REVISTA IMPI_20 anos
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www.impi.com.br
EDIÇÃO COMEMORATIVA | 2017
20 anos
RELACIONAMENTOS
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
SAÚDE
MENTAL
TERAPIA
MODERNA
TABUS E
INFORMATIVOS
1
Conheça
o IMPI
O IMPI tem como missão promover melhor qualidade de vida, oferecendo
serviços personalizados e tecnologias inovadoras nas diversas áreas da saúde,
à luz da compreensão integrada do ser humano mente-corpo-emoção.
Localizado em Brasília, mais precisamente
no Lago Sul, o IMPI possui um amplo espaço
físico cercado por área verde e modernas
instalações, onde os clientes encontram
conforto, qualidade e bem-estar.
Conta também com um grande
estacionamento reservado,
oferecendo segurança e
tranquilidade.
Além de consultórios aconchegantes, a
clínica conta com uma cafeteria em seu
interior, proporcionando mais conforto
aos seus clientes.
Sumário
SERVIÇOS
EDITORIAL
04
05
ENTREVISTA
Lago Sul: SHIS QI 05 Chácara 85
Águas Claras: Av. das Araucárias, Lote
1835/2005, Águas Claras Shopping, Sala 439
Horário de funcionamento:
Segunda à Sexta: 8h – 22h
Sábado 8h - 13h
(61) 3364-2745
(61) 98612-6370
CONSELHO EDITORIAL
Francisca Sampaio Leão
Tales Sanleo Sampaio Leão
Thaiara Luchtenberg Burtet
MATÉRIAS JORNALÍSTICAS
Larissa Corumbá
FOTOGRAFIA
Vanessa Ottoni
Ana Morena
DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO
Isaac Guimarães
REVISÃO DE TEXTOS
Dora Ramos
institutoimpi
@institutoimpi
06 09
RELACIONAMENTOS
10 19
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
20 37
SAÚDE MENTAL
38 55
TERAPIA MODERNA
56 63
CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
64 77
TABUS E
INFORMATIVOS
www.impi.com.br
78 85
CORPO CLÍNICO
CONVÊNIOS
86
90
3
Nossos serviços
IMPI HIGH TECH
AVALIAÇÕES
Orientação Vocacional
Avaliação para concurso
Avaliação para
Vasectomia
Avaliação para
bariátrica
Avaliação Psicológica
Avaliação para idade
mental
Avaliação Cognitiva
Checkup-Kids/Teens
Avaliação
Neuropsicológica
Exame Funcional
Checkup Cerebral
IMPI HIGH TECH
TRATAMENTOS
Neurologia
Estimulação Elétrica
Transcraniana
Estimulação Magnética
Transcraniana
Terapia no tratamento
de fobias
Reabilitação Cognitiva
Otimização Cerebral
Neurofeedback
Biofeedback
UNIDADES
LAGO SUL
Bioimpedância
Nutrição Esportiva
TAF - Treinamento Auditivo
Central (na cabine)
Fonoaudiologia
Terapia Ocupacional
Psicologia - Terapia familiar
Psicologia - Terapia de Casal
Psicopedagogia
Psiquiatria
Psicologia
Acolhimento
Nutrição Comportamental
ÁGUAS CLARAS
Bioimpedância
Avaliação Neuropsicológica
Nutrição Esportiva
Terapia Ocupacional
Fonoaudiologia
Psiquiatria
Psicologia
ESPAÇO IMPI
Terapia Individual Relacional
Terapia Integrativa
Estimulação Precoce
Psicomotricidade
Integração Sensorial
UNIDADE VIRTUAL
Terapia Ocupacional
Psicopedagogia
Fonoaudiologia
Psiquiatria
Psicologia
EXAMES
AUDIOLÓGICOS
P300
BERA ou PEATE-(Estado
estável)
PAC-(Processamento
auditivo central)
Impedânciometria ou
Imitânciometria
Audiometria
ENTRE EM CONTATO
CONOSCO E MARQUE
SUA CONSULTA.
(61) 3364-2745
(61) 98612-6370
Editorial
Francisca Sampaio Leão
Neuropsicóloga e diretora-presidente
do IMPI
Dalmo Garcia Leão
Médico e diretor técnico
do IMPI
SEJA
BEM-VINDO
A UM NOVO
FUTURO.
esde a sua fundação, em 1997, o
Instituto de Medicina e Psicologia
Integradas (IMPI) mostra-se pioneiro
e inovador tanto na área
da pesquisa, quanto na área da
tecnologia. Em 2017, ao completar 20 anos de
existência, celebramos com alegria o fato de
que o nosso Instituto encontra-se consolidado
como um centro de referência e excelência
em bem-estar cerebral.
Com o objetivo de comemorar todas as
conquistas realizadas durante essas duas décadas,
idealizamos a criação deste exemplar
e convidamos alguns profissionais do nosso
corpo clínico para apresentar e debater temas
muito pertinentes e atuais, tais como a neuroterapia,
acupuntura, fisioterapia, autismo,
Alzheimer, mitos conjugais, efeitos biológicos
do estresse psicológico, transtorno de ansiedade
generalizada e respiração, depressão e o
sistema imunológico, ansiedade em crianças,
dietas da moda, dentre outros assuntos.
Citamos as principais diferenças entre
medo e fobia, advertimos sobre a hora certa
de consultar um psiquiatra, comentamos
sobre os principais desafios dos adolescentes
de hoje em dia, explicamos a vacina contra
o estresse, esclarecemos o papel da orientação
profissional, reunimos os 10 sinais de
que você está agindo como vítima perante
a vida, advertimos sobre os efeitos de uma
comunicação disfuncional sobre a família e
preparamos um questionário sobre satisfação
matrimonial e outro sobre assertividade.
Além disso, também está disponível uma
entrevista em que Francisca comenta sobre
a criação do Instituto e os desafios que o
IMPI enfrenta atualmente.
Nas próximas páginas, você ainda vai
descobrir detalhes sobre o funcionamento
de alguns dos principais serviços oferecidos
pelo nosso Instituto como, por exemplo, a
Estimulação Magnética Transcraniana, a
Neurometria e o Check-up Cerebral, sendo
este último a nossa mais nova ferramenta
para estimular a prevenção de doenças relacionadas
ao cérebro.
Seja muito bem-vindo ao IMPI. Seja bem-
-vindo a um novo futuro!
Boa leitura!
5
ENTREVISTA
Francisca Sampaio Leão, fundadora
e diretora-presidente do Instituto
de Medicina e Psicologia Integradas,
comenta os momentos mais
marcantes dos vinte anos do IMPI.
Texto: Larissa Corumbá
RANCISCA SAMPAIO LEÃO é a
fundadora e diretora-presidente
do Instituto de Medicina
e Psicologia Integradas, o
IMPI. Psicóloga formada pela
Universidade de Brasília (UnB), ela exerce
a profissão há mais de quatro décadas
e, dentre as suas especializações, estão
a neuropsicologia e a neuromodulação
cerebral.
Francisca nunca cogitou apenas tratar
doenças. O desejo dela sempre foi
trabalhar com a prevenção dessas enfermidades.
Foi com esse anseio que a psicóloga,
acompanhada por um grupo de
médicos cardiologistas, criou o Instituto
de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI)
em Brasília, no ano de 1997.
Duas décadas após a inauguração, o
IMPI está hoje consolidado como um centro
de referência em prevenção, avaliação
e tratamento da saúde mental. Dentre os
serviços de tecnologia oferecidos estão a
Estimulação Magnética Transcraniana,
a Estimulação Elétrica Transcraniana,
Terapia Virtual, o Biofeedback, a
Neurometria, a Reabilitação Cognitiva e
o Check-up cerebral, sendo este último o
mais novo lançamento da clínica.
De acordo com Francisca, o IMPI foi
criado com o objetivo de prevenir as doenças
causadas pelo stress, promovendo
uma melhor qualidade de vida, uma vez
que a expectativa de vida aumenta a cada
ano. “O objetivo é que o paciente venha ao
IMPI também para prevenir as doenças e
não apenas para tratá-las”, ressalta.
Nesta entrevista, Francisca comenta
sobre a fundação do IMPI, o contato com
as novas tecnologias e os desafios que o
Instituto enfrenta nos dias atuais.
“Desejamos
estimular a
cultura da
prevenção.”
7
Como aconteceu a criação
do IMPI?
Em meados dos anos noventa,
eu e um grupo de cardiologistas
formamos um grupo de estudos.
Queríamos encontrar recursos
para amenizar o sofrimento dos
nossos pacientes que apresentavam
tristeza, angústia, dores,
sentimento de impotência, medos
generalizados, palpitações
e picos de pressão que aumentavam
a cada dia. No entanto, a
medicina e a psicologia tradicionais
não nos ofereciam recursos
para aliviar o sofrimento desses
pacientes.
Foi nessa busca que nos deparamos
com os conceitos da
Medicina Mente-Corpo, que enxerga
o ser humano como um
sistema integrado entre mente,
corpo e emoção. Essa ciência
coloca o paciente como agente
da sua própria doença ou da
sua própria saúde. Enquanto na
visão da medicina tradicional
o médico é o dono do conhecimento,
na visão da Medicina
Mente-Corpo, a doença é vista
como uma linguagem do corpo.
Ou seja, as enfermidades sempre
querem nos dizer algo. Portanto,
precisamos prestar mais atenção
na doença, para descobrir o
que ela quer nos dizer.
A partir destes conceitos criamos
o Programa de Controle do
Stress. Nesse projeto, apresentávamos,
por meio de palestras, as
pesquisas nas quais nos baseamos,
oferecíamos aulas teóricas
sobre o stress e nutrição e aulas
práticas de meditação, relaxamento
e posturas de alongamento.
A equipe dessa iniciativa era
formada por psicólogos, professores
de educação física, nutricionistas
e fisioterapeutas.
Naquela época, não se sabia
muito sobre doenças geradas
por stress como, por exemplo, as
“Queremos ser cada vez
mais reconhecidos como
um local de referência e
excelência em bem-estar.“
crises de ansiedade e de pânico.
As pessoas iam ao cardiologista
e diziam que estavam se sentindo
mal, que o coração estava
palpitando, que achavam que
estavam tendo um ataque do coração,
mas na verdade elas estavam
tendo uma crise decorrente
do stress.
Depois de um tempo, o
Instituto que tinha como objetivo
tratar as doenças do stress
de modo geral, passou a cuidar
da saúde mental. Convidei profissionais
de outras áreas para
se juntarem ao nosso time e,
hoje em dia, o IMPI conta com
cerca de quarenta profissionais
de mais de dez áreas de especialização
da saúde, dentre elas
psiquiatria, psicologia, psicopedagogia,
psicomotricidade, neuropsicologia,
fisioterapia, fonoaudiologia,
terapia ocupacional,
nutrição, cirurgia plástica, dentre
outras.
Alguns dos principais serviços
oferecidos hoje pelo nosso
Instituto são a Estimulação
Magnética Transcraniana, a Estimulação
Elétrica Transcraniana,
a Neurometria e o Checkup
Cerebral, sendo este último a
nossa mais nova especialidade.
Além disso, o IMPI também oferece
aplicações de botóx, preenchimento
facial, exames fonoaudiológicos,
acupuntura, RPG,
oficina infantil de psicomotricidade,
grupo de pais, grupo de
otimização cerebral e grupo de
reabilitação.
Atualmente o IMPI está consolidado
como centro de referência
em saúde mental de Brasília e
pretendemos continuar na busca
pelas melhores tecnologias
para oferecer a melhor qualidade
de vida possível aos nossos
pacientes.
Como é a sua relação com a
ciência e com a tecnologia?
Frequento todos os anos o
Simpósio Internacional de
Neuromodulação Cerebral, que
reúne os melhores profissionais
do mundo da área da saúde mental
para debater novas ideias,
tecnologias e discutir os avanços
relacionados às terapias de neuromodulação
cerebral. Nesses encontros
são apresentados tudo o
que há de mais moderno na área.
A ciência, a tecnologia e as
pesquisas relacionadas à saúde
mental avançam a cada dia,
principalmente, no exterior. Por
isso, me mantenho constantemente
atualizada em relação a
essas novas descobertas.
O IMPI completou vinte
anos de existência. Como
você se sente ao fazer
um balanço dessas duas
décadas?
Eu me sinto realizada. A fundação
do IMPI foi como um PhD,
pra mim. Enfrentei muitas dificuldades,
mas acreditei que
conseguiria concretizar esse
projeto. A persistência é fundamental
para se alcançar o que
deseja. Eu acredito que se a gente
persistir, tudo o que a gente
quer, a gente consegue. A razão
de eu ter conseguido superar as
dificuldades é que eu vivia na
minha vida pessoal tudo aquilo
o que eu passava para os meus
pacientes.
O IMPI enfrenta algum
desafio atualmente?
O IMPI sempre tem desafios,
porque nós nunca paramos de
procurar melhorias.
Queremos ser cada vez mais
reconhecidos como um local
de referência e excelência
em bem-estar físico e mental.
Pretendemos continuar trazendo
o que há de melhor, de mais recente
e de mais eficaz em tecnologia
para a prevenção e o tratamento
de doenças relacionadas
ao cérebro.
Além disso, desejamos estimular
a prevenção de doenças,
porque na nossa sociedade, não
existe a cultura da prevenção.
As pessoas só procuram um
profissional da saúde quando já
estão doentes e isso é um grande
problema, porque pode tornar
mais difícil e prolongado o
tratamento.
Então temos essa ambição de
fazer com que as pessoas entendam
a importância do cérebro,
porque ele é o órgão mais importante
do corpo. É ele quem
regula a nossa saúde mental e a
nossa saúde física. Tudo depende
do cérebro, por isso, cuidar dele
é essencial para prevenir doenças
e ter uma qualidade de vida
melhor.
Esses são os grandes desafios
e são eles que me inspiram e motivam
a realizar o meu trabalho
todos os dias.
Recepção da sede do Instituto de Medicina e
Psicologia Integradas (IMPI), localizado no Lago
Sul, em Brasília/DF
9
RELACIONAMENTOS
MITOS
CONJUGAIS
A maioria dos fracassos ou da infelicidade no casamento se deve a
mitos, que vão passando de geração em geração, através dos contos
de fadas, das músicas, da mídia.
POR CAUSA DESSES MITOS, os
relacionamentos podem se tornar
fontes de insatisfação, ódio,
raiva, stress.
A minha experiência clínica,
na qual atendi centenas de casais,
mostra que esse assunto
merece atenção.
1
PRIMEIRO MITO
MITO DO AMOR ROMÂNTICO
A maioria dos problemas no casamento
surge porque os cônjuges
não se sentem seres inteiros,
têm uma autoimagem fragmentada
e acreditam que dependerão
de uma outra pessoa para
Francisca
Sampaio Leão
Neuropsicóloga
completá-los e fazê-los felizes.
Essa crença está embasada no
Mito do Amor Romântico. Tratase
de uma narrativa bastante antiga,
baseada na mitologia grega.
De acordo com o mito, éramos
andróginos, tínhamos, no mesmo
corpo, ambos os sexos. Os
homens possuíam quatro mãos e
quatro pernas, dois órgãos sexuais.
Eram ágeis, corajosos, externavam
grande poder e ousaram
desafiar os deuses. Diante disso,
Zeus decidiu castigá-los, dividindo-os
em duas metades. Assim
Se você sofre influência
desse mito, procure quebrálo,
se possível com a ajuda
de um profissional. É muito
difícil fazê-lo e com certeza,
muitas frustrações e
sofrimentos poderão surgir
em função disso.
os condenou a viver eternamente
em busca da sua outra metade.
Até hoje esse mito vem influenciando
nossos relacionamentos
amorosos. O ideal para
um casamento feliz seria que o
processo do casamento ocorresse
primeiro dentro de nós mesmos,
nos tornando seres inteiros. Só
após esse processo, poderíamos
nos casar com um outro ser inteiro,
compartilhando a nossa vida
de forma mais saudável e feliz.
O Mito do Amor Romântico precisa
ser quebrado. Não podemos
acreditar que o outro seja a única
fonte de felicidade. Vários fatores
são importantes, como, por
exemplo, ampliar a consciência
pelo autoconhecimento, aprender
mais sobre nosso funcionamento,
estar mais atento ao momento
presente, procurar sentir
prazer nas pequenas coisas do
cotidiano e quebrar paradigmas
que nos impedem de viver de forma
autônoma emocionalmente.
2
SEGUNDO MITO
O CASAL TEM QUE FAZER TUDO JUNTO
Conhecer alguns mitos conjugais limitantes
e quebrá-los é fator essencial para
vivermos uma vida amorosa mais prazerosa.
O ideal num casamento é este
ocorrer entre dois seres inteiros, no qual
a intersecção entre esses inteiros é espaço
do casamento. Nesse espaço comum, o
casal constrói patrimônio, cria os filhos,
faz escolhas e estabelece metas comuns.
Mas cada um dos cônjuges precisa de um
espaço seu, individual, para viver experiências
nem sempre compartilhadas com
a pessoa amada, tais como trabalho, esporte,
amigos, hobby, não significando
que eventualmente esses momentos não
Se você sofre
influência desse
mito, procure
quebrá-lo, se
possível com
a ajuda de um
profissional.
É muito difícil
fazê-lo e com
certeza, muitas
frustrações e
sofrimentos
poderão surgir
em função disso.
possam ser vividos a dois. O que nos impede
de viver assim? Um mito: O casal
tem que fazer tudo junto. Isso empobrece
a relação, pois ambos deixam de viver
suas individualidades.
O que nos atrai é justamente a singularidade
e, se somos influenciados por esse
mito, deixamos de ser nós mesmos para
sermos um pedaço do outro. Um exemplo:
deixamos de visitar um parente ou amigo
porque o outro não poderá ir, temendo
desagradá-lo ou dar motivo para que ele
faça o mesmo. Então, aprisionamo-nos
nessa relação, perdendo a nossa identidade
e o resultado é insatisfação, raiva,
medo, culpa, apego, posse, cobrança.
3
TERCEIRO MITO
ACREDITAR QUE A CHAVE DA FELICIDADE
É O CASAMENTO
Outro mito que limita nossas relações
amorosas: acreditar que a chave da felicidade
é o casamento. Aprendemos com as
histórias infantis, os romances, filmes,
que final feliz é o casamento: “E eles viveram
felizes para sempre” Tudo terminou
bem. Mas sabemos que os problemas começam
aí. São duas pessoas com valores
e atitudes diferentes, e o pior é que cada
um quer impor seus valores e suas atitudes,
vistos como melhores. É natural
todos querermos ganhar; aí vêm os conflitos
e, com eles, a frustração.
Cada cônjuge pensa que estar com
a pessoa amada é suficiente para estar
completo, feliz. Aos poucos, descobre-se
que não é bem assim e vem a sensação
de que se foi enganado, que o outro é uma
farsa. O casamento é como construir uma
Se você precisa
casar para ser
feliz, não está
pronto para
o casamento.
Para viver em
harmonia,
procure primeiro
se conhecer,
descobrir
dentro de você
a felicidade
porque
certamente a
encontrará e o
casamento será
um compartilhar
dessa felicidade.
casa. Se o alicerce não é sólido, o indivíduo
passa muito tempo levantando paredes,
colocando telhado, portas e um vento
mais forte destrói tudo.
Por outro lado, o difícil em ser solteiro
é que a sociedade foi preparada para casais.
Quando alguém, até por escolha, não
se casa, é cobrado; e várias pessoas acabam
se casando para corresponder a expectativas.
As mulheres sofrem mais com
essa situação do que os homens, porque
muitas vezes pensam que não se casaram
porque ninguém as desejou. Então, deve
haver algo de errado com elas. Não percebem
que a maioria das pessoas casadas
são infelizes no casamento. Enquanto não
atingimos a dimensão de nos sentirmos
“solteiros”, não devemos pensar em casamento,
sob pena de vivermos uma união
infeliz ou chegarmos a uma separação.
11
4
QUARTO MITO
O CÔNJUGE PODE DESCARREGAR
TUDO NO OUTRO
Outra crença devastadora para
o casamento: o cônjuge pode
descarregar tudo no outro.
Infelizmente, acredita-se que o
lar é o lugar onde podemos descarregar
nossos sentimentos
mais ferozes sem a preocupação
de ferir o outro, pois, em outros
ambientes, como o trabalho,
com os amigos ou estranhos,
prefere-se mostrar as melhores
condutas, o melhor tato e a melhor
diplomacia. O lar se torna o
local para se liberar as emoções,
o paraíso da espontaneidade. Os
ataques geram contra-ataques.
As relações conjugais necessitam
da mesma cortesia, educação
e do mesmo respeito que
oferecemos aos estranhos. Isso
ajuda a criar uma atmosfera
caseira afetuosa. Esses fatores
estão sob o nosso controle.
Podemos decidir quando seremos
amáveis, descorteses ou bemhumorados.
O caminho da cólera
tem um preço muito elevado.
Os que apelam para expressões
agressivas, geralmente recebem
o mesmo que ofereceram. A retaliação
mais comum é o comportamento
passivo-agressivo,
no qual o agredido evita a guerra
aberta e torna-se subversivo e
sabotador.
Não estou querendo defender
um relacionamento familiar inibido
ou exageradamente cortês. É
importante, numa relação familiar,
se compartilhar sentimentos
fundamentais, como a franqueza
e a informalidade, pois são elementos
importantes numa boa
relação. Mas não podemos esquecer
que a cortesia, o bom gosto
e o decoro são essenciais em
qualquer tipo de relacionamento
principalmente no familiar, no
qual seus membros estarão ligados
por toda a vida. É no lar que
não se deve atacar a dignidade do
outro, sob pena de gerar rancor,
ressentimentos, raiva.
5
QUINTO MITO
O CASAMENTO DEVE SER UMA
SOCIEDADE 50%-50%
Esse é mais um mito que tem
levado casais a desgastes e separações.
A ideia de direitos iguais,
oportunidades iguais, pagamentos
iguais tornou-se uma bandeira
para muitos casais, que
acreditam que, se as coisas não
forem divididas meio a meio,
pode caracterizar-se uma situação
de exploração.
Na atualidade, felizmente,
estamos vivenciando uma
maior flexibilização dos papéis
de homem e mulher, deixando
para trás estereótipos rígidos
das funções masculinas e
femininas. O homem urbano
já é capaz de ficar na cozinha
preparando o jantar enquanto
sua esposa descansa na sala,
lendo jornal e verificando os índices
da Bolsa de Valores. Mas
ainda existem muitos casais
que levam esse mito ao pé da
A necessidade de provar o
quanto faz mais que o outro
evidencia um sinal básico de
imaturidade, desamor, falta
de interesse e compromisso
com o outro. Quando você ama
realmente seu parceiro, sente
prazer em tornar sua vida mais
fácil e agradável. Quando vejo
cônjuges contando pontos
e dizendo: “você está em
dívida comigo”, percebo que
a separação está próxima.
É muito prazeroso fazer as
coisas porque desejamos sem
esperar algo em troca.
letra, achando que a participação
conjunta é justa e desejável,
não percebendo que, numa vida
a dois, dependendo das circunstâncias,
uma combinação 60% -
40%, 80% - 20%, 90% - 10% ou
qualquer outra pode ser mais
adequada do que 50% - 50%.
Alguns insistem numa única
forma de ver o mundo, achando
ser a sua melhor. Os casais fazem
controle através de anotações.
“Eu coloquei o lixo para fora 3
vezes essa semana e você apenas
2. Eu levei as crianças para a escola
4 vezes e você apenas 1”. “Eu
lhe fiz 5 elogios esse mês e você
nenhum”, “Não lhe mando mais
cartões porque você também não
me tem mandado”. “Não tenho
lhe telefonado mais porque você
também não telefona”.
QUESTIONÁRIO DE
SATISFAÇÃO MATRIMONIAL
6
SEXTO MITO
Após cada pergunta, anote o número que mais
se aproxima ao que você acha atualmente do seu
casamento ou do seu cônjuge.
UMA RELAÇÃO EXTRACONJUGAL DESTRÓI
O CASAMENTO
Um outro mito muito comum: uma relação
extraconjugal destrói o casamento.
Muita gente acredita que ter uma aventura
significa que algo está errado com o
casal. Mentira! Podemos afirmar que, das
pessoas que costumam se envolver nessas
aventuras, apenas uma pequena parcela
o faz devido a conflitos na relação. A
maioria age assim por causa de conflitos
internos.
Muitos indivíduos buscam uma aventura
por estarem inseguros com relação
aos seus atrativos físicos ou ao seu desempenho
sexual e, constantemente, estão
procurando autoafirmação. Outros são
tão sexualmente ativos que poucos conseguem
acompanhar seu ritmo. Há ainda
aqueles que estão sempre insatisfeitos e
isso também inclui os relacionamentos.
Em muitos casos, agem dessa forma apenas
por curiosidade, procurando emoções
fortes ou ainda a superação do tédio.
É importante ressaltar que existem
razões saudáveis e doentias na busca ou
não dessas aventuras. Pode ocorrer num
casamento de 30 anos, no qual o homem
ou a mulher jamais tenham
desejado ou ido
atrás de aventura e que
ambos sejam perfeitamente
normais.
Já, em outros momentos,
podem ficar
evidenciados graves
problemas biológicos
É melhor viver a vida de
forma coerente com seus
valores éticos.
ou psicológicos. Existem
pessoas que relatam
que, após uma aventura,
o casamento melhorou
consideravelmente.
Para outras, as relações
extraconjugais são inteiramente
desaconselháveis,
porque vão resultar
em culpa, vergonha e
sofrimento em virtude
de temperamento, religião
ou condicionamentos
sociais.
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
satisfeito mais ou menos insatisfeito
Estou:
Satisfeito com a quantidade de tempo que falamos.
Feliz com os amigos que temos em comum.
Satisfeito com nossa vida sexual.
De acordo com a quantidade de tempo que passamos
arrumando a casa e no trabalho.
De acordo com a forma como gastamos o dinheiro.
Satisfeito com seu desempenho como pai ou mãe; (isso
se refere ao tipo de comunicação do seu cônjuge com
os filhos. Se você não tiver filhos, marque seu grau de
satisfação com isso.)
Achando que você está realmente “do meu lado”.
Satisfeito com o nosso tipo de lazer (Esporte, férias,
etc.).
Bastante de acordo com seus pontos de vista sobre a
vida (valores, atitudes, religião, política, etc).
Geralmente contente com a forma como você se
relaciona com sua própria família.
Geralmente contente pelo modo como você se vincula
com a minha família (referindo-se à família dos seus
pais, irmão, etc.).
Satisfeito com seus hábitos em geral, seus maneirismos
e sua aparência.
Some a pontuação total.
84+ Um casamento muito bom
72-83 A relação está entre satisfatória e boa
61-71 Necessidade de algumas mudanças básicas
-60 Baixo nível de satisfação matrimonial
Questionário: Lazarus, Arnold A.
13
RELACIONAMENTOS
COMUNICAÇÃO
EMOCIONAL
MAIS EFICAZ
Francisca
Sampaio Leão
Neuropsicóloga
A COMUNICAÇÃO EMOCIONAL não violenta e o gerenciamento
de conflitos têm sido temas de numerosos
estudos por parte de vários cientistas da área.
O Dr. Gottman chegou a duas conclusões básicas:
Diante de situações conflituosas, quando perdemos
o controle de nossas emoções, o resultado
pode ser desastroso. O Dr. Gottman define esse tipo
de relação negativa como característico dos Quatro
Cavaleiros do Apocalipse, uma metáfora que se traduz
como quatro atitudes que destroem qualquer
tipo de relação (a crítica, o desprezo, o contra-ataque
e o apedrejamento).
1- NÃO EXISTEM RELACIONAMENTOS
EMOCIONAIS DURADOUROS SEM
CONFLITOS CRÔNICOS.
2- O QUE MAIS NOS AFETA
EMOCIONALMENTE É O
DISTANCIAMENTO EMOCIONAL DAS
PESSOAS QUE AMAMOS.
O primeiro cavaleiro, a CRÍTICA, é representado
pela atitude com a qual a pessoa do outro é desqualificada.
Atinge-se a pessoa e não o fato, que não é
esclarecido. Por exemplo, “Você só pensa em você!”
O segundo Cavaleiro se traduz pelo DESPREZO. É o
mais violento e perigoso, porque o sarcasmo magoa
muito. Podemos comunicá-lo com gestos, trejeitos,
causando profunda irritação no parceiro. Essa forma
de comunicação inviabiliza uma solução pacífica.
Mas o que podemos fazer para resolver conflitos
sem violência? O primeiro princípio da
Comunicação não Violenta é substituir a CRÍTICA
por uma afirmação objetiva dos fatos. Se você diz
para um subordinado “Você não aprende mesmo,
hein!”, “Esse relatório não está nada bom!”, A reação
da pessoa é ficar na defensiva. Você pode ser
objetivo dizendo: “Nesse relatório precisamos colocar
três ideias para comunicar nossa mensagem
e você é capaz de colocá-las”. O segundo princípio
é numa conversa colocar o referencial em nós,
expressando como nos sentimos naquela situação.
Devemos iniciar a frase com “EU” em vez de
“VOCÊ”. Ao falar apenas de mim, nem critico nem
ataco o outro. Quando eliminamos a CRÍTICA e o
DESPREZO, certamente a nossa comunicação se
torna mais harmoniosa.
O CONTRA-ATAQUE E O APEDREJAMENTO são os 2
últimos Cavaleiros do Apocalipse (atitudes negativas
no relacionamento). Se em uma situação de conflito
costumamos utilizar essas atitudes, ou seja, esses
cavaleiros, com certeza a nossa comunicação emocional
está prejudicada. Infelizmente, nas nossas batalhas
emocionais, invocamos esses guerreiros.
Quando nos sentimos atacados, geralmente
CONTRA-ATACAMOS e em consequência a outra
pessoa sente-se ofendida, CONTRA-ATACANDO
com mais violência. Se essa escalada prossegue,
o nosso relacionamento poderá ser bastante
abalado pela rejeição, pelo divórcio ou até mesmo
pela agressão física violenta. Quando um
CONTRA-ATAQUE é “bem-sucedido”, a ferida da
parte derrotada, muitas vezes com um tapa dado
pelo mais forte, aumenta e o convívio fica cada
vez mais difícil.
O APEDREJAMENTO é o quarto Cavaleiro, é a
quarta atitude negativa típica de homens e que
tanto desagrada as mulheres. Nessa fase já caracteriza
um relacionamento em desintegração,
seja o casamento ou uma sociedade que, após um
período de críticas, indiferenças, Ataques, Contraataques,
uma das partes escolherá a fuga, abandonando
o campo de batalha, pelo menos emocionalmente.
Por sua vez, a outra parte, em busca
de contato, busca a conversa, enquanto o outro ignora.
Sem êxito, as abordagens vão ficando cada
vez mais violentas, numa tentativa desesperada
de volta. A retratação emocional não é eficaz para
a resolução de conflitos. O APEDREJAMENTO com
frequência leva a um triste final.
Avalie os seus relacionamentos emocionais!
Diante de um conflito, qual desses guerreiros
você costuma chamar? Ou, em qual desses estágios
você se encontra na sua relação amorosa?
Se as situações citadas forem uma realidade em
sua vida, procure dar outro rumo a sua comunicação
emocional.
15
RELACIONAMENTOS
COMUNICAÇÃO EMOCIONAL
SEM VIOLÊNCIA
TÉCNICAS PARA APRIMORAR
RELACIONAMENTOS PESSOAIS
E PROFISSIONAIS
Francisca
Sampaio Leão
Neuropsicóloga
Hoje, estamos assistindo um
enorme sofrimento do ser humano
em nosso planeta. Parece que
perdemos o contato com a nossa
essência e não estamos usando
as nossas habilidades humanas
para nos relacionar com as pessoas.
Estamos vivendo uma época
de violência em todos os âmbitos
da nossa sociedade.
Essa realidade tem mobilizado
a mim e a vários outros profissionais,
principalmente da área
da psicologia, a encontrar maneiras
mais eficazes para ajudar
pessoas a terem relacionamentos
mais respeitosos, embasados na
confiança.
Fiquei animada quando me
deparei com o método do Doutor
Marshall Rosenberg, de resolução
pacífica de conflitos. O seu principal
mérito é o de centralizar a
comunicação na empatia, ou seja,
nos colocar no lugar do outro. Ele
nos oferece ferramentas para capacitar
pessoas, instituições e povos
a viverem num mundo onde
a confiança é mútua, favorecendo
os nossos relacionamentos e até a
nossa saúde.
Essa abordagem (comunicação
não violenta) nos ajuda a reformular
a maneira pela qual nos
expressamos e ouvimos os outros,
ou seja, em vez de nossas palavras
serem reações automáticas,
tornam-se respostas conscientes,
embasadas na consciência do
que estamos percebendo, sentindo
e desejando; estabelecendo-se,
assim, uma atmosfera empática
e respeitosa. Não existe nada
de novo nessa abordagem, já que
esse conhecimento está presente
há séculos.
Além de ser um processo de comunicação,
essa abordagem é um
lembrete permanente para mantermos
a nossa atenção focada na
relação, e que seja uma relação
baseada no princípio do dar e do
receber. Quem recebe aprecia o
presente sem se preocupar com as
consequências que o acompanha;
quem doa, se beneficia com o bem-
-estar que produziu no outro.
O processo dessa
comunicação consiste de
quatro componentes que são:
1
2
3
4
A OBSERVAÇÃO
O que ocorre na situação que
estamos vendo os outros
fazerem ou dizerem e se é
enriquecedor ou não para a
nossa vida. O importante é
ser capaz de articular essa
observação sem fazer nenhum
julgamento ou avaliação.
Simplesmente dizer o que nos
agrada ou não naquilo que as
pessoas estão fazendo.
SENTIMENTO
Identificarmos como nos
sentimos ao observar aquela
ação. – magoados, irritados,
assustados, alegres, divertidos,
etc.
NECESSIDADE
Reconhecemos quais de
nossas necessidades estão
ligadas aos sentimentos que
identificamos na situação.
O PEDIDO BEM ESPECÍFICO
Esse componente enfoca o
que estamos querendo da
outra pessoa.
Então:
1 - Observar as ações que
afetam o nosso bem-estar;
2 - Como nos sentimos em
relação ao observado;
3 - As necessidades,
valores, desejos, etc;
4 - Ações concretas que
pedimos para enriquecer
nossa vida.
Portanto, esse processo consiste
em expressar as quatro informações
claramente (verbal
ou por outros meios). À medida
que mantivermos a nossa atenção
focada nesses componentes
e ajudarmos os outros a fazerem
o mesmo, estaremos estabelecendo
um fluxo de comunicação dos
dois lados.
Esse método pode ser aplicado
em todos os níveis de comunicação
nas diversas situações:
Relacionamentos amorosos
Familiar
Escolas
Organizações
Terapias
Negociações
Disputas ou conflitos
17
A SEIS SUGESTÕES PARA
LIDAR COM CONFLITOS
Tenho utilizado um acróstico com seis pontoschave
dessa abordagem: FTACEN.
FONTE
TEMPO E
LUGAR
Certifique-se de que está lidando
com a pessoa que é a fonte do
problema porque é ela que tem
os meios para resolvê-lo.
Imagine que, na empresa onde
trabalho, um colega me faça
uma crítica pejorativa na frente
de toda a equipe. Será inútil me
queixar disso mais tarde para
outros colegas ou para uma
amiga ao telefone? No entanto,
isso é o que gostaria de fazer.
Se eu o fizer, esse meu colega
jamais saberá o que penso e
os colegas que ouviram o meu
desabafo repetirão o que eu
disse de forma distorcida e
com exageros, comuns nessas
situações, e a minha reputação
poderá ficar abalada.
Para ganhar o respeito e mudar
o comportamento de meu colega,
devo falar diretamente com ele.
Certifique-se de que a conversa
ocorra em hora e lugar
adequados. Não será uma
boa ideia ter essa conversa
imediatamente após o ocorrido,
quando os ânimos ainda estão
acirrados ou em público ou num
corredor. O melhor será escolher
um local onde possam falar
com a certeza de que não serão
incomodados.
ABORDAGEM
AMIGÁVEL
COMPORTAMENTO
OBJETIVO
EMOÇÃO
NECESSIDADE
Comece com um tom amigável
para que o outro se sinta
à vontade durante as suas
primeiras palavras. Comece
dirigindo-se a ele pelo nome
que é a palavra mais atraente
para a pessoa. Depois diga algo
positivo, que seja verdadeiro.
Assim a porta da comunicação
estará aberta.
Vá direto ao assunto. Explique
o comportamento que motivou
a insatisfação, mas limite a sua
descrição ao que aconteceu e
nada mais, sem qualquer alusão
a um julgamento moral.
Após a descrição dos fatos,
diga a emoção que sentiu como
resultado do ocorrido. Evite falar
sobre a sua raiva. A raiva é uma
emoção dirigida ao outro e não
uma expressão de mágoa interna
e tende a colocar a outra pessoa
na defensiva. Será muito mais
forte e eficaz falar sobre o que
você sentiu, sobre a sua emoção:
Ex.: Eu fiquei magoada.
Fale sobre a necessidade
que tem de ser reconhecida.
Exemplo: Preciso sentir que
sou importante para você.
EXEMPLOS DE COMUNICAÇÃO
UTILIZANDO OS QUATRO
COMPONENTES:
COMPONENTES COMPONENTES
Uma mãe poderia expressar
esses quatro componentes ao
filho adolescente dizendo:
1 – Pedro, quando vejo
um copo sujo embaixo da
mesinha e mais suas meias
sujas perto da TV;
2 – fico irritada;
3 – porque preciso de mais
ordem no espaço que
utilizamos em comum;
4 – você poderia colocar o
copo sujo na pia da cozinha e
suas meias no cesto de roupa
suja no seu quarto?
Outro exemplo, numa situação de
trabalho:
Uma paciente estava
constantemente estressada
porque a colega que
trabalhava próxima à sua
mesa, saía e deixava seu
celular na mesa, que tocava
sem parar. Ela ficava irritada,
agressiva, jogava indiretas a
ela, desabafava com colegas,
no entanto a sua colega
continuava fazendo a mesma
coisa e o relacionamento
delas piorava a cada dia.
Se ela optasse por esse
processo, como poderia se
comunicar com a colega?
1 - Descrever o fato: Joana,
todas as vezes que sai da
sua mesa e deixa o seu
celular, ele toca várias vezes.
Hoje você saiu 3 vezes e a
cada vez que saiu ele tocou
cinco vezes;
2 - Descrever a emoção: fico
muito irritada, furiosa;
3 - Descrever a necessidade:
porque preciso de silêncio
para trabalhar;
4 - Pedido bem específico:
então, todas as vezes que
sair da sua mesa, por favor,
poderia levar o seu celular?
Existem outras formas de
Comunicação que geram conflitos,
violência e que nos alienam
do nosso estado natural.
JULGAMENTOS MORALIZADORES
O julgamento é alienante porque
subentende uma natureza errada
ou maligna nas pessoas que não
agem de acordo com os nossos valores.
Esse julgamento aparecem
em frases como:
“
“
“
O teu problema é ser
egoísta demais.”
Eles são
preconceituosos.”
Ela é preguiçosa.”
FORMAS DE JULGAMENTO
Culpa
Insulto
Depreciação
Rotulação
Crítica
Comparação
Esse tipo de Comunicação nos
prende num mundo de ideias sobre
o Certo e o Errado. A nossa
atenção se foca em classificar,
analisar e determinar níveis de
erros em vez de focar no que nós
e os outros necessitamos e não estamos
obtendo.
Existem outras formas de comunicação
alienantes, como:
Comunicar nossos desejos na
forma de exigências. É comum,
na nossa cultura, educarmos
com ameaças, implícita ou explicitamente,
provocando sentimento
de culpa ou punição se
aquela instrução não for atendida.
O ideal seria educar as nossas
crianças para que fizessem
EXEMPLO
Um casal. A mulher desejava
mais afeto do marido, no entanto
ela não sabia como obter
o que queria porque a sua forma
de comunicação não expressava
as suas necessidades. O
marido a rotulava de carente e
dependente e ela o rotulava de
indiferente e insensível.
Se o meu colega se foca muito
em detalhes e nos pormenores,
ele é rotulado como “Cricri”
e compulsivo. Se sou organizada
e sistemática, e o outro
não faz como eu, é lambão e
desorganizado.
Classificar e julgar as pessoas
estimula a violência. Em vez
de dizer que a violência é ruim,
posso dizer: Tenho medo do uso
da violência para resolver conflitos.
Perceba a diferença das
duas maneiras de expressar a
mesma ideia. Uma é através do
julgamento (a violência é ruim)
e a outra maneira colocando
o referencial em mim (tenho
medo do uso da violência para
resolver conflitos).
Um psicólogo, professor de
psicologia da Universidade do
Colorado, pesquisa a relação entre
linguagem e violência. Ele
pegou amostras literárias de vários
países do mundo e tabulou
a frequência das palavras que
classificam e julgam as pessoas.
O seu estudo constata uma
elevada correlação entre o uso
frequente dessas palavras e a
incidência da violência.
mudanças nas suas vidas não
para evitar punições, mas por
perceberem que a mudança as
beneficia. Da mesma maneira
deveria ser nos nossos relacionamentos.
Crescemos usando
uma linguagem que, em vez de
nos encorajar a perceber o que
estamos sentindo e do que precisamos,
nos estimula a rotular,
comparar, exigir e proferir julgamentos.
19
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
ATENÇÃO, AUTOGESTÃO
E SAÚDE EMOCIONAL
compreensão a respeito
do papel da
atenção no equilíbrio
psicológico e emocional
de todos nós vem
se desenvolvendo significativamente.
Ferramenta altamente
flexível, a atenção atua em inúmeras
operações mentais. Ela
promove a compreensão, fortalece
a memória, vitaliza a aprendizagem,
fomenta a percepção do
que sentimos e por que sentimos,
auxilia na leitura das emoções
dos outros e nos corrige para
uma interação mais harmoniosa
com o nosso ambiente cultural.
Em síntese, ela se estabelece
como a base principal de nossa
saúde emocional. Se ela é fraca,
nos saímos mal. Mas se é poderosa,
nos leva a sobressair nas
mais diversas áreas.
Vitor Santiago
Borges
Psicólogo
A reflexão profunda exige
de todos nós uma mente
bem focada, pois quanto
mais nos distraímos, mais
superficiais são nossas
reflexões.”
Nessa breve reflexão, procuro estabelecer o papel
fundamental da atenção em nossas vidas a
partir de uma tríade fundamental: o foco interno,
o foco no outro e o foco externo. Uma vida realizada
exige o desenvolvimento dessas três formas
de atenção. Como um músculo, a atenção quando
bem utilizada se expande e fortalece, quando pouco
utilizada definha. Proveniente do latim attendere,
ela é a nossa base de contato, nos conectando com
o mundo e, ao mesmo tempo, determinando os
contornos de nossa experiência. Entretanto, começamos
a nos dar conta dos vários obstáculos inerentes
ao ambiente tecnológico em que vivemos e
que vêm produzindo um crescente subdesenvolvimento
da atenção, principalmente, nas crianças
de hoje. Uma tendência marcante é o fato de muitas
crianças crescerem em uma nova realidade que
as leva a se conectarem mais às máquinas do que
às pessoas. E, por muitos motivos, isso é perturbador,
pois o circuito social e emocional do cérebro
de uma criança se desenvolve por meio dos seus
contatos interpessoais ao longo de sua rotina. Por
conseguinte, menos tempo passado com pessoas
e mais tempo em interação com a tela do computador
e do celular produz significativos déficits
emocionais e sociais. Nos jovens de hoje, constatamos,
em escala crescente, uma dificuldade e resistência
cada vez maior para a leitura. Mais motivados
em checar as mensagens que lhes chegam
pelos aparelhos celulares através do Instagram,
do WhatsApp e Facebook, não se sentem atraídos
a explorar a expansão de novas descobertas pela
experiência literária. Em 1977, o visionário economista
e vencedor do Nobel, Herbert Simon, atentou
para esse perigo, alertando para o período em que
vivemos, caracterizado pelo paradoxo do excesso
de informação e empobrecimento da compreensão:
“a informação consumirá a atenção de quem
a recebe. Eis por que a riqueza de informações cria
a pobreza da atenção”. Aliado à posição de Simon,
o filósofo Martin Heidegger explanou posição semelhante
de maneira profética nos idos de 1950:
“A maré da revolução tecnológica cativa, enfeitiça,
deslumbra e diverte de tal forma o homem que o
pensamento computacional pode algum dia se tornar
a única forma de pensar, o que acarretará uma
perda do pensamento meditativo, tão fundamental
para a essência de nossa humanidade”.
A reflexão profunda exige de todos nós uma
mente bem focada, pois quanto mais nos distraímos,
mais superficiais são nossas reflexões. Uma
mente focada é capaz de se abstrair, intencionalmente,
das distrações emocionais, o que significa
que quem tem um foco aprimorado se torna relativamente
imune às turbulências psicológicas, adquirindo
maior capacidade de se manter calmo durante
os momentos de dificuldade, mantendo-se
no prumo em meio às agitações da vida emocional.
21
Por isso, a capacidade de tirar a atenção de uma
coisa e transferi-la para outra é essencial para o
bem-estar de todos nós.
Há uma relação fundamental entre atenção e intenção.
A intenção é nossa força motriz, aquilo que
nos move em direção a metas e alvos que passamos
a definir em nossa experiência, tendo em vista a
nossa realização pessoal. Se eu intenciono chegar a
algum lugar, a atenção será a minha ferramenta,
o meu veículo. No que se refere ao meu bem estar
global, o foco interno, o foco no outro e o foco externo
são fundamentais. Nesse sentido, a atenção voluntária,
a força de vontade ‘atencional’ e a escolha
intencional envolvem operações a partir do córtex
pré-frontal, sendo a base de desenvolvimento para a
autoconsciência, a reflexão, a deliberação e o planejamento.
O foco intencional, portanto, oferece uma
alavanca fundamental para a boa gestão do nosso
cérebro. Mas, se há uma operação assertiva que,
pelo foco intencional nos proporciona a autogestão
de nossas experiências internas, há, ao mesmo
tempo, uma operação mental errática que se desenvolve
por meio das divagações.
Uma pergunta que costumo fazer no consultório
psicológico aos pacientes é: “Ocorre de você se perceber
em diversos momentos fazendo uma coisa e
pensando em outra?”, e sempre me respondem:
“Frequentemente”. Partindo dessa pergunta, referida
aos pacientes em terapia, levantamos a questão:
Para onde os pensamentos divagam quando não
estamos focados em nossa experiência concreta?
Invariavelmente para o “eu” e suas preocupações,
para aquela narrativa altamente emocional relativa
a tudo sobre mim, e que confere uma poderosa e
ao mesmo tempo restritiva fixação no nosso ego. O
ego, portanto, é a matriz de nossa mente inquieta,
produzindo fixações imaginárias relativas ao seu
próprio valor e que fomentam as carências, os vícios
e as vulnerabilidades emocionais em todos nós. A
obsessão com o “eu” promove uma permanente tensão
em nossas experiências internas, pois, apegado
ao seu valor, transita por circuitos obsessivos difíceis
de desenganchar. Por outro lado, quando a mente
encontra foco em uma atividade criativa ou construtiva,
ela desenvolve o que os psicólogos que pesquisam
a criatividade chamam de flow. A mente flui e
o bem-estar emocional resulta como consequência.
Para a nossa autogestão, é fundamental o desenvolvimento
de uma habilidade cognitiva chamada de
“metaconsciência” que é basicamente a capacidade
de sermos observadores neutros e desapegados dos
nossos conteúdos mentais, especificamente, nossas
representações emocionais alimentadas pelo nosso
eu. Técnicas de meditação e mindfulness ajudam
no desenvolvimento dessa habilidade e promovem
o nosso foco interno. Com elas, aprendemos a nos
relacionar com nossos conteúdos de forma autônoma,
emancipada, integrando melhor o nosso self à
realidade. São dois, portanto, os registros nos quais
podemos aportar nossa experiência psicológica: o
real e o imaginário. No real, a mente se alinha aos
acontecimentos e à experiência desenvolvendo um
foco sensível e saudável. No imaginário, ela se desalinha,
envolvendo-se em turbulências emocionais que
proporcionam os estados de ansiedade e depressão.
Torna-se, por assim dizer, uma mente sem rumo. Ser
expectador e não ator das próprias narrativas mentais
é o caminho aberto para o bem-estar emocional,
mas para isso há a necessidade de se desenvolver o
foco interno, atento e puramente observador em relação
às narrativas emocionais e imaginárias. Com
o foco interno, potencializa-se a capacidade de desapego
e a experiência mental desenvolve a capacidade
de presença experiencial, antes sabotada pelas obsessões
imaginárias.
Quanto ao foco no outro e no ambiente externo,
ocorre basicamente o mesmo, pois o ego, alimentado
pela mente desatenta que rumina obsessivamente
sobre si própria, encontra-se incapaz de perceber
com maior amplitude e profundidade tanto
os outros com quem se relaciona como também o
ambiente em que concretamente existe. Por ser obcecado
quanto ao seu valor, o ego ocupa-se muito
mais em como os outros o percebem, do que em perceber.
Seu compromisso é formulado em “o que eles
estão pensando a meu respeito”. Com isso perde de
vista a percepção qualificada do outro e do ambiente
em que se encontra, criando pontos cegos, pois não
é o pensamento imaginário que potencializa nossa
consciência, mas a capacidade de estarmos intencionalmente
atentos ao valor do momento experimentado.
Em síntese, o pensamento que reproduz
as ruminações é o maior obstáculo à consciência,
que se amplia a partir da boa atenção.
Resumindo, a atenção plena em direção à nossa
experiência, tanto interna quanto externa, no momento
presente de nossas vivências reais, é o princípio
e o fim do nosso bem-estar emocional e do
aprimoramento de nossa autogestão.
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
DEZ SINAIS DE QUE VOCÊ
ESTÁ ALIMENTANDO A
VÍTIMA QUE HÁ EM VOCÊ
Saia desse vale de lágrimas e lamentações e assuma a responsabilidade de fazer diferente.
vitimização é um traço
que aparece com muita
frequência nas pessoas
que procuram ajuda psicológica
em busca de um bálsamo
para as dores da sua alma. O maior
empecilho para a mudança desse
perfil são as crenças distorcidas e
o forte apego à autoimagem idealizada,
observada na fantasia de que
é sempre o outro o grande causador
da sua infelicidade.
Erocilda Gabriel
de Lima
Psicóloga
23
É importante descobrir quais são as bases que
sustentam essa imagem idealizada. O intuito aqui é
apresentar alguns sinais que podem auxiliar você a
identificar se faz da vitimização o seu estilo de vida.
Seja atento e sincero, pois essa descoberta é o
primeiro e mais importante passo para alcançar a
transformação que tanto almeja.
Vamos a eles?
1) Você sempre se vê como uma excelente
pessoa, mas que não teve sorte na vida nem
nos relacionamentos?
2) Você acredita que dá o melhor de si e que
só atrai pessoas que querem se aproveitar
de você?
3) Você sempre encontra um culpado ou
responsável pelo seu sofrimento ou problema
que está passando?
4) Você tem mais lamentações do que
alegrias para compartilhar?
5) Você frequentemente fala de fracassos,
perdas, traições e dificuldades na vida?
6) Você é expert em fazer grandes sacrifícios
pelos outros, sem que ninguém lhe peça?
7) Você sempre se sente carente e exige
atenção, cuidados, apoio e carinho?
8) Você acredita que sua vida hoje tem muito
a ver com a sua infância sofrida?
9) Você tem grande apego ao seu passado e
ele continua como referência para suas ações
presentes?
10) Você não perdoa com facilidade?
Agora sugiro que dê uma pausa nessa leitura e avalie
com muita sinceridade:
O que você recebe de
retorno do mundo está
lhe deixando feliz?
Você tem bons relacionamentos e se sente aceita
e amada pelo seu círculo familiar, de amizade, do
trabalho, no seu relacionamento conjugal?
Se sua resposta for um “não” para qualquer das
perguntas acima, você vai perceber que essa postura
lhe traz exatamente o oposto do que você deseja.
Então, vamos entender um pouco mais sobre a
vitimização e as possibilidades de libertação desse
processo em você?
O dicionário online de português descreve o vitimismo
como: “sentimento de ser vítima; sensação
de quem está ou foi sujeito à opressão, maus-tratos,
arbitrariedades, discriminação etc. Geralmente de
quem tem sempre essa percepção sobre o que lhe
acontece: sua vida não avança porque o vitimismo
não a deixa.”.
Sigmund Freud, pai da psicanálise, nos apresenta
o conceito de projeção e caracteriza esse comportamento
como um mecanismo defensivo que a
mente encontra para minimizar a ansiedade. Uma
vez que os impulsos inconscientes e indesejados são
projetados em outra pessoa.
A “vítima” projeta nas outras pessoas os próprios
pensamentos, comportamentos e emoções que são
julgados como inaceitáveis pela sua mente. Essa
forma distorcida de enfrentar a realidade acaba bloqueando
a sua autocrítica e a capacidade de avaliar
racionalmente as situações cotidianas.
Podemos perceber esse comportamento nas justificativas
apresentadas diante dos fracassos – “O
meu chefe não gostava de mim e por isso me despediu”
ou “Não passei no vestibular por que...” e assim
por diante.
Uma das estratégias dos vitimistas é a manipulação
emocional e, embora ela traga mais benefício
do que problema em curto prazo, não é o que acontece
no decorrer da vida, pois as pessoas, do seu
círculo de relacionamentos, acabam se cansando
de sofrer com as chantagens emocionais e muitas
tendem a abandonar a relação.
O forte apego ao vitimismo se dá devido aos ganhos
secundários, presentes em todos os quadros de
adoecimento, sejam eles, físicos ou mentais. A “vítima”
exige atenção e cuidados que, na maioria das vezes,
são dispensados pelos outros na tentativa de não
magoá-la. Geralmente é hipersensível, tende a distorcer
qualquer assunto considerando-os como ofensa
pessoal e, consequentemente, cria a maior confusão,
ataca e acusa os outros com muita intolerância.
Eva Pierrakos informa que muitas vezes essa autoimagem
idealizada impõe altos padrões morais
que dificultam ainda mais a compulsão em negar
a imperfeição presente no momento. O medo de se
expor, o disfarce, a tensão, a culpa e a ansiedade reforçam
a falsa pretensão imposta pelo eu idealizado
e acaba impedindo a pessoa de aceitar-se como é no
presente.
Embora existam facetas do eu idealizado que
não podem ser consideradas boas, éticas e morais,
como é o caso das tendências agressivas, hostis,
arrogantes e ambiciosas, muitas vezes são exaltadas
por algumas vítimas, por acreditarem que
elas constituem prova de força, independência e
superioridade.
Na maioria dos casos, existe uma combinação
dos padrões morais superexigentes com o orgulho
de ser invulnerável, distante e superior.
Muitas crises pessoais se originam desse dilema
interno – o forte apego à autoimagem idealizada,
mais do que qualquer outro problema de ordem
externa.
É muito importante perceber esse padrão repetitivo
e como ele se apresenta em sua vida e, partindo
dessa percepção consciente, por meio do autoconhecimento,
ir se aproximando do seu verdadeiro eu.
Quem sou eu realmente? Buscando responder a
essa pergunta de maneira profunda, você permite
que a sua intuição lhe mostre o caminho a ser
seguido como uma oportunidade de crescimento e
desenvolvimento.
Ao seguir esse caminho, você percebe a autopunição
que se impõe quando se vê diante dos fracassos
e dos seus sentimentos de raiva, mesmo que projetados
nos outros, mas que continuam reverberando
contra você mesmo e provocando doenças, perdas,
acidentes e fracassos exteriores sob as mais variadas
formas.
COMO SABER ONDE COMEÇOU ESSE
PADRÃO DESTRUTIVO?
Em regra ele começa na infância e nas relações
parentais.
A falta de amor maduro e de afeto suficiente
transformou essa carência em feridas, que ainda
não foram tratadas adequadamente e continuam
clamando de forma, muitas vezes inconsciente,
esse retorno ao passado.
É somente por meio do autoconhecimento que
você poderá chegar a um acordo com as mágoas,
decepções e necessidades não satisfeitas e, como
adulto, assumir a responsabilidade de realizar em
você as mudanças que a criança ferida vem se propondo
a realizar, ao recriar situações semelhantes
às vividas no passado.
Bibliografia consultada:
https://www.dicio.com.br/vitimismo - em 23/01/17
http://www.psiconlinews.com – o vitimismo manipulador - em 23/01/17
https://amenteemaravilhosa.com.br/eu-permito-nao-ser-uma-vitima/ -
em 23/01/17.
FREUD, Sigmund. O Ego e os Mecanismos de Defesa. Porto Alegre: Artmed.
2006.
PIERRAKOS, Eva. O Caminho da Autotransformação. São Paulo. Cultrix. 1990.
A partir dessas descobertas e na busca por um
estilo de vida mais prazeroso, leve e feliz, um bom
começo seria:
1) Aceitar, respeitar e valorizar-se como é,
sem medo, sem condenação e sem rótulos.
2) Assumir suas falhas e erros sem projetálos
em ninguém.
3) Desistir de resolver os problemas
familiares, de amigos ou pessoas próximas e
conhecidas, limitando-se apenas a contribuir
caso lhe solicitem.
4) Aceitar dar um “não” como resposta às
solicitações de terceiros quando não está
disponível internamente para atendê-los.
5) Abandonar a necessidade de ser sempre
bonzinho/boazinha.
6) Deixar de cobrar e esperar a retribuição
das suas ações ou do reconhecimento delas.
7) Parar de culpar as pessoas e assumir a
responsabilidade por tudo que lhe acontece e,
a partir daí, fazer escolhas mais assertivas.
8) Ser autêntico e não precisar se esforçar
para agradar.
9) Desapegar-se de todos os medos e
traumas vividos na infância e assumir a
responsabilidade de ser feliz no presente.
10) Agradecer pelas experiências vividas e
conseguir praticar o perdão.
A psicoterapia pode ajudar você a ressignificar
a sua história pelo desenvolvimento de uma percepção
mais realista do mundo e de si mesmo. É
preciso parar de olhar para fora e começar a olhar
para dentro. Não tenha medo de mergulhar com
profundidade. É no fundo do mar que se encontram
os tesouros naufragados e também é no mergulho
mais profundo no interior do seu Ser que você vai se
descobrir e se encantar!
Não estou querendo dizer que esse mergulho seja
fácil, pois sei das dificuldades e dores a serem enfrentadas,
apenas lhe afirmo que vale a pena pagar
o preço da transformação. Resgate-se! Vá em busca
do seu maior tesouro!
25
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
AS
SER
TIVI
DA
DE
Vem de “asserto” que significa
uma afirmação considerada verdadeira,
ou seja, uma assertiva.
É dizer “sim” quando se quer dizer
“sim”e principalmente dizer
“não” quando se quer dizer “não”.
Significa falar o que se pensa ou
se sente, para a pessoa certa, de
forma apropriada, no momento
oportuno e sem agredir o outro.
O treino assertivo é de grande
valia para melhorar os nossos
relacionamentos interpessoais.
A passividade, também chamada
de não asserção, diz respeito
àquelas pessoas que se
sentem muito ansiosas e impedidas
de dar respostas adequadas
dentro do relacionamento
interpessoal.
São pessoas tímidas, boazinhas
e incapazes de afirmar
seus direitos e agir com os seus
sentimentos. Preocupam-se com
os outros e sentem-se culpadas
se negarem algo a alguém.
Geralmente possuem baixa autoestima
e temem assumir qualquer
posicionamento pessoal
que contrarie o outro.
Por outro lado, no comportamento
agressivo, a pessoa consegue
expressar pensamentos,
sentimentos e opiniões, mas faz
de uma forma que viola os direitos
da outra pessoa, tentando
impor a sua vontade, seja através
de uma maneira de falar
agressiva (gritando, ameaçando,
intimidando) ou através de gestos
ameaçadores (cerrar os punhos,
atacar fisicamente o outro,
etc.). O objetivo da agressão é dominar
o outro, através de humilhação,
da degradação, de modo
Gabriela
Brunelli Bofill
Psicóloga
que os demais sintam-se fracos e
menos capazes de defender seus
direitos. Esse tipo de comportamento
traz também consequências,
para a pessoa agressiva
tais, como: conflitos interpessoais,
culpa, tensão, solidão; ela se
sente aborrecida, além de perder
oportunidades.
Voltando à asserção, as vantagens
dessa forma de se comunicar
são a melhora da capacidade
de negociação, o aumento da autoconfiança,
confere mais credibilidade
e diminui o estresse.
A comunicação assertiva é
transparente, honesta e de mão
dupla, ou seja, o assertivo também
aceita quando o outro é assertivo
com ele, quando as pessoas
dizem as coisas de forma
clara e objetiva.
Pesquisas demonstraram que
o aprendizado de respostas assertivas
inibirá ou enfraquecerá
a ansiedade previamente experimentada
em relações interpessoais
específicas.
Utilizando-se a assertividade,
a probabilidade de ser compreendido
e atendido pelo outro
aumenta e, mesmo quando, apesar
de ser assertivo, as pessoas
envolvidas não chegam a um
compromisso, quem foi assertivo
sente-se satisfeito por ter
conseguido se expressar de forma
adequada, sabendo que fez a
sua parte.
Para criar habilidades no campo
da assertividade, faz-se necessário
procurar um Psicólogo,
preferencialmente que tenha
abordagem Comportamental ou
Cognitivo-Comportamental, pois
um profissional, com essa qualificação,
utiliza técnicas específicas
para a aquisição dessa forma
de comunicação interpessoal e
isso garante relacionamentos
mais adequados e saudáveis.
Você gostaria de saber como está a sua assertividade?
Imagine as situações abaixo e escolha a opção que corresponderia, na maioria das vezes, a sua forma de reação:
1
Você emprestou dinheiro para um amigo do trabalho que acertou de lhe pagar quando recebesse o próximo
salário, mas, uma semana após a data do seu pagamento, o amigo ainda não fez nenhuma menção da dívida.
Sua atitude?
A) Esperar até que o amigo se manifeste.
B) Cobrar o pagamento ouvindo a justificativa para o não pagamento, mas afirmando que precisa do dinheiro.
C) Chama-o de irresponsável e exige que ele pague juros pelo atraso.
2
Você atende ao telefone e uma pessoa pede para que você contribua com uma campanha filantrópica com uma
quantia fixa mensal. Você então:
A) Diz timidamente que não quer colaborar, mas cede à insistência da pessoa para se livrar da situação ou por temer a
sua reprovação pelos outros por ter negado um pedido de ajuda.
B) Elogia a campanha, mas pede desculpas por não poder contribuir e pede licença para desligar o telefone.
C) Agride verbalmente a pessoa por tê-lo incomodado em sua casa, avisa para não ligar mais e desliga o telefone
enquanto a outra pessoa ainda está falando.
3
Você admira profundamente uma pessoa que não lhe conhece e, por coincidência, senta-se ao lado dela
durante uma viagem. Você então:
A) Tem muita vontade de expressar sua admiração, mas passa toda a viagem calado, por vergonha do que a pessoa possa
pensar de você ou por achar que ela não gostaria de conversar com você.
B) Apresenta-se e afirma que admira a pessoa, tomando o cuidado de respeitar o direito do outro de não querer conversar
naquele momento.
C) Apresenta-se e afirma que admira a pessoa, insistindo em conversar com ela, mesmo que ela esteja se preparando para
dormir, pois você não quer perder essa oportunidade única.
4
Você comprou um produto no supermercado e, após ter pago e já saindo, percebe que o caixa lhe deu
dinheiro a menos no troco. Você então:
A) Imagina que irá atrapalhar se interromper o serviço do caixa e vai embora um pouco chateado com o dinheiro perdido.
B) Retorna ao caixa e afirma que está faltando uma quantia para o troco correto, pedindo para que ele complemente o dinheiro.
Caso o caixa negue-se a pagar, chama o gerente para explicar a situação e afirma que tem o direito de receber a parte que falta.
C) Acusa em voz alta o caixa de querer enganá-lo e exige o dinheiro, ameaçando denunciá-lo ao gerente.
5
Você deixou seu carro na oficina e está sem transporte para ir ao trabalho por alguns dias, mas você sabe
que um colega passa todos os dias, próximo a sua casa. Você então:
A) Não fala nada porque prefere não incomodar ninguém com favores e fica indo de ônibus.
B) Pergunta ao colega se pode ficar dando-lhe carona.
C) Pede carona ao colega na frente dos outros dizendo que istso não custaria nada para ele. Em seguida, pergunta se ele não
poderia sair um pouco mais cedo de casa.
Se você marcou a letra “B” na maioria das situações acima, provavelmente você tem um padrão de comportamento assertivo. Porém,
se a opção “A” foi a mais predominante, seu comportamento é característico de um padrão não-assertivo. E finalmente, caso tenha
marcado em maior número a opção “C” é bem provável que a sua maneira de se comunicar com as pessoas seja do tipo agressivo.
27
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
VOCÊ SE CONSIDERA
UMA PESSOA CRIATIVA?
Você é criativo? Você se considera criativo? Quer ter uma ideia?
Então responda o questionário abaixo:
1
Quando você sai para comer:
2
Quando vai assistir a um filme:
3
A) Prefere ir a restaurantes que já conhece e
pedir pratos que já provou antes.
B) Prefere variar, conhecer novos restaurantes e
tipos de comidas.
Quando tem um problema, seu primeiro
pensamento é:
A) Negativo, fica preocupado e perde o sono.
B) Nas possibilidades para resolver o problema.
4
A) Geralmente escolhe os mesmos gêneros
B) Gosta de variar, costuma alternar os gêneros.
Quando vai se vestir ou vai às compras:
A) Fica no básico, preferindo cores neutras e tende a
seguir o que as pessoas têm usado no momento.
B) Arrisca, misturando cores, tecidos, texturas e
acessórios, tentando criar um estilo próprio.
5
Quando chama os amigos para sua casa você:
6
Você gosta de:
A) Encomenda algo.
B) Faz a comida.
A) Pensar de forma mais racional.
B) Sonhar acordado.
7
Quando compra um carro escolhe a cor:
A) De acordo com o que é mais fácil de revender
ou que estraga menos.
B) Que gostou mais.
8
Você, geralmente, numa palestra:
A) Não gosta de fazer perguntas e sai sem perguntar nada.
B) Sempre faz pelo menos uma pergunta, nem que seja
para o colega ao lado.
Sarah Sammy
M. Sampaio
Neuropsicóloga
RESULTADO
Se você respondeu a letra B em mais da metade
dessas perguntas, parabéns, pois você tem um
grande potencial criativo.
COMO SERIA POSSÍVEL TREINAR A
CRIATIVIDADE DE FORMA SIMPLES EM
SUA PRÓPRIA CASA?
Abaixo estão enumeradas quatro maneiras para
esse treinamento:
PRODUÇÃO DE TEXTO
Biofeedback
Você pode recortar de uma revista palavras
aleatórias e construir um texto que contemple
todas elas, ou pode também recortar uma
gravura e fazer um texto sobre ela.
A Criatividade pode ser avaliada/medida e treinada
através de novas tecnologias utilizadas na
abordagem da neuropsicologia clínica. Muitas pessoas
acham que ser criativo é herança genética ou
coisa de gênios. Na verdade, a criatividade faz parte
do dia a dia de pessoas comuns como eu e você.
Ela pode e deve ser estimulada e aprimorada desde
a infância.
Inúmeras pesquisas mostram que a criatividade
é fundamental para um bom desempenho cognitivo.
Crianças e adultos, com déficits na criatividade,
acabam tendo dificuldades: primeiramente
na aprendizagem e posteriormente na área organizacional.
Assim, a criatividade passou a ser vista
como algo desejável e necessário para a realização
pessoal dos indivíduos.
Baseando-se na importância do tema, muitas
técnicas de avaliação e aprimoramento da criatividade
começaram a surgir nos últimos tempos.
Uma delas foi o Neurofeedback, que consiste na
estimulação de ondas cerebrais capazes de induzir
um estado maior de criatividade. A associação de
exercícios específicos a essa técnica de estimulação
possibilita a potencialização de forma rápida
e duradoura da inteligência criativa. Isso porque,
atualmente, a criatividade é considerada como um
tipo de inteligência, pois abrange várias funções
cognitivas, como a inteligência verbal e a inteligência
executiva.
Se você quer ser bem-sucedido em todos os âmbitos
da sua vida, não perca tempo e comece hoje
a estimular sua criatividade, você viu que é muito
fácil e simples, só precisa querer. Todos os recursos
estão em suas mãos, mas se você tem dificuldade
para executar essas tarefas sozinho, procure ajuda
de um profissional (neuropsicólogo) que poderá te
orientar de forma personalizada.
AUMENTO DOS SEUS
ESTÍMULOS NO DIA A DIA
Coma coisas diferentes, vá a lugares que nunca
foi, conheça novas pessoas, veja obras de arte,
leia poemas, use coisas diferentes no seu visual,
entre outros.
RELAXAMENTO DA MENTE
Pessoas muito rígidas possuem dificuldade de
ter flexibilidade cognitiva. Logo, possuem muitas
restrições mentais, pensando sempre da mesma
maneira, tendo dificuldade de achar novas
soluções e estratégias para as problemáticas
cotidianas. Geralmente são pessoas que
sempre cometem os mesmos erros e possuem
dificuldade de serem assertivas.
BRINCADEIRAS
Descontrair-se, sorrir e usar o bom humor ajuda a
estimular o lado lúdico que, por sua vez, alimenta
a mente com boas ideias.
29
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
O ESTADO DE FLOW E A
PERSONALIDADE AUTOTÉLICA
e acordo com relatos
biográficos, ao trabalhar
no teto da Capela
Sistina, no Vaticano,
Michelangelo Buonarroti
(1475-1564) esteve de tal
modo absorvido em seu trabalho
artístico, que ignorou a fome, o
sono e o cansaço, submetendo-
-se ao desconforto até desmaiar
de exaustão. Por mais de uma
semana, não trocou as roupas e
os sapatos, a ponto de a pele dos
Vitor Santiago
Borges
Psicólogo
pés se descolarem quando precisou
retirá-los. Sua capacidade
de persistir no trabalho criativo,
desconsiderando a fome e a fadiga,
indica que Michelangelo
foi o que a Psicologia que estuda
a motivação denomina de “personalidade
autotélica” – do grego
autos (eu), e telos (fim). Trata-se
do indivíduo que desfruta significativamente
de sua atividade,
deixando-se absorver completamente
enquanto retira da mesma
o máximo de motivação e gratificação.
Geralmente, tais pessoas
fazem as coisas em razão de si
mesmas, do próprio prazer que
extrai delas, em vez de buscarem
nas mesmas uma meta, um resultado
esperado ou um objetivo
externo em relação à atividade. A
experiência de realização em torno
de determinada atividade não
visa um fim, pois o próprio processo
já é o fim desejado. É como
o escritor que não escreve um livro
para se divulgar ou se tornar
reconhecido, mas simplesmente
porque escrever o faz se sentir
vivo e realizado, levando-o àquele
estado de profunda gratificação,
que os psicólogos que estudam a
criatividade e as bases da motivação
intrínseca chamam de flow.
Desde os primeiros estudos sobre o processo
criativo, realizados na década de 1960, pesquisas
qualitativas e quantitativas, que exploram as bases
da motivação intrínseca, observam o perfil de
pessoas que buscam atividades com grande fervor
e dedicação, sem que haja qualquer tipo de recompensa
externa para isso. O substrato dessa motivação
(flow) exprime o estado de viver em “capacidade
total” em torno de um trabalho ou atividade que
envolva a experiência criativa. Até o presente, as
observações que apontam para o estado de flow o
definem como um estado subjetivo que envolve as
seguintes características:
1
2
3
4
5
6
Concentração intensa e dirigida
naquilo que se está fazendo no
momento
Fusão de ação e consciência
Perda da autoconsciência
reflexiva, ou seja, perda da
consciência de si mesmo como
ator social
Sensação de que pode controlar
as próprias ações, sentindo
a segurança de que se pode
responder ao que quer que
aconteça a seguir
Distorção da experiência
temporal (sensação de
que o tempo passou mais
rapidamente do que o normal)
Experiência da atividade
como sendo intrinsecamente
gratificante, a ponto do
resultado final ser apenas um
efeito colateral do processo.
A absorção, ou seja, o flow presente nessas experiências
momentâneas de alto rendimento, envolve
basicamente uma intencionalidade da atenção.
Pela concentração intensa e o envolvimento exigidos
para a atividade, ocorre uma fusão entre ação e
consciência, em que a última encontra o seu fluxo
genuíno na ação criativa, produzindo assim, uma
subtração da atenção voltada para o eu. O flow surge
no momento em que o eu é completamente apagado
do cenário da consciência. Pela ausência de
crítica e preocupação com o próprio desempenho,
somado a uma postura de mindfulness, caracterizada
pela ausência de julgamento, a consciência se
expande em direção ao flow profundo. O tempo em
que se passa absorvido nesse estado criativo sofre
uma distorção por parte da consciência, pois, ao
contrário do estado de tédio, passa rapidamente
sem que o envolvido o perceba. No dizer dos poetas,
o tempo cronológico (objetivo) é superado pelo
tempo kairológico (subjetivo, tempo do coração),
em razão da experiência de deleite realizada.
Pesquisas longitudinais sobre flow levaram os
observadores a constatar que sua ativação está diretamente
relacionada às conquistas nos estudos,
no trabalho e nos esportes. Csikszentmihalti e colaboradores
(1993) observaram o desenvolvimento
de adolescentes talentosos, durante o ensino médio,
e constataram que o compromisso com uma
área de talento desde os sete anos se impõe paulatinamente
pela identificação dessa área como fonte
de flow aos 13 anos. As conclusões que surgem
dessas pesquisas sugerem que a força de compromisso,
a persistência e as conquistas realizadas
pelos adolescentes estão diretamente vinculadas
às experiências anteriores de flow. As recompensas
intrínsecas desse estado de absorção estimulam
não apenas a persistência em torno de uma determinada
atividade, mas também a autoconfiança
que se desenvolve a partir dela, promovendo uma
boa autoestima.
O conceito de “personalidade autotélica” vincula-se
intrinsecamente ao estado recorrente de flow,
pois seu desenvolvimento emerge do envolvimento
experimentado em situações que demandam altas
habilidades e desafios. A criação da Capela Sistina
é um exemplo. Nos estudos de adolescentes norte-americanos,
ela se relaciona a estados afetivos
positivos, como também à qualidade de objetivos
pessoais em que o foco amadurece com clareza a
partir do talento. Não é esperada a afirmação “eu
quero ser famoso” em uma personalidade autotélica.
Ao contrário, sua expressão tende a se caracterizar
como “quero ser um talentoso desenhista”.
31
Em pesquisa realizada com adultos norte-americanos,
Abuhamdeh (2000) observou que, quando
comparada com pessoas que não apresentam tais
características, a personalidade autotélica opta
por situações que estimulem o seu crescimento,
envolvendo-se em todas as oportunidades que
desafiem suas habilidades. Outra constatação é
de que as mesmas tendem a apresentar baixo estresse,
pois mantêm seu interesse no quadrante
de fluxo (flow). Como o estado de flow promove recompensas
intrínsecas para a saúde mental, um
dos objetivos da Psicologia Positiva é ajudar as pessoas
a identificar as atividades que estimulem o
flow, mediante duas perspectivas que perpassem
suas rotinas: 1. encontrar e dar forma a atividades
e ambientes que conduzam mais a experiências de
flow; e 2. identificar características pessoais e habilidades
de atenção que possam ser aprimoradas
para aumentar as probabilidades de flow.
Como o estado de flow e a personalidade autotélica,
que dele se desenvolve, se baseiam em um
reconhecimento do próprio talento e da área de
interesse que o promove, é lícito questionarmos
os padrões de desenvolvimento pessoal em torno
de nossas atividades desde o ensino fundamental.
Vivemos um modelo pedagógico generalista
que condiciona os indivíduos a reproduzirem informações
comuns em vez de estimular talentos
individuais. Essa educação que promove mais a
domesticação, em torno da informação, do que o
estímulo da aptidão individual vem produzindo
indivíduos desplugados dos seus talentos e predicados
individuais. Sobreposto a isso, em muitas
experiências familiares da atualidade, vemos se
reproduzir a lógica da imposição das expectativas
paternas sobre os interesses originais dos seus descendentes.
Um indivíduo que nasce com o interesse
e talento para ser pianista muitas vezes precisa
colidir ou não, dependendo do seu temperamento,
se é mais agressivo ou mais passivo, com as expectativas
dos seus pais. Pais críticos e cheios de expectativas
narcisistas em relação aos seus filhos,
ou pais frustrados, que não conseguiram realizar
os próprios sonhos, sabotam um talento de forma
tão inconsciente quanto inconsequente. Esforçamse
em domesticar seus filhos forçando-os aos seus
desejos, sem se ocuparem em perceber os talentos
e interesses naturais dos seus descendentes. As demandas
coletivas solapam e sabotam o desenvolvimento
das singularidades, e, como a singularidade
é a característica mais profunda e definidora
de todos nós, precisamos lutar com afinco, tanto
contra a família quanto contra a cultura para nos
tornarmos o que realmente somos.
Um dos grandes desafios da Psicologia e da
Pedagogia atuais é fornecer modelos e parâmetros
saudáveis que esclareçam e estimulem os talentos
individuais, em vez de generalizar formatos e padrões
que dissociem os indivíduos de suas áreas de
interesse mais fecundo, vinculadas ao desenvolvimento
de suas personalidades. Quanto maior o
número de personalidades autotélicas, melhor o
desenvolvimento e enriquecimento da cultura em
que vivem.
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
PARA ALÉM DO
PRINCÍPIO DO PRAZER
Buscamos o estado emocional ideal. Queremos nos sentir bem interna e
externamente. Nosso compromisso não é com a dor, mas com o prazer e a felicidade.
INFELIZMENTE NÃO NOS SENTI-
MOS sempre assim. Precisamos
lidar com dores e tristezas que
são inevitáveis em nossas experiências.
E, quando sentimos
essas emoções, tentamos escapar
delas, como se a dor e o
desprazer fossem uma antítese
do que queremos ou sonhamos.
Queremos ser bem sucedidos
e sempre de bem com a vida.
Quando algo ocorre fora do nosso
alcance, seja uma rejeição
ou um insucesso, esmorecemos
e deprimimos. Nossa vida interior
está sempre direcionada
ao prazer, jamais para a dor. É
inato. Todos nós nascemos com
o compromisso para o sucesso,
para sermos amados e bem
sucedidos. Buscamos o bem-estar
de nós mesmos em todo e
Vitor Santiago
Borges
Psicólogo
qualquer momento como um
instinto tatuado inapagável. Se
as coisas não ocorrem conforme
nossas expectativas, mudamos
de humor. Por que somos tão
insaciáveis em tudo o que não
precisamos, mas sempre no que
queremos? Por que buscamos o
tempo todo o nosso desejo e não
o nosso crescimento? Porque ignoramos
nossa lei natural de
crescimento que definirá nossa
real felicidade e finalidade.
Em 1920, Freud escreveu o texto
“Além do Princípio do Prazer”,
nele elaborou uma lei de “constância”,
em que a quantidade
de energia mais baixa possível
corresponderia a uma diminuição
de quantidade de excitação
em nosso organismo psicofísico.
Por isso escreveu: “A tendência
dominante da vida mental e,
talvez, da vida nervosa em geral,
é o esforço para reduzir, para
manter constante ou para remover
a tensão interna devida aos
estímulos”. Quando nos encontramos
em um estado de tensão,
seja física ou emocional, e dele
conseguimos nos liberar, sentimos
um prazer de grande efeito.
Libertamo-nos da tensão que antes
nos atormentava e, enquanto
experimentamos essa liberação,
um prazer real se manifesta.
Freud parte do princípio da
homeostase, do equilíbrio psicológico
e físico para definir o
bem-estar humano. A partir desse
princípio, entende que o ser
humano sempre busca retornar
a esse estado mental e físico em
sua experiência, buscando um
perpétuo estado de deleite e alívio
e não querendo ser subtraído
do mesmo. Esse é o princípio
do prazer, mas em contrapartida
a ele precisamos lidar com
a realidade, que nem sempre, e
muitas vezes, não atende a essa
demanda. Do estado infantil à
idade adulta, precisamos experimentar
a dor, a frustração e o
33
que não queremos encarar. É uma lei evolutiva da
qual queremos sempre escapar. E, em nossa experiência
emocional, que se torna mais complexa
com o passar dos anos, tudo vai se tornando mais
sutil. Um sentimento não atendido, uma demanda
de nossa parte recusada, forma em nós aquele estado
de tensão que não queremos tolerar. Quando
fracassamos em uma intenção ou planejamento, a
dor se torna complexa, emocional. Quando somos
rejeitados e não acolhidos, o processo se desenvolve
e se instala em nós em forma de sofrimento.
Mas nossa busca perpétua por prazer e pelo bem-
-estar imediato nos levará à felicidade, àquele estado
mental que define a estabilidade do nosso ser?
Não!
O ser humano é também predestinado à frustração
e à dor se quiser evoluir. Sua evolução visa
não o prazer, mas a felicidade. E, para sermos felizes,
precisamos aprender a sentir a dor, por isso
defino aqui três escolas distintas de “felicidade” e
somente uma chegará à meta.
Primeiro, os bon-vivants, que entendem a vida
como usufruto e não como crescimento. Buscam
se preencher com o momento presente. Querem
gozar de cada momento, sem deixar passar nada!
Imóveis, buscam o prazer sempre renovado. O
objetivo de vida não é criar e agir, mas desfrutar.
Buscam o menor esforço ou apenas o esforço
necessário parar encher de novo a taça de vinho.
Como palmeiras preguiçosas, estendem-se o máximo
possível para recolher os raios do Sol. O homem
feliz, para esses, será aquele que souber saborear
ao máximo o momento que tem em mãos.
Segundo, os preguiçosos e pessimistas, que
encaram a vida como um problema ou fracasso.
Sentem-se tão mal colocados diante da vida que
a encaram como um constante escapar visando
o próprio bem-estar. Para esses, vale menos ser
do que mais ser, e o melhor seria “ser de modo
algum”. Querem uma vida sem problemas, sem
riscos e por isso diminuem os contatos e esforços
para não se arriscarem. Abaixam suas luzes e se
fecham em suas epidermes e casulos, pois o ser feliz
será aquele que pensar, sentir e desejar menos.
Por fim, os amantes, para os quais viver é ascender
e descobrir, pois vale mais ser do que não ser,
buscando tornarem-se sempre mais. Para esses, a
felicidade e o bem-estar exigem conquista e crescimento.
Querem ir além para chegar a si mesmos.
A felicidade e o prazer, sob esse ponto de vista, não
é o bem buscado, mas efeito e recompensa de uma
consciência alcançada ou um talento descoberto e
realizado. É uma consequência do esforço, de uma
tensão em direção ao crescimento. Sem buscar
diretamente a felicidade, eles buscam a própria
consciência. Tomam a posse do seu ser e encaram
as próprias sombras querendo ultrapassá-las.
Nada realizam, a menos que seja num crescendo.
Felicidade de crescimento é a felicidade para os realizados
na Terra, buscando conexões fundamentais
e vinculações vitais. Sob esse prisma, os seres
humanos felizes precisam se desenvolver em três
sucessivos movimentos:
CULTIVO DE SI MESMO
CONEXÃO COM A VIDA
E AMPLITUDE
O ser humano só se torna humano na condição
de se cultivar!
Precisa buscar cada vez mais unidade em suas ideias,
sentimentos e condutas. Ser íntegro. Cultivar-se é se
apropriar de si mesmo. Ter compromisso em encarar
e superar seus conteúdos em forma de apegos e
dependência. Lidar com medos e paixões. Aprender com
suas dores e ir além delas. Ter vida interior em direção
a objetos cada vez mais elevados, a metamotivos e
metavalores, como salientou o psicólogo humanista
Abraham Maslow. É individuar-se segundo um dos maiores
psiquiatras do último século e fundador da Psicologia
Analítica, Carl Gustav Jung. O ser humano que se encontra
na senda da individuação perde as influências da massa
coletiva e se singulariza, tornando-se um ser humano
original e consciente de si. Assumindo a substância de
sua vida interior, ele se fecunda. Vai além das imagens e
representações culturais e coletivas. Encontra-se consigo,
tornando-se um ente singular em contato íntimo de
descoberta. Um ser humano assim é feliz, pois encontrou
sua humanidade. Não foge de si para se tornar refém de
representações e imagens estéreis. Simplesmente torna-se,
sem se preocupar ou se ocupar com os vícios narcísicos da
comparação com os demais.
AUTONOMIA E ABERTURA
Por ter vida interior e contato consigo, o indivíduo não
se isola, mas também não depende. Sem dependências
emocionais sabe que a felicidade não está no outro,
mas em si mesmo, no seu desenvolvimento interior.
A ilusão de que outro o fará feliz se dissipa em
consequência do seu contato íntimo. Por isso, a partilha
é segura e fecunda. Encontra, no outro parceiro e
nas demais relações, conexões de troca e não de
dependência. Vertido para dentro, sabe viver para
fora. A felicidade não está no outro, mas pode ser
aquecida na partilha. Quer os outros como parceiros e
companheiros emocionais a partir dos quais aquece a
própria seiva da vida interior. Não dependência, mas
encontro. Nas relações desenvolve um sofisticado senso
de seletividade. Não está aberto a ter intimidade e
familiaridade com todos, mas somente com aqueles que
valem a pena.
Sendo cada vez mais ele mesmo, se esforça por
ampliar a base do seu ser na descoberta do que
o famoso psiquiatra e fundador da Logoterapia
(terapia do Sentido), Viktor Frankl, chamou
de “presença ignorada de Deus”. A última e
primordial conexão do indivíduo é com o Sagrado,
quando encontra seu senso de identidade
costurado ao tecido da existência. Em carta
ao amigo P.W. Martin, Jung escreveu: “O maior
interesse de meu trabalho não é o tratamento
da neurose, mas a abordagem espiritual... que é
a verdadeira terapia”. E, em outra carta escrita
ao amigo Lucas Menz, afirmou: “Descobri que
todos os meus pensamentos circulam ao redor
de Deus como os planetas ao redor do Sol, e
são irresistivelmente atraídos por Ele. Sinto
que seria um gravíssimo pecado opor qualquer
resistência a essa força”. E, para o padre Victor
White, escreveu: “A divina presença é maior do
que qualquer outra coisa. Existe mais de um
caminho para a descoberta do genus divinum em
nós. Essa é a única coisa que importa. Desejei
ter a prova da existência de um Espírito vivo e a
consegui. Não me pergunte a que preço”.
Felicidade, além do princípio do prazer, é aquela
base estável que não é dada, mas oferecida a
todos que se sentem chamados a conquistá-la.
Ela é o resultado de nosso crescimento interior,
daquela evolução individual que só compete a
nós realizar. Ela não está isenta de dor como
também demanda coragem. Mais do que
coragem, sobriedade e sensibilidade frente às
ofertas contínuas da vida. Começa em nosso
olhar e se dilata por todo o nosso ser. É uma
lei de evolução e crescimento fundamental. A
felicidade é uma escola de seleção em que os
selecionados aprenderam a ser a partir de si
mesmos. Aprenderam a dar as mãos para a
vida aceitando seus desafios, contentamentos
e descontentamentos. Ela cresce à medida que
o ser humano passa pelas oscilações dos seus
momentos visando mais. O além do princípio
do prazer é aquele além em que podemos ser a
partir do nosso ser. Mas, nesse processo, não
temo afirmar: há dores que me são vitais, como
também há prazeres que me são mortais.
35
AUTOCONHECIMENTO
E COMPORTAMENTO
FOCO NO AGORA
O CAMINHO PARA O SUCESSO
Para você que sonha em ter uma transformação na sua
vida, mas sente que alguma coisa o trava, o congela,
sente que anda em círculos, que repete os mesmos erros
e não sai do lugar: este texto é para você!
Para se obter sucesso, é preciso ter mudanças em nosso olhar e
ações perante a vida. Duas coisas importantes são: ACORDE e AJA!
Primeiramente é necessário que você faça uma autoanálise. Pare e
reflita sobre como são suas atitudes diante da sua vida: no trabalho,
nos estudos, nas relações familiares e nas relações amorosas. Será
que em todas essas facetas da vida você está se dedicando?! Você
oferece um tempo de qualidade para elas ou apenas passa por essas
facetas de forma mecânica e passiva?!
Uma outra reflexão importante é saber se você se sente merecedor
de tudo o que deseja. Como? Respondendo esse questionamento
com sinceridade. Seus pensamentos são mais positivos e otimistas
ou mais negativos e pessimistas?! Você sabia que o pensamento é o
combustível para nossas ações?! Observe esse pequeno esquema:
PENSAMENTO
EMOÇÃO
COMPORTAMENTO
RESPOSTA FISIOLÓGICA
Sarah Sammy
M. Sampaio
Neuropsicóloga
Você se sente
merecedor
de tudo o que
deseja?
Diante disso, perceba que, para cada pensamento,
existe uma emoção associada. Isso porque, para
cada pensamento, produzimos certos tipos de neurotransmissores.
Por exemplo, se você pensa de maneira
negativa o seu corpo libera mais adrenalina,
epinefrina e cortisol que, por sua vez, gera uma emoção
negativa, como o medo. Consequentemente, você
terá um comportamento também negativo, como,
por exemplo, deixar de apresentar um trabalho na
faculdade, “matar” uma reunião importante, não realizar
uma apresentação em público, deixar passar
oportunidades. Tudo isso acontece também devido à
resposta fisiológica que o caminho do pensamento
percorre: o coração acelera, vasoconstrição (mãos
frias e com sudorese), tensão muscular, e isso pode
levar à paralisação de suas ações. Logo, o medo é paralisante,
não apenas por questões emocionais, mas
também fisiológicas.
Assim, é imprescindível que você mude seus pensamentos
para que possa conquistar tudo aquilo que
deseja. Mas, como posso fazer isso?! Todas as vezes
que o pensamento negativo invadir sua mente
bloqueie-o e substitua-o por um pensamento positivo
imediatamente. Tomando essa atitude positiva
por diversas vezes, o seu cérebro mudará o padrão.
Sempre que pensar nas dificuldades, fale para si
mesmo: eu posso e eu consigo, repetidamente. Se
puder, diga em voz alta.
Um outro exercício: todos os dias pela manhã, ao
acordar, coloque uma música animada que o motive.
Vá para frente do espelho e fale em voz alta: “eu posso,
eu consigo, eu sou poderoso(a)” e pule ao mesmo
tempo. Isso ativa todo o seu corpo, bem como os seus
neurotransmissores e hormônios, liberando citocina,
cerotonina e endorfina, o que levará à produção de
emoções positivas e de autoconfiança. E assim você
terá pensamentos positivos e assertivos.
AJA! “A neurociência mostra que nosso cérebro
acaba por aceitar e até mesmo procurar o padrão
que mais se repete. Nossa mente, buscando por segurança
e subsistência, compara nossa vida a telejornais,
telenovelas, noticiários, filmes e tudo o
mais que nos cerca. Nossa mente passa a acreditar
na média dos acontecimentos, que de antemão foram
tão corriqueiramente apresentados, e que são
de fato normais, aceitáveis e até desejáveis. Então,
depois de tantos e tão impactantes estímulos, temos
um cérebro programado para repetir uma vida
‘normal’ e ‘medíocre’, sem questionamentos e sem
maiores expectativas. “Uma vida abaixo de nossas
reais possibilidades potenciais.” (Livro “O poder da
ação”. Autoria: Paulo Vieira)
O que você deseja, uma vida normal ou uma vida
com abundância?! Você é quem decide e realiza. Basta
agir, saindo de sua zona de conforto, que é o lugar
onde damos nossas desculpas para não fazermos o
que sabemos que devemos fazer.
37
SAÚDE MENTAL
Tiago Pereira
Damaceno
Médico
com colaboração de
Matheus Teles Gomes de Araújo
EFEITOS COGNITIVOS
DA DEPRESSÃO
e você é familiarizado com as histórias
de Harry Potter, personagem de J.K.
Rowling, deve se lembrar de um tipo
de criatura sombria e amedrontadora,
cuja própria presença retira a alegria
do ambiente e cujo principal feito é o de sugar as
memórias mais felizes de uma pessoa deixando-a
apática, lenta e triste. Lembrou? Essas criaturas
mágicas são chamadas de dementadores.
A editora-chefe da revista mente e cérebro, Gláucia
Leal, numa edição exclusiva sobre a depressão, utiliza
a figura dos dementadores para ilustrar esse
distúrbio mental. De fato, os dementadores apresentam
muitas características em comum com a
depressão, como a extrema angústia, o desespero e
a infelicidade que ambos trazem. No entanto, neste
artigo iremos tratar de outros efeitos da depressão,
os impactos cognitivos do distúrbio, ou seja, a
ação da depressão sobre nossa memória, atenção e
sobre nossa tomada de decisões.
Em “Harry Potter e a ordem da Fênix”, o quinto
livro da saga, Duda Dursley, primo e irmão adotivo
de Harry, é atacado por um dementador, porém
há um detalhe, Duda é um trouxa (ou seja, ele não
é um bruxo) e os efeitos do “beijo” do dementador
são devastadores para o pobre colega não bruxo.
Duda, além de extremamente triste e desolado, encontra-se
temporariamente incapaz de falar, letárgico,
com problemas de memória, inapto para tomar
suas próprias decisões e impossibilitado de ter
um foco de atenção duradouro chegando ao ponto
de ser levado ao hospital por seus pais.
A depressão tem efeitos, além daqueles mais
conhecidos, como a angústia profunda. Esse distúrbio
do humor atinge também nossas funções
cognitivas e motoras. A doutora Marcia Rozenthal,
da UFRJ, relata “Várias são as queixas neurocognitivas
presentes durante o estado depressivo, incluindo
redução das habilidades atentiva, mnêmica
e lentidão do pensamento”. Desde a atenção,
a memória e até a rapidez com que se pensa podem
ser prejudicadas num quadro de depressão
e essas disfunções cognitivas podem se manter
mesmo durante as fases assintomáticas.
No que tange às funções cognitivas, uma das mais
facilmente observadas por um profissional da saúde
é a atenção. Um efeito observado em todos os tipos
de depressão é a alteração da atenção sustentada, ou
seja, da capacidade de manter o foco de atenção. A
intensidade dessas alterações varia conforme a gravidade
do quadro depressivo, mas podem persistir
mesmo após a diminuição dos sintomas.
Nossa memória também pode ser afetada em
distúrbios do humor como a depressão. A psicóloga
Patrícia Porto afirma em seu artigo “Alterações
neuropsicológicas associadas à depressão” que a
aquisição e a evocação de memórias estão entre
os domínios cognitivos mais comumente afetados
pelo quadro depressivo. A Dra. Porto também relata
que os déficits de memória estão diretamente
relacionados à depressão em idosos e principalmente
em pacientes com histórico de depressão
crônica ou recorrente.
Pessoas deprimidas geralmente têm dificuldades
para tomar decisões, provavelmente pelo fato de que
nossas emoções têm um papel importante nesse processo,
e num indivíduo deprimido seu emocional encontra-se
abalado. A tomada de decisões é mais um
domínio cognitivo desequilibrado por esse distúrbio
e pacientes com depressão apresentam-se mais lentos
no processo de deliberação, além de ser comum
a falta de confiança no seu próprio posicionamento,
como é demonstrado pelo pesquisador FC Miller em
seu estudo Decision making cognition in mania and
depression (Cognição da tomada de decisão em mania
e depressão), de 2001.
Mesmo com tamanha severidade, existem algumas
luzes no fim do túnel. Existem várias formas
de tratar os déficits cognitivos advindos da depressão,
desde medicamentos e exercícios cognitivos
até a psicoterapia e a meditação.
Estilos de vida saudáveis, com a prática de exercícios
físicos, a socialização e as dietas balanceadas
podem parecer figurinhas repetidas, mas são,
sim, métodos que mantêm cérebro e mente sãos.
Então, não deixe de bater aquela bola com seus
amigos nas tardes de domingo, sair para dançar
ou de frequentar aquele clube do livro.
Fontes:
Scielo - Alterações neuropsicológicas associadas à depressão
Scielo - Aspectos neuropsicológicos da depressão
Scielo - Impacto da estimulação cognitiva sobre depressão, ansiedade,
cognição e capacidade funcional em adultos e idosos de uma universidade
aberta da terceira idade
Revista Mente e Cérebro - Edição especial “Depressão como entendê-la e
lidar com ela”. Abril/Maio 2016.
39
SAÚDE MENTAL
TRANSTORNO DE
ANSIEDADE GENERALIZADA
E RESPIRAÇÃO
ansiedade é uma
resposta ao estresse,
aos sentimentos de
ameaça e à preocupação;
porém quando
perdura por mais de seis meses,
ou apresenta comportamento
desproporcional às circunstâncias,
passa a ser considerada
Transtorno de ansiedade generalizada
(TAG) que, segundo o manual
de classificação de doenças
mentais (DSM. IV), a partir dos
seguintes critérios:
Sueli da Rocha
Gonçalves
Psicóloga
Ansiedade e preocupação
excessivas (expectativa
apreensiva), ocorrendo na
maioria dos dias por pelo menos
6 meses, com diversos eventos
ou atividades.
O indivíduo considera difícil
controlar a preocupação.
O foco da ansiedade ou
preocupação não está confinado
a aspectos de um transtorno
do Eixo I; por ex., a ansiedade
ou preocupação não se refere a
ter um Ataque de Pânico (como
no Transtorno de Pânico), ser
embaraçado em público (como
na Fobia Social), ser contaminado (como no
Transtorno Obsessivo-Compulsivo), ficar afastado
de casa ou de parentes próximos (como no
Transtorno de Ansiedade de Separação),
ganhar peso (como na Anorexia Nervosa), ter
múltiplas queixas físicas (como no Transtorno de
Somatização) ou ter uma doença grave (como na
Hipocondria), e a ansiedade ou preocupação não
ocorre exclusivamente durante o Transtorno de
Estresse Pós-Traumático.
A ansiedade e a preocupação
estão associadas a três (ou
mais) dos seguintes sintomas
(com pelo menos alguns deles
presentes na maioria dos dias,
nos últimos 6 meses):
(1) Inquietação ou sensação de estar com
os nervos à flor da pele
(2) Fatigabilidade
(3) Dificuldade em concentrar-se ou
sensações de “branco” na mente
(4) Irritabilidade
(5) Tensão muscular
(6) Perturbação do sono (dificuldades
em conciliar ou manter o sono, ou sono
insatisfatório e inquieto)
A ansiedade, a preocupação ou os
sintomas físicos causam sofrimento
clinicamente signi-ficativo ou
prejuízo no funcionamento social
ou ocupacional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
A perturbação não se deve
aos efeitos fisiológicos diretos
de uma substância (droga de
abuso, medicamento) ou de uma
condição médica geral (por ex.,
hipertiroidismo), nem ocorre
exclusivamente durante um
Transtorno do Humor, Transtorno
Psicótico ou Transtorno Inva-sivo
do Desenvolvimento.
Fonte: DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)
Embora dependa de cada indivíduo, os sintomas típicos
dos transtornos de ansiedade incluem medo,
tensão interior, irritabilidade e dificuldade de concentração.
Os sinais físicos podem ser boca seca,
tonturas, tensão muscular, sudorese e palpitações
– sendo que todos interferem na vida cotidiana.
Uma pessoa pode sofrer de mais de um tipo de
transtorno de ansiedade ao mesmo tempo e, por
vezes, juntamente com outros transtornos de humor,
como é o caso da depressão.
41
TRANSTORNO
DE PÂNICO
TRANSTORNO
OBSESSIVO-
COMPULSIVO (TOC)
TRANSTORNO DE
ANSIEDADE SOCIAL
(TAS)
TRANSTORNO DE
ESTRESSE PÓS-
TRAUMÁTICO (TEPT)
É caracterizado por súbitos
ataques de pânico associados
a um medo ou
nervosismo excessivo.
O transtorno do pânico
também pode incluir
sintomas como a sudorese,
dor, cefaleia, náusea,
coração acelerados
e boca seca.
Provoca pensamentos
repetitivos, invasivos e
indesejados que resultam
em medos irracionais
(obsessões) associados,
por exemplo, à
limpeza, a secreções corporais
ou à saúde. Em
resposta a esses medos,
os doentes podem criar
rituais especiais (compulsões),
que podem incluir
lavagem, limpeza
ou banho persistente,
verificação constante e
repetitiva, manutenção
de uma dieta rígida, entre
outros.
Leva as pessoas a temer
ou evitar situações sociais.
A pessoa tem medo
de agir de forma humilhante
ou embaraçosa.
É causado por um trauma,
por um evento
terrível que realmente
aconteceu na história do
indivíduo. A ansiedade,
então, advém de medo
de pensamentos, lembranças
ou sintomas relacionados
com a experiência
traumática.
O QUE FAZER EM RELAÇÃO A ESSES SINTOMAS?
À parte da recomendação consensualmente aceita
de medicação e psicoterapia, existem algumas
técnicas bastante simples que podem ser utilizadas
a qualquer momento e que interrompem,
relativamente rápido, o estado corporal que a ansiedade
provoca. Elas podem ser utilizadas tanto
no tratamento dos Transtornos Ansiosos como
também em caráter preventivo – aos primeiros
sinais de ansiedade ou de desconforto emocional.
O uso de técnicas baseadas no controle voluntário
da respiração para a redução do estresse e
para a promoção do bem-estar biopsicossocial e
espiritual tem sua origem em tradições médi-cas
remotas, tais como nos rituais e cânticos xamânicos,
na ayurveda e yoga da Índia, no qi-gong e
na acupuntura da China, nas práticas espirituais
da medicina tibetana e também na medicina hipocrática
da Grécia.
TÉCNICAS DE RESPIRAÇÃO
RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA
A respiração tem um papel importantíssimo no
processo fisiológico da ansiedade, uma vez que
a hiperventilação (respiração rápida, curta e superficial,
estilo “cachorrinho”) tem o poder de intensificar
os sintomas ansiosos. Sendo assim, a
solução é fazer inverso: respirar profun-damente,
devagar e, de preferência, pelo diafragma.
Experimente enviar o ar inspirado para a região
baixa do abdômen, abaixo das costelas. Para
auxiliar, você pode imaginar que possui um pequeno
balão nessa região e, intencionalmente,
enviar o ar para preenchê-lo. Colocar a mão sobre
a região ajuda também, pois torna possível
visualizar o movimento abdominal e assim
apontar a respiração correta. Inspire pelo nariz
e expire pela boca. Faça séries de 10 respirações,
sempre contando e dizendo o número em voz
alta, e então iniciando o ciclo respiratório em
tempos iguais (por exemplo, 3 segundos para
inspirar e outros 3 para expirar).
RECAPTAÇÃO DE CO²
Respirar no saquinho - basta expirar pela boca
dentro de um saquinho de papel, devagar e pausadamente,
e inspirar o ar do próprio saquinho.
Faça diversas vezes seguidas, sem tirar a boca
de dentro do saquinho.
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO
Existem diversos tipos de técnicas de relaxamento,
todas com o objetivo de obter, basicamen-te,
um estado fisiológico agradável e
tensões reduzidas. Embora grande parte delas
trabalhem tendo em vista uma sensação de
tranquilidade e bem-estar, existem pequenas
diferenças técnicas que focam em um ou outro
aspectos mais específicos.
TÉCNICAS COGNITIVAS
VISUALIZAÇÃO
Visualize, em sua mente, a situação que o preocupa.
Talvez você esteja muito ansioso com
uma reunião, uma entrevista de emprego ou
com contas a pagar. Provavelmente, uma cena
“preocupante” já passou pela sua cabeça muito
antes de você se propor a fazer um exercício
de visualização. São as nossas “imagens mentais”,
que podem nos causar extremo desconforto,
ansiedade e toda uma extensa gama de
sentimentos negativos.
Quando uma imagem mental causa desconforto,
nossa primeira tendência é a de interrompê-
-la. É o famoso “não quero nem imaginar”. No
entanto, a técnica aqui trata-se de justamente
IMAGINAR. Não interrompa a cena preocupante
– vá até o final. Imagine os detalhes, as cores, os
cheiros, as pessoas, os diálogos. Deixe a cena se
desenrolar, como a um filme que você assiste.
Se sentir-se muito ansioso, pratique a respiração
diafragmática enquanto visualiza.
43
SAÚDE MENTAL
Efeitos
biológicos
de um stress
psicológico
Tiago Pereira Damaceno
Médico
com colaboração de
Matheus Teles Gomes de Araújo
Sabe aquela angústia que sentimos quando olhamos
no celular e vemos dezoito ligações perdidas
da mãe? Ou então aquela sensação ruim quando
recebemos uma mensagem do namorado ou da
namorada dizendo “Preciso conversar com você”.
Pior ainda quando é do chefe, que faz questão de
adicionar a palavra “urgente” ao fim da mensagem.
Dá até calafrios. Como poderíamos nomear
essa emoção ruim? Seria ansiedade? Seria estresse?
Ou será uma crise de pânico? Bom, na realidade
o que muda seria a intensidades dos sintomas.
Não me proponho aqui a discorrer profundamente
sobre a diferença entre estresse e ansiedade,
o fato é que ambos existem e são reações normais.
Há, no entanto, um ponto em que o estresse
e/ou a ansiedade se tornam prejudiciais e até patológicos.
Tal limite não é muito claro e suas diferenças
são sutis, de forma que ambos os conceitos
são muitas vezes utilizados como sinônimos. Para
o nosso organismo, a diferença é menor ainda, as
respostas fisiológicas ao estresse e à ansiedade são
similares e elas podem ser benéficas ou prejudiciais
para nossa sanidade física e mental.
Sabemos que mente e corpo são intrinsecamente
conectados. Biológico e psicológico conversam,
interagem, influenciam um ao outro de forma mútua.
O filme “Divertida Mente”, da Disney e Pixar,
ilustra isso de uma forma muito interessante.
No longa as emoções da pequena
Riley são representadas por personagens
vivos e conscientes dentro de sua cabeça.
As emoções de desprezo e de nojo são representadas
pela personagem Nojinho,
cuja função é impedir que Riley coma algo
que lhe fará mal. Podemos notar nesse exemplo
que emoções de nojo e desprezo (psicológico)
impedem que o organismo (biológico) seja
prejudicado.
Se a mente e o corpo, a psique e o orgânico, estão
tão profundamente conectados, como se daria
essa interação em condições prejudiciais de estresse
e ansiedade? De que formas estímulos aversivos
psicológicos poderiam alterar o funcionamento
do cérebro, das glândulas e dos outros órgãos? No
livro “Cem Bilhões de Neurônios”, 2005, o doutor
Roberto Lent explica essas alterações, dando destaque
a algumas respostas fisiológicas, como a liberação
de adrenalina, a secreção de hormônios
relacionados ao estresse e à baixa da imunidade.
Nessas situações mais prejudiciais, os ajustes
fisiológicos atingem também o sistema imunológico
e endócrino. Então, além de respostas como a
taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos),
a taquipneia (aceleração do ritmo respiratório), a
sudorese, entre outros, há também a liberação de
adrenalina e noradrenalina no sistema e essa última,
por sua vez, acentua e prolonga as respostas
fisiológicas citadas acima.
Além disso, os altos níveis de adrenalina e noradrenalina,
juntamente com a ativação contínua da
amígdala (estrutura cerebral intimamente ligada
ao medo e suas reações) levam à ativação conjunta
de estruturas neuroendócrinas, denominadas
de eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. A ativação
desse eixo no organismo resulta na liberação de
um grupo de hormônios e o mais conhecido é o cortisol,
também chamado de hormônio do estresse.
O grupo de hormônios do cortisol tem também
ação anti-imunitária e anti-inflamatória, de forma
que, quando presentes constantemente no corpo,
podem abaixar a resistência a infecções. Por
exemplo, muitas pessoas ansiosas ou depressiva
desenvolvem gastrites, infecções de repetição, piora
nas crises de asma ou alergias.
Outros possíveis efeitos da ansiedade crônica são
o aumento da suscetibilidade do indivíduo a doenças
respiratórias e cardiovasculares, sendo especialmente
determinante da ocorrência de infarto do
miocárdio, segundo o Dr. Roberto Lent.
Convém citar uma frase do especialista
em psicofarmacologia, Dr. Gerald Crane,
também conhecido como “O Espantalho” das
histórias do Batman, da DC Comics, “Eu respeito
o poder da mente sobre o corpo. É por
isso que faço o que faço”. De fato, nosso
cérebro produz uma mente que, por sua
vez, tem grande influência no organismo,
incluindo no próprio cérebro.
Para termos saúde plena, precisamos conhecer
como nosso ser funciona. Nós não
somos apenas um conjunto de átomos ou um aglomerado
de células. Também não somos só uma
consciência abstrata flutuante. Para sermos completamente
saudáveis, precisamos cuidar de todas
as partes: mente, corpo e espírito.
Fontes:
Livro - Lent, Roberto (2005). Cem Bilhões de Neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Editora Atheuneu. Páginas: 663 - 665
Disney - Divertida Mente
45
SAÚDE MENTAL
DEPRESSÃO
E O SISTEMA
IMUNOLÓGICO
as histórias de super-heróis,
seja nos
filmes ou nos quadrinhos,
é muito
comum encontrarmos
algum herói ou heroína
que sofreu alterações genéticas
que desencadearam uma série
de superpoderes incríveis.
Exemplos deles são o Capitão
América, o Homem-Aranha, a
Mulher Invisível e, um dos meus
preferidos, o Incrível Hulk.
Tiago Pereira
Damaceno
Médico
com colaboração de
Matheus Teles Gomes de Araújo
Após ser exposto a uma explosão de radiação
gama, uma das radiações mais letais para o ser
humano, o doutor Bruce Banner transforma-se no
Incrível Hulk. Uma criatura com força imensurável,
uma capacidade de se regenerar de qualquer
ferimento e que fica mais forte conforme sua raiva
aumenta. No entanto, o Hulk nem sempre é tão incrível
assim.
Apesar de sua força extraordinária, o grande
verdão não é lá dos mais inteligentes e nem dos
mais moderados. Digamos que autocontrole não é
seu ponto forte. Na verdade, o que faz com que o
inteligentíssimo Dr. Bruce Banner se transforme
é uma onda de raiva incontrolável, devastadora e,
até mesmo, patológica.
Talvez a raiva impetuosa do Dr. Banner possa
ser vista como um distúrbio de humor que altera
desde suas células e DNA até seu corpo, cérebro e
suas capacidades cognitivas. Nos filmes todas essas
mudanças geram um ser incrível. Podemos dizer
que as mutações do Hulk geram o sistema imunológico
perfeito, capaz de curar e sanar qualquer
dano ao organismo instantaneamente. Porém, na
vida real, as coisas não acontecem dessa forma.
Uma exposição à radiação gama, como a que
Bruce Banner sofreu, seria fatal para qualquer ser
humano. Tal exposição provavelmente prejudicaria
o sistema imunológico, poderia gerar um distúrbio
de humor, como a depressão, e certamente danificaria
o DNA de várias células, gerando múltiplos
tumores em todo o organismo. No entanto, para
nosso espanto, a depressão, os distúrbios imunológicos
e o câncer nem precisam de uma bomba de
raios gama para caminharem juntos.
Pesquisas sobre a interação do sistema nervoso
central e o sistema imunológico vêm ganhando
força. Atualmente já é claro que há uma via de
mão dupla entre cérebro e sistema imune. Porém
quais são essas interações, como elas acontecem e
quais são os efeitos observáveis no comportamento
do indivíduo são questões que ainda precisam de
respostas mais profundas e completas.
Alguns estudos, como o de Zorrilla e colaboradores,
2001, demonstram uma baixa no número de
células imunes NK (glóbulos brancos particularmente
importantes no combate a infecções virais e
células cancerígenas) em pessoas com um quadro
de depressão e um aumento anormal na produção
de outros leucócitos (células do sistema imune,
também conhecidas como glóbulos brancos).
Luciana Vismari e colaboradores [1], 2008, relatam
que um desequilíbrio na quantidade de um grupo
de proteínas imunológicas, chamadas de citocinas,
pode induzir sintomas depressivos.
De fato, existe todo um conceito de que a depressão
pode ser na verdade uma disfunção do
sistema imune. Essa ideia é discutida por Brian
E. Leonard [2], e ele demonstra que há uma associação
entre a falha do funcionamento da serotonina,
um hormônio com papel fundamental na
manutenção do nosso humor e bem-estar, e um
aumento nos níveis de cortisol, também conhecido
como hormônio do estresse, e citocinas pró-
-inflamatórias, proteínas do sistema imune. B. E.
Leonard argumenta então que o estresse crônico
inicia a depressão ao alterar o sistema imune e o
eixo cerebral hipotálamo-pituitária-adrenal:
Bom, sabemos que existem várias práticas saudáveis
que auxiliam na prevenção das alterações
de humor, como a depressão e a ansiedade, porém
isso não quer dizer que nós sempre estaremos
livres de tais transtornos. Mas a boa notícia
é que os tratamentos, tanto psicoterápicos quanto
farmacológicos, estão cada vez mais certeiros e
eficazes, nos possibilitando dias bons mesmo em
meio às intensas angústias da vida.
Fontes:
[1] Luciana Vismari/USP - Depressão, antidepressivos e sistema imune: um
novo olhar sobre um velho problema
[2] Brian E. Leonard/NCBI - The concept of depression as a dysfunction of
the immune system
[3] Marvel - Hulk
47
SAÚDE MENTAL
QUAL A DIFERENÇA?
O MEDO É IMPORTANTE PARA A
AUTOPRESERVAÇÃO da espécie,
uma vez que libera adrenalina,
permitindo que você possa lutar
ou fugir em uma situação de perigo.
O medo faz parte da nossa
natureza, não pode e não deve
ser controlado ou inibido.
A fobia é um medo exagerado,
irracional que paralisa o individuo,
ficando assim refém do
“medo” que ele sabe que precisa
enfrentar, mas é mais forte que
Sarah Sammy
M. Sampaio
Neuropsicóloga
ele. Muitas vezes vem associado
a respostas fisiológicas alteradas
como aceleração cardíaca, suor,
tremor, falta de ar, dor de barriga,
tontura, enjoo entre outras.
A fobia traz um prejuízo real
para quem sofre desse transtorno.
A pessoa acaba deixando de
fazer coisas importantes do cotidiano
que antes não eram um
problema. Diferentemente do
medo que vem para que o indivíduo
reaja a algo ameaçador,
mesmo que seja fugir. Já a fobia
o paralisa, de forma completamente
irracional e sozinho é
quase impossível que ele consiga
neutralizar o processo fóbico.
PORQUE SE DESENVOLVE A
FOBIA?
É difícil saber ao certo a origem,
pode ser predisposição
genética, comportamental (pessoa
que tem dificuldade de enfrentar
seus medos), ambiental
(convívio com pessoas que exageram
seus medos). Pessoas que
são mais ansiosas têm uma probabilidade
maior de gravar um
medo como algo fóbico, devido a
sua fisiologia, que pode ou não
estar relacionado ao um trauma
ou a um acontecimento especifico.
Geralmente sua causa é
multifacetária, englobando vários
aspectos.
1
QUAIS OS TRATAMENTOS MAIS UTILIZADOS
NOS DIAS ATUAIS?
Hoje em dia, com a evolução tecnológica na área
da saúde, temos cada dia mais ferramentas para o
tratamento de fobias como:
TERAPIA COM REALIDADE VIRTUAL:
óculos simulador da realidade em 3D.
Como é a sessão.
O paciente se senta confortável em uma
poltrona reclinável parecida com uma cadeira
de avião, o óculos simula o paciente fazendo
check-in, entrando no saguão de embarque e
por fim entrando no avião que também simula
decolagem, turbulência e pouso. O indivíduo
passa por esse processo de forma sistemática,
dessa forma o cérebro vai perdendo a
sensibilidade ao objeto fóbico, no caso o avião,
e, assim, passa a não ver esse fato como algo
ameaçador, já que passou por essa situação
varias vezes e nada aconteceu.
Como é a sessão.
O paciente se senta confortavelmente em uma
poltrona reclinável, o terapeuta coloca sensores
em seus dedos e couro cabeludo, a fim de
medir suas respostas fisiológicas (batimentos
cardíacos, respiração, sudorese e temperatura
periférica, velocidade sanguínea e ondas cerebrais).
Posteriormente é dada uma atividade
para ser executada. Por exemplo: o paciente
tem que pensar na barata que é seu objeto fóbico,
depois ele vê e toca em figuras ou baratas de
borracha (também podemos associar o óculos
virtual), feito isso toda a fisiologia do paciente
irá mudar, como aceleração dos batimentos
cardíacos, aumento da vasoconstrição, respiração
ofegante, a temperatura periférica cai
entre outras alterações neurofisiológicas. Logo
após o paciente passa por um treinamento a
fim de ensiná-lo a controlar todas essas alterações
fisiológicas, para que na vida real ele
saiba como administrar os sintomas de forma
consciente e racional. Ao longo do tratamento,
o que era fóbico passa a ser normal ou apenas
medo ou receio, já que o paciente não terá mais
a associação com reações fisiológicas intensas,
o que caracteriza a fobia.
2
BIOFEEDBACK, NEUROFEEDBACK E
NEUROMETRIA
São ferramentas de tratamento que também
utilizam a dissensibilização sistemática,
porém a dissensibilização acontece por meio
do controle fisiológico, e o paciente visualiza
o objeto fóbico e treina suas respostas
fisiológicas para que fique menos ansioso e
logo mais relaxado.
PRECISA TOMAR REMÉDIO?
A necessidade de se medicar o paciente irá depender
do nível fóbico em que ele se encontra; para
isso é importante se fazer uma avaliação psicológica
e psiquiátrica. Em alguns casos específicos,
a utilização medicamentosa será imprescindível
para o êxito do tratamento, devido a grandes alterações
fisiológicas e comorbidades associadas, que
poderão dificultar o tratamento do paciente, pois
ele precisará ter condições para enfrentá-las.
QUAIS SÃO AS FOBIAS MAIS COMUNS?
Altura (acrofobia)
Lugares cheios e multidões (agorafobia)
Aranhas (aracnofobia)
Baratas (catsaridafobia)
Cachorros (cinofobia)
Lugares fechados, como elevadores ou aviões
(claustrofobia)
Escuro que persiste após a infância (escotofobia)
Falar em público (glossofobia)
Sangue (hematofobia)
Dentistas (odontofobia)
49
SAÚDE MENTAL
VACINA
CONTRA O STRESS
odos nós já passamos
por situações
adversas. Desde ocasiões
constrangedoras
até as experiências
mais traumáticas de nossas
vidas. Você se lembra daquele
vexame que passou pela primeira
vez na frente dos seus colegas de
escola ou até mesmo do trabalho?
E daquele fim de relacionamento
que realmente o marcou
e deixou uma cicatriz? Talvez, ao
pensar nessas coisas, você ainda
sinta uma ponta de dor ou
constrangimento.
Tiago Pereira
Damaceno
Médico
com colaboração de
Matheus Teles Gomes de Araújo
Cada um reage diferente a essas experiências negativas.
Alguns sofrem brevemente e logo se recompõem,
enquanto outros podem chegar a desenvolver
distúrbios psiquiátricos, como a depressão, porém,
cada caso é um caso. No entanto, para esses indivíduos,
a dor é inevitável e, de fato, não se pode evitar
momentos de dor enquanto se está vivo.
Apesar dessa dura realidade da vida, nós ainda
temos a capacidade (e a esperança) de melhorarmos
nossa existência. Que tal combatermos as
patadas do mundo aumentando nossa resistência
mental? Talvez, ao melhorar nossa capacidade de
recuperação, após eventos traumáticos, nós possamos
nos encontrar mais positivos diante das duras
realidades da vida, talvez evitando até mesmo a depressão
ou o distúrbio do estresse pós-traumático.
Situações de estresse representam os principais
fatores de risco para o desenvolvimento de doenças
psiquiátricas, como a depressão profunda ou
o transtorno do estresse pós-traumático. No entanto,
o cérebro humano possui mecanismos de
proteção que nos conferem resiliência a situações
adversas, ou seja, nos dão resistência mental para
que não desenvolvamos transtornos de humor em
qualquer situação de estresse.
A resiliência ao estresse varia de indivíduo para
indivíduo, no entanto, existem grupos de pessoas
que são constantemente expostas a situações potencialmente
traumáticas, como policiais, bombeiros,
funcionários de centros hospitalares de
emergência ou militares em situações de guerra,
e, ao aumentar a resiliência mental desses grupos,
nós poderíamos possivelmente protegê-los contra
o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos induzidos
pelo estresse.
Imagine como seria interessante medicamentos
que funcionassem como vacinas contra a depressão,
prevenindo transtornos depressivos em
vez de apenas amenizarem seus sintomas como
os medicamentos tradicionais. Verdadeiros potencializadores
da resiliência mental. Assim como
a vacina contra o tétano ou contra a tuberculose,
essas “paravacinas” - ou seja, algo semelhante a
uma vacina - nos tornariam imunes aos efeitos
deletérios do estresse.
Bom, fico feliz em informar que tais compostos
já existem. Ainda são poucos e as pesquisas sobre o
assunto também estão em suas fases iniciais, mas
as tais “paravacinas” já estão disponíveis no mercado.
Um anestésico muito comum atualmente é
o Calypsol - não, não é a banda de forró - porém,
no ano de 2015, Rebecca Brachman, uma pesquisadora
pioneira do campo da psicofarmacologia
preventiva, publicou um trabalho em que ela observou
que o anestésico agia também prevenindo
comportamentos depressivos em camundongos.
Em seus estudos, a Dra. Brachman também relata
que o composto age não só no nível comportamental,
mas também no nível fisiológico, ou seja, no
organismo dos animais.
A cetamina, uma droga anestésica e principal
agente do Calypsol, foi utilizada pela Dra.
Brachman para testar seus efeitos protetores contra
comportamentos depressivos. Nesse estudo,
um grupo de camundongos recebeu a cetamina e
outro recebeu uma substância placebo e, após uma
semana, ambos os grupos foram submetidos a estresses
sociais e tiveram hormônios relacionados
ao estresse administrados de forma crônica em
seus organismos. Os resultados mostraram que os
camundongos que receberam a cetamina preventiva
foram protegidos contra os efeitos negativos do
estresse mesmo após 3 semanas da administração
da cetamina, enquanto que os animais que receberam
placebo foram acometidos pelos comportamentos
depressivos.
Podemos concluir, dos dados apresentados pela
Dra. Brachman, que a cetamina pode induzir uma
resiliência persistente contra o estresse e que por
isso pode ser um tratamento útil contra distúrbios
por ele induzidos.
A ideia de que medicamentos podem ser utilizados
de forma preventiva é um tanto quanto
recente no campo da psiquiatria, porém ela pode
de fato ser o futuro. Talvez, daqui a cinquenta
anos, as pessoas olhem para a depressão da mesma
forma como nós olhamos para a tuberculose,
como uma doença do passado. Citando a Dra.
Brachman “Esse pode ser o início do fim da epidemia
na saúde mental”.
Fontes:
TED X - Could a drug prevent depression and PTSD?
Science Direct - Ketamine as a Prophylactic Against Stress-Induced
Depressive-like Behavior
Rebecca Brachman
51
SAÚDE MENTAL
ALZHEIMER
Tiago Pereira
Damaceno
Médico
com colaboração de
Matheus Teles Gomes de Araújo
A maioria das pessoas, incluindo uma parte dos
profissionais da saúde, não tem ideia, em termos
de mortalidade e morbidade, sobre quais são as
principais doenças que afetam o cérebro e a mente.
Uma das maiores preocupações para a saúde pública,
tanto em países desenvolvidos quanto nos que
estão em desenvolvimento, são as doenças neurodegenerativas.
Entre essas doenças, a mais conhecida
é o mal de Alzheimer, como ficou conhecido o
quadro demencial mais comum na população humana
e que causa grande impacto na vida social,
econômica e familiar.
A demência de Alzheimer apresenta um crescimento
exponencial com promessa de quadruplicar
nos próximos 40 anos. A doença é ainda pouco elucidada;
trata-se da formação de placas de um grupo
de proteínas chamadas de beta-amiloide e que ainda
são pouco conhecidas. O acúmulo dessas placas
proteicas entre os neurônios gera uma desorganização
imunológica cerebral, evoluindo com a perda de
conexões cerebrais e, por fim, morte celular, ocasionando
a diminuição do volume do cérebro, que pode
ser observado numa ressonância magnética. A doença
tem maior incidência em pessoas com 65 anos
para cima, sendo mais frequente em mulheres.
O diagnóstico não é dos mais simples. O primeiro
passo é a investigação minuciosa para que
sejam descartados possíveis quadros reversíveis
como deficiências em vitaminas, infecções, tumores,
efeitos colaterais de outras medicações, AVC,
depressão, distúrbio do sono.
Alguns neurocientistas dividem a doença em
três estágios:
ESTÁGIO I PRÉ-SINTOMÁTICO
Geralmente a cognição permanece intacta;
há a deposição lenta do peptídeo (beta-A),
apesar dos níveis elevados da proteína
beta-amiloide que podem ser sugeridos pela
tomografia por emissão de pósitrons (PET).
ESTÁGIO II
Início dos sinais clínicos como
comprometimento insidioso das funções
cognitivas, início da morte neuronal e, com
isso, da diminuição do volume cerebral, que
pode ser melhor reconhecida pela avaliação
com a RM (ressonância magnética).
ESTÁGIO III
Estágio final da doença, início dos problemas
cognitivos ou comportamentais graves, além
da perda acentuada de volume cerebral
(perde-se 5% da massa encefálica por ano
enquanto o idoso saudável perde 1%).
Região anatômica dos lobos temporais
Os danos começam pelos lobos temporais (regiões
laterais do cérebro, na altura das têmporas)
e, consequentemente, a memória declarativa ou
explícita − necessária para recordação de experiências
e acontecimentos − é a mais prejudicada.
Outra área afetada é o hipocampo, que é fundamental
para o processamento de informações e a
capacidade de fixação, o que torna tarefas cotidianas,
como se vestir ou manter uma conversa ao
telefone com um amigo, cada vez mais difíceis.
Região anatômica do hipocampo
Infelizmente, a grande maioria só tem acesso
ao diagnóstico e tratamento nos estágios finais da
doença, principalmente quando se tem muito pouco
a fazer. Pessoalmente, vejo a doença como uma
das mais graves e tristes afecções; por vezes digo
que ela parece “roubar a essência da alma”.
Realmente me frustro ao ver que a pessoa não
apresenta melhoras, no sentido de que ela não pode
ser curada e nem regredir seus sintomas, podemos
apenas desacelerá-los com tratamentos paliativos.
E, é claro, não é somente a pessoa que sofre, toda
a família e os amigos mais próximos são afetados
por essa situação, de forma que nós, profissionais
da saúde, devemos tratá-los com igual importância
durante toda a intervenção.
Alimentação equilibrada, exercícios físicos, não
fumar, não consumir bebidas alcoólicas de forma
abusiva parecem até recomendações clichês, mas
ainda são as formas mais eficientes de nos afastarmos
do quadro. A maioria das pesquisas recentes
indicam que a estimulação cognitiva associada
ao mal de Alzheimer em seus estágios mais precoces
poderia prolongar mais anos de vida e dar mais
vida aos anos.
53
SAÚDE MENTAL
Tiago Pereira
Damaceno
Médico
com colaboração de
Matheus Teles Gomes de Araújo
O cérebro humano é base para uma mente realmente
incrível e única; tal singularidade coopera
para que sejamos os autores de feitos inéditos no
planeta Terra. O simples fato de estarmos contemplando
nossa própria natureza é um exemplo. No
entanto, com um cérebro tão complexo, é razoável
que tenhamos distúrbios mentais igualmente exóticos
em situações de lesão cerebral.
Realmente, danos diretos ao cérebro são capazes
de provocar as mais inusitadas falhas em nossos
processos mentais. Existem, por exemplo, lesões
específicas que podem danificar o sentido da propriocepção,
nossa percepção de nosso próprio corpo
no espaço, podendo fazer com que a pessoa não
saiba dizer onde seus membros estão a não ser
que ela olhe para eles. A seguir, conheça uma lista
com dez disfunções mentais um tanto quanto
extraordinárias.
APOTEMNOFILIA
Distúrbio neurológico em que uma pessoa, sob
outros aspectos seja mentalmente capaz, deseja
ter um membro amputado para se “sentir inteira”.
Também chamada de transtorno de identidade da
integridade corporal.
SÍNDROME DA MÃO ALIENÍGENA
Sensação de que a própria mão
está à mercê de uma força exterior
incontrolável, o que resulta em seu
movimento real. A síndrome provém
em geral de uma lesão nas regiões
cerebrais do corpo caloso (região
que liga os hemisférios cerebrais)
ou no cingulado anterior (estrutura
próxima ao corpo caloso relacionada à
tomada de decisões).
SÍNDROME DE CAPGRAS
Síndrome rara em que a pessoa está convencida
de que parentes próximos - em geral pais, cônjuges,
filhos ou irmãos - são impostores. Ela pode
ser causada por danos entre áreas do cérebro que
lidam com o reconhecimento facial e aquelas que
controlam respostas emocionais. Uma pessoa com
síndrome de Capgras poderia reconhecer as faces
de uma pessoa amada, mas não sentir a reação
emocional normalmente associada a ela. Também
chamada de delírio de Capgras.
PROSOPAGNOSIA
Transtorno caracterizado pela incapacidade
da pessoa reconhecer faces humanas vistas
anteriormente e aprender outras faces. A pessoa
pode inclusive ter dificuldade de reconhecer o
próprio rosto em fotos ou no espelho. Também
há relatos de pessoas com prosopagnosia que
apresentam dificuldades em diferenciar animais,
como cães e gatos. O transtorno é explorado
em alguns filmes como “Visões de um crime”,
dirigido por Julien Magnat, o em que uma mulher
sobrevive ao ataque de um assassino, porém ela
acorda com prosopagnosia e não consegue mais
reconhecer o rosto do criminoso. Existe um caso
verídico (disponível nas fontes, no fim do artigo) de
uma mulher que sobreviveu a um tiro na cabeça e
desenvolveu o transtorno após o ocorrido.
SÍNDROME DE KORO
Distúrbio que aflige homens, geralmente
jovens e particularmente comum
a jovens asiáticos, em que se
desenvolve a ilusão de que o
pênis está encolhendo e pode
acabar caindo. Existe também
o inverso dessa síndrome, que,
por sua vez, acomete em geral
homens idosos em que a ilusão
é de que seu pênis está se
expandindo.
MEMBRO FANTASMA
A sensação de existência de um
membro perdido por acidente ou
amputação. Por exemplo, muitos
casos são de veteranos de guerra
que perderam um dos membros,
como um braço ou uma perna, mas que
relatam sentirem dores ou coceiras em seus
braços e pernas perdidos.
VISÃO CEGA
Condição em que indivíduos efetivamente cegos em
decorrência de danos diretos no cérebro, córtex visual,
conseguem desempenhar tarefas que pareceriam
comumente impossíveis, a menos que eles pudessem
ver os objetos. Por exemplo, eles podem indicar
objetos e descrever se eles estão na vertical ou
na horizontal, ainda que não possam perceber
conscientemente o objeto. A explicação parece ser
que a informação visual viaja através de duas vias
no cérebro: a via antiga e a via nova. Se somente a
via nova estiver danificada, a pessoa pode perder a
capacidade de ver um objeto, mas continuar ciente de
sua localização e orientação no espaço.
SÍNDROME DE COTARD
O uso do Curtograma poderá auxiliar o cliente a
verificar o que ele tem feito na vida que o agrada ou
o desagrada. É um passo importante para ele saber
por onde começar a alterar a sua forma de proceder.
A Lista de Desejos, que corresponde a todos os
desejos que se possa identificar e inclui desde os
de curto prazo até os de longo prazo, proporciona
uma oportunidade dele olhar para o amanhã e
transformá-lo naquilo que as pessoas gostariam de
vivenciar a partir de um determinado momento.
SINESTESIA
Condição em que uma pessoa percebe algo num
sentido além daquele que está sendo estimulado,
como, por exemplo, sentir um gosto (paladar) de
uma forma geométrica (visão), ou ver a cor (visão)
de um som (audição). A sinestesia não é apenas
uma maneira de descrever experiências, como as
metáforas que um escritor usaria; os sinestesistas
realmente experimentam as sensações. Uma possível
explicação é que as vias neurais relacionadas
aos sentidos não foram completamente dissociadas
umas das outras, durante o desenvolvimento neural,
nas fases embrionárias e no início da infância.
AGNOSIA
Transtorno raro caracterizado por uma incapacidade
de identificar objetos e pessoas, embora os sentidos,
como a visão ou audição, estejam funcionais e nem
haja qualquer perda significativa de memória ou
intelecto. Ou seja, o ser humano olha para uma
maçã, um relógio ou seu próprio rosto no espelho e
não consegue dizer o que está vendo.
Talvez você esteja um pouco cético diante de
condições tão incomuns; algumas até parecem terem
saído de um filme de ficção científica. E, de
fato, várias dessas disfunções mentais são abordadas
em obras cinematográficas. Mas toda essa
lista foi retirada do livro “O que o cérebro tem
para contar” do neurocirurgião e cientista Dr. V.
S. Ramachandran, que atualmente trabalha na
Universidade da Califórnia em São Diego.
Fontes: Livro - Ramachandran, V. S. (2014). O que o cérebro tem para contar: Desvendando os mistérios da natureza humana. Editora Zahar.
Arquivos brasileiros de neurocirurgia - Prosopagnosia após ferimento por arma de fogo: relato de caso
BVS - Prosopagnosia congênita: relato de caso
55
TERAPIA MODERNA
Check-Up
Cerebral
O Check-Up Cerebral, o mais novo serviço do IMPI, tem
como objetivo estimular a prevenção das doenças do
cérebro e garantir uma melhor qualidade de vida
Texto: Larissa Corumbá
MONITORE-SE!
O Check-Up Cerebral é o que há de mais moderno
e atual nas clínicas de primeiro mundo. Ao observar
essa tendência mundial, a neuropsicóloga e diretora-presidente
do IMPI, Francisca Sampaio Leão,
decidiu implantar essa novidade no Instituto de
Medicina e Psicologia Integradas (IMPI). O serviço,
que deve ser lançado a partir de março de 2017, é o
primeiro Check-Up Cerebral de alto nível de todo o
país e tem como objetivo estimular a prevenção das
doenças relacionadas ao cérebro, com a finalidade
de garantir uma melhor qualidade de vida.
“O cérebro é
o órgão mais
importante do
nosso corpo e,
como a nossa
expectativa de
vida aumenta
a cada dia,
precisamos
cuidar muito
bem dele,
constantemente”
diz Francisca Sampaio Leão. “Muitas vezes, quando
o médico encaminha o paciente, ele já vem com a
doença em estágio avançado e nesse caso, infelizmente,
o tratamento torna-se mais difícil e prolongado.
Se o paciente faz o Check-Up Cerebral regularmente
e, em algum momento, um exame apontar
uma alteração inicial em alguma função do cérebro,
é possível reabilitá-la sem que hajam maiores
danos”. Além de verificar a cognição, marcadores
biológicos e funcionais, o Check-Up Cerebral oferecido
pelo IMPI também atua na prevenção de
doenças como Acidente Vascular Cerebral (AVC),
Alzheimer e demais doenças do cérebro.
O Check-Up Cerebral do IMPI acontece em cinco
etapas. Na primeira delas, o paciente é acompanhado
por um neuropsicólogo que, por meio de testes,
mede os níveis de ansiedade e depressão. Em seguida,
o neuropsicólogo realiza testes cognitivos que
avaliam funções cerebrais como a memória, percepção,
atenção, associação, dentre outros fatores.
Após esses testes, é realizado o Exame Funcional,
que verifica os marcadores neurofisiológicos (predomínio
de ondas cerebrais, batimentos cardíacos,
temperatura periférica, reserva funcional, resposta
fisiológica, entre outros) e a fisiologia do sistema
autonômico simpático e parassimpático do paciente.
Por meio desse exame, é possível identificar
transtornos de ansiedade, reserva funcional,
intolerância à glicose, hiperatividade, intolerância
alimentar, transtornos digestivos, capacidade de
relaxamento, bem-estar emocional, esgotamento
cerebral, fluxo sanguíneo, transtornos respiratórios,
exaustão, tensão nervosa, intoxicação, dentre
outros. Logo após, é solicitado pelo médico uma bateria
de exames de sangue que vai verificar marcadores
biológicos como, por exemplo, a quantidade
das vitaminas e enzimas presentes no cérebro do
paciente.
Por fim, os resultados de todos os exames e testes
são encaminhados para o médico, que entrega
o laudo ao paciente. Caso seja observada qualquer
alteração nos resultados dos exames, o paciente
recebe as orientações para começar o tratamento,
que também acontece nas instalações do IMPI.
Francisca diz que qualquer pessoa pode fazer
um Check-Up Cerebral, principalmente a partir
dos quarenta anos, “porque algumas doenças relacionadas
ao cérebro podem surgir precocemente a
partir dessa idade”.
57
TERAPIA MODERNA
NEUROMETRIA
POTENCIALIZE AS SUAS
CAPACIDADES CEREBRAIS!
Além de ser bastante eficaz no combate e na prevenção de vários transtornos
mentais, a Neurometria também potencializa a alta performance e garante
melhorias na saúde física dos pacientes
Instituto de Medicina e Psicologia
Integradas (IMPI) tem grande preocupação
em sempre oferecer aos pacientes
tudo o que há de mais moderno e eficiente
em termos de tecnologia na área da saúde
mental. Seguindo essa regra, um dos serviços disponíveis
em nossa clínica é a Neurometria, uma
técnica atual e efetiva indicada principalmente
para aqueles que desejam combater ou prevenir
transtornos de ansiedade, dificuldades de aprendizagem,
fobias e depressão. Esse método monitora
e identifica o predomínio de ondas do cérebro,
realiza uma Análise Funcional e treina o Sistema
Nervoso Autonômico e Cognitivo do paciente, com
o objetivo de melhorar a saúde física, mental e potencializar
a alta performance.
Texto: Larissa Corumbá
A sessão da Neurometria começa quando o neuropsicólogo
conecta eletrodos nos dedos e na cabeça
do paciente. De acordo com a Sarah Sammy,
neuropsicóloga do IMPI, esses eletrodos captam os
sinais neurofisiológicos e transmitem os dados a
um monitor, permitindo que o paciente acompanhe
todas as alterações em tempo real. Ao final de
cada sessão – que varia entre 40 minutos e 1 hora
–, um treinamento específico é realizado exclusivamente
para cada paciente. “Ele leva esse treinamento
para a casa por meio de um Indutor de
Ondas Cerebrais (IOC). Esses exercícios são frequências
que devem ser escutadas diariamente, por
pelo menos 30 minutos, até a próxima sessão, na
semana seguinte”, explica a Sarah Sammy. Esses
áudios funcionam como um “dever de casa” e têm
como finalidade fortalecer as sinapses geradas durante
a sessão da Neurometria. “O paciente pode
escutar o IOC quantas vezes desejar, desde que haja
um intervalo de 3 a 4 horas entre os áudios.” A
Neurometria é um método não invasivo, que não
apresenta efeitos colaterais e que pode ser realizado
por pessoas de todas as idades. “O tratamento
deve durar em média de 3 a 6 meses, mas tudo depende
da patologia a ser tratada e da disciplina do
paciente durante as sessões”, diz.
Em 2014, a servidora pública Juliana Bonfim, de
30 anos, começou a tratar uma ansiedade generalizada
no IMPI. Como sugestão terapêutica para o
transtorno, foi sugerido que ela iniciasse as sessões
de Neurometria, juntamente a uma psicoterapia
de linha cognitivo-comportamental. “Dependendo
do grau da patologia a ser tratada, o paciente deve
realizar uma psicoterapia ou tomar medicamentos
ao mesmo tempo em que realiza a Neurometria, a
fim de potencializar os resultados da técnica”, explica
Sarah Sammy.
Juliana se queixava de um problema severo de
ansiedade, acompanhado por desatenção, falta
de concentração, insônia e uma agitação mental
intensa. “Sentia-me exausta de tanto pensar, dormia
muito mal – quando dormia – e a ansiedade
excessiva que eu possuía estava prejudicando minha
vida acadêmica, profissional e afetiva”, relata.
A primeira sessão da Neurometria ocorreu em
setembro daquele mesmo ano. Ainda no decorrer
do tratamento, Juliana percebeu mudanças comportamentais,
redução da ansiedade, melhoria na
qualidade de vida, maior conhecimento corporal e
controle dos pensamentos angustiantes. “Isso me
animou bastante”, diz.
A funcionária pública comenta que os resultados
da Neurometria superaram as suas expectativas.
“Nunca mais tive crises de ansiedade, meu
sono melhorou bastante e minha autoestima também”.
Ela afirma que, devido ao controle da ansiedade,
a Neurometria melhorou a sua cognição e
proporcionou progressos na saúde física, reduzindo
gripes, infecções e problemas intestinais. Juliana
também ressalta a importância dos treinamentos
gerados pelo IOC a serem realizados em casa, no
intervalo entre as sessões. “A Neurometria não é
um tratamento que se limita apenas ao consultório.
Para mim, os exercícios foram fundamentais
para o sucesso do meu tratamento”, exclama.
Para Sarah Sammy, essa técnica potencializa o
que já é bom e trata o que está fora dos parâmetros.
“A Neurometria consolida as mudanças no sistema
nervoso, no emocional e no comportamental do
paciente. É um método rápido e eficiente”, finaliza.
SAIBA MAIS!
Estes transtornos, distúrbios e dificuldades podem
ser combatidos ou prevenidos pela Neurometria:
Depressão
Ansiedade
Estresse
Dependência química
Cefaleia tensional
Enxaqueca
Dores crônicas
Fibromialgia
Bruxismo
Transtornos de ansiedade
Transtornos do humor
Distúrbios respiratórios
Distúrbios do sono
Distúrbios de atenção
Distúrbios cardíacos
Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade – TDAH
Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC
Síndrome do pânico;
Dificuldade em fazer provas
Dificuldade de raciocínio lógico
Dificuldade de leitura e interpretação
Dificuldade de memória
Dificuldades de aprendizagem em geral
A Neurometria também é uma técnica
complementar no tratamento para baixo
rendimento escolar e desmotivação para o
estudo.
59
TERAPIA MODERNA
NEUROTERAPIA
A TERAPIA DO FUTURO
Neuroterapia consiste na utilização
terapêutica de diferentes estratégias
de Neurofeedback, com o objetivo de
diminuir os sintomas resultantes de
disfunção do Sistema Nervoso Central.
É uma forma de tratamento não farmacológica,
não invasiva, sem efeitos secundários, e é eficaz
numa grande variedade de condições médicas e
psicológicas.
A neuroterapia foi criada para trabalhar o indivíduo
“de dentro para fora”, principalmente a modulação
cerebral, mudando circuitos cerebrais que
não são funcionais para aquele determinado indivíduo.
Por exemplo, no caso de ansiedade e depressão,
podemos mudar o cérebro desses indivíduos
para que o trabalho comportamental possa ser realizado
de forma mais rápida e permanente, uma
vez que o paciente aprende a identificar as causas
fisiológicas da sua patologia e assim aprende também
a modificá-las.
Mudar comportamentos não é tarefa fácil, principalmente
quando nosso cérebro e nossa fisiologia
já possuem padrões próprios de funcionamento
que sempre se repetem. O fisiológico é muitas
vezes mais forte que nossa vontade de mudar o
comportamento. Assim, uma pessoa impulsiva e
explosiva pode não conseguir se controlar mesmo
depois de muito tempo de terapia. A causa pode
estar muito mais ligada à fisiologia, como excesso
de adrenalina (aceleração dos batimentos cardíacos),
estresse da suprarrenal (produção de cortisol
em excesso), SNA simpático demasiadamente elevado
em comparação ao parassimpático; predominância
de vasoconstrição (menos sangue nas
periferias – mãos frias e com sudorese), alteração
respiratória, entre outras alterações fisiológicas
que tornam o indivíduo mais propenso a um certo
tipo de comportamento. Quando se muda e se
adequa essa fisiologia, pode-se também mudar o
comportamento e as emoções desse indivíduo.
Outro exemplo: no momento de um trauma,
a circuitaria cerebral também grava marcadores
neurofisiológicos como:
Velocidade cardíaca
Índice barorreflexo (hiperventilação)
Frequência simpática do momento
Contração muscular
Atividade cerebral do momento.
A partir desses marcadores, é possível driblar e
recriar a circuitaria/engrama, trabalhando o paciente
de forma mais rápida, em vez de trazer à
tona a memória negativa (que, em alguns casos,
pode até fortalecer a circuitaria/engrama).
A Neuroterapia também é uma psicoeducação,
uma vez que aprendemos que o sistema nervoso
autonômico não é tão autonômico assim. Dessa
forma, podemos aprender a mudar nossa fisiologia
através de diversos exercícios.
Sarah Sammy
M. Sampaio
Neuropsicóloga
61
COMO É A SESSÃO DE NEUROTERAPIA?
O paciente se senta em uma poltrona confortável,
o terapeuta coloca eletrodos em pontos estratégicos
a fim de medir os marcadores fisiológicos,
bem como avaliar o predomínio de onda cerebral.
Os eletrodos podem ser posicionados na orelha,
nos dedos, no couro cabeludo ou em uma máscara
(para avaliar a respiração). A localização exata dos
eletrodos bem como as atividades desenvolvidas
são determinadas em uma avaliação preliminar.
Todo o processo de tratamento se dá com o paciente
conectado a esses eletrodos que possuem a função
de captar os sinais fisiológicos e enviá-los para um
software específico que, por sua vez, fará a interpretação
dos dados. O paciente, por intermédio de
um monitor, poderá acompanhar tudo em tempo
real. Ele verá como seu corpo e seu cérebro reagem
perante algo que o deixa ansioso e estressado e logo
depois terá a oportunidade de mudar sua fisiologia
de forma consciente. Assim, quando o mesmo
fato ocorrer fora do ambiente monitorado (na vida
real), ele saberá exatamente que estratégia utilizar
para se acalmar, tal qual fez no consultório.
QUAL O TEMPO DE DURAÇÃO DA SESSÃO?
De 40 minutos a 1 hora e 20 minutos.
QUANTO TEMPO DURA O TRATAMENTO?
A duração do tratamento acontece de forma diferente
para cada indivíduo, dependendo de algumas
variáveis. A mais importante é a disciplina, já
que o paciente leva exercícios para fazer em casa.
Isso porque o cérebro aprende através de repetição e
quanto mais o indivíduo fizer os exercícios, mais rápido
ele verá o resultado. Pode-se dizer, no entanto,
que o tratamento dura em média de 3 meses a 1 ano.
QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES PARA SE TRATAR
COM NEUROTERAPIA?
Ansiedade
Depressão
Pânico
Fobias
Insônia
Déficit de atenção
Problemas de aprendizagem
Alterações Neurológicas
Estresse
Aumento do potencial cerebral
Enxaqueca
Cabe ressaltar que não é apenas um tratamento,
mas também uma forma de melhorar o que já
está bom, aumentando o potencial cognitivo, atrasando
o envelhecimento do cérebro e melhorando
sua produtividade. Logo, a neuroterapia atua também
de forma preventiva.
TERAPIA MODERNA
ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA
TRANSCRANIANA
Texto: Larissa Corumbá
A Estimulação Magnética Transcraniana é um tratamento eficaz no combate,
principalmente, à depressão e à ansiedade; No IMPI, a técnica é realizada por
profissionais capacitados e com uma das melhores tecnologias da área.
PARA O CÉREBRO CANSADO:
ESTIMULAÇÃO
Há cerca de quatro anos, o advogado Murilo Barros,
de 46 anos, passava por um momento de profunda
tristeza. Ele se dizia bastante desanimado com a
vida e relata que encontrava dificuldades até para
realizar as atividades mais simples do dia a dia. Ao
procurar soluções para o problema que o angustiava,
Murilo se deparou, por meio das redes sociais, com
um tratamento chamado Estimulação Magnética
Transcraniana (EMT). Após ler depoimentos de várias
pessoas que saíram do estado depressivo com a ajuda
dessa técnica, o advogado resolveu investir nesse
tratamento. Foi então que ele começou a realizar as
sessões da Estimulação Magnética Transcraniana
no Instituto de Medicina e Psicologia Integradas
(IMPI). Murilo comenta que começou a perceber
melhoras significativas em seu quadro clínico, logo
“Percebo que ao
final de cada
sessão me sinto
mais disposto
com a vida“
nas primeiras sessões. “O resultado da Estimulação
Magnética Transcraniana superou as minhas expectativas.
Percebo que ao final de cada sessão me sinto
mais disposto com a vida. Por mim, eu teria um aparelho
deste em minha casa”, brinca.
O médico do IMPI, Dr. Tiago Damaceno, explica
que a Estimu- lação Magnética Transcraniana é
uma técnica bastante moderna. “Essa tecnologia
permite que o tecido neuronal seja modulado, aumentando
ou diminuindo a atividade cerebral, de
acordo com a demanda clínica do paciente”, conta.
O IMPI foi pioneiro ao trazer essa tecnologia a
Brasília. “A Neuro-MS, da Neurosoft, é uma máquina
de origem russa e está no IMPI desde 2009”, diz.
Ainda segundo o médico, essa técnica é indicada
para o tratamento de transtornos neuropsiquiátricos
tais como depressão, insônia, ansiedade, irritabilidade,
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC),
esquizofrenia com alucinações auditivas, transtorno
do pânico, transtorno do stress pós-traumático,
dentre outros.
Ainda de acordo com o médico, a Estimulação
Magnética Transcraniana é uma técnica extremamente
segura e é recomendada para ser realizada a
partir dos 12 anos de idade. Dentre os benefícios desse
tratamento, pode-se citar o aumento das capacidades
cognitivas, melhora da atenção, da concentração
e da memória. O Dr. Tiago afirma que não há contraindicações
para o uso da Estimulação Magnética
Transcraniana, embora pacientes que apresentem
implantes metálicos intracranianos, próteses cocleares,
geradores implantáveis ou de infusão, marcapassos
ou risco de induzir crises epiléticas, devam
evitar esse tipo de tratamento.
63
CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
ANSIEDADE EM CRIANÇAS
Ansiedade é uma combinação complexa de sentimentos de medo, apreensão,
angústia e preocupação, geralmente acompanhada de sensações físicas como
palpitações, dor no peito, e/ou falta de ar.
ansiedade em níveis
adequados é saudável
e mobiliza o indivíduo
nas suas atividades
diárias.
Os distúrbios da Ansiedade estão
entre as principais causas
Sarah Sammy
M. Sampaio
Neuropsicóloga
de consultas médicas em todo o
Mundo. Uma pesquisa recente
afirma que a ansiedade afeta 13
de cada 100 crianças e adolescentes
entre 9 e 17 anos de idade. As
meninas são mais acometidas
que os meninos e, em metade dos
casos, as crianças apresentam
Ansiedade associada à Depressão.
Em crianças não escolares, a
ansiedade pode se manifestar
em comportamentos agressivos,
irritabilidade, problemas com o
sono e apetite (muito ou pouco),
medos frequentes, solicita muito
a presença dos pais, dificuldade
de seguir regras e respeitar a privacidade
dos adultos.
Nas crianças que já estão na
escola acima de 7 anos observam-se
dificuldades na atenção,
principalmente para tarefas de
rotina e escolares, inquietude, rapidez
exagerada e displicência em
suas atividades, dificuldades na
socialização, e outras situações.
COMO OS PAIS DEVEM LIDAR COM A
ANSIEDADE DOS FILHOS?
Os pais são figuras fundamentais para a criança,
pois são eles que vão moldar o seu desenvolvimento.
É importante que se informem, seja por meio de
profissionais e mesmo de leituras especializadas,
de como se dá este desenvolvimento, e que função
desempenham neste processo. A adequação das
suas atitudes, o acolhimento das necessidades, a
convivência com a insegurança e o prazer, o manejo
com os desejos e a frustração são situações
com as quais estarão lidando diariamente e, com
certeza, estarão oferecendo aos seus filhos a oportunidade
deste aprendizado, que, no futuro, lhes
deixará em condições de conviver e lidar com as
situações de maior complexidade.
SEJA UM BOM EXEMPLO
Seu filho aprende observando você. Se você pula
quando escuta um trovão, nunca sai de perto enquanto
ele brinca, prolonga demais as despedidas,
ou larga um “agora que a mamãe chegou vai dar
tudo certo” sempre que ele enfrenta um desafio,
você reforça a ideia de que há muitas coisas assustadoras
na vida e que só você pode protegê-lo. Mas
se você enfrenta situações desconhecidas com calma
e confiança, com o tempo ele aprenderá a se
comportar da mesma maneira.
CONTE UMA HISTÓRIA
Uma ótima maneira de explicar coisas assustadoras
e acalmar seu filho é contando histórias. Por
exemplo, se seu pequeno se apavora durante um
temporal, invente uma historinha sobre um passarinho
que também está assustado com a chuva,
mas acaba se acalmando quando a mãe dele o protege
bem pertinho do corpo dentro de um buraco
no tronco de uma árvore.
COMEMORE OS FEITOS E
NÃO RIA DOS MEDOS
Alguns pais obrigam os filhos a enfrentar seus medos,
porque querem que eles sejam independentes,
mesmo quando ainda não estão prontos para
isso. Só que essa estratégia quase nunca dá certo.
Se você forçar uma criança apavorada a descer o
escorregador de qualquer jeito, ela não só se sentirá
mal, mas passará a ter medo de você, além
do escorregador. Permita que seu filho desenvolva
naturalmente sua autonomia, ao seu próprio ritmo.
NÃO EXIJA CORAGEM
Alguns pais obrigam os filhos a enfrentar seus
medos, porque querem que eles sejam independentes,
mesmo quando ainda não estão prontos
para isso. Só que essa estratégia quase nunca
dá certo. Se você forçar uma criança apavorada a
descer o escorregador de qualquer jeito, ela não
só se sentirá mal, mas passará a ter medo de
você, além do escorregador. Permita que seu filho
desenvolva naturalmente sua autonomia, ao seu
próprio ritmo.
COMO DEVE SER O AMBIENTE IDEAL PARA
QUE A CRIANÇA NÃO CORRA O RISCO DE SER
ACOMETIDA PELA ANSIEDADE EXCESSIVA?
O ambiente familiar seguro, no qual os pais se respeitam
e lidam de modo adequado com os problemas
naturais da vida, será mais acolhedor para as
dificuldades da criança, mostrando e ensinando a
ela como lidar com as adversidades que possam
estar ocorrendo. Isso irá atenuar e permitir que ela
trabalhe melhor a ansiedade.situações de maior
complexidade.
SINAIS QUE VOCÊ PODE ESTAR COM
TRANSTORNO DE ANSIEDADE:
Problemas com o sono freqüentemente.
Acorda cansado
Se sente com freqüência esgotada e com baixa
energia para realizar as tarefas do dia a dia.
Preocupação excessiva com o futuro e com os
problemas
Irritabilidade
Dificuldade de se manter focado
Problemas com a memória
Problemas com os estudos, dificuldade de armazenar
as informações.
Em situação de prova pode relatar o famoso branco,
dificuldades em matérias que antes não tinha, fica
nervoso no momento da prova (transpira as mãos,
sente o coração acelerar, medo de esquecer tudo).
Dores de cabeça freqüentes, de estomago, tensão
muscular, dor no corpo
Medos freqüentes
Tem mais pensamentos negativos e catastróficos
A ANSIEDADE É PANO DE FUNDO DE VÁRIOS
OUTROS TRANSTORNOS COMO:
Depressão, Fobias, Pânico , TOC, Insônia, Enxaqueca,
Déficit de atenção e Dificuldade de aprendizagem.
65
CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
O ADOLESCENTE DE
HOJE E SEUS DESAFIOS
Doralice Oliveira
Sampaio
Psicóloga
Jury Ricardo
Gomez Garcia
Psicólogo
entro do desenvolvimento humano, a
fase da adolescência é complexa. O adolescente
passa por mudanças biológicas,
cognitivas e emocionais, tornandose
mais focado em amigos, buscando
uma maior independência fora de casa, entrando
em conflito com os pais. Uma parte desses indivíduos
passa sem grandes problemas, preparando-se
para uma idade adulta saudável. No entanto, alguns
experimentam problemas que vão desde abandono
escolar, uso de drogas, delinquência, automutilação
até suicídio.
Hoje, a investigação cientifica aplicada se orienta,
cada vez mais, para ajudar os pais e os jovens em
ambientes de risco e buscar a forma de desenvolver
seus potenciais para encontrar uma melhor inserção
na vida adulta sem grandes traumas e conflitos.
Para isso, utiliza-se meio de terapias de grupo e individual,
inserção social como atividades competitivas,
arte (música, dança, teatro), olimpíadas de conhecimento
(matemática, física, química, história
e geografia), entre outros.
Outro fator importante no desenvolvimento da
adolescência está ligado aos valores físicos e cognitivos,
como a aparência física e o desenvolvimento
escolar, que contribuem para o senso de identidade
de um adolescente. Essas características devem ser
avaliadas com cuidado pelos pais e orientadores,
identificadas precocemente para serem desenvolvidas,
respeitando as particularidades de cada um.
Devemos considerar relevante as origens do
comportamento sociocultural do adolescente, tendo
em vista a diversidade social e étnica da população
brasileira, além de hábitos e costumes ligados à
matriz sociocultural. Essa diversidade pode ser dinamizada
e integrada com um processo de inclusão
social permanente e incisivo em todos os níveis
educacionais, tanto públicos quanto privados, além
da família e dos grupos sociais organizados.
Outro vetor básico a ser avaliado é o cérebro do
adolescente que se encontra em desenvolvimento.
De acordo com os neurocientistas, deve-se explorar
o cérebro do adolescente e entender como ele se
desenvolve. Existe uma desconexão básica entre o
senso comum e o que realmente está acontecendo
no cérebro desses jovens. Esse cérebro, ainda em
desenvolvimento, tem uma grande plasticidade.
É nesse período que o cérebro de uma pessoa será
drasticamente reformulado pela última vez.
Os adolescentes são sensíveis a experiências e
aprendizagem, já que existe um alto nível de interconexão
entre estímulos e processamento cognitivo.
É significativo quando observamos que os seres
humanos se lembram com muita facilidade de sua
adolescência. Esse é o momento em que se abre
uma janela para fixar aprendizagens e metas.
Nessa fase da vida, o cérebro tem zonas mais
plásticas que outras, criando certo desequilíbrio. O
córtex pré-frontal controla planejamento e pensamento
sobre o futuro, equilíbrio entre riscos, recompensas
e raciocínio lógico. Os hormônios sexuais liberados
por eles somados com fatores ambientais,
como contradições culturais, incertezas e dúvidas,
os tornam mais impulsivos, liberando mais dopamina
no cérebro, e, portanto, com menos participação
do controle Pré-frontal.
EM BUSCA DA IDENTIDADE DO ADOLESCENTE
Segundo Erickon, a principal tarefa da adolescência
é enfrentar a crise de identidade,
de forma a se tornar um adulto único, com
um senso de identidade coerente e um papel
valorizado na sociedade. Essa crise de identidade
pode não se resolver integralmente na
adolescência, estendendo-se, com isso, até a
fase adulta.
O que podemos entender em relação à crise
de identidade na adolescência? Podemos considerar
alguns componentes dessa complexa
fase do desenvolvimento humano como, por
exemplo, o papel do adolescente dentro da família,
independência de pensamento e ação,
inserção em grupos sociais (bairro, escola, clube
e interação online), influência da cultura
atual (religião, livros, filmes, teatro, músicas,
dança, pintura-desenho e esportes).
Esses componentes interagem de diversas
formas na cognição, na emoção e no
comportamento do adolescente, tendo como
resultado uma aproximação individual com a
sociedade, levando em conta os traços básicos
da personalidade e a formação desses indivíduos.
Essa interação se organiza no seu dia a
dia, aceitando ou rejeitando as experiências
vividas, formando com elas comportamentos
que podem ser de diferentes valores para sua
consciência em reformulação (passagem da
infância para adolescência).
Esse processo de identidade do adolescente
passa por diferentes estágios, que pode se
reproduzir de diferentes formas, dependendo
do seu grupo social (mais estruturado – menos
estruturado) no momento em que ele começa
a interagir fora de sua casa, passando a formar
parte da escola e dos grupos extraescolares.
É nesse período de sua vida, que ele sente a
necessidade de ser aceito por um grupo. E, dependendo
do grupo, que o aceitou ou com que
ele se identificou, que podem começar alguns
conflitos e os grandes desafios.
67
PRINCIPAIS CONFLITOS E DESAFIOS DESSA
FASE DO DESENVOLVIMENTO
Os conflitos que mais aparecem ultimamente
no consultório estão ligados ao Bullying, ao sexo
e às drogas.
O Bullying pode ser caracterizado por intimidação,
comportamento agressivo que se destina
a causar angústia ou dano, envolve um desequilíbrio
de poder ou força entre o agressor e a vítima, e
ocorre repetidamente ao longo do tempo. Ele pode
assumir muitas formas, incluído física, verbal, relacional
e cibernética.
Jovens que são vítimas dessas agressões têm
uma tendência a ficarem isolados, o seu desempenho
acadêmico cai, diminui a sua autoestima, são
mais propensos ao suicídio.
SUGESTÕES AOS PAIS E CUIDADORES DE
COMO ENFRENTAR ESSE PROBLEMA
A – Buscar ajuda especializada.
B – Conhecer o ambiente escolar e o grupo no qual
o adolescente está inserido.
C – Conhecer o tipo de bullying que está sendo
praticado.
D – Os pais e cuidadores devem entrar em contato
direto com o indivíduo que está sofrendo bullying
para dar apoio e estudar em conjunto a forma de se
resolver o problema.
E – Entrar em contato com a escola, no sentido de
cobrar da Instituição um programa contra a prática
deste comportamento.
O sexo é um fator importante no desenvolvimento
do adolescente, que se expressa em sua vida emocional,
social e comportamental, em que a atividade
hormonal tem uma participação importante por
estar ligada diretamente com a atividade cerebral.
Essas mudanças se expressam por meio de condutas
impulsivas, tímidas e pensamentos contraditórios.
Esse jovem, além de mudanças físicas e endócrinas,
deve também incorporar elementos culturais
do seu meio social de referência. É nesse momento
que ele passa por um período de adaptação, como
mudanças anatômicas, valores culturais, preconceitos,
ideias fabricadas pelo meio cultural, etc.
PROPOSTAS PARA OS PAIS E CUIDADORES
A – Observar a precocidade ou retardo nos interesses
sexuais do adolescente.
B – Procurar conhecer o perfil de preferência de atração
sexual para poder ajudar a esclarecer as dúvidas.
C – Incluir dentro da família, o sexo como um
tema comum a ser tratado por meio de diálogos
espontâneos.
D – Não considerar o sexo como um tabu.
Em relação ao uso de substâncias psicoativas,
podemos identificá-lo como um problema extremamente
complexo que pode ter um forte impacto
em muitas dimensões da vida do adolescente,
como obtenção do prazer, alívio das angústias e
suposta abertura para novas realidades.
O adolescente encontra-se em um momento de
conflitos entre a realização instantânea do prazer e
o tempo que demanda a difícil formação profissional.
A partir desses conflitos, é que o jovem busca
caminhos curtos. Em outros retratos sociais, falta
acesso aos bens culturais e educacionais e poucas
perspectivas, dando espaço para a fantasia da droga.
Esse processo de mudanças acontece, também,
no Sistema Nervoso central, com amplas modificações
de neurônios e conexões nervosas para dar
passo a uma nova etapa do crescimento. Por meio
dessas mudanças externas (sociedade) e internas
(cérebro), o jovem passa a enfrentar o contato
com as drogas.
Essas modificações predispõem os jovens a reações
imaturas, como impulsividade, irritabilidade e
insegurança, além do desejo de aceitação dentro dos
novos grupos, sendo a substância psicoativa atrativa
nesta época. O jovem não conhece bem que o uso
dessas substâncias pode causar danos irreversíveis
à estrutura do cérebro e aumentar o risco de desenvolvimento
de uma dependência química.
SUGESTÕES PARA OS FAMILIARES
A – Ficarem próximos do desenvolvimento do adolescente,
enquanto indivíduo inserido em grupos.
B – A família precisa estabelecer um vínculo afetivo
estreito com o jovem.
C – Desenvolver junto com o adolescente uma cultura
ampla e objetiva sobre as drogas, dentro da
sociedade e dos indivíduos; por meio de informações
recomendadas.
D – Buscar conhecimentos e tratamentos com especialistas
no tema, já que esse assunto tem dimensões
universais.
Como proposta final, devemos lembrar que o cérebro
do adolescente está nesse momento em uma
fase de reformulação, tanto na estrutura quanto
no funcionamento, o que favorece o processo de
aprendizagem, a mudança de comportamento e as
modificações de pensamento para um melhor enfrentamento
com as novas expectativas de vida.
CICLO VITAL:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
O PAPEL DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NA
ESCOLHA PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE
adolescência é um
período muito valorizado
em nossa sociedade
e está relacionada
à juventude,
ao conflito, ao descompromisso,
à vivacidade e à contestação. É
tido como um momento de grandes
incertezas, pois os jovens
transitam entre dois mundos,
o infantil e o adulto, e não se
sentem pertencentes a nenhum
deles. Erickson (1972) define
essa fase como uma moratória
psicossocial, que são os lugares
que este “ser”, que não é criança
e nem adulto, pode ocupar na
Sueli da Rocha
Gonçalves
Psicóloga
sociedade, e que também ainda
não estão definidos, o que pode
causar grandes sofrimentos.
Esse período, portanto, não
deveria ser visto como uma crise
pré-programada biopsicologicamente,
pois assim seriam deixados
de lado alguns fatores cruciais
para o desenvolvimento dos
jovens, como as condições sociais
e culturais de cada indivíduo. Por
outro lado, soma-se aos desafios
do adolescente a árdua tarefa de
se adaptarem às grandes transformações
hormonais que ocorrem
em seu organismo. Para
Jeammet (2005), essa é uma função
do organismo, é inerente à
condição humana e se traduz, necessariamente,
numa patologia.
Entre os estudiosos da adolescência,
há certa divergência
sobre esse período. Uns afirmam
que é um período composto por
crises, outros dizem que é uma
construção social, porém ambos
são importantes para o estudo e
a compreensão dessa fase de desenvolvimento
do ser humano.
A psicanálise, através das etapas
do desenvolvimento da personalidade,
fornece subsídios à
compreensão da adolescência
como sendo um ajuste psicológico
em função das mudanças
ocorridas no sujeito. Segundo
Bloss (1985), a adolescência é uma
etapa final da fase genital de desenvolvimento
psicossexual em
que ocorre a reedição do édipo e
sua possível elaboração, e esta
seria a soma de vários ajustes às
novas condições interiores e exteriores
enfrentadas pelo indivíduo,
e que vão sendo construídas
desde a primeira infância.
69
Aberastury (1981) concebe essa
etapa como sendo um “período
de contradições, confuso, ambivalente,
doloroso e caracterizado
por fricções no meio familiar”
(p.13), portanto, é um processo
normal e esperado que cada indivíduo
deve experienciar. Para
esta autora, o adolescente enfrenta
três lutos fundamentais
nessa fase:
1
O LUTO PELO CORPO INFANTIL
PERDIDO, base biológica da adolescência,
imposta ao indivíduo
que tem que sentir e viver suas
mudanças como algo externo, e
se encontra como um espectador
impotente em relação ao que
ocorre no seu próprio organismo.
2
O LUTO DO PAPEL E DA IDEN-
TIDADE INFANTIS que o obrigam
a uma renúncia da dependência
e entrada em uma nova fase
desconhecida.
3
PRIMEIRO LUTO
SEGUNDO LUTO
TERCEIRO LUTO
O LUTO PELOS PAIS DA INFÂN-
CIA, os quais persistem em retê-
-lo na sua personalidade, procurando
o refúgio e a proteção que
eles significam.
Bohoslavsky (1998) define a
crise da adolescência como algo
que morre e algo que nasce, portanto,
se relaciona com a noção
de desestruturação e reestruturação
da personalidade, em que o
adolescente está em crise, pois se
encontra neste processo.
Outeiral (2003) afirma que o
final da adolescência poderia
ser caracterizado pelo estabelecimento
de uma identidade
estável, por uma aceitação da
sexualidade, com a consolidação
do papel sexual adulto, pela independência
dos pais e pela escolha
profissional.
A entrada no mundo profissional
é exigência do fim da adolescência,
o que obriga os jovens estarem
em permanente formação,
pois as mudanças rápidas que
acontecem no mundo capitalista
levam a uma acirrada competição,
tanto na entrada como na
permanência, pois o mercado de
trabalho é altamente competitivo
e exigente.
Segundo Lehman (2005) o
mercado de trabalho, que está
em constante mudança, incentiva
o indivíduo a investir cada
vez mais na educação como forma
de ascender e se sobressair
na carreira e, com isso, faz com
que o indivíduo adquira a responsabilidade
pelo seu êxito, ou pelo
fracasso no mundo empresarial;
e assim, nesse momento, o adolescente-adulto,
repleto de incertezas
sobre qual mundo transitar,
precisa criar sua identidade
ocupacional.
Segundo Sparta (2003), para
que as novas funções exigidas
pelo mercado fossem desempenhadas,
cursos de especialização
e formação surgiram, tendo
como objetivo o aumento da produtividade
e possibilitar o acesso
das pessoas ao mercado de
trabalho. Nesse contexto surgiu
a Orientação Profissional para
auxiliar os indivíduos nas suas
escolhas.
Levenfus (1997) considera
a Orientação Vocacional
Ocupacional um processo mais
abrangente, que diz respeito não
somente à informação das profissões,
mas a toda uma busca
de conhecimento a respeito de
si mesmo, das características
pessoais, familiares e sociais do
orientando, promovendo o encontro
das afinidades do mesmo
com aquilo que ele pode vir
a realizar em forma de trabalho.
Classifica, portanto, como uma
abordagem psicológica, ou psicopedagógica,
que visa a buscar
uma identidade profissional.
A Orientação Profissional consiste
em possibilitar ao adolescente
o seu autoconhecimento, e
a identificação de seus interesses,
a influência familiar e a definição
de seu projeto de vida. É papel do
Orientador Profissional também
esclarecer situações, conscientizar
e vincular a problemática do
adolescente, frente à escolha de
seu futuro, com o contexto histórico
e as situações locais onde
essa escolha se dá. Para tanto, o
Orientador Profissional deve levar
em consideração a etapa de
vida em que o adolescente se encontra,
as influências dos amigos
e familiares, além das vivências
que cada jovem traz de todo o seu
desenvolvimento.
A finalidade da Orientação
Vocacional é avaliar, analisar,
esclarecer e informar o examinando
suas áreas de interesses,
aptidões específicas e gerais, que
se apresentam inseridas em suas
possibilidades. Revela, também,
tendências e habilidades em área
ou campos de trabalho. O objetivo
da Orientação Vocacional é associar
esses campos e sugerir caminhos
ou tendências profissionais,
que possam estar mais próximas
das possibilidades, capacidades
e dos interesses do examinando,
é poder proporcionar ao examinando
uma forma de resolver o
“dilema” diante desse momento
de decisão.
Referências Bibliográficas
ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. ; Adolescência
normal: Um enfoque psicanalítico; Porto Alegre;
Artes Médicas; 1981.
Blos, P. (1985). Adolescência: uma interpretação
psicanalítica. São Paulo: Martins Fontes.
BOHOSLAVSKY, R. Orientação vocacional: a
estratégia clinica. 2.Edição.São Paulo : Martins
Fontes, 1988.
Erikson, E. H. (1972). Identidade, juventude e
crise. Rio de Janeiro: Zahar
Jeammet, P., & Corcos, M. (2005). Novas problemáticas
da adolescência: Evolução e manejo da
dependência. São Paulo: Casa do Psicólogo.
LEHMAN, Y. P. Estudo sobre evasão universitária:
as mudanças de paradigmas na educação e
suas conseqüências. 2005. Tese (Livre docência)
- Instituto de Psicologia, Universidade de São
Paulo: São Paulo, 2005.
OUTEIRAL, J.. Adolescer: estudos revisados sobre
adolescência. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:
REVINTER, 2003.
TABUS E
INFORMATIVOS
Entendendo as
principais
abordagens
psicológicas
Vitor Santiago
Borges
Psicólogo
ciência psicológica é essencialmente
introspectiva. Diferentemente
dos demais campos da Ciência, a
Psicologia não possui um objeto de
estudo externo a ela. Trata-se da
própria mente utilizando-se dela mesma para
entender a si própria. Diante de tal desafio e originalidade,
a Psicologia tornou-se uma ciência
ou campo de estudo com diferentes compreensões
do mesmo fenômeno, dada a sua complexidade:
a personalidade, o comportamento e a
mente do homem. Por isso, disponibilizo para o
leitor leigo em Psicologia um quadro sumarizado
das principais escolas psicológicas ao longo
de sua história e as abordagens que se destacam
em nossos dias.
71
ESTRUTURALISMO
Em 1879, o médico e fisiologista Wilhelm Wundt fundou
o primeiro laboratório de psicologia experimental do mundo,
na Universidade de Leipzig, na Alemanha, conferindo
à Psicologia o estatuto de ciência plena. Sua convicção
era de que a Psicologia deveria investigar os processos
elementares da consciência (experiência imediata), com
suas combinações e relações, da mesma forma que os
químicos estudavam os elementos fundamentais da matéria.
Segundo Wundt, a correta compreensão dos estados
mentais como atenção, intenção e metas, é o que definiria
o campo de estudo da Psicologia. Para tal, utilizou como
método a introspecção analítica, ou seja, a auto-observação
cuidadosa e acurada dos processos mentais. Líder
do movimento conhecido como Estruturalismo, Wundt
postulou os seguintes princípios: 1. Os psicólogos devem
estudar e entender a consciência humana, especialmente
as experiências sensoriais; 2. Devem servir-se de trabalhosos
estudos introspectivos e analíticos de laboratório;
3. A análise dos processos mentais, em seus elementos,
deve descobrir suas combinações e conexões, buscando
localizar, no sistema nervoso, as estruturas a eles relacionadas.
Wundt descreveu esse novo campo de pesquisa
da seguinte forma:
O mundo da psicologia contém olhares, tons e sentidos;
é o mundo do escuro e do claro, do barulho e do
silêncio, do áspero e do liso; seu espaço é às vezes grande
e às vezes pequeno, sabem-no todos os que voltaram
à casa de sua infância; seu tempo é às vezes curto, às
vezes longo... Contém também pensamentos, emoções,
lembranças, imaginações, volições (escolhas) que naturalmente
se atribuem à mente...
Apesar de iniciar formalmente a pesquisa e o objeto
de estudo da Psicologia, o movimento psicológico
de Wundt não contribuiu no desenvolvimento do tratamento
e da clinica psicológica, que só ganhou expressão
através de Sigmund Freud e sua construção teórica: a
Psicanálise.
PSICANÁLISE
Freud (1856-1939) se contrapôs à Psicologia tradicional
da consciência ao descobrir que subjacente a esta, existe
um substrato inconsciente muito mais amplo. No seu ponto
de vista, a psicologia que se limita à análise da consciência
se torna totalmente inadequada para a compreensão
das motivações mais profundas e fundamentais do
comportamento humano. Por meio de observações, ao longo
de anos de trabalho clínico e analítico, concebeu a personalidade
humana composta de três grandes sistemas
psíquicos: o id, o ego e o superego. Embora cada um desses
sistemas tenha sua característica –, suas propriedades,
seu dinamismo e suas funções, eles atuam uns sobre os
outros com tal interpenetração, que é difícil discriminar separadamente
a contribuição de cada um no comportamento
humano. O id seria o sistema original da personalidade,
isto é, a matriz pela qual o ego e o superego se diferenciam
ganhando sua autonomia. Formado pelos instintos
e impulsos inatos voltados para o desejo e em obediência
ao princípio do prazer, o id é amoral, sendo mais o reservatório
de energia psicofísica que outorga movimento
aos demais sistemas. Freud chamou o id de a verdadeira
realidade psíquica que não tolera aumentos de energia
experimentados como estados de tensão. Seu movimento
fundamental é em direção ao prazer. O ego nasce de
uma necessidade executiva em decorrência da colisão do
id (princípio do prazer) e as pressões ambientais (princípio
da realidade). Enquanto que o id apenas reconhece as
pressões instintivas da mente, o ego faz distinção entre
as coisas da mente e o mundo externo, sendo, portanto,
o “executivo” da personalidade, sede do livre-arbítrio.
O superego, por sua vez, representa internamente os
valores da sociedade transmitidos pelos pais, e reforçados
pelo sistema de recompensa e castigo da criança.
É a polícia interna. Sendo o componente moral da personalidade,
é nele que se formam os sentimentos de
culpa e vergonha. Sua função é julgar e moralizar as
escolhas. Como mediador, o ego administra as pressões
contrárias do id e do superego.
Freud concebeu a personalidade humana dividida
entre o instinto amoral e a moral coletiva. Um indivíduo
saudável é aquele que consegue integrar relativamente
bem esses sistemas opostos em sua vida mental. E a
prática clínica psicanalítica procura integrar os elementos
inconscientes do indivíduo, que são reprimidos em
sua educação, com tudo o que o indivíduo aceitou em
sua consciência. Para a Psicanálise, a personalidade é
um ente dividido, tendo por isso, tendência ao adoecimento
emocional psicológico. A teoria psicanalítica se
voltou particularmente para os aspectos sintomáticos e
patológicos da experiência humana. Da escola de Freud,
surgiram outros modelos psicanalíticos que revisitaram
o modelo freudiano, ampliando suas perspectivas e seu
escopo, como as teorias das relações objetais, voltadas
para o desenvolvimento infantil. Entre elas, as que mais
se destacaram foram as abordagens de Melanie Klein
(1882-1960) e Heinz Kohut (1913-1981). Porém, o discípulo
mais influente de Freud e que depois se tornou seu principal
dissidente foi Carl Gustav Jung (1875-1961), reconhecido
como um dos maiores pensadores do século XX.
PSICOLOGIA ANALÍTICA
Para Jung, os fundamentos da personalidade são arcaicos,
primitivos, inatos, inconscientes e universais. A personalidade
total ou psique, segundo Jung, é formada por vários sistemas
isolados que atuam uns sobre os outros, e são os seguintes:
1. Ego ou mente consciente: formado por percepções, memórias,
pensamentos e sentimentos conscientes. É responsável por
nossos sentimentos de identidade e continuidade, encarado como
o centro da personalidade.
2. Inconsciente individual: composto pelas experiências reprimidas,
esquecidas e ignoradas (inicialmente muito fracas e subliminares
para marcar sua fixação na consciência). Marcado por complexos
(grupo organizado de sentimentos, pensamentos, percepções
e memórias), o inconsciente individual age como um magneto,
atraindo o sujeito para temas emocionais que se repetem sem
que tenha consciência, ao longo de suas escolhas através da
experiência. Seu núcleo procede, em parte, das experiências da
criança com sua mãe e pai, e quanto mais poderosa a força que
emana desse núcleo, maior será o número de experiência que
atrairá para si, através de repetições ou fixações emocionais. É o
exemplo de um indivíduo que busca relacionamento com pessoas
críticas por ter sido criado em um ambiente emocionalmente
crítico.
3. Inconsciente coletivo: o mais poderoso e influente sistema da
psique. Nele se encontram depositados, de modo latente, a memória
coletiva e ancestral de todos nós. É o reino dos mitos e arquétipos
que influenciam nossas escolhas e experiências mais profundas.
Sobre ele estão erigidos o ego, o inconsciente individual e todas
as outras aquisições individuais. Seus componentes estruturais
são os arquétipos, motivos e imagens primordiais, míticas, que
influenciam a vida psíquica de cada indivíduo. A natureza dos
arquétipos é universal e procede do inconsciente coletivo. Aqui
seguem os principais: persona (máscara ou representação social,
usada pela pessoa, em resposta às convenções sociais e tradicionais
da cultura). Anima (o lado feminino da personalidade masculina,
pois vivendo com mulheres através do tempo – principalmente
a mãe –, o homem internalizou formas e princípios emocionais
tipicamente femininos, acarretando ou não uma identificação
homossexual). Animus (o que ocorre com os homens, também
ocorre com as mulheres, nelas desenvolvendo aspectos inerentes
à psique masculina). Sombra (representa o aspecto animal da
natureza humana, sendo responsável pelo aparecimento, na
consciência e no comportamento, de pensamentos, sentimentos
e ações desagradáveis e socialmente reprováveis). Self – princípio
de unidade e integração psicológica no homem. Sua assimilação
conduz o indivíduo a uma evolução e ampliação da personalidade.
Coloca o indivíduo em contato com o Sagrado e lhe confere um valor
de realização psicológica vital. O Self é, por assim dizer, o patamar
evolutivo e ao mesmo tempo o princípio de conscientização e
espiritualização da personalidade humana. É o arquétipo da
iluminação. Diferentemente da Psicanálise, a Psicologia Analítica de
Jung, ocupa-se com a evolução e tem como alvo a ampliação da
personalidade por sua integração através do Self.
73
BEHAVIORISMO OU PSICOLOGIA
COMPORTAMENTAL
Iniciada pelo psicólogo da Universidade de Chicago John Watson (1878-1958),
a psicologia comportamental procurou se fixar na observação do comportamento
observável, buscando para isso métodos objetivos. Suas principais teses, em
oposição ao método introspectivo de Wundt, e a formulação de uma psicologia
do inconsciente em Freud e Jung, foram:
1. Os psicólogos deveriam estudar os eventos ambientais, os chamados estímulos,
e o comportamento observável em forma de respostas a esses estímulos.
2. A experiência é a influência principal no comportamento, nas aptidões e nos
traços, destacando-se acima da hereditariedade. Por essa razão, a aprendizagem
é um tópico de significado especial para a investigação.
3. A introspecção deve ser abandonada em benefício de métodos objetivos
(experimentação, observação e testes).
4. Os psicólogos devem buscar a descrição, explicação, predição e controle
do comportamento. Devem também priorizar tarefas práticas, tais como
aconselhamento de pais, legisladores, educadores e homens de negócios.
5. O comportamento de animais inferiores deve ser investigado juntamente
com o comportamento humano, pois os organismos simples são mais fáceis de
estudar e entender do que os complexos. A partir deles, deve-se desenvolver o
entendimento em direção aos comportamentos humanos mais complexos. Para
Watson, o comportamento pode ser modulado por estímulos específicos e, por
isso, controlado e moldado cientificamente. Em seu livro de 1930, Behaviorism,
sustenta essa visão:
Deixe sob a minha responsabilidade uns 10 bebês saudáveis e bem formados,
e um mundo especificado por mim para criá-los, e garanto escolher algum
aleatoriamente e treiná-lo para tornar-se especialista em qualquer área, seja um
médico, um advogado, um empresário e até mesmo um mendigo ou um bandido,
independentemente do talento, da tendência, da habilidade, da vocação e da
raça dos seus ancestrais.
À medida que o behaviorismo evoluiu através de novos autores dessa escola,
sua filosofia ampliou-se, como foi o caso do behaviorismo radical de Frederic
Skinner (1904-1990), com o conceito de “condicionamento operante”, mecanismo
que seleciona a resposta de um indivíduo em razão de sua premiação, pelo fato
de ser bem-sucedida. O comportamento operante ocorre sem qualquer estímulo
antecedente externo observável. A resposta do organismo é espontânea, o que
não significa que não haja um estímulo que a elicie, mas que somente não é
detectável quando ocorre, conforme Watson supunha. Mais ocupado com o
fenômeno da aprendizagem do que com o do estímulo e das respostas na fórmula
ambiente/comportamento, Skinner destacou a lei de aquisição que resulta da
força de um comportamento operante aumentado por um estímulo reforçador.
Assim, a personalidade não é somente passiva a estímulos ambientais, mas é
capaz de modificar o próprio ambiente diante de reforços emocionais positivos.
O homem não é só produto do meio em que vive, mas é também o seu agente.
Psicólogo de grande popularidade, Skinner recebeu destaque num editorial de
1972 da revista Psychology Today: “Pela primeira vez na história dos Estados
Unidos, um professor de psicologia alcançou a celebridade comparável à dos
astros de cinema e televisão”.
1
2
3
PSICOLOGIA HUMANISTA
Para a psicologia humanista, a psicologia comportamental
(behaviorismo) era definida como uma abordagem limitada,
artificial e improdutiva da natureza humana. Para os
psicólogos humanistas, o foco no comportamento manifesto
era desumanizador, reduzindo o ser humano ao status de
simples animal ou máquina. Também se opuseram às tendências
deterministas e psicopatológicas da Psicanálise, que
minimizava o papel da consciência enquanto potencial de
crescimento e bem-estar. Se os psicólogos, como é o caso
dos psicanalistas, se concentrassem apenas em estudar a
disfunção mental, como poderiam compreender a natureza
da saúde emocional, da alegria, do êxtase, da bondade, da
generosidade? Fundada nos trabalhos de Abraham Maslow
(1908-1970) e Carl Rogers (1902-1987), a Psicologia Humanista
foi considerada a terceira força na Psicologia, lançando as
bases da Psicologia Positiva.
Na visão de Maslow, cada indivíduo é dotado de um potencial
inato para a autorrealização – o pleno desenvolvimento
das habilidades e a realização de todo o seu potencial
humano. Por isso, sua pesquisa buscou identificar as características
das pessoas autorrealizadas e, portanto, psicologicamente
saudáveis. Foi em razão desse perfil, que Maslow
desenvolveu sua abordagem psicológica, caracterizando o
indivíduo autorrealizado com as seguintes características:
Percepção objetiva da realidade;
Plena aceitação da própria natureza;
Compromisso e dedicação a algum tipo de
trabalho;
1
2
3
4
5
descobrir-se cada vez mais em contato com os Valores B
ou metavalores, valores vitais e transcendentes que acarretam
o crescimento espiritual e consciente do ser humano
em seu processo de evolução individual. Maslow acreditava
que os pré-requisitos para a autorrealização eram o amor
suficiente na infância, a satisfação das necessidades fisiológicas
e de segurança nos primeiros dois anos de vida. Se
a criança for segura e confiante nesse período, seu caminho
em direção à autorrealização na fase adulta não apresentará
obstáculos. Todo o espectro do bom desenvolvimento
humano foi exposto por Maslow no que chamou de satisfação
na hierarquia das necessidades:
Necessidades fisiológicas;
Necessidade de segurança, ordem e estabilidade;
Necessidade de pertinência e amor;
Necessidade de estima (de si e dos outros);
Necessidade de autorrealização (vinculação e
conexão com os Valores B, valores transcendentes
e de conexão com o Sagrado).
Carl Rogers convergiu com Maslow ao afirmar que a força
motriz da personalidade é o impulso para a realização
do self. Entretanto, embora o anseio por autorrealização
seja inato, ele pode ser incentivado ou reprimido pelas experiências
da infância. Por esse motivo, Rogers enfatizou a
relação entre mãe e filho por ela afetar diretamente o self
em evolução na criança. Se a mãe satisfaz a necessidade
de amor do bebê, que Rogers chamou de atenção positiva,
ele provavelmente terá uma personalidade saudável com
potencial para autorrealização. As pessoas plenamente
funcionais ou psicologicamente saudáveis para Rogers
apresentariam as seguintes características:
4
5
Simplicidade e naturalidade do comportamento;
Necessidade de autonomia, privacidade e
independência;
1
2
Mente aberta para aceitar qualquer tipo de
experiência e novidades;
Tendência a viver plenamente cada momento;
6
7
Experiências culminantes ou místicas;
Empatia e afeição pela humanidade;
3
Capacidade para se orientar pelos próprios
instintos e não pelas opiniões ou razões de
outras pessoas;
8
Resistência ao conformismo;
4
Senso de liberdade em pensamento e ação;
9
Estrutura de caráter democrático;
5
Alto grau de criatividade;
10
11
Atitude criativa;
Alto grau de interesse social.
Portanto, o trabalho clínico de Maslow teve como alvo
o desenvolvimento da personalidade em direção prospectiva
à autorrealização. Para isso, o indivíduo precisaria
6
Necessidade contínua de maximizar o seu
potencial humano.
A terapia de Rogers concentrou-se na pessoa, e constituiu
uma perspectiva mais ampla, que foi além do tratamento
dos distúrbios emocionais, visando o potencial de
crescimento e humanização de cada indivíduo, tendo em
vista sua autorrealização.
75
PSICOLOGIA POSITIVA
O pressuposto da Psicologia Humanista, de que os
psicólogos deveriam estudar não somente os aspectos
psicopatológicos do homem, mas também seu potencial
para a virtude e crescimento, foi reprisado pelo presidente
da APA (American Psychological Association), Martin
Seligman, em 1998.
Em um simpósio (1998) sobre a ciência do otimismo e
da esperança, Seligman observou que o “incansável enfoque
nos aspectos negativos cegou a Psicologia para
muitos exemplos de crescimento, perícia, esforço e insight
resultantes até mesmo de acontecimentos dolorosos e indesejáveis
da vida”. Com opinião semelhante à de Maslow,
Seligman salientou:
Por que as ciências sociais enxergam o potencial e as
virtudes humanas – como o altruísmo, a coragem, a
honestidade, a obediência, a alegria, a saúde, a responsabilidade
e o bom estado de espírito – como ilusões
absolutas, defensivas ou secundárias, enquanto a fraqueza
e as motivações negativas – como a ansiedade, a
luxúria, o egoísmo, a paranoia, a raiva, a desordem e a
tristeza – são consideradas autênticas?
A Psicologia Positiva, enquanto movimento psicológico
contemporâneo visando o crescimento e a autorrealização
do indivíduo, nasceu desse e de outros apelos
de Seligman. Seu postulado teórico e prático ocupa-se,
atualmente, com a questão da felicidade e do crescimento
psicológico do ser humano, através de pesquisas
sobre as virtudes e potencialidades de crescimento, do
bem-estar, da resiliência, da coragem e do enfrentamento
emocional dos problemas, formalizando uma ciência
psicológica em torno da felicidade. Diferentemente do
prazer que não produz crescimento, os cientistas da
Psicologia Positiva concordam que a “felicidade autêntica”
só pode resultar do crescimento e amadurecimento
virtuoso da personalidade, e seu trabalho clínico atual
tem como alvo exatamente isso.
TERAPIA COGNITIVA
Desenvolvida por Aaron T. Beck, na Universidade da
Pensilvânia no início da década de 60, sob a forma de uma
psicoterapia breve, altamente estruturada e orientada
para o momento presente do paciente, a Terapia Cognitiva
foca a resolução de problemas atuais, a modificação de
pensamentos negativos e comportamentos disfuncionais.
Seu pressuposto fundamental é de que o pensamento
distorcido ou disfuncional (que influencia o humor e o
comportamento do paciente) está relacionado a todos os
distúrbios psicológicos. Seu modelo é fundado, por conseguinte,
no seguinte axioma: penso, logo sinto; sinto, logo
reajo. Portanto, o desenvolvimento de uma avaliação realista,
livre das distorções do pensamento negativo habitual
e viciado, promove uma melhora duradoura no quadro
emocional, resultando na modificação de crenças disfuncionais
recorrentes do paciente.
Por apresentar resultados altamente promissores na
clínica psicológica, a Terapia Cognitiva vem sendo considerada
no meio médico um modelo de tratamento padrão
que está baseado em 9 princípios norteadores:
1- A Terapia Cognitiva se baseia em uma formulação em
contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas
em termos cognitivos-emocionais (como interpreta e
sente suas experiências). Procura identificar o pensamento
disfuncional do paciente, que ajuda a manter seus sentimentos
de tristeza ou ansiedade (“Eu sou um fracasso,
eu não consigo fazer nada certo, eu jamais serei feliz”).
Tal crença ou distorção (vício cognitivo) leva o paciente
a repetir os mesmos comportamentos problemáticos
que reforçam suas crenças, mantendo-o fechado em
circuito emocional viciado pelo sofrimento (isolamento,
evitação, esquiva, etc...). 2- A Terapia Cognitiva requer
uma aliança terapêutica segura, para junto ao paciente,
superar seus problemas cognitivos que estão na base
de seu sofrimento emocional. 3- A Terapia Cognitiva
enfatiza a colaboração e a participação ativa entre
terapeuta e paciente, tendo em vista a superação e o
crescimento interior do paciente, seu ajustamento cognitivo.
4- A Terapia Cognitiva é orientada em metas e
focalizada nos problemas centrais do paciente, e que
são constantemente reavaliados entre terapeuta e
paciente que, alinhados, tomam decisões conjuntas
no processo terapêutico. 5- A Terapia Cognitiva inicialmente
enfatiza o presente, os problemas atuais e as
situações aflitivas para o paciente. Em geral, o terapeuta
cognitivo inicia a terapia com o exame cuidadoso
de problemas no aqui-e-agora, independentemente do
diagnóstico. A atenção volta-se para o passado em três
circunstâncias: quando o paciente expressa predileção
por isso, quando o terapeuta julga que é importante
entender como e quando pensamentos disfuncionais
se originaram afetando a vida do paciente atualmente
e, quando o trabalho voltado em direção a problemas
atuais produz pouca ou nenhuma mudança cognitiva.
6- A Terapia Cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente
a desenvolver habilidades emocionais e sociais e
enfatiza a prevenção de recaída. 7- A Terapia Cognitiva
objetiva um tempo limitado. 8- A Terapia Cognitiva ensina
os pacientes a identificar, avaliar e responder a
seus pensamentos e crenças disfuncionais. 9- A Terapia
Cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar
pensamento, humor e comportamento.
LOGOTERAPIA
Desenvolvida pelo psiquiatra vienense Viktor Frankl
(1905-1997), a logoterapia pode ser considerada uma
importante contribuição para a abordagem Humanista
de Maslow. Também conhecida como a “Psicoterapia
do Sentido da Vida”, caracteriza-se pela exploração da
experiência imediata com base na motivação humana
mais fundamental, que é o encontro com o sentido da vida.
Para além do prazer, o homem anseia pelo sentido, pois
somente uma vida de sentido é uma vida realizada. Tratase
de uma psicoterapia essencialmente positiva, orientada
para o espírito em suas necessidades mais profundas de
realização. De acordo com Frankl, a logoterapia originase
“do espiritual”, concebido como o princípio que associa
o ser humano à realidade e, portanto, purgado de suas
fixações imaginárias que o envolvem no sofrimento. Para
Frankl, o fato fundamental que impulsiona o homem a
partir de suas camadas psíquicas mais profundas, não é a
vontade de poder ou a vontade de prazer, mas a vontade
de sentido. Assim, uma vida dedicada ao poder e ao prazer
é uma vida humanamente superficial, irrealizada, pois o
homem só se torna plenamente humano quando se sente
ou percebe-se vinculado a um Sentido que o transcende, a
uma Causa a partir da qual retira todos os seus potenciais
de crescimento interior. Ao falar de sentido, Frankl se
refere à coerência, à busca de propósito e finalidade.
Quando perde seu sentido religioso ou existencial, o
homem se desconecta tornando-se ansioso, inseguro e
apegado, prisioneiro de suas fantasias. Cai, por assim
dizer, num vazio existencial e sofre. Portanto, a logoterapia
objetiva a conscientização do espiritual, concebendo o
espiritual como a correta compreensão da realidade e
seu lugar no mundo. É uma psicoterapia voltada para o
desenvolvimento da consciência e sua emancipação dos
pensamentos obsessivos, base das emoções de angústia
e sofrimento. Os principais livros de Frankl traduzidos
para 32 idiomas foram: “Em Busca do Sentido (1946)”, “A
Vontade de Sentido (1969)”, e “A presença ignorada de
Deus (1943)”.
Estas são as principais abordagens da ciência e
da clínica psicológica. Há ainda outras que se desenvolveram
de modo a complementar e a justapor
as principais abordagens aqui elencadas.
Mas desenvolvê-las ultrapassaria os limites desse
artigo.
77
TABUS E
INFORMATIVOS
QUANDO DEVO ME
CONSULTAR COM UM PSIQUIATRA?
inda se acredita, em
pleno século XXI,
que o psiquiatra é só
“médico de loucos”.
Muitas pessoas consideram
uma ofensa pessoal ser
encaminhadas por familiares,
professores, médicos e psicólogos
a consultar um psiquiatra. “Mas
eu não sou maluco, não sou louco”
é o primeiro protesto.
Hoje em dia as pessoas levam
um ritmo de vida muito acelerado;
sintomas como ansiedade e
estresse, por exemplo, estão presentes
todo o tempo, associados
a problemas familiares, pressões
no trabalho, dificuldades financeiras,
à violência que tendem a
causar nas pessoas insegurança e
medo. Todos esses fatos causam
Alfonso
Alfonso Paz
Médico
um desequilíbrio e podem ser
muitas as formas de apresentação
dos sentimentos que as
pessoas passam a experimentar
como, por exemplo, fadiga, cansaço,
distúrbio do sono, dores
musculares, dores de cabeça, irritabilidade,
alterações de humor,
alterações da memória, dificuldade
de concentração, falta de
apetite, depressão, esgotamento
profissional, perda de libido, crises
de choro, visão turva, ouvir
vozes; sensação de a pessoa estar
sendo vigiada, seguida; mania
de arrancar os cabelos, comer
compulsivamente, comprar compulsivamente,
medo de estar em
lugares públicos, uso abusivo de
álcool, uso de drogas, pensamentos
suicidas, pensamentos homicidas,
uso nocivo e abusivo de
internet, jogos patológicos, compulsão
sexual e ciúme patológico.
Todos os transtornos neurais
têm uma característica em
comum: fazer sofrer. Tanto o paciente
quanto quem está a sua
volta sofrem com a doença.
Só se percebe a doença através
dos prejuízos que ela provoca
e quando impede a pessoa de ter
uma vida com qualidade. Mas é
possível viver melhor com a ajuda
profissional especializada.
A psiquiatria (do grego psyché
= alma + iatria = Tratamento
Médico) é uma especialidade da
medicina que lida com a prevenção,
a atendimento, o diagnóstico
e a reabilitação das diferentes
formas de sofrimentos mentais,
sejam eles de forma orgânica ou
funcional e em manifestações
psicológicas severas.
Nossa função profissional
como Psiquiatras é promover
saúde mental e física, cujo resultado
pode ser visto no sorriso
das pessoas que ganharam uma
nova oportunidade para escreverem
a história de suas vidas.
TABUS E
INFORMATIVOS
O CÉREBRO
cérebro humano é realmente
incrível. Se você ganhasse
um real para cada neurônio
em seu encéfalo você seria
bilionário. Dentro de nossos
crânios, habitam cerca de cem bilhões de
neurônios vivos, ativos e que se comunicam.
Todas essas células foram organizadas
e conectadas com uma complexidade
nunca antes testemunhada no Universo,
resultando em seres igualmente inéditos.
É certo que nós, seres humanos, somos
mais uma espécie de animais em meio a
muitas outras. Somos vertebrados como
os calangos, mamíferos como as onças-
-pintadas e primatas assim como os saguis
ou os macacos-pregos. No entanto,
certamente não somos apenas isso. Afinal
de contas, onde já se viu macacos construindo
arranha-céus, ou onças pintadas
recitando poemas ou até mesmo calangos
indagando “Ser ou não ser? Eis a questão”?
Tais feitos, e muito outros, são únicos
à espécie humana.
Francisca
Sampaio Leão
Neuropsicóloga
com colaboração de
Matheus Teles Gomes de Araújo
79
Algumas funções do cérebro humano -
a linguagem me vem à mente - são tão
poderosas que eu chegaria ao ponto de
afirmar que elas produzem uma espécie
que transcende a condição simiesca no
mesmo grau em que a vida transcende a
química e a física triviais”
Dr. V. S. Ramachandran
ÚNICO E COMPLEXO, PORÉM FINITO E FRÁGIL
Nosso cérebro nos capacita para a realização de
obras espetaculares e isso faz dele um órgão singular
e sem precedentes. Porém, mesmo sendo único,
ele também é mais um órgão em meio a vários
outros, assim como nós somos mais uma espécie
entre várias outras, e como tal possui suas fragilidades,
seus limites e suas necessidades para se
manter saudável.
Componente principal de nosso sistema nervoso
central, nosso cérebro consome aproximadamente
20% de toda a energia produzida pelo organismo,
chegando a utilizar 25% do oxigênio inspirado.
Mesmo dispondo de tamanhas reservas energéticas,
o poderoso cérebro está sujeito a doenças,
transtornos, distúrbios e múltiplas disfunções. Não
é à toa que a doença denominada de “Mal do século
XXI” é um distúrbio mental, a depressão.
Impactos fortes na cabeça, altos níveis de estresse,
o abuso de álcool, uma dieta inadequada e vários
outros fatores podem prejudicar o cérebro, gerando
distúrbios mentais dos mais variados. Por exemplo,
você sabia que não é tão raro, nos consultórios
de psiquiatria do SUS, o aparecimento de pessoas
que sofreram um acidente de moto, bateram a cabeça,
e desenvolveram um transtorno psicológico
denominado de agnosia, em que elas perdem a
capacidade de reconhecer objetos de uso comum,
como um relógio. A pessoa até sabe a função e a
aparência, mas ao ser questionada quanto ao nome
do objeto ela se mostra incapaz de responder, mesmo
estando com sua fala intacta.
No entanto, os distúrbios que afligem, em massa
a população brasileira, e até mesmo a população
mundial, são os distúrbios de humor, como a ansiedade
e a depressão. Para tais doenças, não se faz
necessário um acidente de trânsito; elas não discriminam
por cor, credo, poder aquisitivo ou localidade.
Em todo o mundo, qualquer tipo de pessoa pode
ser acometida por esses transtornos em algum momento
de sua vida.
Essa fragilidade que nosso cérebro apresenta possui
um lado positivo. Diante de todas essas doenças,
a raça humana se encontra profundamente movida
a buscar maneiras de prevenir, tratar e curar esses
problemas. Há, atualmente, um empreendimento
em nível mundial para melhorarmos nossa saúde
cerebral e, assim, alcançarmos mentes saudáveis.
A consciência para o cuidado do cérebro aumenta
cada vez mais, nos dando boas expectativas para o
futuro de nosso bem-estar mental.
UM ÓRGÃO A SER CUIDADO
Por mais incrível e complexo que seja, o cérebro
também é finito e frágil. Também precisa de
oxigênio, água, sais minerais, açúcares, enfim as
necessidades comuns a qualquer órgão humano.
No entanto, a noção de que o cérebro é mais um
órgão e que precisa de cuidados, assim como o
coração, não é tão presente em nossa população.
Por exemplo, em 2015, o Brasil possuía cerca de 13
mil médicos especialistas em cardiologia, porém,
em neurologia, eram apenas 4 mil, quase dez mil
médicos a menos, conforme a demografia médica
no Brasil, realizada pela USP. Tal fator reflete uma
possível falta de consciência tanto populacional
quanto governamental sobre os cuidados que devemos
tomar com nossa saúde cerebral.
Somente em nível de exemplo, nos Estados
Unidos, onde existem fortes campanhas em
prol da consciência da saúde cerebral - as Brain
Awareness weeks, por exemplo - foram investidos
6 bilhões de dólares somente em pesquisas nas áreas
da neurociência, enquanto que o investimento
em pesquisas das doenças do coração foram de 1,3
bilhões, segundo dados do Instituto Nacional de
Saúde dos Estados Unidos (o NIH). Demonstrando
assim que a saúde cerebral é, sim, prioridade.
Entre as funções cerebrais mais afetadas em
todo o mundo estão as funções cognitivas, pois
elas estão entre os principais alvos de várias doenças
mentais e cerebrais mais comuns. Os distúrbios
de humor, como a depressão e ansiedade,
as demências, como a doença de Alzheimer e os
déficits de atenção, como o transtorno do déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH), já são problemas
bem conhecidos de toda população brasileira e todos
afetam a cognição.
A ansiedade e a depressão podem ser causadas
por fatores endógenos, como uma deficiência
nutricional, baixa de vitamina B12 ou ácido fólico,
por exemplo. Fatores exógenos também podem
acarretar esses distúrbios de humor, como situações
adversas constantes, que geram altos níveis
de estresse para o indivíduo. Tais distúrbios afetam
várias funções cerebrais, desde as emoções,
sensações e percepção até os níveis cognitivos
superiores como o raciocínio e a memória. Tudo
isso reduz a expectativa de vida saudável dos brasileiros
em quase dez anos, conforme um indicador
do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde
(IHME) da Universidade de Washington, EUA, realizado
em 2015.
Podemos e devemos cuidar da saúde de nosso
cérebro. Em sua carta para a comunidade da cidade
de Filipos, na Grécia, S. Paulo fez uma declaração
interessante. Ele demonstrou sua preocupação
pela saúde emocional e cognitiva - percepção e intelecto
- de seus amigos ao afirmar:
Esta é a minha oração:
que o amor de vocês
aumente cada vez
mais em conhecimento
e em toda a percepção,
para discernirem o
que é melhor, a fim
de serem puros e
irrepreensíveis até o
dia de Cristo.
Filipenses 1:9-10. NVI.
81
SEU CÉREBRO SAUDÁVEL
No documentário “O cérebro”, do canal History
Channel, a seguinte frase é citada “Aprendemos
mais sobre ele (o cérebro) nos últimos cinco anos
do que nos últimos cinco mil anos”. Uma frase um
tanto quanto forte, porém verdadeira. Estudar o
cérebro não é algo fácil, você consegue imaginar
como se pode acessar as características mais complexas
do cérebro humano? Como podemos quantificar
emoções? Localizar anatomicamente as memórias?
Ou entendermos as bases orgânicas do que
chamamos de consciência?
Se você pensou em tecnologias de ponta e equipamentos
de acesso neural que mais parecem ter
vindo de filmes de ficção científica, você acertou,
em parte pelo menos. Existem várias metodologias
psicológicas que conciliam a complexidade cerebral
com tratamentos surprendentemente simples e
que não necessitam de maquinários tecnológicos
avançados, permitindo assim um acesso indireto
às funções neurais. No entanto, atualmente, diferentemente
de outras épocas, nós temos em mãos
não somente os mais incríveis aparatos de acesso
neural, como temos também uma gama de profissionais
especializados no cérebro.
Hoje podemos estimular grupos específicos de
neurônios do córtex cerebral utilizando campos
magnéticos, com uma metodologia high-tech
chamada de estimulação magnética transcraniana
(cuja sigla vem do inglês, e é TMS). Podemos,
assim, potencializar a atenção sustentada, ou então
simplesmente estimular uma região do córtex
que irá ajudar a pessoa a relaxar e descansar.
Podemos também examinar níveis de ansiedade,
depressão ou propensões a disfunções mentais,
mensurando parâmetros biológicos como a frequência
cardíaca, a resposta fisiológica e até mesmo
a predominância das ondas cerebrais de cada
indivíduo, permitindo assim um tratamento altamente
personalizado e preciso.
No IMPI, nossa equipe tem em mãos, além de
outras metodologias, as tecnologias citadas acima.
Temos também um leque de profissionais especializados
no cérebro e na mente. Desde médicos,
psicólogos e psiquiatras até fonoaudiólogos, psicopedagogos,
nutricionistas, neuropsicólogos e fisioterapeutas,
todos capacitados para tratarem de forma
meticulosa nossa mente e cérebro, tendo resultados
que estendem-se também a todo o organismo.
Sabe quando você vai a um buffet que tem uma
variedade imensa de opções e você não sabe nem
por onde começar a degustar? Pois bem, perceba
que você já pode começar a sentir-se da mesma
forma quando se trata de manter seu cérebro com
saúde. Com os recursos disponíveis no IMPI, podemos
ajudá-lo a se concentrar mais em seus estudos
para concursos públicos ou a tratar de suas crises
de ansiedade (que provocam aquela gastrite nervosa).
Podemos auxiliar pessoas com transtornos de
atenção e hiperatividade a se concentrarem e serem
mais atenciosas, por exemplo. Tratamos também
muitos casos de depressão. Auxiliamos pessoas com
dependências químicas. Enfim, as possibilidades
são muitas, são reais e estão acessíveis.
Lembre-se que seu cérebro é mais um órgão. E
é, sim, incrível, complexo e poderoso em suas funcionalidades,
mas também possui necessidades e
uma saúde a ser cuidada. Mantenha-se saudável,
não somente em seu coração, seus pulmões ou
seus rins, mas também em sua mente, seu espírito
e em seu cérebro.
Fontes:
USP - Demografia Médica. 2015.
NIH - Estimates of Funding for Various Research, Condition, and Disease
Categories.
History Channel - O Cérebro.
Dr. Schweikart - A vitamina B12.
O Globo - Depressão é uma das principais causas de incapacitação no Brasil.
Carta de Paulo aos Filipenses.
Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI).
Livro - Ramachandran, V. S. (2014). O que o cérebro tem para contar:
Desvendando os mistérios da natureza humana. Editora Zahar.
TABUS E
INFORMATIVOS
DIETAS DA MODA
om a epidemia da obesidade,
aumentaram
as doenças crônicas
não transmissíveis como
a diabetes tipo 2,
houve aumento do colesterol, aumento
de triglicérides, da doença
cardíaca, de pressão alta, de
acidente vascular cerebral, de entupimento
das artérias, insuficiência
renal e alguns tipos de câncer.
A modificação de hábitos alimentares
e a prática de atividade física
previne essas doenças, melhora a
qualidade de vida e promove uma
longevidade saudável.
Barby dos
Anjos Macedo
Nutriciosnista
Esportiva
83
Já estiveram na moda dietas nas quais se come
apenas proteína, somente sopa, até um regime baseado
no consumo de chás e sucos, mais conhecida
como “detox”. A moda agora é o jejum intermitente
– intermittent fasting, em inglês, dieta low carb
(tradicional), dieta paleolítica low carb, dieta do
mediterrâneo low carb e dieta cetogênica.
Atualmente, os critérios de beleza passaram a
ser sinônimo de magreza e de corpo perfeito. Para
alcançar esses “corpos ideais”, as pessoas começaram
a adotar práticas de alimentação que podem
ser prejudiciais à saúde.
Antes de iniciar uma dieta restritiva, faça
acompanhamento com o endocrinologista e o
nutricionista.
A DIETA LOW CARB
TRADICIONAL
DIETA PALEOLÍTICA
LOW CARB
A Dieta paleo baseia-se na ideia de que
devemos consumir os alimentos que nossos
ancestrais consumiam durante a maior parte da
evolução humana. Assim, a alimentação deveria
se basear nos alimentos mais comumente
encontrados e consumidos durante a era
Paleolítica. A dieta paleo low carb se compõe
de alimentos não processados que estavam
disponíveis na era paleolítica ou antes da
revolução industrial.
Promove o emagrecimento, a redução da
glicemia e de doenças cardiovasculares. Inclui
vegetais, frutas, tubérculos, nozes, sementes,
carnes, ovos, mariscos e peixes.
É conhecida pela redução da ingestão de
carboidratos e prometem o emagrecimento
rápido. Dieta low carb tradicional deve ter
aproximadamente 40% lipídios, 40% proteínas
e 20% carboidratos. Na nutrição esportiva,
esses 20% de carboidratos estariam presentes
nas refeições anteriores ao treino para fazer a
síntese de glicogênio.
Não deve ser realizada sem acompanhamento
de um profissional e monitoramento de exames
bioquímicos. A dieta low carb pode ser variada
conforme as necessidades calóricas do paciente.
O profissional pode realizar um acompanhamento
nutricional e usar estratégias respeitando a
individualidade metabólica e nutricional de cada
um. Algumas pessoas se adaptam bem, mas
outras podem desencadear distúrbios
A dieta tem 4 fases:
FASE 1 – Indução: Comer menos de 20 gramas
de carboidratos por dia durante 2 semanas.
FASE 2 – Perda de peso continuada: Adicionar
lentamente nozes, vegetais e frutas com poucos
carboidratos.
FASE 3 – Pré-manutenção: Quando chegar perto
do peso ideal, começar a adicionar carboidratos
até a perda de peso desacelerar.
FASE 4 – Manutenção: Pode comer os
carboidratos saudáveis que quiser desde que
mantenha o peso.
DIETA MEDITERRÂNEA
LOW CARB
A dieta mediterrânea é popular, especialmente nos
círculos de profissionais de saúde na Europa.
A dieta mediterrânea Low carb defende o consumo
de peixe em vez da carne vermelha, maior
consumo de vegetais e enfatiza o consumo de
azeite de oliva extra virgem em vez das gorduras.
Tem efeito protetor na prevenção de doenças
cardiovasculares, câncer, e diabetes tipo 2.
Estas dietas são muitas vezes mal interpretadas.
O cardápio está recheado de vegetais e algumas
frutas.
JEJUM INTERMITENTE
DIETA CETOGÊNICA
O Jejum Intermitente não é uma dieta e, sim, o
nome dado ao estilo de alimentação que alterna
períodos de jejum com períodos de alimentação.
O jejum prolongado é capaz de prevenir o ganho
excessivo de peso, mas também pode causar
alterações metabólicas na desregulação dos
mecanismos cerebrais de controle do apetite.
O jejum caracteriza-se como um estado que o
corpo, após ficar um determinado tempo sem
receber nutriente, utiliza reservas de gorduras
estocadas no tecido adiposo. O Corpo passa a
utilizar glicose estocada no fígado, glicogênio
muscular e hepático.
A insulina, o hormônio relacionado com a
glicose, se estabiliza, o que, não só melhora
o metabolismo de carboidratos, mas também
reduz o apetite e vontade de comer doce. Faz o
cérebro funcionar melhor e ajuda no tratamento
de pessoas com resistência à insulina e
pré-diabetes.
Eu não recomendo nenhum tipo de dieta ou
jejum intermitente. A Alimentação deve ser
individualizada de acordo com as necessidades
de macro e micronutrientes.
Chamamos de individualidade biológica o
fenômeno que explica as variações entre os
elementos da mesma espécie, o que faz que com
que não existam seres iguais entre si. (Tubino
1990).
Você provavelmente já ouviu falar de uma
pessoa dizer que come e malha igual a uma
celebridade, neste contexto, todos estão
infringindo o primeiro princípio da individualidade
biológica. Nenhum de nós tem um corpo ou
metabolismo igual. Precisamos aprender a fazer
um acompanhamento médico e nutricional para
obter resultados saudáveis e definitivos.
Prega um constante estado de cetose em
que o organismo usa a gordura ou os “corpos
cetônicos ou ácidos graxos” como fonte de
energia ao invés da glicose. A dieta cetogênica
é a mais popular e existe desde a década de
1920, quando foi desenvolvida pelo Dr. Wilder
nos Estados Unidos, para ser empregada
no tratamento da epilepsia refratária,
principalmente em crianças.
A dieta cetogênica para epilepsia é composta
de 92% de gorduras, 6% de proteínas, 2% de
carboidratos e é necessário iniciar em uma
unidade hospitalar, após o corpo entrar em
cetose. Hoje em dia, a dieta cetogênica para a
perda de peso é de aproximadamente de 70%
de gordura, 25% de proteína e somente 5% de
carboidratos. São usados ovos inteiros, queijos,
bacon, azeite de oliva, carnes mais gordas e
óleo de coco.
Qualidade de vida é o jeito que cada um escolhe
para viver bem. Mude seu estilo de vida e
pratique saúde.
Nutrição esportiva é a área que aplica a base
de conhecimentos em: nutrição, atividade física
e fisiologia humana. Os principais objetivos
são: aumentar o desempenho físico, reduzir o
percentual de gordura corporal, aumentar a
massa muscular, buscar um emagrecimento
saudável, prevenir a obesidade, a hipertensão
arterial, o diabetes tipo II, o câncer etc.
Nosso corpo é estruturado basicamente por
água, proteínas, gordura e minerais e esses
componentes precisam ser fornecidos ao
organismo pela alimentação e suplementação.
Dessa forma a nutrição esportiva pode
auxiliar no programa de exercício físico,
promovendo um envelhecimento saudável e
com qualidade de vida.
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CORPO CLÍNICO
O IMPI selecionou os melhores profissionais da
área da saúde para lhe atender. Conheça nosso corpo clínico.
MEDICINA
MEDICINA
PSICOLOGIA
Alfonso
Alfonso Paz
CRM 9019/DF
Tiago Pereira
Damaceno
CRM 19551/DF
Aline Dornelas
Guimarães
CRP 14166/DF
Graduado em Medicina em
1986 em Havana (Cuba).
Especialização em Medicina
Geral Integral.
Especialização em
Anestesiologia, Reanimação
Hospitalar e UTI pelo Hospital
Clínico Cirúrgico Hermanos
Ameijeiras, em Havana (Cuba).
Curso de Pós-Graduação em
Psiquiatria (Cenbrap).
Especialista em Psiquiatria
pela AMB e ABP.
Atendimento a clientes com
Doenças Mentais e Dependência
Química.
Atendimento a adolescentes e
adultos.
Graduado em Medicina pela
Faciplac (DF).
Pós-Graduado em Psiquiatria
pela IPEMED ( Instituto de
Pesquisa e Ensino Médico,
Brasilia, DF).
Pós- Graduando em
Dependência e outras Drogas pela
UNIFESP (SP).
Atendimento a adultos.
Psicóloga formada pelo Centro
Universitário IESB – Brasília (DF).
Especialização em Análise
Comportamental-Clínica pelo IBAC
(Instituto Brasiliense de Análise do
Comportamento) Brasília-DF.
Pós-graduação em Gestão de
Pessoas pelo Centro Universitário
UDF/UNICSUL.
Atendimento a crianças,
adolescentes, adultos e idosos.
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Augusto Parras
Albuquerque
CRP 18510/DF
Doralice
Oliveira
Sampaio
CRP 17179/DF
Francisca
Sampaio Leão
CRP 1891/DF
Graduado em Psicologia pelo
Centro Universitário IESB-DF.
Graduado em Educação Física
pela Faculdade Dom Bosco de
Educação Física, DF.
Formação em Psicomotricidade
Relacional.
Especialização em Educação
Física Especial e Desporto
Adaptado pela Universidade de
Brasília - UNB.
Mestre em Educação pela
Universidade de Brasília - UNB.
Atendimento a crianças e
adolescentes.
Psicóloga formada pelo IESB
(Brasilia-DF).
Curso de Psicanálise dos
Vínculos aplicada em Diversos
Contextos.
Atendimento a adolescentes e
adultos.
Psicóloga formada pela
Universidade de Brasíla (UnB).
Diretora do IMPI - Instituto de
Medicina e Psicologia Integradas.
Coordenadora e Facilitadora
dos Programas de Controle do
Estresse, Auto-Estima e Educação
da Mente.
Especialista em Psicologia
Clínica e Psicologia Hospitalar.
Especialização em
Neuropsicologia.
Formação em Terapia de Casal
e Familiar, Hipnose Ericksoniana,
PNL e Psicoterapia Cognitiva.
Especialização em
Neuromodulação Cerebral.
Estudiosa e pesquisadora nas
áreas do Estresse e Neurociências.
Atendimento a adultos.
87
PSICOLOGIA
Gabriela
Brunelli Bofill
CRP 3255/DF
PSICOLOGIA
Hiderlene
Rosendo
Da Ponte
Montenegro
CRP 11657/DF
PSICOLOGIA
João Victor
de Castro
Sebba
CRP 11662/DF
Psicóloga Clínica formada
pelo UniCEUB.
Formação, à nível de
especialização, em Psicoterapia-
Analítico Comportamental pelo
INSPAC (Instituto São Paulo de
Análise do Comportamento) em
Brasília/DF.
Formação em Terapia
Conjugal, Familiar e Sexual.
Atendimento a adultos,
idosos e Casais.
Orientação Sexual.
Psicóloga formada pelo
UniCEUB.
Especialista em Psicologia
Clinica em Gestalt Terapia pelo
IGTB (Brasilia/DF).
Formação em Terapia
Analítico-comportamental.
Atendimento a adolescentes
e adultos.
Terapia Conjugal.
Psicólogo formado pelo UniCEUB
(Brasília, DF).
Pós-graduação em Gestão de
Pessoas e Recursos Humanos.
Pós-graduação em Controles
Internos e Auditoria Bancária.
Pós-graduação em Terapia
Familiar e Conjugal.
Formação em Terapia Sexual
pela CIPS (Clinica Integrada de
Psicologia e Sexologia – Brasília,
DF).
Pós-graduando em Transtornos
Alimentares, Obesidade e Cirurgia
Bariátrica.
Atendimento a adolescentes,
adultos, Casais e Terapia Familiar.
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
Jury Ricardo
Gomez Garcia
CRP 12891/DF
Sarah Sammy
M. Sampaio
CRP 17327/DF
Sueli da Rocha
Gonçalves
CRP 16303/DF
Psicólogo formado pela La
Universidad Central de Las Villas
(Cuba).
Especialista em Psicologia da
Saúde pelo Instituto Superior de
Ciências Médicas de La Habana
(Cuba).
Master em Psicologia Médica
pela Universidade Central de Las
Villas.
Neuropsicólogo pela
Universidade Central de Cuba.
Atendimento a adultos.
Psicóloga formada pela
Universidade Paulista (UNIP),
Brasília-DF.
Especialização em
Neuropsicologia pelo IEPSE
(Instituto de Ensino e Pesquisa em
Saúde e Educação), Brasília-DF.
Realiza Avaliação e
Reabilitação Cognitiva; Terapia
virtual (fobias); Neuroterapia
(terapia monitorada); Biofeedback
(ansiedade e depressão);
Neurofeedback (TDH); Neurometria
(tratamento e avaliação);
Estimulação elétrica.
Atendimento a adolescentes e
adultos.
Psicóloga formada pela
Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI- SC).
Mestrado em Saúde,
Educação e Meio Ambiente pela
Universidade Plínio Leite (UNIPI )
em Niterói-RJ.
Especialização em Terapia
Corporal na Orgone, em Curitiba.
Pós-graduação em RH pela
FGV (RJ).
Especialização em Orientação
Profissional.
Atendimento a adultos.
PSICOLOGIA
FONOAUDIOLOGIA
FONOAUDIOLOGIA
Vitor
Santiago
Borges
CRP 9312/DF
Hilquias Alves
Damasceno
CRF 10006/DF
Lara Rilve
Gonçalves
CRF 9820/DF
Psicólogo formado pela
Universidade Estácio de Sá – RJ
(UNESA).
Mestre em Psicologia Clínica
pela Universidade Católica de
Brasília.
Especialização em Medicina
Psicossomática pela UNESA.
Especialização em Psicoterapia
Cognitivo-Comportamental pela
UNESA.
Atendimento a Dependentes
Químicos e Terapia Conjugal.
Atendimento a adolescentes,
adultos e idosos.
Formada pelo Centro
Universitário Planalto do DF
(UNIPLAN).
Pós-Graduação em
Psicopedagogia pelo IBI/DF (em
andamento).
Atendimento a pacientes com
gagueira, distúrbios da leitura
e escrita, problemas de fala,
linguagem e voz e Processamento
Auditivo Central.
Atendimento a crianças,
adolescentes, adultos e idosos.
Formada pelo Centro
Universitário Planalto do DF
(UNIPLAN).
Especialização em Linguagem
pelo CEFAC(GO).
Atendimento a clientes
com problemas neurológicos,
de linguagem, fala, disfagia,
gagueira, distúrbio da leitura e
escrita, e Processamento Auditivo
Central.
Atendimento a crianças,
adolescentes, adultos e idosos.
PSICOPEDAGOGIA
Janirléa Lima
MEC 893
NUTRIÇÃO
Barby Dos
Anjos Macedo
CRN 7192
FISIOTERAPIA E TERAPIA
OCUPACIONAL
Lara Liege
Carmo do
Nascimento
CREFITO 1041-TO
Formada em Pedagogia
com Habilitação em Orientação
Educacional pela UniCESP
(Instituto Científico de Ensino
Superior e Pesquisa/DF).
Pós-Graduada em
Psicopedagogia Clínica e
Institucional.
Neuropedagoga, Psicanalista e
Docente Universitária.
Atendimento a clientes com
TDA, TDAH, autismo, síndrome
de Down, dislexia, discalculia,
displaxia e problemas que
interferem na aprendizagem.
Atendimento a crianças,
adolescentes e adultos.
Nutricionista Esportiva com
ênfase em bem-estar.
Atendimento a clientes
obesos, diabéticos, hipertensos
e praticantes de atividade física/
exercício físico.
Formada pela Universidade
Potiguar, RN (UnP).
Atendimento a clientes
com problemas neurológicos,
ortopédicos, geriátricos, com
dificuldade de locomoção, saúde
do trabalhador e atividades de
vida diária.
Atendimento a crianças,
adolescentes, adultos e idosos.
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CONVÊNIOS
O IMPI TEM PARCERIA COM DIVERSOS
CONVÊNIOS PARA MELHOR LHE ATENDER.
BACEN
Plan-assiste (MPM)
CASSI
Plan-assiste (MPT)
SulAmérica
STF
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Saúde Caixa
TRF
Plan-assiste (MPF)
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Francisca Sampaio Leão
Diretora-Presidente
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da consciência da
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