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OPINIÃO
O futuro do etanol com o carro elétrico
É preciso saber se as montadoras se deixarão tocar pela lógica de que
o carro com grandes baterias não deve ser a única nem a melhor solução
Por Por Celso Ming
Mesmo sendo uma
opção para a eletrificação
da mobilidade,
o etanol segue
ameaçado porque países
ricos e as grandes montadoras
já optaram por um caminho
para o carro elétrico.
O que será do etanol quando
todas as montadoras estiverem
fabricando apenas carros elétricos,
como têm avisado? Serão
sucateadas as destilarias de álcool
no Brasil, que produzem
cerca de 30 bilhões de litros por
ano? E o que será dos 40 mil
postos de combustíveis espalhados
pelo Brasil? E o custo da
instalação de milhares de pontos
de recarga das baterias?
Para Adriano Pires, diretor do
Centro Brasileiro de Infra Estrutura
(CBIE), o carro elétrico a
bateria recarregável foi a solução
ambiental encontrada por
países ricos, que não poderá ser
adotada pelos países pobres,
pelo alto custo, não só das baterias,
mas da infraestrutura necessária
para colocar os veículos
elétricos em circulação.
Ele continua apostando no futuro
dos biocombustíveis com
base no argumento de que, se o
fundamento para a transição é a
preservação do meio ambiente,
então é preciso dar força para o
etanol, porque o carro a álcool
polui menos do que o modelo
elétrico em voga.
Outro consultor da área, Paulo
Cardamone, CEO da Bright Consulting,
não tem dúvidas de que
o futuro da mobilidade é a eletrificação,
mas não necessariamente
a do carro elétrico com
seu trambolho de bateria, que
pega todo o chão do veículo e
pesa mais de 500 kg.
Para ele, a corrida das montadoras
baseada na “baterização” do
carro elétrico não é viável, do
ponto de vista da sustentabilidade,
para os países mais pobres.
Em seu lugar, aposta no
hidrogênio como energia do futuro
e na possibilidade de produção
do elemento dentro do
carro que, por sua vez, gerará a
energia elétrica que moverá o
veículo. É a tecnologia da célula
de combustível (em inglês, Solid
Oxide Fuel Cell – SOFC). Nessas
condições, o etanol poderá tornar-se
estratégico, na medida
em que sua composição contém
o hidrogênio necessário
para produzir a energia elétrica
que acionará o motor.
A vantagem adicional é a de que
dispensará grandes mudanças
na malha viária de recarga que,
na verdade, exigiria despesas
ainda mais altas com o modelo
a energia elétrica produzida fora
do veículo (overboarding). “A
atual guinada para o carro elétrico
é disputa por poder econômico.
A Alemanha assumiu
essa posição por conta do crescimento
da China e os Estados
Unidos também entraram nessa
briga”, diz Cardamone.
Evandro Gussi, presidente da
União da Indústria de Cana-de-
Açúcar (Única), está engajado
em garantir futuro para seu produto,
o etanol, agora ameaçado.
Ele repete os argumentos de
Pires e de Cardamone, mas reconhece
que será preciso conseguir
que outros países adotem
o etanol como fonte.
Há alguns anos, os produtores
de etanol no Brasil não conseguiram
a adesão do governo do
Japão para trabalhar pela transformação
do etanol em commodity.
Agora, pretendem convencer
a Índia e países da Associação
de Nações do Sudeste
Asiático (Filipinas, Indonésia,
Malásia, Mianmar, Cingapura,
Tailândia e Vietnã), também produtores
de açúcar, a optar pelo
etanol. O tempo dirá se obterão
sucesso.
O governo brasileiro terá de
optar por uma rota, como já
está acontecendo com a maioria
dos países líderes. E será uma
briga contra cachorros grandes
Outra questão consiste em
saber se as montadoras se deixarão
tocar pela lógica de que o
carro com grandes baterias não
deve ser a única nem a melhor
solução. Para isso, teriam de
adotar linhas diferentes de produção,
com tecnologias díspares,
o que hoje parece difícil
diante das exigências de escala.
Gussi se apega às possíveis dissidências
entre as montadoras.
Observa que a Toyota optou,
também, pelo híbrido, com um
motor elétrico e outro flex a combustão.
A Nissan e o Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares
(Ipen), ligado à USP, renovaram
parceria para tornar a célula
de combustível a etanol comercialmente
viável e adaptá-la ao
uso de outros biocombustíveis,
como o GNV. E o CEO da Volkswagen
para América do Sul,
Pablo Di Si, manifestou entusiasmo
pela adoção do etanol
como principal fonte de alimentação
da célula de combustível.
Essa posição em defesa do etanol
enfrenta dois enormes obstáculos.
O primeiro: os países
avançados estão despejando
enormes investimentos em mobilidade
elétrica “baterizada”. O
outro: as grandes montadoras já
optaram por esse caminho e vai
ser difícil revertê-lo, inclusive no
Brasil.
Seja como for, o que parece inevitável
é que, nos próximos
anos, o governo brasileiro terá de
optar por uma rota, como já está
acontecendo com a maioria dos
países líderes. E será uma briga
contra cachorros grandes.
Celso Ming com Pablo Santana.
Publicado em O Estado de
S.Paulo
2
Jornal Paraná
CANA-DE-AÇÚCAR
Prejuízo com geadas
é menor que o esperado
Áreas atingidas foram mais as localizadas nas baixadas, demandando
colheita antecipada. Nas lavouras mais novas, rebrota dispensou replantio
Os prejuízos causados
pelas geadas nas lavouras
de cana-deaçúcar
no Paraná foram
menores do que se pensou
a princípio. Diante da intensidade
com que as geadas atingiram
as demais culturas, o
temor inicial é de que o mesmo
tivesse ocorrido com os canaviais,
mas uma análise mais detalhada
apontou outro cenário.
“A perda foi menor do que o esperado.
As geadas atingiram
apenas as lavouras localizadas
nas baixadas. Na maior parte
dos casos, houve apenas uma
antecipação da colheita, com
usinas tentando minimizar as
perdas. Mesmo assim, entre
1,5 milhão a 2 milhões de toneladas
de cana tiveram que ser
colhidos dessa forma. E em algumas
unidades produtivas, o
impacto foi sentido com maior
intensidade”, avaliou Miguel
Tranin, presidente da Alcopar.
Os canaviais atingidos pelas geadas
que estavam mais desenvolvidos,
mais próximos ao estágio
de colheita, foram priorizados
na logística das usinas,
colhendo-se pequenas parcelas,
de forma distribuída, com
grande deslocamento de máquinas.
Essa mudança acabou
aumentando o custo de produção,
além do prejuízo causado
por colher antes do ponto ideal
de desenvolvimento e maturação
da lavoura, mas principalmente
afetou o planejamento e
a logística da colheita, podendo
haver atrasos na próxima safra,
citou Tranin.
Já no caso das áreas em estágio
inicial de desenvolvimento -
cana planta e cana soca -, o
presidente da Alcopar disse que
as lavouras foram queimadas
com o intenso frio, mas devido
a boa umidade do solo, com as
chuvas ocorridas pouco antes,
“os canaviais vêm se recuperando
bem, retomando a brotação,
não sendo necessário o
replantio”, ressaltou.
Para Tranin, o prejuízo maior
para o setor deve ficar mesmo
por conta da longa estiagem
ocorrida no início do ano. “Este
já é o terceiro ano consecutivo
que as lavouras de cana do Paraná
sofrem com estiagens que
afetam o desenvolvimento e
rendimento da cultura. A cana
tem uma alta capacidade de
resposta e tende a recuperar
parte de seu potencial produtivo
com a normalização das chuvas,
temperaturas mais altas e
tempo de luminosidade maior,
mas há um limite e o clima não
tem ajudado”, comentou.
Devido a esses repetidos períodos
de estiagem que danificaram
os canaviais afetando a
cultura no principal período de
crescimento da cana na região
Centro-Sul do país para a safra
2021/22, reduzindo o potencial
produtivo, o presidente da Alcopar
disse que a entidade já
pensa em rever a estimativa de
safra de 34,8 milhões de toneladas
de cana para algo em
torno de 30 a 31 milhões de toneladas,
cerca de 10% ou mais
de quebra da safra no Paraná,
reduzindo a produção de açúcar
e etanol na mesma proporção.
A moagem de cana realizada
pelas unidades produtoras no
Paraná, no acumulado da safra
2021/22, foi de 11,895 milhões
de toneladas, 35,4% do total
esperado. Comparando com as
12,764 milhões de toneladas
registradas no mesmo período
do ano safra 2020/21, houve
uma redução de 6,8%. A produção
de açúcar totalizou 872,2
mil toneladas e a de etanol
417,2 milhões de litros, sendo
177,3 milhões de anidro e
239,8 milhões de litros de hidratado.
Jornal Paraná 3
ENERGIA LIMPA
Grupo Maringá investe
R$ 70 milhões em cogeração
A Maringá Energia iniciou as operações em junho, com
capacidade inicial de 120 mil MWh de energia elétrica ao ano
Com investimentos de
R$ 70 milhões, o
Grupo Maringá iniciou
em junho de
2021 as operações da Maringá
Energia Ltda., empresa focada
na cogeração de energia limpa,
a partir do bagaço da cana-deaçúcar
gerado na produção da
Usina Jacarezinho, braço sucroenergético
do grupo, com
unidade localizada no município
paranaense com o mesmo
nome.
A Maringá Energia referenda a
aposta do Grupo Maringá no
segmento de produção e comercialização
de energia renovável,
de forma competitiva, no
mercado livre, e reforça o
compromisso do grupo com a
busca de parâmetros de operação
cada vez mais sustentáveis.
A capacidade de produção inicial
é de 25 MWh de energia
elétrica (120 mil MWh anual),
sendo 10 MWh para suprir a
demanda própria. Os 15 MWh
excedentes serão vendidos à
subestação da Companhia Paranaense
de Energia Elétrica
(Copel), em Andirá. O montante
exportável daria para
abastecer uma cidade de 33
mil habitantes de julho a dezembro,
sem interrupções.
“Já somos autossustentáveis
no consumo energético e vendemos
o excedente cogerado.
A expectativa agora é aumentar
nossa participação nessa plataforma,
ampliando os negócios
da venda de energia. Os
estudos para exportarmos
mais 17 MWh estão avançados,
temos bagaço disponível,
mas ainda é muito cedo para
fazer qualquer previsão”, afirma
o diretor corporativo do
grupo, Eduardo Lambiasi. “A
geração de energia limpa amplia
a qualificação do Grupo
Maringá como protagonista do
desenvolvimento sustentável,
por sua contribuição à matriz
energética e ao meio ambiente”,
acrescenta.
Do total investido, R$ 40 milhões
provêm de financiamento
do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
4
Jornal Paraná
Social (BNDES), sendo parte
por intermédio do Fundo Clima,
um dos instrumentos da
Política Nacional sobre Mudança
do Clima, vinculado ao
Ministério do Meio Ambiente,
que se propõe a apoiar projetos
ou estudos focados na mitigação
das mudanças climáticas.
Os R$ 30 milhões restantes
foram aportados pela
holding do Grupo.
A Maringá Energia soma-se à
Usina Jacarezinho e à Cia. Canavieira,
localizadas no Estado
do Paraná, consolidando a
atuação do Grupo Maringá no
segmento sucroenergético.
Prestes a completar 75 anos de
história, a Usina tem capacidade
de moagem superior a
2,5 milhões de toneladas de
cana por ano e é cooperada da
Copersucar desde 1968, que é
responsável pela comercialização
de sua produção de açúcar
e etanol. Possui Certificação
FSSC 22000 para atender à
exigente indústria de alimentos.
Sobre o
empreendimento
A Maringá Energia Ltda. foi
criada para desenvolver o projeto
de construção da unidade
de cogeração de energia elétrica
a partir de bagaço de
cana-de-açúcar, um dos subprodutos
da Usina Jacarezinho,
produtora de açúcar e etanol.
Foi construída uma linha de
Sobre o
Grupo Maringá
transmissão de 33 Km, conectando
a Maringá Energia à subestação
da Companhia
Paranaense de Energia Elétrica
(Copel), em Andirá, Paraná.
Uma nova caldeira de alta pressão
e um conjunto de gerador e
turbina permitem a geração de
25 MWh, com o excedente de
energia exportável de 15 MWh.
O Grupo Maringá atua nos setores
sucroenergético, produzindo
açúcar e etanol, e siderúrgico,
fabricando ferroliga
de manganês. Com tradição
pioneira, a Usina Jacarezinho,
a Cia. Canavieira e,
agora, a Maringá Energia,
atuam de forma integrada
para fornecer alimentos e
energia limpa e renovável aos
mercados nacional e internacional.
Números a destacar: capacidade
de moagem superior a 2,5
milhões de toneladas de canade-açúcar
ao ano; produção
anual de 200 mil toneladas de
açúcar e 120 mil m³ de etanol;
exportação de energia anual
120 mil MWh, a partir da biomassa
da cana-de-açúcar.
Na siderurgia, o grupo atua há
mais de 40 anos, produzindo
ferro-ligas de manganês de alto
padrão, matéria-prima essencial
para a fabricação de aço,
por meio da Maringá Ferro-Liga
S/A, localizada em Itapeva (SP).
Jornal Paraná 5
MEIO AMBIENTE
Cooperval recupera nascente
do Rio Cambará
O trabalho foi desenvolvido por um grupo de funcionários e jovens
aprendizes da cooperativa, em parceria com a prefeitura municipal
Em comemoração ao
mês do Meio Ambiente,
a Cooperval Cooperativa
Agroindustrial
Vale do Ivaí Ltda, com sede no
município de Jandaia do Sul,
em parceria com a prefeitura
municipal, promoveu no dia
18 de junho a limpeza da nascente
do Rio Cambará.
A cooperativa desde 2006
preserva essa nascente, realizando
um amplo trabalho de
recuperação de suas matas
ciliares. Ao longo dos últimos
anos foi realizado também o
plantio de diversas árvores,
além de desenvolver ações de
preservação. Uma delas é
essa mobilização que consistiu
no recolhimento do lixo que
estava espalhado nas margens
do rio, por um grupo de
funcionários e jovens aprendizes
da cooperativa.
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Jornal Paraná
TECNOLOGIA
Uso de drone facilita
aplicação da cotesia
Dentre as principais vantagens apontadas estão redução de custos, segurança
e garantia de aplicação, geração de mapas georreferenciados, aplicação mais
rápida e eficiente, redução do risco de acidente de trabalho, diminuição do
volume de material a ser manejado e facilidade de logística
Logística, custo da operação
e controle de informação
são as principais
vantagens apontadas
por João Adalberto Palucci,
gerente técnico da Usina
Rio Amambai Agroenergia, no
uso de drone para aplicação de
"cotesia" em cana-de-açúcar.
O tema foi apresentado durante
o primeiro encontro do 6º Ciclo
de Seminários Agrícolas Cana
MS 2021, realizado no formato
virtual. O evento é uma promoção
da Embrapa Agropecuária
Oeste. A cotesia é uma vespa
utilizada como controle biológico
da broca, inseto considerado
vilão dos canaviais por
consumir sistematicamente o
interior da cana, comprometendo
estrutura e rendimento
da gramínea.
Na usina Rio Amambai Agroenergia,
localizada às margens
da BR-163 em Naviraí (MS),
até 2018 a aplicação de cotesia
era feita manualmente,
como ocorre na maior parte
das usinas brasileiras. “Tínhamos
uma van, kombi e ônibus
com equipe treinada que abria
o copinho a cada ponto de liberação”,
explicou o gerente
técnico na sua apresentação.
Em 2019, a unidade passou a
estudar a viabilidade de mudança
do manejo para o uso
da tecnologia de drone em
toda área de cana. Segundo
Palocci, o resultado apontou
diversas vantagens como a
segurança e garantia de aplicação,
geração de mapas
georreferenciados, aplicação
mais rápida e eficiente, redução
do risco de acidente de
trabalho, diminuição do volume
de material a ser manejado
e facilidade de logística.
Entre os benefícios apontados
pelo estudo, o que mais chamou
a atenção foi a redução
do custo do manejo. De acordo
com o levantamento da
unidade, o custo da aplicação
via drone era de R$ 31,94 por
hectare, até 7% menor que o
método manual, diferença em
torno de R$ 2,50. “Tínhamos
os benefícios de melhoria na
qualidade da aplicação, a segurança
empresarial de que
seria aplicado e também, naquele
momento, faríamos uma
redução de custo”, contou.
Outro ponto positivo, para Palucci,
foi o aproveitamento da
redução do custo na empresa.
“Esse recurso foi realocado
dentro do próprio setor, por
exemplo, não desligamos pessoas.
Remanejamos pessoal e
intensificamos amostragem de
cigarrinha, de coleta de solo,
ou seja, reaproveitamos essa
mão-de-obra”, destacou.
Apesar de todos os benefícios
apresentados, Palucci também
chamou a atenção para alguns
cuidados. “É importante buscar
informações. Antes de
tomar a decisão de mudança
buscamos conversar com várias
usinas, parceiros e prestadores
de serviços”, alertou.
Outro detalhe importante, sugerido
pelo gerente, é buscar
prestadores de serviços com
registros atualizados. “A empresa
precisa seguir alguns
padrões, o drone precisa ser
registrado, é preciso ter o registro
de radiocomunicação na
Anatel e o piloto precisa ser
certificado para operação do
drone”, explicou.
Além disso, cumprir o planejamento
de geração de informação
é fundamental. “Assim
que fazemos o armadilhamento
e tem a isca de controle, já
mandamos os shapes dos talhões
e enviamos para o departamento
de T.I. do nosso
parceiro, que gera todo o
plano de voo e devolve para os
pilotos. Tudo isso via nuvem”,
reforça o gerente dando destaque
para a agilidade na troca
de informações. “Isso não
pode falhar, porque quando
optamos por mudar o manejo
entendemos que o mais importante
era o timing das informações”,
completou.
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Jornal Paraná
DOIS
PONTOS
Certificado
A Associação dos Produtores
de Biocombustíveis do Brasil
(Aprobio) entregou os primeiros
certificados do Selo Aprobio de
Qualidade - Biodiesel Super A.
O selo, concedido por meio de
um sistema externo de auditoria
e certificação, atesta que o biocombustível
produzido por usinas
associadas segue especificações
mais rígidas de qualidade.
As usinas que receberam
o reconhecimento foram a
BSBios, nas unidades de Passo
Fundo (RS) e Marialva (PR), e a
3tentos, em Ijuí (RS).
Energias renováveis
Plano Safra
O agronegócio terá R$ 251,2
bilhões para a safra 2021/22,
um aumento de 6,3% em relação
ao plano passado. Do total,
R$ 165,2 bilhões serão a juros
controlados e R$ 86 bilhões a
juros livres. Para custeio e comercialização
estão destinados
R$ 177,8 bilhões. Para investimentos
o montante é de R$
73,4 bilhões, ante R$ 56,92 bilhões
em 2020/21. Para custeio
e comercialização na agricultura
familiar através do Pronaf,
as taxas devem variar de 3%. O
montante será de R$ 39,34 bilhões,
19% acima do ciclo
2020/21. No Pronamp, onde
estão os médios produtores, a
taxa de juros varia de 5,5%, alta
de 0,5 ponto percentual na
comparação anual, com montante
de R$ 29,18 bilhões. Também
serão destinados R$ 13
bilhões para a equalização de
juros, que garante melhores
Baixo Carbono
condições para pequenos e
médios agricultores. Para os
demais produtores e cooperativas,
a taxa de juros fica em 7%.
No programa para financiar máquinas
e implementos agrícolas,
o Moderfrota, os juros são
de 8,5%. O plano também coloca
na mira a bioeconomia entrando
na política do plano safra
através do incentivo a sistemas
florestais, produção de bioinsumos
e turismo rural.
Os títulos verdes, utilizados
para financiar projetos, ativos
e atividades de agricultura
sustentável no Brasil,
respondem por 84% do mercado
de dívida sustentável
brasileira, com um total acumulado
de US$ 9 bilhões,
emitidos até fevereiro de
2021. Em seguida, estão os
títulos sustentáveis com US$
1,6 bilhão, representando
15% do volume total. E, por
último, os títulos sociais
com US$ 111 milhões equivalente
a 1% do mercado. A
avaliação faz parte do relatório
Análise do Mercado de Financiamento
Sustentável da
Agricultura no Brasil, da Climate
Bonds Initiative. Segundo
o relatório, energias
renováveis e uso da terra
continuam sendo as duas
categorias mais financiadas
no Brasil, com 45% e 27%,
respectivamente, do volume
de emissões verdes. Os
temas abrangidos pela categoria
de 'Uso da Terra', que
viram emissões nos últimos
anos no Brasil, são o Florestal,
de Bioenergia, Agricultura,
Pecuária, Indústria de
Alimentos e Instituições Financeiras.
O Programa ABC (Agricultura
de Baixo Carbono) parte
com um orçamento de R$ 5
bilhões, ante R$ 2,5 bilhões
na safra anterior. O recurso
pode ser utilizado para a
aquisição e construção de
instalações de unidades de
produção de bioinsumos e
O ex-ministro da Agricultura,
Francisco Sérgio Turra, é o
novo presidente do conselho
de administração da Aprobio
(Associação dos Produtores
de Biocombustíveis do Brasil).
Turra é advogado, já foi
biofertilizantes na propriedade
rural, para a reconstrução
de áreas de preservação
permanente, reserva legal e
para a geração de energia.
No caso da energia elétrica a
partir de biogás ou biometano,
o limite de crédito coletivo
é de R$ 20 milhões.
Aprobio
Outro aumento significativo
deste plano é o montante
destinado ao PCA (Programa
de Construção de Armazéns),
de R$ 4,12 bilhões,
aumento de 84% em relação
ao plano passado. E por fim
o seguro rural, com orçamento
de R$ 1 bilhão.
deputado estadual e federal
pelo Rio Grande do Sul, presidente
da Conab (Companhia
Nacional de Abastecimento) e
da ABPA (Associação Brasileira
de Proteína Animal). No
Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, ocupou
a pasta em 1998, no governo
do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. Alberto
Borges de Souza, da
Caramuru Alimentos, será o
vice-presidente.
Açúcar
A estimativa de produção de
açúcar do Centro-Sul do Brasil
em 2021/22 foi revisada para
34,1 milhões de toneladas ante
projeção de 35,6 milhões de
toneladas divulgada em abril,
já que a seca persistente prejudicou
o desenvolvimento da
cana, disse a trading Czarnikow.
As usinas brasileiras poderão
processar apenas 535
milhões de toneladas de cana
nesta safra, o menor volume
desde 2012. O Centro-Sul do
Brasil processou 605 milhões
de toneladas em 2020/21. A
produção do etanol de cana
deve recuar 12% ante a temporada
anterior, para 24,4 bilhões
de litros.
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Jornal Paraná
Nanocristais
A partir da manipulação de macromoléculas,
pesquisadores
da Embrapa Instrumentação,
de São Carlos (SP), extraíram
nanocristais de lignocelulose
da palha da cana, um resíduo
ainda pouco explorado, mas
com elevado potencial para a
sustentação futura de biorrefinarias.
Da palha é possível produzir
etanol de segunda geração
e o estudo demonstra
que ela também pode ser usada
como matéria-prima para
obtenção dos chamados greens
materials (materiais verdes),
provenientes de fontes
renováveis e sustentáveis, de
alto valor agregado. A Embrapa
Instrumentação vem desenvolvendo
pesquisas nesse tema
nos últimos 15 anos.
Semelhantes a grãos de arroz,
mas com espessura cerca de
200 mil vezes menor, os nanocristais
de celulose, também
conhecidos como whiskers,
são candidatos importantes
para substituir alguns produtos
de base petroquímica, com potencial
de aplicações que variam
de medicamentos a
dispositivos eletrônicos, produtos
de consumo, sensores, aerogéis,
adesivos, filtros,
embalagem de alimentos, engenharia
de tecidos, entre outros.
A nanocelulose na forma
de nanocristais ou nanofibras
Aplicação
pode melhorar as propriedades
dos materiais, aumentando a
resistência mecânica. Os pesquisadores
relatam que entre as
vantagens de extrair nanocristais
de celulose está o fato de
se obter material altamente resistente
como o aço, mas
oriundo de fontes sustentáveis
como as fibras vegetais, que
podem ser de algodão, eucalipto,
de bagaço ou da palha de
cana, cascas de coco e de
arroz, entre outras, e até de resíduos
como madeira de reflorestamento
descartada pela
indústria.
Menos mortes
O estudo “Impacto na saúde humana pelo uso de biocombustíveis
na Região Metropolitana de São Paulo”, realizado pela
Empresa de Pesquisa Energética, concluiu que o uso do etanol
anidro misturado em 27% na gasolina e do etanol hidratado é
determinante para a preservação da vida de 371 pessoas ao
ano na RMSP, com um aumento associado na expectativa de
vida em 13 dias. A pesquisa aponta que, caso o uso do combustível
renovável fosse aumentado em 10% sobre a demanda
de etanol hidratado de 2018, outras 43 mortes seriam evitadas
ao ano, com o aumento da expectativa de vida de 1 dia.
A Organização Mundial de
Saúde (OMS) estima que a
poluição atmosférica nas cidades
e áreas rurais cause
anualmente 4,2 milhões de
mortes prematuras em todo
o mundo (dados de 2016).
Essa mortalidade se deve,
principalmente, à exposição
aos materiais particulados,
pequenas partículas de diâmetro
menor ou igual a 2,5
mícron (MP 2,5), que estão
relacionados à ocorrência
de doenças cardiovasculares
e respiratórias, bem
como a diversos tipos de
câncer.
Impactos financeiros
O estudo da EPE indica
ainda que “caso não houvesse
o uso de etanol, o impacto
na economia seria
Poluição
Bioeletricidade
Ao mesmo tempo em que a
falta de chuvas coloca reservatórios
de hidrelétricas em
alerta e acende um sinal
amarelo sobre possíveis restrições
no fornecimento de
energia no Brasil este ano,
fontes alternativas continuam
subaproveitadas. A bioeletricidade
é uma energia renovável,
feita a partir da biomassa:
resíduos da cana (bagaço e
palha), restos de madeira,
carvão vegetal, casca de arroz,
capim-elefante e outras.
No Brasil, 80% da bioeletricidade
vem dos resíduos da
cana, segundo o setor. Só
que apenas 15% do potencial
de geração de bioeletricidade,
negativo em cerca de R$ 25
bilhões em relação ao cenário
base. Por outro lado, um
aumento de 10% no consumo
de hidratado geraria
impacto positivo adicional
de aproximadamente R$ 2
bilhões”.
produzida a partir da cana é
aproveitado pela rede, estima
a Unica. Em 2020, a geração
para o SIN (Sistema Interligado
Nacional) pelo setor foi
equivalente a cerca de 5% do
gasto nacional de energia, o
equivalente ao consumo de
12 milhões de residências
por ano.
Jornal Paraná 11