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Seu dinheiro e sua saúde mental – Por: Jamile Favero Santos – CEO da VM Santos
Gestão Empresarial
Precisamos falar sobre o impacto
das dívidas sobre a saúde
das pessoas.
Precisamos falar que quando as
pessoas se encontram numa situação
muito desafiadora do ponto
de vista financeiro, muitas se culpam
e encontram meios para se
afundar mais ainda por não saber
como sair disso.
Contas se acumulando no fim de
cada mês, fazem com que as pessoas
não consigam dormir pois
já sabem que não terão dinheiro
suficiente para pagar tudo.
Dívida no banco, no cartão de
crédito, cheque especial estourado
e se a conta não fecha, tudo
isso pode desencadear distúrbios,
como síndrome do pânico,
estresse, ansiedade e depressão.
A culpa e a vergonha blindam as
pessoas da ajuda de terceiros, que
por desconhecerem seu problema
ficam impedidos de ajudar.
Muito menos ajuda profissional,
já que raramente a pessoa consegue
reconhecer que está doente
não só financeiramente, mas
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também mentalmente.
Para disfarçar para o meio social,
a pessoa procura manter o mesmo
estilo de vida, que só vai aumentando
as dívidas e o estresse.
Dizer não para passeios e eventos
sociais por falta de dinheiro pode
ser um tormento.
Outro tormento são as chamadas
telefonicas de cobrança.
Não como manter a sanidade
quando isso acontece o tempo
todo. Na prática, o telefone toca
a qualquer hora do dia e é uma
cobrança.
O endividado se lembra que tem
uma dívida e essa lembrança gera
ansiedade que é interpretada pelo
cérebro como uma ameaça acioando
as glandulas supra-renais,
que por sua vez produz cortisol
e adrenalina, hormonios associados
ao estresse. Esses hormônios
caem na corrente sanguinea e desencadeiam
alterações que,
se recorrentes, acabam gerando
problemas como úlceras (27%
mais comuns em endividados),
insônia e elevação da pressão arterial.
Costumamos dizer que quando
se vive um problema assim, se
não tiver sido feito um planejamento
financeiro para saír das dívidas,
a pessoa precisa ter nervos
de aço. Isso por que, se já houver
um direcionamento, o telefone
por tocar que o indivíduo já está
blindado com os próximos passos
e portanto, não haverá essa
ansiedade e tensão. Contudo,
sem planejamento, não há a menor
chance de manter o mínimo
de tranquilidade, pois a pressão é
muito grande.
Não queremos aqui mexer numa
ferida dolorosa.
Queremos e precisamos alertar
para o ciclo de problemas e dizer
que há soluções.
Segundo o Serviço de Proteção
ao Crédito (SPC), mais de 63
milhões de brasileiros perdem o
sono por compromissos financeiros
assumidos e não honrados.
70% dos inadimplentes sofrem
de ansiedade e outros distúrbios,
por não conseguirem resolver
suas dívidas. É inevitável falar de
saúde financeira sem atrelar a ela
a saúde mental do indivíduo, que
estão diretamente conectados.
O ato de comprar já faz parte do
mundo capitalista e há um grande
incentivo vindo de todas as
mídias, como se fosse realmente
necessário ter uma roupa de
marca ou trocar o smartphone
pelo de última geração para se
sentir feliz, mas se a pessoa está
endividada, ansiedade e compulsão
podem levar a mais compras.
A essa altura, em que já está
numa bola de neve de problemas
financeiros e mentais – uma coisa
vai levando à outra, o problema
financeiro se agravou por causa
da sua desestrutura mental e essa
piorou por causa do problema financeiro.
As compras por impulso são carregadas
de culpa na sequência e
podem esconder um pedido de
ajuda desesperado.
Se tiver muitos cartões de crédito,
a tendência é se descontrolar
com mais facilidade e entrar
num ciclo de compras com uma
enorme satisfação seguida de um