Edição #269
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ESPECIAL
SETEMBRO 2021 • Nº 269 • ANO 26
conectando você ao mercado de seguros
INSURANCE
PIONEIRO GLOBAL
Brasil será um dos primeiros
países do mundo a estabelecer
uma legislação específica para
o seguro aberto
DISTRIBUIÇÃO
A rapidez na elaboração da
nova regulamentação desperta
a desconfiança dos corretores
de seguros, que sentem-se
alijados do processo
O seguro aberto
e sem fronteiras
está chegando
A partir de 15 de dezembro de 2021
as seguradoras devem iniciar o
compartilhamento de seus dados
públicos. Até 2023 será possível
desenhar produtos de acordo com os
desejos dos consumidores
EDITORIAL
O presente é
SETEMBRO 2021 • Nº 269 • ANO 26
EXPEDIENTE
Diretora de Redação:
Kelly Lubiato - MTB 25933
klubiato@revistaapolice.com.br
Open Insurance não é mais uma discussão para o futuro. O
seguro aberto é uma realidade presente no cotidiano das
empresas e será o tema das mais acaloradas discussões até
2023, quando deverá estar completamente ativo. Sua implementação,
segundo o órgão regulador, servirá para colocar o consumidor em
uma posição de total protagonismo.
Ele, o consumidor, é o dono de seus dados e, portanto, poderá
escolher o que, com quem e até quando compartilhar informações.
Com este nível de detalhamento, as empresas do setor deverão ter
capacidade para esta troca de informações com segurança.
Entretanto, os seguradores se queixam do cronograma,
acreditando que ele está muito acelerado. Vale lembrar que o
calendário do Open Banking foi adiado a pedido dos players que não
conseguiram atender as exigências a tempo.
Alguns especialistas ponderam que não é recomendável
estabelecer padrões de forma tão acelerada, principalmente por esta
ser a primeira experiência global de Open Insurance.
O futuro será desafiador, com a possibilidade de criação de
produtos altamente customizados e mais baratos para o consumidor.
Será que, desta forma, será possível trazer novos consumidores para o
mercado de seguros?
Esta é a pergunta que todos desejam responder da forma
mais positiva possível.
Diretor Executivo:
Francisco Pantoja
francisco@revistaapolice.com.br
Redação:
Nicole Fraga
nicole@revistaapolice.com.br
Colaborador:
André Felipe de Lima
Executiva de Negócios:
Graciane Pereira
graciane@revistaapolice.com.br
Diagramação e Arte:
Enza Lofrano
Assinaturas:
Jaqueline Silva
jaqueline@revistaapolice.com.br
Tiragem: 15.000 exemplares
Circulação: Nacional
Periodicidade: Mensal
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
Esta revista é uma
publicação independente
da Correcta Editora Ltda e
de público dirigido
Boa leitura!
CORRECTA EDITORA LTDA
Administração, Redação e Publicidade:
CNPJ: 00689066/0001-30
Diretora de Redação
Mande suas dúvidas,
críticas e sugestões para
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CONTEÚDO
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ESPECIAL OPEN INSURANCE
CRONOGRAMA
As datas para início do compartilhamento de informações
já foram definidas pela Susep, assim como os próximos
passos.
>> PÁG. 16
ÍNDICE
06 entrevista
A advogada Simone Vizani fala sobre
a Sou Segura, entidade que ajudou a
fundar e que hoje preside, e seus esforços
pela equidade de gênero nas empresas
do mercado de seguros brasileiro
09 painel
13 gente
15 artigo
O CEO da Confitec, Jailson Meireles, fala
sobre as transformações tecnológicas do
mercado e como elas podem afetar os
negócios das empresas
29 sulamérica
Seguradora lança nova campanha para
divulgar o conceito de Saúde Integral,
que contempla o equilíbrio entre saúde
física, mental e financeira em todas as
fases da vida de seus beneficiários
COMERCIALIZAÇÃO
Representantes do setor de seguros temem que a
regulamentação do Open Insurance esteja sendo
implementada com muito rapidez, deixando de lado a
discussão e pontos importantes, como os corretores de
seguros
>> PÁG. 22
ESPECIAL OPEN INSURANCE
30 desafios
O pioneirismo tem o seu preço e no
Brasil, certamente, ele será cobrado.
Ao formatar a primeira legislação
sobre OPIN do mundo (com exceção
de algumas práticas do Reino Unido),
mercado pede cautela para que
consumidor seja realmente o maior
beneficiado
34 provider
A chegada do Open Insurance,
juntamente com o novo marco
regulatório dos seguros privados,
implicará em uma espécie de tsunami no
setor nos próximos anos
Os artigos assinados são de responsabilidade
exclusiva de seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião desta revista.
4
ENTREVISTA
SOU SEGURA
Entidade atua pela equidade
de gênero
APESAR DE JÁ TERMOS AVANÇADO
VÁRIAS “CASAS” NO JOGO DA
IGUALDADE DE GÊNERO, AINDA
É NECESSÁRIA A PREPARAÇÃO
DOS CORPOS EXECUTIVOS PARA
RECEBER MAIS MULHERES E PARA
ENTENDER AS SUAS NECESSIDADES.
A ADVOGADA SIMONE VIZANI,
PRESIDENTE DA SOU SEGURA,
ESTÁ LEVANDO A LUTA PARA OS
ESCRITÓRIOS DAS EMPRESAS
APÓLICE: Qual é o maior desafio para
as empresas tornarem seus ambientes
mais diversos?
Sem dúvida, o maior desafio é
a imensa dificuldade de se alcançar a
equidade de gênero no mundo corporativo.
As mulheres são qualificadas
e estão prontas para assumir o
protagonismo de suas carreiras e chegarem
ao topo. Mas, isso não ocorre
com a frequência que gostaríamos, de
modo que reflita proporcionalmente
o número de mulheres que atuam no
mercado.
Hoje, até somos maioria entre os
profissionais do mercado e ocupamos
alguns cargos de liderança no setor.
Mas, isso não ocorre no alto escalão
das empresas. E essa é uma das razões
pelas quais a Sou Segura foi criada.
APÓLICE: A Sou Segura reúne representantes
de todos os estados e níveis hierárquicos?
Sim. Somos a associação que
representa todas as mulheres do setor,
sejam executivas de seguradoras ou
Simone Vizani
resseguradoras, corretoras de seguros, técnicas, funcionárias ou
prestadoras de serviços. Somos um único time.
A entidade existe para promover o desenvolvimento da
mulher profissional de seguros, difundir o conhecimento, o
empoderamento e o networking, capacitando e destacando
os talentos femininos e seus potenciais e aumentando a sua
autoconfiança.
APÓLICE: Quais são os projetos da entidade para garantir a
maior participação feminina e a formação profissional destas
mulheres?
Em termos gerais, nosso maior projeto é disponibilizar
ferramentas e ações em prol das mulheres. Há um conjunto de
6
ações que têm esse objetivo como foco central. Isso inclui nossos
eventos, todos voltados para a diversidade, inclusão, equidade,
justiça social. A entidade nasceu como um movimento e,
hoje, é uma causa, que cresce com as adesões não apenas das
mulheres, mas de representantes de todos os gêneros, raças e
classes socias.
Mas, claro que também temos olhos voltados para a capacitação
das mulheres, visando torná-las ainda mais qualificadas
para o seu desenvolvimento profissional no mercado. A maioria
de nossos eventos reúne especialistas de diferentes áreas de
atuação, que trazem valiosas dicas profissionais.
Há ainda o Programa de Mentoria Sou Segura que reúne
grandes executivos, executivas e profissionais do mercado, que
compartilham de forma voluntária suas experiências e aconselhamentos,
auxiliando muito as mulheres do mercado de seguros
que buscam suporte na construção de suas carreiras.
APÓLICE: O grupo pretende englobar outras minorias ou apenas
as mulheres?
A nossa bandeira é a da inclusão, da equidade e da diversidade.
Quando defendemos as mulheres, automaticamente
estamos abraçando também as causas de todos aqueles que
enfrentam barreiras, discriminações ou diferentes formas de assédio.
Em nossos eventos, no portal e nas redes sociais da Sou
Segura sempre há espaço para todos que almejam a inclusão, o
respeito e o tratamento igual, independente de raça, gênero ou
classe social.
APÓLICE: A entidade passou por uma reformulação total? Vocês
acreditam que a mudança de postura deve ser constante, de acordo
com as necessidades que surgem no mercado segurador?
Sim, devemos mudar sempre que necessário. A Sou Segura
representa a consolidação de um processo natural de
maturação de um projeto que começou lá atrás, um tanto
informalmente, com o Clube das Luluzinhas Executivas de
Seguros.
O passo seguinte foi a criação da AMMS – Associação das
Mulheres do Mercado de Seguros, uma entidade menos informal
e mais focada nos seus objetivos e que surgiu em 2018. O
lançamento ocorreu no Dive In Festival, um Festival Mundial
que acontece todo ano em setembro. Desde então, sempre promovemos
painéis nesse Festival. Aliás, neste ano, mesmo com
a pandemia, não será diferente e falaremos sobre o Tema: “Aliados
da Equidade de Gênero – uma versão plural”. Será dia 21
de setembro, às 16h, com transmissão ao vivo na plataforma do
festival. Todos estão convidados.
APÓLICE: Quais áreas das seguradoras são as mais carentes de
presença feminina?
Sem dúvida, as áreas de liderança e de comando. Já foi
muito pior. Mas, ainda é evidente esse problema. Estudo realizado
pela ENS indica uma melhora dos indicadores nos últimos 10
anos. Mas, ainda é preciso avançar bastante.
Infelizmente, apenas 25% dos
executivos de seguradoras são mulheres.
Além disso, as mulheres ganham em
torno de 70% dos salários dos homens.
Em contrapartida, nos cargos
gerenciais, quase a metade (47%) já é
ocupada por mulheres.
Em linhas gerais, a mulher é tão
ou mais capacitada do que o homem,
mas falta autoconfiança, problema
criado e agravado ao longo de décadas
ou séculos pelo legado patriarcal. Não
há estímulo para a mulher assumir altos
cargos ou funções “historicamente”
masculinas.
Na Sou Segura estamos trabalhando
firme no propósito de melhorar
a autoestima e a autoconfiança das mulheres
para que possam enfrentar e vencer
desafios maiores na carreira.
APÓLICE: Como vocês enxergam o futuro
do mercado de seguros?
Recentemente, ganhou força
um elogiável movimento de empresas
do mercado de seguros que estão
contratando mulheres para cargos de
liderança. Essa tendência, antes tímida,
até de forma curiosa avançou durante
a pandemia. Isso inclui até a promoção
de mulheres a cargos de CEO.
Isso significa que estamos evoluindo,
a passos lentos, mas elogiáveis.
A nossa luta é para tornar nossa
causa em algo permanente e cada vez
mais intenso em empresas de todos os
portes, áreas de atuação e diferentes
culturas do nosso mercado. Afinal, se
já somos maioria no mercado, por que
essa predominância não se reflete nos
cargos de decisão dentro das empresas?
Até porque, quanto mais diversidade
nas empresas melhor serão atendidos
os seus consumidores, que são
diversos.
Aliás, eu gosto de repetir que,
onde há mulher no comando, a gestão
flui melhor, mais leve e qualificada. Especialmente
no mercado de seguros,
que tem um perfil feminino em sua
essência, pois a sua missão principal
tem a ver com empatia, com proteção
e amparo.
7
ENTREVISTA
SOU SEGURA
E quanto mais as mulheres estiverem unidas, em
uma ampla ação sinérgica para atingir esse objetivo,
mais cedo iremos obter sucesso. Haverá o momento
em que não será mais necessário especificar que
há tantos profissionais mulheres e outros tantos,
homens. Haverá simplesmente profissionais que
ocupam seus cargos de acordo com suas aptidões e
qualificações, independente do gênero ou raça”
APÓLICE: É possível atingirmos um nível
em que as mulheres não necessitem
mais impor a sua presença, em um ambiente
menos machista?
Essa é a meta. E vamos alcançála,
não tenho dúvidas. E quanto mais
as mulheres estiverem unidas, em
uma ampla ação sinérgica para atingir
esse objetivo, mais cedo iremos obter
sucesso. Haverá o momento em que
não será mais necessário especificar
que há tantos profissionais mulheres
e outros tantos, homens. Haverá simplesmente
profissionais que ocupam
seus cargos de acordo com suas aptidões
e qualificações, independente
do gênero ou raça.
APÓLICE: Qual conselho vocês dariam
para as mulheres que estão iniciando no
mercado de seguros?
Basicamente, tenha confiança,
invista em sua autoestima e na sua capacitação
profissional. Dependemos
apenas de nós para alcançarmos nossas
metas.
APÓLICE: Qual é o perfil das mulheres
que militam na linha de frente da Sou
Segura?
Felizmente, todos os perfis possíveis!
Executivas, advogadas, consultoras,
atuárias, engenheiras, jornalistas, administradoras,
publicitárias. Isso faz com que tenhamos uma visão ampla do
mundo corporativo, da sociedade como um todo, e das necessidades
das mulheres em diferentes atividades profissionais.
Essa excepcional “capilaridade” de capacitações nos torna
mais fortes e prontas para enfrentar os desafios que temos
pela frente.
Mas, claro, contamos também com o engajamento das
empresas que abraçaram nossa causa e patrocinam a Sou Segura,
e a participação dos homens como agentes de novas oportunidades
e de transformação do mercado.
APÓLICE: Quais serão os passos futuros da entidade?
Nossa missão sempre será o empoderamento feminino,
o que pode vir em consequência de diferentes fatores, ações e
projetos. Nesse contexto, nossos passos futuros têm como pilar
a ampliação da nossa causa, em busca da equidade de gênero,
seja pela expansão do número de associadas, de eventos,
apoiadores ou, talvez em consequência disso tudo, da conscientização
da sociedade sobre a extrema relevância, para todos,
do que aparentemente favorece apenas as mulheres.
Neste momento, estamos trabalhando duro para que
não haja retrocessos. Há notícias preocupantes. A pandemia
trouxe sobrecarga de trabalho e muitas mulheres abandonaram
o emprego diante das multitarefas enfrentadas no home
office, acumuladas com as tarefas de casa, reuniões infindáveis,
administração de finanças, cuidados especiais dos idosos e das
crianças, muitas vezes sem a ajuda dos companheiros.
A carga tem sido muito pesada. Vi uma pesquisa da USP
indicando que a pandemia afetou a saúde mental e aspectos
comportamentais e as mulheres foram as mais afetadas emocionalmente,
apresentando sintomas de depressão, ansiedade
e estresse. Talvez isso nos obrigue a reforçar as ações que
aumentem a autoconfiança das mulheres, oferecendo o apoio
necessário para o enfrentamento do quadro atual.
8
PAINEL
saúde
Maior número de beneficiários desde 2016
A ANS (Agência
Nacional de Saúde
Suplementar) disponibilizou
os números
de beneficiários de
planos de saúde relativos
ao mês de julho.
Nesse período, o setor
se manteve em crescimento
e totalizou 48.413.620 usuários em planos de
assistência médica e 27.929.433 em planos exclusivamente
odontológicos. Essa evolução contínua do setor
reforça o interesse da sociedade brasileira no acesso à
saúde suplementar, em meio aos desafios estabelecidos
pela pandemia.
No caso dos planos médico-hospitalares, em
um ano houve incremento de 1.611.959 beneficiários
- o equivalente a 3,3% de aumento em relação a
julho de 2020. No comparativo de julho com junho,
o crescimento foi de 174.732 mil usuários. O total de
beneficiários é o maior número registrado desde maio
de 2016, quando o setor atingiu 48.441.585 beneficiários
nessa segmentação. Já nos planos exclusivamente
odontológicos, foi registrado aumento de 2.563.879
beneficiários em um ano, o que representa 9,2% de
crescimento no período, e de 166.566 em um mês
(comparativo com junho).
cloud
Seguradoras ainda distantes da nuvem
Diferente de outros mercados que já utilizam
os benefícios das plataformas de Cloud, menos de
10% total da carga de trabalho do setor de seguros
está alocado na nuvem. É o que aponta o estudo ‘O
Valor da Nuvem Para o Setor de Seguros’, realizado
pela Accenture. Apesar da transformação digital que
o mundo está vivendo,
principalmente
depois da pandemia,
por não terem adotado
a tecnologia
as seguradoras não
conseguem aproveitar
os benefícios dessas
plataformas.
Segundo a pesquisa, a Covid-19 mudou a priorização
das capacidades de negócios nas companhias
e aumentou a urgência para otimização de custos.
Desde o surgimento da pandemia as seguradoras vêm
sofrendo um forte impacto financeiro, com avaliações
totais caindo em média de 20% a 30% em todos os
mercados globais. Além disso, o levantamento sugere
que as seguradoras que tomaram medidas precoces e
já estão investindo na nuvem há algum tempo já estão
colhendo os benefícios. Os líderes dessas empresas estão
prestes a dobrar sua base de faturamento para o
período de oito anos entre 2015 e 2023.
As mudanças de comportamento causadas pela
pandemia despertam um interesse social para a filantropia
e o auxílio às instituições que se dedicam a contribuir
para o bem-estar e um mundo melhor para todos.De janeiro
a junho deste ano, produtos de capitalização com
filantropia garantiram mais de R$ 558 milhões em recursos
a essas organizações, segundo a Fenacap (Federação
Nacional de Capitalização).
Regulamentada pela Susep (Superintendência de
Seguros Privados) e em vigor desde 2019, a modalidade
de Filantropia Premiável permite que o comprador do título
ceda seu direito ao resgate para alguma instituição
de assistência social previamente cadastrada, mediante
a chance de participar de sorteios. De acordo com a Ascapitalização
Títulos apoiam instituições de assistência social
sociação Brasileira de Captadores de Recursos, cerca de
6.200 instituições em todo o país estão aptas a receber
recursos provenientes da Capitalização.
9
PAINEL
global
US$ 4,3 trilhões em prêmios até 2040
Espera-se que os prêmios globais de seguros patrimoniais
mais do que dobrem, para US$ 4,3 trilhões
em 2040, de US$ 1,8 trilhão em 2020, uma vez que a
composição do portfólio de P&C deve mudar de seguros
de automóveis de menor risco para linhas de seguros
patrimoniais e de danos de maior risco, de acordo
com o estudo sigma do Swiss Re Institute. Prevê-se que
o seguro patrimonial se torne a linha de negócios de
crescimento mais rápido. O setor de automóveis, apesar
da sua participação estar diminuindo, deverá permanecer
a maior de todas as linhas patrimoniais, com
prêmios previstos para quase duplicar até 2040.
O desenvolvimento econômico continuará sendo
o fator-chave do aumento dos prêmios de patrimonial,
contribuindo com 75%, ou seja, até US$ 616
bilhões de novos prêmios. Espera-se que os riscos relacionados
ao clima resultem em um aumento dos prêmios
globais de patrimonial em 22%, ou até US$ 183
bilhões, durante os próximos 20 anos, uma vez que as
catástrofes climáticas provavelmente se tornarão mais
intensas e frequentes.
apólice tv
Corretores devem atuar com foco
no empreendedorismo
O presidente do Sincor-SP, Alexandre
Camillo, conversou com a jornalista Kelly Lubiato
durante mais uma edição do “Diálogos Apólice”.
Na ocasião, Camillo falou sobre as mudanças
exigidas do profissional para atuar frente aos novos
desafios do mercado, além das realizações
do seu mandato frente à entidade e da evolução
do Sindicato.
Camillo afirmou durante a live que a pandemia
serviu para ressaltar a importância do corretor de seguros
perante o consumidor e o mercado, e que a aceleração da
digitalização não é algo que ameaça a categoria. “Mais do
que nunca, a tecnologia se tornou aliada da nossa profissão.
A pandemia provou o que o Sindicato está falando
há anos: a importância da distribuição pelo corretor, que
brilhantemente cumpriu com seu papel de entender as
necessidades atuais e atender às demandas da sociedade
neste momento difícil”.
Ele comentou sobre algumas transformações na
entidade. Em outubro de 2021, a sede do Sincor-SP passou
por uma reforma após ter sofrido um alagamento,
obrigando a associação a adotar um novo modelo de
atendimento, o que ajudou quando a pandemia começou
em março de 2020. “Decidimos levar todas as outras
20 regionais para infraestrutura online. Com muito empenho
e visão vanguardista, temos hoje nossas regionais
operando bem e atendendo o corretor”.
O presidente do Sindicato ressaltou a necessidade
dos corretores de seguros se qualificarem e irem em busca
de novas oportunidades, pois as pessoas estão mais conscientes
da importância de estarem protegidas. “Passamos
a levar apoio e capacitação ao corretor de seguros de maneira
virtual, com lives, apoio técnico, criamos o Encontro
de Corretores de Seguros Empreendedores de maneira
digital e tantas outras iniciativas. Estamos prontos e com
isso conseguimos ofertar este apoio e também servir como
exemplo à categoria de que o preparo e a capacitação nos
tornam capazes de enfrentar qualquer situação. Corretores
devem atuar como empreendedores, expandindo a visão
do negócio e conquistando cada vez mais clientes”.
10
automóvel
Novas regras para a carteira
Estabelecidas pela Circular
Susep nº 639/21, publicada
no dia 13 de agosto, as novas
regras para o seguro automóvel
estão vigorando desde 1º de setembro.
O objetivo da autarquia
é baratear o prêmio do seguro
auto e uma das mudanças é a
possibilidade de contratação do
seguro de Responsabilidade Civil
Facultativa em nome do condutor, sem a vinculação
com um veículo específico.
Há também a possibilidade de formatação de
combos de coberturas, abrangendo diferentes situações
de risco para o veículo, de forma isolada ou combinada,
e ainda será possível ofertar o produto com atendimento
exclusivo em rede referenciada, até então vedada
para o segmento de automóveis.
É preciso ter maior atenção,
por exemplo, na possibilidade de
adoção das “franquias”, inclusive
no caso de perda total. Essa, na
prática, é mais uma situação que
pode afetar o consumidor e causar
uma perda financeira significativa.
Isso porque, a partir de agora,
o motorista poderá contratar indenização
parcial, como a cobertura
de 70%, por exemplo. Nesse caso, se o carro custar R$
80 mil, o valor da indenização seria de R$ 56 mil.
Além disso, a Circular permite que, quando a cobertura
envolver vários itens independentes integrantes
do veículo segurado, sejam retrovisores, vidros ou faróis,
entre outros, a aplicação de franquia pode se dar de forma
única ou por item, conforme definido nas condições
contratuais e observado critério de tarifação adotado.
PAINEL
legislação
Projeto obriga seguradoras a notificar
beneficiários sobre morte de segurado
O Projeto de Lei 2138/21 exige que empresas
seguradoras notifiquem os beneficiários de valores previstos
em contrato no prazo de 30 dias após tomarem
conhecimento da morte do segurado.
O texto, que tramita na Câmara dos Deputados,
estabelece ainda que o prazo prescricional de três anos
para que o beneficiário requeira os valores do seguro de
vida só começa a contar após ele ser notificado por correio
ou mensagem eletrônica. “Ainda que o prazo de três
anos seja razoável, é importante condicionar a contagem
do prazo à notificação postal dos beneficiários relacionados
na apólice, para que se reforce o direito deles de
requerer os recursos
do seguro”, diz o deputado
o autor da
proposta, deputado
Pedro Vilela (PSDB-
AL). A proposta altera
o Código Civil e
o Decreto-lei 73/66.
seguro rural
Mercado conta com Glossário Agrícola
O cenário atual
reforça a necessidade
de um amplo domínio
dos conceitos e
terminologias de uso
corrente nesse ramo
de atividade. Com o objetivo de orientar o mercado segurador,
a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais)
preparou o Glossário Agrícola. O documento consiste
em um guia que simplifica a compreensão de termos
comuns ao seguro rural.
Elaborado pelo Grupo de Trabalho de Assuntos
Regulatórios da Comissão de Seguro Rural, o glossário
inclui termos como Damping-Off, Romaneio e Cultura
Intercalar, entre outros. O documento é de grande valia
para seguradoras, produtores rurais, corretores e demais
agentes envolvidos na contratação do seguro, que
poderão tomar decisões corretas, baseadas em necessidades
e condições específicas.
aquisição
mercado
União de corretoras cria gigante no Sul
A REP Seguros anunciou
a fusão, através da troca
de ações, com a tradicional
corretora Frico. Assim, a REP
consolida-se entre as maiores
corretoras de seguros
corporativos de capital nacional do país, com 10 escritórios
em 8 estados e clientes no Brasil e no exterior.
Dentro da operação concretizada, os sócios da
Frico, Vicente Biavaschi Glitz e Francisco Biavaschi Glitz,
passam a integrar o quadro societário da REP Seguros,
junto com Rogério Walmor Cervi, Felipe Weiler Cervi e
Bruno Weiler Cervi.
Efeito da fusão, um novo organograma foi estabelecido:
Bruno assume o papel de CEO do grupo, enquanto
Felipe assume como presidente. Vicente e Francisco
atuarão como vice-presidentes e Rogério seguirá
como Chairman, presidente do Conselho da empresa.
A operação contou com o apoio e condução da
Píer Partners, consultoria especializada em operações
de M&A.
Corretora expande área de atuação
A Alper Consultoria em Seguros comprou a corretora
de resseguros do C6 Bank, a C6 Re, e lançou a
Alper Re, ampliando o modelo de negócio com a nova
divisão de resseguros. Com a aquisição, a consultoria
passa a ter um portfólio completo de serviços, entregando
totalidade em soluções para seguros e resseguros.
A C6 Re administra uma carteira de R$ 90 milhões
em prêmios de resseguros.
De acordo com o CEO da
Alper, Marcos Couto, a aquisição
é muito relevante pois, além de
trazer uma vantagem competitiva,
coloca a companhia em um
novo patamar. “Essa operação é
muito importante para nós porque
ela completa o nosso rol de seguros e resseguros
corporativos, dá acesso ao mercado internacional para
que possamos realizar todos os tipos de operações e
permite levar aos nossos clientes e parceiros o que há
de mais inovador em produtos e serviços”, afirma Couto.
“Esse era um dos pilares faltantes na nossa operação,
que agora completa a lacuna de forma robusta, trazendo
capacidade e soluções”.
12
gente
NOVO CEO PARA O BRASIL
A Europ Assistance
anunciou Newton Queiroz
como novo CEO da companhia
no Brasil, tendo como
missão liderar a transformação
da empresa, conduzindo
os negócios com foco
em digitalização, inovação
e diversificação, visando seu crescimento sustentável
e perene.
Com presença na América Latina há mais de
25 anos, o Grupo coloca o Brasil em foco no contexto
local por sua economia preponderante e por
concentrar a maior operação regional da empresa.
PRODUTOS DE
SEGURADORA
Para atender às novas
demandas do mercado,
o Seguro PASI criou recentemente
o Departamento
de Produtos e anunciou Bárbara Capurucho como
gerente da nova área. A executiva atua na empresa
há doze anos. “A idealização do Departamento de
Produtos surgiu a partir da necessidade de desenvolvimento
e oferta de novos produtos, parcerias,
novas assistências para agregar aos seguros já existentes
e também visando a melhoria e digitalização
dos processos do PASI”, ressalta Bárbara.
NOTA DE PESAR
A MAG Seguros comunicou
o falecimento de
Andrea Levy, Assessor Estratégico
da Presidência e membro
do Conselho Consultivo.
O executivo de 76 anos lutava contra um câncer e
estava internado na Clínica São Vicente, no Rio de
Janeiro, desde o dia 26 de agosto de 2021. Com mais
de 20 anos de experiência como dirigente de empresas
de seguros de vida e previdência no Brasil, Levy
contribuiu decisivamente para o desenvolvimento
deste mercado ao longo desse período.
COMERCIAL PELO BRASIL
A AXA no Brasil expandiu
o time comercial
nas regiões de Minas Gerais,
Centro-Oeste, Norte e
Nordeste. Tatiana Lobo assume
a posição de executiva
de contas da Filial Norte
Nordeste. Como executivos de Contas da Regional
MG, chegam Gabriela Amaral e Cleiton Costa.
“Para nós, a expansão
geográfica é uma estratégia
muito importante,
assim conseguimos ativar
uma base mais diversa e
plural, compreendendo os
pontos principais de cada
região, para oferecer a corretores
e clientes um serviço
mais personalizado e
assertivo”, explica Danilo
Gomes, diretor comercial
Regional da AXA em Minas
Gerais, Centro Oeste, Norte
e Nordeste.
MULHER À FRENTE DA BOLINHA
Andrea Louise Ruano Ribeiro, executiva
com grande experiência no setor de seguros, será
a primeira mulher à frente do Clube da Bolinha de
São Paulo, tradicional instituição
que reúne lideranças
do mercado há mais de 70
anos. “É uma honra para
mim e mais um importante
avanço para a representatividade
feminina no setor.
Demonstra também que a
melhor tradição é a que reconhece a evolução”, diz
a nova reitora.
Andrea sucede Celso Luiz Dobarrio de Paiva,
justamente o executivo que, no aniversário de
60 anos da instituição, em 2008, sugeriu multiplicar
esforços “para aumentar o número de membros femininos
em nosso clube”.
13
ARTIGO
CONFITEC
Um setor em transformação
Jailson Meireles*
Há 18 anos, criamos a Confitec, uma empresa
de tecnologia 100% dedicada ao setor
de seguros e resseguros. Antes disso, eu
já tinha tido uma experiência de mais de quatro
anos em seguradoras. Vêm daí o meu interesse e
envolvimento com tudo que diz respeito ao setor.
Nesses 22 anos, nunca presenciei um momento
de tantas - e tão profundas - transformações.
Tenho participado de várias conversas com
executivos, clientes e parceiros sobre essas transformações
e desenvolvimentos tecnológicos necessários
para suportá-las e resolvi aproveitar este
espaço para fazer um apanhado das mudanças que
acredito que vão se intensificar nos próximos anos.
SRO - SISTEMA DE REGISTRO DE OPERAÇÕES
Estamos envolvidos com o novo sistema de
registro (SRO) desde que a SUSEP fez seu anúncio,
em 2019. Temos trabalhado intensamente com as
seguradoras, as registradoras e a própria SUSEP
para garantir que a mudança do modelo de envio
de dados acontecesse da melhor maneira possível,
dando mais agilidade e segurança para seus
usuários.
Em agosto, o SRO se tornou obrigatório
para as operações dos seguros do grupo de riscos
financeiros, com exceção dos ramos de crédito interno
e de exportação, que entrarão em dezembro.
O que estamos verificando é que tanto as
seguradoras quanto as registradoras estão se empenhando
em viabilizar o novo sistema, acreditando
que as mudanças trarão benefícios para os
usuários.
O GEPRO, plataforma que lançamos em
2011 para atender às questões regulatórias da
SUSEP, vem passando por modernizações tecnológicas,
tendo incorporado diversos módulos e
funcionalidades.
Hoje, nossa plataforma está totalmente
integrada com o SRO e operando com as principais
registradoras certificadas pela SUSEP. Neste
momento, estamos conversando também com as
outras registradoras em processo de certificação.
OPEN INSURANCE
O Open Insurance está para o setor de seguros
assim como o Open Banking para o bancário.
O objetivo é ampliar o livre acesso do consumidor
a produtos e serviços de todas as companhias e, ao
mesmo tempo, permitir a criação de ofertas customizadas,
desenhadas em torno de cada demanda
específica de cobertura.
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Nesta última fase, as seguradoras e demais
empresas do setor poderão oferecer novos serviços,
tentando encontrar produtos cada vez mais
específicos de acordo com as demandas e o histórico
de cada cliente.
SANDBOX REGULATÓRIO
O sandbox regulatório é um ambiente experimental
criado pela SUSEP para estimular a modernização
do setor e o desenvolvimento de inovações
em produtos e tecnologias, a exemplo do que já vem
acontecendo com sucesso em diversos países.
Em 2020, primeira edição do sandbox, foram
selecionados 11 projetos, que permitiram a entrada
de novas empresas no mercado, a criação de seguradoras
digitais, a ampliação da oferta de produtos
- como, por exemplo, cobertura contra furto simples
de celular -, e diversas inovações nos segmentos de
vida e acidentes pessoais.
GRANDES RISCOS
Em março, a SUSEP publicou a Resolução
CNSP 407/2021 com o objetivo de simplificar as
operações do setor de grandes riscos - riscos de petróleo,
bancos, aeronáuticos, marítimos e nucleares,
entre outros.
A principal mudança é a liberação para que
os contratos passem a ser diretamente pactuados
entre segurados e a seguradora.
Com essa nova regulamentação - ou desregulamentação,
como muitos definem -, a expectativa é
de que haja um grande avanço do setor de grandes
riscos nos próximos anos.
A SUSEP tem destacado o potencial do
Open Insurance de promover o desenvolvimento
e a inovação do setor. Sua implementação está
prevista para acontecer em três fases:
Compartilhamento de dados públicos das seguradoras,
como canais de atendimento e produtos
– dez.21 a jun.22.
Compartilhamento de dados pessoais, como
histórico de pagamentos e dados da apólice e sinistros
– set.22 a jun.23.
Serviços de Seguros - foco: melhorar a experiência
dos clientes - de dez.22 a jun.23.
CONCLUSÃO
Entendemos que as mudanças vêm para modernizar
o nosso mercado e criar novas oportunidades,
tanto para os usuários quanto para as empresas
do setor.
Vamos seguir acompanhando
de perto toda e qualquer
evolução regulatória para
garantir que as nossas plataformas
estejam sempre alinhadas
com as regras em vigor.
* JAILSON MEIRELES
CEO
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ESPECIAL OPEN INSURANCE
CRONOGRAMA
Com data marcada
REGRAS E DATAS PARA
IMPLANTAÇÃO DO OPEN
INSURANCE JÁ ESTÃO DEFINIDAS
PELA SUSEP. E AGORA, O QUE
SEGURADORES, CORRETORES E,
PRINCIPALMENTE, CONSUMIDORES,
PODEM ESPERAR?
André Felipe de Lima
O
melhor dos mundos pode ser
também um risco. Afinal, no universo
digital que hoje rege a vida
de cidadãos e economias tudo parece estar
imantado pela aura do deus bifronte
Janus, o da mitologia romana, que era reverenciado
na Roma Antiga como o deus
do começo das coisas, ou seja, o regente
das decisões e escolhas que o ser humano
deveria fazer. Por isso, simbolicamente
bifronte é a representação de dois caminhos
possíveis para uma única escolha. E
as escolhas atuais não são fáceis para ninguém.
Dúvidas e incertezas permeiam,
por exemplo, o mercado de seguros com
a alvorada do Open Insurance, o seguro
aberto. Mas, para a Superintendência de
Seguros Privados (Susep), responsável
por toda estruturação do novo modelo,
só cabe uma certeza: o consumidor é
prioridade.
A reguladora oficializou em agosto
o cronograma de implantação do
polêmico Open Insurance após a publicação
no Diário Oficial da União da resolução
CNSP nº 415/2021 e da circular
nº 635/2021 do próprio órgão regulador
do setor, como desdobramento do cronograma
da Fase 4 do Open Banking, o
sistema financeiro aberto sob regras do
Banco Central e cuja meta é organizar o
ecossistema financeiro do país. A queixa
de muitos securitários é, porém, de que
o cronograma esteja acelerado demais
para um modelo que ainda precisa ser
mais debatido, esmiuçado e, fundamentalmente, bem compreendido
pelo mercado. Mas parece que o tal deus Janus realmente impera
no intrincado contexto.
A discussão em torno da futura plataforma de seguros abertos
começou antes mesmo da confirmação do cronograma anunciado
em agosto. A Susep publicou em abril minutas onde antecipara
a concepção do modelo que considera ideal para o Open
Insurance. Dali em diante, o debate tem sido pouco, argumentam
fontes de mercado, e a insatisfação é crescente a poucos meses
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VEJA QUEM PARTICIPA DO
CONSELHO DELIBERATIVO DO
OPEN INSURANCE
A Susep anunciou os nomes que
participam do Conselho, divididos
por grupos:
GRUPO 1
sociedades supervisionadas
enquadradas no segmento 1):
• Danilo Silveira (titular)
• Rodrigo Passadore Costantino
(suplente);
GRUPO 2
(sociedades supervisionadas
enquadradas no segmento 2):
• João Batista Mendes Angelo (titular)
• Rachel Ferreira Bonel (suplente);
GRUPO 3
(sociedades supervisionadas
enquadradas nos segmentos 3 e 4):
• Marcio Coutinho Teixeira
de Carvalho (titular)
• Leonardo Stivanin (suplente);
GRUPO 4
(sociedades supervisionadas
participantes do Sandbox
Regulatório):
• Rodrigo Messias Ventura (titular)
• Bárbara Leme Possignolo (suplente).
de o Open Insurance efetivamente começar. Mas a reguladora já
bateu o martelo quanto à Fase 1 do programa de seguros abertos.
O passo inicial abrange, em um primeiro momento, o compartilhamento
de dados públicos das seguradoras e depois os dados
pessoais dos consumidores. A largada do processo — denominada
Open Data — está confirmada para o dia 15 de dezembro, data
da Fase 4 do Open Banking. Tudo deverá ser concluído em junho
de 2023, como informa a Susep em nota enviada à Apólice por sua
assessoria de imprensa.
Advogada especialista em seguros
do escritório Tozzini Freire Advogados,
Barbara Bassani de Souza, define o
modelo proposto pela Susep como “interessante”
e “absolutamente inovador”,
porém com ressalvas, sobretudo no que
concerne ao cronograma. “Existem, ainda,
muitas dúvidas práticas que talvez
nem o próprio regulador consiga ainda
17
ESPECIAL OPEN INSURANCE
CRONOGRAMA
Além das supervisionadas, há uma grande expectativa
para o credenciamento das sociedades iniciadoras
de serviços de seguros como participantes do Open
Insurance, mas os critérios ainda estão um pouco
nebulosos ante a algumas dificuldades práticas que
têm surgido para esses entrantes. Certamente, o Open
Insurance trará uma mudança de paradigma, contribuindo
para uma descentralização e para um novo formato
de modelo de negócios, no qual o papel do corretor de
seguros precisará ser repensado”
BARBARA BASSANI DE SOUZA,
da Tozzini Freire Advogados
esclarecer, especialmente, com relação
ao papel dos corretores no ecossistema
e, também, com relação à própria dinâmica
de autorização das sociedades iniciadoras
de serviços de seguros como
participantes do Open Insurance”, comenta
a advogada.
Diretor Executivo de Legal & Compliance
da Aon Brasil, Eduardo Furtado
também alerta que, além de o assunto
ser “bastante novo”, ainda existem muitas
dúvidas quanto à operacionalidade,
ao desenvolvimento dentro de cada fase
de implementação e à instrumentalização
dos requisitos legais de proteção de
dados pessoais. “Sem contar as questões
voltadas à promoção e ao desenvolvimento
do mercado securitário e de previdência”,
ressalta o executivo, referindo-se
ao cronograma apontado pela Susep.
Mas não pode ser ignorado o marco
original do Open Insurance, ou seja,
operações ágeis, com total transparência
e segurança na troca de dados e que estreitarão
o caminho entre consumidor e
produtos adequados à necessidade real
de cada um. O debate atual precisa considerar
estes aspectos, defende o vice-
-presidente de Tecnologia e Operações
da Seguros Sura, Eduardo Guedes, ressaltando
que a Susep propõe um sistema de
“dados abertos” com regras que protegerão
estas mesmas informações e seus titulares
em todos os aspectos e não restrito
aos parâmetros meramente comerciais.
“Vai muito além disso”, assinala o executivo, para quem o consumidor
terá total autonomia para compartilhar ou não seus dados, assim
como já acontece em outros sistemas de dados abertos, como o cadastro
positivo, por exemplo.
“O melhor aspecto da regulação é a padronização e organização
do ecossistema. Com a regulação, as possibilidades serão infinitas,
pois nenhuma seguradora estará de fora do ecossistema. Temos que
aproveitar para criar novas soluções para os clientes e compartilhar,
além dos dados, ideias, serviços, provedores e até mesmo sistemas.
Somos um setor que normalmente copia muito um do outro. Muitos
acreditam que tem pouco espaço real para inovar, mas precisamos
olhar além. Não se trata de uma ameaça. O Open Insurance abre um
espaço enorme para construir coisas de forma colaborativa, em conjunto
com outras seguradoras ou através do compartilhamento de
outros dados, além dos dados de clientes, no futuro”, analisa Guedes.
QUEM PARTICIPARÁ DO SISTEMA?
Conforme a resolução CNSP nº 415, obrigatoriamente participarão
do Open Insurance as sociedades supervisionadas pela
reguladora dos segmentos S1, S2 (as consideradas de maior porte
no mercado dentre seguradoras, entidades abertas de previdência
complementar e sociedades de capitalização) e as iniciadoras de
serviço. “As demais sociedades supervisionadas são voluntárias por
enquanto”, informa a reguladora, em nota.
Bárbara Bassani lembra que integrantes do sandbox regulatório
têm vaga garantida na estrutura de governança. “Além das supervisionadas,
há uma grande expectativa para o credenciamento
das Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguros como participantes
do Open Insurance, mas os critérios ainda estão um pouco nebulosos
ante a algumas dificuldades práticas que têm surgido para
esses entrantes. Certamente, o Open Insurance trará uma mudança
de paradigma, contribuindo para uma descentralização e para um
novo formato de modelo de negócios, no qual o papel do corretor
de seguros precisará ser repensado”, prevê a advogada.
18
“Esse é o primeiro passo, porque durante o processo os corretores
também vão participar do sistema, assim como as resseguradoras”,
reforça Guedes, da Seguros Sura, complementando que a
futura plataforma de dados abertos e seguros possibilitará às companhias
utilizarem o sistema para trabalhos em conjunto, em um
modelo colaborativo que, prevê Guedes, proporcionará um avanço
no modelo de negócios: “O modelo contribuirá também para a
criação de novas soluções, serviços e produtos que vão oferecer
a melhor experiência aos consumidores. É um movimento muito
positivo tanto para as seguradoras, que terão a possibilidade de
cocriar com outras seguradoras, quanto para os consumidores, que
ganham com o poder de escolha do produto ou serviço de uma
seguradora ou mais, de maneira que se conecte exatamente com
o que ele precisa.”
QUEM ABRE E QUEM ACESSA OS DADOS?
A Susep definiu um processo linear, em fases, para implementação
do Open Insurance. Não há dúvida para a reguladora do mercado
de seguros de quem acessa e de quem abre os dados durante
o novo modelo de venda direta de apólices: “O consumidor é quem
manda. Ele decide com quem compartilhar os dados dentro do ecossistema,
quais dados, pelo prazo que lhe interessar, podendo revogar
o acesso, que ele concedeu, a qualquer momento”, reforça a Susep,
em nota.
Na Fase 1, o Open Data, as informações
disponibilizadas não incluirão
dados pessoais dos consumidores. Haverá
informações das entidades participantes
e será voltada a produtos, canais de atendimento,
rede referenciada, entre outros.
Integrarão seguradoras de grande porte e,
em seguida, as médias e pequenas companhias
do setor. “Em outras palavras, o
Open Data é um grande marketplace, sendo
um local de consulta a produtos pelos
consumidores”, explica Furtado, da Aon.
Após a conclusão, em junho de
2022, do primeiro momento envolvendo
bancos informacionais das seguradoras,
a Fase 2, que será iniciada em setembro
de 2022 com término programado para
junho de 2023, contemplará dados de
consumidores, como, por exemplo, informações
cadastrais que não são públicas
e só podem ser compartilhadas somente
com outra participante do ecossistema
mediante o cumprimento das medidas
exigidas pela Lei Geral de Proteção de
ESPECIAL OPEN INSURANCE
CRONOGRAMA
O processo deverá contemplar
a transparência e informação
ao titular por meio de avisos
adequados. Por outro lado, para
o tratamento de dados pessoais,
vislumbra-se que a adequada base
legal será o consentimento, sendo
esse de forma clara e destacada e
acompanhado do exercício regular
de revogação, tendo o titular o
controle sobre a gestão do seu
consentimento”
EDUARDO FURTADO,
da Aon Brasil
Dados (Lei nº 13.709/18), a LGPD. “Aqui,
ressalte-se novamente a necessidade de
consentimento do titular de forma clara
e destacada”, assinala Furtado.
Por fim, a Fase 3, com início em
dezembro de 2022 e conclusão prevista
para junho de 2023. Ela estará voltada
aos serviços, dentre outros, relacionados
à contratação, endosso e sinistro.
“Quando olhamos para o fluxo de dados
pessoais, novamente aplicamos o
seguinte exercício: quem está no centro
do Open Insurance? O titular. É para o titular (consumidor) que os
agentes de tratamento de dados pessoais deverão olhar. Isso significa
dizer, em outras palavras, que devem possuir todas as medidas
técnicas e organizacionais necessárias para o cumprimento da Lei
e garantia dos direitos e princípios lá definidos”, observa o executivo
da Aon.
Como explica Guedes, da Sura, uma seguradora poderá, por
exemplo, compartilhar informações de uma apólice residencial de
um cliente, disponibilizando características e valor do produto, mas
essa sempre será uma decisão do consumidor. Neste contexto, assinala
o executivo, o sistema de dados abertos também beneficiará o
canal corretor, que conseguirá ter uma visão analítica do mercado
de seguros e uma referência do ponto de vista do próprio consumidor
para prestar um melhor serviço na ponta.
“Para o consumidor, o sistema aberto de dados dá a possibilidade
de pesquisar, por exemplo, o valor de apólices de mesmas
características para tomar a sua decisão com mais assertividade,
uma vez que ele tem o poder de decisão para escolher o produto
ou serviço que é melhor para ele. Esse é o caminho e algumas das
tendências que serão construídas e materializadas através do Open
Insurance durante este grande movimento do mercado. Quanto
mais dados, mais possibilidades. Podemos até descobrir novos mercados,
oferecer mais serviços, identificar lacunas no mercado para
criar produtos, melhorar a precificação etc. Vamos aprender a fazer
tudo isso durante o processo e, ao mesmo tempo, desenvolver mais
conhecimento e ferramentas para explorar esses dados com eficiência
e assertividade”, acredita Guedes.
SOBRE VAZAMENTO DE DADOS
Qual será, entretanto, a garantia da segurança das informações
dos consumidores? De quem será a responsabilidade caso haja
algum vazamento de dados pessoais? A Susep responde que ocorrências
com o tratamento de dados pessoais e a responsabilização
estão previstas na legislação vigente e, dependendo do dado, podem
ferir, inclusive, a lei que disciplina o sigilo de dados financeiros.
Em nota, a reguladora pontua que a responsabilidade é daquele que
deu causa ao dano, ou seja, ao vazamento e estará sujeito a crime
conforme estabelecido na Lei Geral de Proteção de Dados.
“Sobre a segurança dos dados pessoais, assim como preconiza
a LGPD, os agentes de tratamento deverão adotar medidas
técnicas e organizacionais hábeis para garantirem a proteção dos
dados pessoais contra acessos não autorizados, situações acidentais
ou ilícitas de destruição, perda, entre outros. A capacidade de
implementação dessas medidas está diretamente ligada ao grau
de governança, comprometimento e recursos que serão aplicados
pelos agentes de tratamento. Sob o ponto de vista da responsabilidade
quanto a eventuais incidentes com dados pessoais, cabe ressaltar
que, aos olhos da LGPD, seguindo a esteira do GDPR (General
Data Protection Regulation, regulamento do direito europeu sobre
privacidade e proteção de dados pessoais, aplicável a todos os indivíduos
na União Europeia e Espaço Económico Europeu criado
em 2018), os controladores e operadores de dados pessoais serão
responsabilizados pelos danos causados aos titulares dos dados se
20
“O melhor aspecto da regulação é a padronização
e organização do ecossistema. Com a regulação,
as possibilidades serão infinitas, pois nenhuma
seguradora estará de fora do ecossistema. Temos que
aproveitar para criar novas soluções para os clientes
e compartilhar, além dos dados, ideias, serviços,
provedores e até mesmo sistemas. Somos um setor que
normalmente copia muito um do outro
EDUARDO GUEDES,
da Sura
não cumprirem as obrigações impostas pelo próprio regulamento,
ou seja, de alguma outra forma, violarem suas disposições”, frisa a
Susep na nota enviada à Apólice.
Seguindo as regras impostas pela LGPD, os agentes de tratamento
deverão cumprir as finalidades, sendo estas devidamente
especificadas, com propósito legítimo, e informadas de forma explícita
ao titular. “O processo deverá contemplar a transparência e
informação ao titular por meio de avisos adequados. Por outro lado,
para o tratamento de dados pessoais, vislumbra-se que a adequada
base legal será o consentimento, sendo esse de forma clara e destacada
e acompanhado do exercício regular de revogação, tendo
o titular o controle sobre a gestão do seu consentimento”, conclui
Furtado, da Aon.
Para Bárbara Bassani, a norma da Susep está em conformidade
com a LGPD e traz diretrizes claras sobre a forma de consentimento
do cliente para o compartilhamento de dados, bem como às
vedações específicas. Por exemplo, enumera a advogada, as regras
do Open Insurance estabelecem que é vedado obter o consentimento
do cliente por meio de contrato de adesão, por meio de formulário
com opção de aceite previamente preenchida ou de forma
presumida, sem manifestação ativa do cliente.
“Em caso de vazamento, sem prejuízo de responsabilidade
administrativa no âmbito Susep, aplica-se a LGPD, segundo a qual o
controlador ou o operador que, em razão do exercício de atividade
de tratamento de dados pessoais, causar a outrem dano patrimonial,
moral, individual ou coletivo, em violação à legislação de proteção
de dados pessoais, é obrigado a repará-lo. Além disso, deve ser considerada
a aplicação de multa pela ANPD, autoridade responsável
por proteção de dados, bem como possíveis autuações de órgãos
de proteção e defesa ao direito do consumidor”, classifica Bárbara.
Guedes, da Seguros Sura, não acredita que a implantação do
Open Insurance esteja sendo feita sem um planejamento ou sem os
cuidados necessários, sobretudo na primeira fase de implantação
do modelo de seguros abertos. “Isso vai ajudar a construir o modelo
de compartilhamento de dados sem apresentar riscos diretos aos
dados de clientes. Entretanto, qualquer
iniciativa de compartilhamento de dados
pode representar um risco à segurança
destes dados. As sociedades seguradoras
têm responsabilidade na garantia destes
dados e, provavelmente, se os dados de
seus clientes vazarem em outra seguradora,
por exemplo, quem compartilhou
também será responsabilizado. Portanto
o mercado precisa estar preparado para
que a segurança aconteça de ponta a
ponta”, recomenda.
BASE DAS REGRAS
O processo de regulação possui total
sinergia com o Open Banking e denota
a troca constante com o Banco Central,
afinal já estava previsto, desde o início das
discussões em 2019, a entrada de produtos
de seguros e previdência no Open Finance
(Fase 4 do Open Banking – resolução
conjunta CMN-BCB nº 1/2020). Além
disso, os reguladores brasileiros mantêm
agenda de conversas com reguladores internacionais
como na Austrália, no Reino
Unido, Banco Mundial e também observando
iniciativas de Open, entre outras
iniciativas similares, em países em desenvolvimento
em condições similares às do
Brasil, com sucesso na inclusão financeira.
Marcos legais como a LGPD, a Lei de Liberdade
Econômica (Lei nº 13.874/19) e
a Lei Complementar nº 182/21, que institui
o marco legal das startups, são a base
para as regras estabelecidas.
21
ESPECIAL OPEN INSURANCE
COMERCIALIZAÇÃO
Arriscada
falta de
debate
EM DEZEMBRO, O TÃO DISCUTIDO OPEN INSURANCE DEVERÁ
COMEÇAR A SER IMPLANTADO NO BRASIL. REPRESENTANTES
DO SETOR TEMEM, CONTUDO, PRESSA PARA INICIAR
OPERAÇÕES DE UM MODELO DE COMERCIALIZAÇÃO DIRETA
DE SEGUROS QUE, EMBORA INÉDITO E SEM QUALQUER
PARÂMETRO NO EXTERIOR, AINDA É POUCO CONHECIDO
NO PAÍS, SOBRETUDO PELOS CORRETORES, QUE PODERÃO
PERDER SIGNIFICATIVO ESPAÇO NO MERCADO
Quando o mercado segurador se
debruça no debate sobre o vindouro
Open Insurance (seguro
aberto, em tradução literal), prevalece
um incômodo paradoxo: como implantar
um modelo com o qual o consumidor
acessa uma apólice diretamente e sem
interposto — neste caso, o corretor — se ainda prevalece no país
uma cultura securitária aquém do que existe em mercados mais
maduros, como os da Europa e dos Estados Unidos? Como se não
bastasse essa contradição, o fato de o projeto desenvolvido pela
Superintendência de Seguros Privados (Susep) não contemplar o
papel tradicional do corretor nesse novo contexto desencadeou a
insatisfação de órgãos de representação destes profissionais tendo
22
a eloquente grita comandada pelo principal deles: a Federação Nacional
dos Corretores de Seguros, a Fenacor.
Para essa reportagem, ouvimos quem lida diretamente com
a questão no Brasil, mas também conversamos com uma referência
do mercado securitário no exterior: o fundador e diretor do IoT
Insurance Observatory, Matteo Carbone, autor do livro All the Insurance
Players Will Be Insurtech, lançado em 2017, no qual ele
sugere que os players da área de seguros
usem dados e tecnologia como chaves
capacitadoras para atingir objetivos estratégicos,
entre os quais o de estreitar o
caminho que separa o produto do consumidor,
mas com ressalvas, como destaca
o especialista com exclusividade à
Apólice.
“O setor de seguros tem se caracterizado
por uma onda de inovação nos
últimos seis anos e bilhões de dólares foram
investidos em startups de insurtechs
que têm a missão de inovar os principais
processos de seguro e a forma como as
apólices são distribuídas. Novas tecnologias
e o uso de dados podem aumentar a
frequência de interação com o segurado,
maximizar a eficiência, precificar melhor
os riscos e melhorar a distribuição, mas a
decisão final de compra, em grande parte
das linhas de negócios de seguros nos
países, continua a depender do contato
pessoal com um ser humano”, assegura
Carbone.
O diretor do IoT Insurance Observatory
explica que vários artigos de especialistas
baseados exclusivamente em
pesquisas com clientes e publicados nos
últimos 16 meses narram uma suposta
“mudança colossal” do cliente para canais
digitais no setor de seguros devido ao
impacto da Covid-19. Há, entretanto, controvérsias,
diz Carbone: “Agora, no verão
de 2021, começamos a ter números reais
do negócio de 2020: essa ‘mudança colossal’
parece estar faltando.”
O especialista americano destaca
dois pontos que corroboram a afirmação:
o primeiro deles refere-se à insurtech Progressive,
uma das líderes em distribuição
digital de seguros no mercado dos Estados
Unidos. Porém, enfatiza Carbone,
uma parte dos negócios da companhia
ainda é feita por agentes independentes,
embora, em linhas gerais, a distribuição
direta da Progressive tenha crescido mais
rapidamente que a evolução dos agentes
independentes ao longo de muitos anos
no mercado securitário americano. A cota
do canal direto com o consumidor — reportada
nos relatórios anuais da Progressive
— era de 49% em 2017, de 50% em
2018, de 51% em 2019 e de 52% em 2020,
23
ESPECIAL OPEN INSURANCE
COMERCIALIZAÇÃO
O setor de seguros tem se caracterizado por uma onda de
inovação nos últimos seis anos e bilhões de dólares foram
investidos em startups de insurtechs que têm a missão de
inovar os principais processos de seguro e a forma como
as apólices são distribuídas. Novas tecnologias e o uso
de dados podem aumentar a frequência de interação com
o segurado, maximizar a eficiência, precificar melhor os
riscos e melhorar a distribuição, mas a decisão final de
compra, em grande parte das linhas de negócios de seguros
nos países, continua a depender do contato pessoal com
um ser humano”
reflexo, portanto, de uma tendência estrutural
de longo prazo e sem qualquer
impacto pandêmico nesse crescimento
gradual, como observa o especialista.
“Se houvesse uma mudança digital
no mercado de seguros dos Estados
Unidos devido à pandemia, isso teria
impactado o book de um grande player
como a Progressive”, avalia Carbone. Para
enfatizar o segundo aspecto que considerou
para sua avaliação de mercado, o
especialista sai do cenário americano e
ingressa no da Itália, onde dados consolidados
do mercado local de seguros de
automóveis, publicados pela Associação
Italiana de Seguradoras (Ania), apontam
que o canal online representou 5,8%
em 2017, 5,9% em 2018, 6,4% em 2019
e 6,4% em 2020. Ou seja, igualmente ao
exemplo americano, os dados identificados
na Itália também não mostram impacto
contundente da pandemia sobre
as vendas online de seguros, sobretudo
caracterizada pelo contato direto do consumidor
com o produto.
“A preferência pelo ‘toque humano’
— agentes, corretores e consultores
bancários em alguns mercados — é confirmada
por essa resiliência no período
da Covid e pelas ações recentes das mais
famosas operadoras insurtech full-stack
dos Estados Unidos”, afirma o diretor do
IoT Insurance Observatory, lembrando,
contudo, que essas empresas, no período
entre a fundação e o IPO, definiram
MATTEO CARBONE,
do IoT Insurance Observatory,
agentes e corretores como intermediários não prioritários para
vendas de apólices. Mas a postura vem mudando em relação a
estes profissionais, garante Carbone: “Em vez disso, agora, elas (as
insurtechs) se articularam, adicionando agentes independentes
como um canal para dimensionar e alcançar os resultados trimestrais
esperados pelos analistas. Além disso, existem iniciativas de
insurtechs bem fundamentadas que se concentram em melhorar a
atividade de agentes e corretores.”
E NO BRASIL, COMO FICA?
Lá fora, pelo menos no mercado americano, há uma movimentação
para retomada do interposto na comercialização do seguro,
como descreve Carbone. Um debate mais exaustivo sobre o
papel do corretor no cenário proposto para o Open Insurance, cujo
começo das operações está previsto para dezembro, é uma das discussões
mais intensas entre representantes da indústria securitária
brasileira para os quais, em sua expressiva maioria, a Superintendência
de Seguros Privados (Susep) estaria “atropelando” o mercado ao
determinar a implantação de um modelo sobre o qual muita gente
do setor conhece pouco ou simplesmente nada. “Não houve uma
discussão mais profunda com os players do mercado. Não houve
uma verificação do que acontece no mundo. Não houve uma explicação
do que é, para que serve e como funciona o Open Insurance. E
foram criadas figuras novas, que também não se sabe como funcionarão.
É um passo no escuro muito grande e um risco para um setor
bem estruturado. Da forma como está, o grande prejudicado direto
é o corretor de seguros e, indiretamente, o segurado”, entende o advogado
e corretor de seguros Antonio Penteado Mendonça.
O advogado pondera, entretanto, que a venda direta de seguros
sempre existiu e pode ser feita inclusive no Brasil. Ele reforça que
várias seguradoras internacionais não usam o corretor de seguros
24
em suas operações comerciais. “Algumas usam agentes, outras se
valem de seus canais próprios, outras terceirizam a venda das mais
diversas formas. O Brasil caminha para isso e em algum momento a
internet vai facilitar a venda de seguros através de aplicativos, mas
as insurtechs não são essenciais para isso. Outros canais também
deverão surgir. Tem espaço para todos, que os mais competentes
vençam. Mas isso não tem nada a ver com Open Insurance e regras
que não são claras”, assinala Mendonça.
PAPEL DO CORRETOR NO OPEN INSURANCE
Recentemente, a Fenacor emitiu nota pública na qual alerta
para o fato de o corretor de seguros não integrar o comitê de gestão
do Open Insurance em desenvolvimento pela Susep e frisa, no mesmo
texto, a preocupação generalizada no mercado com os possíveis
efeitos da implementação do novo modelo de comercialização direta
de seguros que, como destaca a Fenacor, estaria ocorrendo açodadamente
e sem um amplo debate dos órgãos reguladores com as
instituições do setor. Para Mendonça, a questão é mais “profunda”.
Segundo o advogado, os corretores de seguros integram o Sistema
Nacional de Seguros Privados, regulado por lei complementar (Decreto-lei
73/66), que só pode ser alterado por outra lei complementar.
“A Susep tem apenas poder normativo infralegal, quer dizer: ela
não muda lei. E foi isso que ela fez, não no comitê de gestão, mas na
operação”, explica Mendonça.
Em nota enviada à Apólice por sua assessoria, a Susep informa
que o Open Finance, que abrange o modelo mais recente de
operação bancária no país e no qual se insere o futuro Open Insurance,
trata-se de um “ecossistema para que os consumidores compartilhem
seus dados pessoais presentes por meio dos produtos
que adquirem no mercado financeiro, de capitais e de seguros”. E,
na mesma nota, a Susep prossegue com seu esclarecimento:
“Esse compartilhamento se dá por meio da padronização
e uniformização de API’s (Application Programming Interfaces).
Sendo assim, as instituições e sociedades que armazenam esses
dados estão previstas para participar do ambiente e prover este
compartilhamento de dados por meio das API’s, afinal há uma série
de exigências para o compartilhamento de dados pelos consumidores,
de forma consentida por eles. Essas exigências vão desde
capacidade financeira até a tecnologia e a segurança cibernética,
incluindo o requisito para que os consumidores passem por rigorosos
processos de autenticação, com bastante segurança, em sua
jornada de consentimento. Lembramos que serão compartilhados
no ecossistema Open Finance dados financeiros dos clientes,
caso assim eles desejem, cuja falha inclusive pode representar crime
financeiro, previsto na legislação vigente. Adicionalmente, os
participantes do Open Finance são responsáveis pelo custeio da
estrutura. Neste sentido, a representatividade acaba abrangendo
as sociedades e instituições participantes deste ambiente de compartilhamento
seguro de dados pessoais. Os corretores podem
participar deste ambiente se credenciando como iniciadores de
serviço, ou permanecer como um consultor importante do cliente/consumidor
analisando e ajudando o consumidor a fazer suas
escolhas.”
Não tem sentido as seguradoras
abrirem seus produtos para a
concorrência. Não sou contra a ideia
de algo que acelere o crescimento
do setor — Open Insurance ou
outras —, mas sou contra fazer isso
de forma leviana, sem aprofundar
o estudo e, principalmente, ver
suas consequências, os ganhos
e as perdas. Não se desarranja
impunemente uma atividade com
o tamanho, as características e
a história do setor de seguros
brasileiro”
ANTONIO PENTEADO MENDONÇA,
advogado e corretor de seguros
A reguladora também informa que,
juntamente com o Conselho Nacional de
Seguros Privados (CNSP), mantém permanente
contato com reguladores internacionais
e nacionais para que a implementação
do ambiente de compartilhamento
de dados (Open Finance) atenda da melhor
forma possível os interesses dos titula-
25
ESPECIAL OPEN INSURANCE
COMERCIALIZAÇÃO
Não só o corretor precisa se adaptar e usar, eventualmente,
ferramentas tecnológicas, como simuladores e
agregadores para poder prestar um serviço que esteja
mais alinhado ao que o seu público necessita, mas
também não deve ser desprezada a consultoria, dado que é
uma sociedade sem cultura de seguros com, portanto, uma
educação financeira muito baixa. A pandemia, inclusive,
ampliou ainda mais a transformação do perfil do corretor,
que está mais conectado a diferentes plataformas”
ALFEO MARCHI, da Mag
res de dados, de forma segura, mantendo
privacidade e promovendo conveniência,
inovação, competição e inclusão financeira,
“tão necessária ao nosso país”, destaca
a nota, na qual, em seguida, a Susep complementa:
“Neste campo, experiências nacionais
e internacionais são continuamente
estudadas. A Susep tem feito reuniões
regulares com órgãos internacionais da
Austrália e Europa sobre o assunto.”
FALTA DE CULTURA QUE PREOCUPA
Considerando a discussão de longa
data de que não há cultura do seguro
bem sedimentada no país e de que o
corretor ainda é o maior canal de distribuição
das seguradoras, é difícil saber se
o consumidor brasileiro está realmente
preparado para fazer escolhas sem que
tenha o profissional do seguro como
orientador na busca pela apólice mais
adequada ao seu perfil.
“Com certeza, o segurado não está
preparado para contratar seguros mais
sofisticados sem o corretor de seguros.
Ele não conhece as seguradoras, não conhece
os produtos e não sabe o que fazer
na hora do sinistro. Quanto ao corretor,
nem ele, nem ninguém está familiarizado
com a cultura do Open Insurance. O
Open Insurance não existe nos países
desenvolvidos, com exceção da Grã-Bretanha,
então ninguém sabe o que é. A
Susep fala muito, mas explica pouco, até
agora não respondeu as principais dúvidas sobre o Open Insurance,
começando por quem pode ser e o que faz a reguladora”, argumenta
Mendonça, afirmando que o Open Insurance, como desenhado
no Brasil, não existe em outros países porque “não faz sentido” em
mercados onde o setor de seguros é satisfatoriamente desenvolvido.
Mendonça explica que, ao contrário do sistema financeiro em
que o cliente tem vínculo com apenas um banco, o setor de seguros
não tem essa fidelização, então, reflete o especialista, os segurados
passam suas informações para todas as seguradoras com as quais
entram em contato. “E não tem sentido as seguradoras abrirem seus
produtos para a concorrência. Não sou contra a ideia de algo que
acelere o crescimento do setor — Open Insurance ou outras —, mas
sou contra fazer isso de forma leviana, sem aprofundar o estudo e,
principalmente, ver suas consequências, os ganhos e as perdas. Não
se desarranja impunemente uma atividade com o tamanho, as características
e a história do setor de seguros brasileiro.”
Diretor de Mercado da Mag Seguros, Alfeo Marchi pondera
que no exterior as experiências estão mais relacionadas ao Open
Banking e que não é “muito favorável” compará-las ao que está em
vias de ser implantado no Brasil pela Susep. Ele ressalta ser notório
em todos os países onde insurtechs recorrem à venda direta a busca
do próprio consumidor pela consultoria mais especializada em
algum momento do processo. “O que se vê lá fora são especialistas
prestando serviço de consultoria para esses consumidores e acreditamos
que é uma tendência mundial. Hoje, mesmo que exista um
movimento de fornecedores ou de intermediários digitais vendendo
produtos diretamente ao cliente, eles sempre serão segmentados,
pela própria característica de quem quer esse tipo de canal, mas
também pela sua complexidade. Portanto, quando a complexidade
chegar, o consumidor se sentirá mais seguro em ter uma pessoa do
outro lado e, no nosso entendimento, o corretor é o indivíduo mais
adequado para prestar esse atendimento.”
A Susep responde, porém, que o corretor não estará à margem
do Open Insurance, como se teme tanto no mercado. Na nota
26
enviada à Apólice, o órgão regulador ressalta que o corretor “é um
importante canal de distribuição de produtos, e fundamental no
mercado de seguros, inclusive no papel de prover o devido aconselhamento
no melhor interesse dos consumidores (...) Portanto as
orientações que são dadas pelo corretor permanecem com sua relevância
porque não se confundem com o objetivo do Open Finance
de compartilhamento seguro e padronizado de dados.”
Marchi pondera que para o debate acerca do Open Insurance,
a contribuição de todas as frentes é importante, inclusive a do
corretor, que, segundo o executivo, é uma figura “extremamente
relevante” para o desenvolvimento do mercado segurador. “Sem
dúvida que ainda temos muito espaço para ampliar a difusão da
cultura de seguros no Brasil. É necessário considerar que temos uma
sociedade bastante heterogênea, por isso, temos que analisar as necessidades
de cada público”, diz Marchi, ressaltando, todavia, que
o próprio corretor também precisa se adaptar à nova realidade de
mercado que se avizinha no Brasil. “Não só corretor precisa se adaptar
e usar, eventualmente, ferramentas tecnológicas, como simuladores
e agregadores para poder prestar um serviço que esteja mais
alinhado ao que o seu público necessita, mas também não deve ser
desprezada a consultoria, dado que é uma sociedade sem cultura
de seguros com, portanto, uma educação financeira muito baixa. A
pandemia, inclusive, ampliou ainda mais a transformação do perfil
do corretor, que está mais conectado a diferentes plataformas.”
Mas — como se dizia na era do disco de vinil — há sempre
um lado B para todos os discos. O Open Insurance vai trazer — prevê
Marchi — muita informação para quem é especializado, por isso
empresas e corretores que conseguem diferenciar os detalhes no
seguro, com mais informação, vão poder entregar uma solução mais
personalizada, tirando proveito desse universo. “O nosso papel é entender
como conseguimos neutralizar os pontos negativos, ao mesmo
tempo em que potencializamos os positivos”, pontua Marchi.
GARANTIAS ÀS APÓLICES MAIS COMPLEXAS
O Open Insurance não eliminará a necessidade de uma consultoria,
especialmente quando um produto mais complexo é que
está em negociação: “O próprio consumidor vai querer contar com
esse importante profissional que atua com excelência junto à sociedade.
Na verdade, a lista de produtos que estão previstos — sempre
falando de Vida e Previdência — é bem completa e extensa. Com
isso, existirão produtos complexos, como capitalizados, com capitais
decrescentes, e, sem dúvida nenhuma, quando esse tipo de produto
for entrar, é preciso a assessoria de um corretor, auxiliado por
alguma tecnologia, sempre com o apoio da seguradora em todo o
processo. Portanto entendemos que existe a necessidade de trazer
compreensão para o cliente da importância de o corretor estar presente
nesse tipo de negociação”, aponta Marchi.
Para Mendonça, o Open Insurance, se vingar, não será capaz
de dar conta dos seguros mais sofisticados. “São seguros com desenhos
especiais, sem um especialista não gira. Mas isso não impede
que sejam colocados no Open Insurance, o que é uma temeridade.
Não há garantia, além da boa-fé da seguradora, de que o produto será
comercializado de forma correta. A LGPD não tem nada a ver com isso,
não regula este tipo de negócio e, portanto,
não garantiria um eventual problema
com o seguro”, ilustra o especialista.
Presidente da Comissão de Direito
Securitário da OAB-SP e sócia e fundadora
do escritório Santos Bevilaqua Advogados,
Daniela de Matos Rodrigues reconhece
que tudo em torno do Open Insurane é
ainda muito novo e que, inegavelmente,
há mais dúvidas que respostas, pelo menos
no momento atual. “O momento é de
se debruçar sobre a norma e verificar as
possibilidades e as interações. Não temos
as respostas, de forma geral. Mas tudo
pode mudar porque o cenário é completamente
inovador”, resume a advogada.
Para Daniela, toda essa discussão
em torno do Open Insurance veio fortemente
fundamentada na questão da
LGPD: “É praticamente uma normatização
de como vai ser o compartilhamento de
dados pessoais. Foi editada uma norma
de segurança cibernética no mercado
de seguros e também tem normatizada
essa questão da segurança. O consumidor
como titular dos dados. Isso é fundamental.
A gente não pode esquecer isso:
quem é o titular do dado é o cliente. Existem
regras e obrigações, enfim, toda uma
questão voltada para a segurança dessas
trocas. Agora, existem eventos importantes
em que a gente precisa fazer a autenticação
desse cliente, e eu preciso assegurar
que ele é ele e que posso compartilhar
os dados que ele mesmo determinou.”
O mercado brasileiro caminha,
como outros mercados mais maduros, inclusive,
para ser multicanais. Essa é a visão
da representante da OAB-SP. “A gente já
tem os multicanais; temos, obviamente, a
distribuição em larga medida através de
corretores; temos bancassurance; temos
insurtechs mais modernas chegando, ou
seja, uma plataforma de todos os espectros
onde começa tudo aí nessa transformação
do consumo de seguros, mas com
corretores também tendo iniciativas nesse
sentido, na digitalização, em uma nova
abordagem do consumidor”, analisa Daniela,
para quem o desafio não é só para
o corretor e sim para todos que estão no
sistema. “Em relação aos corretores, a categoria
tem bastante representatividade
27
ESPECIAL OPEN INSURANCE
COMERCIALIZAÇÃO
O momento é de se debruçar
sobre a norma e verificar as
possibilidades e as interações. Não
temos as respostas, de forma geral.
Mas tudo pode mudar porque o
cenário é completamente inovador”
DANIELA DE MATOS RODRIGUES,
da Santos Bevilaqua Advogados
e tem importante articulação para buscar
o debate. A gente tem e sempre teve (comercialização
direta de seguros), até na lei
que estabelece o regulamento e a atividade
da corretagem, que é uma lei de 1964.
Ela fala da venda direta. Haverá sempre
aquele cliente que prefere falar com a pessoa
que conhece e cuida dos seguros dele,
que na hora do sinistro fez um atendimento
e estava ali ao lado dele, ou aquele que
prefere falar com a plataforma.”
UM OLHAR DE FORA: SINAIS AO
REGULADOR BRASILEIRO
Lá fora temos mercados mais maduros
e, portanto, menos regulamentados.
Isso é público, inquestionável e
notório. O diretor do IoT Insurance Observatory,
Matteo Carbone, sugere mais
abrangência regulatória que não seja
restrita aos players tradicionalmente regulados, principalmente
quanto às variáveis que cercam o seguro aberto. Caso contrário, o
setor de seguros, de uma forma mais complexa e eloquente, poderá
ser envolvido por riscos relevantes.
Carbone assinala, contudo, que as restrições e obrigações
de compartilhar dados de clientes são impostas apenas aos players
regulamentados pelo órgão regulador de seguros. Por outro lado,
estes players “não seguradores” encontrar-se-ão em condições de
dispor de critérios de segmentação únicos e privilegiados que permitirão
a eles propor soluções de seguros dedicadas a nichos específicos
de mercado. Como exemplo, ele cita os automóveis, que
registram toneladas de informações que podem ser preciosas para
uma precificação mais precisa das coberturas de seguros deste bem.
No entanto, explica Carbone, os fabricantes de automóveis não são
solicitados a compartilhar dados estruturados e oportunos com a
seguradora. O mesmo acontece com o seguro residencial, acrescenta
o especialista, devido aos dispositivos para casa inteligente que
muitos têm em suas residências.
“Seguir o princípio de capacitar o cliente é bom, mas quando
imposto apenas aos participantes regulamentados pelo supervisor
de seguros cria distorções. As seguradoras ficarão em desvantagem
em relação aos players tecnológicos, que teriam o poder de negociação
para manter uma parte importante do pool de lucros do seguro.
Isso cria dois problemas: a desvantagem das seguradoras afetará a
economia e a solvência do setor de seguros, algo que os reguladores
têm o objetivo de garantir, e a natureza oligopolista de muitas
grandes de tecnologia significa que o primeiro objetivo de proteger
o consumidor seria tudo menos garanti-lo. Claramente, esses resultados
estão longe do objetivo dos reguladores de seguros”, afirma
Carbone.
A inovação tornou as fronteiras setoriais mais confusas, diz o
especialista americano. Qualquer regulamentação atuando apenas
sobre uma categoria de players — continua Carbone — modificará a
dinâmica competitiva no amplo ecossistema do mercado. “Podemos
comparar isso com a natureza. A erradicação de qualquer espécie,
mesmo que em nível micro que gera o resultado almejado no curto
prazo, pode ter consequências catastróficas mais amplas no ecossistema
no médio prazo”, elucida.
Como observa Carbone, ações regulatórias de mercado que
atuem apenas sobre atores formalmente regulamentados e não considerem
as peculiaridades da distribuição de produtos de afinidades
(incluindo contratos de seguro embutidos em outros produtos e
serviços) podem levar a resultados estruturais opostos aos objetivos
que essas regulamentações comumente perseguem. “Portanto as
novas tecnologias e o big data também exigem que os reguladores
desenvolvam novas competências e evoluam suas abordagens. Os
reguladores de seguros devem adotar uma perspectiva mais holística
que considere todos os participantes potencialmente envolvidos
na cadeia de valor do seguro e avaliem cuidadosamente as características
dos modelos de negócios possibilitados pela tecnologia e
o big data. Só assim será possível atingir os objetivos necessários
de defesa do consumidor e solvência do mercado a médio prazo”,
conclui Carbone.
28
MERCADO
SAÚDE
SulAmérica apresenta
Geração Saúde Integral
EM NOVA CAMPANHA, SULAMÉRICA MOSTRA QUE,
INDEPENDENTEMENTE DA IDADE, TODOS ESTÃO
EM BUSCA DO EQUILÍBRIO ENTRE CORPO, MENTE E
FINANÇAS – INCLUINDO OS CORRETORES DE SEGUROS
Para a SulAmérica, saúde não é uma coisa só – é a união
de três pilares fundamentais que envolvem físico,
emocional e financeiro – e essa busca por mais equilíbrio
entre corpo, mente e finanças conecta pessoas de todas
as idades, dos Baby Boomers à geração Z. Com esse mote, a
SulAmérica acaba de lançar a campanha publicitária “Geração
Saúde Integral”, na qual evidencia que o que importa não é a
idade das pessoas, mas sim, que estão unidas pela busca do
bem-estar em diferentes áreas da vida.
“Essas três frentes da saúde – física, emocional e financeira
– são indissociáveis. Somos uma pessoa só, então o que
afeta nosso bolso acaba por interferir no nosso corpo e mente,
e o que afeta nosso corpo e mente pode impactar nossa saúde financeira.
Cuidar da saúde por completo é o que chamamos de Saúde Integral”,
explica Simone Cesena, diretora de Marketing da SulAmérica.
A campanha da SulAmérica celebra a nova “Geração Saúde
Integral”, um grupo cada vez maior de pessoas de diferentes idades
conectadas por um olhar diferente e ampliado sobre saúde. Uma
nova geração unida pelo desejo de mais equilíbrio, bem-estar e
sustentabilidade no pós-pandemia. Com isso, a SulAmérica propõe
uma aproximação cada vez maior entre as pessoas em torno do que
as une, ao invés de focar nas diferenças que as separam.
Essa busca por mais qualidade de vida também está presente
entre os corretores de seguros. Lara Martinelle, de 25 anos, é corretora
parceira da SulAmérica e atua também como consultora financeira.
Desde o início da pandemia, ela percebeu que a demanda
por planejamento financeiro pessoal cresceu vertiginosamente. Em
abril de 2020, ela deixou de ser funcionária de uma multinacional e
abriu sua própria consultoria. “Vários clientes me falam que, quando
organizam suas finanças, passam a dormir melhor e a atingir seus
objetivos também com as saúdes física e emocional. É uma cadeia e
está tudo interligado”, explica.
O corretor de seguros Abrão Melon, de 62 anos, diz que
cada vez mais procura levar uma vida saudável e compartilha essa
ideia com seus clientes. “Acredito que saúde física, emocional e
financeira estão integradas. Sempre me planejei para ter uma reserva
financeira, investindo em previdência privada e seguro de
vida. É importante proteger a mim e à minha família. Dessa forma,
garanto qualidade de vida e tranquilidade. E indico isso a todos
meus clientes”, afirma.
Para que as pessoas descubram
como está a sua Saúde Integral, a SulAmérica
desenvolveu um teste rápido. “Além
do resultado, vamos oferecer, por meio de
parceiros, uma experiência gratuita de cuidado,
como sessões com psicólogo e nutricionista
na tela, orientação de saúde por
telefone ou, ainda, R$ 50 para abertura de
conta na plataforma digital Órama”, explica
Simone Cesena.
“O corretor de seguros, que é nosso
principal parceiro de negócios e nos
ajuda a levar Saúde Integral para cada vez
mais pessoas todos os dias, foi convidado
em primeira mão a conhecer nosso teste
de Saúde Integral para que, além de entender
como ele pode se cuidar melhor,
possa indicar para seus clientes e, claro,
gerar bons negócios”, afirma a executiva
da SulAmérica.
Para isso, basta
acessar o site www.
sulamericasaudeintegral.com.br
ou
apontar a câmera
do celular para o
QR Code.
29
ESPECIAL OPEN INSURANCE
DESAFIOS
A primeira legislação do
COM A EUROPA PENSANDO EM
ESTABELECER AS REGRAS DO OPEN
INSURANCE APENAS EM 2023, O
BRASIL SERÁ O PIONEIRO NO MUNDO,
APESAR DE ALGUMAS EXPERIÊNCIAS
NO REINO UNIDO. A VANGUARDA TRAZ
VANTAGENS E RESPONSABILIDADES,
MAS PEDE CAUTELA PARA GARANTIR
QUE O SEGURADO SEJA O REAL
BENEFICIADO
Kelly Lubiato
Como parte do Open Finance, que
envolve mercado financeiro e
seguros, o seguro aberto é uma
realidade que fascina e amedronta os
entes do mercado. Como visto em outras
matérias deste especial, o setor se prepara
para atuar com um nível de customização
de produtos mais acurado, ao mesmo
tempo em que terá que compartilhar
as informações e aumentar a segurança
da guarda dos dados dos clientes. A partir
de dezembro deste ano, quando entra
em vigor a primeira fase, veremos novas
aplicações e a digitalização dos processos
das seguradoras de ponta a ponta.
A legislação brasileira é a primeira
do mundo, portanto, não há como
aproveitar experiências internacionais. A
Superintendência de Seguros Privados
prepara as bases para as novas regras. A
referência para nosso mercado é o Open
Banking, cujo Conselho Deliberativo,
formado por bancos e fintechs, pediu o
adiamento da fase 3, que passou de 30
de agosto para 29 de outubro, por conta
da dificuldade de integração dos serviços
de iniciação de pagamento. “Destaco
que somos críticos ao caminho escolhido
pela Susep. Entendemos que a implantação
do Open Insurance deveria seguir
um cronograma que considerasse as
particularidades do setor de seguros, o
momento econômico e as consequências da pandemia e as demais
demandas regulatórias em curso e negociar com o Banco Central
do Brasil o adiamento da disponibilização de informações sobre
seguros e previdência complementar aberta no âmbito do Open
Banking”, pontua Marcio Coriolano, presidente da Confederação Nacional
das Seguradoras (CNseg).
Coriolano afirma ser um crítico do caminho escolhido pela
Susep que, ao invés de criar um diálogo, “propôs um cronograma de
implementação, sem nenhum debate com o setor de seguros, que
atenda à data estabelecida em regulação do Banco Central do Brasil,
15 de dezembro de 2021, para a divulgação dessas informações no
ambiente de Open Banking. Essa data deveria se adequar ao cronograma
de implementação do Open Insurance, e não o contrário.
30
MARCIO CORIOLANO,
da CNseg
As transformações também têm impacto financeiro, pois as
seguradoras que possuem as maiores participações do mercado
brasileiro devem estar preparadas para investir aproximadamente
R$ 100 milhões em tecnologia para acompanhar essa última etapa.
Já tem muitas empresas atentas ao movimento do Open
Insurance, principalmente de olho em um novo mercado que se
abre ao lado do Open Banking. Quem já provê serviços de um lado
quer abocanhar um novo mercado. “As empresas deverão cuidarda
compatibilidade de API’s para a troca de informações, controle
de segurança, consentimento do cliente. A seguradora ‘vermelha’
precisará disponibilizar os dados autorizados pelo seu cliente para
quando a seguradora ‘azul’ for acessar. Entretanto, estes dados
devem estar uniformizados”, explica Rogerio Melfi, consultor de
Novas Plataformas da TecBan. Ele acrescenta
que os maiores desafios são a padronização,
exposição, valores, camada
de segurança e serviços compartilhados.
A verdade é que as seguradoras
deverão se preparar para começar este
jogo tecnológico. “Assim como o PIX, o
OPIN é uma agenda em evolução, cujas
regras cabem à Susep, porém com a operacionalização
elaborada por grupos de
trabalho, fintechs, insurtechs, que irão
determinar as melhores práticas e maior
integração”, completa Melfi.
Coriolano ressalta que as seguradoras
estão atentas a todas essas questões.
“As seguradoras investiram durante
anos no tratamento de dados dos seus
segurados, que agora ficarão disponíveis
para instituições que talvez não tenham
feito o mesmo tipo de investimento. Estamos
falando de tecnologia como ferramenta
de inteligência de mercado. Sobre
a questão da segurança, há um grupo de
trabalho formado por profissionais de
tecnologia de players importantes do setor
atuando para aprimorar as questões
de segurança, levando em consideração
a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Tão importante quanto essa ação é o que
a Susep ainda precisa se dedicar mais, definindo
os requisitos e penalidades sobre
as registradoras e “sociedades iniciadoras”
em caso de afronta à LGPD”, preocupa-se
o presidente da CNseg.
31
ESPECIAL OPEN INSURANCE
DESAFIOS
Precisamos garantir que o consumidor entenda os
benefícios que o ecossistema aberto proporcionará aos
seus próprios interesses. Adicionalmente, precisaremos
garantir a clareza de que o compartilhamento só se dá
para quem e quando o consumidor definir, e sob rígidos
controles de Segurança. Nada pode ser feito sem o seu
consentimento expresso”
RACHEL FERREIRA BONEL, da Icatu
Rachel Ferreira Bonel, Superintendente
Executiva de Dados, Privacidade
e Planejamento Comercial da Icatu,
acredita que o Open Insurance trará
mudanças profundas para todo o mercado,
inclusive no âmbito do modelo de
negócio das seguradoras. “Ele já nasce
provocado pelas mudanças pelas quais
o mercado passa, trazidas, de um lado,
pela disrupção provocada pelas tecnologias
digitais emergentes, de outro,
pelas premissas da Lei Geral de Proteção
de Dados (LGPD), a partir do momento
em que ela prevê o entendimento de
que o consumidor é dono de suas próprias
informações civis. Adicionalmente,
existe o desafio estratégico e de negócios”.
Estratégia e negócios, por enquanto,
estão de lado.
Coriolano ressalta, porém, que o
Open Insurance só deveria ser implantando
após a conclusão do Sistema de
Registro de Operações (SRO), que vai
permitir que todas as operações de seguros
sejam registradas na Susep. “São duas
agendas que consomem muitos recursos
técnicos, financeiros e de pessoal das seguradoras.
Nos estudos que estão sendo
conduzidos na Europa, isso também é
considerado um fator de risco, tendo em
vista que esses recursos alocados para
atender a agenda regulatória poderiam
ser investidos em inovação e criação de
novos produtos para os consumidores”,
considera.
PROCESSO INÉDITO NO MUNDO
Segundo o cronograma estabelecido pela Susep, a partir de
dezembro as primeiras informações começam a ser disponibilizadas
de forma aberta. Com início praticamente um ano após sua primeira
fase, o cronograma anunciado é um reflexo da ambição, não apenas
de seus realizadores, mas também das seguradoras. “O cronograma
tem favorecido as empresas, uma vez que reunir os dados - visando
a quantidade e distinção dos mesmos - a serem compartilhados, não
é uma tarefa fácil. São aproximadamente 10 meses para a conclusão
de sua primeira fase, que contempla o compartilhamento de dados
públicos das empresas referentes a produtos e canais de atendimento,
e uma margem de aproximadamente 4 meses para a conclusão
de sua segunda fase, que prevê o compartilhamento de dados pessoais
por parte dos clientes”, contabiliza Willians Monteiro, superintendente
de Tecnologia e Processos da Mapfre.
Para ele, apesar desta ser uma grande mudança para o setor,
é essencial o acompanhamento contínuo de todas as etapas previstas
para a realização do Open Insurance, uma vez que sua prática
será responsável por reformular toda a atuação no segmento.
“Como benefícios, o Open Insurance traz a possibilidade
das seguradoras se conectarem a novos ecossistemas, desenharem
novos produtos e criarem formas de fazer negócios. Destaco a interoperabilidade,
que amplia a capacidade de captura de dados para
enriquecer as bases das seguradoras, permitindo novas estratégias
de arrecadação e opções e diversificando a forma que os clientes
podem efetuar o pagamento dos seus seguros”, adianta Monteiro.
Isso só será possível com um grande uso do sistema pelos
consumidores. Monteiro cita pesquisas que apontam que o Brasil é
o segundo país com maior crescimento do mercado de aplicativos.
“Tais dados evidenciam a relevância econômica das plataformas. A
digitalização da economia fez com que surgissem novos modelos de
negócio que focam nas plataformas digitais e para as seguradoras é
benéfico explorar as capacidades dos businesses de plataformas de
forma ainda mais intensa, explorando com mais intensidade os conceitos
de economia de escala e escopo”.
SEGURADO SERÁ O MAIOR BENEFICIADO
Esta é a aposta da Susep: aumentar a penetração dos produtos
de proteção na sociedade, beneficiando novos consumidores.
De acordo com Rachel, da Icatu, o consumidor será o maior
32
beneficiado desta mudança porque o Open Insurance fomentará
a maior competitividade, com melhora de produtos e serviços.
“O Open Insurance nasce para ampliar o mercado de seguros
por meio de produtos democráticos, personalizados, transparência
com o consumidor e serviços eficientes. Trata-se de um momento
único, de transformação e inovação do mercado, que está em linha
com o nosso propósito de assistir e proteger financeiramente as famílias
brasileiras e de ser um agente de estabilização socioeconômica
para o país”, define a executiva.
Sob a ótica do consumidor, Monteiro destaca o protagonismo
no uso dos seus dados, que ocorrerá de forma segura, controlada,
ágil e precisa. “Essa, sem dúvida, é uma mudança substancial
que o Open Insurance traz para todo mercado”, aponta Monteiro,
da Mapfre, acrescentando que “o ato de consumir acessando seus
dados e consentindo o compartilhamento dos mesmos com outras
seguradoras, ou terceiros, traz muita conveniência, podendo ainda
resultar em ganhos de suitability, e reforça a centralidade do cliente”.
Em suma, o Open Insurance possibilitará ao consumidor a
visão holística de suas apólices facilitando a comparação entre os
produtos e suas características, ampliando assim a capacidade de
escolher, de forma mais autônoma e precisa, soluções que melhor
se encaixam às suas necessidades, promovendo a inovação no setor,
com a criação de produtos mais personalizados.
A expectativa das seguradoras é criar produtos mais conectados
às necessidades individuais dos clientes, com grande evolução
a partir dessa iniciativa, principalmente em penetração, que
hoje é muito pequena no Brasil, em comparação aos outros países.
A concorrência será estimulada porque a competição ficará
“sem fronteiras". “Nem entre as indústrias, pois o mercado está
aberto e o business de plataforma se torna o mais novo balcão para
comercialização de serviços e soluções de seguros. Cabe às companhias,
de pequeno, médio ou grande porte, saberem se adequar a
este novo momento, sem comprometer seus clientes, colaboradores
e a si mesma”, aponta Monteiro.
A comercialização é um ponto muito sensível de todo este
novo modelo. Como já discutido na matéria da página 22, a regulação
proposta para o Open Insurance sequer menciona a figura do corretor
de seguros.” Chamo a atenção que outros países são cautelosos
na ampliação do escopo do Open Banking, justamente em função da
complexidade e diversidade dos produtos oferecidos pelo setor de
seguros. A contratação desses produtos precisa do auxílio de profissionais
especializados: o corretor de seguros e o assessor de investimentos,
respectivamente. Engajar esses agentes nesse novo ecossistema
é de fundamental importância para que os potenciais e atuais
clientes tenham ao seu dispor todo o acervo disponível para tomarem
decisões bem embasadas”, salienta Marcio Coriolano, da CNseg.
Ele acrescenta que há a grande preocupação de que se as informações
não forem bem entendidas pelos clientes, suas decisões
acabem privilegiando um produto de menor preço, sem levar em
conta as particularidades de cada oferta e sua adequação às suas
necessidades e perfil. “Há ainda um novo “ente” participante, que,
como as registradoras, sequer são previstas no marco legal dos seguros,
que são as “sociedades iniciadoras de seguros” cuja nebulosa
WILLIANS MONTEIRO,
da Mapfre
definição parece querer retirar o espaço
ativo do corretor de seguros habilitado
para tanto”, pontua Coriolano.
O Papel das SISS – Sociedades Iniciadoras
de Serviços de Seguros, ainda
é uma incógnita, como citou Coriolano,
uma vez que o processo de credenciamento
e homologação dessas instituições
não está estabelecido pela SUSEP
até o momento.
Segundo Monteiro, “a Mapfre compreende
o papel das SISS e aguardará as
definições da autarquia quanto ao credenciamento,
homologação e operação
dessas instituições para avaliar parcerias”.
O Open Insurance é uma nova forma de
fazer negócios e distribuir seguros e serviços,
e todos estão trabalhando fortemente
com seus canais de distribuição para
entender a melhor forma de operar neste
ambiente.
Pelo lado do consumidor, a chave
será prestar muitas informações para
a operação. “Precisamos garantir que o
consumidor entenda os benefícios que
o ecossistema aberto proporcionará aos
seus próprios interesses. Adicionalmente,
precisaremos garantir a clareza de que o
compartilhamento só se dá para quem,
quando o consumidor definir e sob rígidos
controles de Segurança. Nada pode
ser feito sem o seu consentimento expresso”,
conclui Rachel.
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publieditorial
ESPECIAL OPEN INSURANCE
PROVIDER IT & AXWAY
Sua TI está pronta para o novo?
ENTENDA O QUE É PRECISO PARA SE DESTACAR COM
A CHEGADA DO OPEN INSURANCE
Eduardo Nunes e Claudio Maia*
A
chegada do Open Insurance, juntamente
com o novo marco regulatório dos seguros
privados, implicará em uma espécie de tsunami
no setor nos próximos anos. E as primeiras ondas
já podem ser vistas a partir dos novos modelos de negócios,
que vêm sendo experimentados e ganhando
tração nas sandboxes.
Tecnologias emergentes baseadas em Inteligência
Artificial são agregadas a soluções mais maduras, otimizando,
assim, as operações existentes e expandindo
horizontes. Desta forma, essa nova arquitetura sedimenta
uma inovadora topologia de aplicações e serviços.
O PAPEL DA PROVIDER IT PARA A CRIAÇÃO DE
UMA TI INOVADORA
A fim de viabilizar a criação destes produtos e
serviços inovadores, uma TI preparada para essas transformações
deve proporcionar aos clientes experiências
sem atritos e que incluam autosserviço baseado em
inteligência artificial, com ofertas contextualizadas e
hiper personalizadas, com segurança e operando em
conformidade com o Sistema de Registro de Operações
(SRO) e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A partir disso, propor inovações à área de negócios que
devem ser priorizadas e incorporadas pela companhia.
Neste sentido, a Provider IT pode ajudar a realizar
essa jornada de transformação e evolução realizando
assessments, desenvolvendo ou gerindo seus projetos
e integrando soluções com governança e harmonia.
A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE API’S
Diante disso, essa nova TI firma parcerias estratégicas
no ecossistema de seguros, a fim de explorar
ao máximo modelos As-a-Service e de coinovação via
API’s abertas e de terceiros. No entanto, não basta adotar
padrões arquiteturais e frameworks operacionais
mais eficientes. É preciso empregar uma Plataforma de
Integração Híbrida robusta, que possibilite criar, publicar
e gerenciar API’s com facilidade, agilidade, controle
e segurança.
Para isso, a Provider IT escolheu a Axway e sua plataforma
Amplify para agirem como “aceleradores” que
possibilitam que quaisquer empresas interessadas em
atuar no novo mercado de seguros consigam construir
soluções integradas e inovadoras. A Axway é uma fornecedora
de soluções de integração que vem atendendo o
mercado brasileiro no último ano, com uma solução que
atende as padronizações do Open Banking, e está trabalhando
em conjunto com a Provider IT para oferecer o
que as empresas precisam para o Open Insurance.
Comece já a preparar sua TI para suportar todas
as possibilidades do Open Insurance. Muito mais do
que simplesmente adequar aos novos padrões, podemos
ajudar seu negócio a ir além.
SOBRE A PROVIDER IT
A Provider IT é um dos principais fornecedores e
integradores de tecnologias para o mercado segurador
e financeiro brasileiro.
Em 25 anos de experiência, atuamos nas maiores
e melhores seguradoras do país, implementando
soluções e contribuindo para a modernização, simplificação
e customização das operações de seguro ao
longo do tempo. Desta forma, conseguimos conciliar
nossa expertise em desenvolvimento e integração, a
um olhar atento às inovações em curso e as oportunidades
de transformação para nossos clientes.
Entre em contato conosco, para que possamos
ajudá-lo nessa empreitada disruptiva: openinsurance@
provider-it.com.br.
www.provider-it.com.br • www.axway.com.br
*Eduardo Nunes é Especialista em Open Insurance da
Provider IT e Claudio Maia é Líder de Open Finance na
Axway LATAM.
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