#apolice276
Edição especial com matérias sobre seguro de vida e inovação
Edição especial com matérias sobre seguro de vida e inovação
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MAIO 2022 • Nº 276 • ANO 26
conectando você ao mercado de seguros
INOVAÇÃO: quais são as
tendências e novidades
para atender o mercado
de seguros
>> ESPECIAL SEGURO DE VIDA
As barreiras que os corretores
de seguros encontram na
comercialização
Novas coberturas incentivam o
consumidor a usar o seguro em vida
KNW BROKERS
Uma nova forma de atender seguradoras e corretores
EDITORIAL
Inovando a vida
MAIO 2022 • Nº 276 • ANO 26
EXPEDIENTE
Falar sobre inovação já virou coisa normal, corriqueira. A
palavra ganhou contornos de atividade que a gente sabe que
existe, mas que é difícil de ser definida. Em uma conversa com
um executivo do setor ele me disse que o melhor é falar sempre sobre
‘transformação’. É assim que todos os setores conseguem evoluir (e
pessoas também): transformando-se o tempo todo.
Nosso mercado, com todas as suas nuances, passa por um
período de grandes transformações, sejam elas de origem regulatória
ou de produtos. Todos buscam uma forma de se aproximar dos
consumidores, de fazer com que eles percebam o seguro como uma
necessidade. O seguro por assinatura é o sonho de dez entre dez
seguradores. Algumas experiências já começam a surgir, mas ainda é
cedo para conhecer o seu resultado.
Nesta edição, mostramos que o caminho a ser percorrido pela
inovação ainda é longo e pedregoso. Em outra vertente, os seguros de
pessoas, com ênfase no seguro de vida, tornaram-se os queridinhos das
empresas, sejam elas incumbentes ou insurtechs. Todos querem investir
na qualidade de vida e no bem-estar do segurado para ter uma carteira
mais saudável.
Mais uma vez, os resultados serão conhecidos apenas no
futuro. Mas, a aposta é boa para todos, pelo menos por enquanto.
Boa leitura!
Diretora de Redação:
Kelly Lubiato - MTB 25933
klubiato@revistaapolice.com.br
Diretor Executivo:
Francisco Pantoja
francisco@revistaapolice.com.br
Redação:
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nicole@revistaapolice.com.br
Colaborador:
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Executiva de Negócios:
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12.000 exemplares
Circulação:
Nacional
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Mensal
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
Diretora de Redação
Esta revista é uma
publicação independente
da Correcta Editora Ltda e
de público dirigido
ERRATA:
O nome correto do executivo da Europ Assistance,
publicado na página 20 da edição 275, é Rogério
Guandalini.
Na página 25, a frase correta de Luiz Padial é “Talvez estejamos fazendo
uma tempestade em copo d’água porque o cliente tem ciência de que
comprou um produto de roubo e furto…”
CORRECTA EDITORA LTDA
Administração, Redação e Publicidade:
Avenida Ibirapuera, 2033 - cjto 183
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Mande suas dúvidas,
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INOVAÇÃO
As tendências em produtos e serviços que estão na mira
de startups e empresas inovadoras. Mercado brasileiro
trabalha com a expectativa de ações que possam atingir
uma nova parcela de consumidores
ESPECIAL SEGURO DE VIDA
>> PÁG. 16
ÍNDICE
05 entrevista
Hilca Vaz, diretora de Vida, Previdência e
Capitalização da Mapfre, fala sobre a importância
que a carteira de seguro de vida terá no mercado
nos próximos anos
06 painel
08 gente
12 capa
A KNW Brokers traz uma nova forma de lidar com
negócios de resseguros no mercado brasileiro. Com
muito conhecimento e agilidade, empresa quer
parceria com corretores de seguros e seguradoras
para buscar capacidade e incrementar resultados
21 mister liber
Construa a confiança com o cliente
22 evento
A Confederação Nacional das Seguradoras, e suas
Federações, apresentaram seus novos titulares. De
forma inédita, CNseg conta agora com um presidente
executivo, Dyogo Oliveira, e um presidente do
Conselho de Administração, Roberto Santos
ESPECIAL SEGURO DE VIDA
30 barreiras
O que impede o avanço da carteira de seguro de vida?
Preço, falta de cultura, desemprego são questões
externas ao setor. Do lado de dentro, ainda falta criar
produtos populares, por assinatura, com melhora do
atendimento tanto do corretor quanto do segurador
CARTEIRA
A pandemia contribuiu para o aumento da demanda
pelo seguro de vida. O desafio agora é manter e ampliar
a penetração da carteira, com produtos e coberturas
que possam ser utilizadas em vida pelo segurado
>> PÁG. 24
34 mds
Quais são as principais agendas para o líder de RH
de 2022?
Os artigos assinados são de responsabilidade
exclusiva de seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião desta revista.
4
ENTREVISTA
HILCA VAZ
Missão de ser referência em
seguro de vida no Brasil
EXECUTIVA ASSUMIU A DIRETORIA DE VIDA,
PREVIDÊNCIA E CAPITALIZAÇÃO DA SEGURADORA
MAPFRE PARA AJUDAR A COLOCAR EM PRÁTICA
O PLANO DE SER REFERÊNCIA E ESPECIALISTA
EM SEGURO DE VIDA
APÓLICE: Qual missão você recebeu ao assumir a diretoria
de Vida, Previdência e Capitalização da Mapfre?
A cada três anos a Mapfre revê o seu plano estratégico.
Para o triênio 22 a 24, três ramos foram elencados
como pilares estratégicos: vida, automóvel e agro.
Minha missão é consolidar a marca como referência e
especialista em vida no Brasil.
APÓLICE: Quais são as metas para o seguro de vida neste
planejamento estratégico?
Quando analisamos o comportamento da carteira nos últimos
anos, percebemos que a procura cresceu, principalmente
por conta da pandemia. As pessoas têm um nível de conscientização
maior em relação ao seguro de sucessão. Especificamente em
2021, o segmento cresceu 12% e, pelo segundo ano consecutivo,
Vida subiu mais do que Automóvel. As pessoas estão com um olhar
diferenciado para o seguro de vida. Nosso objetivo é ser referência
e continuar fazendo a distribuição via corretor de seguros, que
continua tendo papel fundamental no entendimento das necessidades
do cliente e na indicação do produto que melhor se encaixa
à sua necessidade. Temos trabalhado para melhorar as ferramentas
de apoio aos corretores e estamos aprimorando o atendimento
a eles, que são peça chave nessa relação com o consumidor.
APÓLICE: É possível fazer um paralelo entre os seguros de pessoas na
Europa e no Brasil?
É difícil traçar um paralelo, porque, no Brasil, falar de morte
ainda é um tabu e, consequentemente, de seguro também. Na Europa,
essa cultura de proteção, sucessão, planejamento financeiro
é mais usual, pois as pessoas têm mais conscientização em relação
ao tema. No Brasil, estamos trabalhando para isso, tentando falar
menos “segurês” para que as pessoas entendam a necessidade de
se proteger e o quão catastrófico pode ser o cenário sem proteção,
principalmente para as pessoas que amamos. Outra medida tem
sido incluir coberturas e assistências que as pessoas possam usar
em vida, porque quando elas veem vantagem e conseguem utilizar,
o produto fica mais tangível. Um exemplo disso foi a pandemia.
APÓLICE: Como trabalhar este posicionamento
da companhia?
Iremos lançar alguns produtos
que têm coberturas que podem ser utilizadas
pelo próprio segurado. A cobertura
de doenças graves é um exemplo de
uso em vida.
APÓLICE: Há alguma assistência que também
entra neste rol?
A telemedicina, que a Mapfre já
adicionou em alguns produtos, é um
exemplo disso. Você consegue, no conforto
do lar, ter acesso à rede médica e
fazer consultas ou tirar dúvidas, ou ainda,
receber pedidos de exames. É uma
forma de levar saúde a uma gama maior
de pessoas.
APÓLICE: Vocês apostam que o seguro de
vida tem potencial de mercado?
Temos estudos que mostram o
Brasil como oitavo colocado, entre 96
países, entre nações com potencial de
crescimento em seguro de vida. Hoje, o
potencial está totalmente focado em países
em desenvolvimento.
5
PAINEL
patrocínio
Baile segurado
Pelo quarto ano consecutivo,
a MDS Brasil foi a corretora
de seguros oficial do Baile
da Vogue 2022. Após dois anos
de pandemia, a tradicional
festa carnavalesca aconteceu
no Rio de Janeiro, sob o tema
“Brasilidade Fantástica”.
Referência em respaldo
a eventos sociais, culturais, corporativos e de entretenimento,
a corretora disponibilizou o Seguro Responsabilidade
Civil Eventos. Conhecido como RC Eventos, o
produto auxilia no gerenciamento e contenção dos riscos
que envolvem as marcas organizadoras em caso de
danos materiais, corporais ou morais involuntários a terceiros.
“O RC Eventos é um grande aliado para situações
que fogem ao controle durante festivais, shows, feiras e
outros e, por ser feito sob medida, auxilia de forma precisa
no controle e minimização dos incidentes para que
os shows e atrações sigam sem interrupções”, explica
Thiago Tristão, vice-presidente de Riscos Corporativos
da MDS Brasil e CEO da MDS Reinsurance Solutions.
capacitação
Exame para habilitação de corretores
Um profissional
com atuação abrangente
e fundamental para
o funcionamento da
indústria de seguros, o
corretor é responsável
por intermediar a relação
entre consumidores
e seguradoras, prestando um serviço de consultor
ao identificar as necessidades e recomendar os produtos
mais adequados aos clientes.
Para atender aos interessados em ingressar no
segmento da intermediação de seguros, a ENS (Escola
de Negócios e Seguros) abriu inscrições para o 71º
Exame para Habilitação de Corretores de Seguros. Os
aprovados recebem certificado que permite requerer o
registro da profissão na Susep e, assim, ficando aptos
para atuarem como corretores.
As provas serão realizadas de forma online, entre
27 e 30 de junho. Os candidatos podem escolher entre
cinco segmentos: Capitalização; Vida e Previdência; Capitalização
e Vida e Previdência; Demais Ramos; ou Todos
os Ramos.
rebranding
Sai o seguro, entra
vida, saúde e bank
A Porto Seguro
renovou sua marca e
agora passa a se chamar
Porto. O anúncio
foi feito pelo presidente do conselho de administração
da empresa, Bruno Garfinkel. “Queremos levar a experiência
da seguradora para mais pessoas, oferecendo um
atendimento de qualidade. Seguiremos como uma holding
que cuida da identidade e valores que cultivamos
na nossa história”, disse o executivo.
A empresa criou novas verticais para as áreas de
saúde, seguros e finanças, que passam a ter suas próprias
marcas e atuações independentes. As novas áreas
passam a se chamar Porto Seguros, Porto Saúde e Porto
Bank. Segundo Roberto Santos, CEO da companhia, a
nova marca representa a transformação do Grupo. Ele
informou que essa estratégia já vinha sendo discutida
desde 2020.
regulação
Mais tempo para o seguro de automóveis
A Susep (Superintendência de Seguros Privados)
publicou a Circular Susep nº 663/2022, que prorroga
para o dia 4 de
julho o prazo para o
registro obrigatório
das operações enquadradas
no grupo
de ramos de Automóveis
no Sistema
de Registro de Operações
(SRO).
A Circular
atende demanda do
mercado supervisionado e a referida prorrogação não
causará impactos no curso do projeto do SRO. A modificação
leva em consideração a complexidade das operações,
bem como a proximidade do início de registro de
outros grupos de ramos.
6
gente
LÍDER DE VIAGEM
A Europ Assistance
Brasil (EABR) acabou de
anunciar a contratação de
Gabriel Rego para a posição
de Head Travel Brasil, sendo
o principal responsável no
Brasil pela linha de assistências
ligadas ao universo de
turismo e viagem. O executivo possui mais de 20
anos de experiência neste mercado, sendo dez deles
focados no setor de viagem e turismo.
“Estou muito entusiasmado com esta oportunidade.
Tenho certeza de que com minha experiência,
nacional e internacional, atrelado a forte
marca e visão local, regional e global de expansão
do segmento, trarão um resultado positivo de forma
rápida e sustentável; sem falar em novas soluções
para um mercado que cresce a cada dia mais
no Brasil” comenta o executivo.
AGRO É TUDO
A área de Seguros e
Benefícios da WIT, gestora
de patrimônio, anunciou
o lançamento de uma unidade
para atender a cadeia
de Agronegócios, com a estruturação
da área e a apresentação
da nova diretora,
Barbara Amans. A principal missão da executiva
é fortalecer as raízes no Agronegócio, com foco no
atendimento consultivo para o cliente e na gestão
de riscos, construindo de forma estratégica os serviços
em seguros para o produtor rural, alinhada aos
interesses individuais.
Quanto ao portfólio de serviços da nova
área, Barbara evidencia os principais diferenciais da
empresa no mercado. “Nosso portfólio conta com
soluções personalizadas do maquinário ao plantio,
da colheita à armazenagem, do beneficiamento
ao transporte, garantindo a proteção dos investimentos
e perpetuidade no campo. Vamos além da
corretagem, prestando uma consultoria desde a colocação
do risco até a resolução de sinistros, acompanhando
todas as etapas, garantindo os ativos,
responsabilidades e operações de nossos clientes”.
NOVO TITULAR
A Ciclic anunciou
Darllan Botega como novo
CEO. O executivo possui
mais de 22 anos de experiência
no mercado bancário e
chega para dar continuidade
ao crescimento da digitalização
no mercado de seguros e serviços de proteção,
que estava sob gestão interina de Gustavo Zobaran,
atual CMO.
“A Ciclic vem crescendo muito, pois já nasceu
direcionada às mudanças mercadológicas ocorridas
nos últimos tempos em termos de seguros, principalmente
por ser 100% digital. Estou muito feliz
em assumir este novo desafio na minha carreira e
a inovação será a palavra-chave, com tecnologia
e comunicação ampla e transparente em todas as
áreas da empresa. Chego para alavancar parcerias
estratégicas, aprimorar a jornada digital de ponta a
ponta e, claro, criar uma experiência ímpar e personalizada
para nossos clientes, tudo isso através de
um competente time de profissionais, os Ciclickers”,
afirma o executivo.
NOVO COMERCIAL
O Conglomerado Alfa anunciou Leonardo
Zavatini como novo diretor comercial da Alfa Seguros.
Com mais de 25 anos de atuação no mercado
financeiro, o executivo terá a missão de acelerar a
expansão da área de Previdência
Privada da empresa,
bem como acelerar ainda
mais as oportunidades de
negócios entre a seguradora
e as inúmeras empresas do
conglomerado.
“As empresas cada
vez mais entendem a previdência privada como
uma ferramenta de atração e retenção de talentos,
além de poder se incentivar tributariamente com
este benefício. Já os brasileiros estão cada vez mais
conscientes quanto à importância do planejamento
financeiro para alcançar os seus objetivos. Assim,
por meio de um atendimento personalizado, a nossa
missão é colocar as soluções do Alfa como a primeira
alternativa dos clientes”, explica o executivo.
8
gente
REESTRUTURAÇÃO
A Rede Lojacorr avançou na transformação da
empresa em um ecossistema figital (físico e digital),
com o foco em gerar experiências únicas na jornada
das corretoras, seguradoras e segurados. A empresa
anunciou a mudança na estrutura organizacional. A Diretoria
de Mercado e Operações passa a assumir, também,
toda a estratégia comercial, inteligência de mercado
e produtos. Denominada
de Diretoria de Distribuição e
Mercado, a área terá a liderança
do executivo Luiz Longobardi
Junior, corretor de seguros habilitado,
com mais de 40 anos
de experiência no mercado e
há 9 anos na Rede Lojacorr.
Para dar escala e eficiência
operacional à estrutura da
empresa, a área de Tecnologia
também está em transformação
e passa a se chamar Diretoria
de Tecnologia e Operações.
Integrando todas as atribuições
de processos operacionais, tecnologia, sistemas e segurança
da informação. Comandada pelo executivo
Sandro Ribeiro Santos, cofundador da Lojacorr, formado
em Administração de Empresas e há 18 anos
lidera a área de Tecnologia da empresa. A nova composição
terá força e papel fundamental para suportar
os desafios futuros de crescimento e desenvolvimento
da Rede Lojacorr.
RESSEGUROS
A Aon anunciou Paula
Ferreira como Chief Executive
Officer de Resseguros para a
companhia na América Latina.
Reportando-se a Andy
Marcell, CEO Global de Resseguros,
Paula, que foi anteriormente
Líder de Crescimento
de Resseguros da Aon e Presidente para a América
Latina, conta com 13 anos na empresa e 26 anos
no setor de resseguros. Em sua nova função, ela
terá total responsabilidade em P&L, liderando e
gerenciando recursos regionais, ao mesmo tempo
em que formula estratégias de crescimento de
clientes para a região, e fomentando produtos e
serviços inovadores para ajudar os clientes a tomarem
melhores decisões de negócios.
REPRESENTANTE DE CLASSE
A superintendente comercial
da MAG Seguros em
Manaus, Fabiana Perdiz, tomou
posse como delegada do
Sindseg N/NE (Sindicato das
Seguradoras do Norte e Nordeste),
que atua nos estados de
Pernambuco, Alagoas, Paraíba,
Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará,
Amazonas, Acre, Roraima, Amapá e Rondônia. Ela
também é professora da ENS.
“Terei como principal papel fomentar a cultura
do seguro na minha região de atuação, sobretudo
o seguro de vida, que tem apresentado forte crescimento
ao longo dos últimos anos e de extrema relevância
para garantir uma sociedade mais bem protegida
e planejada financeiramente”, conta Fabiana.
BENEFÍCIOS
A Korsa Seguros soma ao seu time Iolanda
Marques como head de Benefícios. A corretora
chega para contribuir e fortalecer o crescimento
da empresa em negócios de Benefícios.
Destacou sua experiência, conhecimento
de demandas e relacionamento com o RH de
grandes empresas. Vamos atender mais e
melhor nossos clientes, com alto nível de
serviço, entregando soluções customizadas
e estratégicas de acordo com a atividade
e necessidades de cada um”, concluiu
James Theodoro, CEO da Korsa Seguros.
10
CAPA
KNW BROKERS
Conhecimento com
especialização e
agilidade
KNW BROKERS ADMINISTROU
MAIS DE R$ 60 MILHÕES EM
PRÊMIOS DE RESSEGURO EM 2021
E CONFIA NO SEU ATENDIMENTO
DIFERENCIADO PARA COLABORAR
COM CORRETORES DE SEGUROS
PARCEIROS, SEGURADORAS E
RESSEGURADORAS
Kelly Lubiato
O
mundo do seguro (e do resseguro)
pode não parecer muito
atraente quando se olha de fora.
Pelo menos, este é um dos desafios que
os executivos do setor encontram na
hora de buscar talentos no mercado. Entretanto,
para quem faz parte da equipe
da KNW Brokers, o contrário aconteceu.
A corretora de resseguros nasceu a partir
da experiência de Marcio Ribeiro, fundador
e CEO da empresa, que sempre trabalhou
em corretoras de resseguros, desde
os seus 19 anos, observando como se fazia
um seguro de vida útil de satélite em
órbita, por exemplo. “Era um digitador,
mas aprendia rápido, sendo broker desde
sempre”, brinca. Depois de passar por
várias empresas de grande porte, participou
de todo o processo de reabertura
de resseguros, além de contribuir para o
início de operações de várias empresas
no Brasil como Miller, Cooper Gay, Alexander
Forbes, Guy Carpenter e Capsicum
Re. No final de 2018, surgiu a ideia
de montar uma corretora de resseguros
do zero, junto a um novo sócio.
Em setembro de 2019, após obter
a licença de operação na Susep, a empresa
começou a ganhar corpo. Passados
alguns meses, em março de 2020, Rafael
Abad foi convidado para ser sócio e CFO da corretora. Apesar de jovem,
ele já possuía grande experiência no mercado de resseguros
após oito anos de atuação no setor. No mesmo período, Sara Pizza
foi convidada para um projeto específico na corretora e, logo, passou
a integrar a diretoria da empresa, como responsável por Innovative
Solutions & Marketing. Uma semana depois, a pandemia foi
decretada, sem, contudo, afetar as atividades da jovem empresa.
“Em minha primeira semana de trabalho tive que decidir
como seria toda a operação em home office”, lembra Abad. Ele chegou
ao mercado de seguros pós-abertura, atuando na Terra Brasis
desde 2012, como estagiário até atingir um posto senior. “Em meus
primeiros meses de trabalho, pedi para conhecer resseguradores
internacionais em uma viagem de férias à Europa, para entender
melhor o mercado. Entendi onde eu poderia chegar e pedi para me
efetivarem”, conta.
12
MÁRCIO RIBEIRO,
CEO
companhia, ela já era reconhecida pelos
clientes, por seu posicionamento e qualidade
no atendimento. “A KNW Brokers é
uma corretora de resseguros brasileira, independente,
que trabalha exclusivamente
com resseguro e já entra bem posicionada
no mercado”, comemora Abad, acrescentando
que o mais importante é o que a
empresa pode acrescentar na cadeia do
resseguro.
A evolução do mercado de seguros sempre encantou quem
atua nele. É uma brincadeira recorrente de que ele é viciante e que,
quem entra e conhece, não consegue mais sair.
O resseguro, apesar de crescer em ritmo acelerado de dois
dígitos todos os anos, sempre teve um lugar subestimado nas companhias
seguradoras. Em virtude de suas várias responsabilidades,
as companhias sempre contaram com o apoio externo para a colocação
dos seus riscos, mas de forma burocrática e extremamente
trabalhosa. “Percebi que havia espaço para agregar algo diferente,
no intuito de ajudar os profissionais das seguradoras, sem muitas
complicações”, destaca Abad.
Hoje, 90% da história da KNW Brokers aconteceu na pandemia,
com todos os desafios apresentados por um período tão diferente
e complexo. Em março de 2020, quando Rafael e Sara entraram na
UM FACILITADOR
Se nos primórdios do mercado de
resseguros apenas o IRB-Brasil Re (antigo
Instituto de Resseguros do Brasil) estava
autorizado a dar capacidade de resseguro
às seguradoras brasileiras, agora há
145 companhias cadastradas pelo órgão
regulador (Susep - Superintendência de
Seguros Privados).
Márcio Ribeiro acostumou-se a
inovar desde sempre, quando recebia
material por “fax” e tirava cópias para entregar
pessoalmente e agilizar a vida do
ressegurador. “O profissional de resseguro
em uma seguradora está escondido
no organograma da empresa, mas possui
uma responsabilidade enorme de, por
exemplo, colocar em pé o resseguro de
uma termoelétrica, uma petroquímica.
Muitas vezes, o próprio subscritor do risco
é quem precisa ir atrás do resseguro, mas
tem que dividir seu tempo com muitas
outras atividades. O nosso trabalho como
broker é simplificar o desdobramento dos
13
CAPA
KNW BROKERS
na América Latina há certa maturidade no setor, em relação à sua
capacidade e em como lidar com os profissionais, uma vez que o
mercado de resseguro está aberto há muito mais tempo nessas
regiões.
RAFAEL ABAD,
CFO
problemas e facilitar o trabalho
do profissional que contrata resseguro”,
adianta o CEO da KNW Brokers.
“Queremos trazer para a cultura
corporativa esta essência de ajudar e facilitar
o dia-dia de todos os stakeholders”,
afirma Sara. Ela foi a responsável por desenvolver
o branding da companhia. As
letras KNW vem da palavra know, que
remete ao conhecimento das pessoas,
da marca e, principalmente, dos meandros
e negócios de resseguro no Brasil e
no mundo, enquanto a palavra ‘Brokers’
remete à grande rede de relacionamento
entre corretores nacionais e internacionais.
“A ideia é valorizar a busca pelo
conhecimento. E não pode ser complexo.
Precisamos passar conhecimento de forma
descomplicada e ágil, para efetivamente
ajudar o profissional que está do
outro lado”, avisa Sara Pizza.
O resseguro é um tipo de negócio
que lida com valores altíssimos, com
entes das seguradoras, corretores de
seguros e resseguradores mundiais. Por
isso, trazer certa leveza aos negócios
tira um peso das cedentes. “É importante
que o corretor de resseguros entenda
o que as seguradoras e os corretores necessitam,
porque cada um tem sua realidade
e seu processo. Nós entregamos
certa ‘paz de espírito’ para os clientes”,
define Abad. Cada vez mais o mercado
entende como utilizar o resseguro
a seu favor. Na Europa e outros países
PARCERIA COM CORRETORES DE SEGUROS
A empresa vai em busca do que gera demanda de resseguro
facultativo nas diversas carteiras, porém, segue a especialização
em patrimonial, engenharia e em geração de energia. Para acessar
as oportunidades de negócios, a KNW Brokers recebe as demandas
das seguradoras e atende as necessidades de corretores de seguros
sem operação de resseguro, mas que necessitam desta ferramenta
para fechar seus negócios. “O resseguro é necessário para a
conclusão de negócios, que nem sempre conseguem composição
em seguro ou cosseguro para concluir a cobertura de um risco. O
meio é sempre a seguradora, mas um dos nossos principais parceiros
são os corretores de seguros. Somos complementares”, informa
Marcio Ribeiro.
Hoje, a KNW Brokers já tem negócios fechados com mais de
10 corretoras de seguros, 15 seguradoras e 25 resseguradoras. “Estas
corretoras que necessitam do resseguro enxergam em nós total
transparência e a alternativa para colocar o risco. Não mistificamos o
resseguro e envolvemos o corretor de seguros na negociação”, conta
Ribeiro.
Nesta cadeia produtiva existe o segurado, corretor de seguros,
seguradora, broker, resseguradora. “Quando aproximamos o
corretor, estamos aproximando o cliente. A depender do risco, pode
haver várias resseguradoras envolvidas no Brasil e exterior. É importante
haver esta transparência para que a corretora compreenda
também de onde virá o sinistro depois. Cabe ao broker orquestrar
tudo isso, desde a negociação com as resseguradoras, até a hora de
pagar. O broker recebe os valores do exterior e faz o pagamento à
seguradora”, explica Ribeiro.
A KNW Brokers é composta por pessoas, equipes, sistemas,
processos e compliance que fornecem a solução para as empresas.
A formação da equipe é um balanço de experiência e conhecimento
com interesse e novas ideias, com o grande desafio de atrair e reter
talentos para garantir a pluralidade de pensamento, para entregar
segurança, tranquilidade e flexibilidade nos negócios. “Os talentos
de diversas áreas de formação contribuem para que a empresa possa
atuar nos mais diferentes segmentos, como minas subterrâneas,
obras de artes, satélites, metrô sob rio, transporte de satélite etc.
Essa diversidade de segmentos faz com que os talentos passem a
se envolver com paixão, apesar de parecer um processo burocrático,
documental, processual e abstrato, com responsabilidade absurda,
mas passa a ser interessante”, comenta Ribeiro.
LINHAS DE NEGÓCIOS E INOVAÇÃO
O carro chefe da corretora de resseguros são as áreas de riscos
de engenharia, geração de energia e patrimonial. Entretanto, há
uma série de novos negócios, super especializados, nos quais a KNW
Brokers está começando a fazer história, como a área de resseguros
para pesquisas clínicas.
14
SARA PIZZA,
Innovative Solutions & Marketing
Desde 2002, Ribeiro trabalha na educação tanto da indústria
quanto do mercado sobre a necessidade deste tipo de cobertura,
com palestras com pesquisadores, médicos, hospitais etc. “Com a
pandemia, houve um aumento absurdo deste tipo de demanda, inclusive
no resseguro, e nós estávamos prontos para atender nossos
clientes”, comemora Ribeiro. Há uma estimativa de R$ 10 milhões a
R$ 15 milhões de prêmio de seguro, com grande potencial de crescimento.
De todos os ensaios clínicos feitos no mundo, apenas 1,7%
aconteceu no Brasil, segundo publicado pela Abracro - Associação
Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica. Este
setor pode expandir para até 5% de representatividade até o ano
de 2024, ou seja, um longo caminho a ser percorrido, pois o Brasil
apresenta excelentes condições geográficas, sociais e de saúde para
a pesquisa clínica.
O ramo de riscos diversos, no qual a cobertura para obras
de artes está inserida, é outro foco. Apesar das exposições terem
diminuído durante a pandemia, teve ainda o seguro de grandes coleções
e de algumas exposições. “Em nosso quadro, temos uma estudante
de história da arte, que passou a entender tudo de seguro”,
pontua Ribeiro.
A corretora também atua nas linhas de RC e Financial Lines,
que contemplam os produtos de D&O, E&O e Cyber. Estes produtos,
quando encontram dificuldade no mercado segurador, acabam encontrando
respaldo no resseguro.
Em 2021, as carteiras de riscos de engenharia, geração de
energia e patrimonial representaram 90% do faturamento da corretora
de resseguros. Os outros 10% ficaram a cargo de testes clínicos,
obras de arte, responsabilidades e riscos marítimos. “Um dos focos
da empresa em 2022 será justamente a diversificação da carteira”,
antecipa Abad.
Em números, o que representou 10% em 2021 deve subir para
25% em 2022, sem, contudo, deixar de dar a fundamental importância
aos ramos mais demandados. “Naturalmente, a companhia crescerá
como um todo. Em 2021, o volume de prêmios de resseguros
administrados foi de R$ 60 milhões. O faturamento da empresa já
deve chegar, em 2023, à casa dos dois dígitos”, avisa Abad, avaliando
que os executivos percebem a necessidade de outros ramos, que
necessitam de investimento em capacitação e equipe para, de fato,
manter o DNA de especialistas.
“Uma outra área importante da empresa é a de projetos inovadores”,
avalia Sara. A área de Innovative Solutions trabalha em
negócios que ainda não estão prontos para buscar capacidade no
mercado porque precisam de uma estruturação. “São projetos de
longo prazo. Com esta área conseguimos dar apoio a startups de seguro,
por exemplo, para que elas consigam viabilizar seus projetos
com a cobertura do resseguro”, comenta Sara.
Há casos em que as seguradoras precisam de “empacotamento”
diferenciado para produtos que já possuem ou que já existem
no mercado e elas querem passar a oferecer. A área de Innovative
Solutions não cuida apenas do resseguro, mas também trata de
planos de negócios, análise de produtos, clausulado. “O resseguro é
o pacote final, mas atuamos antes no que for preciso para colocar
ideias novas em prática. Há um tempo para a maturação, mas contribuímos
com a evolução do mercado”,
pontua Abad, ao que Ribeiro acrescenta:
“não é apenas vender, emitir o prêmio e
ter o resseguro; há uma infraestrutura
que cuida de todos os processos”.
VALORES INTERNOS
Credibilidade é um dos valores
que movem o negócio de resseguros. “O
que vale é o que se conversa, a confiança”,
confirma Sara. O resseguro é consultivo e
é preciso haver um respeito mútuo pelo
trabalho do outro para garantir as melhores
condições nos contratos.
Há também a questão reputacional.
“Nós recebermos uma indicação de
uma grande empresa é um grande orgulho
e uma grande responsabilidade também”,
assume Ribeiro.
O ressegurador tem seus negócios,
suas guidelines e suas metas. O
profissional dentro da resseguradora é
também um vendedor de risco interno.
“Facilitar a vida deste profissional fortalece
a relação de confiança com o provedor
de capacidade. É um relacionamento
que deve ser construído tanto com
as resseguradoras locais quanto com as
estrangeiras”, avalia Abad.
Dos R$ 14 bilhões de prêmios gerados
no mercado nacional de resseguro
brasileiro em 2021, 70% foram negócios
com resseguradoras locais e 30% com
internacionais. É um percentual que se
mantém ao longo dos anos.
15
INOVAÇÃO
TENDÊNCIAS
Para onde vai a inovação?
AS NECESSIDADES DO MERCADO BRASILEIRO DE
SEGUROS AINDA SÃO INÚMERAS. ENTRETANTO,
À MEDIDA QUE AS NOVAS SOLUÇÕES AVANÇAM,
CRESCE TAMBÉM A EXPECTATIVA DE CHEGAR A
UMA NOVA PARCELA DE CONSUMIDORES
André Felipe de Lima
Cibernética; eu não sei quando
será; mas será quando a ciência
estiver livre do poder; a consciência,
livre do saber; e a paciência, morta
de esperar”. Bem antes de escrever essa
premonitória poesia musical, por volta de
1974, o cantor e compositor Gilberto Gil,
nosso icônico artista da genuína MPB, mal
sabia o significado da palavra “cibernética”.
A letra dessa pouco difundida canção de
Gil, que brotou dez anos antes de seu lançamento,
após um papo com um amigo,
sintetiza o esforço empreendedor daqueles
que buscam fazer da ciência a tradução
de desenvolvimento, seja na vida, na arte
e nos mercados. Cibernética era a tradução
de um “futuro” quase intangível e utopicamente
livre naquele distante ano em
que Gil compôs a letra. Mas aquele “futuro”
transformou-se em um “hoje” palpável,
transformador e, em suma essência, regi-
do por uma única palavra: inovação. Ela está no espírito presente da
sociedade moderna, em todos os campos possíveis que a norteiam.
A pandemia da Covid-19 trouxe consigo a tragédia sem fronteiras,
com milhões de mortos e sequelas em outros tantos que contraíram
o vírus insidioso. Mas ela também acelerou processos inovadores
no mercado de seguros, como, por exemplo, a digitalização, que atingiu
vários setores. Esse mergulho profundo no mar de dados permitiu
um estreitamento do consumidor com o mundo das apólices, mas
a pandemia, em outra via, também despertou no consumidor uma
percepção do risco que até então não figurava na realidade brasileira.
Quem disse, entretanto, que o trem que conduz a indústria
de seguros está parado? A locomotiva da inovação segue seu trilho
em escala global, como ressalta a analista Kimberly Harris-Ferrante,
vice-presidente do Gartner, uma das mais conceituadas consultorias
de tecnologia do mundo. Atenta às tendências de negócios e às tecnologias
empregadas nas indústrias globais de seguros, a executiva,
ressalta à Apólice que, embora a inovação seja um tema “quente” e
“muito importante” para o setor de seguros, não significa dizer que
todos os clientes do Gartner estão inovando radicalmente.
A executiva enfatiza que os últimos estudos do Gartner mostram
que cerca de 10% das empresas estão fazendo transformações
16
radicais, em que novos modelos de negócios estão sendo introduzidos,
ou seja, novos produtos, novos mercados-alvo ou propostas
de valor. “Ao trabalhar com empresas internacionais, grande parte
da inovação radical vem de mercados maduros, mas estamos vendo
bastante desse movimento na Apac (Ásia-Pacífico). A América Latina
foi mais tradicional no passado, com poucas inovações, incluindo
empresas tradicionais lançando novos modelos de negócios, a introdução
de insurtechs ou empresas disruptivas tentando quebrar a
norma”, avalia a executiva do Gartner.
“Nos mercados ocidentais, a nova concorrência está criando
medos, o que também impulsionará a inovação. Na América Latina,
novos concorrentes, como as insurtechs, são menos prevalentes, mas
há algumas novas startups digitais no Brasil e no México que eu tenho
visto que começarão a desafiar o mercado grande e estabelecido e
a impulsionar novas formas de concorrência. A inovação é muito necessária
porque a indústria é antiga e, como resultado, está madura
para a inovação. Eles precisam ‘pegar o atraso’ até certo ponto, e muitos
estão no caminho para isso. As iniciativas digitais em seguros começaram
há mais de 5 anos, mas avançam lentamente. Mas ele está se
movendo. A inovação vai acontecer, só vai levar tempo”, explica a vicepresidente
do Gartner.
No mercado brasileiro de seguros, quando a pauta inovação
vem à tona, um nome é sempre lembrado: Marcos Watanabe. Tecnólogo
de segurança da informação com certificação profissional em
data science e big data pelo Massachusetts Institute of Technology
(MIT), nos Estados Unidos, o especialista e cofundador da Suthub,
uma plataforma para distribuição de produtos digitais de seguros,
ele alerta para a falsa impressão de que o mercado de seguros brasileiro
não inova.
“O mercado tem muitas inovações incrementais. Elas só são
percebidas numa visão de tempo um pouquinho mais dilatada. Podem
aparecer situações disruptivas, mas elas surgem com menos
frequência. Por exemplo, esse aspecto de começar a se concentrar e
a consolidar dados de uma forma mais adequada. Esse projeto que a
Susep (Superintendência de Seguros Privados) está trabalhando no
SRO (Sistema de Registro de Operações) é uma inovação disruptiva,
demorou um pouquinho para fazer, mas ao longo do tempo vai dar
muita visibilidade à Susep, muita informação que depois retornará
ao mercado de forma digital”, prevê Watanabe.
Diretor-executivo da Embratel para mercado financeiro, Antonio
João Filho alerta para outro aspecto importante no processo
rumo à inovação do mercado: o financiamento público. “Quando
se fala em inovação de forma geral, acreditamos ser importante
haver o financiamento público para o desenvolvimento científico
e inovação tecnológica. No setor de seguros e financeiro, até pelo
resultado positivo dessas empresas, há sim muito investimento
em inovação. Essa inovação vem para ajudar a diminuir os gaps de
oferta de produtos para bater a concorrência e, mais ainda, para
reduzir os custos operacionais, pois as novas regulações, que impõe
menores taxas de serviços e novas ferramentas que também
reduzem receitas, como o Pix, precisam ser compensados com
mais eficiência das operações. E isso só pode ser alcançado por
inovação”, frisa João Filho.
KIMBERLY HARRIS-FERRANTE,
do Gartner
Head de soluções de seguros da
Capgemini Brasil, Gustavo Leança reforça
que o setor de seguros passa por uma irreversível
transformação cujos reflexos serão
permanentes: principalmente, porque
as inovações que estão surgindo, além de
apresentarem novas soluções e novos
modelos de negócios, trazem resultados
práticos para os clientes, distribuidores
e provedores de seguros (seguradoras e
insurtechs). “Criam valor real”, diz Leança,
assinalando, porém, que nem todas as
novidades e empresas inovadoras conseguirão
se manter nos próximos anos, mas
muitas delas deixarão em breve de ser
“novidades” para se tornarem parte da realidade
business as usual do mercado. “O
mais interessante é que este movimento
não está sendo puxado por apenas um
tipo de player do mercado (insurtech ou
seguradora ou qualquer outro), mas, sim,
por todo o conjunto do mercado. Seguradoras,
insurtechs, big techs, corretores e
o próprio órgão regulador, a Susep, todos
têm feito um movimento de repensar o
modelo atual do mercado de seguros no
Brasil e buscar novas maneiras de trabalhar
a cadeia de valor.”
COMUNICAÇÃO: UM “CALCANHAR DE
AQUILES”?
O verbo “segurar” citado por Watanabe
tem um propósito que está associado
à comunicação empregada pelo
mercado securitário para alardear ou não
as inovações que fomenta. O especialista
17
INOVAÇÃO
TENDÊNCIAS
MARCOS WATANABE,
da Suthub
explica: “Ninguém presta muita atenção à
informação de seguro. Mas tem muita coisa
acontecendo, e quando se fala de estratégia
de comunicação, (o silêncio) às vezes
é até estratégico: ‘Não sei se vou falar
muito agora. Deixa avançar um pouquinho
mais aqui na frente e aí coloco a pedra
fundamental’. Depois, ele diz: ‘Olhem,
saí na frente”. Mas por que a demora (para
divulgar a inovação)? Mesmo conosco,
da Suthub, demorou dois anos para que
o mercado começasse a nos reconhecer.
Fomos mudando, mudando e mudando.
Quando o pessoal viu, falou: ‘O que estes
caras estão fazendo aqui? Apareceram do
nada?’. Não, não apareceram do nada.”
O mercado está mudando, a exigência
do consumidor idem. Esses dois
fatores movimentam empresas, mas o
ANTONIO JOÃO FILHO,
da Embratel
que se percebe, como interpreta Caroline Capitani, vice-presidente
de design digital e inovação da Ilegra, desenvolvedora de design, inovação
e software, é que, embora o termo inovação esteja sendo amplamente
divulgado, na essência, enfatiza a executiva, o que muitas
companhias fazem é meramente se adequar. “A essência da venda de
seguros é muito igual. O que percebemos é uma necessidade grande
de refaturação e de transformação digital. Isso requer que elas mudem
em alguns aspectos, em alguns processos, mudança de mindset
(mentalidade) das pessoas e introdução de tecnologia. Se colocarmos
uma das partes, só tecnologia, mas o modelo mental e os processos
se mantiverem os mesmos, não adianta. Não é só a tecnologia o problema.
Precisamos fazer, de fato, uma refaturação maior envolvendo
processos, pessoas e tecnologia, alerta Caroline, reforçando que a celeridade
precisa imperar no setor: “Isso tudo vai precisar andar a passos
mais largos para que, enfim, o mercado passe de fato à inovação
e não só adequações.”
O sócio-líder do segmento de Seguros da KPMG no Brasil, Lucio
Anacleto, diz que o caminho da inovação no mercado brasileiro é
mandatório. Ele pondera, entretanto, o que norteia a errônea percepção
de que há estagnação nos processos inovadores do seguro. “Talvez
a maior dificuldade, quando você fala em estagnação, é prevermos a
curva de aceleração e qual o impacto dela no curto prazo, porque inovação
depende de alguns fatores importantes. Todo mundo quando
pensa em inovação, pensa em tecnologia, o que está certo, é uma das
formas, mas não é só a tecnologia. Há outros elementos importantes
que o setor de seguro tem experimentado e que tem espaço para continuar
inovando. Um deles, por exemplo, é a cultura das pessoas que
utilizam novos produtos e serviços mais inovadores, se traz novos modelos
de contratação para usufruir os direitos adquiridos, se traz novos
benefícios e recompensas atrelados, se melhora a comunicação. Vejo
que tem muita gente imbuída com esse mindset. Isso é um ponto relevante.
O outro é o órgão regulador, que tem atuado para trazer mais
estabilidade, dar algum nível de segurança para o consumidor seja
através do sandbox, que é um pedaço pequeno, ou através da regulamentação.
Isso tem ajudado muito na abertura do mercado e a motivar
inovação. Em terceiro é a questão do investimento.”
O QUE VIRÁ POR AÍ?
Em meio a toda essa discussão há, porém, uma expectativa
positiva de que a inovação se manterá firme em 2022 no mercado
de seguros, apontando oportunidades que, bem aproveitadas pelas
companhias, resultarão em produtos cada vez mais flexíveis para o
consumidor, e a inteligência artificial pode ser a protagonista da vez
no setor. “Acredito que exista muita oportunidade de automação”,
enfatiza Caroline Capitani, citando como exemplos a inteligência artificial
e a utilização de dados para o desenho de produtos e estratégias
de comunicação com o consumidor.
Mas o domínio dos dados, referindo-se ao mercado global de
seguros, ainda é baixo, como alerta a consultora e vice-presidente
do Gartner, Kimberly Harris-Ferrante:
“O seguro digital inclui o conceito de usar e combinar novos
dados obtidos digitalmente e os dados já existentes. No entanto, o domínio
dos dados é baixo no setor de seguros. Estudos do Gartner mos-
18
MUITAS INOVAÇÕES
Quais as principais oportunidades de inovação para o mercado securitário em 2022 e
onde estão concentradas? Head de soluções de seguros da Capgemini Brasil,
Gustavo Leança aponta algumas delas. “Inicialmente, as vemos mais concentradas no
processo de venda e distribuição, mas visualizamos também importantes oportunidades
nos processos internos das empresas, como o sinistro e no atendimento ao cliente”.
Abaixo, a lista das inovações que deverão ser intensificadas no setor este ano:
> NOVAS MANEIRAS DE ENGAJAR O CLIENTE: as seguradoras
devem continuar buscando novas maneiras de se engajar
com seus clientes, sempre com foco em soluções multicanal/
omnicanal e que tragam personalização e conveniência.
Em saúde, por exemplo, a gestão digital do paciente deve
continuar avançando com melhoras na telemedicina e serviços
de prevenção ao risco.
> DESENVOLVIMENTO DE SOLUÇÕES DE PREDICTIVE ANALYTICS:
ainda que enxerguemos esta como uma tendência de mais longa
cauda de amadurecimento, a capacidade de gerar soluções
inovadoras que gerem informações preditivas é algo que deve
crescer em 2022 e continuar nos anos seguintes. Contudo ainda
vemos que há uma etapa importante de qualificação dos dados
no mercado brasileiro.
> EVOLUÇÃO DOS PRODUTOS BASEADOS NO USO: com o
avanço de tecnologias como o 5G e o desejo dos clientes
de terem produtos adequados ao seu perfil e estilo de vida,
acreditamos que inovações em telemetria devem continuar
aparecendo e favorecendo modelos baseados em uso como
o pay-as-you-drive, pay-as-you-live e outros.
> OPEN INSURANCE E A SISS: sem dúvida, que a maior inovação
do mercado dos últimos anos é o open insurance e assim será
pelos próximos anos. Atenção especial para a SISS que inicia em
2022 e tem potencial de transformar o mercado de distribuição
de seguros no Brasil, abrindo as portas deste mercado para
fintechs, bancos e big techs.
> CONSOLIDAÇÃO DA MONETIZAÇÃO DE DADOS: com a maior
disponibilidade de dados, baixo custo de armazenamento e a
maior capacidade de processamento das novas tecnologias de
analytics, devemos ver o termo monetização de dados como
uma das inovações corporativas que devem se fortalecer
em 2022.
> LANÇAMENTO DE SEGUROS INCORPORADOS (OU EMBEDDED
INSURANCE): devemos verificar também o conceito de seguro
incorporado se expandindo no mercado brasileiro, trazendo
inovação na distribuição (via ecossistemas) e novas maneiras
de colocar o seguro no dia-a-dia dos clientes por meio de
aquisições do tipo “com isso e leve um seguro junto”.
> LANÇAMENTO DE SEGUROS PARAMÉTRICOS: ainda pouco
aplicado no Brasil, este tipo de seguro deve evoluir com novas
ofertas surgindo inclusive por meio do sandbox regulatório.
> INOVAÇÃO EM PRODUTOS: com a maior flexibilização em
termos de constituição de produtos trazido pela Susep e com
o advento de insurtechs no sandbox regulatório, devemos ver
uma miríade de novos produtos e configurações, misturando
coberturas de diferentes ramos.
> SOLUÇÕES PARA OTIMIZAÇÃO DE PROCESSO: olhando agora
mais para dentro das seguradoras e corretoras e menos para
o processo de venda, vemos que há muitas inovações que
devem surgir com o intuito de auxiliar as empresas a terem
processos mais eficientes, como, por exemplo, aqueles atrelados
ao sinistros, atendimento ao cliente e a subscrição. Soluções
inovadoras que ajudem no pagamento mais rápidos dos sinistros,
agreguem IA à subscrição e favoreçam a automação humanizada
do atendimento ao cliente devem se fortalecer em 2022.
> NOVAS SOLUÇÕES ESG: o ano de 2022 deve se consolidar como o
da expansão ESG nas seguradoras. Este movimento será reforçado
pela crescente preocupação com o tema apresentado tanto pelas
entidades internacionais de seguros, pela Susep e pela própria CNseg.
> NOVAS SOLUÇÕES DE RELACIONAMENTO COM O CORRETOR:
por último, mas não menos importante, algumas inovações
devem surgir na maneira como as seguradoras trabalham e
apoiam o seu principal canal de distribuição, o corretor. Apoiar
este canal a atender melhor aos clientes e vender mais é tão
estratégico quanto ter bons canais digitais de atendimento direto
ao cliente. A Capgemini chama este novo relacionamento entre
seguradora, corretor e cliente de “Digi-intermediação”.
19
INOVAÇÃO
TENDÊNCIAS
CAROLINE CAPITANI,
da Ilegra
tram que a maioria das organizações ainda
não possui governança de dados para
que isso aconteça. Eles não têm liderança
neste quesito — ainda que funções como
Chief Data Officers estejam em ascensão.
As estratégias devem incluir o uso de
modelagem preditiva, machine learning,
inteligência artificial e análises avançadas
para áreas de negócios como gestão antifraude,
atuarial, sinistros etc. Muitos estão
começando a se concentrar em aproveitar
os dados internos existentes, mas isso fornece
apenas parte da resposta. Aproveitar
os dados de terceiros é essencial para ver
o panorama geral e contextualizar a interação
(por exemplo, dados telemáticos do
carro sobre um acidente ou dados compartilhados
pelo cliente sobre necessidades
de eventos da vida)”, orienta Kimberly.
LUCIO ANACLETO,
da KPMG
ÁREAS SENSÍVEIS
Há, contudo, áreas mais sensíveis do setor de seguros, como a
de distribuição, que devem alcançar novos patamares de novidades.
Kimberly ressalta que um dos principais desafios para um setor com
viés conservador é aceitar a mudança. Como opina a especialista
americana, romper os modelos de negócios tradicionais é difícil para
muitas empresas, pois geralmente enfrentam a resistência do mercado
e dos funcionários. “É importante construir programas eficazes
de gerenciamento de mudanças que abordem esses desafios, com
comunicação interna e capacitação. Também é fundamental usar a
tecnologia em uma abordagem equilibrada. Por exemplo, equilibrar
a inteligência artificial para subscrição automatizada versus usá-la
para auxiliar os subscritores para que façam melhor seu trabalho”,
sugere.
Mas é fundamental compreender as necessidades do usuário,
completa Kimberly. Pesquisas do Gartner — assinala a consultora —
mostram que os consumidores ainda desejam interação humana
durante o atendimento ao cliente e nas vendas. Enquanto a compra
on-line está aumentando lentamente, o seguro é um negócio
emocional e, durante as análises e vendas, eles preferem a empatia
humana. “As estratégias omnichannel devem incluir isso. As seguradoras
devem entender realisticamente as necessidades emocionais
e de empatia do consumidor para serem bem-sucedidas, e isso deve
incluir o aprimoramento da experiência humana — não apenas a
implantação de canais digitais. Focar em novos conceitos como modelagem
comportamental, análise de sentimentos e atendimento
personalizado é essencial para o sucesso da inovação. Focar também
em como implantar tecnologias com segurança é fundamental”,
conclui Kimberly.
SURGIU UMA BOA IDEIA! E AGORA?
Consultores e executivos do setor reconhecem as dificuldades
da indústria securitária para caminhar, de fato, até a inovação. Mas
existem ideias, e muitas delas excelentes, brotando em um mercado
que ainda busca o amadurecimento. Mas, pelo visto, parece estar no
caminho certo. “Hoje, as seguradoras estão lançando produtos mais
rapidamente do que no passado”, aborda Marcos Watanabe.
Mas há quem ache o contrário, ou seja, que o emprego de
áreas de inovação nas companhias de seguros ainda é pouco explorado,
e não seria uma peculiaridade de seguradoras brasileiras, mas,
sim, um contexto internacional do setor. “A maioria das seguradoras
não possui programas de gestão da inovação. Daqueles que o fazem,
eles têm programas que variam de imaturos a maduros, com os
maduros tendo programas formais de ideação, modelos de financiamento,
liderança, avaliação e avaliação de criação de valor, métricas
(métricas anuais sobre quanta inovação deve acontecer e como ela
é medida). Alguns cargos, como diretores de inovação ou transformação,
estão surgindo. O principal problema para aqueles que não
têm programas é a cultura. As empresas precisam incentivar o ‘pensar
fora da caixa’ e fazer com que as pessoas tenham novas ideias
— até mesmo tornando isso parte de sua descrição de trabalho. Se a
inovação não for financiada ou incentivada/recompensada, ela não
acontecerá”, reforça Kimberly.
20
ARTIGO
MISTER LIBER
Construa a confiança com o cliente
É FUNDAMENTAL CRIAR UM RELACIONAMENTO BASEADO EM ÉTICA E FOCO
NO CONSUMIDOR PARA PROTEGER SEU BEM MAIS VALIOSO, QUE É A VIDA
Josusmar Sousa*
Omercado de seguros de benefícios ocupou
posição de destaque durante a pandemia,
ao levar proteção e assistência à sociedade, e
isso ampliou a conscientização sobre sua importância.
Com o potencial de crescimento, especialmente
no seguro de vida, a necessidade de profissionais de
seguros qualificados nunca foi tão grande, essa é a
melhor oportunidade para alcançar proativamente
os clientes, construir confiança e relacionamentos,
oferecendo um valor extraordinário à sociedade. Não
desperdice o legado de oportunidades que essa crise
nos deixou!
Uma das principais corretoras de seguros do
Brasil em seguros de vida, a Mister Líber tem como
premissa a qualificação e disseminação de conteúdo,
tanto que possui em sua sede em Pinheiros, em São
Paulo, salas de treinamento que recebem dezenas de
corretores interessados em aprimorar as técnicas de
vendas. Ter outras empresas qualificadas para a venda
do seguro de vida não é um problema, mas a solução.
O mercado de seguros no Brasil é subpenetrado, e só
vai crescer se tivermos outras pessoas levando esse
produto à sociedade. Especialmente no caso do seguro
de vida, precisamos ampliar a cultura no Brasil e a
percepção de sua importância. Por isso apostamos na
qualificação e no compartilhamento de conhecimento,
para que todos possam juntos se desenvolver.
Quem participa de meus treinamentos observa
o mar de oportunidades que se abrem para o seguro
de vida. Aconselho a cada um que coloque sua mente
em forma para registrar e desenvolver sua chance
quando ela se aproxima. Durante a pandemia as pessoas
trocaram as viagens pelo mundo afora por idas
ao consultório médico. Devemos ser simples e memoráveis
para os clientes, trazendo exemplos marcantes
como esse. Vendemos uma jornada, o cérebro gosta
de clareza, as pessoas gostam da simplicidade.
Um grande segredo para construir relação de
confiança com o cliente é colocá-lo no centro de tudo.
O cliente é herói, passa por dificuldades e sempre
acaba vencendo, se tem a ajuda de um bom planejamento
de seguros. Faço o cliente se sentir um herói,
ele chega com um problema eu o ajudo a resolver,
a história gira em torno dele. Para realmente jogar a
luz em cima dos clientes é importante ter conversas
mais profundas, gerando uma escuta mais autêntica.
Quanto mais você conversar com o cliente mais ele
irá se conectar. “O que está acontecendo com você?
Me fale, sinceramente”, é um exemplo de fala que cria
proximidade.
Uma dica preciosa para seguir em aprimoramento
é fazer parte da MDRT – Million Dollar Round
Table (Mesa Redonda do Milhão de Dólares), entidade
de ensino e boas práticas sobre seguros de vida do
mundo. A MDRT oferece aprendizado compartilhado
com a indústria de seguros mundial, são mais de 200
mil países e 70.000 membros. Tenho a honra de ser presidente
no Brasil, com a missão de ampliar a participação
nos brasileiros na entidade para, principalmente,
ampliar a conscientização sobre a cultura do seguro de
vida em nosso país. Os membros da MDRT cumprem
um código de ética mais rígido, o que aumenta a confiança
dos clientes. Além de propiciar uma evolução no
atendimento ao qual o cliente é beneficiado, com novos
métodos e estratégias de oferta de produtos.
Uma ideia compartilhada com uma caneta e
um papel torna-se um milagre! Leonardo Da Vinci não
tinha nada além de uma tela vazia, o que fez a Monalisa
se tonar a obra mais valiosa do mundo foi o tempo
dedicado ao trabalho. Fazendo analogia, o nosso trabalho
é como uma obra de arte financeira, que durará
por gerações.
Por fim, esteja motivado e disposto para vender.
Faça uma lista de coisas a ser grato, nenhuma
emoção negativa consegue superar a gratidão. É um
momento de se manter focado e otimista. O otimista
sabe que temos problemas
sérios, mas acredita que pode
resolvê-los. A melhor maneira de
ser otimista é ser grato. Ao que
você é grato?
* JOSUSMAR SOUSA
Corretor de seguros, CEO da
Mister Líber Corretora de Seguros,
e presidente Brasil da MDRT
(Million Dollar Round Table)
21
EVENTO
CNSEG
Nova administração toma posse para o triênio 2022-2025
DYOGO OLIVEIRA SERÁ O
PRESIDENTE EXECUTIVO E ROBERTO
SANTOS PRESIDIRÁ O CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE
O
economista e ex-ministro do Planejamento,
Desenvolvimento e
Gestão, Dyogo Oliveira, assumiu
a presidência executiva, enquanto Roberto
Santos, CEO da Porto, será o presidente
do Conselho de Administração da
Confederação Nacional das Seguradoras
para o triênio 2022/25. A meta de ambos
os presidentes é contribuir para o desenvolvimento
do país e para a sociedade,
aumentando, consequentemente, a participação
do setor no PIB.
Marcio Coriolano, presidente que
deixou o cargo após seis anos, afirmou
que um ganho efetivo da sua gestão foi
o empenho para ampliar o contato direto
da entidade com a sociedade, com o
objetivo de difundir a cultura do seguro.
“Temos que fazer a informação e a importância
do seguro chegar à sociedade”,
ratificou.
Segundo Coriolano, o trabalho
desta administração é fruto de um trabalho
construído ao longo das administrações
passadas. “Foram deixadas
várias sementes: algumas serão frutificadas,
outras precisarão mudar. Durante
muito tempo falamos sobre a revolução
silenciosa, com mudanças grandes dos
rankings de produtos. Há 6 anos, o mercado
era completamente diferente, pela
sua especialização e competitividade”.
A diversificação de produtos
veio das ações de uma população mais
consciente de suas necessidades e, hoje,
muitos ramos sem importância no passado
ocupam lugar de destaque, como
rural, riscos cibernéticos e responsabilidade
civil.
“A tecnologia permitiu que o mercado
de seguros chegasse ao público de
forma geral. Assim como o trabalho de
aproximação com os órgãos de defesa do
Marcio Coriolano e Dyogo Oliveira
Roberto Santos
consumidor contribuiu para a melhor compreensão do que se compra”,
comemorou o presidente que está deixando a entidade.
Um dos comentários mais orgulhosos de Coriolano foi sobre
o sistema de gestão que ocupou espaço na CNseg: “trouxemos a Governança
de padrão empresarial para dentro da CNseg, com a profissionalização
dos quadros e o preparo para representar melhor os
interesses da casa”.
NOVOS TITULARES
Dyogo Oliveira, novo presidente executivo da CNseg, já possui
experiência no setor, tendo ocupado a presidência do CNSP
(Conselho Nacional de Seguros Privados), entre outros cargos ligados
ao seguro.
“Este processo de transição representa o ápice do amadurecimento
da indústria de seguros. Ela se desenvolveu de maneira vertiginosa
nos últimos anos. Em 2006, fazíamos a abertura do mercado
de resseguros no Brasil. Em 16 anos temos 146 resseguradores autorizados
a atuar no Brasil e 160 seguradoras”, pontuou.
O novo presidente executivo destacou que a nova gestão, assim
como a anterior, terá conformação como a maioria das empresas
do país, com gestão voltada para o compliance das ações. “A CNseg
possui uma estrututra representativa com eficiência de gestão. São
funções diferentes, com conselho definindo as diretrizes e a executiva
colocando elas em prática”.
“A flexibilidade e as possibilidades de produtos hoje é maior,
fazendo o nosso mercado plural e competitivo. Queremos demonstrar
para a sociedade a transformação que fizemos no mercado. A
representatividade e a natureza mudou, porque o mercado já não
é fechado, sem competição, isolado. Ele tem muita diversificação”,
afirmou o executivo.
“Temos que demonstrar o serviço que prestamos à sociedade,
atendendo as pessoas em seu momento crítico, de doença, perda
de renda, morte, danos de toda sorte. Quando compreendemos
isso, surgem outras oportunidades de ajudar a sociedade, como em
catástrofes, questões ambientais, sociais, uma série de riscos com os
quais a indústria poderia contribuir”, antecipou Oliveira.
A longa experiência de Dyogo Oliveira no Governo traz um
ativo para manter o contato e estar mais presente nas discussões
para resolver as grandes questões do País. O seguro pode ser excelente
para ajudar várias delas.
22
Diretoria da CNseg e Federações
Sobre a comunicação da imagem do mercado, o novo presidente
do Conselho da CNseg, Roberto Santos, disse que ela é bastante
conservadora. “Até como empregadores, temos dificuldades
em atrair talentos. Isso é completamente inverso, porque já mudamos
muito. Existe uma agenda de eficiência operacional que passa
pela transformação digital. Do ponto de vista de sofisticação, precificação,
telemetria, o Brasil é um dos países mais avançados no uso
da tecnologia”.
Oliveira disse que há uma convergência de objetivos em prol
do mercado saudável, práticas leais, qualidade de atendimento ao
segurado.
OPEN INSURANCE
O investimento feito pelas seguradoras para adequação ao
Open Insurance está na casa das centenas de milhões de reais. “Ele é
uma novidade como canal de distribuição e ainda não há uma tecnologia
vencedora. Em um processo desta magnitude, que vai envolver
65 empresas com participação obrigatória e, ainda, todo o mercado
de outro lado, há uma série de questões para serem ajustadas”.
Algumas etapas precisam ser ajustadas à realidade, porque
ninguém nunca fez isso. A abrangência de alguns ramos não se justifica,
começando pelos ramos que não tem apólices emitidas no último
ano, ou para riscos muito exclusivos, como petróleo, por exemplo.
“O mais importante é a construção deste ambiente, porque o Open
Insurance é a possibilidade de compartilhar todas as informações das
seguradoras em um mesmo ambiente. Por outro lado, é um market
place para corretores, segurados e seguradoras, tudo isso compatível
com o Open Banking. É um projeto de grande magnitude”.
85% do mercado ja cumpriu a etapa de desenvolvimento de
API’s de produtos. A segunda fase é de API’s de dados dos segurados
e, a terceira, é de compartilhamento das informações.
A SISS tem uma posição dúbia, pois, ao mesmo tempo que
é parte do setor, que agrega os dados, ainda é uma participante do
negócio. “Esta natureza dupla não está bem esclarecida e precisa
de mais informação no próprio conceito. Esta sociedade substitui o
corretor ou não? É remunerada pela corretagem ou não? Há duvidas
sobre a sua natureza e função”, ressaltou Oliveira.
Roberto Santos disse que o Open Insurance é uma aposta em
algo que não está claro, com um cronograma “insano” de prazo para
construção do processo, daí a necessidade dos investimentos, com
muitas dúvidas. “Não está claro o papel da SISS, porque atuamos com
corretores, como no mundo todo. A Susep
está trabalhando e nenhuma empresa se
habilitou a atuar como SISS. Não somos
contra o Open Insurance, mas a dúvida é
quanto a pressa em fazer isso e, nosso sentimento,
é que o regulador pede para que
a gente construa uma estrada super sofisticada
sem saber quem vai passar nela”, comparou
o presidente do Conselho da CNseg.
FEDERAÇÕES
A Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida, Fenaprevi, também
conta com novo titular. Edson Luís Franco,
CEO da Zurich Brasil, é o novo presidente
da entidade, em substituição a Jorge Polhmann
Nasser, da Bradesco Vida, Previdência
e Capitalização, que passará a ser
o 1° vice-presidente.
Franco assumiu o comando da Federação
em fevereiro deste ano, ao mesmo
tempo que os novos gestores das principais
entidades ligadas ao setor de seguros e previdência.
“Seguiremos firmes na missão que
nos foi dada para, junto com toda a Diretoria
Estatutária e equipe da Fenaprevi, atuar
em prol do desenvolvimento do setor, da
nossa sociedade e do País como um todo”,
afirmou Edson Franco em discurso.
Na Federação Nacional de Saúde
Suplementar (Fenasaúde), Manoel Perez,
da Bradesco Saúde, assume a presidência
em substituição a João Alceu Amoroso
Lima. Na FenaCap, Marcelo Farinha continua
à frente da entidade, assim como Antonio
Trindade, que segue presidente da
Fenseg. Em seu discurso, Trindade destacou
que à medida que cresce na sociedade
a demanda por proteção, cresce ainda
mais a nossa responsabilidade na promoção
e defesa do mercado segurador”.
23
ESPECIAL SEGURO DE VIDA
CARTEIRA
Meu seguro, minha vida
A SINISTRALIDADE ELEVADA AO
LONGO DA PANDEMIA AMPLIFICOU A
PERCEPÇÃO DE RISCO NA POPULAÇÃO E,
COM ISSO, O SEGURO DE VIDA TORNOU-
SE UM DOS ATIVOS SECURITÁRIOS
MAIS PROCURADOS, REGISTRANDO
O CRESCIMENTO DE NÚMEROS E
PERCENTUAIS QUE PODERÃO OU NÃO
SER MANTIDOS ESTE ANO, APÓS O
RECUO DA COVID-19, E NOS VINDOUROS.
TUDO DEPENDERÁ, PORÉM, DA
CONSCIÊNCIA DO CONSUMIDOR E DE UM
PROFUNDO E INCANSÁVEL TRABALHO
DE SEGURADORAS, INSURTECHS E
CORRETORES PARA QUE O SEGURO DE
VIDA ENTRE DEFINITIVAMENTE NA PAUTA
FINANCEIRA DA FAMÍLIA BRASILEIRA,
DE FORMA SEMPRE INOVADORA E
IRREVERSÍVEL
André Felipe de Lima
Houve um tempo, e não necessariamente
em priscas eras, certamente
entre 2005 e 2010, que
o seguro de vida era algo considerado
supérfluo pelo brasileiro. Para se ter uma
ideia da dimensão e importância da assertiva,
somente cerca de 7% ou 8%,
no máximo isso, da população tinham
no seu plano familiar uma apólice de
vida, um modelo securitário que brotou
no mercado brasileiro — aí sim, em
priscas eras — por volta de 1855. Precisou
de quase dois séculos e, sobretudo,
depois— não se pode negar — de uma
devastadora pandemia, para que os brasileiros
e qualquer cidadão de outra nacionalidade
acordassem, com o perdão
do trocadilho, para a vida... para o seguro
de vida. Não que estejamos no melhor dos mundos em relação a
esse modelo tão importante da indústria securitária. Comparando
o desempenho do mercado interno com o de mercados mais maduros,
como o americano e o europeu, estamos muito aquém do
ideal. Falta-nos algo tão alardeado por entidades representativas do
setor, como CNseg e Fenacor, bem como por seguradoras e corretores.
Falta-nos cultura securitária. Não conhecemos a relevância do
seguro. Mas, como já frisado, a pandemia parece ter estimulado em
boa parte da população brasileira a percepção do risco. Ou seja, hoje
sentimos mais medo, preocupamo-nos mais com planejamento financeiro
familiar... planejamento do futuro. Mas a estrada é longa
até termos um setor devidamente internalizado pelo consumidor.
“Sabemos que o brasileiro compra pouco seguro de vida. Aliás,
o brasileiro compra pouco seguro de um modo geral. Por dois
motivos: primeiro, para alguns, seguro é necessário desde que tenha
uma lei que o exija. Não há regra que obrigue a aquisição de cobertura
para terceiros no seguro auto, como têm para diversos seguros, o
de responsabilidade civil de exploração de petróleo, por exemplo. O
24
segundo ponto é a ausência de catástrofes naturais. Isso, querendo
ou não, atua bastante na percepção de risco. Acho que percepção
de risco é um ponto importante que tem tudo a ver com a pandemia”,
esclarece o head de seguros do C6 Bank, Fabio Basilone. “Ainda
não sei, contudo, se (o brasileiro) incorporou essa cultura ou se foi
só uma resposta de momento. Ou, se de fato as pessoas daqui para
frente vão falar que não vivem mais sem uma proteção e que entenderam
como funciona (o seguro) e não vivem mais sem isso. Acabou
a pandemia, não se usa mais máscara e o segurado deixa de pagar o
seguro de vida.”
Os percentuais destes mais previdentes e atentos ao risco
ainda não são satisfatórios, frise-se aqui, mas definitivamente estão
acima daqueles apurados 10 ou 15 anos atrás. Recorrendo à velha
piada que todos repetem no dia a dia dos que “respiram” o setor,
ainda não acordamos com vontade de contratar um seguro de vida.
Mas muita coisa vem mudando desde que a Covid-19 e suas mortíferas
variantes elevaram a sinistralidade nos seguros de pessoas,
prioritariamente os de vida, por conta dos elevados números de
mortes dos últimos dois anos, ou seja, de março de 2020 (começo
da pandemia no país) até o começo deste ano. O setor de seguros
sentiu o impacto, principalmente em abril de 2021, quando foi registrado
o pior momento da escalada do vírus mortal, com média
quase que diária de pouco mais de 3 mil mortes.
De lá para cá, a curva de mortes por Covid-19, é verdade, vem
diminuindo, mas a pandemia, apesar da vacinação em massa em
inúmeras doses por pessoa, permanece matando no Brasil, no mundo
todo. A consciência dessa dramática realidade parece ser coletivamente
a de milhões de brasileiros.
“Houve um momento em que estávamos regulando cerca
de 300 sinistros ao mesmo tempo. Por conta disso, criamos comitês
com as seguradoras para discutir as prioridades dos sinistros tamanho
era o volume deles. Mas estes números, graças a Deus, não só
pelo seguro, mas pelas vidas, estão se estabilizando. O crescimento
do seguro de vida não tem volta. Mas depende muito de nós, do
mercado. Não adianta continuarmos vendendo o seguro de vida
como vendia-se há três anos. O consumidor está ali, mas quem tem
que fazer o trabalho de identificação da necessidade dele e apresentar
as melhores alternativas continua sendo nós, os profissionais
de mercado”, avalia o diretor-executivo e de Vida da D’Or Consultoria,
Pedro Monteiro.
NÚMEROS POSITIVOS
A falta de cultura em seguros do consumidor, embora com
percepção de risco mais acentuada, acende o sinal de alerta para
um possível recuo de números do seguro de vida bastante positivo
nos primeiros meses deste ano, como apontam dados da Susep. A
carteira de vida cresceu 17,8% em janeiro de 2022 em relação ao
mesmo mês de 2021, arrecadando R$ 1,92 bilhão. O crescimento
das contratações do seguro de vida individual foi ainda maior, chegando
a aproximadamente R$ 8 bilhões de janeiro a março.
“No período de abril de 2020 a março de 2022, foram pagos
R$ 6,5 bilhões por sinistros decorrentes de Covid-19, equivale a
mais de 170 mil sinistros, sendo que essas indenizações se referem a
FABIO BASILONE,
do C6 Bank
contratos de seguros de vida, prestamista,
funeral, viagem, previdência privada e
diárias por incapacidade e de internação
hospitalar, todos com previsão de cobertura
por morte. Os seguros de pessoas alcançaram
R$ 4,2 bilhões em prêmios em
fevereiro de 2022, resultado 3,8% maior
do que no mês anterior, segundo a Federação
Nacional de Previdência Privada e
Vida, a Fenaprevi. O seguro de vida continua
sendo o de maior adesão, com aproximadamente
R$ 2 bilhões em prêmios
em fevereiro. Desse total, R$ 1,1 bilhão se
referem à modalidade vida em grupo e
R$ 817 milhões ao vida individual”, cita o
corretor Jayme Torres, da Santeé Rio Corretora
de Seguros.
PEDRO MONTEIRO,
da D’Or
25
ESPECIAL SEGURO DE VIDA
CARTEIRA
em um volume pago de sinistros 116% maior em relação a abril do
ano passado, totalizando R$ 1,8 bilhão em indenizações no mês. São
números que conferem um novo sentimento da sociedade sobre a
importância do seguro de pessoas”, diz Perissé.
Essa percepção, reforça o presidente do CVG-RJ, levou uma
parcela cada vez maior de brasileiros a buscar um seguro de vida. Em
2020, as contratações individuais do produto cresceram 26,2%, em
prêmios pagos, em relação ao ano anterior, conforme dados da Fenaprevi.
O segmento de vida em grupo, ou seja, produtos oferecidos
pelas empresas aos funcionários, também apresentou crescimento
de 3,6% em prêmios. “Ainda que a economia tenha retraído 4,1% no
ano passado”, assinala Perissé.
JAYME TORRES,
da Santeé Rio
Presidente do Clube Vida em
Grupo do Rio de Janeiro (CVG-RJ), Octávio
Perissé ressalta que o cenário identificado
pela Fenaprevi é atribuído não
somente pelo crescimento desafiador
da pandemia, mas também pelo desdobramento
que a doença desencadeou,
como o avanço do desemprego e a necessidade
de aceleração do programa
de imunização da população. “Segundo
análise da Fenaprevi, com a qual concordo
plenamente, este panorama despertou
no brasileiro a conscientização sobre
a necessidade de buscar proteção para si
e para a família. Nada melhor do que os
números para provarmos esta tese. O impacto
da pandemia da Covid-19 resultou
BERNARDO RIBEIRO,
da Azos
INDENIZAÇÕES EM VIDA
Apólice indagou sobre quais modelos de cobertura as seguradoras
oferecem para que os consumidores recebam a indenização
em vida e quais deles sobressaem junto ao consumidor. Monteiro,
da D’Or Consultoria, frisa que o seguro de vida sempre ostentou um
viés tradicional e que somente agora começa a modernizar-se.
O executivo recorda que as modificações de coberturas
existentes, por exemplo, de invalidez por doença, eram definidas
a partir do laudo do INSS, ou seja, cabia ao órgão público declarar
que a pessoa estava inválida e ao seguro acompanhar esse processo.
“Isso ocasionava um nível de fraude absurdo até que houve
uma modificação e passou a ter a IFTD (invalidez funcional permanente
e total por doença), a cobertura facultativa por doença
de uma maneira diferente. Hoje, por exemplo, para que a pessoa
seja definida como inválida por doença tem que passar por uma
análise médica, preenche-se um questionário e ela só recebe a indenização
quando está completamente inválida, não consegue se
locomover, se alimentar, enfim, está dependente completamente”,
explica Monteiro.
Sócio e fundador da insurtech Azos, Bernardo Ribeiro lista
como coberturas mais comuns em vida diagnósticos de doenças
graves, invalidez tanto por doenças quanto por acidentes e diárias
de internação hospitalar ou de incapacidade temporária. “No geral,
o consumidor procura mais o seguro contra doenças graves e as diárias
de incapacidade ou de internação”, afirma Ribeiro.
Fundada em 2020, no começo da pandemia, a Azos, cujo
foco concentra-se em seguros de vida à margem do tradicionalismo
que sempre moldou a carteira, recebeu um vultoso aporte de
R$ 55 milhões em novembro do ano passado do fundo Prosus (ex-
-Naspers). Segundo Ribeiro, a cobertura de morte é a mais procurada
na jovem seguradora. “Estamos confiantes que esse mercado
vai manter um bom ritmo de crescimento mesmo quando a pandemia
acabar”, prevê.
Para Perissé, do CVG-RJ, o seguro de vida mais comum é ainda
o seguro tradicional, que oferece cobertura no caso de morte e tem
reenquadramento etário para os aumentos anuais e seguro de vida
resgatável, modelo que nem todas as seguradoras oferecem. E qual
a diferença? Pressé explica: “O seguro de vida resgatável não tem reenquadramento
etário, ele tem a possibilidade de resgates em vida,
não precisa esperar no caso de morte para ter ressarcimento apenas
26
ESPECIAL SEGURO DE VIDA
CARTEIRA
LUIZ MÁRIO RUTOWISCH,
do CCS-RJ
para os beneficiários e a outra vantagem
do seguro de vida resgatável é que a pessoa
pode programar um tempo e quitar
esse seguro, então se a pessoa contrata
hoje para pagar durante 30 anos o seguro,
no final desses 30 anos vai ter reserva
acumulada, tanto pode resgatar como
pode quitar esse seguro vitaliciamente e
a partir dali não precisa pagar mais”, justifica
o executivo.
SINISTROS X PRECIFICAÇÃO
O item “preço” permanece como
fiel da balança para a evolução do seguro
de vida nos últimos anos. Esse fator
não impediu, contudo, a corrida pelas
apólices de vida ao longo da escalada
de sinistros na pandemia da Covid-19,
como destaca o presidente do Clube dos
Corretores de Seguros do Rio de Janeiro
(CCS-RJ), Luiz Mário Rutowisch: “o preço
sempre foi o balizador para o consumo,
porém, com a pandemia, a necessidade
de se ter uma apólice de seguro de vida
aflorou. O consumidor jovem começa a
identificar os benefícios de um seguro de
vida e assim aumentar os índices de consumo
do produto.”
Para Pedro Monteiro segue a mesma
linha, ou seja, o preço é determinante
para a evolução ou não da carteira. “Só
que na contrapartida tivemos nesses
dois últimos anos um aumento considerável
do número de sinistros. A gente
teve, por exemplo, e foi um movimento
interessante porque as seguradoras começaram a colocar carência
para casos de Covid. Para contratar um seguro, a empresa precisava
cumprir 90 dias de carência. As seguradoras não sabiam qual seria
o impacto. No decorrer do tempo — estamos falando de dois anos
cheios, de março de 2020 a março de 2022 —, algumas seguradoras
não conseguiram se manter no mercado, algumas saíram, pararam
com a operação de vida porque não tinham uma carteira que conseguisse
fazer o equilíbrio entre o prêmio e o sinistro. Outras apostaram,
entendendo o seguinte: é um momento pontual. Não sabemos
se vai levar um mês, dois meses, um ano, dois anos, três anos, mas
é pontual. A pandemia é pontual. Em algum momento ela vai parar”,
lembra Monteiro, para quem o volume de sinistros dos últimos
dois anos “atrapalhou bastante” a precificação. “Quem apostou em
uma política de preço competitiva, mesmo com a pandemia, teve
um melhor resultado nesse período. Esse equilíbrio entre preço e sinistro
aconteceu de maneira bem determinante, mas aquelas companhias
que botaram o olho nisso e tentaram buscar o equilíbrio,
agora começam a colher um resultado melhor.”
Os dois fatores, no caso o preço e o elevado índice de sinistro
ao longo da pandemia, se equilibram, segundo Octávio Perrisé, e a
contratação de apólices de vida não deverá recuar: “os analistas já
detectaram uma tendência de crescimento maior ainda nos próximos
anos devido à conscientização da população da necessidade
de proteger, cuidar e amparar seus entes queridos em casos de morte,
invalidez, doenças graves, afastamento profissional temporário,
em especial para quem não tem carteira assinada, os autônomos
ou MEI’s. Devido à variedade de produtos oferecidos pelo mercado,
moldada para estes novos consumidores, e quase todos adaptados
a esta nova realidade de precaução, cuidados e inflação alta, os preços
tornaram-se mais flexíveis e até mais baratos para atender a população
de baixa renda.”
Jayme Torres lembra que a carteira de seguro de vida já crescia
antes mesmo da pandemia. “O preço não foi determinante para
essa evolução até porque se trata de taxa sobre o capital segurado.
O que pode ocorrer é o capital não ser suficiente para satisfazer as
necessidades imediatas dos beneficiários”, deduz Torres.
Para Bernardo Ribeiro, a pandemia fomentou debates sobre
fragilidade e vulnerabilidade que se desdobraram na busca por seguro
de vida. “Aliado a isso, empresas novas (insurtechs) no mercado
questionaram as grandes margens de lucro com que as empresas
operam aqui no Brasil (segunda maior margem de lucro no mundo)
e estão oferecendo seguros mais acessíveis para o cliente final. Com
isso, tivemos a junção desses dois fatores: pessoas mais sensibilizadas
sobre a importância do seguro com ofertas mais acessíveis”, entende
o executivo da Azos.
PARENTES BENEFICIÁRIOS
Afinal, coberturas como doenças graves, incapacidade temporária
e produtos resgatáveis podem contribuir para que os titulares
dos planos também sejam os beneficiários? Rutowisch, do CCS-
-RJ, explica que esses produtos já são de usufruto pessoal e entram
num momento da vida em que o titular mais precisa e, assim, seguir
com seus propósitos. “Entretanto, esse produto ainda não faz parte
28
de pesquisas pela maior parte do consumidor brasileiro. Mas muitas
seguradoras especializadas no segmento oferecerem, como também
as microsseguradoras que atuam nesse segmento.”
Perissé acredita que cada vez mais serão deflagradas oportunidades
diferenciadas que atendam à demanda do consumidor
da atualidade: “a tendência é o desenvolvimento de produtos que
possam ser usufruídos em vida, como a assistência pet, focados no
público jovem, que sinalizam uma tendência inovadora para um seguro
que sempre foi muito voltado para o amparo pós-morte. Existe
uma preocupação permanente em encontrar estas coberturas
voltadas para este novo nicho de mercado que foi atraído com a
pandemia: o jovem. O Brasil ainda tem muito espaço para crescimento.
Além dos jovens, outro nicho importante, que merece muita
atenção dos nossos especialistas, é a população de baixa renda. Há,
hoje, seguros a partir de R$ 9 mensais, segundo dados da Fenaprevi.”
Bernardo Ribeiro avalia que as coberturas contra doenças
graves e incapacidade temporária são produtos que possuem
muita procura. “Seguros resgatáveis, na grande maioria dos casos,
são produtos que não fazem sentido nem como investimento e
muito menos como seguro. Nós recomendamos que as pessoas
contratem um seguro bom e invistam o restante com especialistas
em investimentos. A tendência de seguros resgatáveis em outros
países é de queda. Mercados maduros, no geral, não vendem seguros
resgatáveis.”
Para Jayme Torres, não há, porém, uma tendência, mas sim
uma evolução dos produtos, que — frisa o corretor — existem há
vários anos, sofrendo, entretanto, o impacto da inflação que corria a
moeda diariamente antes mesmo da implantação do real. “Isso impedia
a criação desses produtos por parte das seguradoras, dificultando
a criação da cultura por essa modalidade no Brasil, enquanto
nos países da Europa, Estados Unidos e Japão, os seguros de vida
resgatáveis estão consolidados há tempos”, conclui o executivo da
Santeé Rio.
VIDA E PRESTAMISTA JUNTOS
A pandemia fragilizou economias e, fundamentalmente,
pessoas. Sinais de que modelos de seguro de vida incorporam um
viés prestamista se intensificaram nos últimos dois anos no mercado
brasileiro, afinal, o seguro prestamista, em sua origem conceitual,
é aplicado para quem possui compromissos financeiros,
pondera Perissé. “Por isso que se tornou muito importante mesclar
também com um seguro de vida, porque abrange empréstimo, financiamento,
condomínio, consórcio etc. Tem uma série de vantagens
e possibilidades que o seguro prestamista oferece ao consumidor”,
lista o executivo.
Pedro Monteiro explica, contudo, que um dos aspectos abordados
pelo mercado consiste em um mix entre risco, que é o seguro
de vida tradicional, no qual a pessoa é o próprio risco, ou seja, ela
morreu, logo a família receberá, e a previdência, que é efetivamente
a acumulação de reserva. “Em 1998, aproximadamente, trabalhei
numa seguradora de vida que não tem mais no mercado, ela foi vendida
para a MetLife e, nessa seguradora, o produto forte dela chamava-se
Vida Flex, que era um produto de vida com previdência, com
OCTÁVIO PERRISÉ,
do CVG-RJ
formações de reserva financeira. Esses
produtos que têm o mix de risco com formação
de reserva evoluíram no Brasil. Mas
tem muito a evoluir ainda. Há muito espaço
para criação de produtos diferentes.”
O fato é que o seguro de vida está
no centro do debate no mercado securitário
(e fora dele também!) pela expansão
da carteira verificada ao longo da pandemia,
e os números certificam isso. Parte
significativa da população amplificou a
preocupação com o futuro e conscientizou-se
de que o risco não pode ser ignorado.
“Estamos expostos e o seguro de
vida foi visualizado pela população como
uma excelente proteção para todos”, conclui
Perissé.
Se o consumidor vem demonstrando
esse perfil, o setor deve estar atento
aos sinais emitidos pela população.
Como alerta Pedro Monteiro, cabe ao profissional
do mercado segurador explicar
ao consumidor o que significa o “diferente”
em seguro de vida e quais são as alternativas
para o caso dele: “Sempre falo que
o nosso trabalho tem que ser de pessoa
a pessoa, de conta a conta. Como profissionais
de mercado, temos de aproveitar
esse momento em que as pessoas estão
com um nível de percepção muito maior
e explicar efetivamente, caso a caso. Não
dá mais para deixar de oferecer hoje para
um cliente um seguro de vida, um seguro
de previdência e um seguro resgatável.
Temos que ser consultivos.”
29
ESPECIAL SEGURO DE VIDA
BARREIRAS
Querem comprar. Sabemos vender?
O SEGURO DE VIDA EXPANDE-SE A OLHOS VISTOS, MAS SEGURADORAS E CORRETORES AINDA SE
DEPARAM COM ENTRAVES PARA COMERCIALIZÁ-LO E RECOMENDAM, ALÉM DA MODERNIZAÇÃO CONTÍNUA
DE PRODUTOS, A INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO CONSULTIVO DURANTE A VENDA DE APÓLICES
André Felipe de Lima
Quem disse que vender seguro de
vida é simples? Não é, nunca foi
e, como funciona para qualquer
outro produto, nunca será. Mas esse fator
denominado “dificuldade” é bastante relativo
e pode depender (e muito) do perfil,
ou melhor, da postura e do conhecimento
de causa que ostente o vendedor,
nesse caso, especificamente, o corretor
de seguros. Se o profissional for otimista,
será, como dizem, metade do caminho
percorrido. Mas esse, digamos, "entusiasmo",
pode não ser suficiente para superar
todas as barreiras que o separam do
consumidor. A primeira delas, a percepção
de que o brasileiro, embora hoje —
notadamente devido à pandemia da Covid-19 — mais próximo do
seguro de vida, ainda não internalizou que este modelo de seguro é
fundamental não somente para momentos críticos como estes que
vivemos, mas, sim, para vida toda. Vida dele e da família.
Considerando, mesmo que superficialmente, uma incursão
psicológica, a pandemia incutiu uma preocupação com a morte no
cidadão, porém, este mesmo cidadão, ainda acha ser mais importante
pagar por um seguro para seu carro do que, propriamente,
para sua vida. É difícil imaginar que o seguro de automóvel seja
algo dispensável, mas é que o de vida também deve constar no
caderninho de contas mensais do brasileiro, cujo perfil se mantém
distante daquele que se preocupa com o planejamento financeiro
de longo prazo. No geral, lidar com o futuro ainda é uma dificuldade
para todos.
Mesmo que o seguro de vida individual venha se expandido
nos últimos dois anos, o fato é que as apólices em grupo prevalecem
30
em nítidas e reveladoras estatísticas apresentadas pela Superintendência
de Seguros Privados (Susep). Há, portanto, espaço para que
o seguro individual cresça ainda mais, mas isso dependerá não somente
dos produtos de vida cada vez mais flexíveis e inovadores,
mas (e sobretudo) de quem os comercializa. Barreiras para vendas,
como o desconhecimento do consumidor do que realmente venha
a ser um seguro de vida, o preço das apólices — que em algumas
situações pode afugentar o cidadão — e os escorregões no atendimento,
não podem ser ignoradas.
“Apesar de estarmos verificando uma mudança no comportamento
do brasileiro em relação ao seguro de vida, existem entraves
culturais para a venda do produto, como a falta de costume
de pensar em investimentos de longo prazo. Percebemos também
uma carência de informação a respeito do seguro de vida. Muitas
pessoas ainda acreditam que este é um investimento que apenas
os beneficiários podem acessar, caso o titular venha a faltar. Contudo
o produto pode ser customizado com outros seguros, como o
Serit (seguro de renda por incapacidade temporária), que garante
renda em caso de perda total ou temporária de capacidade laboral
por parte do beneficiário. Há ainda seguros de vida direcionados a
públicos específicos, como as mulheres, com cláusulas que garantem
o acesso ao benefício em caso de doenças, como o câncer de
mama, por exemplo, além de outras vantagens, como descontos em
estabelecimentos comerciais, serviços residenciais etc”, descreve o
superintendente comercial e de produtos vida, previdência e ramos
elementares da Seguros Unimed, Rodrigo Borges, para quem o valor
da contratação do produto não representa entrave. “Neste ponto,
a falta de conhecimento sobre o pequeno valor que se paga pelo
produto e a falta da cultura do planejamento de longo prazo, como
citado, são os principais empecilhos para a popularização do seguro
de vida no Brasil.”
A cultura do seguro (sempre ela) escassa precisa ser definitivamente
incorporada pelo país. Há uma urgência para que o brasileiro
se proteja financeiramente em um cenário hostil, no qual
reinam imperiosas crises sanitária, econômica e política e crescente
desemprego, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), esteve em 11,2%, em fevereiro, atingindo 12
milhões. E a maré não está mesmo para peixe, como dizem. Divulgados
recentemente, dados de um levantamento da agência de
classificação de risco Austin Rating, baseando-se em informações
do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 102 países, destacam
que a taxa de desemprego no Brasil será, muito provavelmente,
uma das maiores até o final do ano. Em resumo, o país será a 9ª
economia com a pior estimativa de desemprego, chegando a
13,7%, enquanto a média global será de 7,7% e a de emergentes
como o Brasil de 8,7%.
Mas é fato: uma das principais barreiras da indústria securitária
em geral vem sendo superada ao longo da pandemia: a digitalização.
A pandemia impôs um claustro social e colocou a faca no pescoço
do segurador: ou se moderniza, ou morre. Quebra. E não quebrou.
O mercado respondeu com resiliência e o emprego de tecnologias
que pudessem manter, mesmo a distância, o relacionamento com
o consumidor do seguro, hoje, inquestionavelmente, mais seletivo.
RODRIGO BORGES,
da Seguros Unimed
Mas, como alertam muitos especialistas, é
preciso acelerar ainda mais essa comunicação
e, claro, a modernização de A a Z no
setor. O seguro de vida parece ser a ponta
de lança desse processo na pandemia.
“Gosto de ressaltar a evolução do
nosso mercado, o crescimento constante
e consistente. O seguro de vida se tornou
a maior carteira em arrecadação de prêmios,
superando ramos que lideravam
habitualmente, como o automóvel e o
saúde. Há desafios em todos os produtos
e setores, mas esta liderança no ranking
demonstra que estamos no caminho certo
e, para que continue assim, precisamos
aumentar o volume de ofertas. Ainda temos
muitas pessoas que nunca receberam
uma proposta de seguro de vida. O
processo da oferta passa pela conscientização
da importância do seguro de vida e
o aculturamento do setor através de uma
constante capacitação”, afirma o diretor
comercial nacional Vida da Tokio Marine,
Marcos Kobayashi.
Corretor com vasta experiência,
o diretor da Kalua Corretora de Seguros,
Ricardo Hosannah, alerta, entretanto,
para a comunicação com o consumidor
em meio a um cenário de muitas ofertas:
“É complicado enquadrar o cliente
na necessidade dele. A maior dificuldade
hoje em dia para comercializar um
seguro de vida é a quantidade de ofertas
de produtos e detalhes. Por exemplo:
o corretor pega uma (apólice) de
31
ESPECIAL SEGURO DE VIDA
BARREIRAS
Os produtos estão mais modernos, com vários
serviços novos, como a telemedicina e as
coberturas em vida, o que deixa o seguro
mais completo, elevando o tíquete médio. A
personalização é outro fator importante, pois
permite que os clientes escolham as coberturas e
capitais mais adequados às suas necessidades,
inclusive na assistência funeral.”
MARCOS KOBAYASHi, Tokio Marine e CVG-SP
morte natural, uma de morte acidental
e outra de doenças graves — para essas
existem 10 ou 17 tipos — e tem que
tentar encaixar o que é melhor para o
cliente. Outro problema é quando são
apresentadas todas essas coberturas
para ele e o preço fica, às vezes, inviável.
Realmente, o desconhecimento (do
consumidor em geral) é grande, apesar
de que melhorou bastante. Quanto ao
preço, depende muito do que o cliente
quer de cobertura. Tem que sentar e
conversar com ele para entender, com
exatidão, tudo o que ele quer e encaixar
o seguro de uma forma que não
custe muito para ele. Se não fizer isso,
ele não contrata.”
PERMANECEMOS NÃO PENSANDO
NA MORTE?
Pode-se afirmar que aquela velha
máxima de que o “brasileiro não pensa
na morte” acabou após a trágica chegada
da pandemia? Para Hosannah não é
bem assim: “Não diria que acabou, mas
as pessoas estão mais preocupadas. A
pandemia assustou todo mundo. Pessoas
mais jovens estão mais preocupadas com
seguro de vida que no passado. A velha
máxima de que o brasileiro não pensa na
morte está acabando.”
Para Kobayashi, que também preside
o CVG-SP, pensar no futuro é um
exercício complexo e contínuo, e nesse
ponto o corretor de seguros é fundamental, como agente de proteção
e consultor, apoiando o cliente em seu planejamento financeiro.
“Podemos não querer pensar na morte, mas certamente nos preocupamos
com as pessoas que amamos, nossa família. O seguro de
vida possui coberturas e serviços para o próprio segurado, que pode
utilizá-los em vida. Destaco sempre a cobertura de invalidez por acidente,
uma vez que a dependência financeira, associada às sequelas
de uma ocorrência deste porte, são traumáticas. Além desta cobertura,
temos várias outras como a diária de internação hospitalar/
UTI, diária de incapacidade temporária, doenças graves. Contamos
também com os serviços de telemedicina, aplicativo vida saudável e
redes de desconto, inclusive em farmácias”, lista o executivo.
CORRETORES OU CONSULTORES?
O seguro de vida vem se abrindo para o consumidor, mas
também para o corretor, como um leque extraordinário de novos
produtos a serem comercialmente explorados, inclusive por meio da
venda cruzada, que o transformam em excelentes ferramentas de
planejamento financeiro e fazem do segurado um cliente fiel tanto
das seguradoras, quanto dos corretores, que se assumem verdadeiramente
consultores, e que deverão, daqui em diante, ter respostas
a todos os entraves com os quais se depararem durante a venda de
uma apólice de vida. Hosannah é otimista nesse sentido, porém com
parcimônia: “Hoje em dia, está mais fácil quebrar essas barreiras porque
as pessoas estão tomando mais consciência (da importância do
seguro de vida). Mas também é preciso que o corretor tenha conhecimento
do produto que está vendendo, porque há muitos detalhes
nas coberturas atuais.”
Borges reforça a importância do estilo “consultor”: “entendemos
que o papel do corretor é fazer uma boa análise das necessidades
de cada cliente, exercendo um papel consultivo, mostrando-se
interessado e preocupado com ele. Compreender o que os potenciais
clientes esperam do produto e informá-los sobre os benefícios
que uma apólice de seguro de vida pode trazer para eles em vida,
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além de apresentar o produto como um investimento financeiro,
que traz vantagens para toda a família. O diálogo é fundamental
para estabelecer uma relação de confiança com o cliente, de maneira
a posicionar o corretor como um consultor. Quando essa relação
é estabelecida, o profissional se torna um especialista, alguém que
o cliente irá procurar sempre que surgir a possibilidade de contratar
um produto relacionado ao setor de seguros.”
Para Kobayashi, o corretor de seguros deve ter e demonstrar
segurança, por isso, a importância da capacitação constante: “No
seguro de vida podemos afirmar que o risco é certo, portanto a pergunta
não é ‘se’ e sim, ‘quando?’. Com isso, há respostas para todas
as demais objeções.”
A venda consultiva, cuja origem remonta à década de 1970,
é uma via de mão única, ou seja, o essencial é compreender imediatamente
as necessidades do consumidor. Eis o primeiro passo para
que os corretores superem entraves na venda do seguro de vida.
“Sim, é o ideal, sobretudo, se corretor já sabe qual é a necessidade
do cliente, se torna tudo muito mais fácil. Mas sempre digo aos
meus colaboradores: ‘Vão devagar, conversem porque assim vão
descobrindo as necessidades do cliente’. Sem pressa para não tomarem
decisões que nada tenham a ver com aquilo que realmente
idealiza o cliente para si próprio. Se não seguir essa linha, os corretores
acharão que pescaram uma necessidade de imediato, mas,
na verdade, ela não existia. Tem que ter muito cuidado. O ideal é
exatamente assim: saber exatamente a necessidade do segurado”,
recomenda Hosannah.
Kobayashi não diverge. Para o presidente do CVG-SP, é imprescindível
para a elaboração de um planejamento pessoal, financeiro
e familiar conhecer o cliente, suas necessidades, disponibilidade
e recursos: “Conscientização é outro ponto a ser trabalhado,
demonstrando tudo que o seguro de vida pode garantir. Além dos
novos clientes, ainda temos muitos segurados com produtos, capitais
e coberturas inadequadas. O seguro de vida tem características
diferentes dos patrimoniais, onde a renovação costuma ser anual,
portanto monitorar e acompanhar a vida do segurado é fundamental
para manter o plano atualizado. A conquista da confiança do
cliente é a primeira venda. Após esta etapa, os produtos, seja vida
ou outros, serão consequência.”
O QUE MUDOU?
É notório que anos atrás a vida dos corretores, e isso vale
também para os dos ditos mercados mais “maduros”, era muito mais
complicada durante a comercialização de apólices de vida. Eles se
deparavam com contratos extensos e questionários intermináveis,
além de um sem número de exigências que, ao invés de facilitar, afugentavam
o consumidor. O corretor sofria também com um tíquete
baixo que se desdobravam em comissões desestimulantes. Vender
um seguro de vida e, mais ainda, renová-lo, sempre exigiu do corretor
muito mais do que se imagina. O que mudou de lá para cá nesse
complexo espectro comercial em vida?
“Todos estes pontos evoluíram e certamente continuarão
nos próximos anos. A tecnologia é o principal fator, onde temos
contratação online, declaração de saúde digital ou através de
RICARDO HOSANNAH,
da Kalua
tele-entrevista. As cotações podem ser
realizadas em aplicativos de maneira
simples, rápida e intuitiva. Os produtos
estão mais modernos, com vários serviços
novos, como a telemedicina e as
coberturas em vida, o que deixa o seguro
mais completo, elevando o tíquete
médio. A personalização é outro fator
importante, pois permite que os clientes
escolham as coberturas e capitais
mais adequados às suas necessidades,
inclusive na assistência funeral. Ainda
há muito para se explorar e inovar, principalmente
no campo da subscrição,
onde temos modelos preditivos que trarão
ainda mais agilidade e individualização
aos produtos”, sinaliza Kobayashi.
Mas o seguro de vida, na mesma
proporção que evoluiu em vendas, também
foi sofrendo mudanças significativas
em seu escopo e, além disso, exigiu —
como frisa Borges, da Seguros Unimed —
um comportamento mais humanizado
para mostrar a importância que o cliente
tem para a seguradora. “A Seguros Unimed
foi a primeira empresa a abrir mão
de cláusula contratual, que não obrigava
o pagamento de sinistro em caso de pandemia
nos produtos vida e Serit (seguro
de renda por incapacidade temporária).
As indenizações confirmadas em razão
da doença chegaram a R$ 234 milhões,
beneficiando mais de 13 mil segurados e
suas famílias, 53,5% deles, médicos”, destaca
Borges.
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ARTIGO
MDS
Quais são as principais agendas
para o líder de RH de 2022?
Paulo Loureiro*
Após 2 anos de pandemia, e apesar das expectativas
positivas em relação às mudanças
no ambiente corporativo, no Brasil, o setor
de Recursos Humanos ainda enfrenta desafios em relação
à implementação de modelos de trabalho mais
adequados ao cenário atual.
Muitas incertezas ainda permanecem. Isso, porém,
não impede – na verdade, nos motiva – a seguir
com a atenção redobrada nas equipes, definindo um
planejamento estratégico capaz de prever e, sobretudo,
propor soluções para os diferentes cenários que se
apresentam.
Diante desses tempos incertos, mapeamos as
principais tendências para o setor em 2022.
RECURSOS HUMANOS, TECNOLOGIA E SAÚDE
As tendências aplicadas ao setor de RH precisam
ser posicionadas com objetividade, precisão,
flexibilidade e, ao mesmo tempo, com um olhar humanizado
sobre cada desafio e necessidade dos profissionais.
A área de Gestão de Pessoas e Benefícios
desafia as empresas a buscarem novas ferramentas e
mindsets que as ajudem a manter seus colaboradores
engajados e motivados.
Neste sentido, os serviços e tecnologias que
cercam os pilares da saúde e benefícios podem trazer
fluidez nos processos administrativos. Este tipo
de suporte especializado traz avanços significativos
para que o RH colabore ainda mais com o crescimento
dos negócios nas organizações. Entre os principais
benefícios da tecnologia no RH, podemos destacar
a automatização de processos e a diminuição da
burocracia, permitindo que os profissionais foquem
em questões estratégicas, na facilidade de tomada
de decisão - no que corresponde à gestão de pessoas
– e, também, na agilidade dos trâmites de recrutamento
e seleção.
BEM-ESTAR E SAÚDE MENTAL DOS
COLABORADORES
A atenção com a saúde dos funcionários precisa
ir além do óbvio. Um olhar mais cuidadoso com
a saúde, família, finanças, vida social e espiritualidade
podem fazer a diferença na saúde mental de todos.
Neste cenário, a inteligência emocional segue
com força e deve trabalhar temas voltados ao autoconhecimento
para melhor performance. No entanto,
a inteligência espiritual, tornando-a cada vez mais
valorizada como um indicador a favor da saúde e da
produtividade. Este tema está relacionado ao propósito
de vida de cada um. Para facilitar este trabalho, é
possível alinhar os objetivos entre as partes e mostrar
o impacto que isso reflete na vida de parceiros, clientes
e stakeholders.
QUALIDADE DE VIDA, HUMANIZAÇÃO,
EXPERIÊNCIA DO COLABORADOR
No âmbito da geração de consciência coletiva
como melhoria no desenvolvimento interpessoal é
correto afirmar que o maior desafio das empresas está
na condução do fator “qualidade de vida”.
Neste cenário, o que mais tem chamado a atenção
é a customização dos benefícios a cada integrante
da equipe. Esse tipo de gestão motiva e engaja, elevando
a produtividade. Além da remuneração, os desafios
e a qualidade de vida dentro da empresa, e fora
dela, são fatores que pesam na vida do indivíduo.
A experiência do colaborador é outro elemento-chave
no desenvolvimento da cultura organizacional
das empresas. O mapeamento da jornada de
trabalho é uma ferramenta importante para essa experiência
pois auxilia na mensuração dos resultados.
Um líder que sabe motivar seus funcionários conduz
a acobrança, mais liberdade de criatividade e menos
incertezas. Essa liderança precisa gerar mais autonomia
aos seus liderados, com responsabilidade, comprometimento,
orientação, inovação,
sustentabilidade e, acima
de tudo, reconhecimento.
* PAULO LOUREIRO
Vice-presidente de Saúde e
Benefícios da MDS
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