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REVISTA IMPI_20 anos

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www.impi.com.br

EDIÇÃO COMEMORATIVA | 2017

20 anos

RELACIONAMENTOS

AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

SAÚDE

MENTAL

TERAPIA

MODERNA

TABUS E

INFORMATIVOS

1


Conheça

o IMPI

O IMPI tem como missão promover melhor qualidade de vida, oferecendo

serviços personalizados e tecnologias inovadoras nas diversas áreas da saúde,

à luz da compreensão integrada do ser humano mente-corpo-emoção.

Localizado em Brasília, mais precisamente

no Lago Sul, o IMPI possui um amplo espaço

físico cercado por área verde e modernas

instalações, onde os clientes encontram

conforto, qualidade e bem-estar.

Conta também com um grande

estacionamento reservado,

oferecendo segurança e

tranquilidade.

Além de consultórios aconchegantes, a

clínica conta com uma cafeteria em seu

interior, proporcionando mais conforto

aos seus clientes.


Sumário

SERVIÇOS

EDITORIAL

04

05

ENTREVISTA

Lago Sul: SHIS QI 05 Chácara 85

Águas Claras: Av. das Araucárias, Lote

1835/2005, Águas Claras Shopping, Sala 439

Horário de funcionamento:

Segunda à Sexta: 8h – 22h

Sábado 8h - 13h

(61) 3364-2745

(61) 98612-6370

CONSELHO EDITORIAL

Francisca Sampaio Leão

Tales Sanleo Sampaio Leão

Thaiara Luchtenberg Burtet

MATÉRIAS JORNALÍSTICAS

Larissa Corumbá

FOTOGRAFIA

Vanessa Ottoni

Ana Morena

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO

Isaac Guimarães

REVISÃO DE TEXTOS

Dora Ramos

institutoimpi

@institutoimpi

06 09

RELACIONAMENTOS

10 19

AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

20 37

SAÚDE MENTAL

38 55

TERAPIA MODERNA

56 63

CICLO VITAL:

CRIANÇA E ADOLESCENTE

64 77

TABUS E

INFORMATIVOS

www.impi.com.br

78 85

CORPO CLÍNICO

CONVÊNIOS

86

90

3


Nossos serviços

IMPI HIGH TECH

AVALIAÇÕES

Orientação Vocacional

Avaliação para concurso

Avaliação para

Vasectomia

Avaliação para

bariátrica

Avaliação Psicológica

Avaliação para idade

mental

Avaliação Cognitiva

Checkup-Kids/Teens

Avaliação

Neuropsicológica

Exame Funcional

Checkup Cerebral

IMPI HIGH TECH

TRATAMENTOS

Neurologia

Estimulação Elétrica

Transcraniana

Estimulação Magnética

Transcraniana

Terapia no tratamento

de fobias

Reabilitação Cognitiva

Otimização Cerebral

Neurofeedback

Biofeedback

UNIDADES

LAGO SUL

Bioimpedância

Nutrição Esportiva

TAF - Treinamento Auditivo

Central (na cabine)

Fonoaudiologia

Terapia Ocupacional

Psicologia - Terapia familiar

Psicologia - Terapia de Casal

Psicopedagogia

Psiquiatria

Psicologia

Acolhimento

Nutrição Comportamental

ÁGUAS CLARAS

Bioimpedância

Avaliação Neuropsicológica

Nutrição Esportiva

Terapia Ocupacional

Fonoaudiologia

Psiquiatria

Psicologia

ESPAÇO IMPI

Terapia Individual Relacional

Terapia Integrativa

Estimulação Precoce

Psicomotricidade

Integração Sensorial

UNIDADE VIRTUAL

Terapia Ocupacional

Psicopedagogia

Fonoaudiologia

Psiquiatria

Psicologia

EXAMES

AUDIOLÓGICOS

P300

BERA ou PEATE-(Estado

estável)

PAC-(Processamento

auditivo central)

Impedânciometria ou

Imitânciometria

Audiometria

ENTRE EM CONTATO

CONOSCO E MARQUE

SUA CONSULTA.

(61) 3364-2745

(61) 98612-6370


Editorial

Francisca Sampaio Leão

Neuropsicóloga e diretora-presidente

do IMPI

Dalmo Garcia Leão

Médico e diretor técnico

do IMPI

SEJA

BEM-VINDO

A UM NOVO

FUTURO.

esde a sua fundação, em 1997, o

Instituto de Medicina e Psicologia

Integradas (IMPI) mostra-se pioneiro

e inovador tanto na área

da pesquisa, quanto na área da

tecnologia. Em 2017, ao completar 20 anos de

existência, celebramos com alegria o fato de

que o nosso Instituto encontra-se consolidado

como um centro de referência e excelência

em bem-estar cerebral.

Com o objetivo de comemorar todas as

conquistas realizadas durante essas duas décadas,

idealizamos a criação deste exemplar

e convidamos alguns profissionais do nosso

corpo clínico para apresentar e debater temas

muito pertinentes e atuais, tais como a neuroterapia,

acupuntura, fisioterapia, autismo,

Alzheimer, mitos conjugais, efeitos biológicos

do estresse psicológico, transtorno de ansiedade

generalizada e respiração, depressão e o

sistema imunológico, ansiedade em crianças,

dietas da moda, dentre outros assuntos.

Citamos as principais diferenças entre

medo e fobia, advertimos sobre a hora certa

de consultar um psiquiatra, comentamos

sobre os principais desafios dos adolescentes

de hoje em dia, explicamos a vacina contra

o estresse, esclarecemos o papel da orientação

profissional, reunimos os 10 sinais de

que você está agindo como vítima perante

a vida, advertimos sobre os efeitos de uma

comunicação disfuncional sobre a família e

preparamos um questionário sobre satisfação

matrimonial e outro sobre assertividade.

Além disso, também está disponível uma

entrevista em que Francisca comenta sobre

a criação do Instituto e os desafios que o

IMPI enfrenta atualmente.

Nas próximas páginas, você ainda vai

descobrir detalhes sobre o funcionamento

de alguns dos principais serviços oferecidos

pelo nosso Instituto como, por exemplo, a

Estimulação Magnética Transcraniana, a

Neurometria e o Check-up Cerebral, sendo

este último a nossa mais nova ferramenta

para estimular a prevenção de doenças relacionadas

ao cérebro.

Seja muito bem-vindo ao IMPI. Seja bem-

-vindo a um novo futuro!

Boa leitura!

5


ENTREVISTA

Francisca Sampaio Leão, fundadora

e diretora-presidente do Instituto

de Medicina e Psicologia Integradas,

comenta os momentos mais

marcantes dos vinte anos do IMPI.

Texto: Larissa Corumbá


RANCISCA SAMPAIO LEÃO é a

fundadora e diretora-presidente

do Instituto de Medicina

e Psicologia Integradas, o

IMPI. Psicóloga formada pela

Universidade de Brasília (UnB), ela exerce

a profissão há mais de quatro décadas

e, dentre as suas especializações, estão

a neuropsicologia e a neuromodulação

cerebral.

Francisca nunca cogitou apenas tratar

doenças. O desejo dela sempre foi

trabalhar com a prevenção dessas enfermidades.

Foi com esse anseio que a psicóloga,

acompanhada por um grupo de

médicos cardiologistas, criou o Instituto

de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI)

em Brasília, no ano de 1997.

Duas décadas após a inauguração, o

IMPI está hoje consolidado como um centro

de referência em prevenção, avaliação

e tratamento da saúde mental. Dentre os

serviços de tecnologia oferecidos estão a

Estimulação Magnética Transcraniana,

a Estimulação Elétrica Transcraniana,

Terapia Virtual, o Biofeedback, a

Neurometria, a Reabilitação Cognitiva e

o Check-up cerebral, sendo este último o

mais novo lançamento da clínica.

De acordo com Francisca, o IMPI foi

criado com o objetivo de prevenir as doenças

causadas pelo stress, promovendo

uma melhor qualidade de vida, uma vez

que a expectativa de vida aumenta a cada

ano. “O objetivo é que o paciente venha ao

IMPI também para prevenir as doenças e

não apenas para tratá-las”, ressalta.

Nesta entrevista, Francisca comenta

sobre a fundação do IMPI, o contato com

as novas tecnologias e os desafios que o

Instituto enfrenta nos dias atuais.

“Desejamos

estimular a

cultura da

prevenção.”

7


Como aconteceu a criação

do IMPI?

Em meados dos anos noventa,

eu e um grupo de cardiologistas

formamos um grupo de estudos.

Queríamos encontrar recursos

para amenizar o sofrimento dos

nossos pacientes que apresentavam

tristeza, angústia, dores,

sentimento de impotência, medos

generalizados, palpitações

e picos de pressão que aumentavam

a cada dia. No entanto, a

medicina e a psicologia tradicionais

não nos ofereciam recursos

para aliviar o sofrimento desses

pacientes.

Foi nessa busca que nos deparamos

com os conceitos da

Medicina Mente-Corpo, que enxerga

o ser humano como um

sistema integrado entre mente,

corpo e emoção. Essa ciência

coloca o paciente como agente

da sua própria doença ou da

sua própria saúde. Enquanto na

visão da medicina tradicional

o médico é o dono do conhecimento,

na visão da Medicina

Mente-Corpo, a doença é vista

como uma linguagem do corpo.

Ou seja, as enfermidades sempre

querem nos dizer algo. Portanto,

precisamos prestar mais atenção

na doença, para descobrir o

que ela quer nos dizer.

A partir destes conceitos criamos

o Programa de Controle do

Stress. Nesse projeto, apresentávamos,

por meio de palestras, as

pesquisas nas quais nos baseamos,

oferecíamos aulas teóricas

sobre o stress e nutrição e aulas

práticas de meditação, relaxamento

e posturas de alongamento.

A equipe dessa iniciativa era

formada por psicólogos, professores

de educação física, nutricionistas

e fisioterapeutas.

Naquela época, não se sabia

muito sobre doenças geradas

por stress como, por exemplo, as

“Queremos ser cada vez

mais reconhecidos como

um local de referência e

excelência em bem-estar.“

crises de ansiedade e de pânico.

As pessoas iam ao cardiologista

e diziam que estavam se sentindo

mal, que o coração estava

palpitando, que achavam que

estavam tendo um ataque do coração,

mas na verdade elas estavam

tendo uma crise decorrente

do stress.

Depois de um tempo, o

Instituto que tinha como objetivo

tratar as doenças do stress

de modo geral, passou a cuidar

da saúde mental. Convidei profissionais

de outras áreas para

se juntarem ao nosso time e,

hoje em dia, o IMPI conta com

cerca de quarenta profissionais

de mais de dez áreas de especialização

da saúde, dentre elas

psiquiatria, psicologia, psicopedagogia,

psicomotricidade, neuropsicologia,

fisioterapia, fonoaudiologia,

terapia ocupacional,

nutrição, cirurgia plástica, dentre

outras.

Alguns dos principais serviços

oferecidos hoje pelo nosso

Instituto são a Estimulação

Magnética Transcraniana, a Estimulação

Elétrica Transcraniana,

a Neurometria e o Checkup

Cerebral, sendo este último a

nossa mais nova especialidade.

Além disso, o IMPI também oferece

aplicações de botóx, preenchimento

facial, exames fonoaudiológicos,

acupuntura, RPG,

oficina infantil de psicomotricidade,

grupo de pais, grupo de

otimização cerebral e grupo de

reabilitação.

Atualmente o IMPI está consolidado

como centro de referência

em saúde mental de Brasília e

pretendemos continuar na busca

pelas melhores tecnologias

para oferecer a melhor qualidade

de vida possível aos nossos

pacientes.


Como é a sua relação com a

ciência e com a tecnologia?

Frequento todos os anos o

Simpósio Internacional de

Neuromodulação Cerebral, que

reúne os melhores profissionais

do mundo da área da saúde mental

para debater novas ideias,

tecnologias e discutir os avanços

relacionados às terapias de neuromodulação

cerebral. Nesses encontros

são apresentados tudo o

que há de mais moderno na área.

A ciência, a tecnologia e as

pesquisas relacionadas à saúde

mental avançam a cada dia,

principalmente, no exterior. Por

isso, me mantenho constantemente

atualizada em relação a

essas novas descobertas.

O IMPI completou vinte

anos de existência. Como

você se sente ao fazer

um balanço dessas duas

décadas?

Eu me sinto realizada. A fundação

do IMPI foi como um PhD,

pra mim. Enfrentei muitas dificuldades,

mas acreditei que

conseguiria concretizar esse

projeto. A persistência é fundamental

para se alcançar o que

deseja. Eu acredito que se a gente

persistir, tudo o que a gente

quer, a gente consegue. A razão

de eu ter conseguido superar as

dificuldades é que eu vivia na

minha vida pessoal tudo aquilo

o que eu passava para os meus

pacientes.

O IMPI enfrenta algum

desafio atualmente?

O IMPI sempre tem desafios,

porque nós nunca paramos de

procurar melhorias.

Queremos ser cada vez mais

reconhecidos como um local

de referência e excelência

em bem-estar físico e mental.

Pretendemos continuar trazendo

o que há de melhor, de mais recente

e de mais eficaz em tecnologia

para a prevenção e o tratamento

de doenças relacionadas

ao cérebro.

Além disso, desejamos estimular

a prevenção de doenças,

porque na nossa sociedade, não

existe a cultura da prevenção.

As pessoas só procuram um

profissional da saúde quando já

estão doentes e isso é um grande

problema, porque pode tornar

mais difícil e prolongado o

tratamento.

Então temos essa ambição de

fazer com que as pessoas entendam

a importância do cérebro,

porque ele é o órgão mais importante

do corpo. É ele quem

regula a nossa saúde mental e a

nossa saúde física. Tudo depende

do cérebro, por isso, cuidar dele

é essencial para prevenir doenças

e ter uma qualidade de vida

melhor.

Esses são os grandes desafios

e são eles que me inspiram e motivam

a realizar o meu trabalho

todos os dias.

Recepção da sede do Instituto de Medicina e

Psicologia Integradas (IMPI), localizado no Lago

Sul, em Brasília/DF

9


RELACIONAMENTOS

MITOS

CONJUGAIS

A maioria dos fracassos ou da infelicidade no casamento se deve a

mitos, que vão passando de geração em geração, através dos contos

de fadas, das músicas, da mídia.

POR CAUSA DESSES MITOS, os

relacionamentos podem se tornar

fontes de insatisfação, ódio,

raiva, stress.

A minha experiência clínica,

na qual atendi centenas de casais,

mostra que esse assunto

merece atenção.

1

PRIMEIRO MITO

MITO DO AMOR ROMÂNTICO

A maioria dos problemas no casamento

surge porque os cônjuges

não se sentem seres inteiros,

têm uma autoimagem fragmentada

e acreditam que dependerão

de uma outra pessoa para

Francisca

Sampaio Leão

Neuropsicóloga

completá-los e fazê-los felizes.

Essa crença está embasada no

Mito do Amor Romântico. Tratase

de uma narrativa bastante antiga,

baseada na mitologia grega.

De acordo com o mito, éramos

andróginos, tínhamos, no mesmo

corpo, ambos os sexos. Os

homens possuíam quatro mãos e

quatro pernas, dois órgãos sexuais.

Eram ágeis, corajosos, externavam

grande poder e ousaram

desafiar os deuses. Diante disso,

Zeus decidiu castigá-los, dividindo-os

em duas metades. Assim

Se você sofre influência

desse mito, procure quebrálo,

se possível com a ajuda

de um profissional. É muito

difícil fazê-lo e com certeza,

muitas frustrações e

sofrimentos poderão surgir

em função disso.

os condenou a viver eternamente

em busca da sua outra metade.

Até hoje esse mito vem influenciando

nossos relacionamentos

amorosos. O ideal para

um casamento feliz seria que o

processo do casamento ocorresse

primeiro dentro de nós mesmos,

nos tornando seres inteiros. Só

após esse processo, poderíamos

nos casar com um outro ser inteiro,

compartilhando a nossa vida

de forma mais saudável e feliz.

O Mito do Amor Romântico precisa

ser quebrado. Não podemos

acreditar que o outro seja a única

fonte de felicidade. Vários fatores

são importantes, como, por

exemplo, ampliar a consciência

pelo autoconhecimento, aprender

mais sobre nosso funcionamento,

estar mais atento ao momento

presente, procurar sentir

prazer nas pequenas coisas do

cotidiano e quebrar paradigmas

que nos impedem de viver de forma

autônoma emocionalmente.


2

SEGUNDO MITO

O CASAL TEM QUE FAZER TUDO JUNTO

Conhecer alguns mitos conjugais limitantes

e quebrá-los é fator essencial para

vivermos uma vida amorosa mais prazerosa.

O ideal num casamento é este

ocorrer entre dois seres inteiros, no qual

a intersecção entre esses inteiros é espaço

do casamento. Nesse espaço comum, o

casal constrói patrimônio, cria os filhos,

faz escolhas e estabelece metas comuns.

Mas cada um dos cônjuges precisa de um

espaço seu, individual, para viver experiências

nem sempre compartilhadas com

a pessoa amada, tais como trabalho, esporte,

amigos, hobby, não significando

que eventualmente esses momentos não

Se você sofre

influência desse

mito, procure

quebrá-lo, se

possível com

a ajuda de um

profissional.

É muito difícil

fazê-lo e com

certeza, muitas

frustrações e

sofrimentos

poderão surgir

em função disso.

possam ser vividos a dois. O que nos impede

de viver assim? Um mito: O casal

tem que fazer tudo junto. Isso empobrece

a relação, pois ambos deixam de viver

suas individualidades.

O que nos atrai é justamente a singularidade

e, se somos influenciados por esse

mito, deixamos de ser nós mesmos para

sermos um pedaço do outro. Um exemplo:

deixamos de visitar um parente ou amigo

porque o outro não poderá ir, temendo

desagradá-lo ou dar motivo para que ele

faça o mesmo. Então, aprisionamo-nos

nessa relação, perdendo a nossa identidade

e o resultado é insatisfação, raiva,

medo, culpa, apego, posse, cobrança.

3

TERCEIRO MITO

ACREDITAR QUE A CHAVE DA FELICIDADE

É O CASAMENTO

Outro mito que limita nossas relações

amorosas: acreditar que a chave da felicidade

é o casamento. Aprendemos com as

histórias infantis, os romances, filmes,

que final feliz é o casamento: “E eles viveram

felizes para sempre” Tudo terminou

bem. Mas sabemos que os problemas começam

aí. São duas pessoas com valores

e atitudes diferentes, e o pior é que cada

um quer impor seus valores e suas atitudes,

vistos como melhores. É natural

todos querermos ganhar; aí vêm os conflitos

e, com eles, a frustração.

Cada cônjuge pensa que estar com

a pessoa amada é suficiente para estar

completo, feliz. Aos poucos, descobre-se

que não é bem assim e vem a sensação

de que se foi enganado, que o outro é uma

farsa. O casamento é como construir uma

Se você precisa

casar para ser

feliz, não está

pronto para

o casamento.

Para viver em

harmonia,

procure primeiro

se conhecer,

descobrir

dentro de você

a felicidade

porque

certamente a

encontrará e o

casamento será

um compartilhar

dessa felicidade.

casa. Se o alicerce não é sólido, o indivíduo

passa muito tempo levantando paredes,

colocando telhado, portas e um vento

mais forte destrói tudo.

Por outro lado, o difícil em ser solteiro

é que a sociedade foi preparada para casais.

Quando alguém, até por escolha, não

se casa, é cobrado; e várias pessoas acabam

se casando para corresponder a expectativas.

As mulheres sofrem mais com

essa situação do que os homens, porque

muitas vezes pensam que não se casaram

porque ninguém as desejou. Então, deve

haver algo de errado com elas. Não percebem

que a maioria das pessoas casadas

são infelizes no casamento. Enquanto não

atingimos a dimensão de nos sentirmos

“solteiros”, não devemos pensar em casamento,

sob pena de vivermos uma união

infeliz ou chegarmos a uma separação.

11


4

QUARTO MITO

O CÔNJUGE PODE DESCARREGAR

TUDO NO OUTRO

Outra crença devastadora para

o casamento: o cônjuge pode

descarregar tudo no outro.

Infelizmente, acredita-se que o

lar é o lugar onde podemos descarregar

nossos sentimentos

mais ferozes sem a preocupação

de ferir o outro, pois, em outros

ambientes, como o trabalho,

com os amigos ou estranhos,

prefere-se mostrar as melhores

condutas, o melhor tato e a melhor

diplomacia. O lar se torna o

local para se liberar as emoções,

o paraíso da espontaneidade. Os

ataques geram contra-ataques.

As relações conjugais necessitam

da mesma cortesia, educação

e do mesmo respeito que

oferecemos aos estranhos. Isso

ajuda a criar uma atmosfera

caseira afetuosa. Esses fatores

estão sob o nosso controle.

Podemos decidir quando seremos

amáveis, descorteses ou bemhumorados.

O caminho da cólera

tem um preço muito elevado.

Os que apelam para expressões

agressivas, geralmente recebem

o mesmo que ofereceram. A retaliação

mais comum é o comportamento

passivo-agressivo,

no qual o agredido evita a guerra

aberta e torna-se subversivo e

sabotador.

Não estou querendo defender

um relacionamento familiar inibido

ou exageradamente cortês. É

importante, numa relação familiar,

se compartilhar sentimentos

fundamentais, como a franqueza

e a informalidade, pois são elementos

importantes numa boa

relação. Mas não podemos esquecer

que a cortesia, o bom gosto

e o decoro são essenciais em

qualquer tipo de relacionamento

principalmente no familiar, no

qual seus membros estarão ligados

por toda a vida. É no lar que

não se deve atacar a dignidade do

outro, sob pena de gerar rancor,

ressentimentos, raiva.

5

QUINTO MITO

O CASAMENTO DEVE SER UMA

SOCIEDADE 50%-50%

Esse é mais um mito que tem

levado casais a desgastes e separações.

A ideia de direitos iguais,

oportunidades iguais, pagamentos

iguais tornou-se uma bandeira

para muitos casais, que

acreditam que, se as coisas não

forem divididas meio a meio,

pode caracterizar-se uma situação

de exploração.

Na atualidade, felizmente,

estamos vivenciando uma

maior flexibilização dos papéis

de homem e mulher, deixando

para trás estereótipos rígidos

das funções masculinas e

femininas. O homem urbano

já é capaz de ficar na cozinha

preparando o jantar enquanto

sua esposa descansa na sala,

lendo jornal e verificando os índices

da Bolsa de Valores. Mas

ainda existem muitos casais

que levam esse mito ao pé da

A necessidade de provar o

quanto faz mais que o outro

evidencia um sinal básico de

imaturidade, desamor, falta

de interesse e compromisso

com o outro. Quando você ama

realmente seu parceiro, sente

prazer em tornar sua vida mais

fácil e agradável. Quando vejo

cônjuges contando pontos

e dizendo: “você está em

dívida comigo”, percebo que

a separação está próxima.

É muito prazeroso fazer as

coisas porque desejamos sem

esperar algo em troca.

letra, achando que a participação

conjunta é justa e desejável,

não percebendo que, numa vida

a dois, dependendo das circunstâncias,

uma combinação 60% -

40%, 80% - 20%, 90% - 10% ou

qualquer outra pode ser mais

adequada do que 50% - 50%.

Alguns insistem numa única

forma de ver o mundo, achando

ser a sua melhor. Os casais fazem

controle através de anotações.

“Eu coloquei o lixo para fora 3

vezes essa semana e você apenas

2. Eu levei as crianças para a escola

4 vezes e você apenas 1”. “Eu

lhe fiz 5 elogios esse mês e você

nenhum”, “Não lhe mando mais

cartões porque você também não

me tem mandado”. “Não tenho

lhe telefonado mais porque você

também não telefona”.


QUESTIONÁRIO DE

SATISFAÇÃO MATRIMONIAL

6

SEXTO MITO

Após cada pergunta, anote o número que mais

se aproxima ao que você acha atualmente do seu

casamento ou do seu cônjuge.

UMA RELAÇÃO EXTRACONJUGAL DESTRÓI

O CASAMENTO

Um outro mito muito comum: uma relação

extraconjugal destrói o casamento.

Muita gente acredita que ter uma aventura

significa que algo está errado com o

casal. Mentira! Podemos afirmar que, das

pessoas que costumam se envolver nessas

aventuras, apenas uma pequena parcela

o faz devido a conflitos na relação. A

maioria age assim por causa de conflitos

internos.

Muitos indivíduos buscam uma aventura

por estarem inseguros com relação

aos seus atrativos físicos ou ao seu desempenho

sexual e, constantemente, estão

procurando autoafirmação. Outros são

tão sexualmente ativos que poucos conseguem

acompanhar seu ritmo. Há ainda

aqueles que estão sempre insatisfeitos e

isso também inclui os relacionamentos.

Em muitos casos, agem dessa forma apenas

por curiosidade, procurando emoções

fortes ou ainda a superação do tédio.

É importante ressaltar que existem

razões saudáveis e doentias na busca ou

não dessas aventuras. Pode ocorrer num

casamento de 30 anos, no qual o homem

ou a mulher jamais tenham

desejado ou ido

atrás de aventura e que

ambos sejam perfeitamente

normais.

Já, em outros momentos,

podem ficar

evidenciados graves

problemas biológicos

É melhor viver a vida de

forma coerente com seus

valores éticos.

ou psicológicos. Existem

pessoas que relatam

que, após uma aventura,

o casamento melhorou

consideravelmente.

Para outras, as relações

extraconjugais são inteiramente

desaconselháveis,

porque vão resultar

em culpa, vergonha e

sofrimento em virtude

de temperamento, religião

ou condicionamentos

sociais.

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

satisfeito mais ou menos insatisfeito

Estou:

Satisfeito com a quantidade de tempo que falamos.

Feliz com os amigos que temos em comum.

Satisfeito com nossa vida sexual.

De acordo com a quantidade de tempo que passamos

arrumando a casa e no trabalho.

De acordo com a forma como gastamos o dinheiro.

Satisfeito com seu desempenho como pai ou mãe; (isso

se refere ao tipo de comunicação do seu cônjuge com

os filhos. Se você não tiver filhos, marque seu grau de

satisfação com isso.)

Achando que você está realmente “do meu lado”.

Satisfeito com o nosso tipo de lazer (Esporte, férias,

etc.).

Bastante de acordo com seus pontos de vista sobre a

vida (valores, atitudes, religião, política, etc).

Geralmente contente com a forma como você se

relaciona com sua própria família.

Geralmente contente pelo modo como você se vincula

com a minha família (referindo-se à família dos seus

pais, irmão, etc.).

Satisfeito com seus hábitos em geral, seus maneirismos

e sua aparência.

Some a pontuação total.

84+ Um casamento muito bom

72-83 A relação está entre satisfatória e boa

61-71 Necessidade de algumas mudanças básicas

-60 Baixo nível de satisfação matrimonial

Questionário: Lazarus, Arnold A.

13


RELACIONAMENTOS

COMUNICAÇÃO

EMOCIONAL

MAIS EFICAZ

Francisca

Sampaio Leão

Neuropsicóloga


A COMUNICAÇÃO EMOCIONAL não violenta e o gerenciamento

de conflitos têm sido temas de numerosos

estudos por parte de vários cientistas da área.

O Dr. Gottman chegou a duas conclusões básicas:

Diante de situações conflituosas, quando perdemos

o controle de nossas emoções, o resultado

pode ser desastroso. O Dr. Gottman define esse tipo

de relação negativa como característico dos Quatro

Cavaleiros do Apocalipse, uma metáfora que se traduz

como quatro atitudes que destroem qualquer

tipo de relação (a crítica, o desprezo, o contra-ataque

e o apedrejamento).

1- NÃO EXISTEM RELACIONAMENTOS

EMOCIONAIS DURADOUROS SEM

CONFLITOS CRÔNICOS.

2- O QUE MAIS NOS AFETA

EMOCIONALMENTE É O

DISTANCIAMENTO EMOCIONAL DAS

PESSOAS QUE AMAMOS.

O primeiro cavaleiro, a CRÍTICA, é representado

pela atitude com a qual a pessoa do outro é desqualificada.

Atinge-se a pessoa e não o fato, que não é

esclarecido. Por exemplo, “Você só pensa em você!”

O segundo Cavaleiro se traduz pelo DESPREZO. É o

mais violento e perigoso, porque o sarcasmo magoa

muito. Podemos comunicá-lo com gestos, trejeitos,

causando profunda irritação no parceiro. Essa forma

de comunicação inviabiliza uma solução pacífica.

Mas o que podemos fazer para resolver conflitos

sem violência? O primeiro princípio da

Comunicação não Violenta é substituir a CRÍTICA

por uma afirmação objetiva dos fatos. Se você diz

para um subordinado “Você não aprende mesmo,

hein!”, “Esse relatório não está nada bom!”, A reação

da pessoa é ficar na defensiva. Você pode ser

objetivo dizendo: “Nesse relatório precisamos colocar

três ideias para comunicar nossa mensagem

e você é capaz de colocá-las”. O segundo princípio

é numa conversa colocar o referencial em nós,

expressando como nos sentimos naquela situação.

Devemos iniciar a frase com “EU” em vez de

“VOCÊ”. Ao falar apenas de mim, nem critico nem

ataco o outro. Quando eliminamos a CRÍTICA e o

DESPREZO, certamente a nossa comunicação se

torna mais harmoniosa.

O CONTRA-ATAQUE E O APEDREJAMENTO são os 2

últimos Cavaleiros do Apocalipse (atitudes negativas

no relacionamento). Se em uma situação de conflito

costumamos utilizar essas atitudes, ou seja, esses

cavaleiros, com certeza a nossa comunicação emocional

está prejudicada. Infelizmente, nas nossas batalhas

emocionais, invocamos esses guerreiros.

Quando nos sentimos atacados, geralmente

CONTRA-ATACAMOS e em consequência a outra

pessoa sente-se ofendida, CONTRA-ATACANDO

com mais violência. Se essa escalada prossegue,

o nosso relacionamento poderá ser bastante

abalado pela rejeição, pelo divórcio ou até mesmo

pela agressão física violenta. Quando um

CONTRA-ATAQUE é “bem-sucedido”, a ferida da

parte derrotada, muitas vezes com um tapa dado

pelo mais forte, aumenta e o convívio fica cada

vez mais difícil.

O APEDREJAMENTO é o quarto Cavaleiro, é a

quarta atitude negativa típica de homens e que

tanto desagrada as mulheres. Nessa fase já caracteriza

um relacionamento em desintegração,

seja o casamento ou uma sociedade que, após um

período de críticas, indiferenças, Ataques, Contraataques,

uma das partes escolherá a fuga, abandonando

o campo de batalha, pelo menos emocionalmente.

Por sua vez, a outra parte, em busca

de contato, busca a conversa, enquanto o outro ignora.

Sem êxito, as abordagens vão ficando cada

vez mais violentas, numa tentativa desesperada

de volta. A retratação emocional não é eficaz para

a resolução de conflitos. O APEDREJAMENTO com

frequência leva a um triste final.

Avalie os seus relacionamentos emocionais!

Diante de um conflito, qual desses guerreiros

você costuma chamar? Ou, em qual desses estágios

você se encontra na sua relação amorosa?

Se as situações citadas forem uma realidade em

sua vida, procure dar outro rumo a sua comunicação

emocional.

15


RELACIONAMENTOS

COMUNICAÇÃO EMOCIONAL

SEM VIOLÊNCIA

TÉCNICAS PARA APRIMORAR

RELACIONAMENTOS PESSOAIS

E PROFISSIONAIS

Francisca

Sampaio Leão

Neuropsicóloga


Hoje, estamos assistindo um

enorme sofrimento do ser humano

em nosso planeta. Parece que

perdemos o contato com a nossa

essência e não estamos usando

as nossas habilidades humanas

para nos relacionar com as pessoas.

Estamos vivendo uma época

de violência em todos os âmbitos

da nossa sociedade.

Essa realidade tem mobilizado

a mim e a vários outros profissionais,

principalmente da área

da psicologia, a encontrar maneiras

mais eficazes para ajudar

pessoas a terem relacionamentos

mais respeitosos, embasados na

confiança.

Fiquei animada quando me

deparei com o método do Doutor

Marshall Rosenberg, de resolução

pacífica de conflitos. O seu principal

mérito é o de centralizar a

comunicação na empatia, ou seja,

nos colocar no lugar do outro. Ele

nos oferece ferramentas para capacitar

pessoas, instituições e povos

a viverem num mundo onde

a confiança é mútua, favorecendo

os nossos relacionamentos e até a

nossa saúde.

Essa abordagem (comunicação

não violenta) nos ajuda a reformular

a maneira pela qual nos

expressamos e ouvimos os outros,

ou seja, em vez de nossas palavras

serem reações automáticas,

tornam-se respostas conscientes,

embasadas na consciência do

que estamos percebendo, sentindo

e desejando; estabelecendo-se,

assim, uma atmosfera empática

e respeitosa. Não existe nada

de novo nessa abordagem, já que

esse conhecimento está presente

há séculos.

Além de ser um processo de comunicação,

essa abordagem é um

lembrete permanente para mantermos

a nossa atenção focada na

relação, e que seja uma relação

baseada no princípio do dar e do

receber. Quem recebe aprecia o

presente sem se preocupar com as

consequências que o acompanha;

quem doa, se beneficia com o bem-

-estar que produziu no outro.

O processo dessa

comunicação consiste de

quatro componentes que são:

1

2

3

4

A OBSERVAÇÃO

O que ocorre na situação que

estamos vendo os outros

fazerem ou dizerem e se é

enriquecedor ou não para a

nossa vida. O importante é

ser capaz de articular essa

observação sem fazer nenhum

julgamento ou avaliação.

Simplesmente dizer o que nos

agrada ou não naquilo que as

pessoas estão fazendo.

SENTIMENTO

Identificarmos como nos

sentimos ao observar aquela

ação. – magoados, irritados,

assustados, alegres, divertidos,

etc.

NECESSIDADE

Reconhecemos quais de

nossas necessidades estão

ligadas aos sentimentos que

identificamos na situação.

O PEDIDO BEM ESPECÍFICO

Esse componente enfoca o

que estamos querendo da

outra pessoa.

Então:

1 - Observar as ações que

afetam o nosso bem-estar;

2 - Como nos sentimos em

relação ao observado;

3 - As necessidades,

valores, desejos, etc;

4 - Ações concretas que

pedimos para enriquecer

nossa vida.

Portanto, esse processo consiste

em expressar as quatro informações

claramente (verbal

ou por outros meios). À medida

que mantivermos a nossa atenção

focada nesses componentes

e ajudarmos os outros a fazerem

o mesmo, estaremos estabelecendo

um fluxo de comunicação dos

dois lados.

Esse método pode ser aplicado

em todos os níveis de comunicação

nas diversas situações:

Relacionamentos amorosos

Familiar

Escolas

Organizações

Terapias

Negociações

Disputas ou conflitos

17


A SEIS SUGESTÕES PARA

LIDAR COM CONFLITOS

Tenho utilizado um acróstico com seis pontoschave

dessa abordagem: FTACEN.

FONTE

TEMPO E

LUGAR

Certifique-se de que está lidando

com a pessoa que é a fonte do

problema porque é ela que tem

os meios para resolvê-lo.

Imagine que, na empresa onde

trabalho, um colega me faça

uma crítica pejorativa na frente

de toda a equipe. Será inútil me

queixar disso mais tarde para

outros colegas ou para uma

amiga ao telefone? No entanto,

isso é o que gostaria de fazer.

Se eu o fizer, esse meu colega

jamais saberá o que penso e

os colegas que ouviram o meu

desabafo repetirão o que eu

disse de forma distorcida e

com exageros, comuns nessas

situações, e a minha reputação

poderá ficar abalada.

Para ganhar o respeito e mudar

o comportamento de meu colega,

devo falar diretamente com ele.

Certifique-se de que a conversa

ocorra em hora e lugar

adequados. Não será uma

boa ideia ter essa conversa

imediatamente após o ocorrido,

quando os ânimos ainda estão

acirrados ou em público ou num

corredor. O melhor será escolher

um local onde possam falar

com a certeza de que não serão

incomodados.

ABORDAGEM

AMIGÁVEL

COMPORTAMENTO

OBJETIVO

EMOÇÃO

NECESSIDADE

Comece com um tom amigável

para que o outro se sinta

à vontade durante as suas

primeiras palavras. Comece

dirigindo-se a ele pelo nome

que é a palavra mais atraente

para a pessoa. Depois diga algo

positivo, que seja verdadeiro.

Assim a porta da comunicação

estará aberta.

Vá direto ao assunto. Explique

o comportamento que motivou

a insatisfação, mas limite a sua

descrição ao que aconteceu e

nada mais, sem qualquer alusão

a um julgamento moral.

Após a descrição dos fatos,

diga a emoção que sentiu como

resultado do ocorrido. Evite falar

sobre a sua raiva. A raiva é uma

emoção dirigida ao outro e não

uma expressão de mágoa interna

e tende a colocar a outra pessoa

na defensiva. Será muito mais

forte e eficaz falar sobre o que

você sentiu, sobre a sua emoção:

Ex.: Eu fiquei magoada.

Fale sobre a necessidade

que tem de ser reconhecida.

Exemplo: Preciso sentir que

sou importante para você.


EXEMPLOS DE COMUNICAÇÃO

UTILIZANDO OS QUATRO

COMPONENTES:

COMPONENTES COMPONENTES

Uma mãe poderia expressar

esses quatro componentes ao

filho adolescente dizendo:

1 – Pedro, quando vejo

um copo sujo embaixo da

mesinha e mais suas meias

sujas perto da TV;

2 – fico irritada;

3 – porque preciso de mais

ordem no espaço que

utilizamos em comum;

4 – você poderia colocar o

copo sujo na pia da cozinha e

suas meias no cesto de roupa

suja no seu quarto?

Outro exemplo, numa situação de

trabalho:

Uma paciente estava

constantemente estressada

porque a colega que

trabalhava próxima à sua

mesa, saía e deixava seu

celular na mesa, que tocava

sem parar. Ela ficava irritada,

agressiva, jogava indiretas a

ela, desabafava com colegas,

no entanto a sua colega

continuava fazendo a mesma

coisa e o relacionamento

delas piorava a cada dia.

Se ela optasse por esse

processo, como poderia se

comunicar com a colega?

1 - Descrever o fato: Joana,

todas as vezes que sai da

sua mesa e deixa o seu

celular, ele toca várias vezes.

Hoje você saiu 3 vezes e a

cada vez que saiu ele tocou

cinco vezes;

2 - Descrever a emoção: fico

muito irritada, furiosa;

3 - Descrever a necessidade:

porque preciso de silêncio

para trabalhar;

4 - Pedido bem específico:

então, todas as vezes que

sair da sua mesa, por favor,

poderia levar o seu celular?

Existem outras formas de

Comunicação que geram conflitos,

violência e que nos alienam

do nosso estado natural.

JULGAMENTOS MORALIZADORES

O julgamento é alienante porque

subentende uma natureza errada

ou maligna nas pessoas que não

agem de acordo com os nossos valores.

Esse julgamento aparecem

em frases como:

O teu problema é ser

egoísta demais.”

Eles são

preconceituosos.”

Ela é preguiçosa.”

FORMAS DE JULGAMENTO

Culpa

Insulto

Depreciação

Rotulação

Crítica

Comparação

Esse tipo de Comunicação nos

prende num mundo de ideias sobre

o Certo e o Errado. A nossa

atenção se foca em classificar,

analisar e determinar níveis de

erros em vez de focar no que nós

e os outros necessitamos e não estamos

obtendo.

Existem outras formas de comunicação

alienantes, como:

Comunicar nossos desejos na

forma de exigências. É comum,

na nossa cultura, educarmos

com ameaças, implícita ou explicitamente,

provocando sentimento

de culpa ou punição se

aquela instrução não for atendida.

O ideal seria educar as nossas

crianças para que fizessem

EXEMPLO

Um casal. A mulher desejava

mais afeto do marido, no entanto

ela não sabia como obter

o que queria porque a sua forma

de comunicação não expressava

as suas necessidades. O

marido a rotulava de carente e

dependente e ela o rotulava de

indiferente e insensível.

Se o meu colega se foca muito

em detalhes e nos pormenores,

ele é rotulado como “Cricri”

e compulsivo. Se sou organizada

e sistemática, e o outro

não faz como eu, é lambão e

desorganizado.

Classificar e julgar as pessoas

estimula a violência. Em vez

de dizer que a violência é ruim,

posso dizer: Tenho medo do uso

da violência para resolver conflitos.

Perceba a diferença das

duas maneiras de expressar a

mesma ideia. Uma é através do

julgamento (a violência é ruim)

e a outra maneira colocando

o referencial em mim (tenho

medo do uso da violência para

resolver conflitos).

Um psicólogo, professor de

psicologia da Universidade do

Colorado, pesquisa a relação entre

linguagem e violência. Ele

pegou amostras literárias de vários

países do mundo e tabulou

a frequência das palavras que

classificam e julgam as pessoas.

O seu estudo constata uma

elevada correlação entre o uso

frequente dessas palavras e a

incidência da violência.

mudanças nas suas vidas não

para evitar punições, mas por

perceberem que a mudança as

beneficia. Da mesma maneira

deveria ser nos nossos relacionamentos.

Crescemos usando

uma linguagem que, em vez de

nos encorajar a perceber o que

estamos sentindo e do que precisamos,

nos estimula a rotular,

comparar, exigir e proferir julgamentos.

19


AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

ATENÇÃO, AUTOGESTÃO

E SAÚDE EMOCIONAL

compreensão a respeito

do papel da

atenção no equilíbrio

psicológico e emocional

de todos nós vem

se desenvolvendo significativamente.

Ferramenta altamente

flexível, a atenção atua em inúmeras

operações mentais. Ela

promove a compreensão, fortalece

a memória, vitaliza a aprendizagem,

fomenta a percepção do

que sentimos e por que sentimos,

auxilia na leitura das emoções

dos outros e nos corrige para

uma interação mais harmoniosa

com o nosso ambiente cultural.

Em síntese, ela se estabelece

como a base principal de nossa

saúde emocional. Se ela é fraca,

nos saímos mal. Mas se é poderosa,

nos leva a sobressair nas

mais diversas áreas.

Vitor Santiago

Borges

Psicólogo


A reflexão profunda exige

de todos nós uma mente

bem focada, pois quanto

mais nos distraímos, mais

superficiais são nossas

reflexões.”

Nessa breve reflexão, procuro estabelecer o papel

fundamental da atenção em nossas vidas a

partir de uma tríade fundamental: o foco interno,

o foco no outro e o foco externo. Uma vida realizada

exige o desenvolvimento dessas três formas

de atenção. Como um músculo, a atenção quando

bem utilizada se expande e fortalece, quando pouco

utilizada definha. Proveniente do latim attendere,

ela é a nossa base de contato, nos conectando com

o mundo e, ao mesmo tempo, determinando os

contornos de nossa experiência. Entretanto, começamos

a nos dar conta dos vários obstáculos inerentes

ao ambiente tecnológico em que vivemos e

que vêm produzindo um crescente subdesenvolvimento

da atenção, principalmente, nas crianças

de hoje. Uma tendência marcante é o fato de muitas

crianças crescerem em uma nova realidade que

as leva a se conectarem mais às máquinas do que

às pessoas. E, por muitos motivos, isso é perturbador,

pois o circuito social e emocional do cérebro

de uma criança se desenvolve por meio dos seus

contatos interpessoais ao longo de sua rotina. Por

conseguinte, menos tempo passado com pessoas

e mais tempo em interação com a tela do computador

e do celular produz significativos déficits

emocionais e sociais. Nos jovens de hoje, constatamos,

em escala crescente, uma dificuldade e resistência

cada vez maior para a leitura. Mais motivados

em checar as mensagens que lhes chegam

pelos aparelhos celulares através do Instagram,

do WhatsApp e Facebook, não se sentem atraídos

a explorar a expansão de novas descobertas pela

experiência literária. Em 1977, o visionário economista

e vencedor do Nobel, Herbert Simon, atentou

para esse perigo, alertando para o período em que

vivemos, caracterizado pelo paradoxo do excesso

de informação e empobrecimento da compreensão:

“a informação consumirá a atenção de quem

a recebe. Eis por que a riqueza de informações cria

a pobreza da atenção”. Aliado à posição de Simon,

o filósofo Martin Heidegger explanou posição semelhante

de maneira profética nos idos de 1950:

“A maré da revolução tecnológica cativa, enfeitiça,

deslumbra e diverte de tal forma o homem que o

pensamento computacional pode algum dia se tornar

a única forma de pensar, o que acarretará uma

perda do pensamento meditativo, tão fundamental

para a essência de nossa humanidade”.

A reflexão profunda exige de todos nós uma

mente bem focada, pois quanto mais nos distraímos,

mais superficiais são nossas reflexões. Uma

mente focada é capaz de se abstrair, intencionalmente,

das distrações emocionais, o que significa

que quem tem um foco aprimorado se torna relativamente

imune às turbulências psicológicas, adquirindo

maior capacidade de se manter calmo durante

os momentos de dificuldade, mantendo-se

no prumo em meio às agitações da vida emocional.

21


Por isso, a capacidade de tirar a atenção de uma

coisa e transferi-la para outra é essencial para o

bem-estar de todos nós.

Há uma relação fundamental entre atenção e intenção.

A intenção é nossa força motriz, aquilo que

nos move em direção a metas e alvos que passamos

a definir em nossa experiência, tendo em vista a

nossa realização pessoal. Se eu intenciono chegar a

algum lugar, a atenção será a minha ferramenta,

o meu veículo. No que se refere ao meu bem estar

global, o foco interno, o foco no outro e o foco externo

são fundamentais. Nesse sentido, a atenção voluntária,

a força de vontade ‘atencional’ e a escolha

intencional envolvem operações a partir do córtex

pré-frontal, sendo a base de desenvolvimento para a

autoconsciência, a reflexão, a deliberação e o planejamento.

O foco intencional, portanto, oferece uma

alavanca fundamental para a boa gestão do nosso

cérebro. Mas, se há uma operação assertiva que,

pelo foco intencional nos proporciona a autogestão

de nossas experiências internas, há, ao mesmo

tempo, uma operação mental errática que se desenvolve

por meio das divagações.

Uma pergunta que costumo fazer no consultório

psicológico aos pacientes é: “Ocorre de você se perceber

em diversos momentos fazendo uma coisa e

pensando em outra?”, e sempre me respondem:

“Frequentemente”. Partindo dessa pergunta, referida

aos pacientes em terapia, levantamos a questão:

Para onde os pensamentos divagam quando não

estamos focados em nossa experiência concreta?

Invariavelmente para o “eu” e suas preocupações,

para aquela narrativa altamente emocional relativa

a tudo sobre mim, e que confere uma poderosa e

ao mesmo tempo restritiva fixação no nosso ego. O

ego, portanto, é a matriz de nossa mente inquieta,

produzindo fixações imaginárias relativas ao seu

próprio valor e que fomentam as carências, os vícios

e as vulnerabilidades emocionais em todos nós. A

obsessão com o “eu” promove uma permanente tensão

em nossas experiências internas, pois, apegado

ao seu valor, transita por circuitos obsessivos difíceis

de desenganchar. Por outro lado, quando a mente

encontra foco em uma atividade criativa ou construtiva,

ela desenvolve o que os psicólogos que pesquisam

a criatividade chamam de flow. A mente flui e

o bem-estar emocional resulta como consequência.

Para a nossa autogestão, é fundamental o desenvolvimento

de uma habilidade cognitiva chamada de

“metaconsciência” que é basicamente a capacidade

de sermos observadores neutros e desapegados dos

nossos conteúdos mentais, especificamente, nossas

representações emocionais alimentadas pelo nosso

eu. Técnicas de meditação e mindfulness ajudam

no desenvolvimento dessa habilidade e promovem

o nosso foco interno. Com elas, aprendemos a nos

relacionar com nossos conteúdos de forma autônoma,

emancipada, integrando melhor o nosso self à

realidade. São dois, portanto, os registros nos quais

podemos aportar nossa experiência psicológica: o

real e o imaginário. No real, a mente se alinha aos

acontecimentos e à experiência desenvolvendo um

foco sensível e saudável. No imaginário, ela se desalinha,

envolvendo-se em turbulências emocionais que

proporcionam os estados de ansiedade e depressão.

Torna-se, por assim dizer, uma mente sem rumo. Ser

expectador e não ator das próprias narrativas mentais

é o caminho aberto para o bem-estar emocional,

mas para isso há a necessidade de se desenvolver o

foco interno, atento e puramente observador em relação

às narrativas emocionais e imaginárias. Com

o foco interno, potencializa-se a capacidade de desapego

e a experiência mental desenvolve a capacidade

de presença experiencial, antes sabotada pelas obsessões

imaginárias.

Quanto ao foco no outro e no ambiente externo,

ocorre basicamente o mesmo, pois o ego, alimentado

pela mente desatenta que rumina obsessivamente

sobre si própria, encontra-se incapaz de perceber

com maior amplitude e profundidade tanto

os outros com quem se relaciona como também o

ambiente em que concretamente existe. Por ser obcecado

quanto ao seu valor, o ego ocupa-se muito

mais em como os outros o percebem, do que em perceber.

Seu compromisso é formulado em “o que eles

estão pensando a meu respeito”. Com isso perde de

vista a percepção qualificada do outro e do ambiente

em que se encontra, criando pontos cegos, pois não

é o pensamento imaginário que potencializa nossa

consciência, mas a capacidade de estarmos intencionalmente

atentos ao valor do momento experimentado.

Em síntese, o pensamento que reproduz

as ruminações é o maior obstáculo à consciência,

que se amplia a partir da boa atenção.

Resumindo, a atenção plena em direção à nossa

experiência, tanto interna quanto externa, no momento

presente de nossas vivências reais, é o princípio

e o fim do nosso bem-estar emocional e do

aprimoramento de nossa autogestão.


AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

DEZ SINAIS DE QUE VOCÊ

ESTÁ ALIMENTANDO A

VÍTIMA QUE HÁ EM VOCÊ

Saia desse vale de lágrimas e lamentações e assuma a responsabilidade de fazer diferente.

vitimização é um traço

que aparece com muita

frequência nas pessoas

que procuram ajuda psicológica

em busca de um bálsamo

para as dores da sua alma. O maior

empecilho para a mudança desse

perfil são as crenças distorcidas e

o forte apego à autoimagem idealizada,

observada na fantasia de que

é sempre o outro o grande causador

da sua infelicidade.

Erocilda Gabriel

de Lima

Psicóloga

23


É importante descobrir quais são as bases que

sustentam essa imagem idealizada. O intuito aqui é

apresentar alguns sinais que podem auxiliar você a

identificar se faz da vitimização o seu estilo de vida.

Seja atento e sincero, pois essa descoberta é o

primeiro e mais importante passo para alcançar a

transformação que tanto almeja.

Vamos a eles?

1) Você sempre se vê como uma excelente

pessoa, mas que não teve sorte na vida nem

nos relacionamentos?

2) Você acredita que dá o melhor de si e que

só atrai pessoas que querem se aproveitar

de você?

3) Você sempre encontra um culpado ou

responsável pelo seu sofrimento ou problema

que está passando?

4) Você tem mais lamentações do que

alegrias para compartilhar?

5) Você frequentemente fala de fracassos,

perdas, traições e dificuldades na vida?

6) Você é expert em fazer grandes sacrifícios

pelos outros, sem que ninguém lhe peça?

7) Você sempre se sente carente e exige

atenção, cuidados, apoio e carinho?

8) Você acredita que sua vida hoje tem muito

a ver com a sua infância sofrida?

9) Você tem grande apego ao seu passado e

ele continua como referência para suas ações

presentes?

10) Você não perdoa com facilidade?

Agora sugiro que dê uma pausa nessa leitura e avalie

com muita sinceridade:

O que você recebe de

retorno do mundo está

lhe deixando feliz?

Você tem bons relacionamentos e se sente aceita

e amada pelo seu círculo familiar, de amizade, do

trabalho, no seu relacionamento conjugal?

Se sua resposta for um “não” para qualquer das

perguntas acima, você vai perceber que essa postura

lhe traz exatamente o oposto do que você deseja.

Então, vamos entender um pouco mais sobre a

vitimização e as possibilidades de libertação desse

processo em você?

O dicionário online de português descreve o vitimismo

como: “sentimento de ser vítima; sensação

de quem está ou foi sujeito à opressão, maus-tratos,

arbitrariedades, discriminação etc. Geralmente de

quem tem sempre essa percepção sobre o que lhe

acontece: sua vida não avança porque o vitimismo

não a deixa.”.

Sigmund Freud, pai da psicanálise, nos apresenta

o conceito de projeção e caracteriza esse comportamento

como um mecanismo defensivo que a

mente encontra para minimizar a ansiedade. Uma

vez que os impulsos inconscientes e indesejados são

projetados em outra pessoa.

A “vítima” projeta nas outras pessoas os próprios

pensamentos, comportamentos e emoções que são

julgados como inaceitáveis pela sua mente. Essa

forma distorcida de enfrentar a realidade acaba bloqueando

a sua autocrítica e a capacidade de avaliar

racionalmente as situações cotidianas.

Podemos perceber esse comportamento nas justificativas

apresentadas diante dos fracassos – “O

meu chefe não gostava de mim e por isso me despediu”

ou “Não passei no vestibular por que...” e assim

por diante.

Uma das estratégias dos vitimistas é a manipulação

emocional e, embora ela traga mais benefício

do que problema em curto prazo, não é o que acontece

no decorrer da vida, pois as pessoas, do seu

círculo de relacionamentos, acabam se cansando

de sofrer com as chantagens emocionais e muitas

tendem a abandonar a relação.

O forte apego ao vitimismo se dá devido aos ganhos

secundários, presentes em todos os quadros de

adoecimento, sejam eles, físicos ou mentais. A “vítima”

exige atenção e cuidados que, na maioria das vezes,

são dispensados pelos outros na tentativa de não

magoá-la. Geralmente é hipersensível, tende a distorcer

qualquer assunto considerando-os como ofensa

pessoal e, consequentemente, cria a maior confusão,

ataca e acusa os outros com muita intolerância.

Eva Pierrakos informa que muitas vezes essa autoimagem

idealizada impõe altos padrões morais

que dificultam ainda mais a compulsão em negar

a imperfeição presente no momento. O medo de se

expor, o disfarce, a tensão, a culpa e a ansiedade reforçam

a falsa pretensão imposta pelo eu idealizado

e acaba impedindo a pessoa de aceitar-se como é no

presente.


Embora existam facetas do eu idealizado que

não podem ser consideradas boas, éticas e morais,

como é o caso das tendências agressivas, hostis,

arrogantes e ambiciosas, muitas vezes são exaltadas

por algumas vítimas, por acreditarem que

elas constituem prova de força, independência e

superioridade.

Na maioria dos casos, existe uma combinação

dos padrões morais superexigentes com o orgulho

de ser invulnerável, distante e superior.

Muitas crises pessoais se originam desse dilema

interno – o forte apego à autoimagem idealizada,

mais do que qualquer outro problema de ordem

externa.

É muito importante perceber esse padrão repetitivo

e como ele se apresenta em sua vida e, partindo

dessa percepção consciente, por meio do autoconhecimento,

ir se aproximando do seu verdadeiro eu.

Quem sou eu realmente? Buscando responder a

essa pergunta de maneira profunda, você permite

que a sua intuição lhe mostre o caminho a ser

seguido como uma oportunidade de crescimento e

desenvolvimento.

Ao seguir esse caminho, você percebe a autopunição

que se impõe quando se vê diante dos fracassos

e dos seus sentimentos de raiva, mesmo que projetados

nos outros, mas que continuam reverberando

contra você mesmo e provocando doenças, perdas,

acidentes e fracassos exteriores sob as mais variadas

formas.

COMO SABER ONDE COMEÇOU ESSE

PADRÃO DESTRUTIVO?

Em regra ele começa na infância e nas relações

parentais.

A falta de amor maduro e de afeto suficiente

transformou essa carência em feridas, que ainda

não foram tratadas adequadamente e continuam

clamando de forma, muitas vezes inconsciente,

esse retorno ao passado.

É somente por meio do autoconhecimento que

você poderá chegar a um acordo com as mágoas,

decepções e necessidades não satisfeitas e, como

adulto, assumir a responsabilidade de realizar em

você as mudanças que a criança ferida vem se propondo

a realizar, ao recriar situações semelhantes

às vividas no passado.

Bibliografia consultada:

https://www.dicio.com.br/vitimismo - em 23/01/17

http://www.psiconlinews.com – o vitimismo manipulador - em 23/01/17

https://amenteemaravilhosa.com.br/eu-permito-nao-ser-uma-vitima/ -

em 23/01/17.

FREUD, Sigmund. O Ego e os Mecanismos de Defesa. Porto Alegre: Artmed.

2006.

PIERRAKOS, Eva. O Caminho da Autotransformação. São Paulo. Cultrix. 1990.

A partir dessas descobertas e na busca por um

estilo de vida mais prazeroso, leve e feliz, um bom

começo seria:

1) Aceitar, respeitar e valorizar-se como é,

sem medo, sem condenação e sem rótulos.

2) Assumir suas falhas e erros sem projetálos

em ninguém.

3) Desistir de resolver os problemas

familiares, de amigos ou pessoas próximas e

conhecidas, limitando-se apenas a contribuir

caso lhe solicitem.

4) Aceitar dar um “não” como resposta às

solicitações de terceiros quando não está

disponível internamente para atendê-los.

5) Abandonar a necessidade de ser sempre

bonzinho/boazinha.

6) Deixar de cobrar e esperar a retribuição

das suas ações ou do reconhecimento delas.

7) Parar de culpar as pessoas e assumir a

responsabilidade por tudo que lhe acontece e,

a partir daí, fazer escolhas mais assertivas.

8) Ser autêntico e não precisar se esforçar

para agradar.

9) Desapegar-se de todos os medos e

traumas vividos na infância e assumir a

responsabilidade de ser feliz no presente.

10) Agradecer pelas experiências vividas e

conseguir praticar o perdão.

A psicoterapia pode ajudar você a ressignificar

a sua história pelo desenvolvimento de uma percepção

mais realista do mundo e de si mesmo. É

preciso parar de olhar para fora e começar a olhar

para dentro. Não tenha medo de mergulhar com

profundidade. É no fundo do mar que se encontram

os tesouros naufragados e também é no mergulho

mais profundo no interior do seu Ser que você vai se

descobrir e se encantar!

Não estou querendo dizer que esse mergulho seja

fácil, pois sei das dificuldades e dores a serem enfrentadas,

apenas lhe afirmo que vale a pena pagar

o preço da transformação. Resgate-se! Vá em busca

do seu maior tesouro!

25


AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

AS

SER

TIVI

DA

DE

Vem de “asserto” que significa

uma afirmação considerada verdadeira,

ou seja, uma assertiva.

É dizer “sim” quando se quer dizer

“sim”e principalmente dizer

“não” quando se quer dizer “não”.

Significa falar o que se pensa ou

se sente, para a pessoa certa, de

forma apropriada, no momento

oportuno e sem agredir o outro.

O treino assertivo é de grande

valia para melhorar os nossos

relacionamentos interpessoais.

A passividade, também chamada

de não asserção, diz respeito

àquelas pessoas que se

sentem muito ansiosas e impedidas

de dar respostas adequadas

dentro do relacionamento

interpessoal.

São pessoas tímidas, boazinhas

e incapazes de afirmar

seus direitos e agir com os seus

sentimentos. Preocupam-se com

os outros e sentem-se culpadas

se negarem algo a alguém.

Geralmente possuem baixa autoestima

e temem assumir qualquer

posicionamento pessoal

que contrarie o outro.

Por outro lado, no comportamento

agressivo, a pessoa consegue

expressar pensamentos,

sentimentos e opiniões, mas faz

de uma forma que viola os direitos

da outra pessoa, tentando

impor a sua vontade, seja através

de uma maneira de falar

agressiva (gritando, ameaçando,

intimidando) ou através de gestos

ameaçadores (cerrar os punhos,

atacar fisicamente o outro,

etc.). O objetivo da agressão é dominar

o outro, através de humilhação,

da degradação, de modo

Gabriela

Brunelli Bofill

Psicóloga

que os demais sintam-se fracos e

menos capazes de defender seus

direitos. Esse tipo de comportamento

traz também consequências,

para a pessoa agressiva

tais, como: conflitos interpessoais,

culpa, tensão, solidão; ela se

sente aborrecida, além de perder

oportunidades.

Voltando à asserção, as vantagens

dessa forma de se comunicar

são a melhora da capacidade

de negociação, o aumento da autoconfiança,

confere mais credibilidade

e diminui o estresse.

A comunicação assertiva é

transparente, honesta e de mão

dupla, ou seja, o assertivo também

aceita quando o outro é assertivo

com ele, quando as pessoas

dizem as coisas de forma

clara e objetiva.

Pesquisas demonstraram que

o aprendizado de respostas assertivas

inibirá ou enfraquecerá

a ansiedade previamente experimentada

em relações interpessoais

específicas.

Utilizando-se a assertividade,

a probabilidade de ser compreendido

e atendido pelo outro

aumenta e, mesmo quando, apesar

de ser assertivo, as pessoas

envolvidas não chegam a um

compromisso, quem foi assertivo

sente-se satisfeito por ter

conseguido se expressar de forma

adequada, sabendo que fez a

sua parte.

Para criar habilidades no campo

da assertividade, faz-se necessário

procurar um Psicólogo,

preferencialmente que tenha

abordagem Comportamental ou

Cognitivo-Comportamental, pois

um profissional, com essa qualificação,

utiliza técnicas específicas

para a aquisição dessa forma

de comunicação interpessoal e

isso garante relacionamentos

mais adequados e saudáveis.


Você gostaria de saber como está a sua assertividade?

Imagine as situações abaixo e escolha a opção que corresponderia, na maioria das vezes, a sua forma de reação:

1

Você emprestou dinheiro para um amigo do trabalho que acertou de lhe pagar quando recebesse o próximo

salário, mas, uma semana após a data do seu pagamento, o amigo ainda não fez nenhuma menção da dívida.

Sua atitude?

A) Esperar até que o amigo se manifeste.

B) Cobrar o pagamento ouvindo a justificativa para o não pagamento, mas afirmando que precisa do dinheiro.

C) Chama-o de irresponsável e exige que ele pague juros pelo atraso.

2

Você atende ao telefone e uma pessoa pede para que você contribua com uma campanha filantrópica com uma

quantia fixa mensal. Você então:

A) Diz timidamente que não quer colaborar, mas cede à insistência da pessoa para se livrar da situação ou por temer a

sua reprovação pelos outros por ter negado um pedido de ajuda.

B) Elogia a campanha, mas pede desculpas por não poder contribuir e pede licença para desligar o telefone.

C) Agride verbalmente a pessoa por tê-lo incomodado em sua casa, avisa para não ligar mais e desliga o telefone

enquanto a outra pessoa ainda está falando.

3

Você admira profundamente uma pessoa que não lhe conhece e, por coincidência, senta-se ao lado dela

durante uma viagem. Você então:

A) Tem muita vontade de expressar sua admiração, mas passa toda a viagem calado, por vergonha do que a pessoa possa

pensar de você ou por achar que ela não gostaria de conversar com você.

B) Apresenta-se e afirma que admira a pessoa, tomando o cuidado de respeitar o direito do outro de não querer conversar

naquele momento.

C) Apresenta-se e afirma que admira a pessoa, insistindo em conversar com ela, mesmo que ela esteja se preparando para

dormir, pois você não quer perder essa oportunidade única.

4

Você comprou um produto no supermercado e, após ter pago e já saindo, percebe que o caixa lhe deu

dinheiro a menos no troco. Você então:

A) Imagina que irá atrapalhar se interromper o serviço do caixa e vai embora um pouco chateado com o dinheiro perdido.

B) Retorna ao caixa e afirma que está faltando uma quantia para o troco correto, pedindo para que ele complemente o dinheiro.

Caso o caixa negue-se a pagar, chama o gerente para explicar a situação e afirma que tem o direito de receber a parte que falta.

C) Acusa em voz alta o caixa de querer enganá-lo e exige o dinheiro, ameaçando denunciá-lo ao gerente.

5

Você deixou seu carro na oficina e está sem transporte para ir ao trabalho por alguns dias, mas você sabe

que um colega passa todos os dias, próximo a sua casa. Você então:

A) Não fala nada porque prefere não incomodar ninguém com favores e fica indo de ônibus.

B) Pergunta ao colega se pode ficar dando-lhe carona.

C) Pede carona ao colega na frente dos outros dizendo que istso não custaria nada para ele. Em seguida, pergunta se ele não

poderia sair um pouco mais cedo de casa.

Se você marcou a letra “B” na maioria das situações acima, provavelmente você tem um padrão de comportamento assertivo. Porém,

se a opção “A” foi a mais predominante, seu comportamento é característico de um padrão não-assertivo. E finalmente, caso tenha

marcado em maior número a opção “C” é bem provável que a sua maneira de se comunicar com as pessoas seja do tipo agressivo.

27


AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

VOCÊ SE CONSIDERA

UMA PESSOA CRIATIVA?

Você é criativo? Você se considera criativo? Quer ter uma ideia?

Então responda o questionário abaixo:

1

Quando você sai para comer:

2

Quando vai assistir a um filme:

3

A) Prefere ir a restaurantes que já conhece e

pedir pratos que já provou antes.

B) Prefere variar, conhecer novos restaurantes e

tipos de comidas.

Quando tem um problema, seu primeiro

pensamento é:

A) Negativo, fica preocupado e perde o sono.

B) Nas possibilidades para resolver o problema.

4

A) Geralmente escolhe os mesmos gêneros

B) Gosta de variar, costuma alternar os gêneros.

Quando vai se vestir ou vai às compras:

A) Fica no básico, preferindo cores neutras e tende a

seguir o que as pessoas têm usado no momento.

B) Arrisca, misturando cores, tecidos, texturas e

acessórios, tentando criar um estilo próprio.

5

Quando chama os amigos para sua casa você:

6

Você gosta de:

A) Encomenda algo.

B) Faz a comida.

A) Pensar de forma mais racional.

B) Sonhar acordado.

7

Quando compra um carro escolhe a cor:

A) De acordo com o que é mais fácil de revender

ou que estraga menos.

B) Que gostou mais.

8

Você, geralmente, numa palestra:

A) Não gosta de fazer perguntas e sai sem perguntar nada.

B) Sempre faz pelo menos uma pergunta, nem que seja

para o colega ao lado.

Sarah Sammy

M. Sampaio

Neuropsicóloga

RESULTADO

Se você respondeu a letra B em mais da metade

dessas perguntas, parabéns, pois você tem um

grande potencial criativo.


COMO SERIA POSSÍVEL TREINAR A

CRIATIVIDADE DE FORMA SIMPLES EM

SUA PRÓPRIA CASA?

Abaixo estão enumeradas quatro maneiras para

esse treinamento:

PRODUÇÃO DE TEXTO

Biofeedback

Você pode recortar de uma revista palavras

aleatórias e construir um texto que contemple

todas elas, ou pode também recortar uma

gravura e fazer um texto sobre ela.

A Criatividade pode ser avaliada/medida e treinada

através de novas tecnologias utilizadas na

abordagem da neuropsicologia clínica. Muitas pessoas

acham que ser criativo é herança genética ou

coisa de gênios. Na verdade, a criatividade faz parte

do dia a dia de pessoas comuns como eu e você.

Ela pode e deve ser estimulada e aprimorada desde

a infância.

Inúmeras pesquisas mostram que a criatividade

é fundamental para um bom desempenho cognitivo.

Crianças e adultos, com déficits na criatividade,

acabam tendo dificuldades: primeiramente

na aprendizagem e posteriormente na área organizacional.

Assim, a criatividade passou a ser vista

como algo desejável e necessário para a realização

pessoal dos indivíduos.

Baseando-se na importância do tema, muitas

técnicas de avaliação e aprimoramento da criatividade

começaram a surgir nos últimos tempos.

Uma delas foi o Neurofeedback, que consiste na

estimulação de ondas cerebrais capazes de induzir

um estado maior de criatividade. A associação de

exercícios específicos a essa técnica de estimulação

possibilita a potencialização de forma rápida

e duradoura da inteligência criativa. Isso porque,

atualmente, a criatividade é considerada como um

tipo de inteligência, pois abrange várias funções

cognitivas, como a inteligência verbal e a inteligência

executiva.

Se você quer ser bem-sucedido em todos os âmbitos

da sua vida, não perca tempo e comece hoje

a estimular sua criatividade, você viu que é muito

fácil e simples, só precisa querer. Todos os recursos

estão em suas mãos, mas se você tem dificuldade

para executar essas tarefas sozinho, procure ajuda

de um profissional (neuropsicólogo) que poderá te

orientar de forma personalizada.

AUMENTO DOS SEUS

ESTÍMULOS NO DIA A DIA

Coma coisas diferentes, vá a lugares que nunca

foi, conheça novas pessoas, veja obras de arte,

leia poemas, use coisas diferentes no seu visual,

entre outros.

RELAXAMENTO DA MENTE

Pessoas muito rígidas possuem dificuldade de

ter flexibilidade cognitiva. Logo, possuem muitas

restrições mentais, pensando sempre da mesma

maneira, tendo dificuldade de achar novas

soluções e estratégias para as problemáticas

cotidianas. Geralmente são pessoas que

sempre cometem os mesmos erros e possuem

dificuldade de serem assertivas.

BRINCADEIRAS

Descontrair-se, sorrir e usar o bom humor ajuda a

estimular o lado lúdico que, por sua vez, alimenta

a mente com boas ideias.

29


AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

O ESTADO DE FLOW E A

PERSONALIDADE AUTOTÉLICA

e acordo com relatos

biográficos, ao trabalhar

no teto da Capela

Sistina, no Vaticano,

Michelangelo Buonarroti

(1475-1564) esteve de tal

modo absorvido em seu trabalho

artístico, que ignorou a fome, o

sono e o cansaço, submetendo-

-se ao desconforto até desmaiar

de exaustão. Por mais de uma

semana, não trocou as roupas e

os sapatos, a ponto de a pele dos

Vitor Santiago

Borges

Psicólogo

pés se descolarem quando precisou

retirá-los. Sua capacidade

de persistir no trabalho criativo,

desconsiderando a fome e a fadiga,

indica que Michelangelo

foi o que a Psicologia que estuda

a motivação denomina de “personalidade

autotélica” – do grego

autos (eu), e telos (fim). Trata-se

do indivíduo que desfruta significativamente

de sua atividade,

deixando-se absorver completamente

enquanto retira da mesma

o máximo de motivação e gratificação.

Geralmente, tais pessoas

fazem as coisas em razão de si

mesmas, do próprio prazer que

extrai delas, em vez de buscarem

nas mesmas uma meta, um resultado

esperado ou um objetivo

externo em relação à atividade. A

experiência de realização em torno

de determinada atividade não

visa um fim, pois o próprio processo

já é o fim desejado. É como

o escritor que não escreve um livro

para se divulgar ou se tornar

reconhecido, mas simplesmente

porque escrever o faz se sentir

vivo e realizado, levando-o àquele

estado de profunda gratificação,

que os psicólogos que estudam a

criatividade e as bases da motivação

intrínseca chamam de flow.


Desde os primeiros estudos sobre o processo

criativo, realizados na década de 1960, pesquisas

qualitativas e quantitativas, que exploram as bases

da motivação intrínseca, observam o perfil de

pessoas que buscam atividades com grande fervor

e dedicação, sem que haja qualquer tipo de recompensa

externa para isso. O substrato dessa motivação

(flow) exprime o estado de viver em “capacidade

total” em torno de um trabalho ou atividade que

envolva a experiência criativa. Até o presente, as

observações que apontam para o estado de flow o

definem como um estado subjetivo que envolve as

seguintes características:

1

2

3

4

5

6

Concentração intensa e dirigida

naquilo que se está fazendo no

momento

Fusão de ação e consciência

Perda da autoconsciência

reflexiva, ou seja, perda da

consciência de si mesmo como

ator social

Sensação de que pode controlar

as próprias ações, sentindo

a segurança de que se pode

responder ao que quer que

aconteça a seguir

Distorção da experiência

temporal (sensação de

que o tempo passou mais

rapidamente do que o normal)

Experiência da atividade

como sendo intrinsecamente

gratificante, a ponto do

resultado final ser apenas um

efeito colateral do processo.

A absorção, ou seja, o flow presente nessas experiências

momentâneas de alto rendimento, envolve

basicamente uma intencionalidade da atenção.

Pela concentração intensa e o envolvimento exigidos

para a atividade, ocorre uma fusão entre ação e

consciência, em que a última encontra o seu fluxo

genuíno na ação criativa, produzindo assim, uma

subtração da atenção voltada para o eu. O flow surge

no momento em que o eu é completamente apagado

do cenário da consciência. Pela ausência de

crítica e preocupação com o próprio desempenho,

somado a uma postura de mindfulness, caracterizada

pela ausência de julgamento, a consciência se

expande em direção ao flow profundo. O tempo em

que se passa absorvido nesse estado criativo sofre

uma distorção por parte da consciência, pois, ao

contrário do estado de tédio, passa rapidamente

sem que o envolvido o perceba. No dizer dos poetas,

o tempo cronológico (objetivo) é superado pelo

tempo kairológico (subjetivo, tempo do coração),

em razão da experiência de deleite realizada.

Pesquisas longitudinais sobre flow levaram os

observadores a constatar que sua ativação está diretamente

relacionada às conquistas nos estudos,

no trabalho e nos esportes. Csikszentmihalti e colaboradores

(1993) observaram o desenvolvimento

de adolescentes talentosos, durante o ensino médio,

e constataram que o compromisso com uma

área de talento desde os sete anos se impõe paulatinamente

pela identificação dessa área como fonte

de flow aos 13 anos. As conclusões que surgem

dessas pesquisas sugerem que a força de compromisso,

a persistência e as conquistas realizadas

pelos adolescentes estão diretamente vinculadas

às experiências anteriores de flow. As recompensas

intrínsecas desse estado de absorção estimulam

não apenas a persistência em torno de uma determinada

atividade, mas também a autoconfiança

que se desenvolve a partir dela, promovendo uma

boa autoestima.

O conceito de “personalidade autotélica” vincula-se

intrinsecamente ao estado recorrente de flow,

pois seu desenvolvimento emerge do envolvimento

experimentado em situações que demandam altas

habilidades e desafios. A criação da Capela Sistina

é um exemplo. Nos estudos de adolescentes norte-americanos,

ela se relaciona a estados afetivos

positivos, como também à qualidade de objetivos

pessoais em que o foco amadurece com clareza a

partir do talento. Não é esperada a afirmação “eu

quero ser famoso” em uma personalidade autotélica.

Ao contrário, sua expressão tende a se caracterizar

como “quero ser um talentoso desenhista”.

31


Em pesquisa realizada com adultos norte-americanos,

Abuhamdeh (2000) observou que, quando

comparada com pessoas que não apresentam tais

características, a personalidade autotélica opta

por situações que estimulem o seu crescimento,

envolvendo-se em todas as oportunidades que

desafiem suas habilidades. Outra constatação é

de que as mesmas tendem a apresentar baixo estresse,

pois mantêm seu interesse no quadrante

de fluxo (flow). Como o estado de flow promove recompensas

intrínsecas para a saúde mental, um

dos objetivos da Psicologia Positiva é ajudar as pessoas

a identificar as atividades que estimulem o

flow, mediante duas perspectivas que perpassem

suas rotinas: 1. encontrar e dar forma a atividades

e ambientes que conduzam mais a experiências de

flow; e 2. identificar características pessoais e habilidades

de atenção que possam ser aprimoradas

para aumentar as probabilidades de flow.

Como o estado de flow e a personalidade autotélica,

que dele se desenvolve, se baseiam em um

reconhecimento do próprio talento e da área de

interesse que o promove, é lícito questionarmos

os padrões de desenvolvimento pessoal em torno

de nossas atividades desde o ensino fundamental.

Vivemos um modelo pedagógico generalista

que condiciona os indivíduos a reproduzirem informações

comuns em vez de estimular talentos

individuais. Essa educação que promove mais a

domesticação, em torno da informação, do que o

estímulo da aptidão individual vem produzindo

indivíduos desplugados dos seus talentos e predicados

individuais. Sobreposto a isso, em muitas

experiências familiares da atualidade, vemos se

reproduzir a lógica da imposição das expectativas

paternas sobre os interesses originais dos seus descendentes.

Um indivíduo que nasce com o interesse

e talento para ser pianista muitas vezes precisa

colidir ou não, dependendo do seu temperamento,

se é mais agressivo ou mais passivo, com as expectativas

dos seus pais. Pais críticos e cheios de expectativas

narcisistas em relação aos seus filhos,

ou pais frustrados, que não conseguiram realizar

os próprios sonhos, sabotam um talento de forma

tão inconsciente quanto inconsequente. Esforçamse

em domesticar seus filhos forçando-os aos seus

desejos, sem se ocuparem em perceber os talentos

e interesses naturais dos seus descendentes. As demandas

coletivas solapam e sabotam o desenvolvimento

das singularidades, e, como a singularidade

é a característica mais profunda e definidora

de todos nós, precisamos lutar com afinco, tanto

contra a família quanto contra a cultura para nos

tornarmos o que realmente somos.

Um dos grandes desafios da Psicologia e da

Pedagogia atuais é fornecer modelos e parâmetros

saudáveis que esclareçam e estimulem os talentos

individuais, em vez de generalizar formatos e padrões

que dissociem os indivíduos de suas áreas de

interesse mais fecundo, vinculadas ao desenvolvimento

de suas personalidades. Quanto maior o

número de personalidades autotélicas, melhor o

desenvolvimento e enriquecimento da cultura em

que vivem.


AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

PARA ALÉM DO

PRINCÍPIO DO PRAZER

Buscamos o estado emocional ideal. Queremos nos sentir bem interna e

externamente. Nosso compromisso não é com a dor, mas com o prazer e a felicidade.

INFELIZMENTE NÃO NOS SENTI-

MOS sempre assim. Precisamos

lidar com dores e tristezas que

são inevitáveis em nossas experiências.

E, quando sentimos

essas emoções, tentamos escapar

delas, como se a dor e o

desprazer fossem uma antítese

do que queremos ou sonhamos.

Queremos ser bem sucedidos

e sempre de bem com a vida.

Quando algo ocorre fora do nosso

alcance, seja uma rejeição

ou um insucesso, esmorecemos

e deprimimos. Nossa vida interior

está sempre direcionada

ao prazer, jamais para a dor. É

inato. Todos nós nascemos com

o compromisso para o sucesso,

para sermos amados e bem

sucedidos. Buscamos o bem-estar

de nós mesmos em todo e

Vitor Santiago

Borges

Psicólogo

qualquer momento como um

instinto tatuado inapagável. Se

as coisas não ocorrem conforme

nossas expectativas, mudamos

de humor. Por que somos tão

insaciáveis em tudo o que não

precisamos, mas sempre no que

queremos? Por que buscamos o

tempo todo o nosso desejo e não

o nosso crescimento? Porque ignoramos

nossa lei natural de

crescimento que definirá nossa

real felicidade e finalidade.

Em 1920, Freud escreveu o texto

“Além do Princípio do Prazer”,

nele elaborou uma lei de “constância”,

em que a quantidade

de energia mais baixa possível

corresponderia a uma diminuição

de quantidade de excitação

em nosso organismo psicofísico.

Por isso escreveu: “A tendência

dominante da vida mental e,

talvez, da vida nervosa em geral,

é o esforço para reduzir, para

manter constante ou para remover

a tensão interna devida aos

estímulos”. Quando nos encontramos

em um estado de tensão,

seja física ou emocional, e dele

conseguimos nos liberar, sentimos

um prazer de grande efeito.

Libertamo-nos da tensão que antes

nos atormentava e, enquanto

experimentamos essa liberação,

um prazer real se manifesta.

Freud parte do princípio da

homeostase, do equilíbrio psicológico

e físico para definir o

bem-estar humano. A partir desse

princípio, entende que o ser

humano sempre busca retornar

a esse estado mental e físico em

sua experiência, buscando um

perpétuo estado de deleite e alívio

e não querendo ser subtraído

do mesmo. Esse é o princípio

do prazer, mas em contrapartida

a ele precisamos lidar com

a realidade, que nem sempre, e

muitas vezes, não atende a essa

demanda. Do estado infantil à

idade adulta, precisamos experimentar

a dor, a frustração e o

33


que não queremos encarar. É uma lei evolutiva da

qual queremos sempre escapar. E, em nossa experiência

emocional, que se torna mais complexa

com o passar dos anos, tudo vai se tornando mais

sutil. Um sentimento não atendido, uma demanda

de nossa parte recusada, forma em nós aquele estado

de tensão que não queremos tolerar. Quando

fracassamos em uma intenção ou planejamento, a

dor se torna complexa, emocional. Quando somos

rejeitados e não acolhidos, o processo se desenvolve

e se instala em nós em forma de sofrimento.

Mas nossa busca perpétua por prazer e pelo bem-

-estar imediato nos levará à felicidade, àquele estado

mental que define a estabilidade do nosso ser?

Não!

O ser humano é também predestinado à frustração

e à dor se quiser evoluir. Sua evolução visa

não o prazer, mas a felicidade. E, para sermos felizes,

precisamos aprender a sentir a dor, por isso

defino aqui três escolas distintas de “felicidade” e

somente uma chegará à meta.

Primeiro, os bon-vivants, que entendem a vida

como usufruto e não como crescimento. Buscam

se preencher com o momento presente. Querem

gozar de cada momento, sem deixar passar nada!

Imóveis, buscam o prazer sempre renovado. O

objetivo de vida não é criar e agir, mas desfrutar.

Buscam o menor esforço ou apenas o esforço

necessário parar encher de novo a taça de vinho.

Como palmeiras preguiçosas, estendem-se o máximo

possível para recolher os raios do Sol. O homem

feliz, para esses, será aquele que souber saborear

ao máximo o momento que tem em mãos.

Segundo, os preguiçosos e pessimistas, que

encaram a vida como um problema ou fracasso.

Sentem-se tão mal colocados diante da vida que

a encaram como um constante escapar visando

o próprio bem-estar. Para esses, vale menos ser

do que mais ser, e o melhor seria “ser de modo

algum”. Querem uma vida sem problemas, sem

riscos e por isso diminuem os contatos e esforços

para não se arriscarem. Abaixam suas luzes e se

fecham em suas epidermes e casulos, pois o ser feliz

será aquele que pensar, sentir e desejar menos.

Por fim, os amantes, para os quais viver é ascender

e descobrir, pois vale mais ser do que não ser,

buscando tornarem-se sempre mais. Para esses, a

felicidade e o bem-estar exigem conquista e crescimento.

Querem ir além para chegar a si mesmos.

A felicidade e o prazer, sob esse ponto de vista, não

é o bem buscado, mas efeito e recompensa de uma

consciência alcançada ou um talento descoberto e

realizado. É uma consequência do esforço, de uma

tensão em direção ao crescimento. Sem buscar

diretamente a felicidade, eles buscam a própria

consciência. Tomam a posse do seu ser e encaram

as próprias sombras querendo ultrapassá-las.

Nada realizam, a menos que seja num crescendo.

Felicidade de crescimento é a felicidade para os realizados

na Terra, buscando conexões fundamentais

e vinculações vitais. Sob esse prisma, os seres

humanos felizes precisam se desenvolver em três

sucessivos movimentos:


CULTIVO DE SI MESMO

CONEXÃO COM A VIDA

E AMPLITUDE

O ser humano só se torna humano na condição

de se cultivar!

Precisa buscar cada vez mais unidade em suas ideias,

sentimentos e condutas. Ser íntegro. Cultivar-se é se

apropriar de si mesmo. Ter compromisso em encarar

e superar seus conteúdos em forma de apegos e

dependência. Lidar com medos e paixões. Aprender com

suas dores e ir além delas. Ter vida interior em direção

a objetos cada vez mais elevados, a metamotivos e

metavalores, como salientou o psicólogo humanista

Abraham Maslow. É individuar-se segundo um dos maiores

psiquiatras do último século e fundador da Psicologia

Analítica, Carl Gustav Jung. O ser humano que se encontra

na senda da individuação perde as influências da massa

coletiva e se singulariza, tornando-se um ser humano

original e consciente de si. Assumindo a substância de

sua vida interior, ele se fecunda. Vai além das imagens e

representações culturais e coletivas. Encontra-se consigo,

tornando-se um ente singular em contato íntimo de

descoberta. Um ser humano assim é feliz, pois encontrou

sua humanidade. Não foge de si para se tornar refém de

representações e imagens estéreis. Simplesmente torna-se,

sem se preocupar ou se ocupar com os vícios narcísicos da

comparação com os demais.

AUTONOMIA E ABERTURA

Por ter vida interior e contato consigo, o indivíduo não

se isola, mas também não depende. Sem dependências

emocionais sabe que a felicidade não está no outro,

mas em si mesmo, no seu desenvolvimento interior.

A ilusão de que outro o fará feliz se dissipa em

consequência do seu contato íntimo. Por isso, a partilha

é segura e fecunda. Encontra, no outro parceiro e

nas demais relações, conexões de troca e não de

dependência. Vertido para dentro, sabe viver para

fora. A felicidade não está no outro, mas pode ser

aquecida na partilha. Quer os outros como parceiros e

companheiros emocionais a partir dos quais aquece a

própria seiva da vida interior. Não dependência, mas

encontro. Nas relações desenvolve um sofisticado senso

de seletividade. Não está aberto a ter intimidade e

familiaridade com todos, mas somente com aqueles que

valem a pena.

Sendo cada vez mais ele mesmo, se esforça por

ampliar a base do seu ser na descoberta do que

o famoso psiquiatra e fundador da Logoterapia

(terapia do Sentido), Viktor Frankl, chamou

de “presença ignorada de Deus”. A última e

primordial conexão do indivíduo é com o Sagrado,

quando encontra seu senso de identidade

costurado ao tecido da existência. Em carta

ao amigo P.W. Martin, Jung escreveu: “O maior

interesse de meu trabalho não é o tratamento

da neurose, mas a abordagem espiritual... que é

a verdadeira terapia”. E, em outra carta escrita

ao amigo Lucas Menz, afirmou: “Descobri que

todos os meus pensamentos circulam ao redor

de Deus como os planetas ao redor do Sol, e

são irresistivelmente atraídos por Ele. Sinto

que seria um gravíssimo pecado opor qualquer

resistência a essa força”. E, para o padre Victor

White, escreveu: “A divina presença é maior do

que qualquer outra coisa. Existe mais de um

caminho para a descoberta do genus divinum em

nós. Essa é a única coisa que importa. Desejei

ter a prova da existência de um Espírito vivo e a

consegui. Não me pergunte a que preço”.

Felicidade, além do princípio do prazer, é aquela

base estável que não é dada, mas oferecida a

todos que se sentem chamados a conquistá-la.

Ela é o resultado de nosso crescimento interior,

daquela evolução individual que só compete a

nós realizar. Ela não está isenta de dor como

também demanda coragem. Mais do que

coragem, sobriedade e sensibilidade frente às

ofertas contínuas da vida. Começa em nosso

olhar e se dilata por todo o nosso ser. É uma

lei de evolução e crescimento fundamental. A

felicidade é uma escola de seleção em que os

selecionados aprenderam a ser a partir de si

mesmos. Aprenderam a dar as mãos para a

vida aceitando seus desafios, contentamentos

e descontentamentos. Ela cresce à medida que

o ser humano passa pelas oscilações dos seus

momentos visando mais. O além do princípio

do prazer é aquele além em que podemos ser a

partir do nosso ser. Mas, nesse processo, não

temo afirmar: há dores que me são vitais, como

também há prazeres que me são mortais.

35


AUTOCONHECIMENTO

E COMPORTAMENTO

FOCO NO AGORA

O CAMINHO PARA O SUCESSO

Para você que sonha em ter uma transformação na sua

vida, mas sente que alguma coisa o trava, o congela,

sente que anda em círculos, que repete os mesmos erros

e não sai do lugar: este texto é para você!

Para se obter sucesso, é preciso ter mudanças em nosso olhar e

ações perante a vida. Duas coisas importantes são: ACORDE e AJA!

Primeiramente é necessário que você faça uma autoanálise. Pare e

reflita sobre como são suas atitudes diante da sua vida: no trabalho,

nos estudos, nas relações familiares e nas relações amorosas. Será

que em todas essas facetas da vida você está se dedicando?! Você

oferece um tempo de qualidade para elas ou apenas passa por essas

facetas de forma mecânica e passiva?!

Uma outra reflexão importante é saber se você se sente merecedor

de tudo o que deseja. Como? Respondendo esse questionamento

com sinceridade. Seus pensamentos são mais positivos e otimistas

ou mais negativos e pessimistas?! Você sabia que o pensamento é o

combustível para nossas ações?! Observe esse pequeno esquema:

PENSAMENTO

EMOÇÃO

COMPORTAMENTO

RESPOSTA FISIOLÓGICA

Sarah Sammy

M. Sampaio

Neuropsicóloga


Você se sente

merecedor

de tudo o que

deseja?

Diante disso, perceba que, para cada pensamento,

existe uma emoção associada. Isso porque, para

cada pensamento, produzimos certos tipos de neurotransmissores.

Por exemplo, se você pensa de maneira

negativa o seu corpo libera mais adrenalina,

epinefrina e cortisol que, por sua vez, gera uma emoção

negativa, como o medo. Consequentemente, você

terá um comportamento também negativo, como,

por exemplo, deixar de apresentar um trabalho na

faculdade, “matar” uma reunião importante, não realizar

uma apresentação em público, deixar passar

oportunidades. Tudo isso acontece também devido à

resposta fisiológica que o caminho do pensamento

percorre: o coração acelera, vasoconstrição (mãos

frias e com sudorese), tensão muscular, e isso pode

levar à paralisação de suas ações. Logo, o medo é paralisante,

não apenas por questões emocionais, mas

também fisiológicas.

Assim, é imprescindível que você mude seus pensamentos

para que possa conquistar tudo aquilo que

deseja. Mas, como posso fazer isso?! Todas as vezes

que o pensamento negativo invadir sua mente

bloqueie-o e substitua-o por um pensamento positivo

imediatamente. Tomando essa atitude positiva

por diversas vezes, o seu cérebro mudará o padrão.

Sempre que pensar nas dificuldades, fale para si

mesmo: eu posso e eu consigo, repetidamente. Se

puder, diga em voz alta.

Um outro exercício: todos os dias pela manhã, ao

acordar, coloque uma música animada que o motive.

Vá para frente do espelho e fale em voz alta: “eu posso,

eu consigo, eu sou poderoso(a)” e pule ao mesmo

tempo. Isso ativa todo o seu corpo, bem como os seus

neurotransmissores e hormônios, liberando citocina,

cerotonina e endorfina, o que levará à produção de

emoções positivas e de autoconfiança. E assim você

terá pensamentos positivos e assertivos.

AJA! “A neurociência mostra que nosso cérebro

acaba por aceitar e até mesmo procurar o padrão

que mais se repete. Nossa mente, buscando por segurança

e subsistência, compara nossa vida a telejornais,

telenovelas, noticiários, filmes e tudo o

mais que nos cerca. Nossa mente passa a acreditar

na média dos acontecimentos, que de antemão foram

tão corriqueiramente apresentados, e que são

de fato normais, aceitáveis e até desejáveis. Então,

depois de tantos e tão impactantes estímulos, temos

um cérebro programado para repetir uma vida

‘normal’ e ‘medíocre’, sem questionamentos e sem

maiores expectativas. “Uma vida abaixo de nossas

reais possibilidades potenciais.” (Livro “O poder da

ação”. Autoria: Paulo Vieira)

O que você deseja, uma vida normal ou uma vida

com abundância?! Você é quem decide e realiza. Basta

agir, saindo de sua zona de conforto, que é o lugar

onde damos nossas desculpas para não fazermos o

que sabemos que devemos fazer.

37


SAÚDE MENTAL

Tiago Pereira

Damaceno

Médico

com colaboração de

Matheus Teles Gomes de Araújo


EFEITOS COGNITIVOS

DA DEPRESSÃO

e você é familiarizado com as histórias

de Harry Potter, personagem de J.K.

Rowling, deve se lembrar de um tipo

de criatura sombria e amedrontadora,

cuja própria presença retira a alegria

do ambiente e cujo principal feito é o de sugar as

memórias mais felizes de uma pessoa deixando-a

apática, lenta e triste. Lembrou? Essas criaturas

mágicas são chamadas de dementadores.

A editora-chefe da revista mente e cérebro, Gláucia

Leal, numa edição exclusiva sobre a depressão, utiliza

a figura dos dementadores para ilustrar esse

distúrbio mental. De fato, os dementadores apresentam

muitas características em comum com a

depressão, como a extrema angústia, o desespero e

a infelicidade que ambos trazem. No entanto, neste

artigo iremos tratar de outros efeitos da depressão,

os impactos cognitivos do distúrbio, ou seja, a

ação da depressão sobre nossa memória, atenção e

sobre nossa tomada de decisões.

Em “Harry Potter e a ordem da Fênix”, o quinto

livro da saga, Duda Dursley, primo e irmão adotivo

de Harry, é atacado por um dementador, porém

há um detalhe, Duda é um trouxa (ou seja, ele não

é um bruxo) e os efeitos do “beijo” do dementador

são devastadores para o pobre colega não bruxo.

Duda, além de extremamente triste e desolado, encontra-se

temporariamente incapaz de falar, letárgico,

com problemas de memória, inapto para tomar

suas próprias decisões e impossibilitado de ter

um foco de atenção duradouro chegando ao ponto

de ser levado ao hospital por seus pais.

A depressão tem efeitos, além daqueles mais

conhecidos, como a angústia profunda. Esse distúrbio

do humor atinge também nossas funções

cognitivas e motoras. A doutora Marcia Rozenthal,

da UFRJ, relata “Várias são as queixas neurocognitivas

presentes durante o estado depressivo, incluindo

redução das habilidades atentiva, mnêmica

e lentidão do pensamento”. Desde a atenção,

a memória e até a rapidez com que se pensa podem

ser prejudicadas num quadro de depressão

e essas disfunções cognitivas podem se manter

mesmo durante as fases assintomáticas.

No que tange às funções cognitivas, uma das mais

facilmente observadas por um profissional da saúde

é a atenção. Um efeito observado em todos os tipos

de depressão é a alteração da atenção sustentada, ou

seja, da capacidade de manter o foco de atenção. A

intensidade dessas alterações varia conforme a gravidade

do quadro depressivo, mas podem persistir

mesmo após a diminuição dos sintomas.

Nossa memória também pode ser afetada em

distúrbios do humor como a depressão. A psicóloga

Patrícia Porto afirma em seu artigo “Alterações

neuropsicológicas associadas à depressão” que a

aquisição e a evocação de memórias estão entre

os domínios cognitivos mais comumente afetados

pelo quadro depressivo. A Dra. Porto também relata

que os déficits de memória estão diretamente

relacionados à depressão em idosos e principalmente

em pacientes com histórico de depressão

crônica ou recorrente.

Pessoas deprimidas geralmente têm dificuldades

para tomar decisões, provavelmente pelo fato de que

nossas emoções têm um papel importante nesse processo,

e num indivíduo deprimido seu emocional encontra-se

abalado. A tomada de decisões é mais um

domínio cognitivo desequilibrado por esse distúrbio

e pacientes com depressão apresentam-se mais lentos

no processo de deliberação, além de ser comum

a falta de confiança no seu próprio posicionamento,

como é demonstrado pelo pesquisador FC Miller em

seu estudo Decision making cognition in mania and

depression (Cognição da tomada de decisão em mania

e depressão), de 2001.

Mesmo com tamanha severidade, existem algumas

luzes no fim do túnel. Existem várias formas

de tratar os déficits cognitivos advindos da depressão,

desde medicamentos e exercícios cognitivos

até a psicoterapia e a meditação.

Estilos de vida saudáveis, com a prática de exercícios

físicos, a socialização e as dietas balanceadas

podem parecer figurinhas repetidas, mas são,

sim, métodos que mantêm cérebro e mente sãos.

Então, não deixe de bater aquela bola com seus

amigos nas tardes de domingo, sair para dançar

ou de frequentar aquele clube do livro.

Fontes:

Scielo - Alterações neuropsicológicas associadas à depressão

Scielo - Aspectos neuropsicológicos da depressão

Scielo - Impacto da estimulação cognitiva sobre depressão, ansiedade,

cognição e capacidade funcional em adultos e idosos de uma universidade

aberta da terceira idade

Revista Mente e Cérebro - Edição especial “Depressão como entendê-la e

lidar com ela”. Abril/Maio 2016.

39


SAÚDE MENTAL

TRANSTORNO DE

ANSIEDADE GENERALIZADA

E RESPIRAÇÃO

ansiedade é uma

resposta ao estresse,

aos sentimentos de

ameaça e à preocupação;

porém quando

perdura por mais de seis meses,

ou apresenta comportamento

desproporcional às circunstâncias,

passa a ser considerada

Transtorno de ansiedade generalizada

(TAG) que, segundo o manual

de classificação de doenças

mentais (DSM. IV), a partir dos

seguintes critérios:

Sueli da Rocha

Gonçalves

Psicóloga


Ansiedade e preocupação

excessivas (expectativa

apreensiva), ocorrendo na

maioria dos dias por pelo menos

6 meses, com diversos eventos

ou atividades.

O indivíduo considera difícil

controlar a preocupação.

O foco da ansiedade ou

preocupação não está confinado

a aspectos de um transtorno

do Eixo I; por ex., a ansiedade

ou preocupação não se refere a

ter um Ataque de Pânico (como

no Transtorno de Pânico), ser

embaraçado em público (como

na Fobia Social), ser contaminado (como no

Transtorno Obsessivo-Compulsivo), ficar afastado

de casa ou de parentes próximos (como no

Transtorno de Ansiedade de Separação),

ganhar peso (como na Anorexia Nervosa), ter

múltiplas queixas físicas (como no Transtorno de

Somatização) ou ter uma doença grave (como na

Hipocondria), e a ansiedade ou preocupação não

ocorre exclusivamente durante o Transtorno de

Estresse Pós-Traumático.

A ansiedade e a preocupação

estão associadas a três (ou

mais) dos seguintes sintomas

(com pelo menos alguns deles

presentes na maioria dos dias,

nos últimos 6 meses):

(1) Inquietação ou sensação de estar com

os nervos à flor da pele

(2) Fatigabilidade

(3) Dificuldade em concentrar-se ou

sensações de “branco” na mente

(4) Irritabilidade

(5) Tensão muscular

(6) Perturbação do sono (dificuldades

em conciliar ou manter o sono, ou sono

insatisfatório e inquieto)

A ansiedade, a preocupação ou os

sintomas físicos causam sofrimento

clinicamente signi-ficativo ou

prejuízo no funcionamento social

ou ocupacional ou em outras áreas

importantes da vida do indivíduo.

A perturbação não se deve

aos efeitos fisiológicos diretos

de uma substância (droga de

abuso, medicamento) ou de uma

condição médica geral (por ex.,

hipertiroidismo), nem ocorre

exclusivamente durante um

Transtorno do Humor, Transtorno

Psicótico ou Transtorno Inva-sivo

do Desenvolvimento.

Fonte: DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)

Embora dependa de cada indivíduo, os sintomas típicos

dos transtornos de ansiedade incluem medo,

tensão interior, irritabilidade e dificuldade de concentração.

Os sinais físicos podem ser boca seca,

tonturas, tensão muscular, sudorese e palpitações

– sendo que todos interferem na vida cotidiana.

Uma pessoa pode sofrer de mais de um tipo de

transtorno de ansiedade ao mesmo tempo e, por

vezes, juntamente com outros transtornos de humor,

como é o caso da depressão.

41


TRANSTORNO

DE PÂNICO

TRANSTORNO

OBSESSIVO-

COMPULSIVO (TOC)

TRANSTORNO DE

ANSIEDADE SOCIAL

(TAS)

TRANSTORNO DE

ESTRESSE PÓS-

TRAUMÁTICO (TEPT)

É caracterizado por súbitos

ataques de pânico associados

a um medo ou

nervosismo excessivo.

O transtorno do pânico

também pode incluir

sintomas como a sudorese,

dor, cefaleia, náusea,

coração acelerados

e boca seca.

Provoca pensamentos

repetitivos, invasivos e

indesejados que resultam

em medos irracionais

(obsessões) associados,

por exemplo, à

limpeza, a secreções corporais

ou à saúde. Em

resposta a esses medos,

os doentes podem criar

rituais especiais (compulsões),

que podem incluir

lavagem, limpeza

ou banho persistente,

verificação constante e

repetitiva, manutenção

de uma dieta rígida, entre

outros.

Leva as pessoas a temer

ou evitar situações sociais.

A pessoa tem medo

de agir de forma humilhante

ou embaraçosa.

É causado por um trauma,

por um evento

terrível que realmente

aconteceu na história do

indivíduo. A ansiedade,

então, advém de medo

de pensamentos, lembranças

ou sintomas relacionados

com a experiência

traumática.

O QUE FAZER EM RELAÇÃO A ESSES SINTOMAS?

À parte da recomendação consensualmente aceita

de medicação e psicoterapia, existem algumas

técnicas bastante simples que podem ser utilizadas

a qualquer momento e que interrompem,

relativamente rápido, o estado corporal que a ansiedade

provoca. Elas podem ser utilizadas tanto

no tratamento dos Transtornos Ansiosos como

também em caráter preventivo – aos primeiros

sinais de ansiedade ou de desconforto emocional.

O uso de técnicas baseadas no controle voluntário

da respiração para a redução do estresse e

para a promoção do bem-estar biopsicossocial e

espiritual tem sua origem em tradições médi-cas

remotas, tais como nos rituais e cânticos xamânicos,

na ayurveda e yoga da Índia, no qi-gong e

na acupuntura da China, nas práticas espirituais

da medicina tibetana e também na medicina hipocrática

da Grécia.


TÉCNICAS DE RESPIRAÇÃO

RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA

A respiração tem um papel importantíssimo no

processo fisiológico da ansiedade, uma vez que

a hiperventilação (respiração rápida, curta e superficial,

estilo “cachorrinho”) tem o poder de intensificar

os sintomas ansiosos. Sendo assim, a

solução é fazer inverso: respirar profun-damente,

devagar e, de preferência, pelo diafragma.

Experimente enviar o ar inspirado para a região

baixa do abdômen, abaixo das costelas. Para

auxiliar, você pode imaginar que possui um pequeno

balão nessa região e, intencionalmente,

enviar o ar para preenchê-lo. Colocar a mão sobre

a região ajuda também, pois torna possível

visualizar o movimento abdominal e assim

apontar a respiração correta. Inspire pelo nariz

e expire pela boca. Faça séries de 10 respirações,

sempre contando e dizendo o número em voz

alta, e então iniciando o ciclo respiratório em

tempos iguais (por exemplo, 3 segundos para

inspirar e outros 3 para expirar).

RECAPTAÇÃO DE CO²

Respirar no saquinho - basta expirar pela boca

dentro de um saquinho de papel, devagar e pausadamente,

e inspirar o ar do próprio saquinho.

Faça diversas vezes seguidas, sem tirar a boca

de dentro do saquinho.

TÉCNICAS DE RELAXAMENTO

Existem diversos tipos de técnicas de relaxamento,

todas com o objetivo de obter, basicamen-te,

um estado fisiológico agradável e

tensões reduzidas. Embora grande parte delas

trabalhem tendo em vista uma sensação de

tranquilidade e bem-estar, existem pequenas

diferenças técnicas que focam em um ou outro

aspectos mais específicos.

TÉCNICAS COGNITIVAS

VISUALIZAÇÃO

Visualize, em sua mente, a situação que o preocupa.

Talvez você esteja muito ansioso com

uma reunião, uma entrevista de emprego ou

com contas a pagar. Provavelmente, uma cena

“preocupante” já passou pela sua cabeça muito

antes de você se propor a fazer um exercício

de visualização. São as nossas “imagens mentais”,

que podem nos causar extremo desconforto,

ansiedade e toda uma extensa gama de

sentimentos negativos.

Quando uma imagem mental causa desconforto,

nossa primeira tendência é a de interrompê-

-la. É o famoso “não quero nem imaginar”. No

entanto, a técnica aqui trata-se de justamente

IMAGINAR. Não interrompa a cena preocupante

– vá até o final. Imagine os detalhes, as cores, os

cheiros, as pessoas, os diálogos. Deixe a cena se

desenrolar, como a um filme que você assiste.

Se sentir-se muito ansioso, pratique a respiração

diafragmática enquanto visualiza.

43


SAÚDE MENTAL

Efeitos

biológicos

de um stress

psicológico


Tiago Pereira Damaceno

Médico

com colaboração de

Matheus Teles Gomes de Araújo

Sabe aquela angústia que sentimos quando olhamos

no celular e vemos dezoito ligações perdidas

da mãe? Ou então aquela sensação ruim quando

recebemos uma mensagem do namorado ou da

namorada dizendo “Preciso conversar com você”.

Pior ainda quando é do chefe, que faz questão de

adicionar a palavra “urgente” ao fim da mensagem.

Dá até calafrios. Como poderíamos nomear

essa emoção ruim? Seria ansiedade? Seria estresse?

Ou será uma crise de pânico? Bom, na realidade

o que muda seria a intensidades dos sintomas.

Não me proponho aqui a discorrer profundamente

sobre a diferença entre estresse e ansiedade,

o fato é que ambos existem e são reações normais.

Há, no entanto, um ponto em que o estresse

e/ou a ansiedade se tornam prejudiciais e até patológicos.

Tal limite não é muito claro e suas diferenças

são sutis, de forma que ambos os conceitos

são muitas vezes utilizados como sinônimos. Para

o nosso organismo, a diferença é menor ainda, as

respostas fisiológicas ao estresse e à ansiedade são

similares e elas podem ser benéficas ou prejudiciais

para nossa sanidade física e mental.

Sabemos que mente e corpo são intrinsecamente

conectados. Biológico e psicológico conversam,

interagem, influenciam um ao outro de forma mútua.

O filme “Divertida Mente”, da Disney e Pixar,

ilustra isso de uma forma muito interessante.

No longa as emoções da pequena

Riley são representadas por personagens

vivos e conscientes dentro de sua cabeça.

As emoções de desprezo e de nojo são representadas

pela personagem Nojinho,

cuja função é impedir que Riley coma algo

que lhe fará mal. Podemos notar nesse exemplo

que emoções de nojo e desprezo (psicológico)

impedem que o organismo (biológico) seja

prejudicado.

Se a mente e o corpo, a psique e o orgânico, estão

tão profundamente conectados, como se daria

essa interação em condições prejudiciais de estresse

e ansiedade? De que formas estímulos aversivos

psicológicos poderiam alterar o funcionamento

do cérebro, das glândulas e dos outros órgãos? No

livro “Cem Bilhões de Neurônios”, 2005, o doutor

Roberto Lent explica essas alterações, dando destaque

a algumas respostas fisiológicas, como a liberação

de adrenalina, a secreção de hormônios

relacionados ao estresse e à baixa da imunidade.

Nessas situações mais prejudiciais, os ajustes

fisiológicos atingem também o sistema imunológico

e endócrino. Então, além de respostas como a

taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos),

a taquipneia (aceleração do ritmo respiratório), a

sudorese, entre outros, há também a liberação de

adrenalina e noradrenalina no sistema e essa última,

por sua vez, acentua e prolonga as respostas

fisiológicas citadas acima.

Além disso, os altos níveis de adrenalina e noradrenalina,

juntamente com a ativação contínua da

amígdala (estrutura cerebral intimamente ligada

ao medo e suas reações) levam à ativação conjunta

de estruturas neuroendócrinas, denominadas

de eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. A ativação

desse eixo no organismo resulta na liberação de

um grupo de hormônios e o mais conhecido é o cortisol,

também chamado de hormônio do estresse.

O grupo de hormônios do cortisol tem também

ação anti-imunitária e anti-inflamatória, de forma

que, quando presentes constantemente no corpo,

podem abaixar a resistência a infecções. Por

exemplo, muitas pessoas ansiosas ou depressiva

desenvolvem gastrites, infecções de repetição, piora

nas crises de asma ou alergias.

Outros possíveis efeitos da ansiedade crônica são

o aumento da suscetibilidade do indivíduo a doenças

respiratórias e cardiovasculares, sendo especialmente

determinante da ocorrência de infarto do

miocárdio, segundo o Dr. Roberto Lent.

Convém citar uma frase do especialista

em psicofarmacologia, Dr. Gerald Crane,

também conhecido como “O Espantalho” das

histórias do Batman, da DC Comics, “Eu respeito

o poder da mente sobre o corpo. É por

isso que faço o que faço”. De fato, nosso

cérebro produz uma mente que, por sua

vez, tem grande influência no organismo,

incluindo no próprio cérebro.

Para termos saúde plena, precisamos conhecer

como nosso ser funciona. Nós não

somos apenas um conjunto de átomos ou um aglomerado

de células. Também não somos só uma

consciência abstrata flutuante. Para sermos completamente

saudáveis, precisamos cuidar de todas

as partes: mente, corpo e espírito.

Fontes:

Livro - Lent, Roberto (2005). Cem Bilhões de Neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Editora Atheuneu. Páginas: 663 - 665

Disney - Divertida Mente

45


SAÚDE MENTAL

DEPRESSÃO

E O SISTEMA

IMUNOLÓGICO

as histórias de super-heróis,

seja nos

filmes ou nos quadrinhos,

é muito

comum encontrarmos

algum herói ou heroína

que sofreu alterações genéticas

que desencadearam uma série

de superpoderes incríveis.

Exemplos deles são o Capitão

América, o Homem-Aranha, a

Mulher Invisível e, um dos meus

preferidos, o Incrível Hulk.

Tiago Pereira

Damaceno

Médico

com colaboração de

Matheus Teles Gomes de Araújo


Após ser exposto a uma explosão de radiação

gama, uma das radiações mais letais para o ser

humano, o doutor Bruce Banner transforma-se no

Incrível Hulk. Uma criatura com força imensurável,

uma capacidade de se regenerar de qualquer

ferimento e que fica mais forte conforme sua raiva

aumenta. No entanto, o Hulk nem sempre é tão incrível

assim.

Apesar de sua força extraordinária, o grande

verdão não é lá dos mais inteligentes e nem dos

mais moderados. Digamos que autocontrole não é

seu ponto forte. Na verdade, o que faz com que o

inteligentíssimo Dr. Bruce Banner se transforme

é uma onda de raiva incontrolável, devastadora e,

até mesmo, patológica.

Talvez a raiva impetuosa do Dr. Banner possa

ser vista como um distúrbio de humor que altera

desde suas células e DNA até seu corpo, cérebro e

suas capacidades cognitivas. Nos filmes todas essas

mudanças geram um ser incrível. Podemos dizer

que as mutações do Hulk geram o sistema imunológico

perfeito, capaz de curar e sanar qualquer

dano ao organismo instantaneamente. Porém, na

vida real, as coisas não acontecem dessa forma.

Uma exposição à radiação gama, como a que

Bruce Banner sofreu, seria fatal para qualquer ser

humano. Tal exposição provavelmente prejudicaria

o sistema imunológico, poderia gerar um distúrbio

de humor, como a depressão, e certamente danificaria

o DNA de várias células, gerando múltiplos

tumores em todo o organismo. No entanto, para

nosso espanto, a depressão, os distúrbios imunológicos

e o câncer nem precisam de uma bomba de

raios gama para caminharem juntos.

Pesquisas sobre a interação do sistema nervoso

central e o sistema imunológico vêm ganhando

força. Atualmente já é claro que há uma via de

mão dupla entre cérebro e sistema imune. Porém

quais são essas interações, como elas acontecem e

quais são os efeitos observáveis no comportamento

do indivíduo são questões que ainda precisam de

respostas mais profundas e completas.

Alguns estudos, como o de Zorrilla e colaboradores,

2001, demonstram uma baixa no número de

células imunes NK (glóbulos brancos particularmente

importantes no combate a infecções virais e

células cancerígenas) em pessoas com um quadro

de depressão e um aumento anormal na produção

de outros leucócitos (células do sistema imune,

também conhecidas como glóbulos brancos).

Luciana Vismari e colaboradores [1], 2008, relatam

que um desequilíbrio na quantidade de um grupo

de proteínas imunológicas, chamadas de citocinas,

pode induzir sintomas depressivos.

De fato, existe todo um conceito de que a depressão

pode ser na verdade uma disfunção do

sistema imune. Essa ideia é discutida por Brian

E. Leonard [2], e ele demonstra que há uma associação

entre a falha do funcionamento da serotonina,

um hormônio com papel fundamental na

manutenção do nosso humor e bem-estar, e um

aumento nos níveis de cortisol, também conhecido

como hormônio do estresse, e citocinas pró-

-inflamatórias, proteínas do sistema imune. B. E.

Leonard argumenta então que o estresse crônico

inicia a depressão ao alterar o sistema imune e o

eixo cerebral hipotálamo-pituitária-adrenal:

Bom, sabemos que existem várias práticas saudáveis

que auxiliam na prevenção das alterações

de humor, como a depressão e a ansiedade, porém

isso não quer dizer que nós sempre estaremos

livres de tais transtornos. Mas a boa notícia

é que os tratamentos, tanto psicoterápicos quanto

farmacológicos, estão cada vez mais certeiros e

eficazes, nos possibilitando dias bons mesmo em

meio às intensas angústias da vida.

Fontes:

[1] Luciana Vismari/USP - Depressão, antidepressivos e sistema imune: um

novo olhar sobre um velho problema

[2] Brian E. Leonard/NCBI - The concept of depression as a dysfunction of

the immune system

[3] Marvel - Hulk

47


SAÚDE MENTAL

QUAL A DIFERENÇA?

O MEDO É IMPORTANTE PARA A

AUTOPRESERVAÇÃO da espécie,

uma vez que libera adrenalina,

permitindo que você possa lutar

ou fugir em uma situação de perigo.

O medo faz parte da nossa

natureza, não pode e não deve

ser controlado ou inibido.

A fobia é um medo exagerado,

irracional que paralisa o individuo,

ficando assim refém do

“medo” que ele sabe que precisa

enfrentar, mas é mais forte que

Sarah Sammy

M. Sampaio

Neuropsicóloga

ele. Muitas vezes vem associado

a respostas fisiológicas alteradas

como aceleração cardíaca, suor,

tremor, falta de ar, dor de barriga,

tontura, enjoo entre outras.

A fobia traz um prejuízo real

para quem sofre desse transtorno.

A pessoa acaba deixando de

fazer coisas importantes do cotidiano

que antes não eram um

problema. Diferentemente do

medo que vem para que o indivíduo

reaja a algo ameaçador,

mesmo que seja fugir. Já a fobia

o paralisa, de forma completamente

irracional e sozinho é

quase impossível que ele consiga

neutralizar o processo fóbico.

PORQUE SE DESENVOLVE A

FOBIA?

É difícil saber ao certo a origem,

pode ser predisposição

genética, comportamental (pessoa

que tem dificuldade de enfrentar

seus medos), ambiental

(convívio com pessoas que exageram

seus medos). Pessoas que

são mais ansiosas têm uma probabilidade

maior de gravar um

medo como algo fóbico, devido a

sua fisiologia, que pode ou não

estar relacionado ao um trauma

ou a um acontecimento especifico.

Geralmente sua causa é

multifacetária, englobando vários

aspectos.


1

QUAIS OS TRATAMENTOS MAIS UTILIZADOS

NOS DIAS ATUAIS?

Hoje em dia, com a evolução tecnológica na área

da saúde, temos cada dia mais ferramentas para o

tratamento de fobias como:

TERAPIA COM REALIDADE VIRTUAL:

óculos simulador da realidade em 3D.

Como é a sessão.

O paciente se senta confortável em uma

poltrona reclinável parecida com uma cadeira

de avião, o óculos simula o paciente fazendo

check-in, entrando no saguão de embarque e

por fim entrando no avião que também simula

decolagem, turbulência e pouso. O indivíduo

passa por esse processo de forma sistemática,

dessa forma o cérebro vai perdendo a

sensibilidade ao objeto fóbico, no caso o avião,

e, assim, passa a não ver esse fato como algo

ameaçador, já que passou por essa situação

varias vezes e nada aconteceu.

Como é a sessão.

O paciente se senta confortavelmente em uma

poltrona reclinável, o terapeuta coloca sensores

em seus dedos e couro cabeludo, a fim de

medir suas respostas fisiológicas (batimentos

cardíacos, respiração, sudorese e temperatura

periférica, velocidade sanguínea e ondas cerebrais).

Posteriormente é dada uma atividade

para ser executada. Por exemplo: o paciente

tem que pensar na barata que é seu objeto fóbico,

depois ele vê e toca em figuras ou baratas de

borracha (também podemos associar o óculos

virtual), feito isso toda a fisiologia do paciente

irá mudar, como aceleração dos batimentos

cardíacos, aumento da vasoconstrição, respiração

ofegante, a temperatura periférica cai

entre outras alterações neurofisiológicas. Logo

após o paciente passa por um treinamento a

fim de ensiná-lo a controlar todas essas alterações

fisiológicas, para que na vida real ele

saiba como administrar os sintomas de forma

consciente e racional. Ao longo do tratamento,

o que era fóbico passa a ser normal ou apenas

medo ou receio, já que o paciente não terá mais

a associação com reações fisiológicas intensas,

o que caracteriza a fobia.

2

BIOFEEDBACK, NEUROFEEDBACK E

NEUROMETRIA

São ferramentas de tratamento que também

utilizam a dissensibilização sistemática,

porém a dissensibilização acontece por meio

do controle fisiológico, e o paciente visualiza

o objeto fóbico e treina suas respostas

fisiológicas para que fique menos ansioso e

logo mais relaxado.

PRECISA TOMAR REMÉDIO?

A necessidade de se medicar o paciente irá depender

do nível fóbico em que ele se encontra; para

isso é importante se fazer uma avaliação psicológica

e psiquiátrica. Em alguns casos específicos,

a utilização medicamentosa será imprescindível

para o êxito do tratamento, devido a grandes alterações

fisiológicas e comorbidades associadas, que

poderão dificultar o tratamento do paciente, pois

ele precisará ter condições para enfrentá-las.

QUAIS SÃO AS FOBIAS MAIS COMUNS?

Altura (acrofobia)

Lugares cheios e multidões (agorafobia)

Aranhas (aracnofobia)

Baratas (catsaridafobia)

Cachorros (cinofobia)

Lugares fechados, como elevadores ou aviões

(claustrofobia)

Escuro que persiste após a infância (escotofobia)

Falar em público (glossofobia)

Sangue (hematofobia)

Dentistas (odontofobia)

49


SAÚDE MENTAL

VACINA

CONTRA O STRESS

odos nós já passamos

por situações

adversas. Desde ocasiões

constrangedoras

até as experiências

mais traumáticas de nossas

vidas. Você se lembra daquele

vexame que passou pela primeira

vez na frente dos seus colegas de

escola ou até mesmo do trabalho?

E daquele fim de relacionamento

que realmente o marcou

e deixou uma cicatriz? Talvez, ao

pensar nessas coisas, você ainda

sinta uma ponta de dor ou

constrangimento.

Tiago Pereira

Damaceno

Médico

com colaboração de

Matheus Teles Gomes de Araújo


Cada um reage diferente a essas experiências negativas.

Alguns sofrem brevemente e logo se recompõem,

enquanto outros podem chegar a desenvolver

distúrbios psiquiátricos, como a depressão, porém,

cada caso é um caso. No entanto, para esses indivíduos,

a dor é inevitável e, de fato, não se pode evitar

momentos de dor enquanto se está vivo.

Apesar dessa dura realidade da vida, nós ainda

temos a capacidade (e a esperança) de melhorarmos

nossa existência. Que tal combatermos as

patadas do mundo aumentando nossa resistência

mental? Talvez, ao melhorar nossa capacidade de

recuperação, após eventos traumáticos, nós possamos

nos encontrar mais positivos diante das duras

realidades da vida, talvez evitando até mesmo a depressão

ou o distúrbio do estresse pós-traumático.

Situações de estresse representam os principais

fatores de risco para o desenvolvimento de doenças

psiquiátricas, como a depressão profunda ou

o transtorno do estresse pós-traumático. No entanto,

o cérebro humano possui mecanismos de

proteção que nos conferem resiliência a situações

adversas, ou seja, nos dão resistência mental para

que não desenvolvamos transtornos de humor em

qualquer situação de estresse.

A resiliência ao estresse varia de indivíduo para

indivíduo, no entanto, existem grupos de pessoas

que são constantemente expostas a situações potencialmente

traumáticas, como policiais, bombeiros,

funcionários de centros hospitalares de

emergência ou militares em situações de guerra,

e, ao aumentar a resiliência mental desses grupos,

nós poderíamos possivelmente protegê-los contra

o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos induzidos

pelo estresse.

Imagine como seria interessante medicamentos

que funcionassem como vacinas contra a depressão,

prevenindo transtornos depressivos em

vez de apenas amenizarem seus sintomas como

os medicamentos tradicionais. Verdadeiros potencializadores

da resiliência mental. Assim como

a vacina contra o tétano ou contra a tuberculose,

essas “paravacinas” - ou seja, algo semelhante a

uma vacina - nos tornariam imunes aos efeitos

deletérios do estresse.

Bom, fico feliz em informar que tais compostos

já existem. Ainda são poucos e as pesquisas sobre o

assunto também estão em suas fases iniciais, mas

as tais “paravacinas” já estão disponíveis no mercado.

Um anestésico muito comum atualmente é

o Calypsol - não, não é a banda de forró - porém,

no ano de 2015, Rebecca Brachman, uma pesquisadora

pioneira do campo da psicofarmacologia

preventiva, publicou um trabalho em que ela observou

que o anestésico agia também prevenindo

comportamentos depressivos em camundongos.

Em seus estudos, a Dra. Brachman também relata

que o composto age não só no nível comportamental,

mas também no nível fisiológico, ou seja, no

organismo dos animais.

A cetamina, uma droga anestésica e principal

agente do Calypsol, foi utilizada pela Dra.

Brachman para testar seus efeitos protetores contra

comportamentos depressivos. Nesse estudo,

um grupo de camundongos recebeu a cetamina e

outro recebeu uma substância placebo e, após uma

semana, ambos os grupos foram submetidos a estresses

sociais e tiveram hormônios relacionados

ao estresse administrados de forma crônica em

seus organismos. Os resultados mostraram que os

camundongos que receberam a cetamina preventiva

foram protegidos contra os efeitos negativos do

estresse mesmo após 3 semanas da administração

da cetamina, enquanto que os animais que receberam

placebo foram acometidos pelos comportamentos

depressivos.

Podemos concluir, dos dados apresentados pela

Dra. Brachman, que a cetamina pode induzir uma

resiliência persistente contra o estresse e que por

isso pode ser um tratamento útil contra distúrbios

por ele induzidos.

A ideia de que medicamentos podem ser utilizados

de forma preventiva é um tanto quanto

recente no campo da psiquiatria, porém ela pode

de fato ser o futuro. Talvez, daqui a cinquenta

anos, as pessoas olhem para a depressão da mesma

forma como nós olhamos para a tuberculose,

como uma doença do passado. Citando a Dra.

Brachman “Esse pode ser o início do fim da epidemia

na saúde mental”.

Fontes:

TED X - Could a drug prevent depression and PTSD?

Science Direct - Ketamine as a Prophylactic Against Stress-Induced

Depressive-like Behavior

Rebecca Brachman

51


SAÚDE MENTAL

ALZHEIMER

Tiago Pereira

Damaceno

Médico

com colaboração de

Matheus Teles Gomes de Araújo


A maioria das pessoas, incluindo uma parte dos

profissionais da saúde, não tem ideia, em termos

de mortalidade e morbidade, sobre quais são as

principais doenças que afetam o cérebro e a mente.

Uma das maiores preocupações para a saúde pública,

tanto em países desenvolvidos quanto nos que

estão em desenvolvimento, são as doenças neurodegenerativas.

Entre essas doenças, a mais conhecida

é o mal de Alzheimer, como ficou conhecido o

quadro demencial mais comum na população humana

e que causa grande impacto na vida social,

econômica e familiar.

A demência de Alzheimer apresenta um crescimento

exponencial com promessa de quadruplicar

nos próximos 40 anos. A doença é ainda pouco elucidada;

trata-se da formação de placas de um grupo

de proteínas chamadas de beta-amiloide e que ainda

são pouco conhecidas. O acúmulo dessas placas

proteicas entre os neurônios gera uma desorganização

imunológica cerebral, evoluindo com a perda de

conexões cerebrais e, por fim, morte celular, ocasionando

a diminuição do volume do cérebro, que pode

ser observado numa ressonância magnética. A doença

tem maior incidência em pessoas com 65 anos

para cima, sendo mais frequente em mulheres.

O diagnóstico não é dos mais simples. O primeiro

passo é a investigação minuciosa para que

sejam descartados possíveis quadros reversíveis

como deficiências em vitaminas, infecções, tumores,

efeitos colaterais de outras medicações, AVC,

depressão, distúrbio do sono.

Alguns neurocientistas dividem a doença em

três estágios:

ESTÁGIO I PRÉ-SINTOMÁTICO

Geralmente a cognição permanece intacta;

há a deposição lenta do peptídeo (beta-A),

apesar dos níveis elevados da proteína

beta-amiloide que podem ser sugeridos pela

tomografia por emissão de pósitrons (PET).

ESTÁGIO II

Início dos sinais clínicos como

comprometimento insidioso das funções

cognitivas, início da morte neuronal e, com

isso, da diminuição do volume cerebral, que

pode ser melhor reconhecida pela avaliação

com a RM (ressonância magnética).

ESTÁGIO III

Estágio final da doença, início dos problemas

cognitivos ou comportamentais graves, além

da perda acentuada de volume cerebral

(perde-se 5% da massa encefálica por ano

enquanto o idoso saudável perde 1%).

Região anatômica dos lobos temporais

Os danos começam pelos lobos temporais (regiões

laterais do cérebro, na altura das têmporas)

e, consequentemente, a memória declarativa ou

explícita − necessária para recordação de experiências

e acontecimentos − é a mais prejudicada.

Outra área afetada é o hipocampo, que é fundamental

para o processamento de informações e a

capacidade de fixação, o que torna tarefas cotidianas,

como se vestir ou manter uma conversa ao

telefone com um amigo, cada vez mais difíceis.

Região anatômica do hipocampo

Infelizmente, a grande maioria só tem acesso

ao diagnóstico e tratamento nos estágios finais da

doença, principalmente quando se tem muito pouco

a fazer. Pessoalmente, vejo a doença como uma

das mais graves e tristes afecções; por vezes digo

que ela parece “roubar a essência da alma”.

Realmente me frustro ao ver que a pessoa não

apresenta melhoras, no sentido de que ela não pode

ser curada e nem regredir seus sintomas, podemos

apenas desacelerá-los com tratamentos paliativos.

E, é claro, não é somente a pessoa que sofre, toda

a família e os amigos mais próximos são afetados

por essa situação, de forma que nós, profissionais

da saúde, devemos tratá-los com igual importância

durante toda a intervenção.

Alimentação equilibrada, exercícios físicos, não

fumar, não consumir bebidas alcoólicas de forma

abusiva parecem até recomendações clichês, mas

ainda são as formas mais eficientes de nos afastarmos

do quadro. A maioria das pesquisas recentes

indicam que a estimulação cognitiva associada

ao mal de Alzheimer em seus estágios mais precoces

poderia prolongar mais anos de vida e dar mais

vida aos anos.

53


SAÚDE MENTAL

Tiago Pereira

Damaceno

Médico

com colaboração de

Matheus Teles Gomes de Araújo

O cérebro humano é base para uma mente realmente

incrível e única; tal singularidade coopera

para que sejamos os autores de feitos inéditos no

planeta Terra. O simples fato de estarmos contemplando

nossa própria natureza é um exemplo. No

entanto, com um cérebro tão complexo, é razoável

que tenhamos distúrbios mentais igualmente exóticos

em situações de lesão cerebral.

Realmente, danos diretos ao cérebro são capazes

de provocar as mais inusitadas falhas em nossos

processos mentais. Existem, por exemplo, lesões

específicas que podem danificar o sentido da propriocepção,

nossa percepção de nosso próprio corpo

no espaço, podendo fazer com que a pessoa não

saiba dizer onde seus membros estão a não ser

que ela olhe para eles. A seguir, conheça uma lista

com dez disfunções mentais um tanto quanto

extraordinárias.

APOTEMNOFILIA

Distúrbio neurológico em que uma pessoa, sob

outros aspectos seja mentalmente capaz, deseja

ter um membro amputado para se “sentir inteira”.

Também chamada de transtorno de identidade da

integridade corporal.

SÍNDROME DA MÃO ALIENÍGENA

Sensação de que a própria mão

está à mercê de uma força exterior

incontrolável, o que resulta em seu

movimento real. A síndrome provém

em geral de uma lesão nas regiões

cerebrais do corpo caloso (região

que liga os hemisférios cerebrais)

ou no cingulado anterior (estrutura

próxima ao corpo caloso relacionada à

tomada de decisões).

SÍNDROME DE CAPGRAS

Síndrome rara em que a pessoa está convencida

de que parentes próximos - em geral pais, cônjuges,

filhos ou irmãos - são impostores. Ela pode

ser causada por danos entre áreas do cérebro que

lidam com o reconhecimento facial e aquelas que

controlam respostas emocionais. Uma pessoa com

síndrome de Capgras poderia reconhecer as faces

de uma pessoa amada, mas não sentir a reação

emocional normalmente associada a ela. Também

chamada de delírio de Capgras.


PROSOPAGNOSIA

Transtorno caracterizado pela incapacidade

da pessoa reconhecer faces humanas vistas

anteriormente e aprender outras faces. A pessoa

pode inclusive ter dificuldade de reconhecer o

próprio rosto em fotos ou no espelho. Também

há relatos de pessoas com prosopagnosia que

apresentam dificuldades em diferenciar animais,

como cães e gatos. O transtorno é explorado

em alguns filmes como “Visões de um crime”,

dirigido por Julien Magnat, o em que uma mulher

sobrevive ao ataque de um assassino, porém ela

acorda com prosopagnosia e não consegue mais

reconhecer o rosto do criminoso. Existe um caso

verídico (disponível nas fontes, no fim do artigo) de

uma mulher que sobreviveu a um tiro na cabeça e

desenvolveu o transtorno após o ocorrido.

SÍNDROME DE KORO

Distúrbio que aflige homens, geralmente

jovens e particularmente comum

a jovens asiáticos, em que se

desenvolve a ilusão de que o

pênis está encolhendo e pode

acabar caindo. Existe também

o inverso dessa síndrome, que,

por sua vez, acomete em geral

homens idosos em que a ilusão

é de que seu pênis está se

expandindo.

MEMBRO FANTASMA

A sensação de existência de um

membro perdido por acidente ou

amputação. Por exemplo, muitos

casos são de veteranos de guerra

que perderam um dos membros,

como um braço ou uma perna, mas que

relatam sentirem dores ou coceiras em seus

braços e pernas perdidos.

VISÃO CEGA

Condição em que indivíduos efetivamente cegos em

decorrência de danos diretos no cérebro, córtex visual,

conseguem desempenhar tarefas que pareceriam

comumente impossíveis, a menos que eles pudessem

ver os objetos. Por exemplo, eles podem indicar

objetos e descrever se eles estão na vertical ou

na horizontal, ainda que não possam perceber

conscientemente o objeto. A explicação parece ser

que a informação visual viaja através de duas vias

no cérebro: a via antiga e a via nova. Se somente a

via nova estiver danificada, a pessoa pode perder a

capacidade de ver um objeto, mas continuar ciente de

sua localização e orientação no espaço.

SÍNDROME DE COTARD

O uso do Curtograma poderá auxiliar o cliente a

verificar o que ele tem feito na vida que o agrada ou

o desagrada. É um passo importante para ele saber

por onde começar a alterar a sua forma de proceder.

A Lista de Desejos, que corresponde a todos os

desejos que se possa identificar e inclui desde os

de curto prazo até os de longo prazo, proporciona

uma oportunidade dele olhar para o amanhã e

transformá-lo naquilo que as pessoas gostariam de

vivenciar a partir de um determinado momento.

SINESTESIA

Condição em que uma pessoa percebe algo num

sentido além daquele que está sendo estimulado,

como, por exemplo, sentir um gosto (paladar) de

uma forma geométrica (visão), ou ver a cor (visão)

de um som (audição). A sinestesia não é apenas

uma maneira de descrever experiências, como as

metáforas que um escritor usaria; os sinestesistas

realmente experimentam as sensações. Uma possível

explicação é que as vias neurais relacionadas

aos sentidos não foram completamente dissociadas

umas das outras, durante o desenvolvimento neural,

nas fases embrionárias e no início da infância.

AGNOSIA

Transtorno raro caracterizado por uma incapacidade

de identificar objetos e pessoas, embora os sentidos,

como a visão ou audição, estejam funcionais e nem

haja qualquer perda significativa de memória ou

intelecto. Ou seja, o ser humano olha para uma

maçã, um relógio ou seu próprio rosto no espelho e

não consegue dizer o que está vendo.

Talvez você esteja um pouco cético diante de

condições tão incomuns; algumas até parecem terem

saído de um filme de ficção científica. E, de

fato, várias dessas disfunções mentais são abordadas

em obras cinematográficas. Mas toda essa

lista foi retirada do livro “O que o cérebro tem

para contar” do neurocirurgião e cientista Dr. V.

S. Ramachandran, que atualmente trabalha na

Universidade da Califórnia em São Diego.

Fontes: Livro - Ramachandran, V. S. (2014). O que o cérebro tem para contar: Desvendando os mistérios da natureza humana. Editora Zahar.

Arquivos brasileiros de neurocirurgia - Prosopagnosia após ferimento por arma de fogo: relato de caso

BVS - Prosopagnosia congênita: relato de caso

55


TERAPIA MODERNA

Check-Up

Cerebral

O Check-Up Cerebral, o mais novo serviço do IMPI, tem

como objetivo estimular a prevenção das doenças do

cérebro e garantir uma melhor qualidade de vida

Texto: Larissa Corumbá


MONITORE-SE!

O Check-Up Cerebral é o que há de mais moderno

e atual nas clínicas de primeiro mundo. Ao observar

essa tendência mundial, a neuropsicóloga e diretora-presidente

do IMPI, Francisca Sampaio Leão,

decidiu implantar essa novidade no Instituto de

Medicina e Psicologia Integradas (IMPI). O serviço,

que deve ser lançado a partir de março de 2017, é o

primeiro Check-Up Cerebral de alto nível de todo o

país e tem como objetivo estimular a prevenção das

doenças relacionadas ao cérebro, com a finalidade

de garantir uma melhor qualidade de vida.

“O cérebro é

o órgão mais

importante do

nosso corpo e,

como a nossa

expectativa de

vida aumenta

a cada dia,

precisamos

cuidar muito

bem dele,

constantemente”

diz Francisca Sampaio Leão. “Muitas vezes, quando

o médico encaminha o paciente, ele já vem com a

doença em estágio avançado e nesse caso, infelizmente,

o tratamento torna-se mais difícil e prolongado.

Se o paciente faz o Check-Up Cerebral regularmente

e, em algum momento, um exame apontar

uma alteração inicial em alguma função do cérebro,

é possível reabilitá-la sem que hajam maiores

danos”. Além de verificar a cognição, marcadores

biológicos e funcionais, o Check-Up Cerebral oferecido

pelo IMPI também atua na prevenção de

doenças como Acidente Vascular Cerebral (AVC),

Alzheimer e demais doenças do cérebro.

O Check-Up Cerebral do IMPI acontece em cinco

etapas. Na primeira delas, o paciente é acompanhado

por um neuropsicólogo que, por meio de testes,

mede os níveis de ansiedade e depressão. Em seguida,

o neuropsicólogo realiza testes cognitivos que

avaliam funções cerebrais como a memória, percepção,

atenção, associação, dentre outros fatores.

Após esses testes, é realizado o Exame Funcional,

que verifica os marcadores neurofisiológicos (predomínio

de ondas cerebrais, batimentos cardíacos,

temperatura periférica, reserva funcional, resposta

fisiológica, entre outros) e a fisiologia do sistema

autonômico simpático e parassimpático do paciente.

Por meio desse exame, é possível identificar

transtornos de ansiedade, reserva funcional,

intolerância à glicose, hiperatividade, intolerância

alimentar, transtornos digestivos, capacidade de

relaxamento, bem-estar emocional, esgotamento

cerebral, fluxo sanguíneo, transtornos respiratórios,

exaustão, tensão nervosa, intoxicação, dentre

outros. Logo após, é solicitado pelo médico uma bateria

de exames de sangue que vai verificar marcadores

biológicos como, por exemplo, a quantidade

das vitaminas e enzimas presentes no cérebro do

paciente.

Por fim, os resultados de todos os exames e testes

são encaminhados para o médico, que entrega

o laudo ao paciente. Caso seja observada qualquer

alteração nos resultados dos exames, o paciente

recebe as orientações para começar o tratamento,

que também acontece nas instalações do IMPI.

Francisca diz que qualquer pessoa pode fazer

um Check-Up Cerebral, principalmente a partir

dos quarenta anos, “porque algumas doenças relacionadas

ao cérebro podem surgir precocemente a

partir dessa idade”.

57


TERAPIA MODERNA

NEUROMETRIA

POTENCIALIZE AS SUAS

CAPACIDADES CEREBRAIS!

Além de ser bastante eficaz no combate e na prevenção de vários transtornos

mentais, a Neurometria também potencializa a alta performance e garante

melhorias na saúde física dos pacientes

Instituto de Medicina e Psicologia

Integradas (IMPI) tem grande preocupação

em sempre oferecer aos pacientes

tudo o que há de mais moderno e eficiente

em termos de tecnologia na área da saúde

mental. Seguindo essa regra, um dos serviços disponíveis

em nossa clínica é a Neurometria, uma

técnica atual e efetiva indicada principalmente

para aqueles que desejam combater ou prevenir

transtornos de ansiedade, dificuldades de aprendizagem,

fobias e depressão. Esse método monitora

e identifica o predomínio de ondas do cérebro,

realiza uma Análise Funcional e treina o Sistema

Nervoso Autonômico e Cognitivo do paciente, com

o objetivo de melhorar a saúde física, mental e potencializar

a alta performance.

Texto: Larissa Corumbá


A sessão da Neurometria começa quando o neuropsicólogo

conecta eletrodos nos dedos e na cabeça

do paciente. De acordo com a Sarah Sammy,

neuropsicóloga do IMPI, esses eletrodos captam os

sinais neurofisiológicos e transmitem os dados a

um monitor, permitindo que o paciente acompanhe

todas as alterações em tempo real. Ao final de

cada sessão – que varia entre 40 minutos e 1 hora

–, um treinamento específico é realizado exclusivamente

para cada paciente. “Ele leva esse treinamento

para a casa por meio de um Indutor de

Ondas Cerebrais (IOC). Esses exercícios são frequências

que devem ser escutadas diariamente, por

pelo menos 30 minutos, até a próxima sessão, na

semana seguinte”, explica a Sarah Sammy. Esses

áudios funcionam como um “dever de casa” e têm

como finalidade fortalecer as sinapses geradas durante

a sessão da Neurometria. “O paciente pode

escutar o IOC quantas vezes desejar, desde que haja

um intervalo de 3 a 4 horas entre os áudios.” A

Neurometria é um método não invasivo, que não

apresenta efeitos colaterais e que pode ser realizado

por pessoas de todas as idades. “O tratamento

deve durar em média de 3 a 6 meses, mas tudo depende

da patologia a ser tratada e da disciplina do

paciente durante as sessões”, diz.

Em 2014, a servidora pública Juliana Bonfim, de

30 anos, começou a tratar uma ansiedade generalizada

no IMPI. Como sugestão terapêutica para o

transtorno, foi sugerido que ela iniciasse as sessões

de Neurometria, juntamente a uma psicoterapia

de linha cognitivo-comportamental. “Dependendo

do grau da patologia a ser tratada, o paciente deve

realizar uma psicoterapia ou tomar medicamentos

ao mesmo tempo em que realiza a Neurometria, a

fim de potencializar os resultados da técnica”, explica

Sarah Sammy.

Juliana se queixava de um problema severo de

ansiedade, acompanhado por desatenção, falta

de concentração, insônia e uma agitação mental

intensa. “Sentia-me exausta de tanto pensar, dormia

muito mal – quando dormia – e a ansiedade

excessiva que eu possuía estava prejudicando minha

vida acadêmica, profissional e afetiva”, relata.

A primeira sessão da Neurometria ocorreu em

setembro daquele mesmo ano. Ainda no decorrer

do tratamento, Juliana percebeu mudanças comportamentais,

redução da ansiedade, melhoria na

qualidade de vida, maior conhecimento corporal e

controle dos pensamentos angustiantes. “Isso me

animou bastante”, diz.

A funcionária pública comenta que os resultados

da Neurometria superaram as suas expectativas.

“Nunca mais tive crises de ansiedade, meu

sono melhorou bastante e minha autoestima também”.

Ela afirma que, devido ao controle da ansiedade,

a Neurometria melhorou a sua cognição e

proporcionou progressos na saúde física, reduzindo

gripes, infecções e problemas intestinais. Juliana

também ressalta a importância dos treinamentos

gerados pelo IOC a serem realizados em casa, no

intervalo entre as sessões. “A Neurometria não é

um tratamento que se limita apenas ao consultório.

Para mim, os exercícios foram fundamentais

para o sucesso do meu tratamento”, exclama.

Para Sarah Sammy, essa técnica potencializa o

que já é bom e trata o que está fora dos parâmetros.

“A Neurometria consolida as mudanças no sistema

nervoso, no emocional e no comportamental do

paciente. É um método rápido e eficiente”, finaliza.

SAIBA MAIS!

Estes transtornos, distúrbios e dificuldades podem

ser combatidos ou prevenidos pela Neurometria:

Depressão

Ansiedade

Estresse

Dependência química

Cefaleia tensional

Enxaqueca

Dores crônicas

Fibromialgia

Bruxismo

Transtornos de ansiedade

Transtornos do humor

Distúrbios respiratórios

Distúrbios do sono

Distúrbios de atenção

Distúrbios cardíacos

Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade – TDAH

Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC

Síndrome do pânico;

Dificuldade em fazer provas

Dificuldade de raciocínio lógico

Dificuldade de leitura e interpretação

Dificuldade de memória

Dificuldades de aprendizagem em geral

A Neurometria também é uma técnica

complementar no tratamento para baixo

rendimento escolar e desmotivação para o

estudo.

59


TERAPIA MODERNA

NEUROTERAPIA

A TERAPIA DO FUTURO


Neuroterapia consiste na utilização

terapêutica de diferentes estratégias

de Neurofeedback, com o objetivo de

diminuir os sintomas resultantes de

disfunção do Sistema Nervoso Central.

É uma forma de tratamento não farmacológica,

não invasiva, sem efeitos secundários, e é eficaz

numa grande variedade de condições médicas e

psicológicas.

A neuroterapia foi criada para trabalhar o indivíduo

“de dentro para fora”, principalmente a modulação

cerebral, mudando circuitos cerebrais que

não são funcionais para aquele determinado indivíduo.

Por exemplo, no caso de ansiedade e depressão,

podemos mudar o cérebro desses indivíduos

para que o trabalho comportamental possa ser realizado

de forma mais rápida e permanente, uma

vez que o paciente aprende a identificar as causas

fisiológicas da sua patologia e assim aprende também

a modificá-las.

Mudar comportamentos não é tarefa fácil, principalmente

quando nosso cérebro e nossa fisiologia

já possuem padrões próprios de funcionamento

que sempre se repetem. O fisiológico é muitas

vezes mais forte que nossa vontade de mudar o

comportamento. Assim, uma pessoa impulsiva e

explosiva pode não conseguir se controlar mesmo

depois de muito tempo de terapia. A causa pode

estar muito mais ligada à fisiologia, como excesso

de adrenalina (aceleração dos batimentos cardíacos),

estresse da suprarrenal (produção de cortisol

em excesso), SNA simpático demasiadamente elevado

em comparação ao parassimpático; predominância

de vasoconstrição (menos sangue nas

periferias – mãos frias e com sudorese), alteração

respiratória, entre outras alterações fisiológicas

que tornam o indivíduo mais propenso a um certo

tipo de comportamento. Quando se muda e se

adequa essa fisiologia, pode-se também mudar o

comportamento e as emoções desse indivíduo.

Outro exemplo: no momento de um trauma,

a circuitaria cerebral também grava marcadores

neurofisiológicos como:

Velocidade cardíaca

Índice barorreflexo (hiperventilação)

Frequência simpática do momento

Contração muscular

Atividade cerebral do momento.

A partir desses marcadores, é possível driblar e

recriar a circuitaria/engrama, trabalhando o paciente

de forma mais rápida, em vez de trazer à

tona a memória negativa (que, em alguns casos,

pode até fortalecer a circuitaria/engrama).

A Neuroterapia também é uma psicoeducação,

uma vez que aprendemos que o sistema nervoso

autonômico não é tão autonômico assim. Dessa

forma, podemos aprender a mudar nossa fisiologia

através de diversos exercícios.

Sarah Sammy

M. Sampaio

Neuropsicóloga

61


COMO É A SESSÃO DE NEUROTERAPIA?

O paciente se senta em uma poltrona confortável,

o terapeuta coloca eletrodos em pontos estratégicos

a fim de medir os marcadores fisiológicos,

bem como avaliar o predomínio de onda cerebral.

Os eletrodos podem ser posicionados na orelha,

nos dedos, no couro cabeludo ou em uma máscara

(para avaliar a respiração). A localização exata dos

eletrodos bem como as atividades desenvolvidas

são determinadas em uma avaliação preliminar.

Todo o processo de tratamento se dá com o paciente

conectado a esses eletrodos que possuem a função

de captar os sinais fisiológicos e enviá-los para um

software específico que, por sua vez, fará a interpretação

dos dados. O paciente, por intermédio de

um monitor, poderá acompanhar tudo em tempo

real. Ele verá como seu corpo e seu cérebro reagem

perante algo que o deixa ansioso e estressado e logo

depois terá a oportunidade de mudar sua fisiologia

de forma consciente. Assim, quando o mesmo

fato ocorrer fora do ambiente monitorado (na vida

real), ele saberá exatamente que estratégia utilizar

para se acalmar, tal qual fez no consultório.

QUAL O TEMPO DE DURAÇÃO DA SESSÃO?

De 40 minutos a 1 hora e 20 minutos.

QUANTO TEMPO DURA O TRATAMENTO?

A duração do tratamento acontece de forma diferente

para cada indivíduo, dependendo de algumas

variáveis. A mais importante é a disciplina, já

que o paciente leva exercícios para fazer em casa.

Isso porque o cérebro aprende através de repetição e

quanto mais o indivíduo fizer os exercícios, mais rápido

ele verá o resultado. Pode-se dizer, no entanto,

que o tratamento dura em média de 3 meses a 1 ano.

QUAIS SÃO AS INDICAÇÕES PARA SE TRATAR

COM NEUROTERAPIA?

Ansiedade

Depressão

Pânico

Fobias

Insônia

Déficit de atenção

Problemas de aprendizagem

Alterações Neurológicas

Estresse

Aumento do potencial cerebral

Enxaqueca

Cabe ressaltar que não é apenas um tratamento,

mas também uma forma de melhorar o que já

está bom, aumentando o potencial cognitivo, atrasando

o envelhecimento do cérebro e melhorando

sua produtividade. Logo, a neuroterapia atua também

de forma preventiva.


TERAPIA MODERNA

ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA

TRANSCRANIANA

Texto: Larissa Corumbá

A Estimulação Magnética Transcraniana é um tratamento eficaz no combate,

principalmente, à depressão e à ansiedade; No IMPI, a técnica é realizada por

profissionais capacitados e com uma das melhores tecnologias da área.

PARA O CÉREBRO CANSADO:

ESTIMULAÇÃO

Há cerca de quatro anos, o advogado Murilo Barros,

de 46 anos, passava por um momento de profunda

tristeza. Ele se dizia bastante desanimado com a

vida e relata que encontrava dificuldades até para

realizar as atividades mais simples do dia a dia. Ao

procurar soluções para o problema que o angustiava,

Murilo se deparou, por meio das redes sociais, com

um tratamento chamado Estimulação Magnética

Transcraniana (EMT). Após ler depoimentos de várias

pessoas que saíram do estado depressivo com a ajuda

dessa técnica, o advogado resolveu investir nesse

tratamento. Foi então que ele começou a realizar as

sessões da Estimulação Magnética Transcraniana

no Instituto de Medicina e Psicologia Integradas

(IMPI). Murilo comenta que começou a perceber

melhoras significativas em seu quadro clínico, logo

“Percebo que ao

final de cada

sessão me sinto

mais disposto

com a vida“

nas primeiras sessões. “O resultado da Estimulação

Magnética Transcraniana superou as minhas expectativas.

Percebo que ao final de cada sessão me sinto

mais disposto com a vida. Por mim, eu teria um aparelho

deste em minha casa”, brinca.

O médico do IMPI, Dr. Tiago Damaceno, explica

que a Estimu- lação Magnética Transcraniana é

uma técnica bastante moderna. “Essa tecnologia

permite que o tecido neuronal seja modulado, aumentando

ou diminuindo a atividade cerebral, de

acordo com a demanda clínica do paciente”, conta.

O IMPI foi pioneiro ao trazer essa tecnologia a

Brasília. “A Neuro-MS, da Neurosoft, é uma máquina

de origem russa e está no IMPI desde 2009”, diz.

Ainda segundo o médico, essa técnica é indicada

para o tratamento de transtornos neuropsiquiátricos

tais como depressão, insônia, ansiedade, irritabilidade,

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC),

esquizofrenia com alucinações auditivas, transtorno

do pânico, transtorno do stress pós-traumático,

dentre outros.

Ainda de acordo com o médico, a Estimulação

Magnética Transcraniana é uma técnica extremamente

segura e é recomendada para ser realizada a

partir dos 12 anos de idade. Dentre os benefícios desse

tratamento, pode-se citar o aumento das capacidades

cognitivas, melhora da atenção, da concentração

e da memória. O Dr. Tiago afirma que não há contraindicações

para o uso da Estimulação Magnética

Transcraniana, embora pacientes que apresentem

implantes metálicos intracranianos, próteses cocleares,

geradores implantáveis ou de infusão, marcapassos

ou risco de induzir crises epiléticas, devam

evitar esse tipo de tratamento.

63


CICLO VITAL:

CRIANÇA E ADOLESCENTE

ANSIEDADE EM CRIANÇAS

Ansiedade é uma combinação complexa de sentimentos de medo, apreensão,

angústia e preocupação, geralmente acompanhada de sensações físicas como

palpitações, dor no peito, e/ou falta de ar.

ansiedade em níveis

adequados é saudável

e mobiliza o indivíduo

nas suas atividades

diárias.

Os distúrbios da Ansiedade estão

entre as principais causas

Sarah Sammy

M. Sampaio

Neuropsicóloga

de consultas médicas em todo o

Mundo. Uma pesquisa recente

afirma que a ansiedade afeta 13

de cada 100 crianças e adolescentes

entre 9 e 17 anos de idade. As

meninas são mais acometidas

que os meninos e, em metade dos

casos, as crianças apresentam

Ansiedade associada à Depressão.

Em crianças não escolares, a

ansiedade pode se manifestar

em comportamentos agressivos,

irritabilidade, problemas com o

sono e apetite (muito ou pouco),

medos frequentes, solicita muito

a presença dos pais, dificuldade

de seguir regras e respeitar a privacidade

dos adultos.

Nas crianças que já estão na

escola acima de 7 anos observam-se

dificuldades na atenção,

principalmente para tarefas de

rotina e escolares, inquietude, rapidez

exagerada e displicência em

suas atividades, dificuldades na

socialização, e outras situações.


COMO OS PAIS DEVEM LIDAR COM A

ANSIEDADE DOS FILHOS?

Os pais são figuras fundamentais para a criança,

pois são eles que vão moldar o seu desenvolvimento.

É importante que se informem, seja por meio de

profissionais e mesmo de leituras especializadas,

de como se dá este desenvolvimento, e que função

desempenham neste processo. A adequação das

suas atitudes, o acolhimento das necessidades, a

convivência com a insegurança e o prazer, o manejo

com os desejos e a frustração são situações

com as quais estarão lidando diariamente e, com

certeza, estarão oferecendo aos seus filhos a oportunidade

deste aprendizado, que, no futuro, lhes

deixará em condições de conviver e lidar com as

situações de maior complexidade.

SEJA UM BOM EXEMPLO

Seu filho aprende observando você. Se você pula

quando escuta um trovão, nunca sai de perto enquanto

ele brinca, prolonga demais as despedidas,

ou larga um “agora que a mamãe chegou vai dar

tudo certo” sempre que ele enfrenta um desafio,

você reforça a ideia de que há muitas coisas assustadoras

na vida e que só você pode protegê-lo. Mas

se você enfrenta situações desconhecidas com calma

e confiança, com o tempo ele aprenderá a se

comportar da mesma maneira.

CONTE UMA HISTÓRIA

Uma ótima maneira de explicar coisas assustadoras

e acalmar seu filho é contando histórias. Por

exemplo, se seu pequeno se apavora durante um

temporal, invente uma historinha sobre um passarinho

que também está assustado com a chuva,

mas acaba se acalmando quando a mãe dele o protege

bem pertinho do corpo dentro de um buraco

no tronco de uma árvore.

COMEMORE OS FEITOS E

NÃO RIA DOS MEDOS

Alguns pais obrigam os filhos a enfrentar seus medos,

porque querem que eles sejam independentes,

mesmo quando ainda não estão prontos para

isso. Só que essa estratégia quase nunca dá certo.

Se você forçar uma criança apavorada a descer o

escorregador de qualquer jeito, ela não só se sentirá

mal, mas passará a ter medo de você, além

do escorregador. Permita que seu filho desenvolva

naturalmente sua autonomia, ao seu próprio ritmo.

NÃO EXIJA CORAGEM

Alguns pais obrigam os filhos a enfrentar seus

medos, porque querem que eles sejam independentes,

mesmo quando ainda não estão prontos

para isso. Só que essa estratégia quase nunca

dá certo. Se você forçar uma criança apavorada a

descer o escorregador de qualquer jeito, ela não

só se sentirá mal, mas passará a ter medo de

você, além do escorregador. Permita que seu filho

desenvolva naturalmente sua autonomia, ao seu

próprio ritmo.

COMO DEVE SER O AMBIENTE IDEAL PARA

QUE A CRIANÇA NÃO CORRA O RISCO DE SER

ACOMETIDA PELA ANSIEDADE EXCESSIVA?

O ambiente familiar seguro, no qual os pais se respeitam

e lidam de modo adequado com os problemas

naturais da vida, será mais acolhedor para as

dificuldades da criança, mostrando e ensinando a

ela como lidar com as adversidades que possam

estar ocorrendo. Isso irá atenuar e permitir que ela

trabalhe melhor a ansiedade.situações de maior

complexidade.

SINAIS QUE VOCÊ PODE ESTAR COM

TRANSTORNO DE ANSIEDADE:

Problemas com o sono freqüentemente.

Acorda cansado

Se sente com freqüência esgotada e com baixa

energia para realizar as tarefas do dia a dia.

Preocupação excessiva com o futuro e com os

problemas

Irritabilidade

Dificuldade de se manter focado

Problemas com a memória

Problemas com os estudos, dificuldade de armazenar

as informações.

Em situação de prova pode relatar o famoso branco,

dificuldades em matérias que antes não tinha, fica

nervoso no momento da prova (transpira as mãos,

sente o coração acelerar, medo de esquecer tudo).

Dores de cabeça freqüentes, de estomago, tensão

muscular, dor no corpo

Medos freqüentes

Tem mais pensamentos negativos e catastróficos

A ANSIEDADE É PANO DE FUNDO DE VÁRIOS

OUTROS TRANSTORNOS COMO:

Depressão, Fobias, Pânico , TOC, Insônia, Enxaqueca,

Déficit de atenção e Dificuldade de aprendizagem.

65


CICLO VITAL:

CRIANÇA E ADOLESCENTE

O ADOLESCENTE DE

HOJE E SEUS DESAFIOS

Doralice Oliveira

Sampaio

Psicóloga

Jury Ricardo

Gomez Garcia

Psicólogo


entro do desenvolvimento humano, a

fase da adolescência é complexa. O adolescente

passa por mudanças biológicas,

cognitivas e emocionais, tornandose

mais focado em amigos, buscando

uma maior independência fora de casa, entrando

em conflito com os pais. Uma parte desses indivíduos

passa sem grandes problemas, preparando-se

para uma idade adulta saudável. No entanto, alguns

experimentam problemas que vão desde abandono

escolar, uso de drogas, delinquência, automutilação

até suicídio.

Hoje, a investigação cientifica aplicada se orienta,

cada vez mais, para ajudar os pais e os jovens em

ambientes de risco e buscar a forma de desenvolver

seus potenciais para encontrar uma melhor inserção

na vida adulta sem grandes traumas e conflitos.

Para isso, utiliza-se meio de terapias de grupo e individual,

inserção social como atividades competitivas,

arte (música, dança, teatro), olimpíadas de conhecimento

(matemática, física, química, história

e geografia), entre outros.

Outro fator importante no desenvolvimento da

adolescência está ligado aos valores físicos e cognitivos,

como a aparência física e o desenvolvimento

escolar, que contribuem para o senso de identidade

de um adolescente. Essas características devem ser

avaliadas com cuidado pelos pais e orientadores,

identificadas precocemente para serem desenvolvidas,

respeitando as particularidades de cada um.

Devemos considerar relevante as origens do

comportamento sociocultural do adolescente, tendo

em vista a diversidade social e étnica da população

brasileira, além de hábitos e costumes ligados à

matriz sociocultural. Essa diversidade pode ser dinamizada

e integrada com um processo de inclusão

social permanente e incisivo em todos os níveis

educacionais, tanto públicos quanto privados, além

da família e dos grupos sociais organizados.

Outro vetor básico a ser avaliado é o cérebro do

adolescente que se encontra em desenvolvimento.

De acordo com os neurocientistas, deve-se explorar

o cérebro do adolescente e entender como ele se

desenvolve. Existe uma desconexão básica entre o

senso comum e o que realmente está acontecendo

no cérebro desses jovens. Esse cérebro, ainda em

desenvolvimento, tem uma grande plasticidade.

É nesse período que o cérebro de uma pessoa será

drasticamente reformulado pela última vez.

Os adolescentes são sensíveis a experiências e

aprendizagem, já que existe um alto nível de interconexão

entre estímulos e processamento cognitivo.

É significativo quando observamos que os seres

humanos se lembram com muita facilidade de sua

adolescência. Esse é o momento em que se abre

uma janela para fixar aprendizagens e metas.

Nessa fase da vida, o cérebro tem zonas mais

plásticas que outras, criando certo desequilíbrio. O

córtex pré-frontal controla planejamento e pensamento

sobre o futuro, equilíbrio entre riscos, recompensas

e raciocínio lógico. Os hormônios sexuais liberados

por eles somados com fatores ambientais,

como contradições culturais, incertezas e dúvidas,

os tornam mais impulsivos, liberando mais dopamina

no cérebro, e, portanto, com menos participação

do controle Pré-frontal.

EM BUSCA DA IDENTIDADE DO ADOLESCENTE

Segundo Erickon, a principal tarefa da adolescência

é enfrentar a crise de identidade,

de forma a se tornar um adulto único, com

um senso de identidade coerente e um papel

valorizado na sociedade. Essa crise de identidade

pode não se resolver integralmente na

adolescência, estendendo-se, com isso, até a

fase adulta.

O que podemos entender em relação à crise

de identidade na adolescência? Podemos considerar

alguns componentes dessa complexa

fase do desenvolvimento humano como, por

exemplo, o papel do adolescente dentro da família,

independência de pensamento e ação,

inserção em grupos sociais (bairro, escola, clube

e interação online), influência da cultura

atual (religião, livros, filmes, teatro, músicas,

dança, pintura-desenho e esportes).

Esses componentes interagem de diversas

formas na cognição, na emoção e no

comportamento do adolescente, tendo como

resultado uma aproximação individual com a

sociedade, levando em conta os traços básicos

da personalidade e a formação desses indivíduos.

Essa interação se organiza no seu dia a

dia, aceitando ou rejeitando as experiências

vividas, formando com elas comportamentos

que podem ser de diferentes valores para sua

consciência em reformulação (passagem da

infância para adolescência).

Esse processo de identidade do adolescente

passa por diferentes estágios, que pode se

reproduzir de diferentes formas, dependendo

do seu grupo social (mais estruturado – menos

estruturado) no momento em que ele começa

a interagir fora de sua casa, passando a formar

parte da escola e dos grupos extraescolares.

É nesse período de sua vida, que ele sente a

necessidade de ser aceito por um grupo. E, dependendo

do grupo, que o aceitou ou com que

ele se identificou, que podem começar alguns

conflitos e os grandes desafios.

67


PRINCIPAIS CONFLITOS E DESAFIOS DESSA

FASE DO DESENVOLVIMENTO

Os conflitos que mais aparecem ultimamente

no consultório estão ligados ao Bullying, ao sexo

e às drogas.

O Bullying pode ser caracterizado por intimidação,

comportamento agressivo que se destina

a causar angústia ou dano, envolve um desequilíbrio

de poder ou força entre o agressor e a vítima, e

ocorre repetidamente ao longo do tempo. Ele pode

assumir muitas formas, incluído física, verbal, relacional

e cibernética.

Jovens que são vítimas dessas agressões têm

uma tendência a ficarem isolados, o seu desempenho

acadêmico cai, diminui a sua autoestima, são

mais propensos ao suicídio.

SUGESTÕES AOS PAIS E CUIDADORES DE

COMO ENFRENTAR ESSE PROBLEMA

A – Buscar ajuda especializada.

B – Conhecer o ambiente escolar e o grupo no qual

o adolescente está inserido.

C – Conhecer o tipo de bullying que está sendo

praticado.

D – Os pais e cuidadores devem entrar em contato

direto com o indivíduo que está sofrendo bullying

para dar apoio e estudar em conjunto a forma de se

resolver o problema.

E – Entrar em contato com a escola, no sentido de

cobrar da Instituição um programa contra a prática

deste comportamento.

O sexo é um fator importante no desenvolvimento

do adolescente, que se expressa em sua vida emocional,

social e comportamental, em que a atividade

hormonal tem uma participação importante por

estar ligada diretamente com a atividade cerebral.

Essas mudanças se expressam por meio de condutas

impulsivas, tímidas e pensamentos contraditórios.

Esse jovem, além de mudanças físicas e endócrinas,

deve também incorporar elementos culturais

do seu meio social de referência. É nesse momento

que ele passa por um período de adaptação, como

mudanças anatômicas, valores culturais, preconceitos,

ideias fabricadas pelo meio cultural, etc.

PROPOSTAS PARA OS PAIS E CUIDADORES

A – Observar a precocidade ou retardo nos interesses

sexuais do adolescente.

B – Procurar conhecer o perfil de preferência de atração

sexual para poder ajudar a esclarecer as dúvidas.

C – Incluir dentro da família, o sexo como um

tema comum a ser tratado por meio de diálogos

espontâneos.

D – Não considerar o sexo como um tabu.

Em relação ao uso de substâncias psicoativas,

podemos identificá-lo como um problema extremamente

complexo que pode ter um forte impacto

em muitas dimensões da vida do adolescente,

como obtenção do prazer, alívio das angústias e

suposta abertura para novas realidades.

O adolescente encontra-se em um momento de

conflitos entre a realização instantânea do prazer e

o tempo que demanda a difícil formação profissional.

A partir desses conflitos, é que o jovem busca

caminhos curtos. Em outros retratos sociais, falta

acesso aos bens culturais e educacionais e poucas

perspectivas, dando espaço para a fantasia da droga.

Esse processo de mudanças acontece, também,

no Sistema Nervoso central, com amplas modificações

de neurônios e conexões nervosas para dar

passo a uma nova etapa do crescimento. Por meio

dessas mudanças externas (sociedade) e internas

(cérebro), o jovem passa a enfrentar o contato

com as drogas.

Essas modificações predispõem os jovens a reações

imaturas, como impulsividade, irritabilidade e

insegurança, além do desejo de aceitação dentro dos

novos grupos, sendo a substância psicoativa atrativa

nesta época. O jovem não conhece bem que o uso

dessas substâncias pode causar danos irreversíveis

à estrutura do cérebro e aumentar o risco de desenvolvimento

de uma dependência química.

SUGESTÕES PARA OS FAMILIARES

A – Ficarem próximos do desenvolvimento do adolescente,

enquanto indivíduo inserido em grupos.

B – A família precisa estabelecer um vínculo afetivo

estreito com o jovem.

C – Desenvolver junto com o adolescente uma cultura

ampla e objetiva sobre as drogas, dentro da

sociedade e dos indivíduos; por meio de informações

recomendadas.

D – Buscar conhecimentos e tratamentos com especialistas

no tema, já que esse assunto tem dimensões

universais.

Como proposta final, devemos lembrar que o cérebro

do adolescente está nesse momento em uma

fase de reformulação, tanto na estrutura quanto

no funcionamento, o que favorece o processo de

aprendizagem, a mudança de comportamento e as

modificações de pensamento para um melhor enfrentamento

com as novas expectativas de vida.


CICLO VITAL:

CRIANÇA E ADOLESCENTE

O PAPEL DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NA

ESCOLHA PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE

adolescência é um

período muito valorizado

em nossa sociedade

e está relacionada

à juventude,

ao conflito, ao descompromisso,

à vivacidade e à contestação. É

tido como um momento de grandes

incertezas, pois os jovens

transitam entre dois mundos,

o infantil e o adulto, e não se

sentem pertencentes a nenhum

deles. Erickson (1972) define

essa fase como uma moratória

psicossocial, que são os lugares

que este “ser”, que não é criança

e nem adulto, pode ocupar na

Sueli da Rocha

Gonçalves

Psicóloga

sociedade, e que também ainda

não estão definidos, o que pode

causar grandes sofrimentos.

Esse período, portanto, não

deveria ser visto como uma crise

pré-programada biopsicologicamente,

pois assim seriam deixados

de lado alguns fatores cruciais

para o desenvolvimento dos

jovens, como as condições sociais

e culturais de cada indivíduo. Por

outro lado, soma-se aos desafios

do adolescente a árdua tarefa de

se adaptarem às grandes transformações

hormonais que ocorrem

em seu organismo. Para

Jeammet (2005), essa é uma função

do organismo, é inerente à

condição humana e se traduz, necessariamente,

numa patologia.

Entre os estudiosos da adolescência,

há certa divergência

sobre esse período. Uns afirmam

que é um período composto por

crises, outros dizem que é uma

construção social, porém ambos

são importantes para o estudo e

a compreensão dessa fase de desenvolvimento

do ser humano.

A psicanálise, através das etapas

do desenvolvimento da personalidade,

fornece subsídios à

compreensão da adolescência

como sendo um ajuste psicológico

em função das mudanças

ocorridas no sujeito. Segundo

Bloss (1985), a adolescência é uma

etapa final da fase genital de desenvolvimento

psicossexual em

que ocorre a reedição do édipo e

sua possível elaboração, e esta

seria a soma de vários ajustes às

novas condições interiores e exteriores

enfrentadas pelo indivíduo,

e que vão sendo construídas

desde a primeira infância.

69


Aberastury (1981) concebe essa

etapa como sendo um “período

de contradições, confuso, ambivalente,

doloroso e caracterizado

por fricções no meio familiar”

(p.13), portanto, é um processo

normal e esperado que cada indivíduo

deve experienciar. Para

esta autora, o adolescente enfrenta

três lutos fundamentais

nessa fase:

1

O LUTO PELO CORPO INFANTIL

PERDIDO, base biológica da adolescência,

imposta ao indivíduo

que tem que sentir e viver suas

mudanças como algo externo, e

se encontra como um espectador

impotente em relação ao que

ocorre no seu próprio organismo.

2

O LUTO DO PAPEL E DA IDEN-

TIDADE INFANTIS que o obrigam

a uma renúncia da dependência

e entrada em uma nova fase

desconhecida.

3

PRIMEIRO LUTO

SEGUNDO LUTO

TERCEIRO LUTO

O LUTO PELOS PAIS DA INFÂN-

CIA, os quais persistem em retê-

-lo na sua personalidade, procurando

o refúgio e a proteção que

eles significam.

Bohoslavsky (1998) define a

crise da adolescência como algo

que morre e algo que nasce, portanto,

se relaciona com a noção

de desestruturação e reestruturação

da personalidade, em que o

adolescente está em crise, pois se

encontra neste processo.

Outeiral (2003) afirma que o

final da adolescência poderia

ser caracterizado pelo estabelecimento

de uma identidade

estável, por uma aceitação da

sexualidade, com a consolidação

do papel sexual adulto, pela independência

dos pais e pela escolha

profissional.

A entrada no mundo profissional

é exigência do fim da adolescência,

o que obriga os jovens estarem

em permanente formação,

pois as mudanças rápidas que

acontecem no mundo capitalista

levam a uma acirrada competição,

tanto na entrada como na

permanência, pois o mercado de

trabalho é altamente competitivo

e exigente.

Segundo Lehman (2005) o

mercado de trabalho, que está

em constante mudança, incentiva

o indivíduo a investir cada

vez mais na educação como forma

de ascender e se sobressair

na carreira e, com isso, faz com

que o indivíduo adquira a responsabilidade

pelo seu êxito, ou pelo

fracasso no mundo empresarial;

e assim, nesse momento, o adolescente-adulto,

repleto de incertezas

sobre qual mundo transitar,

precisa criar sua identidade

ocupacional.

Segundo Sparta (2003), para

que as novas funções exigidas

pelo mercado fossem desempenhadas,

cursos de especialização

e formação surgiram, tendo

como objetivo o aumento da produtividade

e possibilitar o acesso

das pessoas ao mercado de

trabalho. Nesse contexto surgiu

a Orientação Profissional para

auxiliar os indivíduos nas suas

escolhas.

Levenfus (1997) considera

a Orientação Vocacional

Ocupacional um processo mais

abrangente, que diz respeito não

somente à informação das profissões,

mas a toda uma busca

de conhecimento a respeito de

si mesmo, das características

pessoais, familiares e sociais do

orientando, promovendo o encontro

das afinidades do mesmo

com aquilo que ele pode vir

a realizar em forma de trabalho.

Classifica, portanto, como uma

abordagem psicológica, ou psicopedagógica,

que visa a buscar

uma identidade profissional.

A Orientação Profissional consiste

em possibilitar ao adolescente

o seu autoconhecimento, e

a identificação de seus interesses,

a influência familiar e a definição

de seu projeto de vida. É papel do

Orientador Profissional também

esclarecer situações, conscientizar

e vincular a problemática do

adolescente, frente à escolha de

seu futuro, com o contexto histórico

e as situações locais onde

essa escolha se dá. Para tanto, o

Orientador Profissional deve levar

em consideração a etapa de

vida em que o adolescente se encontra,

as influências dos amigos

e familiares, além das vivências

que cada jovem traz de todo o seu

desenvolvimento.

A finalidade da Orientação

Vocacional é avaliar, analisar,

esclarecer e informar o examinando

suas áreas de interesses,

aptidões específicas e gerais, que

se apresentam inseridas em suas

possibilidades. Revela, também,

tendências e habilidades em área

ou campos de trabalho. O objetivo

da Orientação Vocacional é associar

esses campos e sugerir caminhos

ou tendências profissionais,

que possam estar mais próximas

das possibilidades, capacidades

e dos interesses do examinando,

é poder proporcionar ao examinando

uma forma de resolver o

“dilema” diante desse momento

de decisão.

Referências Bibliográficas

ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. ; Adolescência

normal: Um enfoque psicanalítico; Porto Alegre;

Artes Médicas; 1981.

Blos, P. (1985). Adolescência: uma interpretação

psicanalítica. São Paulo: Martins Fontes.

BOHOSLAVSKY, R. Orientação vocacional: a

estratégia clinica. 2.Edição.São Paulo : Martins

Fontes, 1988.

Erikson, E. H. (1972). Identidade, juventude e

crise. Rio de Janeiro: Zahar

Jeammet, P., & Corcos, M. (2005). Novas problemáticas

da adolescência: Evolução e manejo da

dependência. São Paulo: Casa do Psicólogo.

LEHMAN, Y. P. Estudo sobre evasão universitária:

as mudanças de paradigmas na educação e

suas conseqüências. 2005. Tese (Livre docência)

- Instituto de Psicologia, Universidade de São

Paulo: São Paulo, 2005.

OUTEIRAL, J.. Adolescer: estudos revisados sobre

adolescência. 2. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:

REVINTER, 2003.


TABUS E

INFORMATIVOS

Entendendo as

principais

abordagens

psicológicas

Vitor Santiago

Borges

Psicólogo

ciência psicológica é essencialmente

introspectiva. Diferentemente

dos demais campos da Ciência, a

Psicologia não possui um objeto de

estudo externo a ela. Trata-se da

própria mente utilizando-se dela mesma para

entender a si própria. Diante de tal desafio e originalidade,

a Psicologia tornou-se uma ciência

ou campo de estudo com diferentes compreensões

do mesmo fenômeno, dada a sua complexidade:

a personalidade, o comportamento e a

mente do homem. Por isso, disponibilizo para o

leitor leigo em Psicologia um quadro sumarizado

das principais escolas psicológicas ao longo

de sua história e as abordagens que se destacam

em nossos dias.

71


ESTRUTURALISMO

Em 1879, o médico e fisiologista Wilhelm Wundt fundou

o primeiro laboratório de psicologia experimental do mundo,

na Universidade de Leipzig, na Alemanha, conferindo

à Psicologia o estatuto de ciência plena. Sua convicção

era de que a Psicologia deveria investigar os processos

elementares da consciência (experiência imediata), com

suas combinações e relações, da mesma forma que os

químicos estudavam os elementos fundamentais da matéria.

Segundo Wundt, a correta compreensão dos estados

mentais como atenção, intenção e metas, é o que definiria

o campo de estudo da Psicologia. Para tal, utilizou como

método a introspecção analítica, ou seja, a auto-observação

cuidadosa e acurada dos processos mentais. Líder

do movimento conhecido como Estruturalismo, Wundt

postulou os seguintes princípios: 1. Os psicólogos devem

estudar e entender a consciência humana, especialmente

as experiências sensoriais; 2. Devem servir-se de trabalhosos

estudos introspectivos e analíticos de laboratório;

3. A análise dos processos mentais, em seus elementos,

deve descobrir suas combinações e conexões, buscando

localizar, no sistema nervoso, as estruturas a eles relacionadas.

Wundt descreveu esse novo campo de pesquisa

da seguinte forma:

O mundo da psicologia contém olhares, tons e sentidos;

é o mundo do escuro e do claro, do barulho e do

silêncio, do áspero e do liso; seu espaço é às vezes grande

e às vezes pequeno, sabem-no todos os que voltaram

à casa de sua infância; seu tempo é às vezes curto, às

vezes longo... Contém também pensamentos, emoções,

lembranças, imaginações, volições (escolhas) que naturalmente

se atribuem à mente...

Apesar de iniciar formalmente a pesquisa e o objeto

de estudo da Psicologia, o movimento psicológico

de Wundt não contribuiu no desenvolvimento do tratamento

e da clinica psicológica, que só ganhou expressão

através de Sigmund Freud e sua construção teórica: a

Psicanálise.

PSICANÁLISE

Freud (1856-1939) se contrapôs à Psicologia tradicional

da consciência ao descobrir que subjacente a esta, existe

um substrato inconsciente muito mais amplo. No seu ponto

de vista, a psicologia que se limita à análise da consciência

se torna totalmente inadequada para a compreensão

das motivações mais profundas e fundamentais do

comportamento humano. Por meio de observações, ao longo

de anos de trabalho clínico e analítico, concebeu a personalidade

humana composta de três grandes sistemas

psíquicos: o id, o ego e o superego. Embora cada um desses

sistemas tenha sua característica –, suas propriedades,

seu dinamismo e suas funções, eles atuam uns sobre os

outros com tal interpenetração, que é difícil discriminar separadamente

a contribuição de cada um no comportamento

humano. O id seria o sistema original da personalidade,

isto é, a matriz pela qual o ego e o superego se diferenciam

ganhando sua autonomia. Formado pelos instintos

e impulsos inatos voltados para o desejo e em obediência

ao princípio do prazer, o id é amoral, sendo mais o reservatório

de energia psicofísica que outorga movimento

aos demais sistemas. Freud chamou o id de a verdadeira

realidade psíquica que não tolera aumentos de energia

experimentados como estados de tensão. Seu movimento

fundamental é em direção ao prazer. O ego nasce de

uma necessidade executiva em decorrência da colisão do

id (princípio do prazer) e as pressões ambientais (princípio

da realidade). Enquanto que o id apenas reconhece as

pressões instintivas da mente, o ego faz distinção entre

as coisas da mente e o mundo externo, sendo, portanto,

o “executivo” da personalidade, sede do livre-arbítrio.

O superego, por sua vez, representa internamente os

valores da sociedade transmitidos pelos pais, e reforçados

pelo sistema de recompensa e castigo da criança.

É a polícia interna. Sendo o componente moral da personalidade,

é nele que se formam os sentimentos de

culpa e vergonha. Sua função é julgar e moralizar as

escolhas. Como mediador, o ego administra as pressões

contrárias do id e do superego.

Freud concebeu a personalidade humana dividida

entre o instinto amoral e a moral coletiva. Um indivíduo

saudável é aquele que consegue integrar relativamente

bem esses sistemas opostos em sua vida mental. E a

prática clínica psicanalítica procura integrar os elementos

inconscientes do indivíduo, que são reprimidos em

sua educação, com tudo o que o indivíduo aceitou em

sua consciência. Para a Psicanálise, a personalidade é

um ente dividido, tendo por isso, tendência ao adoecimento

emocional psicológico. A teoria psicanalítica se

voltou particularmente para os aspectos sintomáticos e

patológicos da experiência humana. Da escola de Freud,

surgiram outros modelos psicanalíticos que revisitaram

o modelo freudiano, ampliando suas perspectivas e seu

escopo, como as teorias das relações objetais, voltadas

para o desenvolvimento infantil. Entre elas, as que mais

se destacaram foram as abordagens de Melanie Klein

(1882-1960) e Heinz Kohut (1913-1981). Porém, o discípulo

mais influente de Freud e que depois se tornou seu principal

dissidente foi Carl Gustav Jung (1875-1961), reconhecido

como um dos maiores pensadores do século XX.


PSICOLOGIA ANALÍTICA

Para Jung, os fundamentos da personalidade são arcaicos,

primitivos, inatos, inconscientes e universais. A personalidade

total ou psique, segundo Jung, é formada por vários sistemas

isolados que atuam uns sobre os outros, e são os seguintes:

1. Ego ou mente consciente: formado por percepções, memórias,

pensamentos e sentimentos conscientes. É responsável por

nossos sentimentos de identidade e continuidade, encarado como

o centro da personalidade.

2. Inconsciente individual: composto pelas experiências reprimidas,

esquecidas e ignoradas (inicialmente muito fracas e subliminares

para marcar sua fixação na consciência). Marcado por complexos

(grupo organizado de sentimentos, pensamentos, percepções

e memórias), o inconsciente individual age como um magneto,

atraindo o sujeito para temas emocionais que se repetem sem

que tenha consciência, ao longo de suas escolhas através da

experiência. Seu núcleo procede, em parte, das experiências da

criança com sua mãe e pai, e quanto mais poderosa a força que

emana desse núcleo, maior será o número de experiência que

atrairá para si, através de repetições ou fixações emocionais. É o

exemplo de um indivíduo que busca relacionamento com pessoas

críticas por ter sido criado em um ambiente emocionalmente

crítico.

3. Inconsciente coletivo: o mais poderoso e influente sistema da

psique. Nele se encontram depositados, de modo latente, a memória

coletiva e ancestral de todos nós. É o reino dos mitos e arquétipos

que influenciam nossas escolhas e experiências mais profundas.

Sobre ele estão erigidos o ego, o inconsciente individual e todas

as outras aquisições individuais. Seus componentes estruturais

são os arquétipos, motivos e imagens primordiais, míticas, que

influenciam a vida psíquica de cada indivíduo. A natureza dos

arquétipos é universal e procede do inconsciente coletivo. Aqui

seguem os principais: persona (máscara ou representação social,

usada pela pessoa, em resposta às convenções sociais e tradicionais

da cultura). Anima (o lado feminino da personalidade masculina,

pois vivendo com mulheres através do tempo – principalmente

a mãe –, o homem internalizou formas e princípios emocionais

tipicamente femininos, acarretando ou não uma identificação

homossexual). Animus (o que ocorre com os homens, também

ocorre com as mulheres, nelas desenvolvendo aspectos inerentes

à psique masculina). Sombra (representa o aspecto animal da

natureza humana, sendo responsável pelo aparecimento, na

consciência e no comportamento, de pensamentos, sentimentos

e ações desagradáveis e socialmente reprováveis). Self – princípio

de unidade e integração psicológica no homem. Sua assimilação

conduz o indivíduo a uma evolução e ampliação da personalidade.

Coloca o indivíduo em contato com o Sagrado e lhe confere um valor

de realização psicológica vital. O Self é, por assim dizer, o patamar

evolutivo e ao mesmo tempo o princípio de conscientização e

espiritualização da personalidade humana. É o arquétipo da

iluminação. Diferentemente da Psicanálise, a Psicologia Analítica de

Jung, ocupa-se com a evolução e tem como alvo a ampliação da

personalidade por sua integração através do Self.

73


BEHAVIORISMO OU PSICOLOGIA

COMPORTAMENTAL

Iniciada pelo psicólogo da Universidade de Chicago John Watson (1878-1958),

a psicologia comportamental procurou se fixar na observação do comportamento

observável, buscando para isso métodos objetivos. Suas principais teses, em

oposição ao método introspectivo de Wundt, e a formulação de uma psicologia

do inconsciente em Freud e Jung, foram:

1. Os psicólogos deveriam estudar os eventos ambientais, os chamados estímulos,

e o comportamento observável em forma de respostas a esses estímulos.

2. A experiência é a influência principal no comportamento, nas aptidões e nos

traços, destacando-se acima da hereditariedade. Por essa razão, a aprendizagem

é um tópico de significado especial para a investigação.

3. A introspecção deve ser abandonada em benefício de métodos objetivos

(experimentação, observação e testes).

4. Os psicólogos devem buscar a descrição, explicação, predição e controle

do comportamento. Devem também priorizar tarefas práticas, tais como

aconselhamento de pais, legisladores, educadores e homens de negócios.

5. O comportamento de animais inferiores deve ser investigado juntamente

com o comportamento humano, pois os organismos simples são mais fáceis de

estudar e entender do que os complexos. A partir deles, deve-se desenvolver o

entendimento em direção aos comportamentos humanos mais complexos. Para

Watson, o comportamento pode ser modulado por estímulos específicos e, por

isso, controlado e moldado cientificamente. Em seu livro de 1930, Behaviorism,

sustenta essa visão:

Deixe sob a minha responsabilidade uns 10 bebês saudáveis e bem formados,

e um mundo especificado por mim para criá-los, e garanto escolher algum

aleatoriamente e treiná-lo para tornar-se especialista em qualquer área, seja um

médico, um advogado, um empresário e até mesmo um mendigo ou um bandido,

independentemente do talento, da tendência, da habilidade, da vocação e da

raça dos seus ancestrais.

À medida que o behaviorismo evoluiu através de novos autores dessa escola,

sua filosofia ampliou-se, como foi o caso do behaviorismo radical de Frederic

Skinner (1904-1990), com o conceito de “condicionamento operante”, mecanismo

que seleciona a resposta de um indivíduo em razão de sua premiação, pelo fato

de ser bem-sucedida. O comportamento operante ocorre sem qualquer estímulo

antecedente externo observável. A resposta do organismo é espontânea, o que

não significa que não haja um estímulo que a elicie, mas que somente não é

detectável quando ocorre, conforme Watson supunha. Mais ocupado com o

fenômeno da aprendizagem do que com o do estímulo e das respostas na fórmula

ambiente/comportamento, Skinner destacou a lei de aquisição que resulta da

força de um comportamento operante aumentado por um estímulo reforçador.

Assim, a personalidade não é somente passiva a estímulos ambientais, mas é

capaz de modificar o próprio ambiente diante de reforços emocionais positivos.

O homem não é só produto do meio em que vive, mas é também o seu agente.

Psicólogo de grande popularidade, Skinner recebeu destaque num editorial de

1972 da revista Psychology Today: “Pela primeira vez na história dos Estados

Unidos, um professor de psicologia alcançou a celebridade comparável à dos

astros de cinema e televisão”.


1

2

3

PSICOLOGIA HUMANISTA

Para a psicologia humanista, a psicologia comportamental

(behaviorismo) era definida como uma abordagem limitada,

artificial e improdutiva da natureza humana. Para os

psicólogos humanistas, o foco no comportamento manifesto

era desumanizador, reduzindo o ser humano ao status de

simples animal ou máquina. Também se opuseram às tendências

deterministas e psicopatológicas da Psicanálise, que

minimizava o papel da consciência enquanto potencial de

crescimento e bem-estar. Se os psicólogos, como é o caso

dos psicanalistas, se concentrassem apenas em estudar a

disfunção mental, como poderiam compreender a natureza

da saúde emocional, da alegria, do êxtase, da bondade, da

generosidade? Fundada nos trabalhos de Abraham Maslow

(1908-1970) e Carl Rogers (1902-1987), a Psicologia Humanista

foi considerada a terceira força na Psicologia, lançando as

bases da Psicologia Positiva.

Na visão de Maslow, cada indivíduo é dotado de um potencial

inato para a autorrealização – o pleno desenvolvimento

das habilidades e a realização de todo o seu potencial

humano. Por isso, sua pesquisa buscou identificar as características

das pessoas autorrealizadas e, portanto, psicologicamente

saudáveis. Foi em razão desse perfil, que Maslow

desenvolveu sua abordagem psicológica, caracterizando o

indivíduo autorrealizado com as seguintes características:

Percepção objetiva da realidade;

Plena aceitação da própria natureza;

Compromisso e dedicação a algum tipo de

trabalho;

1

2

3

4

5

descobrir-se cada vez mais em contato com os Valores B

ou metavalores, valores vitais e transcendentes que acarretam

o crescimento espiritual e consciente do ser humano

em seu processo de evolução individual. Maslow acreditava

que os pré-requisitos para a autorrealização eram o amor

suficiente na infância, a satisfação das necessidades fisiológicas

e de segurança nos primeiros dois anos de vida. Se

a criança for segura e confiante nesse período, seu caminho

em direção à autorrealização na fase adulta não apresentará

obstáculos. Todo o espectro do bom desenvolvimento

humano foi exposto por Maslow no que chamou de satisfação

na hierarquia das necessidades:

Necessidades fisiológicas;

Necessidade de segurança, ordem e estabilidade;

Necessidade de pertinência e amor;

Necessidade de estima (de si e dos outros);

Necessidade de autorrealização (vinculação e

conexão com os Valores B, valores transcendentes

e de conexão com o Sagrado).

Carl Rogers convergiu com Maslow ao afirmar que a força

motriz da personalidade é o impulso para a realização

do self. Entretanto, embora o anseio por autorrealização

seja inato, ele pode ser incentivado ou reprimido pelas experiências

da infância. Por esse motivo, Rogers enfatizou a

relação entre mãe e filho por ela afetar diretamente o self

em evolução na criança. Se a mãe satisfaz a necessidade

de amor do bebê, que Rogers chamou de atenção positiva,

ele provavelmente terá uma personalidade saudável com

potencial para autorrealização. As pessoas plenamente

funcionais ou psicologicamente saudáveis para Rogers

apresentariam as seguintes características:

4

5

Simplicidade e naturalidade do comportamento;

Necessidade de autonomia, privacidade e

independência;

1

2

Mente aberta para aceitar qualquer tipo de

experiência e novidades;

Tendência a viver plenamente cada momento;

6

7

Experiências culminantes ou místicas;

Empatia e afeição pela humanidade;

3

Capacidade para se orientar pelos próprios

instintos e não pelas opiniões ou razões de

outras pessoas;

8

Resistência ao conformismo;

4

Senso de liberdade em pensamento e ação;

9

Estrutura de caráter democrático;

5

Alto grau de criatividade;

10

11

Atitude criativa;

Alto grau de interesse social.

Portanto, o trabalho clínico de Maslow teve como alvo

o desenvolvimento da personalidade em direção prospectiva

à autorrealização. Para isso, o indivíduo precisaria

6

Necessidade contínua de maximizar o seu

potencial humano.

A terapia de Rogers concentrou-se na pessoa, e constituiu

uma perspectiva mais ampla, que foi além do tratamento

dos distúrbios emocionais, visando o potencial de

crescimento e humanização de cada indivíduo, tendo em

vista sua autorrealização.

75


PSICOLOGIA POSITIVA

O pressuposto da Psicologia Humanista, de que os

psicólogos deveriam estudar não somente os aspectos

psicopatológicos do homem, mas também seu potencial

para a virtude e crescimento, foi reprisado pelo presidente

da APA (American Psychological Association), Martin

Seligman, em 1998.

Em um simpósio (1998) sobre a ciência do otimismo e

da esperança, Seligman observou que o “incansável enfoque

nos aspectos negativos cegou a Psicologia para

muitos exemplos de crescimento, perícia, esforço e insight

resultantes até mesmo de acontecimentos dolorosos e indesejáveis

da vida”. Com opinião semelhante à de Maslow,

Seligman salientou:

Por que as ciências sociais enxergam o potencial e as

virtudes humanas – como o altruísmo, a coragem, a

honestidade, a obediência, a alegria, a saúde, a responsabilidade

e o bom estado de espírito – como ilusões

absolutas, defensivas ou secundárias, enquanto a fraqueza

e as motivações negativas – como a ansiedade, a

luxúria, o egoísmo, a paranoia, a raiva, a desordem e a

tristeza – são consideradas autênticas?

A Psicologia Positiva, enquanto movimento psicológico

contemporâneo visando o crescimento e a autorrealização

do indivíduo, nasceu desse e de outros apelos

de Seligman. Seu postulado teórico e prático ocupa-se,

atualmente, com a questão da felicidade e do crescimento

psicológico do ser humano, através de pesquisas

sobre as virtudes e potencialidades de crescimento, do

bem-estar, da resiliência, da coragem e do enfrentamento

emocional dos problemas, formalizando uma ciência

psicológica em torno da felicidade. Diferentemente do

prazer que não produz crescimento, os cientistas da

Psicologia Positiva concordam que a “felicidade autêntica”

só pode resultar do crescimento e amadurecimento

virtuoso da personalidade, e seu trabalho clínico atual

tem como alvo exatamente isso.

TERAPIA COGNITIVA

Desenvolvida por Aaron T. Beck, na Universidade da

Pensilvânia no início da década de 60, sob a forma de uma

psicoterapia breve, altamente estruturada e orientada

para o momento presente do paciente, a Terapia Cognitiva

foca a resolução de problemas atuais, a modificação de

pensamentos negativos e comportamentos disfuncionais.

Seu pressuposto fundamental é de que o pensamento

distorcido ou disfuncional (que influencia o humor e o

comportamento do paciente) está relacionado a todos os

distúrbios psicológicos. Seu modelo é fundado, por conseguinte,

no seguinte axioma: penso, logo sinto; sinto, logo

reajo. Portanto, o desenvolvimento de uma avaliação realista,

livre das distorções do pensamento negativo habitual

e viciado, promove uma melhora duradoura no quadro

emocional, resultando na modificação de crenças disfuncionais

recorrentes do paciente.

Por apresentar resultados altamente promissores na

clínica psicológica, a Terapia Cognitiva vem sendo considerada

no meio médico um modelo de tratamento padrão

que está baseado em 9 princípios norteadores:

1- A Terapia Cognitiva se baseia em uma formulação em

contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas

em termos cognitivos-emocionais (como interpreta e

sente suas experiências). Procura identificar o pensamento

disfuncional do paciente, que ajuda a manter seus sentimentos

de tristeza ou ansiedade (“Eu sou um fracasso,

eu não consigo fazer nada certo, eu jamais serei feliz”).

Tal crença ou distorção (vício cognitivo) leva o paciente

a repetir os mesmos comportamentos problemáticos

que reforçam suas crenças, mantendo-o fechado em

circuito emocional viciado pelo sofrimento (isolamento,

evitação, esquiva, etc...). 2- A Terapia Cognitiva requer

uma aliança terapêutica segura, para junto ao paciente,

superar seus problemas cognitivos que estão na base

de seu sofrimento emocional. 3- A Terapia Cognitiva

enfatiza a colaboração e a participação ativa entre

terapeuta e paciente, tendo em vista a superação e o

crescimento interior do paciente, seu ajustamento cognitivo.

4- A Terapia Cognitiva é orientada em metas e

focalizada nos problemas centrais do paciente, e que

são constantemente reavaliados entre terapeuta e

paciente que, alinhados, tomam decisões conjuntas

no processo terapêutico. 5- A Terapia Cognitiva inicialmente

enfatiza o presente, os problemas atuais e as

situações aflitivas para o paciente. Em geral, o terapeuta

cognitivo inicia a terapia com o exame cuidadoso

de problemas no aqui-e-agora, independentemente do

diagnóstico. A atenção volta-se para o passado em três

circunstâncias: quando o paciente expressa predileção

por isso, quando o terapeuta julga que é importante

entender como e quando pensamentos disfuncionais

se originaram afetando a vida do paciente atualmente

e, quando o trabalho voltado em direção a problemas

atuais produz pouca ou nenhuma mudança cognitiva.

6- A Terapia Cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente

a desenvolver habilidades emocionais e sociais e

enfatiza a prevenção de recaída. 7- A Terapia Cognitiva

objetiva um tempo limitado. 8- A Terapia Cognitiva ensina

os pacientes a identificar, avaliar e responder a

seus pensamentos e crenças disfuncionais. 9- A Terapia

Cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar

pensamento, humor e comportamento.


LOGOTERAPIA

Desenvolvida pelo psiquiatra vienense Viktor Frankl

(1905-1997), a logoterapia pode ser considerada uma

importante contribuição para a abordagem Humanista

de Maslow. Também conhecida como a “Psicoterapia

do Sentido da Vida”, caracteriza-se pela exploração da

experiência imediata com base na motivação humana

mais fundamental, que é o encontro com o sentido da vida.

Para além do prazer, o homem anseia pelo sentido, pois

somente uma vida de sentido é uma vida realizada. Tratase

de uma psicoterapia essencialmente positiva, orientada

para o espírito em suas necessidades mais profundas de

realização. De acordo com Frankl, a logoterapia originase

“do espiritual”, concebido como o princípio que associa

o ser humano à realidade e, portanto, purgado de suas

fixações imaginárias que o envolvem no sofrimento. Para

Frankl, o fato fundamental que impulsiona o homem a

partir de suas camadas psíquicas mais profundas, não é a

vontade de poder ou a vontade de prazer, mas a vontade

de sentido. Assim, uma vida dedicada ao poder e ao prazer

é uma vida humanamente superficial, irrealizada, pois o

homem só se torna plenamente humano quando se sente

ou percebe-se vinculado a um Sentido que o transcende, a

uma Causa a partir da qual retira todos os seus potenciais

de crescimento interior. Ao falar de sentido, Frankl se

refere à coerência, à busca de propósito e finalidade.

Quando perde seu sentido religioso ou existencial, o

homem se desconecta tornando-se ansioso, inseguro e

apegado, prisioneiro de suas fantasias. Cai, por assim

dizer, num vazio existencial e sofre. Portanto, a logoterapia

objetiva a conscientização do espiritual, concebendo o

espiritual como a correta compreensão da realidade e

seu lugar no mundo. É uma psicoterapia voltada para o

desenvolvimento da consciência e sua emancipação dos

pensamentos obsessivos, base das emoções de angústia

e sofrimento. Os principais livros de Frankl traduzidos

para 32 idiomas foram: “Em Busca do Sentido (1946)”, “A

Vontade de Sentido (1969)”, e “A presença ignorada de

Deus (1943)”.

Estas são as principais abordagens da ciência e

da clínica psicológica. Há ainda outras que se desenvolveram

de modo a complementar e a justapor

as principais abordagens aqui elencadas.

Mas desenvolvê-las ultrapassaria os limites desse

artigo.

77


TABUS E

INFORMATIVOS

QUANDO DEVO ME

CONSULTAR COM UM PSIQUIATRA?

inda se acredita, em

pleno século XXI,

que o psiquiatra é só

“médico de loucos”.

Muitas pessoas consideram

uma ofensa pessoal ser

encaminhadas por familiares,

professores, médicos e psicólogos

a consultar um psiquiatra. “Mas

eu não sou maluco, não sou louco”

é o primeiro protesto.

Hoje em dia as pessoas levam

um ritmo de vida muito acelerado;

sintomas como ansiedade e

estresse, por exemplo, estão presentes

todo o tempo, associados

a problemas familiares, pressões

no trabalho, dificuldades financeiras,

à violência que tendem a

causar nas pessoas insegurança e

medo. Todos esses fatos causam

Alfonso

Alfonso Paz

Médico

um desequilíbrio e podem ser

muitas as formas de apresentação

dos sentimentos que as

pessoas passam a experimentar

como, por exemplo, fadiga, cansaço,

distúrbio do sono, dores

musculares, dores de cabeça, irritabilidade,

alterações de humor,

alterações da memória, dificuldade

de concentração, falta de

apetite, depressão, esgotamento

profissional, perda de libido, crises

de choro, visão turva, ouvir

vozes; sensação de a pessoa estar

sendo vigiada, seguida; mania

de arrancar os cabelos, comer

compulsivamente, comprar compulsivamente,

medo de estar em

lugares públicos, uso abusivo de

álcool, uso de drogas, pensamentos

suicidas, pensamentos homicidas,

uso nocivo e abusivo de

internet, jogos patológicos, compulsão

sexual e ciúme patológico.

Todos os transtornos neurais

têm uma característica em

comum: fazer sofrer. Tanto o paciente

quanto quem está a sua

volta sofrem com a doença.

Só se percebe a doença através

dos prejuízos que ela provoca

e quando impede a pessoa de ter

uma vida com qualidade. Mas é

possível viver melhor com a ajuda

profissional especializada.

A psiquiatria (do grego psyché

= alma + iatria = Tratamento

Médico) é uma especialidade da

medicina que lida com a prevenção,

a atendimento, o diagnóstico

e a reabilitação das diferentes

formas de sofrimentos mentais,

sejam eles de forma orgânica ou

funcional e em manifestações

psicológicas severas.

Nossa função profissional

como Psiquiatras é promover

saúde mental e física, cujo resultado

pode ser visto no sorriso

das pessoas que ganharam uma

nova oportunidade para escreverem

a história de suas vidas.


TABUS E

INFORMATIVOS

O CÉREBRO

cérebro humano é realmente

incrível. Se você ganhasse

um real para cada neurônio

em seu encéfalo você seria

bilionário. Dentro de nossos

crânios, habitam cerca de cem bilhões de

neurônios vivos, ativos e que se comunicam.

Todas essas células foram organizadas

e conectadas com uma complexidade

nunca antes testemunhada no Universo,

resultando em seres igualmente inéditos.

É certo que nós, seres humanos, somos

mais uma espécie de animais em meio a

muitas outras. Somos vertebrados como

os calangos, mamíferos como as onças-

-pintadas e primatas assim como os saguis

ou os macacos-pregos. No entanto,

certamente não somos apenas isso. Afinal

de contas, onde já se viu macacos construindo

arranha-céus, ou onças pintadas

recitando poemas ou até mesmo calangos

indagando “Ser ou não ser? Eis a questão”?

Tais feitos, e muito outros, são únicos

à espécie humana.

Francisca

Sampaio Leão

Neuropsicóloga

com colaboração de

Matheus Teles Gomes de Araújo

79


Algumas funções do cérebro humano -

a linguagem me vem à mente - são tão

poderosas que eu chegaria ao ponto de

afirmar que elas produzem uma espécie

que transcende a condição simiesca no

mesmo grau em que a vida transcende a

química e a física triviais”

Dr. V. S. Ramachandran

ÚNICO E COMPLEXO, PORÉM FINITO E FRÁGIL

Nosso cérebro nos capacita para a realização de

obras espetaculares e isso faz dele um órgão singular

e sem precedentes. Porém, mesmo sendo único,

ele também é mais um órgão em meio a vários

outros, assim como nós somos mais uma espécie

entre várias outras, e como tal possui suas fragilidades,

seus limites e suas necessidades para se

manter saudável.

Componente principal de nosso sistema nervoso

central, nosso cérebro consome aproximadamente

20% de toda a energia produzida pelo organismo,

chegando a utilizar 25% do oxigênio inspirado.

Mesmo dispondo de tamanhas reservas energéticas,

o poderoso cérebro está sujeito a doenças,

transtornos, distúrbios e múltiplas disfunções. Não

é à toa que a doença denominada de “Mal do século

XXI” é um distúrbio mental, a depressão.

Impactos fortes na cabeça, altos níveis de estresse,

o abuso de álcool, uma dieta inadequada e vários

outros fatores podem prejudicar o cérebro, gerando

distúrbios mentais dos mais variados. Por exemplo,

você sabia que não é tão raro, nos consultórios

de psiquiatria do SUS, o aparecimento de pessoas

que sofreram um acidente de moto, bateram a cabeça,

e desenvolveram um transtorno psicológico

denominado de agnosia, em que elas perdem a

capacidade de reconhecer objetos de uso comum,

como um relógio. A pessoa até sabe a função e a

aparência, mas ao ser questionada quanto ao nome

do objeto ela se mostra incapaz de responder, mesmo

estando com sua fala intacta.

No entanto, os distúrbios que afligem, em massa

a população brasileira, e até mesmo a população

mundial, são os distúrbios de humor, como a ansiedade

e a depressão. Para tais doenças, não se faz

necessário um acidente de trânsito; elas não discriminam

por cor, credo, poder aquisitivo ou localidade.

Em todo o mundo, qualquer tipo de pessoa pode

ser acometida por esses transtornos em algum momento

de sua vida.

Essa fragilidade que nosso cérebro apresenta possui

um lado positivo. Diante de todas essas doenças,

a raça humana se encontra profundamente movida

a buscar maneiras de prevenir, tratar e curar esses

problemas. Há, atualmente, um empreendimento

em nível mundial para melhorarmos nossa saúde

cerebral e, assim, alcançarmos mentes saudáveis.

A consciência para o cuidado do cérebro aumenta

cada vez mais, nos dando boas expectativas para o

futuro de nosso bem-estar mental.


UM ÓRGÃO A SER CUIDADO

Por mais incrível e complexo que seja, o cérebro

também é finito e frágil. Também precisa de

oxigênio, água, sais minerais, açúcares, enfim as

necessidades comuns a qualquer órgão humano.

No entanto, a noção de que o cérebro é mais um

órgão e que precisa de cuidados, assim como o

coração, não é tão presente em nossa população.

Por exemplo, em 2015, o Brasil possuía cerca de 13

mil médicos especialistas em cardiologia, porém,

em neurologia, eram apenas 4 mil, quase dez mil

médicos a menos, conforme a demografia médica

no Brasil, realizada pela USP. Tal fator reflete uma

possível falta de consciência tanto populacional

quanto governamental sobre os cuidados que devemos

tomar com nossa saúde cerebral.

Somente em nível de exemplo, nos Estados

Unidos, onde existem fortes campanhas em

prol da consciência da saúde cerebral - as Brain

Awareness weeks, por exemplo - foram investidos

6 bilhões de dólares somente em pesquisas nas áreas

da neurociência, enquanto que o investimento

em pesquisas das doenças do coração foram de 1,3

bilhões, segundo dados do Instituto Nacional de

Saúde dos Estados Unidos (o NIH). Demonstrando

assim que a saúde cerebral é, sim, prioridade.

Entre as funções cerebrais mais afetadas em

todo o mundo estão as funções cognitivas, pois

elas estão entre os principais alvos de várias doenças

mentais e cerebrais mais comuns. Os distúrbios

de humor, como a depressão e ansiedade,

as demências, como a doença de Alzheimer e os

déficits de atenção, como o transtorno do déficit de

atenção e hiperatividade (TDAH), já são problemas

bem conhecidos de toda população brasileira e todos

afetam a cognição.

A ansiedade e a depressão podem ser causadas

por fatores endógenos, como uma deficiência

nutricional, baixa de vitamina B12 ou ácido fólico,

por exemplo. Fatores exógenos também podem

acarretar esses distúrbios de humor, como situações

adversas constantes, que geram altos níveis

de estresse para o indivíduo. Tais distúrbios afetam

várias funções cerebrais, desde as emoções,

sensações e percepção até os níveis cognitivos

superiores como o raciocínio e a memória. Tudo

isso reduz a expectativa de vida saudável dos brasileiros

em quase dez anos, conforme um indicador

do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde

(IHME) da Universidade de Washington, EUA, realizado

em 2015.

Podemos e devemos cuidar da saúde de nosso

cérebro. Em sua carta para a comunidade da cidade

de Filipos, na Grécia, S. Paulo fez uma declaração

interessante. Ele demonstrou sua preocupação

pela saúde emocional e cognitiva - percepção e intelecto

- de seus amigos ao afirmar:

Esta é a minha oração:

que o amor de vocês

aumente cada vez

mais em conhecimento

e em toda a percepção,

para discernirem o

que é melhor, a fim

de serem puros e

irrepreensíveis até o

dia de Cristo.

Filipenses 1:9-10. NVI.

81


SEU CÉREBRO SAUDÁVEL

No documentário “O cérebro”, do canal History

Channel, a seguinte frase é citada “Aprendemos

mais sobre ele (o cérebro) nos últimos cinco anos

do que nos últimos cinco mil anos”. Uma frase um

tanto quanto forte, porém verdadeira. Estudar o

cérebro não é algo fácil, você consegue imaginar

como se pode acessar as características mais complexas

do cérebro humano? Como podemos quantificar

emoções? Localizar anatomicamente as memórias?

Ou entendermos as bases orgânicas do que

chamamos de consciência?

Se você pensou em tecnologias de ponta e equipamentos

de acesso neural que mais parecem ter

vindo de filmes de ficção científica, você acertou,

em parte pelo menos. Existem várias metodologias

psicológicas que conciliam a complexidade cerebral

com tratamentos surprendentemente simples e

que não necessitam de maquinários tecnológicos

avançados, permitindo assim um acesso indireto

às funções neurais. No entanto, atualmente, diferentemente

de outras épocas, nós temos em mãos

não somente os mais incríveis aparatos de acesso

neural, como temos também uma gama de profissionais

especializados no cérebro.

Hoje podemos estimular grupos específicos de

neurônios do córtex cerebral utilizando campos

magnéticos, com uma metodologia high-tech

chamada de estimulação magnética transcraniana

(cuja sigla vem do inglês, e é TMS). Podemos,

assim, potencializar a atenção sustentada, ou então

simplesmente estimular uma região do córtex

que irá ajudar a pessoa a relaxar e descansar.

Podemos também examinar níveis de ansiedade,

depressão ou propensões a disfunções mentais,

mensurando parâmetros biológicos como a frequência

cardíaca, a resposta fisiológica e até mesmo

a predominância das ondas cerebrais de cada

indivíduo, permitindo assim um tratamento altamente

personalizado e preciso.

No IMPI, nossa equipe tem em mãos, além de

outras metodologias, as tecnologias citadas acima.

Temos também um leque de profissionais especializados

no cérebro e na mente. Desde médicos,

psicólogos e psiquiatras até fonoaudiólogos, psicopedagogos,

nutricionistas, neuropsicólogos e fisioterapeutas,

todos capacitados para tratarem de forma

meticulosa nossa mente e cérebro, tendo resultados

que estendem-se também a todo o organismo.

Sabe quando você vai a um buffet que tem uma

variedade imensa de opções e você não sabe nem

por onde começar a degustar? Pois bem, perceba

que você já pode começar a sentir-se da mesma

forma quando se trata de manter seu cérebro com

saúde. Com os recursos disponíveis no IMPI, podemos

ajudá-lo a se concentrar mais em seus estudos

para concursos públicos ou a tratar de suas crises

de ansiedade (que provocam aquela gastrite nervosa).

Podemos auxiliar pessoas com transtornos de

atenção e hiperatividade a se concentrarem e serem

mais atenciosas, por exemplo. Tratamos também

muitos casos de depressão. Auxiliamos pessoas com

dependências químicas. Enfim, as possibilidades

são muitas, são reais e estão acessíveis.

Lembre-se que seu cérebro é mais um órgão. E

é, sim, incrível, complexo e poderoso em suas funcionalidades,

mas também possui necessidades e

uma saúde a ser cuidada. Mantenha-se saudável,

não somente em seu coração, seus pulmões ou

seus rins, mas também em sua mente, seu espírito

e em seu cérebro.

Fontes:

USP - Demografia Médica. 2015.

NIH - Estimates of Funding for Various Research, Condition, and Disease

Categories.

History Channel - O Cérebro.

Dr. Schweikart - A vitamina B12.

O Globo - Depressão é uma das principais causas de incapacitação no Brasil.

Carta de Paulo aos Filipenses.

Instituto de Medicina e Psicologia Integradas (IMPI).

Livro - Ramachandran, V. S. (2014). O que o cérebro tem para contar:

Desvendando os mistérios da natureza humana. Editora Zahar.


TABUS E

INFORMATIVOS

DIETAS DA MODA

om a epidemia da obesidade,

aumentaram

as doenças crônicas

não transmissíveis como

a diabetes tipo 2,

houve aumento do colesterol, aumento

de triglicérides, da doença

cardíaca, de pressão alta, de

acidente vascular cerebral, de entupimento

das artérias, insuficiência

renal e alguns tipos de câncer.

A modificação de hábitos alimentares

e a prática de atividade física

previne essas doenças, melhora a

qualidade de vida e promove uma

longevidade saudável.

Barby dos

Anjos Macedo

Nutriciosnista

Esportiva

83


Já estiveram na moda dietas nas quais se come

apenas proteína, somente sopa, até um regime baseado

no consumo de chás e sucos, mais conhecida

como “detox”. A moda agora é o jejum intermitente

– intermittent fasting, em inglês, dieta low carb

(tradicional), dieta paleolítica low carb, dieta do

mediterrâneo low carb e dieta cetogênica.

Atualmente, os critérios de beleza passaram a

ser sinônimo de magreza e de corpo perfeito. Para

alcançar esses “corpos ideais”, as pessoas começaram

a adotar práticas de alimentação que podem

ser prejudiciais à saúde.

Antes de iniciar uma dieta restritiva, faça

acompanhamento com o endocrinologista e o

nutricionista.

A DIETA LOW CARB

TRADICIONAL

DIETA PALEOLÍTICA

LOW CARB

A Dieta paleo baseia-se na ideia de que

devemos consumir os alimentos que nossos

ancestrais consumiam durante a maior parte da

evolução humana. Assim, a alimentação deveria

se basear nos alimentos mais comumente

encontrados e consumidos durante a era

Paleolítica. A dieta paleo low carb se compõe

de alimentos não processados que estavam

disponíveis na era paleolítica ou antes da

revolução industrial.

Promove o emagrecimento, a redução da

glicemia e de doenças cardiovasculares. Inclui

vegetais, frutas, tubérculos, nozes, sementes,

carnes, ovos, mariscos e peixes.

É conhecida pela redução da ingestão de

carboidratos e prometem o emagrecimento

rápido. Dieta low carb tradicional deve ter

aproximadamente 40% lipídios, 40% proteínas

e 20% carboidratos. Na nutrição esportiva,

esses 20% de carboidratos estariam presentes

nas refeições anteriores ao treino para fazer a

síntese de glicogênio.

Não deve ser realizada sem acompanhamento

de um profissional e monitoramento de exames

bioquímicos. A dieta low carb pode ser variada

conforme as necessidades calóricas do paciente.

O profissional pode realizar um acompanhamento

nutricional e usar estratégias respeitando a

individualidade metabólica e nutricional de cada

um. Algumas pessoas se adaptam bem, mas

outras podem desencadear distúrbios

A dieta tem 4 fases:

FASE 1 – Indução: Comer menos de 20 gramas

de carboidratos por dia durante 2 semanas.

FASE 2 – Perda de peso continuada: Adicionar

lentamente nozes, vegetais e frutas com poucos

carboidratos.

FASE 3 – Pré-manutenção: Quando chegar perto

do peso ideal, começar a adicionar carboidratos

até a perda de peso desacelerar.

FASE 4 – Manutenção: Pode comer os

carboidratos saudáveis que quiser desde que

mantenha o peso.

DIETA MEDITERRÂNEA

LOW CARB

A dieta mediterrânea é popular, especialmente nos

círculos de profissionais de saúde na Europa.

A dieta mediterrânea Low carb defende o consumo

de peixe em vez da carne vermelha, maior

consumo de vegetais e enfatiza o consumo de

azeite de oliva extra virgem em vez das gorduras.

Tem efeito protetor na prevenção de doenças

cardiovasculares, câncer, e diabetes tipo 2.

Estas dietas são muitas vezes mal interpretadas.

O cardápio está recheado de vegetais e algumas

frutas.


JEJUM INTERMITENTE

DIETA CETOGÊNICA

O Jejum Intermitente não é uma dieta e, sim, o

nome dado ao estilo de alimentação que alterna

períodos de jejum com períodos de alimentação.

O jejum prolongado é capaz de prevenir o ganho

excessivo de peso, mas também pode causar

alterações metabólicas na desregulação dos

mecanismos cerebrais de controle do apetite.

O jejum caracteriza-se como um estado que o

corpo, após ficar um determinado tempo sem

receber nutriente, utiliza reservas de gorduras

estocadas no tecido adiposo. O Corpo passa a

utilizar glicose estocada no fígado, glicogênio

muscular e hepático.

A insulina, o hormônio relacionado com a

glicose, se estabiliza, o que, não só melhora

o metabolismo de carboidratos, mas também

reduz o apetite e vontade de comer doce. Faz o

cérebro funcionar melhor e ajuda no tratamento

de pessoas com resistência à insulina e

pré-diabetes.

Eu não recomendo nenhum tipo de dieta ou

jejum intermitente. A Alimentação deve ser

individualizada de acordo com as necessidades

de macro e micronutrientes.

Chamamos de individualidade biológica o

fenômeno que explica as variações entre os

elementos da mesma espécie, o que faz que com

que não existam seres iguais entre si. (Tubino

1990).

Você provavelmente já ouviu falar de uma

pessoa dizer que come e malha igual a uma

celebridade, neste contexto, todos estão

infringindo o primeiro princípio da individualidade

biológica. Nenhum de nós tem um corpo ou

metabolismo igual. Precisamos aprender a fazer

um acompanhamento médico e nutricional para

obter resultados saudáveis e definitivos.

Prega um constante estado de cetose em

que o organismo usa a gordura ou os “corpos

cetônicos ou ácidos graxos” como fonte de

energia ao invés da glicose. A dieta cetogênica

é a mais popular e existe desde a década de

1920, quando foi desenvolvida pelo Dr. Wilder

nos Estados Unidos, para ser empregada

no tratamento da epilepsia refratária,

principalmente em crianças.

A dieta cetogênica para epilepsia é composta

de 92% de gorduras, 6% de proteínas, 2% de

carboidratos e é necessário iniciar em uma

unidade hospitalar, após o corpo entrar em

cetose. Hoje em dia, a dieta cetogênica para a

perda de peso é de aproximadamente de 70%

de gordura, 25% de proteína e somente 5% de

carboidratos. São usados ovos inteiros, queijos,

bacon, azeite de oliva, carnes mais gordas e

óleo de coco.

Qualidade de vida é o jeito que cada um escolhe

para viver bem. Mude seu estilo de vida e

pratique saúde.

Nutrição esportiva é a área que aplica a base

de conhecimentos em: nutrição, atividade física

e fisiologia humana. Os principais objetivos

são: aumentar o desempenho físico, reduzir o

percentual de gordura corporal, aumentar a

massa muscular, buscar um emagrecimento

saudável, prevenir a obesidade, a hipertensão

arterial, o diabetes tipo II, o câncer etc.

Nosso corpo é estruturado basicamente por

água, proteínas, gordura e minerais e esses

componentes precisam ser fornecidos ao

organismo pela alimentação e suplementação.

Dessa forma a nutrição esportiva pode

auxiliar no programa de exercício físico,

promovendo um envelhecimento saudável e

com qualidade de vida.

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CORPO CLÍNICO

O IMPI selecionou os melhores profissionais da

área da saúde para lhe atender. Conheça nosso corpo clínico.


MEDICINA

MEDICINA

PSICOLOGIA

Alfonso

Alfonso Paz

CRM 9019/DF

Tiago Pereira

Damaceno

CRM 19551/DF

Aline Dornelas

Guimarães

CRP 14166/DF

Graduado em Medicina em

1986 em Havana (Cuba).

Especialização em Medicina

Geral Integral.

Especialização em

Anestesiologia, Reanimação

Hospitalar e UTI pelo Hospital

Clínico Cirúrgico Hermanos

Ameijeiras, em Havana (Cuba).

Curso de Pós-Graduação em

Psiquiatria (Cenbrap).

Especialista em Psiquiatria

pela AMB e ABP.

Atendimento a clientes com

Doenças Mentais e Dependência

Química.

Atendimento a adolescentes e

adultos.

Graduado em Medicina pela

Faciplac (DF).

Pós-Graduado em Psiquiatria

pela IPEMED ( Instituto de

Pesquisa e Ensino Médico,

Brasilia, DF).

Pós- Graduando em

Dependência e outras Drogas pela

UNIFESP (SP).

Atendimento a adultos.

Psicóloga formada pelo Centro

Universitário IESB – Brasília (DF).

Especialização em Análise

Comportamental-Clínica pelo IBAC

(Instituto Brasiliense de Análise do

Comportamento) Brasília-DF.

Pós-graduação em Gestão de

Pessoas pelo Centro Universitário

UDF/UNICSUL.

Atendimento a crianças,

adolescentes, adultos e idosos.

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

Augusto Parras

Albuquerque

CRP 18510/DF

Doralice

Oliveira

Sampaio

CRP 17179/DF

Francisca

Sampaio Leão

CRP 1891/DF

Graduado em Psicologia pelo

Centro Universitário IESB-DF.

Graduado em Educação Física

pela Faculdade Dom Bosco de

Educação Física, DF.

Formação em Psicomotricidade

Relacional.

Especialização em Educação

Física Especial e Desporto

Adaptado pela Universidade de

Brasília - UNB.

Mestre em Educação pela

Universidade de Brasília - UNB.

Atendimento a crianças e

adolescentes.

Psicóloga formada pelo IESB

(Brasilia-DF).

Curso de Psicanálise dos

Vínculos aplicada em Diversos

Contextos.

Atendimento a adolescentes e

adultos.

Psicóloga formada pela

Universidade de Brasíla (UnB).

Diretora do IMPI - Instituto de

Medicina e Psicologia Integradas.

Coordenadora e Facilitadora

dos Programas de Controle do

Estresse, Auto-Estima e Educação

da Mente.

Especialista em Psicologia

Clínica e Psicologia Hospitalar.

Especialização em

Neuropsicologia.

Formação em Terapia de Casal

e Familiar, Hipnose Ericksoniana,

PNL e Psicoterapia Cognitiva.

Especialização em

Neuromodulação Cerebral.

Estudiosa e pesquisadora nas

áreas do Estresse e Neurociências.

Atendimento a adultos.

87


PSICOLOGIA

Gabriela

Brunelli Bofill

CRP 3255/DF

PSICOLOGIA

Hiderlene

Rosendo

Da Ponte

Montenegro

CRP 11657/DF

PSICOLOGIA

João Victor

de Castro

Sebba

CRP 11662/DF

Psicóloga Clínica formada

pelo UniCEUB.

Formação, à nível de

especialização, em Psicoterapia-

Analítico Comportamental pelo

INSPAC (Instituto São Paulo de

Análise do Comportamento) em

Brasília/DF.

Formação em Terapia

Conjugal, Familiar e Sexual.

Atendimento a adultos,

idosos e Casais.

Orientação Sexual.

Psicóloga formada pelo

UniCEUB.

Especialista em Psicologia

Clinica em Gestalt Terapia pelo

IGTB (Brasilia/DF).

Formação em Terapia

Analítico-comportamental.

Atendimento a adolescentes

e adultos.

Terapia Conjugal.

Psicólogo formado pelo UniCEUB

(Brasília, DF).

Pós-graduação em Gestão de

Pessoas e Recursos Humanos.

Pós-graduação em Controles

Internos e Auditoria Bancária.

Pós-graduação em Terapia

Familiar e Conjugal.

Formação em Terapia Sexual

pela CIPS (Clinica Integrada de

Psicologia e Sexologia – Brasília,

DF).

Pós-graduando em Transtornos

Alimentares, Obesidade e Cirurgia

Bariátrica.

Atendimento a adolescentes,

adultos, Casais e Terapia Familiar.

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

Jury Ricardo

Gomez Garcia

CRP 12891/DF

Sarah Sammy

M. Sampaio

CRP 17327/DF

Sueli da Rocha

Gonçalves

CRP 16303/DF

Psicólogo formado pela La

Universidad Central de Las Villas

(Cuba).

Especialista em Psicologia da

Saúde pelo Instituto Superior de

Ciências Médicas de La Habana

(Cuba).

Master em Psicologia Médica

pela Universidade Central de Las

Villas.

Neuropsicólogo pela

Universidade Central de Cuba.

Atendimento a adultos.

Psicóloga formada pela

Universidade Paulista (UNIP),

Brasília-DF.

Especialização em

Neuropsicologia pelo IEPSE

(Instituto de Ensino e Pesquisa em

Saúde e Educação), Brasília-DF.

Realiza Avaliação e

Reabilitação Cognitiva; Terapia

virtual (fobias); Neuroterapia

(terapia monitorada); Biofeedback

(ansiedade e depressão);

Neurofeedback (TDH); Neurometria

(tratamento e avaliação);

Estimulação elétrica.

Atendimento a adolescentes e

adultos.

Psicóloga formada pela

Universidade do Vale do Itajaí

(UNIVALI- SC).

Mestrado em Saúde,

Educação e Meio Ambiente pela

Universidade Plínio Leite (UNIPI )

em Niterói-RJ.

Especialização em Terapia

Corporal na Orgone, em Curitiba.

Pós-graduação em RH pela

FGV (RJ).

Especialização em Orientação

Profissional.

Atendimento a adultos.


PSICOLOGIA

FONOAUDIOLOGIA

FONOAUDIOLOGIA

Vitor

Santiago

Borges

CRP 9312/DF

Hilquias Alves

Damasceno

CRF 10006/DF

Lara Rilve

Gonçalves

CRF 9820/DF

Psicólogo formado pela

Universidade Estácio de Sá – RJ

(UNESA).

Mestre em Psicologia Clínica

pela Universidade Católica de

Brasília.

Especialização em Medicina

Psicossomática pela UNESA.

Especialização em Psicoterapia

Cognitivo-Comportamental pela

UNESA.

Atendimento a Dependentes

Químicos e Terapia Conjugal.

Atendimento a adolescentes,

adultos e idosos.

Formada pelo Centro

Universitário Planalto do DF

(UNIPLAN).

Pós-Graduação em

Psicopedagogia pelo IBI/DF (em

andamento).

Atendimento a pacientes com

gagueira, distúrbios da leitura

e escrita, problemas de fala,

linguagem e voz e Processamento

Auditivo Central.

Atendimento a crianças,

adolescentes, adultos e idosos.

Formada pelo Centro

Universitário Planalto do DF

(UNIPLAN).

Especialização em Linguagem

pelo CEFAC(GO).

Atendimento a clientes

com problemas neurológicos,

de linguagem, fala, disfagia,

gagueira, distúrbio da leitura e

escrita, e Processamento Auditivo

Central.

Atendimento a crianças,

adolescentes, adultos e idosos.

PSICOPEDAGOGIA

Janirléa Lima

MEC 893

NUTRIÇÃO

Barby Dos

Anjos Macedo

CRN 7192

FISIOTERAPIA E TERAPIA

OCUPACIONAL

Lara Liege

Carmo do

Nascimento

CREFITO 1041-TO

Formada em Pedagogia

com Habilitação em Orientação

Educacional pela UniCESP

(Instituto Científico de Ensino

Superior e Pesquisa/DF).

Pós-Graduada em

Psicopedagogia Clínica e

Institucional.

Neuropedagoga, Psicanalista e

Docente Universitária.

Atendimento a clientes com

TDA, TDAH, autismo, síndrome

de Down, dislexia, discalculia,

displaxia e problemas que

interferem na aprendizagem.

Atendimento a crianças,

adolescentes e adultos.

Nutricionista Esportiva com

ênfase em bem-estar.

Atendimento a clientes

obesos, diabéticos, hipertensos

e praticantes de atividade física/

exercício físico.

Formada pela Universidade

Potiguar, RN (UnP).

Atendimento a clientes

com problemas neurológicos,

ortopédicos, geriátricos, com

dificuldade de locomoção, saúde

do trabalhador e atividades de

vida diária.

Atendimento a crianças,

adolescentes, adultos e idosos.

89


CONVÊNIOS

O IMPI TEM PARCERIA COM DIVERSOS

CONVÊNIOS PARA MELHOR LHE ATENDER.

BACEN

Plan-assiste (MPM)

CASSI

Plan-assiste (MPT)

SulAmérica

STF

TJDFT

STJ

Saúde Caixa

TRF

Plan-assiste (MPF)

TRT


Convidamos você a se capacitar

conosco. Nosso diferencial é

a tecnologia, a inovação e a

qualidade de nossos serviços.

Conheça o IEPSE e matricule-se!”

Francisca Sampaio Leão

Diretora-Presidente

CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO

O IEPSE tem por missão

disponibilizar à sociedade

um complexo de recursos

inovadores, de forma a

contribuir para a ampliação

da consciência da

comunidade em prol de uma

vida com melhor qualidade.

Está embasado em quatro

pilares fundamentais que

sustentam sua concepção:

Pesquisa, ensino, inovação e

disponibilização.

Neuropsicologia

Psicomotricidade

Neuroaprendizagem

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