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OPINIÃO
Agro preserva enquanto produz
Produtores rurais têm que seguir o Código Florestal que determina que todas
as propriedades rurais do Brasil, sem exceção, preservem o meio ambiente
Helen Jacintho (*)
Existe um conceito plantado
na cabeça de uma
parcela da população, de
que o agro é um setor predador
da natureza. Isto acontece,
porque como ocorre em outros
setores, uma pequena parte de
produtores rurais não cumpre as
leis ambientais, manchando assim,
o setor como um todo.
Entretanto, a maioria esmagadora
do agro trabalha dentro da lei e tem
se posicionado contra o desmatamento
ilegal e, assim como a sociedade,
querem que quem desmata
ilegalmente seja punido.
Os produtores em dia com a lei
ambiental se revoltam quando
existe aumento no desmatamento,
defendem o cumprimento do Código
Florestal e o desmatamento
ilegal zero. Existe enorme desinformação
sobre como o agro funciona
e é tempo de o setor parar
de se defender e abrir o diálogo,
trazendo a sociedade para perto,
mostrando o agro de verdade, que
preserva, enquanto produz.
Como funciona isso de preservar
enquanto produz? Pode parecer
impossível conciliar preservação e
produção, tanto que somente os
produtores rurais brasileiros têm,
dentro das propriedades, áreas de
proteção ambiental juntamente
com as áreas de produção. Produzir,
vários países produzem,
mas no Brasil, meio ambiente e
produção caminham juntos.
Nossos produtores rurais têm que
seguir a lei ambiental brasileira,
chamada Código Florestal, que
garante uma produção agropecuária
entre as mais sustentáveis
do mundo. O Código Florestal determina
que todas as propriedades
rurais do Brasil, sem exceção, preservem.
Dependendo da região
onde estão localizadas, a preservação
chega a ser de 80% em
imóvel situado em área de florestas,
35% em área de cerrado e
20% nas demais áreas.
Cada uma das milhares de propriedades
rurais do Brasil tem uma
reserva, que se chama Reserva
Legal, RL. A reserva deve ser cercada,
preservada, fiscalizada pelo
produtor para a manter livre de caçadores,
pescadores, ladrões de
madeira, tudo às custas do produtor.
Nesta área não se pode plantar
ou criar animais.
Além da Reserva Legal, também
existem as APPs, Áreas de Preservação
Permanente, que são áreas
protegidas com a função de conservar
as matas ciliares dos rios,
facilitando o fluxo dos animais,
protegendo o solo ao redor dos
rios contra a erosão, evitando assim
o assoreamento dos mesmos.
A proteção ambiental, vem antes
da produção no Brasil. Sem área
de proteção ambiental, o produtor
não tem acesso a crédito, tem
enorme dificuldade de comercializar
sua produção e não consegue
registrar a escritura de sua propriedade,
portanto, não consegue
vender a sua propriedade. Ele precisa
ter a RL, a APP e o Cadastro
Ambiental Rural para provar isto.
O Cadastro Ambiental Rural, CAR,
é um registro público obrigatório
que tem como finalidade juntar as
informações ambientais da propriedade
para fiscalização, planejamento
ambiental e combate ao
desmatamento.
Quando se fala em preservação,
vem a pergunta, quanto o agro
preserva?
De acordo com a Embrapa: “Em
fevereiro de 2018, agricultores,
pecuaristas, silvicultores e extrativistas
destinavam à preservaçaõ
da vegetaçaõ nativa mais de 218
milhoẽs de hectares, o equivalente
a um quarto do territoŕio nacional
(25,6%)”.
O centro de pesquisa estimou o
valor do patrimônio fundiaŕio imobilizado
em preservaçaõ ambiental
e chegou à cifra de R$ 3,1 trilhoẽs.
Portanto, R$ 3,1 trilhões de reais
é o valor que os produtores rurais
brasileiros têm imobilizado, investido
em preservação. Não existe
outro setor na economia brasileira
com tamanho comprometimento
financeiro em preservação do
meio ambiente.
A desinformação tem raízes profundas,
as crianças aprendem nas
escolas sobre um agro de 50, 80
anos atrás ou mais, retratando trabalho
escravo, grilagem de terra,
uso inadequado de defensivos,
queimadas predatórias e outras
atividades criminosas, como se
fossem usuais, quando na verdade,
estas atividades são condenadas
pela enorme maioria dos
produtores rurais. Não se nega
R$ 3,1 trilhões de reais é o valor que os produtores rurais
brasileiros têm imobilizado, investido em preservação
que existam problemas, os produtores
querem se distanciar destas
pessoas, grileiros, garimpeiros e
madeireiros ilegais, que são criminosos,
não produtores rurais.
Se até a década de 70 se obtinha
aumento de produtividade somente
através de pecuária extrativista
e abertura de novas áreas,
hoje o cenário é completamente
diferente. O aumento da produtividade
é obtido de maneira sustentável
e legal, através da implementação
de ferramentas de gestão
nas propriedades, recuperação de
pastagens degradadas, seleção de
cultivares adequados, pressão de
seleção genética, sistemas como
Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta
e aumento maciço em tecnologia
e pesquisa.
Desenvolvimento honesto e sustentável
é uma questão de sobrevivência
econômica no agro e
quem não se adequar, está fora do
mercado.
A imagem do agro no Brasil e exterior
tem sido prejudicada pela
associação ao desmatamento. É
hora de nós, brasileiros, mostrarmos
o agro de verdade, que preserva
enquanto produz
(*) Engenheira de alimentos por
formaçaõ, trabalha há mais de
15 anos na Fazenda Continental,
na Fazenda Regalito e no setor
de seleçaõ genética na Brahmânia
Continental. Fez Business
for Entrepreneurs na Universidade
do Colorado e é juiźa de
morfologia pela ABCZ. Também
estudou marketing e carreira no
agronegoćio.
2
Jornal Paraná
SAFRA 2021/22
Canaviais sofrem com estiagens
Estimativas são de quebras significativas de produtividade das lavouras
de cana-de-açúcar no Paraná e no Centro-Sul como um todo
Com o mês de março
praticamente sem
chuva e o de abril
sendo registrado como
o mais seco em 40 anos,
depois de um segundo semestre
de 2020 com registro de
chuvas abaixo da média, a região
Centro-Sul fechou o verão
2020/21 como o terceiro mais
seco em um século, segundo
Fábio Marin, professor de Engenharia
de Biossistemas da
Esalq/USP. Perdeu apenas para
as estiagens de 1984 e 2014.
As chuvas alcançaram apenas
127,7 mm no Centro-Sul no
acumulado entre março e abril,
queda de 50,3% em relação à
média de longo prazo, e ficaram
36% abaixo do normal no
acumulado desde outubro na
região, segundo estatísticas divulgadas
na imprensa.
Para complicar ainda mais, as
perspectivas para os próximos
meses não são animadoras,
avaliam os especialistas. A retenção
hídrica dos solos está
baixíssima, e isso quando se
inicia o outono e o inverno, período
normalmente mais seco,
especialmente em ano de La
Niña. Os modelos climáticos
sinalizam chuvas abaixo da
normalidade.
Os repetidos períodos de estiagem
danificaram os canaviais
afetando a cultura no principal
período de crescimento da
cana na região Centro-Sul do
país para a safra 2021/22, o
que reduziu o potencial produtivo
principalmente em São
Paulo, estado que responde por
68% da produção total de cana
da região. No Paraná a situação
não é diferente, avalia o presidente
da Alcopar, Miguel Tranin.
“O clima permaneceu seco de
meados do ano até setembro,
quando voltou a chover, mas
abaixo da média. Janeiro foi um
mês com muita chuva, mas
não suficiente para repor a umidade
necessária”, comentou
Tranin ressaltando que faltou
uma melhor distribuição da
chuva ao longo do ano. “Março,
abril e maio voltaram a ser
mais secos. Tivemos regiões
com mais de 70 dias sem chuvas.
Isso nos preocupa muito
quando sabemos que agora é
que se inicia o período normalmente
seco e num cenário em
que a cana já está debilitada e
fora do seu período ideal de
crescimento”, complementou.
O presidente da Alcopar disse
que a entidade já pensa em rever
a estimativa de safra de 34,8
mil toneladas de cana para algo
em torno de 30 a 31 mil toneladas,
cerca de 10% ou mais de
quebra da safra no Paraná, reduzindo
a produção de açúcar e
etanol na mesma proporção.
O clima seco também tem acelerado
a colheita e o temor é
que muita cana acabe sendo
esmagada antes de seu pleno
desenvolvimento, já que, com
o clima mais frio e seco e com
período de luminosidade menor,
o desenvolvimento da lavoura
é mais lento.
Tranin citou que o reflexo desse
cenário já pode ser sentido nos
preços da tonelada de cana no
campo que, de acordo com o
Consecana Paraná passou de
R$ 77,00 em março para R$
93,00 em abril. “Fazia anos que
os preços ficavam ao redor de
R$ 70,00 a tonelada”, afirmou.
Pesaram neste cenário o aumento
do custo de produção,
com preços dos insumos em
alta, assim como do açúcar e
do etanol, amparados pela
perspectiva de uma safra menor
e do dólar em alta.
“Mas isso não significará alívio
para o setor que sofre a anos
com quebras de safras, preços
dos produtos em baixa e fechamento
de usinas. A quebra da
safra deve reduzir significativamente
o efeito benéfico da alta
de preços”, explicou Tranin. E
como as usinas não têm conseguido
renovar os canaviais e
a cana soca tem sofrido com a
estiagem, isso pode trazer reflexos
importantes para a próxima
safra também.
A moagem de cana realizada
pelas Unidades Produtoras no
Estado do Paraná, no acumulado
da safra 2021/22, foi de
4.537.678 toneladas. Comparando
com as 4.179.094 tone-
4
Jornal Paraná
ladas registradas no mesmo período
do ano safra 2020/21, o
aumento foi de 8,6%. A produção
de açúcar totalizou 296.212
toneladas e a de etanol 157,658
milhões de litros, sendo 48,318
milhões de anidro e 109,340
milhões de litros de hidratado.
A quantidade de Açúcares Totais
Recuperáveis (ATR) por tonelada
de cana, também no
acumulado da safra 2021/22
ficou 2,8% acima do valor observado
na safra 2020/21, totalizando
127,78 kg de ATR/t
de cana, contra 124,27 kg ATR
observados na safra passada.
Com a deterioração das lavouras,
tradings e casas de análise
estão reduzindo suas projeções
para a temporada no Centro-
Sul. A consultoria americana
StoneX revisou suas estimativas
de produção no Centro-Sul
de uma moagem de 586,1 milhões
de toneladas, na avaliação
anterior, para 570,2 milhões
de toneladas de cana-deaçúcar,
conforme o cenário
mais provável, quebra de 5,8%,
ou de 35,3 milhões de toneladas
de cana ante a safra passada.
Isso significaria 1 milhão
de toneladas de açúcar a
menos ante a projeção de 36,1
milhões, vista em março. No
pior cenário traçado pela consultoria,
a colheita de cana será
de 567,2 milhões de toneladas,
queda de 6,3%.
Já a trading de commodities
Czarnikow projeta a moagem
no Centro-Sul em 558 milhões
de toneladas, a produção de
açúcar em 35,6 milhões de toneladas
e a de etanol em 27,3
bilhões de litros. Para a Pecege,
a colheita seria de 580 milhões
de toneladas de cana, 4,2% a
menos que em 2020/21, e para
o Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA, na
sigla em inglês), 580 milhões
de toneladas, queda de 3%, um
recuo de 25 milhões de toneladas
no Centro-Sul, chegando a
635 milhões de toneladas em
Moagem mais lenta no Centro-Sul
todo o País. O USDA estimou a
produção de açúcar do Centro-
Sul em 36,87 milhões de toneladas
e de 39,92 milhões de
toneladas no Brasil, além de 28
bilhões de litros de etanol.
A maior quebra da safra 2021/
22, em até 20%, está sendo
prevista pela Wilmar International,
uma das maiores tradings
mundiais de açúcar, reduzindo a
estimativa de produção de açúcar
na região Centro-Sul para 31
milhões de toneladas.
No acumulado de abril deste
ano, a moagem de cana-deaçúcar
na região Centro-Sul totalizou
45,26 milhões de toneladas
ante 60,70 milhões de toneladas
registradas no mesmo
mês de 2020 - queda de
25,44%. Para o diretor técnico
da Unica, Antonio de Padua Rodrigues,
“a menor moagem reflete
o atraso no início da safra
2021/22 devido à expectativa
de quebra na produtividade
agrícola da lavoura a ser colhida
neste ciclo”.
O executivo acrescenta que “a
falta de chuvas no período de
abril de 2020 a março de 2021,
foi positiva para a colheita de
cana, de modo que a safra
2020/21 foi recorde na fabricação
de produtos. Todavia, essa
estiagem observada agora se
manifesta de forma negativa
para a oferta de cana na safra
iniciada no mês de abril de
2021. O estado de São Paulo foi
o mais prejudicado e deverá
apresentar a maior redução da
oferta de cana. Os dados de
abril trazem a luz esse fato, as
empresas tiveram que rever seu
planejamento da safra e atrasar
o início da moagem na busca
da recuperação da produtividade
e da melhor concentração
de sacarose.”
De fato, na segunda quinzena de
abril 205 unidades estavam em
operação, sendo 199 processadoras
de cana-de-açúcar, 5 exclusivas
de etanol de milho e 1
usina flex. Na mesma data da
safra 2020/2021, 217 unidades
já haviam iniciado o processamento
de cana-de-açúcar. Para
a primeira quinzena de maio, outras
30 unidades devem iniciar a
moagem no Centro-Sul.
Em relação a produtividade
agrícola, informações preliminares
levantadas pelo Centro de
Tecnologia Canavieira para uma
amostra comum de 58 unidades
evidenciam que no primeiro
mês do atual ciclo foram colhidas
79,8 toneladas por hectare,
o que representa uma queda de
10,7% na produtividade observada
no mesmo período na
safra 2020/2021 (89,4 toneladas
por hectare).
“Essas informações devem ser
tomadas com cautela, pois se
baseiam em uma amostra bastante
reduzida. De todo modo,
elas já retratam a tendência de
retração no rendimento da lavoura
neste ano”, explicou Rodrigues.
A qualidade da matéria-prima
colhida em abril, mensurada em
kg de ATR por tonelada de
cana-de-açúcar processada,
apresentou retração de 1,65%
na comparação com o mesmo
período do último ciclo agrícola,
registrando 116,69 kg de ATR
por tonelada colhida.
Alinhada à diminuição na moagem
e na qualidade da matéria
prima, a produção de açúcar
em abril totalizou 2,15 milhões
toneladas (-28,51%) e a de etanol
apenas 2,07 bilhões de litros
(-20,13%). Do volume total
de etanol produzido, o hidratado
representou 1,57 bilhão de litros
(-20,54%) enquanto a produção
de etanol anidro alcançou
448 mil litros (-27,26%).
A despeito da menor produção
de etanol de cana-de-açúcar, a
produção do biocombustível a
partir do milho mantém trajetória
ascendente. Na segunda
quinzena de abril, foram fabricados
117 milhões de litros de
etanol de milho ante 112,06
milhões de litros no mesmo período
do ciclo 2020/2021 -
avanço de 4,41%. No mês, a
produção acumulada atingiu
228,43 milhões de litros -
avanço de 15,16% na comparação
com a safra passada.
Jornal Paraná 5
PANDEMIA
Pelo 2º ano, feiras são
adiadas devido a Covid-19
Tradicionais eventos do setor, a Fenasucro & Agrocana foi transferida
para novembro deste ano e a Agrishow foi remarcada para 2022
Pelo segundo ano consecutivo,
por conta da
pandemia causada
pela Covid-19, eventos
tradicionais do agronegócio
foram adiados ou cancelados
em 2021. A Reed Exhibitions e
o CEISE-Br, parceiros na realização
da Fenasucro & Agrocana
em Sertãozinho, São
Paulo, principal polo da indústria
de bioenergia sucroenergética
do mundo, decidiram
transferir a realização do evento
para o período de 9 a 12 de novembro
de 2021. A principal
feira do setor sucroenergético
estava programada inicialmente
para ocorrer em agosto.
Em 2020, o evento não foi realizado,
também por conta do
novo coronavírus.
Esta decisão considera análise
feita junto a visitantes e expositores
do evento e foi tomada
em um cenário ainda imprevisível,
tendo como principais
objetivos resguardar a saúde e
a integridade de todos os participantes,
assim como responder
de forma adequada aos
impactos causados pela pandemia,
que continua afetando
diversos setores da economia,
disseram os organizadores
em nota.
No último ano, a Fenasucro &
Agrocana se reinventou e enxergou
oportunidade em meio
a um cenário atípico, no qual
conseguiu manter seu principal
propósito, agora através do
ambiente digital: impulsionar
negócios e desenvolvimento a
uma das maiores comunidades
de bioenergia do mundo. O
foco foi o setor engajado para
aproveitar as novidades e
oportunidades do evento presencial
em novembro de 2021.
A organização ressaltou em
nota que está otimista com a
realização da feira em novembro
e que já está preparada
para oferecer toda a segurança
com os novos protocolos sanitários
de eventos e as melhores
oportunidades de negócios
e conteúdo.
A feira movimentou cerca de
R$ 4 bilhões em intenções de
negócios em sua última edição,
em 2019, e reuniu 40 mil pessoas,
ancorada no Renovabio,
programa que determina que
vendedores de derivados de
petróleo comprem dos produtores
de biocombustíveis certificados
de descarbonização.
Outra importante feira, a Agrishow
(Feira Internacional de
Tecnologia Agrícola em Ação),
realizada em Ribeirão Preto
desde 1994 e considerada o
principal termômetro do agronegócio
nacional, estava programada
para acontecer entre
21 e 25 de junho. Normalmente,
o evento que ocorria entre o
fim de abril e a primeira semana
de maio, já tinha sido marcado
desde o ano passado para ocorrer
em 2021 entre 21 e 25 de
junho, pensando em dar tempo
para a vacinação avançar.
Mas a segunda onda, ou agravamento
da primeira, alterou
novamente os planos e os organizadores
optaram por cancelar
a edição de 2021 e reagendar
para 25 e 29 de abril do
ano que vem, A transferência
do evento para um período do
ano mais chuvoso poderia ser
um risco, causando prejuízo
aos organizadores e marcas
envolvidas.. Em sua última edição,
em 2019, a Agrishow reuniu
159 mil pessoas em cinco
dias, com faturamento estimado
em R$ 2,9 bilhões.
Considerando apenas sete dos
principais eventos que também
deixaram de acontecer a partir
do momento em que a pandemia
da Covid-19 obrigou governos
a decretarem medidas
de isolamento social, o setor
do agronegócio deixou de movimentar
R$ 25,4 bilhões, considerando-se
os faturamentos
estimados para as últimas edições
presenciais de cada uma
delas.
6
Jornal Paraná
Fenasucro debate desafios para
transformar etanol em commodity
Os desafios para transformar o
etanol em commodity para
atender a demanda mundial por
bioenergia e os esforços de
empresários e governos para
fortalecer o produto como
opção de fonte de energia
limpa, sustentável e renovável
globalmente serão os temas do
debate entre alguns dos maiores
representantes dos elos de
consumo, produção e governos
durante o webinar "Como potencializar
o uso de bioenergia
em nível global sem transformar
o etanol em uma commodity
mundial?".
"A presença de lideranças governamentais
e de grandes representantes
dos elos de produção
e consumo da indústria
nesse webinar segue a proposta
da Fenasucro & Agrocana
Trends em impulsionar
discussões que joguem ‘luz’
em questões de interesse do
setor. Fomentar ações de
todos os elos da cadeia por
meio de informações e perspectivas
envolvendo tendências,
soluções e novas possibilidades
de negócios sempre
foi o propósito principal da
nossa marca", afirma o diretor
da feira.
A Fenasucro & Agrocana
Trends , nova marca lançada
em maio de 2020 para abrigar
as iniciativas digitais e de conteúdo
da Fenasucro & Agrocana,
inscreveu quase 12 mil
pessoas em sua programação
de webinars em 2020, e o perfil
de audiência foi 45% maior
de usuários com alto nível hierárquico
como CEOs, diretores
e gerentes, o que prova que a
estratégia da marca em alinhar
temários e pautas às principais
discussões e interesses da audiência
vem surtindo o efeito
desejado.
Os interessados em participar
do webinar do dia 25 de maio,
que será transmitido por meio
da plataforma TRENDS pelo
ZOOM, deverão inscrever-se
com antecedência por meio
do link: https://www.
fenasucro.com.br/pt-br/
webinar_bionergia.html já
que, apesar de gratuitas, as
vagas são limitadas.
A Fenasucro & Agrocana (Feira
Internacional da Bioenergia)
realizará a sua 28ª edição entre
os dias 9 e 12 de novembro de
2021, no Centro de Eventos
Zanini, em Sertãozinho (SP). O
evento é o único da América
Latina a reunir inovações e
conteúdo de alto nível técnico
voltados às indústrias de alimentos
e bebidas, papel e celulose,
biodiesel, usinas de
etanol/açúcar, usinas de etanol
de milho, distribuidora e comercializadora
de energia e
agrícola.
O evento, que faz parte da programação
da Fenasucro &
Agrocana Trends, será realizado
no dia 25 de maio, a partir das
16h, com exclusividade para
inscritos. As inscrições são
gratuitas e já estão disponíveis.
O encontro virtual terá a participação
de Pietro Mendes, diretor
de Biocombustíveis do Ministério
de Minas e Energia do Brasil;
de Suresh Reddy, embaixador
da Índia no Brasil; de Francis
Queen, VP executivo Etanol,
Açúcar e Bioenergia da Raízen;
e de Pablo Di Si, presidente e
CEO da Volkswagen Brasil e
América Latina. Além de Paulo
Montabone, diretor da Fenasucro
& Agrocana, que atuará
como moderador do evento.
De acordo Montabone, as
ações de cooperação entre o
Brasil e a Índia para transformar
o etanol em commodity global,
as iniciativas como o programa
federal "Combustível do Futuro"
e o projeto da Volkswagen para
produção e difusão do carro
elétrico com o uso de etanol, e
os investimentos que a Raízen
vêm fazendo nos últimos anos
nesse sentido, são demonstrações
da força e sinergia do
setor como fonte de energia
sustentável e renovável.
Jornal Paraná 7
USINA
Santa Terezinha é certificada
por redução de CO 2
As unidades que receberam a distinção foram as de Maringá
(Logística e Unidade Iguatemi), Paranacity, Tapejara, Ivaté,
Terra Rica, Rondon, Cidade Gaúcha e Moreira Sales
Em 2021, a Usina Santa Terezinha
recebeu novamente o
Certificado Sinerconsult de
Energia Renovável, concedido
pela Comerc Energia à empresa
pela redução do equivalente a 823,46
toneladas de Dióxido de Carbono por
meio da utilização de energia de fontes
renováveis durante o ano de
2020.
No ano passado, a usina já tinha recebido
o mesmo certificado devido
a redução do equivalente a 664,23
toneladas de Dióxido de Carbono por
meio da utilização de energia de fontes
renováveis durante o ano de
2019.
Este certificado reconhece as empresas
que consomem energia de fontes
renováveis, colaborando para
reduzir as emissões de gases poluentes
na atmosfera. O procedimento
empregado no processo é
baseado no GHG Protocol Corporate
Standard, por meio da metodologia
de cálculo WRI (World Resources
Institute) - aceito e adotado mundialmente
por organizações privadas
e/ou organizações públicas e/ou organizações
não-governamentais.
O documento, além de quantificar a
contribuição dos clientes na redução
de GEE, também incentiva o engajamento
dos parceiros com opções
sustentáveis no desenvolvimento de
seus negócios.
As unidades da Usina Santa Terezinha
analisadas e, consequentemente,
certificadas estão localizadas
no Paraná: Maringá (Logística e Unidade
Iguatemi), Paranacity, Tapejara,
Ivaté, Terra Rica, Rondon, Cidade
Gaúcha e Moreira Sales.
8
Jornal Paraná
CAPACITAÇÃO
Cooperval investe
no jovem aprendiz
Desenvolvido em parceria com o Sescoop e a Fafijan, vem possibilitando aos
20 jovens selecionados, treinamentos direcionados à área administrativa
Com o intuito de favorecer
a formação dos
jovens para o mercado
de trabalho, a
Cooperval Cooperativa Agroindustrial
Vale do Ivaí Ltda, com
sede no município de Jandaia
do Sul, tem investido desde
2019, quando formou sua primeira
turma, no Projeto Jovem
Aprendiz Cooperativo.
O projeto é uma parceria entre
a Cooperval, o Sescoop (Serviço
Nacional de Aprendizagem
do Cooperativismo) e a
Fafijan (Faculdade de Jandaia
do Sul) que vem possibilitando
aos 20 jovens selecionados,
treinamentos direcionados
para a área administrativa e
vivência prática nos setores
administrativos da cooperativa.
Luana Pereira Arruda foi uma
das jovens selecionadas e atualmente
atua no setor de compras,
onde auxilia no processo
de emissão de notas fiscais e
ordens de compras. Antes do
primeiro contato profissional,
por possuir afinidade com a matéria
de Biologia no colégio, a
mesma tinha interesse maior na
área da Biomedicina. No entanto,
as atividades desenvolvidas
no setor despertaram o
interesse da jovem em cursar
uma graduação na área de Ciências
Contábeis.
A jovem relatou que desde o
início conta com a colaboração
de seus gestores no processo
de aprendizagem e que,
o convívio com profissionais
de diversas áreas oportuniza
um conhecimento do ambiente
profissional. Contou
também que nunca sentiu
apreensão em errar, pois é
através de seus erros que vem
sendo direcionada constantemente
a se aperfeiçoar.
Luana comentou ainda que a
independência financeira é um
dos pontos mais relevantes
desse projeto, pois através
disso, criou uma maturidade
muito grande ao saber administrar
o dinheiro quanto as
suas respectivas responsabilidades.
“Hoje eu consigo visualizar um
futuro grande dentro da empresa.
Mesmo que seja difícil,
vou continuar me esforçando
porque eu sei que é o que eu
quero. Eu adoro fazer o que eu
faço aqui”, afirma Luana.
Outros jovens selecionados
para o projeto foram os gêmeos
Maicon Cesar Augusto,
que atua no setor de escrita
fiscal e, Mailon Cesar
Augusto que atua no setor de
controladoria industrial.
Ambos estão cursando atualmente
o curso de Ciências
Contábeis, área com a qual
os dois se identificam por
terem facilidade em lidar
com números. Eles relataram
que há uma troca positiva
entre o que aprendem na
graduação em relação às atividades
administrativas dos
setores.
Os dois irmãos contaram
que o projeto é uma oportunidade
ímpar para os jovens
ingressarem no mercado de
trabalho com mais segurança
e que, a remuneração
faz total diferença no âmbito
financeiro, já que podem
contribuir gradativamente no
orçamento familiar, suscitando
o desenvolvimento de
responsabilidades.
“Aprendi tudo do zero. Era
tudo muito novo. É uma
grande experiência, e agora
entendo como funciona melhor
o mundo do trabalho”,
afirmou Mailon.
“Eu quero agradecer a Cooperval
por ter me dado a
oportunidade de adquirir
novos conhecimentos, de ter
concedido à chance do primeiro
emprego, o que me
possibilitou saber como funciona
as rotinas do trabalho”,
finalizou Maicon.
10
Jornal Paraná
DOIS
PONTOS
O estado de São Paulo produziu
11.957 GWh para o
Sistema Interligado Nacional,
na safra canavieira 2020/21,
a partir apenas das usinas
termelétricas no setor sucroenergético.
O volume é 2,1%
superior ao registrado na
safra 2019/20, permitindo
que o estado amplie sua liderança
no ranking de geração
de bioeletricidade para o SIN,
chegando à participação de
54,4% da geração total.
Atualmente, são aproveitados
apenas 15% do potencial
que a agroindústria possui,
o que significa que o Brasil
dispõe de uma fonte de energia
renovável e sustentável
O governo da Colômbia estabeleceu
a obrigatoriedade de
mistura de 10% de etanol na
gasolina comum (E10) e extra
(EX10) comercializada em todo
o país, a partir de setembro de
2021, com exceção de algumas
localidades que terão até
2022 para fazê-lo. A publicação
menciona como motivadores
da medida a melhoria da
qualidade do ar nas cidades, a
redução das emissões de
gases de efeito estufa (GEE) e
a segurança energética do país.
O comércio de E10 estava liberado
na Colômbia desde 2018,
mas a resolução atual torna a
mistura obrigatória.
O Brasil tem 27% de etanol na
gasolina (E27), que reduz em
15% a pegada de carbono por
quilómetro rodado dos veículos
com motor a combustão interna
e em 50% se o combustível
E27 for usado em veículos
híbridos. A mistura de etanol
anidro na gasolina tem muitas
Bioeletricidade
capaz de apoiar o desenvolvimento
socioeconômico do
país, segundo Zilmar Souza,
Colômbia
Etanol
vantagens econômicas, sociais
e ambientais, incluindo a geração
de emprego e renda nas
áreas rurais; a redução da dependência
de fontes de energia
não-renováveis e importadas;
o combate ao aquecimento
global, pois o biocombustível
reduz em até 90% a emissão
gerente em bioeletricidade da
União da Indústria de Cana
de Açúcar.
de CO 2 eq em comparação com
a gasolina, e a redução da
emissão de poluentes nocivos
à saúde, como material particulado
fino MP 2,5 (-96%), CO
(-81%), hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos – PAHs (-
67% a -96%), e potencial genotóxico
(-72% a -83%).
O Paraná gerou 759 GWh de
bioeletricidade para a rede,
correspondendo a 3,5% na
safra 2020/21. A produção
total de bioeletricidade dos
seis principais estados produtores
foi de 21.223 GWh,
representando 96,5% de toda
a bioeletricidade ofertada
para o SIN na safra 2020/21,
com a maior parte concentrada
justamente no período
Produtor agrícola e indústria
de agroquímicos podem caminhar
em direções opostas
neste ano. A área plantada
vai crescer, elevando consequentemente
a demanda por
insumos, mas as indústrias
encontram dificuldades no
fornecimento internacional
de matéria prima. Essa restrição
não era esperada, e
ocorre devido a dificuldades
que algumas indústrias da
Paraná
Insumos
Emprego
seco do setor elétrico brasileiro.
Isso foi equivalente a
poupar 15% da energia capaz
de ser armazenada, sob a
forma de água, nos reservatórios
das hidrelétricas no
submercado Sudeste/Centro-
Oeste, por conta da maior
previsibilidade e disponibilidade
da bioeletricidade no período
seco e crítico para o
setor elétrico.
China e da Índia têm para
manter a produção regular,
após o surgimento da Covid-
19. Pelo menos 98% dos ingredientes
ativos utilizados
pela indústria nacional são
importados. China e Índia
têm grande importância no
fornecimento desses insumos.
Com isso, os custos
também aumentaram de
15% a 20% no mercado externo
no primeiro trimestre.
A agropecuária gerou no primeiro
trimestre de 2021 um
saldo positivo de 60.575
novos postos de trabalho, o
melhor resultado para o período
desde 2007, quando
foram criadas 62.245 vagas
de emprego. Segundo a Confederação
da Agricultura e
Pecuária do Brasil, houve geração
de empregos em quase
todas as regiões no acumulado
de janeiro, fevereiro
e março deste ano. As regiões
Sudeste (44.477) e
Centro-Oeste (11.668) foram
as que mais criaram vagas
no período. A exceção foi
o Nordeste, que fechou 7.530
postos.
Jornal Paraná 11
Biodiesel
Estudo sobre a redução de
13% para 10% da mistura do
biodiesel ao diesel da GO Advogados,
do ex-presidente do
Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade),
Gesner Oliveira, indica que
uma redução de um ponto
porcentual na mistura de biodiesel
elimina cerca de 34 mil
postos de trabalho, reduz a
massa salarial brasileira em
R$ 552 milhões, encolhe a
arrecadação de tributos em
cerca de R$ 107 milhões e diminui
o Produto Interno Bruto
(PIB) do País em aproximadamente
R$ 4,7 bilhões. A mudança
de B13 para B10, neste
novo cenário, reduz mais de
80 mil empregos, retrai a
massa salarial em cerca de
R$ 1,6 bilhão e encolhe a
arrecadação de impostos em
quase R$ 30 milhões. O efeito
negativo sobre o PIB seria da
ordem de R$ 8 bilhões, calcula
a GO. A mistura de biodiesel
no diesel será mantida
em 10% no quarto bimestre.
A diretoria da Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
aprovou a proposta
de um modelo de comercialização
de biodiesel que visa
substituir leilões públicos de
No primeiro trimestre, as importações
de diesel pela Petrobras
dispararam 678%,
para 70 mil barris ao dia, devido
às paradas programadas
nas refinarias. Além disso, a
redução da mistura obrigatória
de biodiesel no diesel comum,
Comercialização
compra do produto renovável a
partir de 2022. Foi o primeiro
passo para a implantação de um
novo formato, que deverá entrar
em vigor até 1º de janeiro de
2022. A proposta recomenda
Importações
de 13% para 10%, definida
para o bimestre maio e junho,
deve trazer uma demanda
extra perto de 140 mil metros
cúbicos por mês para o diesel.
O governo optou por reduzir
provisoriamente o
percentual diante de uma alta
Etanol mais verde
adoção de um modelo de contratação
direta do biocombustível
pelas distribuidoras, em que
a meta compulsória de contratação
seria de 80% do contratado
no bimestre anterior.
dos preços do biocombustível,
seguindo avanço no valor
do óleo de soja, principal matéria-prima.
O cenário de
aperto no balanço de diesel
deverá permanecer até pelo
menos o final de junho, apontou
a consultoria StoneX.
Efeitos negativos
Encomendado pelas associações
do setor de biodiesel -
Abiove, Aprobio e Ubrabio, o
estudo afirma que a a redução
de 13% para 10% da mistura
do biodiesel ao diesel compromete
a transição do País para
energia limpa, e gera efeitos
negativos sobre meio ambiente,
saúde, segurança energética
e na cadeia produtiva do
biocombustível e do complexo
de soja, desestruturando-a.
Em comparação com o diesel,
o biodiesel emite 80% menos
gases de efeito estufa. Com o
aumento do uso do diesel,
também as metas do Acordo
de Paris ficam comprometidas.
Estima-se que dos 9,6
milhões de toneladas de óleo
de soja produzidos no Brasil
em 2020, 3,70 milhões (39%)
foram destinadas ao biodiesel.
A queda na produção do biocombustível
diminuirá também
a oferta de farelo de soja
no mercado interno, uma vez
que se trata de coproduto do
esmagamento da soja, sendo
utilizado principalmente para o
consumo animal.
O Protocolo Etanol Mais Verde,
que o governo de São Paulo
assinou com o setor sucroenergético,
evitou a emissão de
mais de 11,8 milhões de toneladas
de CO 2 eq e de 71 milhões
de toneladas de poluentes
atmosféricos desde a
sua assinatura, em 2007. O
efeito do programa equivale a
O custo operacional efetivo
para a safra de cana-de-açúcar
2021/22 no Centro-Sul do
Brasil deverá atingir 7.283
reais por hectare, alta de cerca
de 6% em relação à temporada
anterior, em meio a um
206 mil ônibus a menos circulando
em um ano. Já o consumo
de água foi reduzido em
46% desde a safra 2010/11,
chegando a 0,82 metro cúbico
por tonelada de cana moída.
Isso foi alcançado com reuso
da água, melhor eficiência industrial
e avanço da colheita
da cana crua. Também houve
Custo operacional
aumento nos preços dos insumos,
indicou a Confederação
da Agricultura e Pecuária do
Brasil. O valor para formação
do canavial, por sua vez, deve
saltar mais de 9%, para 1.407
reais por hectare. Mas, apesar
restauração de 132 mil hectares
de áreas ciliares e plantio
de 46,7 milhões de mudas nativas.
O Protocolo Etanol Mais
Verde foi firmado para reduzir
emissões de gases de efeito
estufa, restaurar vegetação
nativa, economizar água, prevenir
e combater incêndios,
entre outras medidas.
do aumento nos custos, as
perspectivas de boas remunerações
ainda devem levar
maior rentabilidade ao produtor
independente, acompanhando
a tendência altista das
commodities agrícolas.
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Jornal Paraná