O quepensamossobre a edição?EDIÇÃO DE ESTREIA • PÁG. 6A cantora Paula Lima, outra personagem marcante da culturabrasileira, abriu a temporada edutainment da Bossa com um showexclusivo. Confira os melhores momentos em bossa.etc
Diz o velho ditado popular: “Deusescreve certo por linhas tortas”.Se substituirmos a palavra Deuspor vida – ou caminho, trajetória –, teremosum belo resumo do que ocorreconosco. Inúmeras vezes fazemos planos,traçamos rotas e visualizamos umjeito de chegar aonde queremos. Massituações inesperadas acontecem – eas linhas se embaralham. Desviamosdo rumo, andamos por estradas tortuosase pegamos a curva mais longa dopercurso. No meio da jornada, nos sentimosperdidos. O objetivo final parecedistante; o sonho, impossível.de quase todos eles à sua versão maisjovem: não desista, siga em frente; estude,observe e continue.Nessas linhas tortas, aprendemos anos adaptar. Um espetáculo, um restauranteou uma carreira imaginada deuma maneira pode sofrer uma grandetransformação na vida real. Que o digao chef Rodrigo Oliveira, que teve de fecharum restaurante quatro meses depoisda inauguração. Como resumiu acoreógrafa Deborah Colker, “às vezes,uma ideia que parece incrível na cabeçase revela uma porcaria na prática”.Foto: Rogerio MesquitaNessas adversidades, aprendemos ater resiliência, a respirar fundo e a intensificarnossas forças para alcançarum ponto mais próximo da últimamilha. No esforço, empurramos nossolimite um pouco para a frente e aumentamosnossa resistência. Ganhamosconhecimento e elasticidade para o trechoseguinte, pelo menos até surgir umnovo imprevisto – quando teremos derecomeçar o processo outra vez. Nessemovimento constante de avançar,estagnar, retroceder, desviar e repensar,construímos nosso jeito de ser,de responder ao mundo à nossa volta.Quando olhamos para trás, o conjuntofaz sentido. E, por mais dura que tenhasido a trajetória, percebemos que elaera a única possível para nos levar atéali – até o nosso sonho.É isso o que mostra a história dos cincopersonagens retratados nesta primeiraedição da Et Cetera. Todos eles, na juventude,imaginavam que seriam algo.Contudo, as curvas da vida trataram delapidar esse propósito. E só após inúmerasadversidades eles chegaram aoponto em que podem – e merecem –estar. “Fico com uma sensação de quea gente tem de passar por algumas situaçõesna vida antes de alcançar umameta”, afirmou Eliane Dias, que trabalhoucomo doméstica na adolescência evirou advogada e empresária do grupode rap mais famoso do Brasil. A dificuldadedo caminho fica clara no recadoCharles Darwin ensinou que as espéciesque melhor se adaptavam ao ambienteà sua volta tinham mais chancede sobreviver. O mundo moderno temchamado essa capacidade de “adaptabilidade”,a arte de acompanhar, comsanidade, as mudanças constantes,complexas e incertas – intensificadaspela tecnologia – da vida atual. Nãohá exemplo melhor para isso do que oque vivemos hoje. No meio da pandemia,que pela primeira vez na históriamanteve dentro de casa boa partedas pessoas do planeta, aprendemosa nos reinventar. No meio da dor, domedo, da morte, nasceram projetos,ideias e conexões. Surgiu a Et Cetera– desenhada, produzida e finalizadaem três semanas.A Et Cetera segue a proposta de suaempresa-mãe, Bossa.etc, cujo manifestodefende o aprendizado ao longoda vida, por experiências marcantes eindividuais, unindo o conhecimento dediversas fontes e disciplinas, do artigocientífico à letra de música. Do acadêmicoao gingado.Que muitas conexões possam ser feitaspor estas páginas. Que elas sejam umponto de acolhimento num caminho àsvezes planejado, outras vezes rabiscado.Boa leitura e bom divertimento!Tatiana SendinEDIÇÃO DE ESTREIA • PÁG. 7