termos de<br />

resultados líquidos poderá ser o melhor ano<br />

da história do Grupo SIMAB. Em primeiro lugar,<br />

tivemos ao longo dos últimos quatro anos<br />

e meio uma política comercial “agressiva”,<br />

por assim dizer, em termos de criação de<br />

valor e, contrariamente às perspectivas dos<br />

que entendem que o crescimento se faz,<br />

apenas e só, pela diminuição da despesa e<br />

do investimento, eu não partilho dessa ideia.<br />

O equilíbrio resulta de um mix. Portanto,<br />

aumentámos a nossa agressividade comercial<br />

nos negócios “core”; procurámos ainda no<br />

âmbito do Plano Estratégico que definimos<br />

de nos focarmos muito em perspectivas de<br />

crescimento na logística e nos transportes;<br />

criámos condições comerciais para fomentar<br />

o investimento privado nos nossos<br />

mercados, também investimos na criação<br />

de novos entrepostos, novos pavilhões e,<br />

em simultâneo, temos vindo a manter uma<br />

política de recuperação da capacidade<br />

produtiva depois de muitos e muitos anos em<br />

que não havia esse investimento. Ao mesmo<br />

tempo também temos incrementado aquilo<br />

que é a despesa operacional em termos da<br />

melhoria da qualidade do serviço prestado,<br />

contrabalançando com uma grande contenção<br />

da despesa noutras vertentes que se calhar<br />

não são tão fulcrais para o serviço ao cliente.<br />

E isso é que tem trazido estes resultados.<br />

Ou seja, temos aumentado o volume de<br />

negócios, temos mantido razoavelmente<br />

a despesa operacional, temos diminuído<br />

substancialmente a dívida e temos aumentado<br />

o resultado líquido. Em paralelo, o grau de<br />

satisfação dos nossos clientes e da procura<br />

têm vindo igualmente a crescer.<br />

Podemos traduzir esses resultados em<br />

números*?<br />

> Sim, claro. Diminuímos a nossa dívida<br />

financeira líquida nos últimos cinco anos de<br />

67 milhões de euros para 37, mesmo com todo<br />

este nível de investimento que temos vindo a<br />

realizar, e estamos a prever ter um resultado<br />

líquido que, ainda não estando totalmente<br />

fechado, será acima dos 5 milhões e 400 mil<br />

euros no grupo, ou até muito próximo dos 5<br />

milhões e meio de euros. Em 2019 – que já<br />

tinha sido o melhor ano de resultados líquidos<br />

de sempre na história do grupo – foram 5<br />

milhões e 7 mil euros. Por aqui dá para ver a<br />

dimensão da trajectória positiva que estamos<br />

a alcançar.


28 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

A evolução daquilo que na génese eram os<br />

mercados abastecedores tem vindo a evoluir. E<br />

o SIMAB soube vê-lo, acompanhá-lo e abrir-se<br />

ao mercado.<br />

> Os mercados abastecedores são plataformas<br />

logísticas de base agro-alimentar mas sim,<br />

hoje em dia são muito mais do que isso. Diria<br />

que são plataformas logísticas que mantêm o<br />

seu negócio central no sector horto-frutícola,<br />

nas mercearias secas, nas flores, no pescado<br />

e até noutros segmentos já de 4.ª gama mas<br />

que, entretanto, também souberam atrair<br />

outras componentes fortes da logística e dos<br />

transportes. E, lá está, foi há quatro anos e<br />

meio que nós o identificámos como um dos<br />

eixos estratégicos do nosso plano em termos<br />

de crescimento, e depois há uma pluralidade<br />

de actividades complementares que,<br />

aproveitando as condições, têm melhorado.<br />

Estou a pensar em termos de espaços de<br />

escritórios, de qualidade do serviço que é<br />

prestado, acessibilidades, mas acima de tudo<br />

a possibilidade de fazer negócios. Ou seja,<br />

hoje em dia quem escolhe os nossos mercados<br />

sabe que tem boas acessibilidades, espaços<br />

cada vez mais aprimorados, o mesmo se passa<br />

com os serviços, a que se junta o facto deste<br />

ecossistema também potenciar ainda que<br />

as empresas realizem entre si negócios e ao<br />

mesmo tempo incrementem o seu volume<br />

Todos os secTores e A economiA<br />

em gerAl ForAm AFecTAdos e<br />

senTirAm os eFeiTos dA pAndemiA e<br />

dA recessão, mAs é de sAlienTAr que<br />

esTes secTores ApresenTArAm umA<br />

resiliênciA muiTo inTeressAnTe e<br />

AssinAlável<br />

de negócios... Se olharmos para as empresas<br />

sediadas nos nossos mercados, estamos a falar<br />

de um universo responsável pela criação de<br />

mais de 7 mil empregos directos e de perto de<br />

2 mil milhões de euros em termos de volume<br />

de negócios. As empresas que procuram os<br />

nossos espaços têm esta dimensão e cada<br />

vez mais se focam numa boa dinâmica e no<br />

crescimento dos seus sectores no mercado<br />

nacional, mas o mercado internacional<br />

também é cada vez mais pujante, seja na<br />

importação e exportação de produtos, seja na<br />

actividade logística internacional.<br />

E os efeitos da pandemia, como foram?<br />

> Todos os sectores e a economia em geral<br />

foram afectados e sentiram os efeitos da<br />

pandemia e da recessão, mas é de salientar<br />

que estes sectores apresentaram uma<br />

resiliência muito interessante e assinalável,<br />

apesar de todos os problemas. Claro que teve<br />

que haver uma acção global ao nível da União<br />

Europeia para desbloquear algumas situações;<br />

claro que existem incrementos de custos em<br />

termos de importação/exportação, que todos<br />

conhecem, como a crise dos contentores, o<br />

preço dos mesmos, o facto de ficarem parados<br />

nalguns sítios por mais tempo por questões<br />

de desalfandegamento e outras; claro que os<br />

restaurantes e actividades complementares<br />

instaladas nos nossos espaços passam por<br />

dificuldades; claro que o sector das flores é<br />

dos que tem sentido mais dificuldades para<br />

resistir; claro que o sector do pescado, dos<br />

horto-frutícolas, das mercearias secas não<br />

foram imunes ao que está a acontecer no<br />

canal HORECA... mas mesmo com todos estes<br />

problemas, o sector aguentou bem e continua<br />

a apresentar bons resultados, a resistir e<br />

muitos deles a crescer. Sem dúvida que,<br />

nalguns casos, isto fica a dever-se ao aumento


SCM Supply Chain Magazine<br />

29<br />

Data de criação 1993<br />

Investimento 270 m€<br />

Mercados 4<br />

Área Total 181 hA<br />

Área Construída 40 hA<br />

Área de influência 4,6 milhõEs dE consumidorEs<br />

N.º de Operadores 1500<br />

N.º de Trabalhadores 6000<br />

Volume de Negócios 500 m€<br />

Toneladas Movimentadas 750 mil<br />

Área de Logística e Distribuição 40 %<br />

da compra electrónica, pois embora se<br />

mantenha uma actividade presencial grande,<br />

as pessoas foram chamadas a reinventar-se e a<br />

reinventar as formas de fazer negócio.<br />

Mas, como dizia, apesar de tudo os<br />

resultados são bons.<br />

> Eu costumo dizer que nós valemos tanto<br />

quanto valem os nossos clientes. Se eles<br />

estiverem bem, nós também estaremos bem e,<br />

se nós estivermos bem, conseguimos ajudá-los<br />

melhor e mais, de forma ágil e eficaz.<br />

Os mercados internacionais estavam<br />

na mira do SIMAB. Esse interesse ou esse<br />

posicionamento mantém-se?<br />

> Sim, mas esse é um dos sectores que<br />

foi fortemente impactado pela pandemia.<br />

Projectos que já tinhamos contratualizados<br />

ou que estavam em vias de o ser no mercado<br />

nacional têm sofrido atrasos e derrapagens.<br />

2020 foi um ano muito exigente do ponto<br />

de vista da operação, tanto pelo lado dos<br />

nossos colaboradores como dos prestadores<br />

de serviços. Foi difícil para todos eles, mas<br />

o nível de serviço e o nível de segurança da<br />

operação atingiu valores muito apreciáveis e<br />

reconhecidos. Do ponto de vista da actividade<br />

comercial, com a evolução da pandemia,<br />

não há condições para um nível adequado<br />

de desenvolvimento de novos projectos,<br />

tanto internacionais como nacionais. Fomos<br />

fazendo algumas coisas, nomeadamente com<br />

autarquias, mas são projectos que sofreram<br />

atrasos. Estamos a apoiar e desenvolver<br />

alguns projectos, estamos a contratualizar<br />

outros mas, de facto, antecipávamos em 2019<br />

que o ritmo de concretização seria mais célere.


30<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

esTAmos A FechAr o conTrATo<br />

pArA mAis um pAvilhão Aqui<br />

no mArl e mAis um pAvilhão<br />

em évorA de mAis 9 mil meTros<br />

quAdrAdos<br />

Ainda assim, a capacidade de resposta tem<br />

sido muito boa.<br />

> Tivemos que ir adaptando a operação,<br />

tivemos que ir aprendendo, tivemos<br />

que gastar mais em termos de despesa<br />

operacional, mas depois fomos compensando<br />

com a contenção noutro tipo de despesas.<br />

Gastámos mais em segurança privada, por<br />

exemplo. No MARL, com a dimensão que tem,<br />

cerca de 6 mil empregos directos e muitas<br />

vezes cerca de 15 a 20 mil pessoas a virem<br />

presencialmente, foi necessário recorrer à<br />

presença diária das forças de segurança para<br />

apoiar o cumprimento de todas as regras e<br />

legislação durante a operação; gastámos<br />

mais em limpeza e desinfecção exterior e<br />

interior; mas depois, e em compensação, com<br />

um projecto que desenvolvemos passámos<br />

de um nível de reciclagem quase inexistente<br />

para 40%; com bons contratos e com a<br />

monitorização tecnológica que vamos fazendo<br />

diminuímos o consumo de electricidade... Para<br />

contrabalançar o aumento das despesas que<br />

eram mesmo essenciais e que nem sequer<br />

podemos pensar em poupar porque têm<br />

impacto directo no nosso nível de serviço,<br />

fomos diminuindo as restantes e, por isso, é<br />

que atingimos esse resultado líquido que no<br />

global deverá representar um crescimento<br />

ligeiramente acima dos 9%. Para o ano que se<br />

viveu no mundo, penso que é um muito bom<br />

resultado.<br />

Dos investimentos em curso ou previstos, o<br />

que é que salientaria?<br />

> Várias coisas. Construímos no MARL tudo<br />

o que é inerente a uma eco área; concluímos<br />

um novo pavilhão que já está a ser utilizado<br />

pela DPD em Faro; temos investimentos<br />

privados a decorrer nos nossos mercados<br />

e também em conclusão, como é o caso<br />

de um pavilhão de 3 mil metros quadrados<br />

da Frutorbel; está em finalização também<br />

no MARL mais 7 mil metros quadrados da<br />

empresa Torrestir; estamos a fechar o contrato<br />

para mais um pavilhão aqui no MARL e<br />

mais um pavilhão em Évora de mais 9 mil<br />

metros; há negociações em curso ao nível


SCM Supply Chain Magazine 31<br />

da logística e dos transportes e além disso<br />

também continuámos com o nosso plano de<br />

investimentos naquilo que não se vê mas é<br />

fundamental e que faz parte do investimento<br />

na reposição da nossa capacidade produtiva.<br />

Estou a falar, por exemplo, do investimento<br />

no reforço dos pavimentos em Évora e Faro,<br />

modificámos as instalações eléctricas de Évora<br />

para separar as unidades de negócio; temos<br />

investido tanto aqui no MARL como em Braga<br />

ao nível da reposição das coberturas e eu<br />

diria que nos últimos cinco anos já renovámos<br />

perto de 80% das coberturas dos edifícios;<br />

estamos a criar no MARL um espaço que visa<br />

melhorar as condições dos nossos prestadores<br />

de serviços; estamos a investir com a Loures<br />

Inova, IPTrans e ANTRAM num simulador<br />

para dar formação; vamos ter um espaço que<br />

será uma loja do Loures Inova que já reúne<br />

mais de 40 projectos de startups, que já têm<br />

produtos e até já vendem para cadeias de<br />

distribuição; concluímos uma nova loja de<br />

apoio e um auditório... e poderia continuar<br />

por aí fora. Estamos com muita actividade de<br />

investimento privado, com muita actividade<br />

de reposição da capacidade produtiva, pois<br />

temos que contínua e progressivamente<br />

melhorar as infra-estruturas existentes,<br />

que entroncam na qualidade do serviço e<br />

ao mesmo tempo ir desenvolvendo novos<br />

projectos, nomeadamente do ponto de vista<br />

tecnológico. •<br />

* À data da realização da entrevista as contas de 2020<br />

ainda não estavam fechadas.


32 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Texto: Ana Paiva<br />

Fotos: INEOS<br />

LOGÍSTICA<br />

Gestão integrada da<br />

supply chain<br />

plAnEAr, gErir E AnAlisAr dE<br />

rAiz A cAdEiA<br />

logísTicA<br />

A INEOS Auơtƙoŝmőoŝtƙiİvƽeċ dĄeċcýiİdĄiİuơ eċsƌtƙabüeċlňeċcýeċrƄ<br />

uơmőa pƁarƄcýeċrƄiİa cýoŝmő oŝ INEGI cýoŝmő oŝ oŝbüjłeċcýtƙiİvƽoŝ<br />

de permitir, desde o arranque, uma operação<br />

o mais optimizada possível. Desta parceria<br />

surge então a oportunidade de planear, gerir e<br />

analisar de raiz a cadeia logística da submarca<br />

dĄoŝ gĤrƄuơpƁoŝ INEOS, cýoŝmő a cýoŝnœsƌuơlňtƙoŝrƄiİa dĄoŝ INEGI.<br />

O<br />

Grupo INEOS, fundado em 1998, abrange<br />

as áreas da petroquímica, desporto e,<br />

recentemente, o sector automóvel do<br />

qual, em 2017, resultou a submarca INEOS<br />

Automotive.<br />

Como se encontra numa fase primária da sua<br />

actividade, a marca tem agora a oportunidade<br />

de desenhar os processos de raiz e escolher os<br />

sistemas de informação mais adequados aos<br />

processos. Desta forma, a INEOS Automotive<br />

decidiu estabelecer uma parceria com o INEGI<br />

que lhe permitiu “mapear os requisitos técnicos<br />

dos processos relacionados com a supply chain,


SCM Supply Chain Magazine<br />

33<br />

tendo depois realizado um benchmarking<br />

de mercado que permitiu alinhar entre as<br />

necessidades e as funcionalidades que cada<br />

solução oferece, e construído uma shortlist<br />

de fornecedores/soluções”, refere Pedro<br />

Vasconcelos, procurement & supply chain<br />

expert da INEOS Automotive. O objectivo seria<br />

permitir, desde o arranque, uma operação o<br />

mais optimizada possível.<br />

Da parte do INEGI foi, não só “um orgulho<br />

termos conquistado este projecto de<br />

consultoria para Portugal”, como também<br />

“uma experiência muito enriquecedora pelo<br />

facto de se tratar de um cliente pertencente a<br />

um grupo multinacional e de grande prestígio<br />

cuja supply chain é de grande dimensão e<br />

complexidade”, conta Gisela Santos, gestora<br />

do projecto no INEGI. Além disso, por se<br />

tratar de uma indústria automóvel, mostrouse<br />

uma experiência diferenciadora por ser<br />

uma área de “elevado rigor processual” que<br />

carece de processos robustos e devidamente<br />

suportados em sistemas informáticos capazes<br />

de representar, facilitar, optimizar e rastrear em<br />

tempo real todas as actividades operacionais.<br />

Como explica a responsável, o desenho dos<br />

processos da supply chain no início do projecto<br />

encontravam-se numa fase greenfield, dada<br />

a juventude da organização. Desta forma, a<br />

experiência no terreno e as competências<br />

da equipa do INEGI na gestão da cadeia<br />

de abastecimento foi “decisiva para suprir<br />

o facto de os requisitos dos processos se<br />

encontrarem numa fase muito embrionária”.<br />

O INEGI elaborou uma shortlist de soluções e<br />

vendors com a melhor resposta aos requisitos<br />

específicos da INEOS para processos distintos.<br />

Assim, a INEOS iniciou o processo de RFQ “com<br />

a confiança de que qualquer solução que venha<br />

a ver seleccionada suportará da forma mais<br />

adequada a supply chain da INEOS Automotive”.<br />

proAcTivos Em vEz<br />

dE rEAcTivos<br />

A INEOS Automotive implementou um ERP<br />

comum a todo o grupo. Segundo Gisela<br />

Santos, as organizações tendem, por norma,<br />

a seleccionar módulos e funcionalidades<br />

associados ao seu ERP para suporte dos<br />

processos operacionais e da supply chain.<br />

Contudo, tendo em conta as necessidades<br />

de optimização e simulação, bem como<br />

a complexidade dos processos da supply<br />

chain, nem sempre essa extensão do ERP é<br />

a solução mais adequada para o utilizador e<br />

gestor da supply chain. As Advanced Supply<br />

Chain Planning Systems (APS’s) são soluções<br />

construídas de raiz para dar suporte à<br />

optimização da supply chain e assentam em<br />

algoritmos avançados. São ainda intuitivas<br />

e user friendly permitindo uma gestão<br />

por excepção. Estas soluções são de fácil<br />

integração pois ao serem “stand alone” têm<br />

de ser capazes de integrar facilmente com<br />

qualquer ERP. “Dada a arquitectura dos<br />

sistemas de informação se encontrar em<br />

umA experiênciA muiTo<br />

enriquecedorA pelo FAcTo<br />

de se TrATAr de um clienTe<br />

perTencenTe A um grupo<br />

mulTinAcionAl e de grAnde<br />

presTígio cujA supply chAin<br />

é de grAnde dimensão e<br />

complexidAde<br />

Giİsƌeċlňa Sanœtƙoŝsƌ, INEGI


34<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

aberto, a equipa de supply chain da INEOS<br />

Automotive pretendeu determinar qual<br />

seria a melhor solução do mercado para a<br />

digitalização de todos os processos da supply<br />

chain”, explica a gestora do projecto. Assim,<br />

a empresa poderia optar “por uma solução<br />

ERP based ou por uma APS de referência<br />

que apresentasse comparativamente um<br />

melhor grau de resposta aos requisitos de<br />

suporte dos processos da sua supply chain”,<br />

complementa.<br />

A cadeia de abastecimento da produção de<br />

um veículo automóvel é extensa e complexa,<br />

o que requer uma grande fiabilidade da<br />

informação disponível tanto para permitir ter<br />

informação em tempo real dos movimentos<br />

físicos, como para prever e minimizar o<br />

impacto de eventuais disrupções na cadeia<br />

de fornecimento, de acordo com Pedro<br />

Vasconcelos. “Além disso, o nosso objectivo<br />

é ter soluções adaptáveis e que permitam<br />

ser modificadas ou substituídas, pois dentro<br />

de alguns anos poderemos ter necessidades<br />

diferentes das actuais e pretendemos poder<br />

alterar os nossos sistemas sem impacto nas<br />

operações”, acrescenta.<br />

Desta forma, pode-se concluir que a<br />

tecnologia tem um papel fundamental nas<br />

operações das empresas e até pode ser um<br />

auxílio para melhor lidar com impactos<br />

de factores externos, como o caso da<br />

pandemia de COVID-19. “Possuir ferramentas<br />

tecnológicas permite também aceder a<br />

informação fiável e poder reagir a essa<br />

evolução [pandemia]”, refere o responsável.<br />

Além disso, ao optimizar as operações, estas<br />

ferramentas permitem que as operações<br />

sejam mais sustentáveis financeiramente<br />

e ecologicamente. “Nos nossos dias, a<br />

informação e o tempo não são apenas uma<br />

vantagem competitiva. São essenciais para<br />

todas as empresas. Temos de ter informação<br />

em tempo real e, assim, conseguir prever o<br />

que vai acontecer para sermos proactivos e<br />

não reactivos”, conclui Pedro Vasconcelos.<br />

Por sua vez, Gisela Santos afirma que<br />

“uma gestão integrada da supply chain<br />

tem de assentar em processos e sistemas<br />

de informação integrados”. Actualmente<br />

já assistimos a investimentos na indústria<br />

4.0, nomeadamente na automatização e<br />

digitalização dos processos industriais e<br />

também nas operações logísticas se tem<br />

verificado esta aposta por parte de líderes


SCM Supply Chain Magazine<br />

35<br />

nos nossos diAs, A inFormAção<br />

e o Tempo não são ApenAs<br />

umA vAnTAgem compeTiTivA.<br />

são essenciAis pArA TodAs<br />

As empresAs. Temos de Ter<br />

inFormAção em Tempo reAl e,<br />

Assim, conseguir prever o que<br />

vAi AconTecer pArA sermos<br />

proAcTivos e não reAcTivos<br />

Pedro Vasconcelos<br />

INEOS Auơtƙoŝmőoŝtƙiİvƽeċ<br />

globais das indústrias ou sectores mais<br />

exigentes. Contudo, a maturidade tecnológica<br />

das pequenas e médias empresas no que<br />

diz respeito às operações logísticas, ainda<br />

é baixa, segundo a gestora do projecto,<br />

“é frequente encontrarmos gargalos<br />

significativos nas operações logísticas, com<br />

potenciais ganhos exponenciais, devido<br />

a processos pouco robustos e a um baixo<br />

suporte tecnológico”, conta. Actualmente<br />

a utilização de suportes informáticos não<br />

é apenas uma questão de fiabilidade e<br />

visibilidade sobre as operações logísticas,<br />

mas também uma forma de competitividade<br />

para as empresas, uma vez que a informação<br />

é em tempo real e transversal a toda a<br />

organização e, no limite, à sua cadeia de<br />

abastecimento, segundo Gisela Santos. •<br />

Centro Logístico da LPR, Warrington, Inglaterra<br />

Red is<br />

making<br />

things<br />

easier<br />

Com a LPR consegue facilmente gerir as suas<br />

encomendas e monitorizar os seus stocks online<br />

A LPR apresenta as soluções adequadas para uma gestão mais eficiente do<br />

seu parque de paletes. Todos os nossos serviços logísticos e de gestão de<br />

informação são automáticos. Para além disso, no nosso Portal poderá<br />

facilmente acompanhar toda a sua atividade: visualizar os fluxos de paletes,<br />

encomendas, stocks, inspeções de qualidade, rentabilizando tempo, espaço<br />

físico e custos de transporte. Para mais informações visite a LPR.eu<br />

A pallet is red, red is a pallet


36<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Texto: Ana Paiva<br />

PROCUREMENT<br />

Pandemia relevou<br />

a importância das<br />

compras nas empresas<br />

“é nos TEmpos diFícEis quE sE<br />

vê A FibrA dAs pEssoAs E dAs<br />

orgAnizAçõEs”<br />

Emő Juơnœhīoŝ dĄeċ 2020, Joŝãùoŝ Boŝtƙeċlňhīoŝ<br />

foi eleito presidente da Associação<br />

Portuguesa de Compras e<br />

ApƁrƄoŝvƽiİsƌiİoŝnœamőeċnœtƙoŝ (APCADEC). Nuơmő<br />

ano tão atípico como o que se viveu,<br />

devido à pandemia, procurámos<br />

saber como foi assumir o cargo, não<br />

sƌóŞ cýoŝmő tƙoŝdĄoŝsƌ oŝsƌ dĄeċsƌafiǟoŝsƌ gĤeċrƄadĄoŝsƌ pƁeċlňa<br />

COVID-19, mas também conhecer o<br />

que já se alcançou e as mudanças que<br />

vƽiİeċrƄamő pƁarƄa fiǟcýarƄ.


SCM Supply Chain Magazine 37<br />

2020 não foi propriamente o melhor<br />

ano para assumir a liderança da APCADEC.<br />

Como é que tem sido conduzir os destinos da<br />

associação num momento particularmente<br />

difícil, mas também desafiante, como o que<br />

vivemos?<br />

João Botelho – Efectivamente, 2020 não foi o<br />

melhor ano para assumir o que quer que fosse,<br />

mas para nós foi um desafio adicional porque<br />

tivemos de fazer tudo remotamente, mas tem<br />

sido muito gratificante e muito desafiante<br />

porque estamos a ter resposta dos nossos<br />

associados e dos nossos parceiros. Temos<br />

conseguido mais associados e mais parceiros<br />

e, portanto, tem sido muito compensador. E<br />

como já estamos tão habituados a trabalhar<br />

neste registo, acreditamos que a passagem<br />

para um mundo mais ou menos normal vá<br />

potenciar ainda mais todas as vantagens para<br />

os nossos associados.<br />

Foi necessário fazer alguns ajustes ao<br />

plano inicial e às linhas-mestras que a nova<br />

direcção tinha definido?<br />

> Não, não foi necessário. A direcção regese<br />

por três linhas mestras. A primeira passa<br />

por aumentar a proposta de valor para os<br />

associados; a segunda tem a ver com formação<br />

e com certificação, ou seja, promover mais<br />

e melhor formação para os profissionais de<br />

procurement, bem como a certificação dos<br />

profissionais de procurement; e, por último,<br />

as parcerias e reconhecimento, que tem por<br />

objectivo aumentar a importância percebida,<br />

não só das organizações de compras como dos<br />

seus profissionais. Obviamente que estes três<br />

pilares têm que ser sustentados por um rigor<br />

financeiro na gestão da associação, garantindo<br />

que existem meios para fazer tudo aquilo que<br />

queremos fazer.<br />

Nova direcção, nova imagem e novo<br />

logótipo... a APCADEC está a entrar numa<br />

nova fase da sua história?<br />

> Acredito que sim. Esta direcção pretende<br />

que a APCADEC aumente a sua notoriedade<br />

junto dos profissionais de compras e<br />

junto das empresas, e isso traduz-se pela<br />

implementação dos três pilares estratégicos<br />

já referidos anteriormente. Pensamos que<br />

estamos no caminho certo, mas ainda há<br />

muita coisa a fazer.<br />

Têm sido tempos desafiantes para todos e<br />

em particular para as compras e procurement.<br />

Enquanto presidente da APCADEC mas<br />

também enquanto profissional, que avaliação<br />

faz do impacto que a pandemia teve e ainda<br />

está a ter na função e nas pessoas?<br />

> A pandemia veio mostrar a importância<br />

que as compras têm dentro das organizações<br />

porque, de repente, lembramo-nos que é<br />

preciso comprar um conjunto de materiais<br />

que, pouca gente ou ninguém conhece ou<br />

sabe comprar. Esta situação resultou no facto<br />

de as empresas se apoiarem ainda mais nas<br />

áreas de compras e nos seus profissionais para<br />

fazer face a estas necessidades e conseguir<br />

suprir estas necessidades de fornecimentos.<br />

Claramente que esta pandemia mostrou que<br />

os profissionais de compras têm, cada vez<br />

mais, relevância dentro das organizações.<br />

Temos conseguido mAis<br />

AssociAdos e mAis pArceiros<br />

e, porTAnTo, Tem sido muiTo<br />

compensAdor


38 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Esta realidade atípica revelou fragilidades,<br />

mas também tem aspectos positivos. Que<br />

ensinamentos há a retirar para as compras,<br />

tanto privadas como públicas?<br />

> Eu diria que as maiores fragilidades que<br />

existem são a falta do contacto directo<br />

entre as pessoas, a partilha em tempo-real<br />

e cara-a-cara bem como o networking entre<br />

os profissionais. Ainda assim, creio que o<br />

grande ensinamento a retirar é que é possível!<br />

Temos mostrado resiliência e muita eficiência.<br />

Claramente o mundo está cada vez digital e as<br />

compras estão na ‘crista da onda’ deste novo<br />

mundo. Veja-se que as empresas não pararam<br />

de fazer as suas compras e isso deveu-se a<br />

esta digitalização, que se materializa entre<br />

outras iniciativas pela adopção em larga<br />

escala das ferramentas de contratação<br />

electrónica, tanto por entidades públicas<br />

como privadas. Acho que esse é o grande<br />

ensinamento.<br />

Haverá uma outra forma de olhar a<br />

profissão no pós-pandemia?<br />

> Penso que sim. É nos tempos difíceis que<br />

se vê a fibra das pessoas e das organizações.<br />

Por várias conversas que tenho tido com<br />

outros profissionais de compras, percebe-<br />

-se que as organizações estão a olhar para<br />

a área de compras de uma forma diferente,<br />

isto é, estamos a conseguir mostrar o valor<br />

que aportamos para as operações e para a<br />

continuidade do negócio das organizações.<br />

E agora no pós-pandemia, haverá algo que<br />

possa ser feito de outra forma?<br />

> Muita coisa, mas não é só em relação às<br />

compras. É transversal. Por um lado, vamos<br />

perceber que é possível haver um modelo<br />

de trabalho híbrido e que permite não só as<br />

empresas terem ganhos de eficiência, veja-se,<br />

por exemplo o caso do tempo de deslocação<br />

casa-trabalho-casa, mas por outro lado,<br />

garantir que está tudo a funcionar, e que<br />

funciona bem. Percebemos que num regime<br />

integral de teletrabalho fomos resilientes e<br />

continuamos a entregar, pelo que, acredito<br />

que num regime híbrido vamos tirar o máximo<br />

de partido das vantagens de cada regime,<br />

teletrabalho e trabalho no escritório.<br />

diriA que As mAiores FrAgilidAdes<br />

que exisTem são A FAlTA do<br />

conTAcTo direcTo enTre As pessoAs,<br />

A pArTilhA em Tempo-reAl e cArA-A-<br />

-cArA bem como o neTworking<br />

enTre os proFissionAis


SCM Supply Chain Magazine<br />

39<br />

A função e as equipas sairão reforçadas<br />

desta crise? Se sim, em que aspectos?<br />

> Eu acho que o regime misto vai reforçar as<br />

equipas. A necessidade de distanciamento<br />

físico durante tanto tempo, irá, na minha<br />

opinião, potenciar todas as iniciativas de<br />

contacto directo e presencial entre as equipas.<br />

Ainda assim, e enquanto tal não é possível<br />

é importante garantir algumas actividades<br />

de “proximidade”, todas elas virtuais, como<br />

por exemplo o ‘café virtual’ ou uma conversa<br />

mais descontraída de fim de tarde entre a<br />

equipa. Quando estamos num regime híbrido<br />

conseguimos ter a eficiência de estar em<br />

teletrabalho e por isso mais focados, mas por<br />

outro lado, faz-nos falta esta vertente humana<br />

de interacção que vai poder ser colmatada<br />

com o regime híbrido.<br />

quAndo esTAmos num regime híbrido<br />

conseguimos Ter A eFiciênciA de<br />

esTAr em TeleTrAbAlho e por<br />

isso mAis FocAdos, mAs por ouTro<br />

lAdo, FAz-nos FAlTA esTA verTenTe<br />

humAnA de inTerAcção<br />

Acaba até por dinamizar o contacto entre as<br />

equipas e motivá-las.<br />

> Claro, que é o que está a fazer falta. As<br />

equipas estão a funcionar, a comprar e a<br />

comprar bem, mas faz falta este contacto<br />

humano, seja uma troca de experiências que<br />

é possível também ser online, mas com tantas<br />

ferramentas que temos disponíveis, acabamos<br />

por dispersar, e não nos é possível ser tão<br />

eficientes. •<br />

ACADEMIA DE FORMAÇÃO EM SUPPLY CHAIN<br />

Cursos estruturados à medida,<br />

realizados em formato<br />

ONLINE Live-Training,<br />

mediante as necessidades<br />

da sua empresa.<br />

Fique a conhecer todas as<br />

formações e saiba mais em:<br />

powered by<br />

www.supplychainmagazine.pt/flow<br />

Logística Compras Operações


40<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

PROCUREMENT<br />

“Mande vir”,<br />

Sr. Procurement<br />

do “mAndA vir”<br />

Ao sourcing<br />

EsTrATégico<br />

Nunca comprar esteve “tão à mão”.<br />

De qualquer modo, não convém<br />

comprar “do pé para a mão”. É<br />

necessário fazê-lo “com pés e<br />

cabeça”. Ditados à parte, este artigo<br />

terá de tudo “como na farmácia”,<br />

inclusive o (bom) humor do seu<br />

autor.<br />

Caro leitor – e quando falo de leitor refiro-o<br />

sempre sem discriminação de género…<br />

- confesso que não sei muito bem como<br />

vos apresentar este artigo para o qual fui<br />

desafiado. O meu gosto pela escrita fica<br />

toldado, ou desgovernado, consoante o tema<br />

que me é colocado. Este, sobre o qual hoje vos<br />

escrevo, começou (… o quê, ainda existe?) com<br />

o célebre: ”… é preciso isto, chefe! OK, manda<br />

vir...”


SCM Supply Chain Magazine 41<br />

cAlmA. TEnhAmos cAlmA.<br />

Texǃto: Miguel Silva, Senior Consultant SCM, Logistics, Procurement<br />

Estou a provocar, claro, pois isto jamais<br />

acontece. Tocam-me o braço aqui, deste lado,<br />

para que eu escreva também que… nunca<br />

aconteceu. É isso mesmo, nunca. Mas… o<br />

nunca, tal como os opostos, assemelham-se<br />

ao COVID-19, sempre à espreita, prontos a<br />

desrespeitar qualquer procedimento. É assim,<br />

somos (e seremos) humanos.<br />

As organizações evoluíram. Não são<br />

já as do passado. Por muito que Heskett<br />

tenha referido há cerca de 50 anos as<br />

“generalidades” sobre o pipeline logístico,<br />

tudo, a cada momento da evolução<br />

organizacional, teve e tem sempre como “pano<br />

de fundo”, fortes constrangimentos, sejam<br />

eles internos (a maioria dos operacionais) ou<br />

externos (a maioria dos estratégicos).<br />

A função “compras” foi sempre uma área<br />

à qual nunca, até muito recentemente,<br />

se deu o devido valor. A palavra “compra”<br />

(comprar, ser comprador, o “eu faço compras”)<br />

é - atrevo-me a dizer - a mais pontapeada<br />

em todo o espectro logístico. A confusão<br />

instala-se a cada momento que aprovisionar,<br />

reaprovisionar, reposição se juntam “ao<br />

barulho”. E que barulho, por vezes…<br />

Acabou de chegar o Sr. Procurement que vai<br />

por tudo isto na ordem. Quem é ele? Boa ou<br />

má pessoa e… será que é confiável? Melhor<br />

estarmos atentos, não é? Suponho que sim.<br />

Como com tudo e a tudo.<br />

Comecemos pelo início e enquadremos<br />

o ambiente mais exigente – o industrial.<br />

Comprar é uma necessidade. Abastecer a<br />

produção de modo a cumprir o PDP (Plano<br />

Director de Produção) estabelecido, tem<br />

uma regularidade e exigências contínuas de<br />

qualidade e de (no) serviço. Temos que gerir<br />

stocks, não é? Correto. Temos que garantir<br />

fiabilidade no abastecimento, no ciclo<br />

produtivo e, posteriormente na distribuição<br />

esperando… zero reclamações. Até agora,<br />

estamos em sintonia? Claro que sim (confio em<br />

si, caro leitor).<br />

E depois, e… depois veio o COVID-19<br />

(… falo desta origem de disrupção, como<br />

poderia falar de qualquer outra: um conflito<br />

militar, uma transição governamental hostil<br />

ou golpe de Estado, fenómenos naturais,<br />

etc.) que condicionou, em maior ou menor<br />

escala, todo o supply side das empresas. O<br />

constrangimento não esteve, está ou estará a<br />

100% na origem da disrupção, mas, também,<br />

no “trabalho de casa” não efetuado que<br />

deveria ter equacionado vários cenários às<br />

fontes de abastecimento (… as quais, há muito,<br />

estavam em trânsito para a China, Índia,<br />

Turquia e outros potentes manufacturers) com<br />

a devida antecedência.<br />

A Função “comprAs” Foi sempre<br />

umA áreA à quAl nuncA, ATé muiTo<br />

recenTemenTe, se deu o devido vAlor


42 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

é preciso ver no procuremenT<br />

umA AcTividAde de enorme vAlor<br />

AcrescenTAdo e criTicidAde<br />

Aceitam-se sugestões! No entanto, mais que<br />

ter um Departamento de Logística, Compras,<br />

Supply Chain ou qualquer outro epíteto formal<br />

(por vezes mais que funcional…) é preciso ver<br />

no Procurement uma actividade de enorme<br />

valor acrescentado e criticidade que, quando<br />

corretamente estabelecida - definidos os perfis<br />

funcionais e responsabilidades da/pela equipa<br />

- poderá trazer preciosos savings.<br />

Por um lado, (de)ter competências e<br />

uma forte e consolidada estrutura que, de<br />

modo contínuo, propicie a “localização” de<br />

alternativas através de uma busca (sourcing)<br />

proactivo e, neste âmbito, balizando<br />

cabalmente o conhecimento do(s) produto(s)<br />

- Category Manager – das suas especificações<br />

e das ferramentas tecnológicas de suporte<br />

à rápida busca de informação através dos<br />

conhecidos modos, formais de RFI/RFP/<br />

RFP. Integrando, no contacto de “busca”, um<br />

modo eficiente de atuação podemos “numa<br />

cajadada só” rapidamente chegar a uma shortlist<br />

integrada (full requirements match) e,<br />

simultaneamente, alimentar a nossa “poll” de<br />

fornecedores por tipo / categoria de produtos.<br />

Agilizar este processo é uma “obrigação”<br />

a cada momento que… por isso e a cada<br />

momento, prepara o futuro de uma rápida<br />

resposta e idêntica(s) necessidade(s).<br />

Resumindo: Sourcing » Gestão de<br />

Fornecedores » Contrato (e sua gestão) -<br />

para produtos e fornecedores estratégicos é<br />

vital - e o modo como tudo isto se processa,<br />

deverá ser “clínico”. A esta primeira fase do<br />

Procurement chamamos o “source to contract”.<br />

Surge pois (mais) fácil que, recolhidas as<br />

informações e formalizada a “relação” de<br />

abastecimento, não deva ser uma opção, mas<br />

sim uma obrigação, a colocação das mesmas<br />

em ambientes partilháveis. E de seguida?<br />

De seguida já veremos. Mas antes frisar que<br />

tudo isto mais o que virá em trabalho da<br />

“Procurement Team”.<br />

Já temos bem definido o “onde comprar”<br />

(podem, agora, dizer mesmo “comprar”<br />

pois aqui, sim aqui, houve com certeza<br />

uma negociação) – e além do fornecedor<br />

contratado, duas (dizem as boas práticas)<br />

alternativas de fornecimento. (…) Não<br />

esquecer uma regular análise dos principais<br />

mercados de abastecimento vs. SKU´s com<br />

maior rotação, utilizando p.e. uma análise<br />

PEST(LE) (…).<br />

Bem, estou a chegar ao final do número<br />

de caracteres e palavras que me autorizam a<br />

colocar neste artigo, pelo que, o “outro lado”<br />

do Procurement – o que vai da requisição<br />

/ pedido interno até ao pagamento ao<br />

fornecedor (sim, a tempo… de preferência e<br />

conforme o… contratado) ficará para um novo<br />

artigo que, pessoalmente, me comprometo a<br />

escrever em breve.<br />

Fica uma sugestão: organizemo-nos,<br />

saibamos comunicar com as pessoas e<br />

preparemos as nossas empresas para gerir as<br />

exceções como exceções, e não como regra.<br />

Urge (urge mesmo!) clareza na definição<br />

de perfis funcionais que (re)conheçam o<br />

seu âmbito de atuação, objetivos e que,<br />

devidamente motivados, possam, a cada dia,<br />

(man)ter o seu foco rumo a… resultados.<br />

E agora estou de acordo: “mandem vir”…<br />

refiro-me, ao Sr. Procurement! •


SCM Supply Chain Magazine 43


44 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

PROCUREMENT<br />

Casos inspiradores de<br />

Procurement em 2020<br />

Texto: Fábio Santos<br />

10 cAsos dE<br />

procurEmEnT quE<br />

inspirArAm Em<br />

EmőbüoŝrƄa alňgĤuơmőasƌ eċmőpƁrƄeċsƌasƌ tƙeċnœhīamő<br />

conseguido dar a volta à pandemia e<br />

rƄeċcýuơpƁeċrƄarƄ dĄoŝsƌ dĄanœoŝsƌ sƌoŝfģrƄiİdĄoŝsƌ, oŝ anœoŝ 2020<br />

fiǟcýoŝuơ mőaiİoŝrƄiİtƙarƄiİamőeċnœtƙeċ mőarƄcýadĄoŝ pƁeċlňa<br />

negativa. Como tal, o Procurement Leaders<br />

partilhou alguns casos inspiradores,<br />

cýoŝnœcýrƄeċtƙamőeċnœtƙeċ 10. E uơmő dĄeċlňeċsƌ éČ pƁoŝrƄtƙuơgĤuơêĐsƌ!<br />

O<br />

destaque feito teve em conta factores<br />

como os níveis de inovação, de<br />

colaboração e criação de valor atingidos<br />

num ano de maior necessidade. Fique a<br />

conhecer a selecção da Procurement Leaders e<br />

deixe-se levar pela inspiração.


SCM Supply Chain Magazine 45<br />

1 IBM: Alavancar a tecnologia<br />

para mapear a cadeia de<br />

abastecimento e gerir o risco<br />

O surto de coronavírus despoletou a<br />

importância que tem a visibilidade na cadeia<br />

de abastecimento, envolvendo diferentes<br />

níveis de fornecedor. Graças ao forte<br />

mapeamento da cadeia de abastecimento<br />

e à gestão de risco da IBM, apoiadas em<br />

ferramentas da Resilinc, a tecnológica norteamericana<br />

conseguiu manter-se no topo da<br />

perturbação e manter os seus componentes<br />

em movimento durante esta crise.<br />

2 A abordagem da comunidade à<br />

diversidade de fornecedores<br />

2020 foi também um ano marcado pela<br />

injustiça racial e diversidade, e isso fez<br />

com que algumas funções olhassem mais<br />

para os seus programas de diversidade de<br />

fornecedores, verificando se estes estavam<br />

a ser respeitados. O Procurement Leaders<br />

destaca que a comunidade em geral deu<br />

grandes passos em frente, mas que ainda<br />

existem lições para aprender e impulsionar o<br />

progresso.<br />

3 Enel: Introduzindo inspecções<br />

inovadoras de fornecedores<br />

remotos digitais utilizando óculos<br />

inteligentes<br />

Visto que a pandemia impediu as empresas<br />

de fazerem inspecções às instalações<br />

de fornecedores, a Enel adoptou uma<br />

iniciativa inovadora para fazer essas visitas<br />

remotamente, através do uso de óculos<br />

inteligentes.<br />

4 A abordagem da comunidade<br />

para comunicar durante a crise<br />

Durante uma crise é bastante importante<br />

comunicar, e mais ainda num sector<br />

que envolve muitas áreas da cadeia de<br />

abastecimento e uma proximidade aos<br />

parceiros, como é o caso do Procurement.<br />

Foi durante a pandemia que a função<br />

ganhou novos alicerces e desenvolveu<br />

esforços adicionais no sentido de garantir<br />

que a informação crítica era partilhada em<br />

momentos críticos, com as pessoas certas.<br />

5 UCB: Transformar a função para<br />

o sucesso futuro<br />

A equipa de compras da UCB avançou<br />

relativamente à curva de transformação<br />

em 2020, dando uma nova forma à função<br />

e retirando os processos ou estruturas que<br />

a estivessem a abrandar. Isto posicionou-a<br />

mais próxima ao negócio, o que permite que a<br />

função se centre na entrega de valor.<br />

6 Fidelidade: Monitorização dos<br />

riscos financeiros sem grande<br />

investimento<br />

O caso português destacado pelo<br />

Procurement Leaders é o da Fidelidade,<br />

e contextualiza que a monitorização dos<br />

riscos financeiros dos fornecedores será uma<br />

actividade significativa para a grande maioria<br />

das funções em <strong>2021</strong>. Nesse sentido, defende<br />

que a companhia portuguesa mostrou que se<br />

pode fazer muito apesar de tudo, e proteger<br />

verdadeiramente o negócio.


46<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

7 MOL Group: Definição de alvos<br />

funcionais para alinhar com o<br />

c-suite<br />

A função de compras está sob constante<br />

pressão para demonstrar o seu valor à<br />

empresa, e em 2020 essa ideia permaneceu.<br />

No caso do MOL Group, empresa húngara<br />

do sector petrolífero, a área de Procurement<br />

da empresa partilhou como actualiza<br />

regularmente os seus objectivos para se<br />

manterem alinhados com os objectivos<br />

estratégicos mais amplos da empresa,<br />

demonstrando o compromisso com o sucesso<br />

da mesma.<br />

8 Roche: Construir um hackathon<br />

para impulsionar a digitalização<br />

A equipa de compras da Roche procurou<br />

uma forma de avançar rapidamente para a<br />

digitalização, mas em vez de adoptar uma<br />

rota tradicional procuraram uma forma<br />

diferente: através de uma hackathon (também<br />

conhecida por hackaton), que consiste num<br />

brainstorming de programadores informáticos,<br />

tendo por base princípios ágeis que viram<br />

ideias desenvolvidas a partir do negócio, e que<br />

já estão a incorporar novas soluções digitais<br />

no negócio.<br />

9 Philips: Segmentação de<br />

fornecedores para direccionar os<br />

esforços de sustentabilidade<br />

Apesar da pandemia, a sustentabilidade<br />

manteve-se no topo da agenda, uma vez<br />

que os conselhos de administração, clientes<br />

e investidores continuaram a insistir na<br />

importância que tem a responsabilidade<br />

social. A Philips elaborou um método único<br />

para segmentar fornecedores e direccionar os<br />

seus esforços para que fossem mais eficazes,<br />

procurando incentivá-los e envolverem-se<br />

mais ao invés de os verem como descartáveis.<br />

10 Sainsbury’s: trabalhar com<br />

líderes funcionais para reduzir<br />

estrategicamente os custos<br />

Uma das funções do Procurement envolve<br />

a busca de novas formas de economizar, mas<br />

chega a um ponto em que já não dá para<br />

cortar mais custos em coisas simples e o<br />

departamento de compras tem de começar a<br />

ser mais criativo nas formas de criar valor. A<br />

Sainsbury’s foi um desses casos, tendo criado<br />

dois novos exercícios para ajudar os líderes<br />

das suas divisões a pensar de forma diferente<br />

sobre que gastos são verdadeiramente<br />

necessários e o que poderia ser eliminado.•


SCM Supply Chain Magazine 47<br />

Outsourcing Logístico<br />

Serviços<br />

Descarga e receção de mercadorias Conferência e arrumação Manipulações e<br />

Recondicionamento Etiquetagem Co-packing Kitting Picking e Embalamento<br />

Cross-docking Carregamento e Expedição de Mercadorias Carga e Descarga de Contentores<br />

Operações “One-shot” (campanhas) Controlo de Qualidade Realização de inventários<br />

Gestão de Devoluções Controlo e Manutenção de Suportes de Manuseamento<br />

Tratamento de Vasilhame e Resíduos<br />

Um grande grupo.<br />

www.grupoconstant.com


48 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Plataforma<br />

RFID promove a<br />

sustentabilidade<br />

Texto: Fábio Santos<br />

Fotos: Bionix<br />

visibilidAdE dE A<br />

a z<br />

Cada vez mais os consumidores preocupam-<br />

-se com a sustentabilidade dos produtos que<br />

compram e procuram associar-se a marcas<br />

que também se mostrem ambientalmente<br />

responsáveis. As tecnologias de informação<br />

vêm dar um empurrão e ter uma visão total<br />

sobre a cadeia de abastecimento, desde a<br />

origem das matérias-primas ao consumidor<br />

fiǟnœalň, pƁasƌsƌoŝuơ a sƌeċrƄ uơmőa rƄeċalňiİdĄadĄeċ.


SCM Supply Chain Magazine 49<br />

No sector têxtil e vestuário já foram<br />

desvendados vários casos de exploração de<br />

trabalho infantil ou de impactos negativos<br />

para o ambiente com milhares de toneladas<br />

de resíduos a serem desperdiçadas todos os<br />

anos (sendo a indústria da moda a segunda<br />

maior poluente), e por vezes envolvendo<br />

fornecedores de tiers elevados, gerando<br />

polémicas com as marcas finais. As empresas<br />

passaram a procurar novas formas de passar<br />

essa informação, de identificar esses casos e<br />

de restringir as suas negociações.<br />

A espanhola Bionix, desenvolveu uma<br />

tecnologia proprietária para alavancar<br />

a sustentabilidade e a visibilidade das<br />

cadeias de abastecimento das empresas,<br />

utilizando a tecnologia RFID. “A tecnologia<br />

RFID tem uma variedade de aplicações para<br />

agilizar processos e melhorar a cadeia de<br />

abastecimento de todos os tipos de indústrias”,<br />

explica a empresa.<br />

visibilidAdE dA inFormAção<br />

A indústria da moda foi uma das primeiras<br />

a ver o potencial desta tecnologia,<br />

especialmente eficaz em actividades que<br />

movimentam grandes quantidades de<br />

mercadorias em pouco tempo, como no<br />

retalho.<br />

Ao nível da rastreabilidade, a possibilidade<br />

de identificar e de localizar os movimentos<br />

de cada item em questão de segundos<br />

facilita e acelera a gestão de stocks nas lojas,<br />

entrada e saída de mercadorias na fábrica e<br />

o abastecimento nos centros logísticos. De<br />

acordo com a Bionix, esta tecnologia também<br />

já tem uma relevância especial na economia<br />

circular, sendo uma tecnologia extremamente<br />

útil para marcas que desenvolvem planos de<br />

A TecnologiA rFid Tem umA<br />

vAriedAde de AplicAções pArA<br />

AgilizAr processos e melhorAr<br />

A cAdeiA de AbAsTecimenTo de<br />

Todos os Tipos de indúsTriAs<br />

Bionix<br />

sustentabilidade e desejam atingir esse nível<br />

de transparência para com os seus clientes.<br />

A Cixxonia é a plataforma desenvolvida<br />

e que usa esta tecnologia para gerar toda<br />

a informação necessária de modo a que o<br />

cliente consiga aceder a toda a informação<br />

disponível e que possa considerar necessária<br />

ponderar ainda antes do acto de compra,<br />

desde o início da cadeia (matéria-prima) até à<br />

loja, através de um código QR disponível na<br />

etiqueta do produto.<br />

Para aceder a toda a informação o cliente<br />

apenas tem de digitalizar o código QR e<br />

irá ser encaminhado para uma página que<br />

disponibilizará dados como a informação<br />

sobre a marca, as instruções de cuidado<br />

do vestuário, recomendações para reduzir<br />

o impacto ambiental, informação sobre os<br />

materiais que o compõem e a sua origem,<br />

informação da fábrica, etc.


50 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

dA origEm Ao consumidor<br />

De modo a conseguirem obter este resultado,<br />

a Bionix explica que o produtor da matéria-<br />

-prima, antes do envio das mercadorias para<br />

os fabricantes, inclui nas caixas um etiqueta<br />

RFID com informações sobre o material, como<br />

por exemplo o tipo e a origem (fábrica, nome<br />

do fabricante e detalhes da peça de vestuário).<br />

“Como a plataforma Cixxonia recolhe<br />

o que se preTende é A TrAnspArênciA,<br />

que o consumidor sAibA o que esTá<br />

A comprAr, e AindA incenTivAr A<br />

circulAridAde<br />

Bionix<br />

informações de todos os pontos de verificação<br />

que o item em particular passou, é capaz de<br />

gerar um etiqueta com toda a informação do<br />

item, desde a origem das matéria-primas até à<br />

chegada à loja”, comenta ainda a Bionix.<br />

Chegadas ao fabricante, este lê o conteúdo<br />

e toda a informação da caixa através do<br />

túnel RFID e passa à produção de peças de<br />

vestuário, nas quais incorpora uma etiqueta<br />

RFID com todas as informações relativas ao<br />

lote de fabrico e às matérias-primas com que<br />

foi fabricado. Assim, o produto já sai da fábrica<br />

com uma etiqueta RFID que contém toda a<br />

informação relativa à produção daquele item.<br />

Depois as peças chegam ao centro de<br />

distribuição, onde o pedido é verificado através<br />

dos dados RFID, ainda antes de serem enviados<br />

para a loja ou para o cliente final. A Cixxonia<br />

vai registando cada ponto por onde passou<br />

um item em particular, acumulando essa<br />

informação para a gerir no momento e poder<br />

apresentá-la ao consumidor final. Para maiores<br />

garantias de fiabilidade, na loja a informação<br />

é novamente verificada através de um<br />

dispositivo manual de leitura, no sentido de<br />

confirmar que o pedido se encontra correcto.<br />

“O cliente pode consultar através do código<br />

QR da sua etiqueta todas as informações<br />

necessárias. Desta forma, o que se pretende<br />

é a transparência e que o consumidor saiba<br />

o que está a comprar, e ainda incentivar a<br />

circularidade, prolongar a vida útil das peças<br />

de vestuário ou dar melhor uso a todas aquelas<br />

que já não utilizamos, vendendo-as, doando-as<br />

ou reciclando-as”, comenta ainda a fonte.<br />

“Pensámos em fornecer o nosso grão de<br />

areia para transformar a indústria da moda<br />

numa indústria mais sustentável, transparente<br />

e circular que gera um impacto positivo<br />

no nosso planeta e nas pessoas”, conclui a<br />

Bionix.•


SCM Supply Chain Magazine 51<br />

INTRALOGÍSTICA<br />

Tendências logísticas<br />

para <strong>2021</strong><br />

Texǃto: Nuno Pereira da Silva, CBRE Portugal<br />

Director de Advisory & Transaction<br />

para a área Industrial e de Logística<br />

quATro TEndênciAs quE vão<br />

mArcAr A logísTicA<br />

Em <strong>2021</strong><br />

A logística foi o segmento imobiliário menos afetado pela pandemia<br />

e provavelmente aquele que mostra, não só resiliência, como um<br />

sƌiİgĤnœiİfiǟcýatƙiİvƽoŝ pƁoŝtƙeċnœcýiİalň dĄeċ cýrƄeċsƌcýiİmőeċnœtƙoŝ dĄadĄoŝ oŝ cýoŝnœtƙeċxǃtƙoŝ atƙuơalň. Na<br />

CBRE acýrƄeċdĄiİtƙamőoŝsƌ qƃuơeċ eċxǃiİsƌtƙeċmő qƃuơatƙrƄoŝ gĤrƄanœdĄeċsƌ tƙeċnœdĄêĐnœcýiİasƌ qƃuơeċ vƽãùoŝ<br />

mőoŝlňdĄarƄ eċ iİmőpƁacýtƙarƄ oŝ sƌeċtƙoŝrƄ jłá a pƁarƄtƙiİrƄ dĄeċ <strong>2021</strong>.


52 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

1. Os arrendamentos de espaços logísticos<br />

deverão aumentar: antes da pandemia,<br />

diversos operadores logísticos estavam<br />

a delinear ou tinham mesmo em curso<br />

estratégias que exigiam a ocupação de<br />

novos espaços. A pandemia e o crescimento<br />

do comércio online vieram acelerar esses<br />

processos, bem como criar novas necessidades<br />

operacionais.<br />

No que diz respeito à grande logística,<br />

também vínhamos a assistir a uma tentativa<br />

de implementação, por parte dos operadores<br />

logísticos, de estratégias de reestruturação e<br />

consolidação das suas atividades, procurando<br />

espaços de grande dimensão (superiores<br />

a 50.000 m2). Nos últimos dois anos,<br />

observámos operações de grande dimensão<br />

no setor alimentar que cremos que, em <strong>2021</strong>,<br />

se estenderão ao setor não alimentar.<br />

Adicionalmente, as quebras verificadas<br />

na cadeia de abastecimento durante a<br />

pandemia realçaram a dependência de<br />

Portugal face ao exterior, nomeadamente<br />

a Espanha, evidenciando a necessidade de<br />

criar hubs logísticos em Portugal, ou seja, o<br />

desenvolvimento do nearshoring, facto que<br />

nos permite antecipar a ocorrência de alguns<br />

movimentos nesse sentido ao longo de <strong>2021</strong>.<br />

Existe atualmente uma procura bastante<br />

robusta para espaços de logística que excede<br />

os 350.000 m2 em Lisboa. Esta procura<br />

inclui espaços para a logística de last mile,<br />

assim como armazéns com áreas de grande<br />

dimensão. Prevemos assim que o nível de<br />

absorção em <strong>2021</strong> exceda largamente o<br />

verificado em 2020, nomeadamente em<br />

Lisboa.<br />

2. Rendas irão aumentar mas só em<br />

localizações próximas dos grandes centros<br />

urbanos: apesar da escassez de imóveis<br />

disponíveis para arrendamento e da<br />

pressão causada pelo aumento dos custos<br />

de promoção, não prevemos alterações na<br />

renda prime da grande logística ao longo<br />

de <strong>2021</strong>, a qual deverá manter-se em 3,75€/<br />

m2/mês na zona do Carregado-Azambuja.<br />

Observamos que os operadores logísticos<br />

continuam a ter uma enorme resistência a<br />

aumentos de renda, verificando-se, inclusive<br />

em alguns casos, a opção pela construção<br />

dos seus próprios espaços.<br />

Pelo contrário, uma acentuada escassez<br />

de oferta face a uma elevada procura para<br />

logística de last mile, aliada aos elevados<br />

custos dos terrenos e a uma maior incerteza<br />

e flexibilidade relacionada com as operações<br />

de last mile, irá provocar um acréscimo do<br />

valor das rendas junto às grandes zonas<br />

urbanas. Estima-se um aumento na ordem<br />

dos 10%, para aproximadamente 5€/m2/mês,<br />

na zona da Grande Lisboa.


SCM Supply Chain Magazine 53<br />

3. ‘Fato à medida’ vai prevalecer mas<br />

vão surgir mais projetos de construção<br />

especulativa: uma das grandes tendências<br />

que se antevê são as soluções ‘fato à<br />

medida’, que têm sido uma realidade<br />

constante e até predominante no setor<br />

imobiliário logístico nos últimos anos<br />

em Portugal. Esta tendência resulta<br />

essencialmente de três fatores: a objetiva<br />

falta de oferta do nosso mercado;<br />

a racionalização dos custos, pelos<br />

operadores logísticos, decorrente do<br />

controlo integral do processo imobiliário,<br />

nomeadamente, a aquisição de terrenos<br />

e construção; e a possibilidade dos<br />

operadores logísticos adaptarem o projeto<br />

imobiliário às especificidades da sua<br />

operação, desenvolvendo os respetivos<br />

espaços de acordo com a realidade da sua<br />

atividade, o que lhes permitirá alcançar<br />

vantagens competitivas.<br />

Contudo, começamos a assistir ao<br />

aparecimento de diversos projetos de<br />

construção especulativa de grande<br />

qualidade, o que, a médio prazo, deverá<br />

provocar o abrandamento do investimento<br />

pelos operadores logísticos em soluções<br />

de construção de ‘fato à medida’.<br />

4. Conversão de unidades industriais<br />

desativadas: outra grande tendência<br />

para a qual o setor tem vindo despertar<br />

é a requalificação de unidades industriais<br />

desativadas, concretamente, espaços<br />

industriais localizados junto das grandes<br />

cidades – e, em alguns casos, inseridos<br />

na malha urbana – que estão devolutos e<br />

abandonados e desprovidos de qualquer<br />

utilidade económica, urbanística e social.<br />

Esta solução é vista com agrado pelos<br />

diferentes interessados, nomeadamente as<br />

autarquias e outras entidades públicas, que<br />

encontram nesta ação uma forma de viabilizar<br />

a requalificação desses espaços, contribuindo<br />

a sua requalificação para dar corpo a novos<br />

enquadramentos urbanísticos, atrair atividades<br />

económicas e criação de emprego, além de<br />

trazer maior sustentabilidade ambiental<br />

e paisagística aos centros urbanos. Mas<br />

também o promotor/investidor, que vê nestes<br />

espaços uma forma de assegurar o volume de<br />

construção existente, de diminuir os prazos de<br />

licenciamento urbanístico, de reduzir os custos<br />

de construção com o reaproveitamento das<br />

estruturas dos edifícios existentes, quando tal<br />

se mostre possível, e de assegurar projetos<br />

em localizações prime. E ainda os ocupantes,<br />

pela possibilidade de desenvolverem as suas<br />

operações e redes de distribuição em locais<br />

estratégicos, próximos dos centros urbanos,<br />

beneficiando das sinergias que estes espaços<br />

trazem às suas atividades.<br />

Esta última tendência é, aliás, a que se<br />

apresenta como a melhor solução para a<br />

oferta de espaços para operações de logística<br />

last mile devido à especial proximidade<br />

ao consumidor final, impulsionando o<br />

investimento no mercado imobiliário logístico<br />

em <strong>2021</strong>. •


54 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Texto: Fábio Santos<br />

TECNOLOGIAS<br />

Distribuição<br />

farmacêutica de<br />

last mile<br />

“o digiTAl,<br />

à dATA dE hojE,<br />

é EsTAr junTo<br />

dAs pEssoAs”<br />

Acompanhando a necessidade<br />

desenvolvida a partir da pandemia e a<br />

tendência crescente do e-commerce, o<br />

Grupo ADDO lançou este ano o serviço<br />

“Nossa Farmácia”, uma plataforma digital<br />

qƃuơeċ pƁeċrƄmőiİtƙeċ aoŝ cýlňiİeċnœtƙeċ fiǟnœalň rƄeċcýeċbüeċrƄ oŝsƌ<br />

seus medicamentos em casa. Baseando-<br />

-se na Farmácia do Futuro, o grupo quer<br />

mőoŝdĄeċrƄnœiİzǎarƄ oŝ acýeċsƌsƌoŝ dĄoŝ cýlňiİeċnœtƙeċ fiǟnœalň aoŝ<br />

medicamento, com entregas em casa e<br />

encomenda remota.<br />

Logo no início de 2020, em Estado de<br />

Emergência e em confinamento, o recurso<br />

ao digital e a procura das entregas ao<br />

domicílio para os mais diversos produtos e<br />

artigos foi o caminho natural. No entanto, no<br />

que tocava à saúde e ao medicamento ainda<br />

havia caminho para fazer e pouca experiência.<br />

A Nossa Farmácia chegou em <strong>2021</strong>, um<br />

serviço ao qual as farmácias do Grupo ADDO<br />

podem aderir para aumentarem a presença<br />

nacional e conseguirem servir todos os<br />

clientes em Portugal Continental, contando<br />

o grupo com mais de 270 espalhadas pelo<br />

país. Ao aderir ao serviço, cada farmácia tem<br />

acesso a um backoffice onde acompanha as<br />

suas encomendas, havendo ainda uma equipa<br />

central para fazer todo o apoio às farmácias e<br />

clientes finais.<br />

“O digital, à data de hoje, é estar junto das<br />

pessoas”, começa por afirmar Marcos Marques,<br />

administrador executivo da ADDO Pharm,<br />

explicando de seguida que “a pandemia veio<br />

acelerar os desenvolvimentos que tínhamos<br />

previstos no portal. Em termos de entregas,


SCM Supply Chain Magazine 55<br />

a pandemia despertou a necessidade de<br />

uma entrega mais rápida, que iremos<br />

oferecer brevemente”, acrescenta. Segundo<br />

o responsável, a ideia de “farmácia do<br />

futuro” que serve como directriz: “é aquela<br />

que dá resposta a cada cliente, de forma<br />

personalizada, independentemente do canal”.<br />

Nesse sentido, Marcos Marques conta que<br />

“temos tido uma adesão muito positiva para os<br />

primeiros dias, tendo em conta que ainda não<br />

lançámos qualquer comunicação directa ao<br />

cliente final, a nível nacional”.<br />

o cAnAl FArmáciA dispõe de<br />

logísTicA muiTo AdApTAdA<br />

à enTregA de produTos nA<br />

FArmáciA, não esTAndo, por<br />

AgorA, bem prepArAdos pArA<br />

enTregAs lAsT mile


56<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

AdApTAr A logísTicA Ao cAnAl<br />

Ao nível da logística, o administrador<br />

executivo corrobora a ideia de que “o canal<br />

farmácia dispõe de logística muito adaptada à<br />

entrega de produtos na farmácia, não estando,<br />

por agora, bem preparados para entregas<br />

last mile”, mas defende que no projecto<br />

Nossa Farmácia “a logística é complexa e tem<br />

sido desenvolvida com os parceiros que se<br />

comprometeram na melhoria de todo o fluxo”.<br />

Neste momento, “as maiores dificuldades<br />

são ao nível técnico pela falta de preparação<br />

dos softwares das farmácias para comunicar<br />

de forma automática com outras plataformas”,<br />

explica Marcos Marques.<br />

O processo vai-se dividir em duas fases: a<br />

primeira envolvendo a presença e construção<br />

de identidade no mundo digital, e a segunda<br />

na adaptação das lojas físicas. “Nesta primeira<br />

fase, o sortido da Nossa Farmácia apenas<br />

inclui MNSRM (Medicamentos Não Sujeitos a<br />

Receita Médica) e outros produtos de saúde”,<br />

explica o responsável, no entanto, esperam<br />

que até ao final do ano já tenham conseguido<br />

implementar esse processo, na segunda fase.<br />

Os pedidos são feitos exclusivamente via<br />

site, ou brevemente através de uma APP para<br />

Android ou IOS, e a empresa espera que “o<br />

cliente tenha uma experiência online que<br />

reflicta a experiência que tem nas farmácias<br />

físicas”. No acto da compra o cliente deve<br />

seleccionar a farmácia preferida para a<br />

recolha, tendo sempre em conta que deverá<br />

respeitar as legislações impostas às entregas<br />

limitadas ao concelho. Após este processo é<br />

despoletada uma ordem de encomenda para o<br />

armazém central, que prepara a encomenda e<br />

a entrega na farmácia seleccionada, podendo<br />

o cliente escolher entre recolher na farmácia<br />

(como pick-up point ou click and collect) ou<br />

entrega em casa.


SCM Supply Chain Magazine<br />

57<br />

mAior visibilidAdE E AlcAncE<br />

Marcos Marques explica que a aposta no<br />

e-commerce procura obter um maior alcance<br />

e chegar assim a mais clientes, mas também<br />

que “as farmácias tenham a possibilidade<br />

de vender os seus produtos a nível nacional<br />

debaixo de uma única marca, concentrando o<br />

esforço de comunicação para os seus clientes”,<br />

e que tenham uma maior visibilidade,<br />

capacidade de gerar tráfego e competir com<br />

players de grande dimensão.<br />

Ao estarem na plataforma A Nossa<br />

Farmácia, as farmácias aderentes passam a<br />

ter vários benefícios a diversos níveis, entre<br />

eles a gestão de produtos e fornecedores, e<br />

através do backoffice da plataforma podem<br />

acompanhar as suas encomendas e métricas<br />

do negócio, validar a recepção dos produtos<br />

encomendados pelos clientes, gerar os<br />

pedidos para agendamento da expedição,<br />

aceder ao tracking da encomenda nos CTT,<br />

aceder à factura emitida para o cliente e até<br />

mesmo utilizar o seu stock local para agilizar<br />

o processo de envio, recebendo depois a<br />

reposição do fornecedor.<br />

“Consoante a disponibilidade de stock<br />

de cada farmácia, é possível garantir o<br />

serviço click and collect no próprio dia.<br />

Brevemente disponibilizaremos ainda um<br />

serviço de entrega em poucas horas nas<br />

principais cidades do país”, acrescenta ainda o<br />

administrador executivo. •


58 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

TECNOLOGIAS<br />

Tendências <strong>2021</strong><br />

oporTunidAdE<br />

ou sobrEvivênciA ?


SCM Supply Chain Magazine 59<br />

Fonte: Cargofive<br />

A pandemia vivida marcou<br />

consideravelmente o sector<br />

de logística e, principalmente,<br />

o transporte marítimo, que<br />

está intimamente ligado ao<br />

desenvolvimento económico,<br />

às cadeias de abastecimento<br />

e ao consumo. Devido a esses<br />

efeitos, as estratégias de negócios<br />

tiveram de se concentrar em<br />

evitar tantas incertezas e alcançar<br />

uma adaptação rápida diante<br />

de mudanças iminentes. Assim,<br />

apresentaremos as tendências<br />

que qualquer director de logística<br />

dĄeċvƽeċrƄá tƙeċrƄ eċmő cýoŝnœtƙa pƁarƄa <strong>2021</strong>.<br />

As tendências de <strong>2021</strong> para o sector de<br />

logística são claramente influenciadas<br />

pelo avanço das novas tecnologias<br />

próprias da Indústria Marítima 4.0 e da era<br />

digital. Tendo como prioridade conseguir uma<br />

logística flexível e adaptável às mudanças,<br />

a digitalização é iminente, pois dá-nos o<br />

impulso de que precisamos para alcançá-la.<br />

Novos perfis profissionais:<br />

especialistas digitais<br />

Para garantir uma gestão eficiente da<br />

digitalização, é essencial contar com líderes<br />

que possuam as competências e habilidades<br />

necessárias para realizá-la. Estes perfis serão<br />

cada vez mais exigidos e promovidos no sector<br />

da logística tendo em conta as novas formas de<br />

trabalho para <strong>2021</strong>.<br />

Logística verde e uso de energia<br />

alternativa<br />

Alcançar uma logística sustentável é cada<br />

vez mais necessário e exigido à medida que<br />

aumenta a preocupação com a redução da<br />

poluição do ar, do solo e da água derivada das<br />

suas atividades logísticas. Por isso, utilizar<br />

veículos eléctricos, matérias-primas obtidas<br />

em processos sustentáveis, embalagens<br />

biodegradáveis, materiais reaproveitados e<br />

promover a economia de energia continuará a<br />

ser uma tendência este ano.<br />

Em resposta, surgiram soluções<br />

automatizadas para armazéns, escritórios e até<br />

portos que reduzem o consumo de energia e<br />

alcançam um alto desempenho na cadeia de<br />

abastecimento.


60 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Inteligência Artificial e a Internet<br />

das Coisas<br />

Hoje podemos encontrar Inteligência Artificial<br />

(IA) em várias áreas da nossa vida pessoal e<br />

profissional. No sector da logística também<br />

se faz conhecer, pois graças a ela podemos<br />

optimizar tempos, agendar embarques com<br />

custos menores e melhores rotas. A Internet<br />

das Coisas (IoT), por outro lado, permite uma<br />

interconexão entre cada um dos envolvidos na<br />

cadeia de abastecimento, o que reduz custos<br />

operacionais e oferece maior visibilidade<br />

na monitorização do transporte. Estas duas<br />

tecnologias são especialmente úteis para<br />

aquelas empresas que desejam prever o<br />

comportamento do mercado, tendências<br />

de consumo e selecção de rotas, bem como<br />

antecipar mudanças.<br />

Big Data e análise de dados<br />

Com um uso eficiente da informação, melhores<br />

serviços podem ser oferecidos aos clientes e<br />

o Big Data, ou seja, a colecta, processamento<br />

e análise de uma grande quantidade de<br />

dados, fornece informações valiosas para<br />

isso. Além disso, também é possível analisar o<br />

desempenho, identificar pontos de melhoria<br />

e adoptar medidas que ajudem a aumentar a<br />

produtividade.<br />

lidar com informações muito valiosas para<br />

as empresas. Como resposta à segurança<br />

cibernética, a tecnologia blockchain surgiu<br />

há alguns anos e continuará a ser uma das<br />

tendências em <strong>2021</strong> no setcor da logística.<br />

Esta tecnologia aumenta a agilidade e a<br />

segurança, facilitando a comunicação entre<br />

os diversos agentes que compõem a cadeia<br />

de abastecimento e, com isso, elimina erros,<br />

fornecendo e transparência para todas as<br />

partes envolvidas.<br />

Personalização ou Central de<br />

Atendimento<br />

Os clientes continuarão a pedir cada vez mais<br />

customização, por isso, as empresas devem<br />

agora pensar nisso como mais uma estratégia<br />

corporativa que agrega valor aos serviços<br />

oferecidos e permanece competitiva. Assim,<br />

o Centro de Atendimento ao Cliente será uma<br />

área cada vez mais necessária dentro das<br />

empresas de logística, que deverá ser composta<br />

por especialistas no acompanhamento das<br />

etapas do potencial cliente para determinar<br />

quando e como lá chegar. Aqui também será<br />

necessário aproveitar as informações geradas<br />

na análise de dados para formar um plano de<br />

ação coerente com cada perfil.<br />

A nuvem, cibersegurança e<br />

blockchain<br />

Devido ao isolamento, o uso da nuvem como<br />

um canal para partilhar informações entre<br />

diferentes partes tem aumentado, mas essa<br />

troca exige mais segurança, pois estamos a<br />

Ano novo, novas mudanças. Devemos<br />

estar preparados para enfrentá-lo da melhor<br />

maneira possível. As tendências de <strong>2021</strong> para<br />

o sector de logística dão-nos uma ideia melhor<br />

de como fazê-lo acompanhando os avanços<br />

tecnológicos. •


SCM Supply Chain Magazine<br />

61<br />

PODE O COMPLEXO<br />

SER DESCOMPLICADO?<br />

Pode na Microsegur, empresa nacional especialista<br />

na concepção, desenvolvimento, implementação<br />

e manutenção de soluções e serviços integrados<br />

de engenharia e alta tecnologia na área da segurança<br />

electrónica de pessoas, bens e instalações.<br />

O Grupo, fundado há 23 anos, desenvolve soluções<br />

para a Indústria, Aeroportos, Defesa, Portos,<br />

Ferrovias, Infraestruturas Críticas, Energia, Oil & Gas.<br />

A Microsegur possui o saber e experiência para<br />

com a máxima eficácia e eficiência, enfrentar<br />

todo e qualquer desafio na área da segurança<br />

electrónica, cibernética e transformação<br />

digital que a sua empresa necessite.<br />

Sem complicações ou preocupações, à medida<br />

do seu negócio e “chave-na-mão”.<br />

Consulte-nos em www.microsegur.pt<br />

e descomplique o complicado.<br />

Soluções integradas de tecnologia e segurança<br />

desde 2010<br />

desde 2008 desde 2010


62 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

TRANSPORTE<br />

As grandes<br />

transformações<br />

em curso<br />

TrAnsporTE digiTAl<br />

O transporte, elemento fundamental das cadeias de transação de<br />

bens, está à beira de uma transformação digital que promete mudar<br />

a sƌuơa rƄeċalňiİdĄadĄeċ eċ dĄasƌ eċmőpƁrƄeċsƌasƌ qƃuơeċ sƌaiİbüamő eċxǃpƁlňoŝrƄarƄ oŝ sƌeċuơ pƁoŝtƙeċnœcýiİalň.<br />

Abordemos então algumas dessas áreas mais promissoras.


SCM Supply Chain Magazine<br />

63<br />

Texǃto: José Moreira, Supply Chain & Operations Director<br />

condução AuTónomA<br />

A Condução Autónoma é, incontornavelmente,<br />

uma tecnologia que prende o nosso imaginário<br />

e que promete transformar radicalmente<br />

a indústria. É algo que se tem falado de<br />

forma crescente, especialmente a partir<br />

de 2016, muito pelo destaque da Waymo<br />

(Google/Alphabet) e Otto (Uber) que se<br />

apresentavam como as mais promissoras na<br />

área. Desde então, algumas outras empresas<br />

têm partilhado desse protagonismo, como a<br />

TuSimple e Daimler mas apenas uma coisa é<br />

ainda clara – ainda é cedo para apontar uma<br />

empresa, tecnologia ou modelo vencedor.<br />

Começaremos com rotas bem definidas e<br />

controladas, possíveis de mapear digitalmente,<br />

tais como autoestradas? Ou iremos atacar<br />

diretamente a última milha? Há apostas e<br />

empresas em cada um do espectro e milhares<br />

de kms a serem percorridos diariamente para<br />

desenvolver estas soluções piloto.<br />

As vantagens parecem ser, para já, o<br />

ponto mais claro desta digitalização.<br />

Poderemos esperar custos de transporte<br />

mais competitivos pela redução do custo de<br />

mão-de-obra e aumento da taxa de utilização<br />

dos ativos – camiões, reboques e restante<br />

infraestrutura. Por outro lado, reduzindo<br />

o impacto dos horários de condução, os<br />

transportes de médio/longo curso, tornar-se-<br />

-ão mais rápidos. Aliando estas duas últimas<br />

vantagens de transportes mais baratos e<br />

rápidos, empresas poderão abraçar novos<br />

mercados pela forma competitiva e rápida<br />

que conseguirão colocar os seus produtos em<br />

novas geografias.<br />

Este último ponto é especialmente<br />

interessante para Portugal. Noutra perspetiva,<br />

sendo que o transporte de última milha é<br />

desproporcionalmente mais dispendioso, a<br />

Condução Autónoma poderá ajudar ainda mais<br />

a aceleração do e-commerce.<br />

A segurança tem sido uma das maiores<br />

preocupações relativamente à aplicação da<br />

Condução Autónoma, nomeadamente pelo<br />

paralelismo que tem sido extrapolado dos<br />

acidentes verificados nos veículos ligeiros.<br />

No entanto, estabilizada a tecnologia, é<br />

expectável que o Transporte de Mercadorias<br />

possa ser tão ou mais seguro do que a<br />

condução por humanos.<br />

Por último, há a considerar o enorme<br />

impacto social pela necessária adaptação<br />

dos motoristas, uma grande e especializada<br />

força de trabalho, a uma nova realidade e<br />

tecnologia. Como referência, apenas nos<br />

EUA, dois milhões de pessoas trabalham na<br />

condução de camiões e ainda não é claro qual<br />

será o seu papel num futuro autónomo.<br />

Estamos, portanto, ainda numa fase muito<br />

promissora mas ainda embrionária, devemos<br />

pois acompanhar de perto e tentar antecipar<br />

o que poderão ser as grandes transformações<br />

que daí advirão pois as recompensas serão,<br />

indubitavelmente, muito grandes.


64<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

A inTegrAção dos TrAnsporTes em Tempo reAl é umA dAs áreAs com mAior<br />

poTenciAl disrupTivo pArA As cAdeiAs de AbAsTecimenTo e que mAiores<br />

beneFícios poderá AporTAr de FormA TrAnsversAl<br />

inTEgrAção Em TEmpo rEAl<br />

Cadeias de logística são, desde sempre, tão<br />

mais eficientes quanto integradas. E temos<br />

crescido muito na tecnologia de suporte,<br />

porém na área de transportes, há ainda<br />

um grande percurso a percorrer quanto à<br />

integração em tempo real.<br />

Hoje 94% dos expedidores de mercadorias<br />

não têm visibilidade das suas mercadorias.<br />

No entanto, estima-se que a sua integração<br />

traduz-se num aumento de 10% do nível de<br />

serviço das entregas.<br />

É ainda comum que o tempo de inatividade<br />

de um processo de transporte totalize quatro<br />

horas de espera para carga ou descarga.<br />

Sabendo que 51% dos custos de transporte<br />

são fixos, estas ineficiências acumulam-se e<br />

repercutem-se em toda a cadeia logística.<br />

Ferramentas de posicionamento GPS<br />

estão, de forma geral, disseminadas entre a<br />

maioria das empresas transportadoras mas é<br />

necessário conseguir integrar esses dados de<br />

forma estruturada e de valor acrescentado na<br />

cadeia de logística para quem expede e quem<br />

recebe as mercadorias.<br />

Sem esta integração, o transporte<br />

continuará a ser um processo desconexo e<br />

suboptimizado na cadeia de valor. Aqui os<br />

maiores obstáculos são a elevada dispersão e<br />

fragmentação de soluções no mercado e falta<br />

de uma linguagem comum entre sistemas.<br />

Como resultado desta multiplicidade de<br />

soluções e linguagens, continuamos pouco<br />

integrados e, como tal, a trabalhar aquém do<br />

potencial possível de aportar.<br />

Assim, a integração dos transportes em<br />

tempo real é uma das áreas com maior<br />

potencial disruptivo para as cadeias de<br />

abastecimento e que maiores benefícios<br />

poderá aportar de forma transversal.


SCM Supply Chain Magazine 65<br />

mArkETplAcE digiTAl<br />

Na UE, 21% dos camiões viajam em vazio.<br />

Surpreendentemente, a ineficiência não fica<br />

por aí. Se considerarmos a volumetria total<br />

disponível por transporte, então o potencial<br />

é muito maior ainda. Por outro lado, há<br />

uma grande fragmentação das empresas de<br />

transporte e, tendo como exemplo o mercado<br />

americano, 91% das empresas opera menos de<br />

seis veículos e 97% menos de 20 veículos.<br />

É neste contexto que o Marketplace Digital<br />

poderá ganhar relevância – desafiar o modelo<br />

atual criando uma ligação entre expedidores<br />

e transportadores de forma dinâmica que<br />

permita reduzir as viagens e volume em vazio<br />

e que se traduza no impacto no custo de<br />

transporte e pegada ambiental. Por outro lado,<br />

que esse Marketplace integre já digitalmente a<br />

cadeia de abastecimento. Como referência, no<br />

mercado internacional há já algumas empresas<br />

a explorar este modelo e em Portugal temos já<br />

a Uber Freight a desafiar a indústria.<br />

Estão lançados os dados e será seguramente<br />

muito interessante ver quais serão os modelos<br />

e tecnologias vencedoras nos próximos<br />

anos. Mas haverá próximas batalhas que<br />

se advinham igualmente interessantes e<br />

inovadoras – Big Data, Análise Preditiva,<br />

Machine Learning, IoT.<br />

Como no cinema, To Be Continued… •<br />

Building<br />

the future<br />

together.<br />

Lisboa<br />

Telf.: +351 213 187 100<br />

Fax: 351 213 187 109<br />

E-mail: apatlis@apat.pt<br />

Porto<br />

Telf.: +351 229 962 329<br />

Fax: 351 229 964 241<br />

E-mail: apatnorte@apat.pt<br />

www.apat.pt


66 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

TRANSPORTE<br />

Sustentabilidade no<br />

sector marítimo<br />

A pErspEcTivA<br />

do gnl como<br />

combusTívEl<br />

mAríTimo<br />

Hoje, os navios movidos a GNL somam<br />

apƁrƄoŝxǃiİmőadĄamőeċnœtƙeċ 13% dĄa cýarƄtƙeċiİrƄa<br />

de pedidos recém-construídos e as<br />

eċsƌtƙiİmőatƙiİvƽasƌ pƁarƄa <strong>2021</strong>, eċ pƁoŝsƌtƙeċrƄiİoŝrƄmőeċnœtƙeċ,<br />

mostram um crescimento contínuo em<br />

muitas classes de navios. É importante<br />

rƄeċsƌsƌalňvƽarƄ qƃuơeċ 2020 tƙamőbüéČmő vƽiİuơ oŝsƌ<br />

primeiros usos de bioLNG em navios<br />

de alto mar, reduzindo assim as suas<br />

pegadas de carbono.


SCM Supply Chain Magazine<br />

67<br />

Fonte: Peter Keller<br />

em ‘The Maritime Executive‘<br />

As razões para esta expansão<br />

são claras. Portos e cidades<br />

em todo o mundo estão<br />

a começar a levar a sério a<br />

ameaça da poluição do ar e<br />

a contribuição do transporte<br />

marítimo para esse efeito.<br />

A consciencialização sobre<br />

a qualidade do ar e a saúde<br />

humana durante esta pandemia<br />

ganhou novo interesse e<br />

continua a ser um factor<br />

determinante da actividade<br />

portuária sustentável. Isso,<br />

juntamente com a necessidade<br />

de reduzir a pegada de carbono<br />

da indústria marítima global,<br />

aponta claramente para o<br />

uso de GNL para satisfazer<br />

essas metas agressivas, mas<br />

necessárias.<br />

Em todo o mundo, o ano de 2020<br />

testemunhou uma mudança profunda<br />

na opinião pública no que diz respeito a<br />

construir de forma melhor e mais verde. As<br />

transportadoras que optam por não tomar<br />

medidas positivas para cumprir metas<br />

ambientais essenciais colocam em risco a<br />

reputação da sua empresa e verão cada vez<br />

mais impactos negativos no financiamento,<br />

retenção de funcionários, satisfação do cliente<br />

e liberdade operacional.<br />

duAs opçõEs, umA EscolhA<br />

Embora os benefícios do GNL para a qualidade<br />

do ar sejam conhecidos há anos, agora surgiu<br />

uma escolha clara para os armadores sobre<br />

como enfrentarão a descarbonização, que é<br />

o principal desafio estratégico que definirá a<br />

década seguinte. Agora faltam menos de 10<br />

anos para atingir as metas iniciais de redução<br />

de 40% de Gases com Efeito Estufa (GEE)<br />

estabelecidas pela Organização Marítima<br />

Internacional (OMI), para 2030.<br />

2020 foi o ano em que a indústria percebeu<br />

que, fundamentalmente, existem realmente<br />

apenas duas opções viáveis para navios recémconstruídos<br />

como um meio para atingir essas<br />

metas da OMI. Uma é usar GNL, obtendo uma<br />

redução imediata de carbono de até 21% em<br />

comparação com os catuais combustíveis<br />

marítimos à base de petróleo durante todo o<br />

ciclo de vida. Em combinação com medidas<br />

de design e eficiência operacional, a meta<br />

inicial de 2030 para reduções de GEE pode<br />

ser alcançada através do GNL. A introdução<br />

gradual do bio-LNG e, numa fase posterior do<br />

GNL sintético, irá descarbonizar o transporte<br />

marítimo em direção às metas de 2050<br />

da OMI. A outra alternativa é evitar tomar<br />

decisões e esperar pelas tecnologias que serão<br />

desenvolvidas no futuro. Esperar é uma opção<br />

de alto risco. Espera significa que o transporte<br />

continuará a contribuir com mais GEE do<br />

que se estivesse a utilizar GNL actualmente.<br />

Os combustíveis alternativos propostos que<br />

aguardamos também estão longe de ser<br />

comprovados. É claro que a disponibilidade<br />

global desses combustíveis alternativos não<br />

testados e em desenvolvimento está a mais de<br />

uma década de distância e, portanto, não são<br />

viáveis para conformidade em 2030.


68 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

À medida que os bancos se alinham cada<br />

vez mais com os princípios do financiamento<br />

verde, o GNL oferece benefícios potenciais<br />

de financiamento. Por exemplo, fornece<br />

uma ‘pista de conformidade estendida’ sob<br />

os Princípios de Poseidon, uma iniciativa<br />

desenvolvida pelos principais bancos<br />

financeiros de navios que tentam alinhar as<br />

suas carteiras de investimento com as metas<br />

de descarbonização da OMI. Um investidor<br />

pode ganhar até oito anos de termos de<br />

financiamento mais favoráveis em comparação<br />

com navios movidos a combustíveis marítimos<br />

convencionais, como HSFO, VLSFO e MGO.<br />

O uso de bio-LNG como combustível dropin<br />

pode estender isso ainda mais. Isso<br />

significa que é possível começar a reduzir as<br />

emissões agora e aproveitar os benefícios<br />

do financiamento em conformidade com os<br />

Princípios de Poseidon por um longo-prazo.<br />

A infraestrutura de GNL está a crescer quase<br />

diariamente e tem um histórico de segurança<br />

comprovado ao longo de décadas. O GNL<br />

não pode poluir os mares e hidrovias, não é<br />

tóxico e os portos ao redor do mundo estão<br />

a facilitar o abastecimento deste importante<br />

combustível.<br />

bio-lng E lng sinTéTico<br />

Existem várias opções quando se trata de<br />

combustíveis com zero carbono. Alguns<br />

podem provar-se viáveis nas próximas<br />

décadas, oferecendo ao sector de navegação<br />

uma “cesta de opções de combustível” para<br />

cumprir as metas. É provável que essa cesta<br />

inclua o GNL e seus irmãos bio e sintéticos.<br />

O Bio-LNG surgiu como uma via principal<br />

para a neutralidade de carbono. Ao contrário<br />

de muitos outros biocombustíveis, o bio-<br />

GNL deriva principalmente de resíduos<br />

e resíduos agrícolas e florestais. Não<br />

compete com alimentos e outros produtos<br />

agrícolas importantes, nem contribui para<br />

o desmatamento. Também é quimicamente<br />

idêntico ao GNL fóssil e, portanto, pode<br />

usar os mesmos motores, sistemas de<br />

armazenamento e infraestrutura de<br />

abastecimento. Embora a disponibilidade<br />

seja relativamente limitada hoje, há um<br />

potencial enorme, conforme reconhecido por<br />

organizações de pesquisa independentes,<br />

como a Agência Internacional da Energia<br />

(AIE) e a CE Delft, e a produção está a crescer<br />

rapidamente em escala global.<br />

A produção de bio-GNL pode ajudar a<br />

resolver outro problema ambiental global:<br />

o que fazer com os produtos gerados por<br />

humanos e dejectos animais. Esta é outra<br />

questão de política que não pode ser<br />

subestimada ou descartada.<br />

A longo-prazo, o GNL sintético, produzido<br />

por meio do processo bem estabelecido<br />

de energia para gás, usando os mesmos<br />

blocos de construção de energia renovável<br />

como amoníaco verde e outros combustíveis<br />

eletrónicos, provavelmente se tornar


SCM Supply Chain Magazine<br />

69<br />

COVID-19<br />

SABIA QUE?<br />

DID YOU KNOW?<br />

CONNECTING BUSINESS WORLDWIDE<br />

FACTOS DURANTE A PANDEMIA<br />

FACTS DURING THE PANDEMIC<br />

Gestão de 19 Cargueiros,<br />

mais de 1 por semana<br />

Managment Freighters of 19,<br />

1x or more per week<br />

2 cargueiros KLOG<br />

1x757 FREIGHTER<br />

2 cargo planes KLOG<br />

1x757 FREIGHTER<br />

1 ANTONOV 124<br />

1º e mais longo voo da TAP<br />

do A330neo só com carga<br />

1 ANTONOV 124<br />

1 st and longest TAP<br />

A330neo only cargo flight<br />

10 contentores China-Madrid<br />

com entrega em Portugal<br />

10 China-Madrid containers<br />

with delivery in Portugal<br />

4 camiões completos<br />

Shanghai-Lisboa 18.000 km<br />

4 full trucks<br />

Shanghai-Lisbon 18.000 km<br />

4800 CBM divididos e<br />

entregues (80% durante o fim<br />

de semana com escolta policial)<br />

4800 CBM divided and<br />

delivered (80% during the<br />

weekend with policial escort)<br />

WWW.KLOG.PT<br />

E INFO@KLOG.PT<br />

T +351 220 997 801<br />

SEDE Rua de Castelões Centro 260, Fajozes<br />

4485-065 Vila do Conde Portugal


70 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

disponível em volumes crescentes à<br />

medida que a capacidade global de<br />

electricidade renovável aumenta. O<br />

uso de GNL agora abre caminho para o<br />

bio-LNG e o GNL sintético, oferecendo<br />

um investimento à prova de futuro<br />

para os armadores. O GNL tem fortes<br />

vantagens iniciais: está disponível com<br />

uma infraestrutura de bunkering de<br />

rápido crescimento; tem um histórico<br />

de segurança comprovado e os seus<br />

benefícios de emissões foram totalmente<br />

avaliados num ciclo de vida completo.<br />

AnálisE do ciclo dE vidA<br />

Os decision makers no sector devem<br />

garantir que estão a comparar quando se<br />

trata de outras opções. Não devem evitar<br />

as perguntas difíceis. As comunidades<br />

marítimas e portuárias aceitarão os<br />

riscos de segurança significativos<br />

apresentados por alguns desses<br />

combustíveis alternativos em escala?<br />

Os portos ao redor do mundo estarão<br />

dispostos e serão capazes de se adaptar<br />

ao abastecimento de substâncias tóxicas<br />

ou altamente inflamáveis? Quem vai pagar<br />

por esses investimentos supostamente em<br />

fornecimento e infraestrutura de mais de<br />

mil milhões de dólares de dólares? Existem<br />

alternativas menos dispendiosas para atingir<br />

os mesmos objectivos ambientais críticos?<br />

Os clientes marítimos estão à procura<br />

de meios de transporte mais limpos e<br />

ambientalmente adequados. Globalmente,<br />

reguladores, fretadores, financiadores e<br />

proprietários de cargas beneficiárias estão<br />

a exigir activamente um transporte mais<br />

sustentável e ambientalmente consciente. À<br />

medida que a busca pelo carbono zero evolui,<br />

fica claro que uma “cesta de combustíveis<br />

navais” se materializará. Os armadores devem<br />

receber as informações correctas e dados<br />

precisos para que possam tomar as decisões<br />

correctas para sua frota.<br />

Nenhum combustível é perfeito e há<br />

sempre obstáculos a serem superados.<br />

Deslizamento de metano a bordo de alguns<br />

navios movidos a GNL e emissões fugitivas<br />

na cadeia de abastecimento de GNL ocorrem.<br />

No entanto, existem soluções de engenharia<br />

a operar actualmente que practicamente<br />

não apresentam deslizes. O deslizamento<br />

de metano é um problema com uma solução<br />

técnica, ao invés de um problema fundamental<br />

com o combustível e a tecnologia.


SCM Supply Chain Magazine 71<br />

Além disso, novas tecnologias de engenharia<br />

que reduzem drasticamente os níveis de<br />

deslizamento noutros motores de GNL estão<br />

a surgir rapidamente. Os desenvolvimentos<br />

upstream também estão a avançar ao ritmo<br />

de novas regulamentações e iniciativas do<br />

sector. Por exemplo, a Climate & Clean Air<br />

Coalition (CCAC) Global Methane Alliance<br />

(GMA) foi lançada em 2019. 2020 viu o<br />

lançamento da nova Estratégia de Metano<br />

da União Europeia, e as principais empresas<br />

de petróleo da Oil and Gas Climate Initiative<br />

(OGCI), comprometeram-se com fortes metas<br />

de redução de emissões de metano.<br />

As decisões sobre combustíveis futuros<br />

devem ser feitas com base no ciclo de vida<br />

completo. Combustíveis alternativos,<br />

como amoníaco e hidrogénio, podem<br />

não emitir GEE quando usados<br />

em sistemas de propulsão, como<br />

motores de combustão interna ou<br />

células de combustível, mas as suas<br />

emissões globais dependem de como<br />

são produzidas. Somente se forem<br />

produzidas a partir de energias<br />

renováveis, como a eólica e a solar,<br />

podem ser realmente combustíveis<br />

com “emissões zero”. No entanto, se<br />

são produzidas a partir de combustíveis<br />

fósseis, como é o caso agora e no futuro<br />

previsível, então as emissões podem ser<br />

muito maiores do que as de combustíveis<br />

como o GNL.<br />

Além disso, combustíveis como<br />

amoníaco e hidrogénio têm grandes<br />

desafios a superar antes de poderem<br />

ser usados com segurança. Por<br />

exemplo, o deslizamento de amoníaco<br />

é um potencial problema que deve<br />

ser abordado devido à toxicidade do<br />

produto. Da mesma forma, existem<br />

problemas técnicos muito práticos a<br />

serem superados com o armazenamento<br />

super-criogénico a bordo de hidrogénio,<br />

permeabilidade e inflamabilidade. Estes<br />

assuntos são frequentemente esquecidos<br />

nas discussões actuais, mas precisam de ser<br />

tratados com urgência.<br />

Sem uma análise detalhada do ciclo de<br />

vida, as consequências não intencionais<br />

de decisões políticas e investimentos em<br />

tecnologia podem transformar-se em grandes<br />

preocupações. A análise completa do ciclo de<br />

vida com dados actuais, tendo em conta os<br />

ambientes operacionais reais e trabalhando<br />

com navegadores, portos e comunidades<br />

portuárias, é essencial.


72<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

o FuTuro mAríTimo<br />

A escolha é clara. <strong>2021</strong> deve ser o ano em<br />

que os proprietários e fornecedores de<br />

combustível que levam a sério a saúde<br />

humana e a descarbonização do transporte<br />

marítimo devem agir. O bio-LNG é uma via<br />

fiável de carbono zero com um potencial<br />

enorme.<br />

A longo-prazo, o GNL sintético produzido<br />

a partir das mesmas fontes de energia<br />

renovável que o amoníaco verde e o<br />

hidrogénio, oferece outra opção de carbono<br />

zero. É preciso que os formuladores de<br />

políticas globais reconheçam o potencial<br />

do GNL e de outros produtos, e forneçam<br />

incentivos correspondentes para a indústria:


SCM Supply Chain Magazine 73<br />

• Adoptando uma abordagem baseada<br />

em metas e neutra em tecnologia, que<br />

garanta um verdadeiro campo de jogo entre<br />

as diferentes soluções de combustível em um<br />

ciclo de vida;<br />

• Integrar a dimensão biológica do GNL<br />

em quaisquer revisões das metas de redução<br />

de emissões de GEE para transporte;<br />

• Incentivar e aumentar o investimento<br />

na produção de bio-GNL para os sectores<br />

mais difíceis de reduzir, como o transporte<br />

marítimo;<br />

• Criação de um mercado único<br />

para bio-metano e bio-GNL, facilitando o<br />

comércio de volumes e certificados através<br />

das fronteiras, livre de barreiras técnicas ou<br />

políticas.<br />

Para os proprietários de navios que<br />

desejam investir em nova tonelagem<br />

hoje, a escolha é clara. Pode começar a<br />

reduzir as emissões agora, protegendo<br />

o futuro. Esperar por uma alternativa<br />

zero carbono pode parecer atraente,<br />

mas o futuro ainda está muito longe e a<br />

tecnologia necessária não foi comprovada.<br />

Esperar que isso se concretize exacerba<br />

os crescentes problemas de emissões de<br />

GEE e não oferece os benefícios essenciais<br />

para a qualidade do ar derivados do GNL.<br />

A jornada de mil milhas começa com um<br />

único passo, e quanto antes começarmos a<br />

jornada, melhor. Esperar não é uma opção.•


74 FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

Texto: Marianne Hewlett,<br />

no website Atos<br />

CARREIRA<br />

A importância da<br />

saúde mental para<br />

combater a fadiga<br />

pandémica<br />

como combATEr A FAdigA<br />

Os termos pré-COVID-19 e pós-COVID-19<br />

poderão vir a marcar esta era, e é em<br />

<strong>2021</strong> qƃuơeċ eċsƌtƙãùoŝ a sƌeċrƄ dĄeċpƁoŝsƌiİtƙadĄasƌ tƙoŝdĄasƌ<br />

as esperanças para conseguir deter a<br />

propagação do vírus e até mesmo a sua<br />

resolução, com a vacina. Ainda assim, as<br />

feridas do passado ainda não estão saradas.<br />

Um ano depois são muitos os sentimentos<br />

a gĤeċrƄiİrƄ: cýanœsƌaçĀoŝ, fģrƄuơsƌtƙrƄaçĀãùoŝ, tƙrƄiİsƌtƙeċzǎa eċ… a<br />

fadiga pandémica.<br />

pAndémicA<br />

Uma pesquisa levada a cabo pela McKinsey<br />

revelou que organizações e funcionários,<br />

na Europa e nos EUA, estão a relatar altos<br />

níveis de fadiga pandémica. O número de<br />

colaboradores que classificam a sua saúde<br />

mental como “muito má” é mais de três vezes<br />

maior do que antes da COVID-19.


SCM Supply Chain Magazine 75<br />

Os níveis de stress estão a aumentar e não é surpreendente tendo em conta que o mundo<br />

enfrenta uma pandemia que desencadeou crises económicas e agitação social. Além disso, para a<br />

economia global, a perda de produtividade gerada por problemas de saúde mental pode chegar a<br />

muito mais de mil milhões de dólares por ano.<br />

Desde o início da pandemia, as organizações lançaram várias iniciativas, desde programas de<br />

exercícios a happy hours online de forma a motivar e apoiar os funcionários. Agora, tendo em conta<br />

que este registo se prolonga há um ano, até mesmo estas iniciativas começam a parecer apenas<br />

mais um tópico na to do list, e até as ondas de energia impulsionadas por mensagens inspiradoras<br />

diminuíram.<br />

O sentimento de incerteza gerado por não haver uma altura certa para a vida voltar ao normal<br />

tem um efeito paralisante na motivação, saúde mental e níveis de energia.<br />

A boa notícia é que a pandemia colocou o bem-estar físico e mental dos funcionários firmemente<br />

na agenda das empresas. Enquanto muitas já estavam a experimentar programas de bem-estar e<br />

outras iniciativas, agora há um movimento claro em direcção a uma abordagem de bem-estar mais<br />

holística que promove a conexão e o cuidado humano. Estas são algumas dicas para gerir melhor<br />

este novo ano.<br />

TirAr umA FolgA - Mesmo em tempos de stress e incerteza é importante tirar um tempo para<br />

recarregar energias, ainda que não exista nenhum destino planeado para ir de férias (ou que não<br />

seja possível), ter alguns dias para relaxar podem ajudar a recuperar. As organizações precisam de<br />

ter em atenção a adesão dos funcionários às férias e incentivá-los a fazer pausas regulares.<br />

priorizAr - É necessário posicionar o foco na tarefa mais importante. Os gerentes podem ajudar os<br />

colaboradores a estabelecer prioridades e a alcançar metas a curto-prazo.<br />

mudAr A nArrATivA - Profira mensagens que girem mais em torno da aceitação e menos em torno<br />

do “regresso à normalidade”. Muitos trabalhadores desejam que a vida volte a ser o que era e os<br />

seus directores continuam a enquadrar as circunstâncias actuais como temporárias, e isso pode<br />

suscitar alguma desilusão, uma vez que pode não haver retorno ao normal. É importante mudar<br />

a narrativa para novas possibilidades e oportunidades. Fundamentar essa narrativa no propósito<br />

da organização ajuda os funcionários a entender sua nova realidade e a recuperar um senso de<br />

estabilidade, o que pode ajudar a reacender a motivação individual, o bem-estar e a produtividade<br />

da força de trabalho.<br />

ouvir - Apesar de existirem boas relações entre colegas de trabalho, nem sempre se procura ouvir<br />

as necessidades e preocupações dos membros da equipa. Realizar chamadas para verificar como<br />

está cada um e reservar cinco minutos para falar sobre tópicos não relacionados com o trabalho<br />

é um bom começo. Os directores podem também mostrar vulnerabilidade para sinalizar que não<br />

faz mal não estar tudo bem. É importante ouvir à medida que continuamos a lutar contra esta<br />

pandemia. A forma como as organizações respondem a esta crise define-se pela sobrevivência ou<br />

prosperidade, tendo em conta que uma empresa mais centrada no ser humano está mais apta para<br />

responder de forma positiva aos desafios futuros. •


76<br />

FEVEREIRO <strong>2021</strong><br />

DIÁRIO DE BORDO<br />

Pedro Silvino<br />

Business Operations Director, Meight<br />

consTrução dE vAnTAgEm<br />

compETiTivA E rEsiliênciA nA<br />

cAdEiA dE AbAsTEcimEnTo<br />

VanœtƙagĤeċmő cýoŝmőpƁeċtƙiİtƙiİvƽa nœoŝ mőuơnœdĄoŝ dĄoŝsƌ nœeċgĤóŞcýiİoŝsƌ sƌiİgĤnœiİfiǟcýa<br />

possuir atributos que permitam a uma organização superar os<br />

concorrentes. Resiliência é a capacidade de lidar com problemas,<br />

adaptar-se a mudanças, ultrapassar obstáculos ou resistir à<br />

pressão de situações adversas. Nunca estes dois atributos inter-<br />

-relacionados assumiram tanta importância para a gestão de<br />

cadeias de abastecimento, como nos tempos que correm.


SCM Supply Chain Magazine<br />

77<br />

Na verdade, a agilidade como vantagem<br />

competitiva e capacidade de reagir com<br />

eficácia às mudanças na envolvente<br />

contextual e na procura, pode fazer a<br />

diferença. Cadeias mais competitivas<br />

partilham algumas características, tais como:<br />

sensibilidade ao mercado, serem baseadas na<br />

partilha de informação e colaboração, terem<br />

os processos de negócios integrados entre os<br />

intervenientes, e predominantemente digitais.<br />

Por outro lado, cadeias de abastecimento<br />

maduras como por exemplo as que existem na<br />

indústria automóvel e na indústria alimentar,<br />

há muito tempo que colocam em prática um<br />

conjunto de princípios que contribuíram para<br />

construir uma sólida posição competitiva e<br />

resiliência que lhes permite agora usufruir.<br />

Princípios e práticas como a gestão eficaz<br />

da procura e sincronização de atividades<br />

entre Fornecedores e Clientes (planeamento<br />

colaborativo da procura e visibilidade de<br />

inventários, integração de fluxos logísticos<br />

e de encomendas, além da conectividade<br />

digital de processos e sistemas de informação),<br />

o desenvolvimento de parcerias entre<br />

Fornecedores e Clientes para redução de<br />

lead-times (para parceiros com planeamento<br />

consistente e produtos de grande volume, é<br />

possível implementar práticas colaborativas<br />

como Vendor Managed Inventory e outras), ou<br />

a prática da medição consistente e constante<br />

do desempenho da cadeia como estímulo<br />

fundamental para execução de melhoria<br />

contínua (formulação de Key Perfomance<br />

Indicators de nível de serviço, custos e estado<br />

de optimização da cadeia), são exemplos de<br />

atributos presentes nos modelos de gestão de<br />

cadeias resilientes e competitivas.<br />

o pApEl dA TrAnsFormAção<br />

digiTAl<br />

No contexto atual, outro movimento<br />

possível para construir ou reforçar vantagem<br />

competitiva e aumentar resiliência passa<br />

por, no curto prazo, acelerar a agenda da<br />

transformação digital, definindo como<br />

prioridade o investimento na nova geração<br />

de ferramentas para ajudar na optimização<br />

da eficiência operacional. Acredito que<br />

a transformação digital pode contribuir<br />

decisivamente para resultados e ser um<br />

facilitador importante na recuperação das<br />

cadeias mais afetadas através do reforço das<br />

plataformas, nomeadamente as focadas em<br />

automação, conectividade e IoTs (internet of<br />

things), e no aumento das capacidades de uso<br />

dos dados através de advanced analytics para<br />

otimizar processos e custos, e tomar melhores<br />

decisões. •


78<br />

O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />

“O poder da vulnerabilidade”<br />

Brené Brown, 52 milhões de visualizações, 2010<br />

Quando uma americana, texana de várias gerações, pretensamente invulnerável, controladora e assertiva, fala<br />

sobre vulnerabilidade, uma grande parte do mundo ouve. Nesta palestra, Brené Brown “saltou para dentro da<br />

arena” e falou do esgotamento nervoso que teve quando a sua pesquisa a confrontou com o paradoxo de que a<br />

vulnerabilidade é tanto o centro da vergonha e do medo, como a fonte da alegria, criatividade e amor.<br />

Brené Brown enveredou pela investigação na<br />

área do trabalho social com a firme convicção de<br />

que as ligações entre as pessoas são aquilo que<br />

dá sentido à vida. Ela estudou a fundo a vergonha<br />

e chegou à conclusão de que esta não é mais<br />

do que o medo de ser excluído da sociedade,<br />

um sentimento altamente correlacionado com<br />

adições, depressão, violência, agressão, suicídio<br />

e desordens alimentares. Apenas os sociopatas<br />

não sentem vergonha, e quanto menos se fala<br />

dela, mais se tem. Brené entrevistou centenas<br />

de pessoas ao longo de anos, ouviu milhares de<br />

histórias pessoais e dolorosas, com o propósito<br />

de entender a vergonha. Ela sentiu então a<br />

necessidade de perceber porque uns entrevistados<br />

tinham um forte sentido de valor e pertença,<br />

enquanto outros não.<br />

O grupo dos “incondicionais” revelou-se<br />

único em dois aspectos: todos acreditavam que<br />

mereciam amar e pertencer, e todos aceitavam<br />

que o desconforto emocional era necessário<br />

para progredir na relação com os outros. Ou<br />

seja, a coragem não é esperar pelas condições<br />

ideais para avançar, é antes ir em frente mesmo<br />

sabendo que se é imperfeito. A utilidade prática<br />

deste conhecimento é imediata quando lidamos<br />

com crianças: um bebé não é um ser que nasce<br />

perfeito e que nós temos de manter assim, é antes<br />

um ser inacabado, cheio de recursos próprios,<br />

que se torna num adulto psicologicamente<br />

saudável quando os seus cuidadores o amam<br />

incondicionalmente.<br />

O grupo dos “outros” tende a insensibilizarse,<br />

de forma a não ter de lidar com os seus<br />

sentimentos. A vergonha alimenta-se de sigilo,<br />

silêncio e julgamentos. Centra-se no próprio,<br />

“eu sou um erro”. Dizer a si próprio “não sou<br />

suficientemente bom”, seguido de “quem julgas<br />

que és” são receitas seguras para fazer parte duma<br />

sociedade endividada, obesa, viciada e medicada.<br />

Já a culpa é um sentimento necessário para os<br />

relacionamentos humanos, o reconhecimento<br />

de que “eu fiz um erro” permite evoluir. A miséria<br />

humana centra-se na obliteração dos sentimentos<br />

e nas certezas absolutas.<br />

Tudo o que fazemos tem impacto naqueles<br />

que nos rodeiam. A palestra de Brené Brown<br />

catapultou-a para a frente de milhões de pessoas,<br />

sem um lugar onde se esconder, expondo a sua<br />

vulnerabilidade ao mundo. E este foi o gatilho<br />

para a sua mudança de vida e a dos muitos outros<br />

que a ouviram.<br />

Brené Brown tem um doutoramento em trabalho<br />

social pela Universidade de Houston. Ela é<br />

pesquisadora, contadora de histórias (“dados com<br />

alma”) e autora de vários livros “bestsellers” do<br />

New York Times sobre os temas de vulnerabilidade,<br />

vergonha e empatia.


PARCEIRO<br />

Gerir com lógica para servir melhor<br />

A SERVILOGIS é uma empresa de consultoria especializada em Excelência Operacional na Prestação<br />

de Serviços de Logística e na Gestão da Cadeia de Abastecimento, vocacionada no apoio à gestão de<br />

Operadores de Transporte, Transitário, Logística e Distribuição, oferecendo um Serviço Integrado e<br />

complementar nas diferentes áreas da Empresa cujo objetivo é dar suporte aos seus clientes na melhoria<br />

contínua, a optimização de processos e aumento da rentabilidade.<br />

Conheça os nossos serviços:<br />

LOGÍSTICA, TRANSPORTES E DISTRIBUÍÇÃO<br />

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO<br />

RECURSOS HUMANOS<br />

GESTÃO FINANCEIRA E CONTABILIDADE<br />

LIDERANÇA / COACHING<br />

GESTÃO COMERCIAL E MARKETING<br />

comercial@servilogis.pt<br />

www.servilogis.pt

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!