Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!
Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.
MARÇO 2022 • Nº 274 • ANO 26
conectando você ao mercado de seguros
Congresso Brasileiro de
Corretores de Seguros
recebe 2 mil pessoas
>>
ESPECIAL MULHERES
Elas no
comando
Hoje já é menos incomum
encontrar mulheres atuando
em cargos de liderança nas
empresas do setor, mas isso
deve mudar em breve
INSURTECHS: mulheres ainda são minoria
PRODUTOS: o que o mercado oferece ao
público feminino
EDITORIAL
Um novo caminho para
seguirmos juntos
O
setor de seguros é dinâmico e suas mudanças acontecem em
velocidades diversas. A tecnologia atravessa a passos largos
as empresas, mostrando que é preciso a adequação para
incrementar a jornada do cliente (seja ele corretor ou consumidor). A
equidade de gênero, que antes andava a passos de cágado, começa a
acelerar em todos os níveis das empresas.
Seja por exigência da agenda ASG (Ambiental, Social e
Governança) ou pela necessidade de investir na diversidade para
buscar novos resultados, os níveis mais altos da hierarquia corporativa
começam a ser povoados por novas ideias e novas visões. Assim, um
novo olhar para as questões de gênero, para processos e para produtos
habita o nível gerencial.
No momento em que o conhecimento aberto faz mais sentido,
em que as habilidades multitarefas são mais requisitadas, as mulheres
são valorizadas e passam a ser inseridas nas decisões.
O especial Mulheres da Revista Apólice mostra justamente este
ponto de vista feminina. Conversamos com lideranças do mercado para
entender como este olhar feminino pode trazer novas perspectivas para
o setor de seguros. Apresentamos como as mulheres ocupam espaços
que antes eram apenas masculinos, como a liderança em empresas de
tecnologia no mercado de seguros. Elas ainda são minoria, mas isso
também mudará em breve.
O importante é deixar claro, principalmente para as meninas,
que elas podem ocupar o lugar que quiserem. Não podem haver barreiras
de gênero para que elas sejam felizes, respeitadas e reconhecidas pela
sociedade.
Boa leitura!
Diretora de Redação
MARÇO 2022 • Nº 274 • ANO 26
EXPEDIENTE
Diretora de Redação:
Kelly Lubiato - MTB 25933
klubiato@revistaapolice.com.br
Diretor Executivo:
Francisco Pantoja
francisco@revistaapolice.com.br
Redação:
Nicole Fraga
nicole@revistaapolice.com.br
Colaborador:
André Felipe de Lima
Executiva de Negócios:
Graciane Pereira
graciane@revistaapolice.com.br
Diagramação e Arte:
Enza Lofrano
Tiragem:
12.000 exemplares
Circulação:
Nacional
Periodicidade:
Mensal
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
Esta revista é uma
publicação independente
da Correcta Editora Ltda e
de público dirigido
CORRECTA EDITORA LTDA
Administração, Redação e Publicidade:
Avenida Ibirapuera, 2033 - cjto 183
Edifício Edel Trade Center
04029-901 São Paulo/SP
CNPJ: 00689066/0001-30
Mande suas dúvidas,
críticas e sugestões para
redacao@revistaapolice.com.br
CONTEÚDO
www.revistaapolice.com.br
twitter.com/revistaapolice
revista apólice
linkedin.com/apolice
instagram.com/revista_apolice
ESPECIAL MULHERES
ÍNDICE
TECNOLOGIA
Em um momento quase
que completamente
dominado pelos homens,
algumas almas femininas
surgem para iluminar o
mercado de insurtechs.
Além da inovação, o
olhar das executivas
está voltado para a
sustentabilidade global
>> PÁG. 16
LIDERANÇA
Aos poucos as mulheres
começam a ocupar os
cargos de comando em
seguradoras, corretoras
de seguros e prestadoras
de serviços. Além da
equidade de gênero, a luta
é para que as empresas
também valorizem a
diversidade
>> PÁG. 10
PRODUTOS
As mulheres consomem
mais, é fato! Entretanto,
cada vez mais a decisão
pelo contrato de seguro
é guiada pelo instinto de
proteção e, por isso, as
empresas buscam a criação
de produtos exclusivamente
desenhados para este
público
>> PÁG. 20
06 painel
08 gente
24 beach tennis
Prática esportiva se espalha
por todas as regiões do País e
desperta a discussão sobre a
proteção do seguro de eventos,
com cobertura de RC tanto para
as arenas móveis quanto para o
público e os atletas envolvidos
27 charles taylor
A transformação digital obrigou
seguradoras, intermediários
e fornecedores a evoluir para
crescer no mercado segurador
latino americano
28 congresso
brasileiro de corretores
de seguros
Cobertura do retorno aos
eventos presenciais no
mercado de seguros, que reuniu
duas mil pessoas na cidade
de Campinas/SP. Paineis e
exposição permanecem lotados,
respeitando os protocolos
sanitários
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
4
PAINEL
aquisição
Rede de hospitais assume seguradora
A Rede D’Or acertou a
compra da SulAmérica Seguros
em fevereiro. A operação avaliou
a seguradora em cerca de
13 bilhões de reais com base
em dados de valor de mercado
da SulAmérica na B3. Quando
a transação for concluída, os
acionistas da SulAmérica passarão
a ser acionistas da Rede
D’Or e Patrick Larragoiti Lucas, presidente do Conselho
de Administração da SulAmérica, passará a ser membro
do Conselho de Administração da
Rede D’Or.
“A SulAmérica é uma empresa
comprometida com a sociedade
brasileira há mais de 126
anos, oferecendo acesso à saúde
de qualidade. Essa transação aproxima
as empresas, que seguem
com suas operações independentes,
mas comprometidas com valores
comuns", assinala Jorge Moll, fundador e presidente do
Conselho de Administração da Rede D’Or.
profissão
Faltam corretores no interior do Brasil
Uma pesquisa
realizada com base
em dados da Susep
(Superintendência
de Seguros Privados)
indicou que os corretores
de seguros estão
mal distribuídos
no Brasil. Os números
mostram que em aproximadamente 60% dos municípios
brasileiros não há profissionais habilitados para
trabalhar no ramo. A escassez chama a atenção principalmente
nas regiões Norte e Nordeste, indicando que
há um grande campo de atuação e mercado de trabalho
que pode ser explorado.
De acordo com Altevir Júnior, representante do
Sindseg N/NE (Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste),
os corretores estão concentrados, em sua maior
parte, nas capitais e em grandes cidades, deixando cerca
de 3.400 municípios do interior sem um só corretor
para atender à população.
“São milhares as cidades mais afastadas dos
centros onde existe demanda por produtos de seguros,
quer seja para veículos, residências, empresas, seguros
de vida etc. Mas os consumidores acabam sem ter acesso
às oportunidades que o mercado segurador oferece
principalmente por falta de conhecimento e orientação,
trabalho que deve ser realizado por um corretor habilitado”,
afirma.
tragédia
Seguro ajuda a passar por momentos difíceis
A cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro,
foi atingida por um forte temporal no dia 15 de
fevereiro e está enfrentando uma das maiores tragédias
da sua história. Além das vidas perdidas, diversas famílias
tiveram suas casas, comércios e automóveis destruídos
pela chuva.
Em momentos difíceis como esse, o seguro demonstra
sua importância e torna-se um apoio fundamental
para aqueles que de alguma forma foram prejudicados.
“Situações de calamidade pública ou de grande
comoção fazem o público lembrar que, se as pessoas
atingidas contam com a proteção do seguro, serão indenizadas
e poderão se restabelecer com mais celeridade.
Porém, é importante lembrar que o seguro, quando
contratado, passa a fazer parte do dia a dia do segurado
em suas necessidades mais básicas”, afirma Andreia Paterniani,
diretora de Sinistros da Sompo Seguros.
Foto: Márcia Foletto Agência O Globo
6
aniversário
Mercado de seguros presenteia cariocas
Na terça-feira,
1º de março, a Bradesco
Seguros prestou
uma homenagem ao
Rio de Janeiro pelo
seu aniversário, com
uma projeção especial
no Cristo Redentor,
ícone da cidade. Foram quatro diferentes cores:
azul, que representa a tranquilidade e a esperança nos
novos tempos que virão; rosa, transmitindo gratidão,
delicadeza, afetividade e sensibilidade; branco, cor da
paz; além do vermelho, paleta oficial do grupo segurador,
cujo nascimento se deu no Rio de Janeiro há mais
de 40 anos.
Além de luzes, a ação projetou na escultura de
38 metros a mensagem: “Com Você. Sempre”, além de
um enorme coração, que pode ser visto de diferentes
pontos da cidade. A montagem envolveu um time especializado
de pessoas, sendo utilizado o que há de
mais moderno em projeção mapeada.
Foto: Célio Durães Unic Rio
aquisição 2
Crescimento por compras
A Alper Consultoria em Seguros adquiriu a Trade
Vale Corretora de Seguros e Transportes. A operação
está estimada em R$ 55,4 milhões e será submetida à
aprovação da Assembleia
Geral Extraordinária
de Acionistas
(“AGE”)
Essa é a primeira
aquisição da empresa
no ano. Em 2021, a
companhia comprou
quatro empresas do
setor, entre elas a corretora
de resseguros
do C6 Bank, e lançou a
Alper Re.
“A operação faz parte da estratégia da organização
de ser uma companhia consolidadora, que
sempre busca novas oportunidades para trazer conhecimento
e expertise para a nossa operação”, afirma
o CEO, Marcos Couto.
judicial
STJ adia decisão sobre planos de saúde
O Superior Tribunal de Justiça
(STJ) julgou recurso que pode restringir
a cobertura de planos de saúde. O
ministro do STJ Luis Felipe Salomão,
relator do caso, em julgamento da 4.ª
turma em 2019, votou a favor do rol
taxativo, argumentando que considerá-lo
exemplificativo restringiria a
livre concorrência das operadoras de
planos de saúde e dificultaria “o acesso
à saúde suplementar às camadas
mais necessitadas e vulneráveis da população”. Esta visão,
entretanto, preocupa grupos de pacientes e familiares
de crianças com deficiência, que temem a interrupção
de tratamentos concedidos por via judicial. Entretanto, o
julgamento foi adiado novamente, após pedido de vista
(mais tempo para analisar o tema). Apenas dois dos nove
ministros apresentaram seus votos: o relator Luis Felipe
Salomão, a favor da taxativa, e Nancy Andrighi, a favor da
exemplificativa. Uma nova sessão
deve ocorrer em até 90 dias.
A advogada e professora
Angélica Carlini é especialista em
Direito do Seguro, do Consumidor
e na área de Saúde. Ela classificou
o impacto desta decisão como “catastrófico”,
porque “se o julgamento
entender que o rol é exemplificativo,
como serão feitos os cálculos
atuariais para formação dos fundos
mutuais que sustentam os contratos?", questiona. A sustentabilidade
do sistema fica em risco.
Por outro lado, o rol taxativo tem a vantagem de
sustentar o sistema. “Se ele for exemplificativo a única
alternativa para as operadoras será construir planos pós-
-pagos para cada grupo, o que pode se transformar em
uma pequena tragédia, porque não há fundo mutual que
dê conta de sustentá-lo”, avalia a advogada.
7
gente
ESTRATÉGIA FORTALECIDA
A MDS Brasil anunciou
mudanças em seu
quadro executivo. Paulo
Loureiro, que era diretor
executivo de Filiais, assume
o cargo de vice-presidente
de Saúde e Benefícios com
a missão de implementar
uma atuação comercial ainda mais diversificada e
regionalizada, seja por equipe própria ou por meio
de parcerias estratégicas. ‘’O setor de saúde, que é
o carro-chefe nas operações das grandes brokers
com atuação em Benefícios, conta com uma carteira
de mais de 48 milhões de beneficiários, e encerrou
o ano de 2021 com um crescimento de cerca de
66% em arrecadação.”
Patrícia Martins assume o cargo de diretora
de parcerias. Conhecido como MDS Partners, o programa
da empresa conta com mais de 100 parceiros
de negócios em diversas
regiões do Brasil e oferece
condições e vantagens diferenciadas
em relação aos
demais programas similares
do mercado. “Atuamos
em parceria com corretores,
na dinâmica de corretagem.
Já temos parcerias consolidadas com grandes
empresas e efetuamos toda a assistência necessária
aos nossos parceiros de negócios”, diz a executiva.
OPERAÇÕES E SINISTROS
A Liberty Seguros
anunciou Marcio Probst
como novo diretor de Operações
e Sinistros da companhia.
O executivo, assume o
cargo para liderar as áreas
de Sinistros Automóvel e Demais
Ramos, Vistoria Prévia e
Operações. “Meus principais
focos neste momento serão dar continuidade ao
processo de modernização de atendimento de sinistro,
implementar novas tecnologias por meio do
autoatendimento, inteligência artificial e analytics.
LIDERANÇA NA AMÉRICA LATINA
A AIG traz Claudia
Valencia como a nova líder
regional de Engajamento
com Clientes e Corretores
para a América Latina. A
executiva irá atuar ao lado
da liderança regional da
seguradora e será responsável
por conduzir os planos de crescimento com
os parceiros de corretagem e comandar as estratégias
de clientes em toda a região.
P&C
A Willis Towers Watson anunciou a nomeação
de Roman Mesuraca como líder de Property &
Casualty na América Latina, que se reportará a
Garret Gaughan como
membro da equipe de liderança
de Global Markets Direct
& Facultative, e a Héctor
Martinez para a região.
“Estou animado para liderar
o negócio de Property & Casualty
da companhia, aproveitando
meu conhecimento e experiência regional
para trazer novas soluções e recursos aos nossos
clientes do mercado global”, comenta.
LEILOEIRO OFICIAL
Rogério Menezes
Nunes foi nomeado Leiloeiro
Oficial pela Junta Comercial
do Estado do Rio de
Janeiro (JUCERJA), contando
com uma experiência de 32
anos no segmento. Bacharel
em Direito e pós-graduado em Ciências Humanas,
ele realiza leilões de veículos, máquinas, equipamentos,
imóveis, aeronaves e embarcações para as maiores
instituições do país. Com uma infraestrutura de
70 mil metros quadrados no Rio de Janeiro, o pátio
tem capacidade para comportar até 12 mil veículos.
Em 2021, mais de 10 mil veículos foram vendidos e a
expectativa para este ano é dobrar esse número.
8
SAÚDE INTEGRAL
A SulAmérica anunciou a chegada de Juliana
Caligiuri como nova vice-presidente de Saúde e
Odonto da companhia. A
executiva chega à companhia
com a missão de
fortalecer as carteiras de
Saúde e Odonto, além das
estratégias de Cuidado
Coordenado e expansão
da família SulAmérica Direto.
Em sua posição, Juliana vai liderar um time
de mais de 1.500 colaboradores e gerenciar uma
carteira com mais de 2,4 milhões de beneficiários
em Saúde, além de 2,0 milhões de beneficiários
em Odonto.
DE OLHO NO MARKETING
A Pier anunciou a
chegada da sua nova CMO,
Flávia Molina. “A Pier traz
um novo olhar digital com
seu modelo de negócios
a um setor bastante tradicional,
com a proposta de
modernização e autonomia.
E, para sermos completos como profissionais,
precisamos emergir dos modelos já conhecidos e
nos aprofundarmos na era digital, como acontece
nas startups. Então chegou a hora de absorver os
novos aprendizados dessa era digital, onde tudo
está sendo revisto, inclusive o setor de seguros”,
comenta Flávia.
DADOS PROTEGIDOS
A advogada com
vasta experiência em Compliance,
gestão e governança,
Sabrina Calixto,
assume o cargo de Data
Protection Officer (DPO) da
Prudential do Brasil com
a missão de tornar a seguradora
uma referência em proteção de dados no
mercado segurador. “Começamos 2022 com uma
estratégia de governança robusta para o futuro,
acompanhando a agenda regulatória e buscando
as melhores práticas para que, além de liderar o
mercado de seguro de pessoas entre as seguradoras
independentes, a Prudential do Brasil possa se
tonar líder também em privacidade e proteção de
dados entre os players do setor”, afirma Sabrina.
EDSON FRANCO ASSUME A FENAPREVI
O presidente da Federação
Nacional de previdência
privada, Edson
Luis Franco, da Zurich Brasil,
assumiu a entidade em
substituição a Jorge Pohlmann
Nasser, da Bradesco
Vida, Previdência e Capitalização,
que passará a ser o 1° Vice-presidente.
Em relação às prioridades da gestão, Franco
explica que a Federação atuará para ampliar
o acesso, a democratização e a simplificação dos
produtos de pessoas. “Seguiremos com um olhar
cada vez mais atento às necessidades dos consumidores,
levando informação e fomentando as
discussões relacionadas à importância da proteção
à renda”.
TIME EM CRESCIMENTO
Depois de atuar em algumas posições
em corretoras de seguros e na área de
construção civil, Pedro Suplicy se juntou à
equipe da Gallagher como Head of Infrastructure,
Construction e Real Estate. “Chegamos
na hora da demanda da infraestru-
tura, com pequenas mudanças na forma
de contratação. Vemos muitos fundos com
apetite para investir, o que torna a colocação
de risco diferente, porque agora temos
que entender o proprietário do projeto”,
avisa Suplicy.
9
ESPECIAL MULHERES
LIDERANÇA
Elas têm a caneta
A LIDERANÇA DAS MULHERES NO MERCADO DE SEGUROS BRASILEIRO NUNCA ESTEVE TÃO
AFLORADA COMO NOS ÚLTIMOS ANOS. COM ELAS, A FRENTE DE ENTIDADES DO SETOR OU DE
EMPRESAS, ENCONTRA-SE A CHAVE PARA UMA PROFUNDA TRANSFORMAÇÃO CULTURAL DE UM
MERCADO AINDA ESTRUTURALMENTE CONSERVADOR E MASCULINIZADO
André Felipe de Lima
Torcendo pelo melhor, preparada
para o pior, sem ser surpreendida
por qualquer opção no meio disso”.
Esta máxima assinada pela escritora
e ativista americana Marguerite Annie
Johnson, ou simplesmente Maya Angelou,
a primeira mulher negra a estampar
uma nota de dólar, tem a força necessária
para resumir o perfil da mulher que hoje
atua no mercado de seguros brasileiro. Ela é pujante, ousada, aberta
à inovação e, sobretudo, uma líder nata. Todas estas características
estão distantes de qualquer bazófia. A mulher que hoje comanda o
seguro em várias frentes, de várias companhias, sejam elas do seguro
tradicional ou de insurtechs, conquistou seu merecido espaço.
Embora a jornada seja longa, é preciso ser feita para que o mercado
de seguros, ainda embebido por vieses predominantemente masculinos,
transforme-se integralmente por meio da diversidade, sobretudo
na linha de frente da gestão de seus ativos.
10
A pesquisa Estatísticas de gênero: indicadores sociais das
mulheres no Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) no final do ano passado, alerta para redução do
número de mulheres em cargos de liderança (37,4%, em 2019, contra
39,1%, em 2018). Mas houve uma recuperação em 2021, como
ressalta o estudo Women in Business, da consultoria Grant Thornton.
No Brasil, indica a pesquisa, 39% dos cargos de liderança no
mercado brasileiro são ocupados por mulheres. Um crescimento de
5% em relação ao resultado de estudo realizado em 2020.
Bem antes dessa recuperação apontada pela pesquisa da
Grant Thornton, o mercado de seguros já sinalizava o avanço das
executivas no setor, como assinala a edição mais recente da pesquisa,
de 2019, Mulheres no mercado de seguros no Brasil, desenvolvida
pela diretora de ensino técnico da Escola de Negócios e Seguros
(ENS), Maria Helena Monteiro, e o consultor e especialista em seguros
Francisco Galiza.
Foi identificado por ambos que as mulheres ocupam 33%
dos cargos executivos do seguro e já representam maioria em todos
os níveis no setor, com 55% de participação. Considerando que
os dados coletados para esta pesquisa são de 2018 e que muito
aconteceu de lá para cá no mercado, sobretudo em decorrência da
pandemia de covid-19, não será surpresa nos depararmos com uma
evolução exponencial destes percentuais favoráveis às mulheres.
“Certamente o que mais chamou nossa atenção (no estudo) foi o
fato de que não só aumentou o número de mulheres no nível mais
alto das organizações, mas principalmente o fato de que vem aumentando
consistentemente o número de mulheres ocupando as
gerências intermediárias. Na nossa interpretação, isso significa que
mudanças muito auspiciosas estão acontecendo na promoção de
mulheres para os cargos de topo nas seguradoras. Os exemplos já
estão aí", avalia Maria Helena.
Coautora do livro Mulheres no seguro — histórias incríveis
de mulheres do mercado de seguros no Brasil (Editora Leader, 2020),
a corretora Regina Lacerda, também proprietária da Rainha Corretora
de Seguros, reconhece os avanços da identidade feminina na
indústria securitária brasileira, sobretudo em cargos de liderança, e
comenta alguns indicadores contidos na pesquisa da ENS:
“O simples fato de estarmos amplamente debatendo esse
tema já é um avanço. O 1º Estudo de Mulheres no mercado de seguros
no Brasil publicado pela ENS mostra que, em 2012, no primeiro
retrato da presença da mulher no mercado segurador brasileiro,
a participação feminina surpreendeu. Chegou a 57%. Foi
grande avanço sobre os dados anteriores, do ano 2000, quando
atingiu 49%. Mais recentemente, no último estudo, de 2018, caiu
para 55%, o que é ainda uma grande marca. Surgiu, nesse ano, um
dado encorajador: foi computada uma mulher executiva para cada
três homens (em 2012, essa relação era de uma para quatro). Em nível
gerencial, o percentual de mulheres ficou maior: 47%. Esse mesmo
estudo mostra que 45% das empresas do mercado de seguros
já possuíam políticas para promover a igualdade de oportunidades
para homens e mulheres, o que é um avanço. Mas, eis um dado
mais preocupante: segundo o Fórum Econômico Mundial (World
Economic Forum), no Brasil, estamos em 92º no ranking mundial
Certamente o que mais chamou
nossa atenção (no estudo) foi
o fato de que não só aumentou
o número de mulheres no nível
mais alto das organizações, mas
principalmente o fato de que vem
aumentando consistentemente o
número de mulheres ocupando
as gerências intermediárias. Na
nossa interpretação, isso significa
que mudanças muito auspiciosas
estão acontecendo na promoção de
mulheres para os cargos de topo
nas seguradoras. Os exemplos já
estão aí”
MARIA HELENA MONTEIRO, da ENS
em desigualdade de gênero no trabalho.
O nosso país precisaria de mais 59 anos
para ter igualdade entre os sexos, se não
mudarmos as condições.”
Por outro lado, contemporiza Regina,
instituições representativas contribuem
para a visibilidade e fortalecimento
das mulheres no mercado. “Cito como
11
ESPECIAL MULHERES
LIDERANÇA
REGINA LACERDA,
da Rainha
exemplo de sucesso o que inicialmente
começou como Clube das Luluzinhas,
no Rio de Janeiro, passando para AMMS
(Associação das Mulheres do Mercado
de Seguros) e, recentemente, para Sou
Segura, a causa das mulheres do mercado
de seguros, onde tenho a honra de
ser embaixadora. Inspirada nesse movimento
feito em 2020, fundei em Brasília
o CESB (Clube das Executivas de Seguros
de Brasília), o maior clube de mulheres
de seguros do Brasil, com cerca de 200
executivas. O propósito é fomentar a
participação da mulher no mercado, proporcionar
capacitação, networking e, por
consequência, fortalecer as bandeiras femininas,
minimizando as desigualdades”,
evidencia Regina.
Definitivamente, a caneta está
com elas, que assinam algumas das principais
decisões do mercado de seguros
nos últimos anos. Nomes como o da diretora
de Relações de Consumo e Comunicação
da Confederação Nacional das
Seguradoras (CNseg), Solange Beatriz
Palheiro Mendes, que presidiu a Federação
Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde)
e foi vice-presidente da CNseg,
e o de Solange Paiva Vieira, ex-superintendente
da Superintendência de Seguros
Privados (Susep), exemplificam e reforçam
essa guinada feminina na gestão
do seguro no Brasil nos últimos anos. No
campo corporativo não é diferente. Algumas
executivas já estão no comando
destas seguradoras. Uma delas é Erika Medici, CEO da Axa no Brasil,
cargo que passou a ocupar no lugar da francesa Delphine Maisonneuve,
que foi promovida a CEO da Axa Next e Chief Innovation
Officer do Grupo. Erika assumiu o leme da Axa pouco antes de a
pandemia da covid-19 chegar ao Brasil, em março de 2020. Um desafio
que soube superar com galhardia.
Com cerca de 20 anos de estrada no seguro — boa parte dela
percorrida sob o brasão da SulAmérica —, Erika foi responsável pela
operação de venda da carteira de grandes riscos da companhia em
2016. Para ela, a executiva que emerge após o abalo gravíssimo provocado
pela pandemia da covid-19 na vida de todos, está ainda mais
empoderada. “Não tenho dúvidas de que a mulher de hoje é uma
mulher diferente do início de 2020, tanto no campo pessoal, como
profissional. Ser promovida a CEO um mês antes da declaração de
pandemia da covid-19 foi um desafio e tanto! Eu nem tinha me
adaptado à nova função e já era hora de tomar decisões a partir de
um cenário inédito, de grande incerteza. Assumir a posição em um
momento como este só reforçou a importância de ser empática, de
ter um time comprometido e estar ao lado de corretores e parceiros
que acreditam no que fazem”, recorda Erika.
LÁ FORA E AQUI
O Brasil caminha para que o respeito à diversidade seja prioridade
em todos os campos sociais e de mercado possíveis, assim
como outros países do mundo. No ano passado, o premier italiano
Mario Draghi anunciou um plano para equiparação salarial entre
homens e mulheres. Excelente, e seria integralmente perfeito, se a
meta para concluí-lo não fosse de cerca de 10 anos. “Em 2026, quando
o plano de recuperação da União Europeia estiver prestes a ser
concluído, teremos alcançado um ponto sem volta para fechar a brecha
salarial. Esperamos que a Itália desfrute da paridade de gênero
completa até 2030, inclusive para salários”, garantiu em entrevista
à agência Bloomberg, na época do anúncio do plano, a ministra da
Família e Igualdade de Oportunidades da Itália, Elena Bonetti, que
almeja uma queda de 17% para 10% na diferença de salários entre
homens e mulheres até 2026. “Hoje, apenas 22% das empresas são
comandadas por mulheres. O plano é aumentar para 30% até 2026
com uma estratégia intersetorial que criará empregos para mulheres
tanto em empresas privadas quanto na administração pública.”
Comparando-se com países onde há mercados mais maduros
e com mais respeito à diversidade de gênero, o Brasil estaria atrasado
no reconhecimento da mulher líder nos negócios, especialmente
no seguro?
Erika Medici endossa que a demanda de reconhecer e posicionar
a mulher líder de negócios é global. “Entendemos que, além
de ser uma questão ética e de responsabilidade social, incluir mulheres
no mercado de trabalho e desenvolver suas carreiras contribui
para a economia e geração de renda. Entendo que no mercado
brasileiro há muito a ser feito, mas estamos avançando. Além dessa
pauta, devemos olhar para outras vertentes da diversidade, como a
racial que também é urgente”, justifica a CEO da Axa no Brasil.
Outra liderança feminina do mercado segurador, a presidente
da Delphos, Elizabete Prado, mantém o otimismo: “O Brasil é um país
12
atrasado sob muitos aspectos, mas bem vanguardista em outros.
Não tenho vivência profissional internacional, mas não acho que o
mundo andou mais rápido nesse cenário. Acho, sim, que a globalização
colocou todos mais ou menos na mesma direção ou com o
mesmo sentimento de urgência”.
Em diversas ocasiões, a personagem feminina foi mola propulsora
para o fomento de ideologias políticas e de marketing de
produtos. No Brasil não foi diferente. Nos últimos anos, entidades do
mercado tentam difundir a educação em seguros no Brasil, incluindo-a
no Plano Nacional de Educação Financeira.
Fazendo um pequeno recorte histórico, a mulher sempre
teve entre suas atribuições o cuidado de si e dos outros. Isso ainda é
um traço social forte. Dados do IBGE de 2021 apontam que mulheres
dedicam em média 21,4 horas semanais a tarefas domésticas e
cuidados de pessoas. Já os homens, gastam 11 horas por semana.
Hoje, felizmente, sabemos que as mulheres podem estar onde desejarem
e essas facetas — a mulher que cuida e que vai à luta no
mercado, precavida e arrojada — são um excelente símbolo para o
mercado de seguros.
Por aí se desenha o perfil da mulher que hoje, em inúmeras
situações, comanda a indústria securitária. Uma mulher com
elevado grau de qualificação e que, por natureza, como ressalta a
advogada especialista em direito do seguro Simone Vizani, “sente
necessidade de estudar muito”. Além disso, enfatiza Simone, diante
das barreiras culturais que encontra no mundo corporativo para
atingir postos de comando — característica que não é exclusiva
do setor de seguros —, a executiva securitária precisa se preparar
adequadamente, em geral mais que os homens, para atingir seus
objetivos. “Há outras características relevantes, especialmente
para quem atua no mercado de seguros. A mulher é mais intuitiva.
Além disso, de certa forma, conquistou o reconhecimento de
sua capacidade de oferecer maiores níveis de iniciativa, raciocínio
mais rápido, seja analítico ou conceitual, e tem maior consciência
organizacional, se destacando naturalmente na liderança de equipes”,
diz a fundadora do Sou Segura, a Associação das Mulheres
do Mercado de Seguros, cujo embrião foi formado nos anos de
1990 até ser oficialmente criada em 2018, com o objetivo de ampliar
a presença feminina nos cargos de comando das empresas
do setor, buscando equidade e respeito à diversidade, que mesmo
com algum avanço social no país ainda precisam superar muitas
barreiras. “Segundo o Relatório de Sustentabilidade da CNseg, de
2020, nos Conselhos de Administração ainda são enormes as barreiras
a serem superadas, com as mulheres tendo participação de
apenas 13,5%. O mesmo estudo aponta que na composição das
diretorias das empresas, somente 22,8% são mulheres. Mas, aos
poucos, vamos superando esses obstáculos e a maior prova disso
é termos várias mulheres no comando de empresas importantes
do mercado de seguros”, completa Simone.
A palavra diversidade, tanto no perfil das executivas, quanto
no seu propósito, resume as mulheres do setor, reforça Maria Helena,
da ENS, para quem não há um perfil pré-estabelecido, mas
características desejáveis. “As empresas já perceberam que a diversidade
no time decisório agrega valor e traz melhores resultados.
ERIKA MEDICI,
da Axa no Brasil
As mulheres estão avançando porque já
provaram que são qualificadas e, muitas
vezes, melhor preparadas do que os homens
no mesmo nível. Além disso, como
as mulheres foram conquistando aos
poucos seus espaços, nunca houve nada
assegurado a elas, o que as fez aprender a
lutar pelo que querem e acreditam, o que
as equipou com mais resiliência e determinação”,
destaca a diretora da ENS.
Para Erika, a construção dessa liderança
alcançada pelas mulheres é fruto de
uma pluralidade de experiências e de um
trânsito pelas áreas para vivenciar diversos
tipos de desafios. “Ao longo da minha
carreira, principalmente na posição em
SIMONE VIZANI,
da Sou Segura
13
ESPECIAL MULHERES
LIDERANÇA
É curioso, mas parece que nós, mulheres, nos frustramos mais quando
perdemos posições para outras do que quando as perdemos
para os homens. Deve ser resquício social da educação arcaica”, avalia
Elisabete Prado.
O reconhecimento do papel exercido pela mulher no seguro
ainda é uma barreira no mercado brasileiro. Erika Medici avalia que,
embora as mulheres sejam a maioria no setor, ainda se busca uma
igualdade salarial e o devido espaço em posições de liderança. “Na
Axa, nós temos o compromisso em reverter esse cenário: estamos
com 50% de mulheres em nossa população, que é um indicador
mais constante dos últimos anos. O percentual de presença em cargos
de liderança hoje é de 42%, o que é bem acima da média do
mercado”, pondera a CEO.
ELISABETE PRADO,
da Delphos
que estou, noto a importância de uma
comunicação assertiva e inclusiva. Esses
são insumos essenciais para ter mais
empatia com quem está na posição que
você já esteve um dia, pois liderar é sobre
inspirar. O principal propósito é trabalhar
para difundir a percepção da importância
do seguro na vida das pessoas e, em paralelo,
entregar soluções, serviços e produtos
que resolvam as dores não só do
consumidor, mas também do corretor”,
pontua a executiva.
EQUIPARAÇÃO SALARIAL, AINDA NO
FIM DO ARCO-ÍRIS
A disparidade salarial é flagrante
entre os gêneros. Recorremos aos estudos
da ENS sobre mulheres na indústria
securitária: em 2018, o salário médio para
os homens era de cerca de R$ 6,3 mil por
mês e o das mulheres R$ 4,5 mil, aproximadamente.
“Eu me arrisco a dizer que as
mulheres que estão hoje nas posições de
direção no segmento do seguro, assim
como no âmbito geral, já ultrapassaram
as barreiras mais difíceis, pois chegaram
ao pretenso topo e, com isso, são reconhecidas
no comando. Uma vez lá, elas
já provaram a que vieram. A meu ver as
dificuldades estão justamente na trajetória
ou no processo de ascensão. A escada
ainda é, digamos, mais íngreme e mais
comprida para as mulheres. Na caminhada,
a competição é feroz, tanto entre elas
e os homens, quanto entre elas mesmas.
CONSERVADORISMO ESTRUTURAL, O “CALCANHAR DE
AQUILES” DO SETOR
Ainda se discute (e muito!) no mercado de seguros o conservadorismo,
digamos, estrutural que essencialmente dita a fala e o
comportamento dos atores do setor. O reflexo disso está em rigorosamente
tudo que envolve o seguro no Brasil.
“Há muitas mulheres capacitadas, superprofissionais que estão
ocupando novos espaços. Por isso entendo que, por ocupar o
meu cargo, a minha responsabilidade vai além, em inspirar e incentivar
as mulheres a entrar no mercado de trabalho e evoluir em suas
carreiras”, frisa Erika Medici, ressaltando, porém, que as empresas,
nesse sentido, precisam empregar políticas e práticas claras, divulgadas,
cumpridas e mensuradas. “Indo além, entendo que é necessário
atrelar esse tema à política de bônus e reconhecimentos. Se o
compromisso com a diversidade não for tangível e mensurável, podemos
não ultrapassar o discurso. As narrativas trazem visibilidade
para a questão, mas precisamos ir além e este precisa ser um compromisso
da sociedade como um todo”, sugere Erika.
Elisabete Prado explica, no entanto, que o segmento já foi
muito mais “conservador” e “predominantemente masculino” e que
devido a essa “cultura secular” ainda não é expressivo o número de
mulheres em cargos de governança, alta gestão e conselhos de administração.
“Mas esse número está crescendo de forma acelerada
porque, sim, a executiva está muitíssimo preparada para lidar com o
universo do seguro. Os recursos profissionalizantes escolhidos pelos
homens estão à disposição e não alijam as mulheres de também os
escolherem”, sustenta a presidente da Delphos.
A indústria de seguros vem se mostrando um oásis de oportunidades
para inclusão e diversidade, e as mulheres, especialmente
as líderes no setor, são as porta-vozes dessa profunda revolução
das bases do mercado no país, e, para isso, tornam-se imprescindíveis
respeito, primeiramente, e coragem. A icônica escritora americana
Maya Angelou estava corretíssima ao afirmar que a coragem
é a mais importante de todas as virtudes, porque sem ela não se
pode praticar qualquer outra virtude de forma consistente. Isso,
sem dúvida, vem sendo muito bem exteriorizado pelas líderes do
mercado de seguros. Elas, definitivamente, estão com a caneta nas
mãos e escrevendo uma extraordinária página na história dos seguros
no Brasil.
14
ESPECIAL MULHERES
TECNOLOGIA
Rumo às insurtechs
O MUNDO DA TECNOLOGIA, ASSIM COMO O MERCADO DE SEGUROS, SEMPRE FOI
PREDOMINANTEMENTE MASCULINO. CALMA! HÁ LUZ NO FIM DO TÚNEL E, ASSIM COMO EM
OUTRAS ÁREAS, AS MULHERES MOSTRAM QUE ESTE ESPAÇO TAMBÉM É DELAS
André Felipe de Lima
Ainda não há pesquisa que comprove,
mas quem acompanha
o dia a dia do setor de seguros
percebe empiricamente a evidência: um
número crescente de mulheres executivas
do setor de seguros tradicional, até
então atuantes nas grandes seguradoras,
está migrando para insurtechs, deixando
para trás a solidez destas grandes marcas
em busca do novo e do empreendedorismo.
Esta transição parece ter se amplificado
ao longo da pandemia e deverá
permanecer por mais tempo, como avalia
a advogada Camila Leal Calais, sócia do
escritório Mattos Filho e com experiência
de mais de 20 anos como consultora jurídica
e regulatória na área de seguros e
resseguros.
“Estão saindo de empresas mais
sólidas e indo empreender para valer nas
insurtechs porque querem impactar com
mais rapidez, querem criar produtos”, pondera Camila, que também
ressalta: “Antes da pandemia já havia algumas mulheres sinalizando
e indo para insurtechs. Na pandemia e agora, neste ano, estamos
vendo um pouco mais esse movimento. Isso faz parte, de certa forma,
do próprio amadurecimento das startups que querem ter em
seu espaço mais mulheres”, reforça a advogada, que também integra
várias entidades em defesa da inclusão e da diversidade no
mercado, dentre as quais Women in Law Mentoring Brazil (WLM
BR), Sou Segura (Associação das Mulheres do Mercado de Seguros),
a Women’s International Shipping & Trading Association (WISTA), o
Instituto pela Diversidade e Inclusão no Setor de Seguro (IDIS) e o
comitê eMFrente (grupo de afinidade das Pessoas com Deficiência
(PcD), do escritório Mattos Filho.
Embora não se saiba exatamente quais indicadores norteiam
essa migração de executivas empreendedoras do setor tradicional
de seguros para as insurtechs, é muito provável, contudo,
que os números sejam completamente diferentes daqueles anunciados
pelo Distrito Dataminer, em fevereiro de 2020, exatamente
um mês antes de o Brasil entrar em uma profunda retração socioeconômica
devido à pandemia da covid-19. Como destaca a pesquisa,
com base em dados coletados em 2019, o perfil societário de
16
uma insurtech brasileira estava representado por um homem de
45 anos, nascido em São Paulo, com mais dois sócios, e a presença
de mulheres nestas jovens companhias de seguros concentrava-se
em 14,4%, ou seja, ainda distante de um equilíbrio de gênero no
setor. Mas é inegável que tanto as tradicionais quanto as insurtechs
estão imbuídas de um espírito aberto para a inclusão e respeito à
diversidade, como sinaliza Camila:
“Estamos vendo um movimento muito forte no mercado de
seguros tanto no Brasil, quanto fora, por diversidade e inclusão não
somente de gênero. Quanto maior a empresa, mais difícil é fazer
estas movimentações. Mas acredito que essa evolução está acontecendo.
Talvez não na velocidade que gostaríamos, mas está, de fato,
acontecendo.”
Percentuais são (e devem ser sempre) superáveis. Exemplo
disso acontece no mercado americano, em se tratando de mulheres
e startups, inclusive as insurtechs. Lá, como aqui, a desigualdade
de gênero ainda é latente no comando de empresas, como
alerta o relatório PitchBook-All Raise — produzido em colaboração
com a Beyond the Billion, que é patrocinada pelo JP Morgan
e tem como foco a atração de capital de risco para empresas
fundadas por mulheres —, cujos dados mostram que em 2020 as
empreendedoras das startups conseguiram levantar mais capital
de risco como nunca antes foi possível. Porém, estas mesmas executivas
e suas recém-fundadas companhias sofreram, como todo
mundo, com a pandemia. Foram as mais atingidas porque receberam
menos financiamentos de capital de risco do que as startups
fundadas por homens. Entre o segundo e o terceiro trimestres, as
empresas fundadas por mulheres receberam menos investimentos,
enquanto o percentual de negócios em todo o mercado de
startups nos Estados Unidos aumentou 6,2%. Em dólares, fica mais
evidente a distorção: empresas fundadas por elas receberam 8,1%
menos dólares que o mercado em geral, que recebeu 28,2% a mais
que as empreendedoras.
Mas prevalecem os mesmos sinais identificados pela advogada
Camila Calais no mercado de insurtechs brasileiro. Tanto lá, entre
as americanas, quanto aqui, com as brasileiras, prevalece um espírito
arrojado e pronto para superar as distorções de gênero, ainda
fortemente presentes na indústria em geral. Nos Estados Unidos, as
americanas mostram-se mais pujantes na busca pela inovação que
os homens, como evidencia o relatório PitchBook-All Raise. E mais:
elas querem iniciar negócios que estejam crescendo rapidamente,
porém sob uma égide sustentável e fundamentalmente estável, fugindo,
portanto, de um viés de crescimento a qualquer custo e sem
um plano de negócios consistente.
CAMILA LEAL CALAIS,
do Mattos Filho
CORAJOSAS E EMPREENDEDORAS
Denise Oliveira é uma executiva arrojada. Afinal, são mais de
24 anos no mercado da tecnologia da informação, destes pelo menos
11 como gestora e diretora de segmentos de negócios. Estão
incluídas aí atividades de comando em bancos e seguradoras daqui
e de fora também. Mas o mais expressivo negócio de sua extensa
carreira empreendedora é inegavelmente a fitinsur, cuja missão é
acelerar todo o ecossistema de seguros através da tecnologia, atendendo
desde seguradoras até corretores,
indistintamente, e o apelo à diversidade
está no cerne desse propósito.
“Internamente, na fitinsur, isso faz
parte da nossa cultura. Desde a fundação,
a empresa esteve sob uma gestão majoritariamente
feminina para tirar toda a
operação do chão. Daquele momento
em diante, a predominância feminina em
cargos de liderança se manteve. O fato de
ser mulher, LGBTQIA+, negro ou de qualquer
minoria não é um parâmetro e sim
algo que temos em programas internos
de equidade e trabalhamos constantemente,
exatamente por esse motivo. O
ambiente proposto trata o diverso como
uma consequência das competências
que buscamos ao selecionar pessoas”, resume
a empreendedora.
Denise sente-se incomodada com
o baixo percentual (14,4%) de presença
de mulheres no mercado brasileiro das
insurtechs, mas lembra que no mercado
de seguros em geral as mulheres já têm
uma representatividade bastante significativa.
“Esse índice (14,4%) ainda é muito
aquém de onde deveríamos estar, mas
analisando as realidades da presença feminina
no mercado segurador, segundo
a Confederação Nacional das Seguradoras
(CNseg), as mulheres já representam
57,5% do mercado de seguros, porém
ainda recebem salários menores e ocupam
70% menos cargos de chefia do que
17
ESPECIAL MULHERES
TECNOLOGIA
DENISE OLIVEIRA,
da Fitinsur
os homens), e da Indústria de Tecnologia
(segundo pesquisa anual da consultoria
KPMG, em parceria com a Harvey Nash),
a participação de mulheres em posições
seniores em tecnologia na América Latina
está, atualmente, em 16%, isso levandose
em consideração todas as indústrias.
Temos desafios importantes a superar e
nós, mulheres, que encontramos e ocupamos
nossos espaços, temos que incentivar,
apoiar e inspirar mais mulheres
para que estas se tornem inspiração para
outras e fomentar isso como uma nova
realidade”, sugere Denise.
A CEO da fitinsur não acredita, contudo,
que em meio a escalada da covid-19
esteja ocorrendo uma migração de mulheres
para novos empreendimentos da
área de seguros. Denise diz que durante a
pandemia e, consequentemente, o home
office, a já conhecida jornada dupla de
muitas mulheres se tornou uma jornada
tripla, e isso foi preponderante para cercear
qualquer nova jornada profissional.
“Não acredito que essa situação atípica
tenha contribuído para que mulheres que
têm desejo de alçar novos voos e sair da
sua zona de conforto pudessem arriscar e
tomar a decisão de ingressar em uma empresa
que é um novo negócio. A situação
da pandemia já trazia inseguranças por
si. Mudar de emprego, ingressar em um
negócio novo, estar em um novo entrante
pode ser uma decisão muito complexa
nesse cenário”, analisa a executiva.
A disparidade de gênero no mundo das startups é uma realidade
não somente no Brasil, mas no mercado mundial como um
todo, lamenta Thaisa Ranieri, sócia da Tuia Seguros, insurtech fundada
em 2018 que mantém uma plataforma de seguros digital B2B2C.
“O estudo Female Founders Report 2021, também produzido pelo
Distrito, aponta que empresas com core de inovação são geralmente
um ambiente extremamente masculino, sendo que apenas 9,8%
têm mulheres entre os fundadores. Quando falamos do empreendedorismo
em geral esse número sobe para 46,2%. Sabemos que
economicamente a diversidade é benéfica. Segundo a consultoria
estratégica McKinsey & Company, as empresas com maior diversidade
de gênero em equipes executivas têm 25% mais chances de
lucrar acima da média, número que sobe para 36% quando é contemplada
também a diversidade étnica (Diversity wins: How inclusions
matters)”, afirma Thaisa, que complementa: “Eu vejo sim uma
mudança de comportamento nos cenários da diversidade e equidade
de gênero. São mudanças culturais que levam tempo, mas
vemos muitas iniciativas bacanas no mercado segurador e, certamente,
faremos parte dessa transformação.”
DISTORÇÕES E CONSERVADORISMO ESTUTURAL
Há sinais transformadores no setor de seguros ditados pelas
insurtechs, e são indiscutíveis. Há, contudo, perguntas difíceis de
responder, como, por exemplo, a contradição de empresas inovadoras
e supostamente antenadas com debates sobre inclusão e diversidade
ainda abrirem pouco espaço para as mulheres no comando.
“Observando o próprio mercado segurador tradicional, há presença
de mulheres em cargos de alta gestão, em diretorias de áreas como
RH e marketing, e muito menos em áreas de inovação ou de tecnologia,
mesmo com todos os incentivos à diversidade, mensagens
que foram disseminadas e pregadas para fomentar o aumento dos
resultados nesse sentido. Parece que houve pouco desenvolvimento
prático”, constata Denise Oliveira.
Embora sem um estudo que detalhe ou proponha debates
nessa seara comportamental e cultural do setor segurador, o fato
é que o conservadorismo estrutural na área de seguros pode estar
sendo transferido para as insurtechs, embora, como afirma Denise,
seja muito difícil obter uma resposta a essa questão. “Por experiência
própria, aqui na fitinsur não temos esse conservadorismo, e observamos
maior receptividade do mercado pelo nosso trabalho —
nosso board é 80% feminino —, que no final se dá muito mais pelo
resultado que entregamos como companhia. Porém é importante
ressaltar que precisamos olhar para outros mercados segregadores,
como o financeiro e da tecnologia, nos quais a participação do feminino
e do diverso — não podemos esquecer este — é realmente
diminuta. Buscamos fomentar uma cultura na qual, independentemente
da ‘caixa’ ou ‘rótulo’ de antigamente, o que conta é o talento
e as nossas relações, que são, na nossa concepção, o nosso maior
resultado”, conclui Denise.
Chefe de produtos da Thinkseg, Patrícia Duarte atua no mercado
segurador há quase 25 anos. Quando iniciou a carreira na
SulAmérica, como estagiária, era nítido tratar-se de uma profissão
predominantemente masculina. “Minha primeira área tinha menos
18
de 10% de colaboradores do sexo feminino”, recorda Patrícia, para
quem os perfis das mulheres executivas nas insurtechs e nas seguradoras
tradicionais se assemelham na polivalência. “É essa característica
da mulher profissional, mãe, filha, dona de casa e esposa”, diz.
Para Thaisa Ranieri, da Tuia Seguros, não há propriamente
uma contradição no fato de muitas insurtechs ainda não abrirem
espaço às mulheres. “Eu não acho que seja uma contradição e sim
estatística, empresas fundadas por times pouco diversos vão ter limitações
de inclusão. Vou dar um exemplo: uma empresa fundada
por homens heterossexuais de classe alta muito bem formados e
com experiências em grandes corporações internacionais. Quando
precisam buscar um diretor/gerente, vão à sua roda de networking,
que geralmente tem o mesmo perfil e contratam um homem heterossexual,
de classe média alta muito bem formado e assim, as
estatísticas vão trazendo à nossa atual realidade. São os tão falados
vieses inconscientes. Outro exemplo são as empresas que abrem
processos de contratação e no perfil exigem: faculdade de primeira
linha, inglês fluente, segunda língua desejável com vivência no
exterior. Quem você acha que tem esse perfil? Haverá diversidade
nessa escolha de vagas?”, indaga a executiva, ponderando, no entanto,
em relação ao espírito conservador também presente no dia
a dia das insurtechs.
O QUE PODEM ENSINAR AS LÍDERES DE INSURTECHS?
Sim, apesar de muita estrada a percorrer para que efetivamente
haja mais mulheres no segmento das insurtechs, as executivas
que hoje atuam nestas inovadoras empresas do setor têm muito
a ensinar ao lado mais conservador do mercado que, aos poucos, vai
cedendo espaço a um olhar para inclusão e diversidade, e as mulheres
comandam esse leme.
“Provamos que é possível ser um ‘ser’ integral dentro de um
ambiente empresarial de sucesso, baseado na competência de mulheres
com características e qualidades diversas, aliando sensibilidade,
senso de cooperação e a forte intuição com atitudes determinadas
e corajosas, sem todo o peso que as corporações geralmente
carregam consigo, sem políticas, rótulos, segregações ou pré-conceitos.
Acredito muito que mulheres devem se apoiar, apoiar homens,
mostrar o que sabemos, compartilhar nossas ideias para todos crescerem
juntos, pois esse é o objetivo final. Não queremos ultrapassar
os homens, queremos apenas gerar oportunidades com mais equidade
para todos”, exorta Denise Oliveira.
Para Patrícia Duarte, há nas insurtechs um “tempero extra”
determinado pelas mulheres moldado por um pensamento sempre
antenado e distante do senso comum, com empatia com os clientes
e na busca por soluções que atendam a todas as demandas. “É justamente
isso que podemos passar para o tradicional e conservador
mundo dos seguros: estar atento às necessidades dos clientes sempre.
Tudo muda muito rápido e a novidade se torna obsoleta. Temos
de estar em constante movimento, pensando diferente”, observa a
executiva da Thinkseg.
O caminho delas, essencialmente no mundo das insurtechs,
vem sendo norteado por muito trabalho e superação, como denota
a trajetória de Thaisa Ranieri até a criação da Tuia Seguros:
PATRÍCIA DUARTE,
da Thinkseg
“Nós, aqui, somos duas mulheres
entre as fundadoras, metade do quadro
societário. Eu, que venho do mercado financeiro
e inovação pública, e minha sócia,
do mercado segurador. Somos muito
diferentes em formação de carreira, mas
complementares nos processos. Ambas
casadas, com filhos e remanescentes de
mercados onde somos minorias. Uma
que conhece em detalhes as dificuldades
do setor e outra que tem um olhar
de fora e não se apega às dificuldades
antigas, foca no ‘como poderia ser’ e não
‘no que o mercado já faz’. Acho que o
mercado segurador brasileiro é um campo
bem complexo para inovação, por
isso vemos poucas startups com inovações
significativas. Na contrapartida, um
mercado com muitas oportunidades.
Eu não iniciaria esse projeto sem bons
conhecedores do mercado. O perfil da
empreendedora de uma insurtech, é o
mesmo das demais, paixão, coragem,
resiliência e uma legião de mulheres as
quais queremos inspirar!”
Mas tudo o que as líderes de insurtechs
querem, acima de tudo, é respeito
e comprometimento do setor com a diversidade
e não somente com a inovação.
O mercado em geral e, sobretudo,
investidores de capital de risco, precisam
ser diligentes na promoção da equidade
de gênero no ecossistema de seguros. É
um caminho saudável e, ainda bem, sem
volta.
19
ESPECIAL MULHERES
PRODUTOS
O que elas
O SETOR DE SEGUROS JÁ SABE QUE
AS MULHERES TÊM RENDA, PODER
DE DECISÃO E INSTINTO PROTETOR.
CRIAR PRODUTOS ESPECÍFICOS
PARA ESTE PÚBLICO MOSTRA O
DIFERENCIAL DAS EMPRESAS
André Felipe de Lima
A
projeção de um estudo desenvolvido
pela consultoria
Accenture, em parceria com o
Grupo Axa, para o International Finance
Corporation (IFC), é alvissareira. Até 2030,
o público feminino movimentará no mercado
de seguros internacional a impressionante
cifra de US$ 1 trilhão. Elas estão
chacoalhando a indústria securitária e
criando demandas crescentes para novos
produtos que possam atendê-las em
todas as circunstâncias. Entretanto, é importante
saber como a indústria enxerga
este público e quais fatores influenciam
na sua mudança de comportamento
para o consumo de produtos de seguros.
Superintendente da área técnica e
de novos negócios da Finlândia, corretora
de seguros com base em Minas Gerais
e que mantém 14 escritórios distribuídos
pelo Brasil, Kamila Souza reconhece que
o desenvolvimento de produtos voltados
para o público feminino no mercado de
seguros também se deve ao contínuo aumento
da presença de mulheres na área.
Ela acredita que esse fator esteja ajudando
a mudar a forma como essas organizações
enxergam o potencial do público feminino
para o crescimento dos negócios.
“Muitas soluções nascem baseadas
em experiências pessoais das executivas
que atuam como líderes nas corretoras
e seguradoras. A tendência é que as seguradoras continuem
investindo mais em seguros para mulheres. Acredito que as oportunidades
de explorar melhor o potencial das consumidoras terá
como consequência o fortalecimento da presença feminina nesse
mercado, em especial como líderes, pois a sensibilidade de captar
os desejos desse nicho de público é um diferencial da mulher. Isso
acontece porque mulheres buscam mais seguros do que homens.
Elas são atentas às questões como proteção pessoal e assistências
diferenciadas. As solteiras, sem família, por exemplo, por serem mais
escolarizadas e terem maior poder aquisitivo, são as que mais investem
em todos os tipos de seguros possíveis”, explica Kamila.
A superintendente de seguros de vida da Brasilseg, Karina
Massimoto, acredita que essas mudanças acompanham a transição
20
KAMILA SOUZA,
da Finlândia
avanços tecnológicos que nos permitem
desenvolver uma oferta de produtos
modular e personalizada favorece diretamente
o público feminino”, assinala a
executiva da Brasilseg.
Nancy Rodrigues, diretora de Seguro
de Pessoas da Tokio Marine, ressalta
que no passado as seguradoras precificavam
todos os riscos com base nas taxas
masculinas, que são mais agravadas. Não
havia — diz ela — distinção de coberturas
e serviços específicos como ocorre
atualmente, onde cada vez mais são oferecidas
opções completas ou até mesmo
simplificadas para livre escolha de quem
deseja garantia de proteção. “Esta mudança
comportamental foi estimulada
em curso na sociedade, com as mulheres assumindo o protagonismo
em diversos espaços, inclusive na família e nas empresas. Atualmente,
a Brasilseg mantém 68% de mulheres em seu quadro de funcionários
e 47% de mulheres em cargos de gestão, e no seguro não
é diferente. “Por isso encaramos como algo vital desenvolver produtos
que atendam bem o público feminino. Por meio de uma escuta
ativa aos nossos clientes, entendemos a importância de coberturas
para doenças graves, a possibilidade de obter uma segunda opinião
médica nestes casos, além do suporte psicológico, nutricional e fitness,
tão importantes para o enfrentamento de momentos difíceis e
manutenção da qualidade de vida da mulher”, diz Karina.
“A principal motivação está na nossa missão de cuidar das
pessoas e do que é valioso para eles. Este conceito, somado aos
KARINA MASSIMOTO,
da Brasilseg
21
ESPECIAL MULHERES
PRODUTOS
produtos dirigidos às mulheres. “Temos investido na oferta personalizada
dos seguros para vida e isso tem sido possível graças aos
avanços da tecnologia e uso de dados. Com isso, vemos uma mudança
na cultura de seguros, o que mostra que, com as coberturas
atuais, o seguro se torna uma ferramenta para viver mais e melhor.
As mulheres são conectadas e atentas às novidades, essas mudanças
proporcionaram um crescimento relevante da carteira de clientes
mulheres — cerca de 57%, em 2021”, observa a superintendente de
Seguros de vida da Brasilseg.
NANCY RODRIGUES,
da Tokio Marine
pela independência e destaque cada vez
maior da mulher na sociedade e no trabalho”,
avalia a executiva da Tokio Marine,
que hoje mantém em sua carteira um
produto exclusivo para as mulheres, o
Tokio Marine Vida Individual Mulher, que
contempla coberturas como diagnóstico
de câncer de mama, útero, ovário e trompas,
além de muitas outras coberturas
e serviços que também atendem a esse
público. “Nossas clientes podem escolher
as coberturas que melhor se adaptam
ao seu perfil e garantir proteção para diversas
situações e eventos, além do risco
de morte. O importante é que ela tenha
coberturas para ter melhor qualidade em
vida”, projeta Nancy.
DIGITALIZAÇÃO E NOVOS PRODUTOS
A crescente digitalização e a consequente
customização reinante hoje no
mercado securitário também ajudaram
a acelerar o desenvolvimento de produtos
específicos e personalizados para
o público feminino. Nancy afirma que
esse fator tem sido fundamental para o
constante crescimento do mercado de
seguros. “A customização permite que
tanto o corretor quanto o cliente consigam
rapidamente identificar as opções
disponíveis no mercado e buscar a proteção
necessária com celeridade”, frisa a
executiva da Tokio.
Karina Massimoto também exalta
o papel da tecnologia nessa jornada de
CARTEIRAS MAIS EXPLORADAS
As carteiras que mais possuem produtos dirigidos às mulheres
são as de seguros Auto e de Vida. “Com esses dois produtos
conseguimos agregar mais assistências, personalizar com as
seguradoras. Muitas assistências já nasceram com esses modelos
e atraem o interesse feminino, como troca de pneu, acionamento
de guincho, diagnósticos voltados para o câncer. Um produto
também muito procurado por mulheres é a previdência privada”,
destaca Kamila Souza.
O pioneiro e mais comum — reforça a executiva da Finlândia
Corretora — é o seguro automóvel. Teoricamente, as mulheres
motoristas registram menos acidentes que os homens e mostram
um acionamento mais qualificado do seguro. “Assim, quando a
mulher segurada é a condutora, esse produto é mais barato”, pondera
Kamila, destacando, entretanto, outra tendência para o público
feminino: os serviços assistenciais, que oferecem, no caso do
seguro auto, curso de direção defensiva, assistência ilimitada para
troca de pneus e também para guincho. “São produtos pensados
especificamente para o comportamento da mulher e o aspecto ‘ilimitado’
para alguns serviços faz parte dessa roupagem feminina
que o mercado de seguros vem desenvolvendo. A formatação de
produtos voltados para mulheres leva em conta aspectos como nível
de risco da profissão, a idade, a saúde, estilo de vida, preferências
e prioridades”, acrescenta.
SAÚDE E SINAIS DE MERCADO
Pode-se dizer que as mulheres têm índices de mortalidade
diferentes dos homens porque são mais preocupadas com a saúde
e, consequentemente, buscam mais atendimento que eles. Este
contexto motivou as seguradoras a desenvolver produtos na área
de pessoas.
As tábuas atuariais que projetam riscos demonstram que o
público feminino tem mortalidade menor do que o público masculino
e, cada vez mais, as seguradoras utilizam suas próprias estatísticas
para garantir a precificação adequada ao risco. Como
endossa Nancy Rodrigues, a pandemia despertou nas pessoas a
busca por proteção pessoal e familiar e, atualmente, o público feminino
já corresponde a quase 50% das vendas do produto Vida
Individual. “Em geral, as mulheres buscam um produto com coberturas
de morte, invalidez por acidente, doenças graves e que
incluam serviços importantes para serem utilizados em vida, como
a telemedicina, que tem sido essencial especialmente neste momento
de pandemia.
22
PRODUTO
EVENTOS
Beach tennis ganha seguidores e estimula
seguro para eventos esportivos e atletas
ESPORTE CRIADO NA ITÁLIA NA DÉCADA DE 1980 GANHA ESPAÇO NO BRASIL E BUSCA
A PROTEÇÃO DO SEGURO PARA OS EVENTOS ESPORTIVOS ESPORÁDICOS
Kelly Lubiato
André Baran, beach tennista brasileiro
Democrático e inclusivo. Este pode
ser um resumo de um esporte
que se espalhou pelo Brasil durante
a pandemia, virou “modinha” e conta
com mais de 500 mil praticantes no
País, segundo a Federação Internacional
de Tênis (ITF). Praticado desde a década
de 1980 na Itália, hoje já se espalhou
pelo mundo e é jogado em países como Chile, Venezuela, Argentina,
França, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Japão, Portugal, República
Tcheca, Bermudas, Países Baixos, Aruba, Austrália e Curaçao. Por
aqui, o Beach Tennis chegou em 2008, pelas mãos de Leopoldo Correia
e o Adão Chaves, quando o Brasil jogou o primeiro campeonato
mundial e ficou em terceiro lugar.
As arenas ganharam espaço não apenas nas cidades litorâneas.
Não há uma estatística sobre a quantidade de quadras de areia
24
Bierrenbach conta que já há contatos com
duas corretoras de seguros para fechar um
contrato específico para o circuito nacional.
Andre Baran
Nós recomendamos para as Federações em
2022 e, a partir de 2023, a contratação do
seguro para os torneios será obrigatória”
JORGE BIERRENBACH, da CBBT
reservadas para a prática do esporte, mas basta uma busca rápida
pela internet para encontrar uma quadra de areia perto de você.
Junto com a prática do esporte vem os torneios, que reúnem
atletas locais e os profissionais, dependendo do organizador e se o
evento vale ou não pontuação para o ranking internacional. Poucos
destes eventos esportivos contam com cobertura securitária, bem
como alguns atletas profissionais que atuam nestas competições.
Andre Baran é o brasileiro mais bem colocado no ranking
international da ITF, ocupando a 8ª colocação. Em2019 ele era 6º
(antes do ranking ser paralisado pela pandemia). O catarinense de
31 anos, que iniciou no tênis jogando com o Guga, disputa uma
série de torneios no Brasil e no exterior, entretanto, não possui nenhum
tipo de seguro de vida ou profissional. “Eu possuo um seguro
saúde com abrangência nacional para garantir a proteção em
caso de alguma lesão”, conta.
“Como atleta, fazemos o seguro viagem particular, pois ainda
não há nada dos eventos”, explica o esportista, ressaltando que a
pandemia tornou obrigatória a contratação do seguro viagem. “Nos
torneios da ITF, se não me engano, há até uma cláusula de que a
organização do evento não se responsabiliza pelos atletas. No momento
da inscrição na plataforma já existe esta exclusão de responsabilidade”.
Em quadra, os atletas estão expostos a riscos de lesão por
queda, por exemplo, ou alguma doença ligada às condições climáticas
ou sanitárias.
A maioria dos atletas profissionais possui também parceria
com escolas de Beach Tennis, para garantir seus rendimentos não só
agora como no futuro. Baran conta com uma metodologia própria
e professores associados que atuam em sua escola, em Brusque/
SC (que já forneceu vários jogadores para as categorias de base), e
também no Praia Clube Uberlândia. “A equipe patrocinada pelo Clube
também utiliza a minha metodologia. Estamos nos organizando
para dar os passos certos”, comemora.
“O Beach Tennis já estava crescendo
em 2018 e 2019 e, eu sempre dizia,
quando o esporte entrar nas grandes
cidades, ele vai explodir. Foi exatamente
o que aconteceu. A galera escolheu
o esporte para praticar durante a quarentena
e nós o vemos em todo o Brasil,
em qualquer região do País. Ele também
ajudou vários clubes a se reerguerem,
movimentados pelo esporte. A criação
de novas arenas também provocou a falta
de material como raquetes, bolinhas
e até professores. É um esporte que está
se consolidando, e logo teremos patrocínios
mais robustos”, completa Baran.
Há diversos promotores de eventos
que organizam torneios nacionais e
MIGUEL ANGELO LIMA
MOREIRA, da Multinegócios
25
PRODUTO
EVENTOS
esportistas foi baixa. Hoje, o circuito nacional conta com cerca de 6
mil pessoas. “Em 2021, em seis torneios participaram 1,2 mil atletas
novos”, festeja Bierrenbach.
FELIPE ALBUQUERQUE
BUHLER, da JSK
internacionais de Beach Tennis. A Confederação
Brasileira de Beach Tennis - CBBT
- reúne Federações de 12 estados e tem
a perspectiva de organizar cerca de 50
eventos no Brasil. “A CBBT, diretamente,
organiza apenas um evento anual, que
em 2022 será em Atibaia. O restante são
outros promotores”, explica Jorge Bierrenbach,
diretor executivo da entidade.
Os organizadores dos estados
de São Paulo, Minas Gerais e Maranhão
já contratam um seguro para o torneio,
com cobertura para os atletas e para a
estrutura. A contratação do seguro não é
obrigatória.
Bierrenbach conta que já há contatos
com duas corretoras de seguros
para fechar um contrato específico para
o circuito nacional. “Nós recomendamos
para as Federações em 2022 e, a partir
de 2023, a contratação do seguro para os
torneios será obrigatória”.
O executivo explica que a CBBT
exige todos os alvarás dos organizadores
(bombeiros, prefeitura) quando o torneio
é na praia. Quando há seguro, ele é para
o atleta.
Infelizmente, ainda não há uma
cultura de seguro. Bierrenbach conta que
já fizeram testes com a opção de contratação
do seguro para atletas no momento
da inscrição, porém a adesão dos
TEMPO BOM PARA OS CORRETORES DE SEGUROS
Independente da Federação a qual os atletas estejam filiados,
a cultura do seguro ainda é bastante incipiente. Miguel Angelo Lima
Moreira, da Multinegócios Consultoria e Corretora de Seguros, que
está baseada no Maranhão, identificou a demanda por seguro para
eventos esportivos. “A profissionalização dos promotores de eventos
nos permitiu apresentar a eles nossa proposta e fazê-los entender
que isso não é um custo, mas um investimento de retorno imediato,
tanto em termos de imagem quanto de proteção para o evento”.
O aspecto mais interessante da experiência de Moreira é
trabalhar para reverter esta cultura. “Quando eu falava sobre seguro,
o organizador dizia: ah, não! O cara vai lá, bate duas bolinhas,
é eliminado e está fora. Eu gastei dinheiro a toa”, brinca o
corretor. “Temos que mostrar na prática que a exposição dele ao
risco é enorme, e que o tíquete do produto é muito baixo”, acrescenta.
“Os riscos envolvidos nesses torneios passam tanto pelos acidentes
pessoais ocorridos com os atletas, com proteção que pode
ser contratada em uma apólice específica para este caso, bem como
danos causados a terceiros, no caso de haver público presente ou
outros tipos de pessoas que possam sofrer danos”, explica Felipe Albuquerque
Buhler, sócio da JSK Consultoria e Corretora de Seguros.
Em conversas com a CBBT e com a Federação Maranhense,
Moreira ofereceu um produto que já está em vias de ser fechado.
São três coberturas que podem ser contratadas juntas ou de forma
isolada. “A apólice é de acidentes pessoais, para proteger atletas e
staff (arbitragem, assistência e organização). Durante o evento, o
que acontecer na área protegida estará coberto pelo seguro”, explica.
As coberturas são de morte acidental, invalidez permanente
(total ou parcial) e reembolso de despesas médicas, hospitalares e
odontológicas.
O valor para ter estas coberturas em um evento acima de
200 pessoas fica, em média, R$ 3 por dia/pessoa. “Custa menos do
que uma água mineral, que é amplamente distribuída pelos promotores
dos eventos. Não raro é possível conseguir patrocínio para
este prêmio do seguro”, avalia Moreira.
Buhler destaca que “é possível também a contratação de uma
apólice com RC Operações específica para danos causados a terceiros,
assim como encontrar no mercado a solução conjunta, onde a
apólice de RC Eventos cobre também público e atletas. “Contudo,
essa modalidade pode onerar os contratantes. Neste caso, muitas
empresas optam por contratar apenas o seguro de acidentes pessoais
avulso para seus competidores”, continua o executivo da JSK.
O sócio da Multinegócios diz que um bom argumento de
vendas é demonstrar ao organizador que, caso ele tenha um acontecimento
que lhe traga prejuízo, este será muito maior do que a
contratação de um seguro. “O crescimento desta carteira está associado
à atuação do corretor, tanto para identificar a necessidade
quanto para oferecer as melhores coberturas de sua carteira.
26
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
CHARLES TAYLOR
Estamos passando pelo ano da evolução
SEGURADORAS, INTERMEDIÁRIOS E FORNECEDORES SÃO OBRIGADOS A EVOLUIR PARA CRESCER
NO MERCADO SEGURADOR LATINO AMERICANO
Muito tem se falado sobre a transformação digital,
da mudança que as diversas indústrias
vem atravessando como consequência do
avanço da tecnologia em todos os setores da vida; com
efeitos inegáveis e transversais a todos os agentes. Esta
transformação leva as empresas, independentemente
do setor econômico em que atuam, a se atualizarem
para deixar de ser companhias com processos analógicos
e adotar as soluções digitais. Algumas o fizeram
num ritmo satisfatório, outras um pouco mais devagar.
O certo é que todas iniciaram seus processos devido à
pandemia gerada pela covid-19.
O setor de seguros não esteve alheio a esta realidade.
“A transformação digital mudou a lógica dos
produtos de seguros, com foco no contexto mais tecnológico.
Mudou a maneira como dialogamos com nossos
clientes e, inclusive, com nossas próprias equipes. Isto
tem impulsionado a adaptação das plataformas que algumas
companhias já possuíam, enquanto outras, que
ainda não estavam nesta realidade, tiveram que se adaptar
rapidamente à digitalização”, comenta Gonzalo Geijo,
Regional Sales Director da Charles Taylor InsureTech.
Afinal, trata-se de uma situação que veio para
ficar e que se evidencia com maior clareza na América
latina pelas fortes mudanças nos processos internos de
cada seguradora. Portanto, este já é um processo de
evolução em vez de transformação.
Precisamente, o “Relatório de Perspectivas da
Indústria de Seguros 2022”, publicado pela S&P Global
Market Intelligence, adverte que as companhias de seguros
latino americanas deverão acelerar a evolução de
todos os seus processos; desde a distribuição e a fixação
de preços, até as relações com clientes e investidores.
“Um número crescente de seguradoras precisará repensar
seus modelos operacionais para abordar mudanças
estruturais significativas como consequência de um entorno
cada vez mais competitivo e a rápida evolução no
panorama macroeconômico”, conclui o estudo.
“As empresas estão nos demandando grandes
projetos tecnológicos, transformações profundas nas organizações,
que implicam desde mudanças nos processos
até dos atuais sistemas Core com os quais operam”,
aprofunda Geijo, destacando a importância de se ter um
olhar de médio e longo prazo nas estratégias digitais por
parte das empresas seguradoras.
Como evidência, a Charles Taylor Insuretech fechou
2021 como o ano em que desenvolveu e fechou
mais projetos de mudanças de sistemas Core em nível
mundial. “Há algo que está claro, alguns resolvem necessidades
com certa urgência e outros planejam uma
estratégia sustentável no tempo. Cedo ou tarde, ambos
convergem, porque não há como se ter um visão de futuro
se os processos e sistemas não andam juntos.”, afirma
Geijo.
Frente a tais perspectivas, a gigante tecnológica
se preparou fortemente para um período que não será
somente um ano a mais em seu calendário, mas que estará
marcado por ambiciosos projetos e por sua própria
evolução.
Neste sentido, Geijo antecipou que 2022 será um
ano de grandes expectativas e fortes investimentos na
América Latina, sendo o principal objetivo da empresa
na região consolidar sua presença no Brasil. Além disso,
Charles Taylor InsureTech está planejando importantes
novidades. “Em breve estaremos apresentando uma remodelação
tecnológica e de oferta, com uma proposta
que traz um olhar holístico de nossas soluções, integrando
todos os agentes do mercado em ecossistemas de
soluções”.
27
EVENTO
CONGRESSO BRASILEIRO DE CORRETORES DE SEGUROS
Lideranças apostam na nova administração da
Susep para rever ‘erros’ do passado recente
EVENTO REALIZADO PELA FENACOR APONTOU ALGUNS CAMINHOS QUE DEVERÃO SER TRILHADOS PELA
CATEGORIA EM TERMOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS, COM A REVISÃO DE ALGUMAS NORMAS EDITADAS
PELA SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS NOS ÚLTIMOS ANOS. A JORNADA DO CLIENTE SERÁ
FUNDAMENTAL PARA ENCONTRAR O EQUILÍBRIO ENTRE CONCORRENTES FÍSICOS E DIGITAIS
A
retomada dos eventos presenciais
foi realizada em grande
estilo pelos cerca de 2000 corretores
de seguros que participaram do
22º Congresso Brasileiro e da 21º Exposeg,
realizados pela Federação Nacional
dos Corretores de Seguros em Campinas,
interior de São Paulo.
Seguindo todos os protocolos sanitários,
os congressistas tiveram a oportunidade
de ouvir lideranças que garantiram
que agora começa uma nova fase
para o mercado, com o órgão regulador
ocupado por uma pessoa que conhece e
entende o setor. Alexandre Camillo participou
da sessão de abertura do evento
e de um painel no dia seguinte. “A interlocução
é uma das minhas virtudes e sei
que não sou o dono da razão. O diálogo
está restabelecido. Neste exercício, coloco
à disposição a experiência de 41 anos
no mercado de seguros (mais de 30 anos
como corretor de seguros), como já aconteceu
nas figuras de Armando Vergilio e
de Joaquim Mendanha”, reforçou.
O clima de confraternização do
evento foi exaltado em diversos momentos,
como naqueles que em foi lembrado
o esforço político realizado pelo deputado
federal Lucas Vergilio para que Camillo
assumisse a Superintendência de
Seguros Privados. Há uma equação entre
o que se deseja, o que é possível e o que
é necessário. Não faltará esforço para alinharmos
estas etapas, conforme já dito
anteriormente. O superintendente pontuou:
“teremos que ter muito foco e produtividade
para atingir os objetivos. Este
momento se traduz em uma oportunidade
única porque, diferente do que
Panorama econômico e perspectivas para o setor de seguros
O setor de seguros e o corretor
Kelly Lubiato
vivemos no sofrimento da pandemia e diante de um conflito armado
entre duas nações, em nosso setor vivemos o ambiente mais
pacificado dos últimos anos”, completou Camillo, demonstrando,
como outros palestrantes, preocupação com a guerra da Ucrânia,
que pode trazer duras consequências para a economia brasileira,
com o aumento das commodities como o petróleo, por exemplo.
Armando Vergilio, presidente da Fenacor, ressaltou que este
é o evento do recomeço e da fraternidade. “Estamos começando
uma nova era, com novas expectativas. São três eventos em um:
técnico, feira de negócios e cultural, promovido uma categoria que
pode se orgulhar de seu desempenho na mais grave crise sanitária
da humanidade. Segundo Vergilio, várias pesquisas mostram que a
28
Seguro Auto/RE - o futuro do mercado e o mercado do futuro
Novas estratégias de comunicação aplicada à venda de seguros
Benefícios Vida, Previdência e Investimentos
A pandemia e suas consequencias no seguro saúde
sociedade anseia pelo atendimento dos
corretores de seguros, porque sabem
que eles são capazes de garantir a continuidade
das vidas e negócios.
O corretor apontou que, apesar do
mercado ter crescido cerca de 12% em
2021, “há que se registrar que este crescimento
poderia ser muito maior se o setor
não tivesse perdido tempo com normas
descabidas e sem propósitos impostas
pelo regulador, que tentou destruir a
classe”.
Novamente, o presidente da Fenacor
reacendeu a discussão sobre a
criação das SISS (Sociedade Iniciadora de
Serviços de Seguros), que são um novo
operador do sistema e que estão fora do
Sistema Nacional de Seguros. “Está claro
que esta figura é ilegal e não pode existir,
e deve ser extinguida seja pelo Congresso
Nacional ou pela própria Susep. Se for
necessário, vamos buscar na justiça o fim
dessa excrescência”.
Vergilio afirmou que deseja estimular
o debate, porque a troca de experiência
facilita o enfrentamento dos
problemas da sociedade neste novo ciclo.
“Temos que ter determinação e audácia
para mudar. Pessoas com medo não mudam
nada”, ressaltou.
O mantra que deve pautar a atuação
é: eu cuido, em amparo, eu protejo.
Sou o melhor e mais eficiente meio de
distribuição de seguros.
“Ver a plateia e abraçar as pessoas
é uma emoção inigualável. Depois de 23
anos, o Congresso voltou a São Paulo, ao
interior, uma força pujante. “É um sinal de
harmonia, parceria e confiança da Fenacor
com os paulistas”, disse o presidente
do Sincor/SP, Boris Ber.
“Temos muito a comemorar, principalmente
a resiliência e a entrega aos
segurados. Não existe no mundo nenhum
pós venda melhor do que o nosso”,
ponderou Boris em seu discurso. “Os
desafios continuam e o novo mundo, a
nova política mundial, vai servir para
que nós, corretores de seguros, saibamos
como caminhar e para quem dar as
mãos. Não faltará esforço nem resiliência
para que vençamos o que vier pela frente”,
completou Ber.
29
EVENTO
CONGRESSO BRASILEIRO DE CORRETORES DE SEGUROS
Marcio Coriolano, presidente da
CNseg, lembrou que o tempo passa rápido
e que já vislumbramos os desafios do
país e do mercado de seguros neste ano.
“Nestes dois últimos anos tivemos avanços
que devem ser lembrados em fóruns
de discussão de corretores. A união de
corretores e seguradores foi digna de
nota, assim como a nossa rápida resposta.
Somos um setor solidário, moderno e
progressista, com tecnologia que deve
ser utilizada para ajudar o segurado a
fazer as melhores escolhas. Temos que
conservar o que é justo e mudar o que
for preciso”, destacou.
O crescimento nominal em 2021
foi de 1,3%. Coriolano declarou que este
é um setor dinâmico e moderno e que
pode incorporar mais gente na proteção
do seguro. “O que nos anima é o que vem
pela frente. Estaremos todos a serviço do
propósito construído com os corretores
há décadas, de um setor que deve estar
no centro das políticas públicas e privadas.
Somos os braços da proteção econômica
da cidadania e desoneramos o estado
brasileiro para que ele faça aquilo que
precisa fazer”, finalizou Coriolano.
Como era esperado, o deputado
federal e presidente da Escola Nacional
de Seguros, Lucas Vergilio, criticou a ex
superitendente da Susep, Solange Vieira,
por falta de conhecimento e pelo desrespeito
ao mercado de seguros. “Sabemos
que teremos um ambiente regulatório
mais calmo e previsível. São vocês que
nos motivam e nos dão forças para superarmos
nossas divergências”, reforçou o
deputado federal.
QUESTÃO ECONÔMICA
Com o anúncio de crescimento
do PIB de 4,6% em 2021, o economista
Senior da Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo, Fabio
Bentes, mostrou um cenário otimista no
evento. O resultado divulgado hoje (4) foi
o melhor desde 2010, quando a economia
cresceu 7,5%. Entretanto, segundo o economista,
a maior preocupação neste momento
é com a economia externa, impactada
pela Guerra na Ucrânia. “Não irá cair
uma bomba aqui, mas as consequências
Marketing e Vendas
Inovação e Tecnologia
Executivas do setor de seguros - home office e produtividade
Metaverso e o papel do corretor de seguros
30
Educação, um caminho seguro
O projeto “Educação, Um Caminho Seguro” foi lançado
oficialmente durante o 22º Congresso Brasileiro dos Corretores
de Seguros da Fenacor para estimular as arrecadações e
ajudar crianças e adolescentes em todo o país.
A campanha é parte do programa social da Fenacor
e Sincor’s, Família em Ação, coordenado por Simone Queiroz,
Maria Filomena Branquinho, Patrícia Macedo de Paiva e Maria
Helena Monteiro, e foi idealizada para amparar crianças e jovens
em vulnerabilidade educacional, através da doação de
kits escolares e disponibilização de curso EAD profissionalizante,
em parceria com a ENS (Escola de Negócios e Seguros),
visando a capacitação e criação de oportunidades de carreira
para jovens do ensino médio, em busca de colocação profissional.
“Vamos ajudar a fazer deste projeto mais um sucesso,
como tivemos recentemente quando conseguimos fazer uma
doação de 22 mil cestas básicas em todo o Brasil no período
de maior crise da pandemia”, conclamou Simone Queiroz.
“Queremos ver todas as mulheres se engajarem nesta campanha
para angariarmos muitos kits escolares e transformarmos
a vida de muitas crianças e muitos jovens através da educação”,
completou Patrícia Paiva. “Que mais pessoas se integrem
a esse grupo e sigam conosco pedindo doações aos nossos
amigos e parceiros do mercado de seguros, pois este é um
projeto muito sério e importante. As campanhas do Família
em Ação têm forte impacto na vida das pessoas carentes”, ressaltou
Maria Filomena Branquinho.
As doações podem ser feitas em qualquer valor pela
chave PIX ecseguro@fenacor.org.br.
econômicas, como o encarecimento de
commodities e outros insumos para diversos
setores produtivos, podem prejudicar
o caminho de crescimento brasileiro”.
Roberto Santos, presidente da
Porto Seguro, ressaltou que países que
passaram por guerras tendem a contratar
mais apólices de seguro. No Brasil, a pandemia
teve o mesmo efeito na população,
o que ampliou o desejo pela contratação
de produtos de vida, saúde e residência.
“A transformação digital avançou muito,
mas ela não tem a ver apenas com
tecnologia, mas com o mindset. Antes,
fazíamos as jornadas pensando em nossos
processos. O aprendizado foi passar a
pensar na jornada do corretor e do cliente
dentro da empresa”, declarou Santos.
Um ponto que preocupa os presidentes
de seguradoras é a atuação no
Open Insurance. Apenas na Porto Seguro
foram investidos cerca de R$ 5 milhões
para adequação às novas regras. Porém,
o que guiou a companhia durante a pandemis
foram palavras como simplicidade,
velocidade e poder de resolução.
Ivan Gontijo, presidente da Bradesco
Seguros, declarou que se não fosse
o corretor de seguros se ajustar e se adaptar,
teria sido mais difícil atender os consumidores
neste período. “Agora, frente à
guerra da Ucrânia, saindo da pandemia,
é preciso ter um olhar prospectivo para
2022”, pontuou.
Para o executivo da Bradesco Seguros,
“não tivemos apenas perdas durante a
pandemia, mas também aprendizados relevantes
para o mercado, que passou a ser
visto de forma diferente. A relação com o
próximo passou a ser diferente. Tivemos
um momento de intranquilidade com a
vida, saúde e residência. O sentido de proteção
ficou mais claro para a sociedade e
passou a ser percebido.
O Grupo trabalha com cerca de 30
mil corretores de seguros e investe para
melhorar o relacionamento com estes
profissionais. Segundo Gontijo, “houve
investimento em torno de R$ 1 bilhão
na melhoria do relacionamento com os
corretores, criando ferramentas para que
eles pudessem oferecer nossos produtos
aos clientes”.
31
EVENTO
CONGRESSO BRASILEIRO DE CORRETORES DE SEGUROS
“Dependendo da reação da economia
à guerra e ao fim da pandemia,
teremos um olhar mais claro sobre os
novos movimentos”, continuou Gontijo.
“Porém, numa visão otimista, acreditamos
no crescimento de dois dígitos para
2022. Temos capacidade e produtos, com
condições diferenciadas para aportá-los
junto aos clientes”.
A demonstração de força do setor
durante a pandemia irá continuar, assim
como a capacidade de reinvenção é fundamental
para alcançar objetivos junto
com corretores. José Adalberto Ferrara,
presidente da Tokio Marine, lembrou que
enquanto o PIB cresceu 3,4%, a indústria
de seguros cresceu 57%, nos últimos dez
anos. “Ninguém sabe o que vai acontecer
com a iminência da guerra, mas, independente
das incertezas econômicas e
políticas de 2022, o mercado continuará
crescendo forte”.
Ele falou sobre os dados positivos
para crescimento da atividade econômica,
como arrefecimento da pandemia;
redução da inflação; agronegócio como
principal engrenagem da economia do
país (PIB do agro deve crescer 3%); o
crescimento esperado na produção e licenciamento
de veículos, com projeção
da Anfavea de 9,4%).
“O desafio agora é como aumentar
o bolo securitário”, enfatizou Ferrara,
aumentando a participação do mercado
de seguros em relação ao PIB. “Considerando
ramos elementares e vida a risco,
não há crescimento expressivo há décadas.
Temos que prospectar a base de
clientes que está fora do mercado”.
Para Ferrara, é preciso utilizar as
boas circulares emitidas pela Susep e que
permitem a criação de produtos diferenciados,
com mistura de produtos. “Com
a ajuda dos corretores para desenhar
produtos que caibam no bolso do consumidor,
temos condições de trazer novos
clientes”, ponderou Ferrara.
TECNOLOGIA E NOVOS PRODUTOS
Marc Tawil, estrategista de Comunicação,
Linkedin Top Voices e Tedx
Speaker fez uma palestra motivacional
e apresentou alguns insights para que
Bradesco
Fenacor
Icatu
Liberty
32
Mapfre
Sulamerica
Tokio Marine
corretores de seguros pudessem melhorar
seu desempenho. “A comunicação
precisa conectar com o outro, com gente
de verdade, capaz de transmitir confiança”.
Justamente é a credibilidade dos
corretores de seguros que o consumidor
procura.
Só a tecnologia, sozinha, não é
suficiente. Porém, ela é fundamental
para que outras coisas funcionem e influenciem
a jornada positiva do consumidor.
Fabio Augusto Andrade, Vice-presidente
da Claro, afirmou que a tecnologia
5G vai trazer grandes transformações
para algumas indústrias. A primeira delas
é a mudança da latência, que impacta na
velocidade de resposta para controle de
várias máquinas, transmissão em 4k, aumento
do controle da segurança etc.
“O setor de serviços será bastante
impactado e será bastante modernizado.
Um exemplo pode ser o mercado de seguros.
A tecnologia vai melhorar a transmissão
de dados e pode, por exemplo,
viabilizar a leitura de telemetria real time”,
contou Andrade.
Tarcisio Godoy, diretor executivo
da ENS, lembrou que é preciso conhecer
bem o produto, o perfil do cliente e a forma
de comunicar. “É importante focar no
cliente, usando a tecnologia para otimizar
a equipe de atendimento, fazer crossselling
e vender mais”.
A inovação novamente esteve no
centro dos debates. Helder Molina, CEO
da MAG Seguros, afirmou que a inovação
já foi um bicho papão para o corretor no
passado. “Não há nenhuma iniciativa no
A Zurich Seguros aproveitou a presença na Exposeg para lançar
o Zurich Moto, destinado a scooters a partir de 50 cilindradas
e motos acima de 500 cilindradas, de uso exclusivo para lazer
e locomoção diária (sem fins comerciais). O seu diferencial é a
flexibilidade para coberturas básicas e adicionais, para as mais
variadas categorias: dos modelos scooter aos naked, custom, trail,
big trail e touring.
Na cobertura básica há indenização integral, com valor de mercado
referenciado que pode chegar a 100%, para casos de incêndio,
roubo e furto; e Responsabilidade Civil de Veículos (RCF), que cobre
danos materiais e danos corporais a terceiros.
As coberturas adicionais pensadas para atender às diferentes
necessidades dos condutores. Cada cliente pode personalizar
sua apólice com aquelas que considerar mais adequadas à sua
realidade, como assistência elétrica, despesas judiciais, Carta
Verde, danos morais e estéticos e cobertura de acessórios.
33
EVENTO
CONGRESSO BRASILEIRO DE CORRETORES DE SEGUROS
Marcos e Belutti
mundo com contratação 100% online
que tenha dado certo”. A tecnologia traz
ferramentas para contribuir com as vendas,
como machine learning e inteligência
artificial.
Alexandre Putini, diretor de transformação
digital da Sulamerica, declarou
que inovar sem objetivo não serve para
nada. Criatividade é igual para todos e
é através das pessoas talentosas que a
inovação acontece. “Entendam as dores
reais, experimentem, errem. Olhem para
a cultura da sua empresa, façam com que
ela permita criar um mundo inovador. Se
permitam errar com um plano”, aconselhou
o executivo.
Heverton Peixoto, CEO da Wiz,
abordou a desintermediação. “O fim do
corretor não aconteceu porque o cliente
busca comodidade, agilidade e transparência.
A inovação deve ser conectada
com estes três elementos. No ecossistema,
50% das experiências não passam
por este filtro, com o cliente no centro.
Por isso, o corretor continua sendo elo
fundamental, porque ele oferece tudo
isso ao seu cliente”.
SEGURO SAÚDE
No painel sobre os impactos da
pandemia no seguro saúde, a grande
pergunta aos painelistas era como ficariam
os planos da SulAmérica após o
acordo com a Rede D ‘Or. O presidente
da SulAmérica, Ricardo Bottas, reforçou
que a SulAmérica e a Rede D’Or escolhe-
Fernanda Abreu e Paula Lima
Mumuzinho
ram caminhos similares. “São mais de 700 operadoras no Brasil e há
um grande grau de concentração. São muitas operações regionais
e assimétricas. Nós entendemos que somos líderes e que a união
de forças não é uma verticalização. Temos mais de 1200 hospitais
na rede, assim como a Rede D’Or tem outras operadoras”, ressaltou,
acrescentando que a Sulamerica continua existindo com a sua marca.
“1/3 dos corretores de seguros brasileiros comercializam nossos
produtos. Além disso, a seguradora continua com a operação de
vida, previdência privada e investimentos. O conceito de saúde integral
segue vigente”.
O presidente da Bradesco Saúde, Manoel Peres, também foi
questionado sobre os impactos deste negócio para o setor de seguro
saúde. Ele lembrou que a operação da Sulamérica e Rede D’Or
ainda vai demorar para entrar em vigor, pois há uma série de órgãos
reguladores para aprová-la. “Não há nada que possamos fazer neste
momento, somos parceiros da Rede D’Or e pares da SulAmérica.
Como o mundo é muito aleatório, incerto e líquido, vemos um novo
horizonte, com muitos desafios e arestas a serem aparadas”.
34