Educação Museal e Acessibilidade
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EDUCAÇÃO MUSEAL E ACESSIBILIDADE • 2021
(1995), Köptcke (2005), Costa, Castro e Soares (2020).
Ora, se os públicos diversos, em especial aquele composto pelo segmento escolar, circulam
nos museus há algum tempo, é preciso dizer que a existência de um conjunto de barreiras
colocava obstáculos à presença de outros segmentos da população: as pessoas com
deficiência e mobilidade reduzida. Se observarmos os museus mais antigos criados no país,
notaremos que, em geral, suas coleções e exposições tomaram lugar em prédios construídos
com finalidade diversa de um museu. Prédios históricos sujeitos às leis de tombamento,
ao mesmo tempo em que expressam as marcas de seu tempo, podem ser reveladores do
trato em relação às pessoas com deficiência e sua autonomia nos deslocamentos e fruição.
Que debates podem ser trazidos para a contemporaneidade em relação às soluções arquitetônicas
dos museus clássicos e as demandas da acessibilidade?
Tais demandas passam também pela dimensão arquitetônica, mas não somente por
elas. Se estas podem funcionar como um termômetro da atenção que um museu, mesmo
sujeito ao tombamento, dispensa aos seus públicos, as preocupações recentes residem na
dimensão da inclusão, no campo dos direitos da pessoa com deficiência, na criação de produtos
e exposições acessíveis e na perspectiva da formação de pessoal qualificado para o
acolhimento de todos os públicos.
Prédios mais recentes que abrigam ou foram construídos para serem museus possuem,
em tese, maior familiaridade com as demandas da acessibilidade arquitetônica. Rampas, elevadores,
banheiros acessíveis, pisos direcionais, portas e balcões adaptados, ausência de obstáculos
aéreos, vitrines e expositores com desenho universal, são elementos, dentre outros,
que configuram um caminho fundamental nesta dimensão da acessibilidade.A estes importantes
aspectos deve-se somar uma boa preparação de toda a equipe do museu, não apenas
para conhecer, mas para saber acolher e atender as demandas específicas destes públicos.
Importante ressaltar que a partir da segunda metade do século XX uma série de medidas
despontou como a materialização de um novo momento societário. A declaração universal
dos direitos humanos, escrita em 1948, pode ser tomada como um marco fundamental
ao considerar a dignidade inerente a todos os seres humanos. A luta antimanicomial
(1987), o trabalho pioneiro de Nise da Silveira e o movimento de reforma sanitária (1970),
são alguns demarcadores que se pode levar em conta ao situarmos esse novo ethos.
Todavia, queremos sublinhar, para o debate apresentado aqui, que no campo museal
vemos igualmente um movimento notoriamente relevante: o crescimento vertiginoso de
novos museus. Do século XIX até1970 o país contabilizava a criação de 256 instituições;já
entre os anos 1971 e 2009, foram criados 729 novos museus (Ibram, 2011, p.59). Visivelmente
vemos superado, ao menos em algumas regiões do país, o desafio da criação de instituições
de preservação, comunicação, educação e pesquisa dos mais diversos patrimônios
e coleções. Em meio a isso, vemos despontar em anos recentes uma perspectiva no campo
museal de fazer valer o artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a saber:
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