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Jornal Paraná Junho 2021

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UM ANO<br />

RenovaBio, umas das<br />

políticas ambientais mais<br />

consistentes do Brasil<br />

Programa tem potencial para estimular que a energia elétrica produzida a<br />

partir da biomassa da cana atenda a 100% do consumo residencial no país<br />

ORenovaBio, programa<br />

de estímulo à produção<br />

de biocombustíveis,<br />

completou em<br />

abril um ano de operação e já<br />

desponta como uma das políticas<br />

ambientais mais promissoras<br />

do país, com potencial para<br />

aumentar em cerca de 50% a<br />

produção de álcool combustível<br />

no Brasil e ainda gerar 100% de<br />

toda energia elétrica doméstica<br />

consumida no mercado nacional<br />

a partir da biomassa da cana.<br />

“Desde o Proálcool (Programa<br />

Nacional do Álcool), criado em<br />

1975, não tínhamos um programa<br />

que incentivasse de forma<br />

tão intensa e consistente a<br />

mudança da matriz energética<br />

utilizada na mobilidade no país”,<br />

afirma Luiz Augusto Horta Nogueira,<br />

professor de Sistemas<br />

Energéticos da Universidade Federal<br />

de Itajubá (Unifei) e pesquisador<br />

associado do Núcleo<br />

Interdisciplinar de Planejamento<br />

Energético (NIPE) da Unicamp.<br />

“Mas”, frisa ele, “com um importante<br />

diferencial: o Renova-<br />

Bio não implica em renúncia<br />

fiscal e se sustenta sobre as regras<br />

do mercado.”<br />

Para Nogueira, com o Renova-<br />

Bio, o país pode alcançar, em<br />

até dez anos, a neutralidade de<br />

carbono no setor de produção<br />

de energia, depois de já ter conquistado<br />

a transição energética<br />

na área de mobilidade em função<br />

da adoção em larga escala<br />

do etanol. “Seremos neutros em<br />

carbono também na geração de<br />

energia”, comemora. O professor<br />

chama a atenção para o fato<br />

de que o país tem registrado<br />

crescimento de produção de<br />

energia renovável em diversas<br />

matrizes. “E, com o RenovaBio,<br />

temos incentivo à produção de<br />

biocombustíveis e à geração de<br />

energia elétrica a partir de biomassa”,<br />

acrescenta.<br />

Seu otimismo é compartilhado<br />

por Glaucia Mendes Souza,<br />

professora titular do Departamento<br />

de Bioquímica da Universidade<br />

de São Paulo (USP) e<br />

coordenadora do Programa de<br />

Bioenergia (Bioen) da Fundação<br />

de Amparo à Pesquisa do Estado<br />

de São Paulo (Fapesp).<br />

“Temos projeções que indicam<br />

que, muito em breve, com o estímulo<br />

das políticas do Renovabio<br />

poderemos ter quase a totalidade<br />

do consumo residencial<br />

de energia elétrica baseado em<br />

biomassa da cana”, afirma.<br />

A coordenadora do Bioen explica<br />

que, hoje, a geração de<br />

energia elétrica a partir da biomassa<br />

da cana corresponde a<br />

pouco mais de 25% do total do<br />

consumo residencial no país.<br />

Com o RenovaBio, essa produção<br />

de energia baseada na<br />

queima do bagaço de cana, assim<br />

como a produção de etanol,<br />

gera créditos de descarbonização<br />

para as usinas, que são<br />

comercializados na B3 (bolsa<br />

de valores - antiga Bovespa). “É<br />

um importante estímulo para<br />

que, além do bagaço, também<br />

se queime a palha. Se as usinas<br />

passarem a queimar metade da<br />

palha que hoje é deixada no<br />

campo ou utilizada para outros<br />

fins, a energia elétrica renovável<br />

produzida será suficiente para<br />

atender 100% do consumo residencial<br />

no Brasil”, prevê.<br />

O programa de estímulo à produção<br />

de biocombustíveis RenovaBio<br />

foi criado em 2017 (lei<br />

federal 13.576), mas somente<br />

entrou em operação em abril de<br />

2020, quando começaram a<br />

ser comercializados na B3 (bolsa<br />

de valores) os créditos de<br />

descarbonização - também<br />

chamados de CBios. O Renova-<br />

Bio foi concebido com o objetivo<br />

de contribuir para que o<br />

Brasil atinja suas metas de redução<br />

nas emissões de gases<br />

efeito estufa, previstas no Acordo<br />

de Paris, tratado mundial<br />

discutido por mais de 190 países<br />

durante a 21ª Conferência<br />

das Nações Unidas sobre Mudança<br />

do Clima (COP21), ocorrida<br />

em 2015.<br />

O programa prevê que as usinas<br />

produtoras de biocombustíveis<br />

possam emitir os CBios após<br />

passarem por um processo de<br />

certificação auditável, realizado<br />

por empresas certificadoras independentes<br />

que atuam no mercado.<br />

Tanto as empresas certificadoras<br />

quanto as usinas de<br />

etanol biodiesel e bioquerosene<br />

devem atender a exigências previstas<br />

em lei e nas em regulamentações<br />

da Agência Nacional<br />

de Petróleo (ANP).<br />

Cada CBio corresponde a uma<br />

tonelada de CO 2 (um dos gases<br />

do efeito estufa). Empresas dis-<br />

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<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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