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água.
Extasiado, Henrique não sabia o que,mais admirar quando o homem se
aproximou oferecendo frutas; eram mamões pequenos e avermelhados.
Henrique não gostava de mamão, ia recusá-los quando resolveu o contrário, pois
lá não havia café com leite e pão. O mamão era tão doce que parecia açucarado;
Henrique comeu dois num abrir e fechar de olhos, dizendo que nunca apreciara
mamões, mas aqueles eram gostosíssimos.
Um-Dois-Três-Quatro-Cinco rodeavam o homem como se esperassem
ordens; de repente ele estendeu o braço para uma parte da ilha, falando:
— Vão ver se os cocos estão maduros; se estiverem, tragam todos.
Os micos eram bem pretos, tinham as cinturinhas finas, caudas longas e
peludas. Deram grunhidos de satisfação ao ouvir as palavras do homem e logo
pularam para a árvore maior que havia ali dando gritinhos agudos. Henrique
olhou para vê-los melhor mas não viu nem sinal dos micos, já haviam
desaparecido entre a folhagem. Perguntou:
— O senhor ensinou esses micos?
- Ensinei-os desde pequenos, respondeu o homem. São meus amigos;
como disse ontem, encontrei-os sozinhos na floresta. Trouxe-os comigo e os
domestiquei; chamo cada um por um número.
— Que engraçado! E a oncinha?
— Também a encontrei ainda pequena; tinha uns quinze dias quando a
salvei da morte; trouxe-a para aqui e criei-a. Nunca mais quis me deixar. Vive
na gruta.
Henrique não pôde deixar de perguntar:
— E há mais onças na ilha?
— Não. Nunca encontrei nenhuma; sei que há onças nas florestas ao
longo do rio, mas aqui não. E se houvesse onças aqui na ilha,- não fariam mal
algum. Elas temem os homens civilizados. Eu sou igual aos animais; vivo como
eles vivem e não os ataco. Todos me conhecem.
Henrique hesitou um pouco, depois disse:
— Ontem ao jantar o senhor me deu carne para comer. Que carne era?