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Edição de Julho e Agosto 2021

Edição de Julho e Agosto 2021 Nºs 277 e 278

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Nºs 277 e 278

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NEUROCIÊNCIA

A doença

antes

de a sentirmos

V NELSON S. LIMA (*)

Todos já demos conta que

a economia "mexe" com as

pessoas também no campo da

saúde. Estamos tão dependentes

do trabalho (onde ganhamos

dinheiro) e do consumo

(onde gastamos dinheiro) que

qualquer perturbação no seu

equilíbrio pode causar medos,

desânimo, stress, desgaste e,

como consequência, doenças

que, muitas vezes, podem ser

graves.

Paralelamente também às crises pessoais

de natureza financeira (perda de

emprego, salários e reformas baixas,

descapitalização de empresas e de famílias,

etc.) convivemos também com

uma outra crise, em simultâneo: a da

mudança generalizada e rápida que

está a ocorrer em muitos sectores da

sociedade.

Isto conduz a cada vez mais casos de

"crises de adaptação" (mudança de

estilo de vida, mudança de "status",

mudança de emprego, desemprego,

emigração forçada, etc.). Atrevo-me

a dizer que mais de 80% das doenças

orgânicas têm uma ou mais causas

psicológicas (fixei este número num

congresso médico).

Se a medicina levar a sério que cada

doença tem um doente com uma vida

por detrás de uma queixa física acreditarei

então que o estudo das doenças

(etiologia) e a sua prevenção terão um

maior sucesso.

Lembro-me de ter lido Norman Cousins,

jornalista e activista, esta observação

muito a propósito:

"É o respeito do médico pela alma

humana que determina o valor da sua

ciência".

(*) Professor de Neurociência

- https://bit.ly/3jlGc6P

Pensar e falar sem medo

V NELSON S. LIMA

É tempo de cultivar o

pensamento!

Imagine que você vivia no ano

1600 e tinha percebido que a Terra

não era o centro do Universo.

Sabe o que lhe aconteceria? Por-

-lhe-iam uma máscara de ferro

para não poder falar e, por fim,

seria queimado até à morte. Ora

aconteceu isso mesmo ao italiano

Giordano Bruno. A Igreja

Católica, que se assumia como

detentora de toda a verdade,

condenou-o à morte por heresia.

Agora, imagine que vivia em 1633 e

tivesse dito a mesma coisa. Seria levado

ao Tribunal da Inquisição da Igreja

Católica e condenado a ir para uma

masmorra donde só sairia se assinasse

um documento a negar o que você

havia proferido. Pois foi o que aconteceu

a Galileu.

O problema, meus amigos, é que ainda

hoje vivemos muitas vezes com

medo de exprimirmos as nossas teorias,

os nossos conhecimentos, as

nossas ideologias, as nossas crenças e

até os nossos pensamentos criativos

e ousados.

Ainda vigora muita inquisição um

pouco por toda a sociedade: em muitas

famílias, nas escolas, na administração

pública, na política e até na

ciência.

Quando poderemos ser livres pensadores?

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Lusitano de Zurique - Julho/Agosto 2021 | www.cldz.eu

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