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— Boni é o papagaio? perguntou Henrique.
— É.
Nesse instante a oncinha entrou muito silenciosamente, pegou um grande
osso e começou a roê-lo, apertando-o entre as patas. O homem apresentou a
Henrique uma folha larga que servia de prato; sobre ela havia um mexido de
ovos e carne que Henrique comeu com a mão; não havia garfos, nem colher.
Achou a comida deliciosa e estava curioso por saber que espécie de carne
seria aquela, mas não teve coragem de perguntar. Os bichos todos olhavam para
ele, pois era um estranho ali. Para mostrar que não tinha medo, Henrique
levantou-se, tomou um pouco de água que havia num canto dentro dum pote de
madeira, depois deitou-se de novo; ainda se sentia cansado.
O homem ofereceu-lhe frutas e mel numa outra folha; ele aceitou e
agradeceu outra vez. Achou tudo muito bom, pois estava faminto. Assim que
acabaram a refeição, a coruja bateu as asas e voou para fora; o morcego saiu
silenciosamente e desapareceu. A oncinha acabou de roer o osso,
espreguiçou-se, lambeu-se toda, passou mais de uma vez pelas pernas do
homem como se fosse um gato e deixou a gruta, saindo pela noite afora em
busca de caça.
O homem apagou a lâmpada e disse a Henrique:
— Trate de dormir; talvez estranhe a cama, mas é só isso que posso
oferecer. Boa noite.
— Está tudo muito bom, respondeu Henrique. Nunca pensei encontrar
nesta ilha uma morada tão interessante e tão boa como a sua. Aqui o senhor tem
tudo: cama fofa, comida boa, animais amigos da gente. Muito obrigado por tudo.
Boa noite.
Os micos ficaram juntinhos um ao lado do outro e prepararam-se para
dormir; só a tartaruga ficou acordada na entrada da caverna; o papagaio, que
estivera andando o tempo todo pela gruta e comera alguma fruta, ficou quieto
num canto. Resmungou qualquer coisa e dormiu.
O homem deitou-se no leito de couro e penas e começou a ressonar.
Henrique preparou-se também para dormir; nesse momento sentiu o coração