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Fotos: Divulgação<br />
“em uma feira a gente<br />
consegue fazer um<br />
controle muito maior,<br />
além <strong>de</strong> ter condições<br />
<strong>de</strong> colocar em prática<br />
os protocolos”<br />
PO: eventos bianuais são mais propensos a mudanças<br />
Covid-19. O resultado representa 0,64% das<br />
pessoas que circularam na Expo Retomada.<br />
A notícia é positiva, mas a pergunta que<br />
fica é: como será o futuro do mercado <strong>de</strong><br />
eventos no Brasil?<br />
Um dos i<strong>de</strong>alizadores da Expo Retomada<br />
e diretor da Live Marketing Consultoria,<br />
Paulo Octávio Pereira <strong>de</strong> Almeida acredita<br />
numa rea<strong>de</strong>quação do setor no pós-pan<strong>de</strong>mia.<br />
“Muitos novos eventos <strong>de</strong>verão surgir<br />
e outros vão se juntar”, prevê.<br />
Tendência que já po<strong>de</strong> ser vista na Europa,<br />
como o Salão Internacional do Automóvel.<br />
Além <strong>de</strong> ter mudado <strong>de</strong> Frankfurt para<br />
Munique, um fato histórico, o encontro vai<br />
ampliar o foco e passará a falar <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>,<br />
segundo a Associação da Indústria<br />
Automotiva (VDA).<br />
E o Brasil <strong>de</strong>verá seguir essa tendência,<br />
na opinião <strong>de</strong> PO. Os eventos bianuais,<br />
diz, são os mais propensos a buscar novos<br />
formatos, mais disruptivos. “Tenho uma<br />
leitura que o ciclo <strong>de</strong> inovação <strong>de</strong> eventos<br />
bianuais é mais baixo do que outros, como<br />
a moda por exemplo, que ocorre duas vezes<br />
por ano”.<br />
O híbrido também é um formato que<br />
<strong>de</strong>verá permanecer no radar das empresas<br />
e organizadores <strong>de</strong> evento por um tempo.<br />
Fernando Lummertz, i<strong>de</strong>alizador da Expo<br />
Retomada ao lado <strong>de</strong> Paulo Octávio, vê o<br />
virtual como um complemento do presencial.<br />
“Acho que, nesse sentido, há uma <strong>de</strong>manda<br />
reprimida dos eventos presenciais,<br />
que iremos ver serem complementados<br />
por transmissões digitais”, afirma. “Mas eu<br />
acredito que o ambiente online funciona<br />
muito melhor para um congresso, que po<strong>de</strong><br />
ter sua audiência expandida pela tecnologia,<br />
do que para uma feira”, completa.<br />
Lummertz fala que a feira é um evento<br />
que precisa do face to face, do contato e do<br />
‘pleno funcionamento dos cinco sentidos’.<br />
Por isso, ele aposta em uma retomada mais<br />
forte justamente <strong>de</strong>sse segmento. “É o mais<br />
avançado porque está ligado à retomada<br />
dos negócios, da economia”, afirmou.<br />
Em relação ao tempo para este retorno<br />
acontecer, ele é otimista e prevê que em<br />
setembro ocorrerá uma volta gradativa <strong>de</strong><br />
feiras e congressos. Em São Paulo, especificamente,<br />
o prefeito Ricardo Nunes autorizou<br />
a realização <strong>de</strong> feiras, convenções,<br />
congressos e outros eventos.<br />
Presi<strong>de</strong>nte da Francal Feiras e da Ubrafe<br />
(União Brasileira dos Promotores <strong>de</strong> Feiras),<br />
Abdala Jamil Abdala afirma que o setor<br />
já estava pronto para a retomada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
ano passado. Ele ainda enfatiza que é preciso<br />
diferenciar os diversos tipos <strong>de</strong> eventos<br />
que existem. “Em uma feira a gente consegue<br />
fazer um controle muito maior, além<br />
<strong>de</strong> ter as condições <strong>de</strong> colocar em prática os<br />
protocolos <strong>de</strong> uma maneira mais fácil”, diz.<br />
Ainda segundo Abdala, a Expo Retomada<br />
foi o que chamou <strong>de</strong> aditivo para mostrar às<br />
autorida<strong>de</strong>s que é possível, sim, fazer um<br />
evento com segurança. “É a separação do<br />
joio do trigo que <strong>de</strong>morou mais <strong>de</strong> ano para<br />
que as autorida<strong>de</strong>s enten<strong>de</strong>ssem”, critica.<br />
O executivo conta que, no ano passado,<br />
apenas uma das 16 feiras programadas pela<br />
empresa teve tempo <strong>de</strong> ser realizada. Entre<br />
as canceladas, estava a Francal (Feira Internacional<br />
<strong>de</strong> Moda em Calçados e Acessórios),<br />
que não foi realizada pela primeira<br />
vez em mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong> história.<br />
Outro evento tradicional no calendário<br />
do turismo brasileiro, o Fórum Panrotas<br />
também foi adiado pela primeira vez em 18<br />
anos <strong>de</strong> trajetória. José Guilherme Alcorta,<br />
CEO da Panrotas, lembra que foi cogitada<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> migrar para o digital em<br />
2020, mas faltaria o relacionamento, uma<br />
das principais características do fórum.<br />
“A gente não queria ir para o digital porque,<br />
além do conteúdo, que sempre teve<br />
um peso enorme no fórum, outra característica<br />
é o momento do relacionamento, do<br />
encontro”, ressalta. Encontro este que será<br />
realizado entre os dias 29 e 30 <strong>de</strong> novembro<br />
<strong>de</strong>ste ano, no Centro <strong>de</strong> Eventos Fecomercio,<br />
em São Paulo.<br />
Além da falta do encontro, o presi<strong>de</strong>nte-executivo<br />
da Associação Brasileira <strong>de</strong><br />
Marketing Promocional, Alexis Pagliarini,<br />
alerta que os recursos financeiros envolvidos<br />
nos eventos virtuais são, em média,<br />
10% do que é empregado no presencial. “E<br />
isso não sustenta toda a ca<strong>de</strong>ia”, frisa.<br />
eVeNToS rePreSadoS<br />
Ao ter a retomada, enfim, consolidada,<br />
o setor vai precisar lidar com outros<br />
problemas. O primeiro <strong>de</strong>les: a <strong>de</strong>manda<br />
represada. Fernando Lummertz acredita<br />
que as organizações terão <strong>de</strong> se rearranjar.<br />
“Por conta da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> feiras, congressos,<br />
as organizações precisarão, em<br />
alguns casos, reduzir o número <strong>de</strong> dias,<br />
Eduardo Saron, do Itaú Cultural: aposta no ‘fisidigital’<br />
por exemplo”, sugere.<br />
Outro problema, alertado por Paulo<br />
Octávio, será a falta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra para<br />
o setor. “Com o <strong>de</strong>semprego gerado pela<br />
crise da Covid-19, muitas pessoas migraram<br />
para outros setores, uma vez que o <strong>de</strong><br />
eventos estava estagnado, e eu acredito<br />
que possa, sim, faltar mão <strong>de</strong> obra”, fala<br />
PO, que lembra também da Copa do Mundo,<br />
do Bicentenário da In<strong>de</strong>pendência do<br />
Brasil e do Centenário da Semana <strong>de</strong> Arte<br />
Mo<strong>de</strong>rna. Isso sem falar no Rock in Rio,<br />
adiado <strong>de</strong>ste ano para setembro do próximo,<br />
e o Lollapalooza, previsto para ser<br />
realizado em março <strong>de</strong> 2022.<br />
No mundo, no entanto, a situação está<br />
mais adiantada em relação ao Brasil, principalmente<br />
por conta da vacinação. Um<br />
dos principais campeonatos <strong>de</strong> futebol do<br />
mundo, a Eurocopa recebeu torcedores em<br />
algumas partidas, como a <strong>de</strong>cisão entre Itália<br />
e Inglaterra, assistida por mais <strong>de</strong> 65 mil<br />
pessoas no estádio <strong>de</strong> Wembley.<br />
Dados divulgados no começo do mês<br />
passado pela Imperial College London<br />
apontaram uma relação no aumento <strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> casos no país com a boa campanha<br />
que a seleção inglesa fazia na Eurocopa.<br />
O estudo React testou mais <strong>de</strong> 47 mil pessoas<br />
na Inglaterra entre 24 <strong>de</strong> junho e 5 <strong>de</strong><br />
julho, e chegou a confirmar o que cientistas<br />
chamaram <strong>de</strong> ‘terceira onda substancial <strong>de</strong><br />
infecções’. No entanto, o estudo mostrou<br />
que as infecções não se traduziram em um<br />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas hospitalizadas<br />
ou <strong>de</strong> mortes. O motivo: a vacinação.<br />
Luiz Calainho, controlador da holding<br />
L21 Corp, também aposta na imunização<br />
como um catalisador para a retomada dos<br />
eventos. “Não tenho dúvida <strong>de</strong> que haverá<br />
uma gran<strong>de</strong> corrida aos eventos, <strong>de</strong> todos<br />
os tipos, <strong>de</strong> teatro a gran<strong>de</strong>s shows”, ele<br />
diz. Calainho usa como exemplo o caso <strong>de</strong><br />
Nova York, on<strong>de</strong> a procura por entretenimento<br />
presencial ‘virou uma loucura’.<br />
A vacinação também é um ponto fundamental<br />
na opinião <strong>de</strong> Juliana Constantini,<br />
gerente <strong>de</strong> conteúdo musical do Multishow.<br />
jornal propmark - 2 <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> <strong>2021</strong> 17