FOLHA SERTANEJA / CADERNO DOMINGO - IV° EDIÇÃO
O JORNAL DA REGIÃO DO SÃO FRANCISCO Criado em 18/02/2004 | Fundador: Antônio Galdino | Caderno Cultural Online | DOMINGO | 27/02/2022
O JORNAL DA REGIÃO DO SÃO FRANCISCO
Criado em 18/02/2004 | Fundador: Antônio Galdino | Caderno Cultural Online | DOMINGO | 27/02/2022
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CADERNO CULTURAL
O JORNAL DA REGIÃO DO SÃO FRANCISCO
Criado em 18/02/2004 | Fundador: Antônio Galdino | Caderno Cultural Online Nº 04 | DOMINGO | 27/02/2022
DOMINGO
Até aqui nos ajudou o Senhor.
I Sm 7.12
A caminhada da Cultura
em Paulo Afonso
GETAPA, de Dolores Moreira, no COPA quando Antônio Galdino era Diretor Cultural deste Clube
Dolores Moreira e atores/atrizes da APDT
No Caderno Cultural DOMINGO que circula junto com o
Jornal Folha Sertaneja do mês de Fevereiro de 2022 – Edição
de aniversário de 18 anos deste jornal – resolvemos apresentar
o nosso conteúdo de forma diferente, com a apresentação de
algumas imagens e reportagens publicadas nos primeiros anos
deste jornal.
Isso se dá por um lado, para associar esse conteúdo à própria
caminhada do jornal Folha Sertaneja nesses 18 anos de estrada e,
por outro lado porque, a partir de entrevista concedida ao Folha
Sertaneja pelo atual Secretário de Cultura e Esportes, Dernival
Oliveira Júnior, nascido em Paulo Afonso, filho de pais pioneiros
da cidade, surge uma luz que a cidade poderá ter um teatro e
que outras ações na área cultural podem ser esperadas.
Obviamente que todos estaremos na expectativa dessas
melhorias mas atentos para vê-las acontecer o mais breve possível
para não termos que voltar a comemorar aniversários de muitos
anos de obras inacabadas e promessas nunca cumpridas.
ADQUIRA
O SEU!
2
BILHETE
Edson Mendes
Fui ao lançamento de Nivaldo, na Livraria da Jaqueira.
Vi muita gente, revi alguns amigos. Lá fora as pessoas
riam, conversavam, cantavam. Ninguém parecia
preocupado com a vida. Talvez porque a vida seja isso
mesmo: conversar e cantar. Só que não é. Também tem
choro, sofrimento, dor. Mas é preciso conversar e cantar
para continuar vivendo, né? Penso que em casa todos
deixaram as angústias particulares e, guardados no
armário, certo segredos universais. Como, por exemplo,
a vontade de ser feliz. De amar e ser amado. Perdoar e
ser perdoado. Acertar no cuidado com os filhos, os pais,
os vizinhos, os amigos, os amores. De ser gentil, sempre,
de ser alegre quase sempre. Todos têm, cada um a seu
modo, essas preocupações, mas o mundo gira e o tempo
é tão pouco para tantas coisas... Todo mundo tem,
queira ou não queira, essas dores, essas angústias, mas
tudo isso faz p arte da condição humana, não é? Cada
um de nós é todo mundo, e todo mundo é ninguém. Em
cada face eu vi, ali na livraria, sua face, minha face, todas
as faces. A sua face, que me vê, e também a sua, que me
lê. Você que me lê também me vê, porque o coração
tem razões que a própria razão desconhece – lembra?
Voltei pra casa e aqui da varanda, a lua no céu, ouço
Summertime. E, enquanto penso, penso que mesmo
assim, e apesar de tudo, rindo ou chorando – sempre
há lágrimas! - todos lutam, porque viver é lutar. Viver
não é vencer, mas enfrentar a cada dia que nasce a vida
que se finda. O que importa mesmo é aprender. A amar,
perdoar, compreender. E lutar, lutar, lutar. Nenhuma
alma nunca será pequena, porque maior será sempre
a vida. A que vivemos e a outra, a quela que nos pede
apenas coragem, como disse o Rosa. E que por ser tão
breve, e leve, e fugaz, é que me faz escrever este bilhete
para dizer que te amo.
22/02/2022
Desde a sua primeira edição que o jornal
Folha Sertaneja tem acompanhado a caminhada
dos esportes, com Nilson Brandão, do turismo,
com Antônio Galdino, cultura e da vida social
de Paulo Afonso, com Nadja Maria e Ivus Leal
com suas crônicas e causos, além das demais
áreas da vida do município e da região com o
trabalho dos repórteres Antônio Carlos Zuca e
Giuliano Ribeiro e dos jornalistas Clementino
Heitor de Carvalho, Ednaldo Júnior (Padão),
Lúcia Reinaldo.
Ainda em sua primeira edição, de 18 de
fevereiro de 2004, algumas matérias deste jornal
focavam a efervescência cultural.
Ali já se informava que a Administração
Regional da Chesf em Paulo Afonso, na época
conhecida com APA, implantava um projeto
chamado Cantando a Vida.
Na mesma edição, uma reportagem de 2/3 de
página do jornal do lançamento
do catálogo Fios e Cores pelo
Sebrae em parceria com o
Projeto Xingó, em três idiomas
– português, inglês e espanhol,
destacando 44 produtos do
Artesanato da Malhada Grande
que tinha como líder a Sra. São
Pedro.
Ainda nas primeiras edições se
falava do lançamento do livro Paulo
Afonso e o Sertão Baiano: Sua
Geografia e Seu Povo, de autoria
do Professor Roberto Ricardo do
Amaral Reis, no Memorial Chesf.
Folha Sertaneja
Qual mandacaru florido
Num sertão quente e deserto
Como a flor a descoberto
Mangando do sol que esquenta
Que pensa matar, mas não mata
Bebe as gotas benfazejas
Da cachoeira que despeja
Sobra a Folha Sertaneja
Já és adulta, tens história
De lutas, cultura e glórias,
De memórias varonis
Dos bravos sertanejos
De Lampião e os lampejos
De seu fuzil reluzente
Das Marias e Josés
Desse rincão de valentes
Sertaneja, folha verde,
Da terra que fostes plantada
Dos poetas e cantadores
Das Iaras encantadas
Do rio que desce ligeiro
Moldando as pedras lavadas
Dos morcegos e sua gruta
Por Lampião visitada.
Por esse tempo, o futsal de
Paulo Afonso estava nas alturas,
como destacava Nilson Brandão e
a Chesf comemorava com intensa
programação festiva os seus 56 anos
de vida.
Nesse tempo, em 2004, acontecia o 2º Celebrai,
um evento que reunia grande público cristão,
evangélicos em sua maioria e trazia para a cidade
grandes nomes da música gospel nacional.
As cachoeiras de Paulo Afonso, como agora,
estavam oferecendo um belo espetáculo e
atraindo muitos turistas para a cidade.
Outro evento popular, que sempre atraía
grande público eram os festejos juninos. Em 2004
a festa foi animada por Limão com Mel, Calcinha
Preta, Fagner, Alcimar Monteiro, Alceu Valença e,
nesse período, também recebeu a presença de
Ariano Suassuna para mais uma de suas fantásticas
Aulas-espetáculo.
Por quase 20 anos, até o final do século
passado, Paulo Afonso viveu a efervescência
da Semana do Modernismo, que revelou
muitos talentos, dentre eles vários escritores.
Quantas boas lembranças
das apresentações da APDT –
Associação Pauloafonsina de
Dança e Teatro, dirigida pela
competente Dolores Moreira, de
formação nessa área na UFBA, no
vasto salão do Centro de Cultura
Lindinalva Cabral que havia sido
inaugurado festivamente pelo
prefeito Anilton Bastos Pereira,
com a presença da Orquestra
Sinfônica de Pernambuco e com
uma apresentação brilhante
de Edilson Medeiros com uma
dança que empolgou a todos.
És rainha das boas letras
Que no jornal vêm plantadas
Das notícias e reportagens
Das fotos documentadas
Tens no sertão tua fonte
Que desse desembestada
Até na globo deságua
Vira notícia abençoada
Tens parceiros que te cativam
E um amor que é fiel
Que investigando as notícias
Adoça tuas folhas com mel
Te arrumas colorida
Tira do oculto os véus
Pinta teus lábios carnudos
Comum batom cor do céu
Parabéns, linda morena
Linda, tal flor de gardênia
Que com perfume inebria
Os transeuntes do caminho
Porém é o teu amor, Galdino,
O grande autor paladino
De reluzente armadura
O dono dos teus carinhos!
Jovelina Ramalho
Diretor: Antônio Galdino
Colaboradores desta edição: Edson Mendes e Jovelina Ramalho
Diagramação: Admilson Gomes e Darlan Soares
3
Nesse Centro de Cultural Lindinalva Cabral aconteciam
as apresentações teatrais, mesmo sem estar o ambiente
com as condições técnicas de um teatro de respeito. Ali
assisti várias vezes a peça Alpercatas de Couro Cru e outras
peças que exaltam as muitas belezas do nosso Nordeste.
Essa peça foi apresentada com grande sucesso em Salvador,
como mostra a matéria de Nadja Maria na Folha Sertaneja.
De repente, e lá se vão muitos anos, mais de dez segundo
alguns, uma prometida reforma do Centro de Cultura
Lindinalva Cabral para ser o teatro que todos queriam. E a
louvável iniciativa, começada, foi a grande frustração para
os que tinham ali o seu espaço. A obra parou e assim está
há cerca de 10 anos...
Nesses 18 anos do jornal Folha Sertaneja, muitas foram
as ações de parceria da Chesf com a Prefeitura para grandes
eventos culturais acontecessem na cidade.
Em um deles, o Brincante, a população de Paulo Afonso
e os que nos visitavam puderam assistir, sem gastar nada,
atrações de várias regiões do Brasil e
conhecer as peculiaridades dessa vasta
cultura nacional.
O jornal Folha Sertaneja acompanhou
o movimento, que teve entre outras
defensoras a Professora Doutora Cleonice
Vergne, para a preservação dos sítios
ecológicos dos povoados Rio do Sal,
Malhada Grande, Mão Direita, Lagoa da
Pedra e outros, cujas pedras estavam se
transformando em calçamentos de ruas.
O Folha Sertaneja também mostrou
a restauração da Casa de Maria Bonita,
no Povoado Malhada da Caiçara, o que
aconteceu na gestão do Prefeito Raimundo
Caires quando o Secretário de Turismo e
Cultura era o ex-prefeito José Ivaldo. Antes
disso, ainda em 2004, João de Sousa Lima,
um dos maiores pesquisadores do cangaço
do Nordeste, autor de vários livros sobre o
tema, já se movimentava numa campanha
para essa preservação.
O jornal também viu crescer o grande
interesse pelo tema cangaço que mereceu
inclusive um estudo da Bahiatursa que
criou, depois de seminário em Paulo
Afonso um roteiro integrado de turismo e
cangaço, lançado no Salão Internacional
de Turismo no Anhembi em São Paulo
em 2011.
A história da cultura em Paulo Afonso
é muito diversificada, tendo em vista que, diferente de outras
cidades da região que são centenárias como Piranhas, em
Alagoas, Petrolândia, em Pernambuco e Glória na Bahia,
Paulo Afonso se originou do processo de construção de
suas usinas hidrelétricas, cuja oferta de empregos atraiu
milhares de nordestinos, principalmente. E eles, de onde
vieram, trouxeram suas raízes culturais.
Não é de se entranhar, por exemplo, que nos grandes
carnavais dos clubes da Chesf – COPA e CPA o frevo era
dominante e também ia às ruas nos blocos de travestidos,
como As Verdureiras de bigode criado pelo genial Horácio
Campelo e outros blocos, puxados pelo trompete de Lalau
e de outros músicos da época.
Também não é de se estranhar que nos Festejos Natalinos
realizados na Rua da Frente (Av. Getúlio Vargas) a grande
atração de todas as noites era o Pastoril Juvenil de Natal,
organizado por D. Zefinha Salvador, D. Laura Emetério e
outras pioneiras.
Horácio Campelo e as Verdureiras de bigode
D. Zefinha Salvador e as pastorinhas
Gilberto Leal animando o Pastoril de Natal
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Paulo Afonso também já teve grandes festivais de
violeiros e hoje um jovem que estudou no Colégio Carlina,
Rafael Neto, neto do conhecido fotógrafo Poeta de Cristo,
é um grande repentista mas, para manter a sua arte e se
manter precisou bater pernas e hoje está estabelecido em
Paulistana, no Piauí.
Também não é demais lembrar que Paulo Afonso
já teve seis salas de cinema e, nos primeiros tempos, os
pauloafonsinos tinham o privilégio de assistir a filmes que
não haviam ainda sido exibidos em Recife e Salvador, por
exemplo, porque a Chesf os trazia diretamente do Rio de
Janeiro, sede da empresa.
Ah, não custa lembrar dos programas de auditório do
COPA e do Palace de Atrações e Coliseu Show apresentados
respectivamente no Cine Palace e depois no Cine Coliseu...
Como esquecer das quadrilhas juninas tradicionais das
Ruas Santo Antônio, Castro Alves, Barão do Rio Branco,
espalhadas por outras muitas ruas da cidade...
E da presença do Grupo Curicaca pelas ruas de Paulo
Afonso, sob a direção e atuação da hoje Professora
aposentada e Psicóloga Lúcia Teixeira. Nem se pode
esquecer do Grupo GETAPA, de Dolores Moreira e suas
apresentações no COPA. De Dolores depois nasceram outros
frutos: a APDT e mais recentemente Roda da Baraúna,
Assim, nesta edição de aniversário dos 18 anos do jornal
Folha Sertaneja, este Caderno Cultural DOMINGO, optou
trazer algumas informações da caminhada da cultura em
Paulo Afonso, e homenagear aqueles que começavam essa
história desde os seus primeiros tempos, como D. Zefinha
Salvador e D. Laura Emetério, Gilberto Leal, Edvaldo Santos,
Jorge Roberto, Lúcia Teixeira, Dolores Moreira, Jairo, Heleno
dos Cangaceiros, Horácio Campelo e, através deles todos
os outros em todos os tempos que trouxeram a sua arte,
do seu jeito, com as condições que tinham para oferecer ao
público a oportunidade de rir, de chorar, de se emocionar
com as histórias contadas.
Tudo isso na expectativa que a gestão municipal,
através de suas secretarias de Cultura e Esportes e também
de Educação e da Secretaria de Turismo movam muitos
esforços para se conseguir apoios junto à Chesf que foi
parceira por dezenas de anos, junto ao Governo do Estado
e ao Governo Federal para que, novamente a cidade tenha
condições de desenvolver grandes projetos na cultura, nos
esportes, no turismo, temas de que trata semanalmente
este Caderno Cultural.
Lembrando do Coliseu Show. A partir da esquerda: Antônio Galdino, Ângela, Juvenal, Fernando Menezes, Isac, Pinto e Ailton
Oscar Silva, no Coliseu Show