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Revista Boa Notícia (Outubro/2021)

Revista digital dedicada à divulgação da Ciência por meio do Jornalismo Científico. Os temas abrangem profissionais do mercado e pesquisadores na área de Comunicação Social, visando aprofundar a troca de saberes entre mercado e Academia. @FernandoRingel

Revista digital dedicada à divulgação da Ciência por meio do Jornalismo Científico. Os temas abrangem profissionais do mercado e pesquisadores na área de Comunicação Social, visando aprofundar a troca de saberes entre mercado e Academia.
@FernandoRingel

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ENTREVISTA

concentrada... eu ia muito à biblioteca pública folhear

livro. Era muito bom. Não podia trazer amigos em casa,

então eu ia muito na casa de amigos estudar. Ao mesmo

tempo, isso foi me dando muito prazer, sabe? [...] Eu

sabia que eu queria ser jornalista, desde cedo. Sabia que

era a minha única opção de mudar de vida que, a partir

do momento em que eu fizesse uma graduação, eu ia sa-

Reticências

entre

chaves

significa que

um trecho

da fala foi

suprimido,

para que a

entrevista

não ficasse

muito longa.

Porém,

essas

falas estão

completas

no canal da

Revista Boa

Notícia no

Spotify.

Ouça, curta

e compartilhe!

Na sua epígrafe, você cita uma letra do Renato Russo.

Para você, “quem acredita sempre alcança”?

Alexandra Fante: Sim. A vida não é fácil, é uma luta, então

com as pedras do caminho eu construí um castelo.

Naquela época, o valor da mensalidade da universidade

era mais do que eu ganhava então eu não tinha qualquer

condição. [...] Aí eu fui para o Japão, trabalhei lá e

fiz o meu dinheiro para pagar o curso. Voltei e no vestibular

seguinte eu estava matriculada, já em sala de aula.

Sempre existe uma forma. Acho que é determinação e

resiliência. Nunca desistir e buscar caminhos alternativos.

Eu sabia que seria jornalista, não sabia como nem

quando, mas sabia que seria.

FR: Como nasceu essa visão de que o estudo ia mudar

a sua história?

AF: A única possibilidade de mudar a minha história

era pelo estudo. Eu não tinha qualquer possibilidade de

mudar de vida, por mais que eu trabalhasse em empregos

em que eu estava crescendo, que era legal, né? Eu fui

empacotadeira de loja, eu limpei a casa dos outros, fui

babá, trabalhei como balconista em loja de fotografia...

Eu sabia que aquilo era digno, mas não era onde eu queria

estar. Então, por onde eu passei, eu tentava aprender

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o máximo que podia. Eu falo com muito carinho do

tempo em que eu era empacotadeira. [...] Na empresa

que vendia filme, que fazia revelação de foto, também

aprendi muito sobre câmera, flash, gostei muito. Então,

todos esses aprendizados me levaram para lugares

de conhecimento, mas não era o suficiente. Meu coração

não estava feliz, eu sabia que não era aquilo que eu

queria. Eu sabia que só a educação poderia me tirar da

condição que eu vivia com a minha

família. Meus pais se separaram, eu

era muito bebê ainda. Depois minha

mãe se casou de novo, teve mais dois

filhos. Eu tenho um histórico de violência

doméstica dentro de casa, então

talvez o estudo tenho sido o meu

refúgio. Eu estudava muito porque

eu estava ali em um mundo fechado,

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Eu falo com

muito carinho

do tempo em

que eu era

empacotadeira

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