Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Henrique estava cada vez mais admirado; de repente, não se conteve:
— O senhor também ensinou o papagaio?
— Boni? Vive comigo há muitos anos. Dei-lhe o nome de Bonifácio, mas
como esse nome é muito comprido, digo apenas — Boni. É um bom amigo.
Dorme na gruta e de manhã bem cedo vem brincar com os companheiros nas
árvores do pomar.
Henrique sorriu a uma idéia:
— Então o senhor vive como Tarzan... Não ouviu falar de Tarzan?
O homem barbudo ficou curioso por saber a história de Tarzan; então
sentaram-se numa pedra, à sombra de uma figueira enorme e Henrique contou
tudo que lera a respeito de Tarzan. Simão escutou achando graça; mas as vidas
de ambos não eram iguais. Tarzan vivia na floresta e não conhecia outra vida;
ele abandonara a vida civilizada e fora viver na floresta porque queria. Era diferente.
Levantaram-se e ele convidou Henrique para voltar, pois era hora do
almoço.
O veado Lucas encostou o focinho na perna do homem como se se
despedisse e, num salto muito ágil, desapareceu na floresta. Simão falou:
— Pode me chamar de Simão e não precisa dizer senhor. Henrique
perguntou:
— Lucas foi embora? Não volta mais?
— Amanhã ele volta outra vez; visita-me todos os dias. É outro bom
amigo.
Ao chegar ao planalto ouviram uma algazarra; eram os micos que haviam
voltado da excursão em busca dos cocos; cada um trazia vários cocos numa
cestinha a tiracolo. Entraram na caverna para guardá-los e tornaram a sair
dando guinchos alegres. Simão propôs:
— Henrique, vamos subir na árvore para inspecionar.
Os micos subiram antes e Simão subiu atrás deles; Henrique não
conseguiu chegar aos galhos mais altos; ficou olhando de baixo e pensando:
«Agora estava bom para fugir, enquanto eles estão lá em cima. Vou descer e
procurar Eduardo, eles não me pegam mais».