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UM ANO<br />
RenovaBio, umas das<br />
políticas ambientais mais<br />
consistentes do Brasil<br />
Programa tem potencial para estimular que a energia elétrica produzida a<br />
partir da biomassa da cana atenda a 100% do consumo residencial no país<br />
ORenovaBio, programa<br />
de estímulo à produção<br />
de biocombustíveis,<br />
completou em<br />
abril um ano de operação e já<br />
desponta como uma das políticas<br />
ambientais mais promissoras<br />
do país, com potencial para<br />
aumentar em cerca de 50% a<br />
produção de álcool combustível<br />
no Brasil e ainda gerar 100% de<br />
toda energia elétrica doméstica<br />
consumida no mercado nacional<br />
a partir da biomassa da cana.<br />
“Desde o Proálcool (Programa<br />
Nacional do Álcool), criado em<br />
1975, não tínhamos um programa<br />
que incentivasse de forma<br />
tão intensa e consistente a<br />
mudança da matriz energética<br />
utilizada na mobilidade no país”,<br />
afirma Luiz Augusto Horta Nogueira,<br />
professor de Sistemas<br />
Energéticos da Universidade Federal<br />
de Itajubá (Unifei) e pesquisador<br />
associado do Núcleo<br />
Interdisciplinar de Planejamento<br />
Energético (NIPE) da Unicamp.<br />
“Mas”, frisa ele, “com um importante<br />
diferencial: o Renova-<br />
Bio não implica em renúncia<br />
fiscal e se sustenta sobre as regras<br />
do mercado.”<br />
Para Nogueira, com o Renova-<br />
Bio, o país pode alcançar, em<br />
até dez anos, a neutralidade de<br />
carbono no setor de produção<br />
de energia, depois de já ter conquistado<br />
a transição energética<br />
na área de mobilidade em função<br />
da adoção em larga escala<br />
do etanol. “Seremos neutros em<br />
carbono também na geração de<br />
energia”, comemora. O professor<br />
chama a atenção para o fato<br />
de que o país tem registrado<br />
crescimento de produção de<br />
energia renovável em diversas<br />
matrizes. “E, com o RenovaBio,<br />
temos incentivo à produção de<br />
biocombustíveis e à geração de<br />
energia elétrica a partir de biomassa”,<br />
acrescenta.<br />
Seu otimismo é compartilhado<br />
por Glaucia Mendes Souza,<br />
professora titular do Departamento<br />
de Bioquímica da Universidade<br />
de São Paulo (USP) e<br />
coordenadora do Programa de<br />
Bioenergia (Bioen) da Fundação<br />
de Amparo à Pesquisa do Estado<br />
de São Paulo (Fapesp).<br />
“Temos projeções que indicam<br />
que, muito em breve, com o estímulo<br />
das políticas do Renovabio<br />
poderemos ter quase a totalidade<br />
do consumo residencial<br />
de energia elétrica baseado em<br />
biomassa da cana”, afirma.<br />
A coordenadora do Bioen explica<br />
que, hoje, a geração de<br />
energia elétrica a partir da biomassa<br />
da cana corresponde a<br />
pouco mais de 25% do total do<br />
consumo residencial no país.<br />
Com o RenovaBio, essa produção<br />
de energia baseada na<br />
queima do bagaço de cana, assim<br />
como a produção de etanol,<br />
gera créditos de descarbonização<br />
para as usinas, que são<br />
comercializados na B3 (bolsa<br />
de valores - antiga Bovespa). “É<br />
um importante estímulo para<br />
que, além do bagaço, também<br />
se queime a palha. Se as usinas<br />
passarem a queimar metade da<br />
palha que hoje é deixada no<br />
campo ou utilizada para outros<br />
fins, a energia elétrica renovável<br />
produzida será suficiente para<br />
atender 100% do consumo residencial<br />
no Brasil”, prevê.<br />
O programa de estímulo à produção<br />
de biocombustíveis RenovaBio<br />
foi criado em 2017 (lei<br />
federal 13.576), mas somente<br />
entrou em operação em abril de<br />
2020, quando começaram a<br />
ser comercializados na B3 (bolsa<br />
de valores) os créditos de<br />
descarbonização - também<br />
chamados de CBios. O Renova-<br />
Bio foi concebido com o objetivo<br />
de contribuir para que o<br />
Brasil atinja suas metas de redução<br />
nas emissões de gases<br />
efeito estufa, previstas no Acordo<br />
de Paris, tratado mundial<br />
discutido por mais de 190 países<br />
durante a 21ª Conferência<br />
das Nações Unidas sobre Mudança<br />
do Clima (COP21), ocorrida<br />
em 2015.<br />
O programa prevê que as usinas<br />
produtoras de biocombustíveis<br />
possam emitir os CBios após<br />
passarem por um processo de<br />
certificação auditável, realizado<br />
por empresas certificadoras independentes<br />
que atuam no mercado.<br />
Tanto as empresas certificadoras<br />
quanto as usinas de<br />
etanol biodiesel e bioquerosene<br />
devem atender a exigências previstas<br />
em lei e nas em regulamentações<br />
da Agência Nacional<br />
de Petróleo (ANP).<br />
Cada CBio corresponde a uma<br />
tonelada de CO 2 (um dos gases<br />
do efeito estufa). Empresas dis-<br />
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<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>