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Revista Empresários Abril e Maio 2021

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Seu dinheiro e sua saúde mental – Por: Jamile Favero Santos – CEO da VM Santos

Gestão Empresarial

Precisamos falar sobre o impacto

das dívidas sobre a saúde

das pessoas.

Precisamos falar que quando as

pessoas se encontram numa situação

muito desafiadora do ponto

de vista financeiro, muitas se culpam

e encontram meios para se

afundar mais ainda por não saber

como sair disso.

Contas se acumulando no fim de

cada mês, fazem com que as pessoas

não consigam dormir pois

já sabem que não terão dinheiro

suficiente para pagar tudo.

Dívida no banco, no cartão de

crédito, cheque especial estourado

e se a conta não fecha, tudo

isso pode desencadear distúrbios,

como síndrome do pânico,

estresse, ansiedade e depressão.

A culpa e a vergonha blindam as

pessoas da ajuda de terceiros, que

por desconhecerem seu problema

ficam impedidos de ajudar.

Muito menos ajuda profissional,

já que raramente a pessoa consegue

reconhecer que está doente

não só financeiramente, mas

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também mentalmente.

Para disfarçar para o meio social,

a pessoa procura manter o mesmo

estilo de vida, que só vai aumentando

as dívidas e o estresse.

Dizer não para passeios e eventos

sociais por falta de dinheiro pode

ser um tormento.

Outro tormento são as chamadas

telefonicas de cobrança.

Não como manter a sanidade

quando isso acontece o tempo

todo. Na prática, o telefone toca

a qualquer hora do dia e é uma

cobrança.

O endividado se lembra que tem

uma dívida e essa lembrança gera

ansiedade que é interpretada pelo

cérebro como uma ameaça acioando

as glandulas supra-renais,

que por sua vez produz cortisol

e adrenalina, hormonios associados

ao estresse. Esses hormônios

caem na corrente sanguinea e desencadeiam

alterações que,

se recorrentes, acabam gerando

problemas como úlceras (27%

mais comuns em endividados),

insônia e elevação da pressão arterial.

Costumamos dizer que quando

se vive um problema assim, se

não tiver sido feito um planejamento

financeiro para saír das dívidas,

a pessoa precisa ter nervos

de aço. Isso por que, se já houver

um direcionamento, o telefone

por tocar que o indivíduo já está

blindado com os próximos passos

e portanto, não haverá essa

ansiedade e tensão. Contudo,

sem planejamento, não há a menor

chance de manter o mínimo

de tranquilidade, pois a pressão é

muito grande.

Não queremos aqui mexer numa

ferida dolorosa.

Queremos e precisamos alertar

para o ciclo de problemas e dizer

que há soluções.

Segundo o Serviço de Proteção

ao Crédito (SPC), mais de 63

milhões de brasileiros perdem o

sono por compromissos financeiros

assumidos e não honrados.

70% dos inadimplentes sofrem

de ansiedade e outros distúrbios,

por não conseguirem resolver

suas dívidas. É inevitável falar de

saúde financeira sem atrelar a ela

a saúde mental do indivíduo, que

estão diretamente conectados.

O ato de comprar já faz parte do

mundo capitalista e há um grande

incentivo vindo de todas as

mídias, como se fosse realmente

necessário ter uma roupa de

marca ou trocar o smartphone

pelo de última geração para se

sentir feliz, mas se a pessoa está

endividada, ansiedade e compulsão

podem levar a mais compras.

A essa altura, em que já está

numa bola de neve de problemas

financeiros e mentais – uma coisa

vai levando à outra, o problema

financeiro se agravou por causa

da sua desestrutura mental e essa

piorou por causa do problema financeiro.

As compras por impulso são carregadas

de culpa na sequência e

podem esconder um pedido de

ajuda desesperado.

Se tiver muitos cartões de crédito,

a tendência é se descontrolar

com mais facilidade e entrar

num ciclo de compras com uma

enorme satisfação seguida de um

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