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Entrevista: Mercado da biomassa cresce no Brasil, mas precisa de atenção<br />
DESENVOLVIMENTO E<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
EMPRESA OFERECE SOLUÇÕES DE<br />
QUALIDADE EM EQUIPAMENTOS PARA<br />
MOVIMENTAÇÃO DE BIOMASSA<br />
ECONOMIA<br />
PORTO NO PARANÁ COMEÇA<br />
EXPORTAÇÃO INÉDITA NO BRASIL DE<br />
PELLETS DE MADEIRA PARA A EUROPA<br />
PELO MUNDO<br />
PESQUISADORES EUROPEUS COMEÇAM A PRODUZIR<br />
ETANOL A PARTIR DE RESÍDUO MADEIREIRO
GERADOR DE AR QUENTE PARA<br />
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SUMÁRIO<br />
06 | EDITORIAL<br />
Braço para produção<br />
08 | CARTAS<br />
10 | NOTAS<br />
22 | ENTREVISTA<br />
26 | PRINCIPAL<br />
32 | PELO MUNDO<br />
Madeira no tanque<br />
38 | ECONOMIA<br />
Do Brasil para o mundo<br />
44 | MERCADO<br />
Cenário positivo<br />
50 | EVENTO<br />
54 | ARTIGO<br />
62 | AGENDA<br />
66 | OPINIÃO<br />
Sustentabilidade: preocupação<br />
e verdade naquilo que fazemos<br />
04 www.REVISTABIOMAIS.com.br
EDITORIAL<br />
Na capa deste mês é estampado<br />
maquinário da Rocha Equipamentos<br />
para abastecimento de caldeiras, que<br />
utilizam biomassa como combustível<br />
BRAÇO PARA<br />
PRODUÇÃO<br />
A<br />
produção de energia elétrica de origem renovável no Brasil é três vezes superior à mundial.<br />
No país, 83% da eletricidade produzida vem de fontes renováveis. Já no mundo, essa proporção<br />
chega a 27%. Com a biomassa cada vez mais inserida nas indústrias, oferecer soluções de<br />
qualidade para a alimentação de combustível nas caldeiras é fundamental. Assim, a Rocha<br />
Equipamentos trabalha há 12 anos para suprir essa demanda no mercado e busca continuar crescendo<br />
para manter o status de referência no setor. Nesta edição, o Leitor também irá conferir uma entrevista<br />
exclusiva com Alex Wellington dos Santos, presidente da ACR (Associação Catarinense de Empresas<br />
Florestais) sobre as expectativas do mercado da biomassa no Brasil, além de reportagens especiais sobre<br />
inovação, mercado e muito mais. Tenha uma excelente leitura!<br />
EXPEDIENTE<br />
ANO IX - EDIÇÃO 51 - JUNHO 2022<br />
Diretor Comercial<br />
Fábio Alexandre Machado<br />
(fabiomachado@revistabiomais.com.br)<br />
Diretor Executivo<br />
Pedro Bartoski Jr<br />
(bartoski@revistabiomais.com.br)<br />
Redação<br />
Jorge de Souza<br />
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Dash7 Comunicação - Joseane Cristina Knop<br />
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(comercial@revistabiomais.com.br)<br />
Fone: +55 (41) 3333-1023<br />
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independente, dirigida aos produtores e consumidores de<br />
energias limpas e alternativas, produtores de resíduos para<br />
geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa,<br />
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entidades de classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente<br />
ligados ao segmento. A REVISTA BIOMAIS não se<br />
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CARTAS<br />
CAPA<br />
O empreendedorismo tem que ser sempre incentivado no Brasil. Exemplos de empresas que<br />
começam do zero e chegam no alto têm que sempre ganharem espaço.<br />
Marcelo Bueno – São Paulo (SP)<br />
Foto: divulgação<br />
ENTREVISTA<br />
Que a pesquisa e a ciência no Brasil sigam sendo prioridade. Essa iniciativa do pessoal do SENAI (Serviço Nacional da<br />
Indústria), no Mato Grosso do Sul, merece todo apoio!<br />
Luciana Bastos – Uberlândia (MG)<br />
INOVAÇÃO<br />
A biomassa da madeira é um dos principais exemplos de como reaproveitar os resíduos produtivos. É uma verdadeira<br />
mina de ouro.<br />
Carlos Gesicki – Lages (SC)<br />
MERCADO<br />
Investimentos públicos em fontes renováveis são essenciais para mudanças concretas<br />
na forma como a energia é tratada e oferecida ao consumidor no país.<br />
Ana Luiza Salto – Campinas (SP)<br />
Foto: divulgação<br />
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mí<br />
energia<br />
biomassa<br />
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NOTAS<br />
ENERGIA LIMPA<br />
A produção de energia elétrica de origem renovável no Brasil é três vezes superior à mundial. No país, 83% da eletricidade<br />
produzida vem de fontes renováveis. Já no mundo, essa proporção chega a 27%. Os dados foram divulgados durante o<br />
Seminário Energia, Desenvolvimento, Desafios e Oportunidades, promovido pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de<br />
Janeiro) e o Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro, recentemente. O evento virtual reuniu autoridades e especialistas do<br />
setor para debates sobre a produção energética do país e teve participação do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações,<br />
Paulo Alvim. Ele avaliou que o país já é reconhecido como importante fonte geradora no cenário mundial em relação à segurança<br />
energética e que o Brasil vem sendo referência em soluções diferenciadas no setor de óleo e gás. Na visão do ministro,<br />
o Estado do Rio de Janeiro tem um papel diferenciado para a produção de novos combustíveis e energia limpa que deve ser<br />
aproveitado. “O Rio de Janeiro não pode perder essa nova janela de oportunidade, quando falamos dos novos combustíveis<br />
da produção limpa, ou seja, contribuição científica e tecnológica. É um diferencial que precisa ser potencializado, pois falamos<br />
da geração de postos de trabalho, de renda, de nota fiscal, retomando um papel que o Rio de Janeiro sempre teve na área.”<br />
Ainda no seminário, o ministro Paulo Alvim destacou os esforços para a produção de energia nuclear no país. "Não só<br />
como alternativa de geração de energia, mas como aplicação das tecnologias nucleares na área de saúde, na área de alimentos,<br />
ou seja, na sua diversidade de benefícios que traz para a sociedade.”<br />
O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo César Magalhães<br />
Domingues, mostrou o volume crescente de investimentos que vem ocorrendo no setor de energias limpas e renováveis. "Faremos<br />
o maior leilão em termos de investimentos, serão mais de 15 bilhões lá na Bolsa de Valores de São Paulo. Ano que vem<br />
vamos bater todos os recordes de citação de obras de transmissão. O total previsto vai chegar a R$ 50 bilhões de investimento,<br />
já prevendo dois bipolos para o nordeste, para escoar a produção, já que o nordeste é um grande exportador de energia."<br />
O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), almirante Rodolfo Saboia, indicou<br />
que o mercado de gás natural no Brasil tem passado por uma transformação ainda maior que o de petróleo, mas esbarra na<br />
necessidade de uma estrutura maior para se desenvolver. “O Brasil carece enormemente de infraestrutura de gás natural.<br />
Temos algumas centenas de vezes menos quilômetros de gasodutos que os EUA (Estados Unidos da América), do que a<br />
Argentina. A gente já está vendo uma dinâmica diferente no mercado de gás natural, caminhando de um mercado que saiu<br />
do monopólio de fato da Petrobras, para um outro com simplificações regulatórias, porque o regime agora não é mais de concessões,<br />
agora é de autorizações, o que tem estimulado o mercado.”<br />
Dados divulgados no seminário mostram que o Brasil é um país de energia limpa, com 46% de toda sua fonte vinda de<br />
energia renovável, contra 14% no mundo. No setor de biocombustíveis, o país é o segundo maior produtor. A energia solar é a<br />
fonte que mais aumentou de produção no país, atualmente na 13º posição mundial.<br />
Foto: divulgação<br />
10 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Foto: divulgação<br />
AMAZÔNIA LEGAL<br />
Moradores de regiões de difícil acesso, principalmente na Amazônia, utilizam geradores movidos a óleo diesel para produzir<br />
energia elétrica. Além de custar caro, essa fonte é mais poluente. Para resolver essa situação, o Governo Federal publicou um decreto<br />
que regulamenta o Pró-Amazônia Legal (Programa de Redução Estrutural de Custos de Geração de Energia na Amazônia Legal) e de<br />
Navegabilidade do Rio Madeira e do Rio Tocantins, previsto na lei que autoriza o processo de desestatização da Eletrobras.<br />
Durante 10 anos, o programa vai receber R$ 295 milhões anualmente da Eletronorte para serem investidos em projetos que<br />
reduzam os custos de geração de energia elétrica sustentado pela CCC (Conta de Consumo de Combustíveis). A CCC é um encargo do<br />
setor elétrico brasileiro pago por todas as concessionárias de distribuição e de transmissão de energia elétrica. O dinheiro é usado para<br />
subsidiar os custos anuais de geração de Sistemas Isolados, que são áreas ainda não integradas ao SIN (Sistema Interligado Nacional).<br />
Cerca de 3 milhões de habitantes atendidos por sistemas isolados nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima<br />
serão beneficiados pelo Pró-Amazônia Legal. “Normalmente, essas localidades, por serem mais afastadas, utilizam muito os combustíveis<br />
fósseis, o diesel. E nem sempre é possível atender essas comunidades 24h (horas) por dia. A ideia, ao introduzir o programa é<br />
substituir o combustível fóssil pelo uso de fonte renovável de energia, combustíveis renováveis, eficiência energética, trocando equipamentos<br />
e melhorando o uso de energia nessas localidades mais afastadas e, se possível, integrar essas localidades ao SIN, utilizando<br />
linhas de transmissão ou linhas de distribuição”, explica o diretor do Departamento de Planejamento Energético do MME (Ministério<br />
de Minas e Energia), Thiago Prado.<br />
De acordo com o MME, o programa vai beneficiar a população de forma geral. “O programa consegue atingir não só aqueles que<br />
estão vivendo nas comunidades isoladas, mas também os consumidores do Sistema Interligado, porque partes desses custos são<br />
suportados na nossa tarifa na conta de luz”, ressalta Thiago Prado.<br />
Os recursos do Pró-Amazônia Legal também devem ser aplicados na implementação de medidas que aprimorem a navegabilidade<br />
do Rio Madeira, que vai de Rondônia ao Amazonas, e o Rio Tocantins, que nasce em Goiás e passa pelos Estados de Tocantins,<br />
Maranhão e Pará. O decreto também institui o CGPAL (Comitê Gestor do Pró Amazônia Legal), formado por representantes do MME, do<br />
Ministério da Infraestrutura (Minfra), dos Estados e distribuidoras da Amazônia Legal, que possuam sistemas isolados e de representantes<br />
dos consumidores.<br />
O Comitê Gestor vai elaborar, anualmente, um plano de trabalho com ações a serem desenvolvidas para o próximo ano. O plano<br />
também vai avaliar, propor diretrizes e definir ações para aplicação dos recursos. “Serão R$ 3 bilhões ao longo de 10 anos e o Governo<br />
terá 15 anos para aplicar esse recurso. Caso esse recurso não seja aproveitado, vamos poder alocá-lo para a nossa Conta de Desenvolvimento<br />
Energético, também visando reduzir a conta de energia elétrica”, conclui o diretor do Departamento de Planejamento Energético<br />
do MME, Thiago Prado.<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
11
NOTAS<br />
ITAIPU EM<br />
REVISÃO<br />
Representantes<br />
do governo<br />
afirmaram no<br />
mês de junho, em<br />
audiência pública<br />
da Comissão de<br />
Relações Exteriores<br />
da Câmara dos<br />
Deputados, que<br />
o Brasil negocia a<br />
redução da tarifa<br />
de energia gerada<br />
em Itaipu. No<br />
acordo entre Brasil<br />
e Paraguai para<br />
construção da<br />
usina, em 1973, foi<br />
estipulada uma revisão dos termos para 50 anos depois, em 2023, quando a dívida da obra seria extinta. Mas, como a dívida<br />
representa 66% da tarifa, a discussão entre os países pode representar redução já a partir deste ano. Também está sendo<br />
discutida, por causa da revisão do acordo, a obrigatoriedade do país vizinho de vender para o Brasil a energia excedente de<br />
Itaipu, sendo que cada um tem direito à metade da geração. Hoje, o Brasil compra 30% da parte paraguaia. Para o Paraguai,<br />
a energia de Itaipu significa 85,6% do total consumido e para o Brasil, 8,4%. Na revisão do acordo, chamado de anexo C, o<br />
Paraguai pode pedir para vender livremente a sua parte e esse é um dos pontos que devem ser negociados até agosto de<br />
2023. O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, o contra-almirante Anatalício Risden Júnior, defendeu a redução da<br />
tarifa, mas, segundo ele, o Paraguai quer manter o valor atual. Risden disse ainda que o Brasil tem estudos mostrando que o<br />
Paraguai deve necessitar do total da sua parte na geração da usina só daqui a 10 anos.<br />
O deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR) questionou o impacto nas negociações de relatório da Controladoria-Geral<br />
da República do Paraguai que aponta débito de US$ 3,8 bilhões da Eletrobras com a Itaipu. "A dívida teria sido contraída no<br />
período de 85 a 97, quando o Brasil teria pago menos que US$ 17,10 por KW (Quilowatt) pela energia de Itaipu. A Controladoria<br />
interpreta a atuação do Brasil como uma violação do tratado assinado em 1973 e que deve ter o anexo C renegociado”,<br />
alertou.<br />
O embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva disse que uma auditoria nas contas da empresa teria que ser feita por uma<br />
controladoria binacional para ser válida. Ele informou que a negociação com o Paraguai sofre alguma dificuldade por conta<br />
de uma visão negativa da opinião pública paraguaia sobre o tema. “Tudo na usina é decidido por consenso entre brasileiros<br />
e paraguaios, ou seja, o Brasil não decidiu nada sozinho e nem impôs nada ao Paraguai, mas há uma certa visão negativa<br />
de alguns setores em relação ao papel do Brasil na construção e na gestão de Itaipu, que está longe de ser minoritária na<br />
opinião pública paraguaia, infelizmente. E isso cria um ambiente um pouco mais difícil para as nossas negociações, porque<br />
estimula algumas expectativas dificilmente realizáveis”, explicou.<br />
O deputado Osmar Serraglio (PP-PR) solicitou às autoridades presentes a revisão da distribuição dos royalties de Itaipu<br />
para compensar mais a cidade de Guaíra (PR). Segundo ele, a cidade perdeu a Cachoeira de Sete Quedas, que era a maior<br />
do mundo, com a formação do lago de Itaipu em 1982. O deputado afirma que havia a promessa de que seria construída<br />
outra usina na região, mas isso não aconteceu.<br />
Foto: divulgação<br />
12 www.REVISTABIOMAIS.com.br
STARTUP<br />
A startup de energia verde Nextron Energia deu início às operações neste mês, ao<br />
mesmo tempo em que anunciou a captação de US$ 2,285 milhões (R$ 11,5 milhões).<br />
O aporte foi liderado pelo Valor Capital Group e com participação da Barn Investimentos,<br />
fundo de capital de risco focado em greentech. O investimento do tipo seed (para<br />
alavancar a empresa) também teve participação de investidores-anjo, family offices,<br />
fudadores e executivos C-level (alto cargo) de diversas concessionárias de energia do<br />
Brasil. O dinheiro será destinado à contratação de pessoas, especialmente nas áreas de<br />
tecnologia e novos negócios, para aumentar a equipe para 50 funcionários até o fim do<br />
ano. A proposta da Nextron — fundada por Ivo O. Pitanguy e Roberto G. Hashioka — é<br />
uberizar a energia verde, isto é, conectar o consumidor de energia residencial e comercial<br />
a um projeto de energia renovável por meio de uma assinatura. "Viemos para unir as duas<br />
pontas e democratizar o acesso à energia renovável no modelo de marketplace'', compara<br />
Pitanguy no comunicado à imprensa. A promessa da empresa é reduzir a conta de luz<br />
em até 20% sem a necessidade de instalar placas solares no telhado. No lançamento do<br />
serviço via site e aplicativo, a Nextron conta com o fornecimento de duas usinas fotovoltaicas:<br />
uma no Mato Grosso do Sul e outra no Rio de Janeiro. A expectativa é que, até o<br />
fim do ano, a Climatech possa oferecer em torno de 200 MW (Megawatts), o suficiente<br />
para abastecer cerca de 36 mil clientes (considerando uma estimativa de consumo médio<br />
de energia elétrica mensal em torno de R$ 1.000).<br />
Foto: divulgação<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
13
NOTAS<br />
ENERGIA RENOVÁVEL<br />
Os clientes da Copel Mercado Livre já podem<br />
comprovar que a energia adquirida no ambiente de<br />
contratação livre provém de fonte renovável. A comercializadora<br />
da companhia incluiu em seu portfólio<br />
de produtos os I-RECs, certificados que atestam que o<br />
cliente está consumindo energia proveniente de uma<br />
matriz renovável, como eólica, solar, hidrelétrica ou<br />
biomassa. “Com a aquisição dos I-RECs, as empresas<br />
comprovam a origem da energia adquirida”, explica o<br />
diretor-geral da Copel Mercado Livre, Fillipe Henrique<br />
Neves Soares. “Atualmente, como o setor elétrico é<br />
totalmente integrado, quem adquire energia no mercado<br />
livre não sabe exatamente de onde ela vem. Com<br />
a aquisição desses certificados, as empresas demonstram<br />
seu compromisso com a sustentabilidade ao<br />
comprovar que a energia que consomem provém de<br />
uma fonte renovável.”<br />
Os I-RECs (sigla em inglês para o modelo internacional<br />
de certificados de energia renovável) fazem<br />
parte de um sistema que permite rastrear o caminho<br />
da energia, desde a geração até o cliente final. “Os<br />
I-RECs são o produto ideal para as empresas que<br />
precisam comprovar a origem de emissões do Escopo<br />
2 – provenientes do consumo de energia elétrica<br />
comprada do SIN (Sistema Interligado Nacional) – ou<br />
então demonstrar ações de mitigação”, ressalta a superintendente<br />
de compra e venda de energia da Copel<br />
Mercado Livre, Ana Maria Antunes Guimarães.<br />
A comercializadora da Copel passou a ofertar estes<br />
certificados com o objetivo de atender as necessidades<br />
e os compromissos dos consumidores do mercado<br />
livre de energia. “Cada vez mais os investidores, os<br />
clientes e a sociedade como um todo têm valorizado<br />
práticas corporativas que priorizam a sustentabilidade<br />
e ajudam a mitigar os efeitos das mudanças<br />
climáticas”, diz a superintendente de governança e<br />
sustentabilidade da Copel, Luísa Nastari. “A aquisição<br />
dos I-RECs contribui para agregar valor aos produtos<br />
e serviços das empresas ao comprovar que elas estão<br />
comprometidas com práticas sustentáveis e alinhadas<br />
à transição para uma matriz energética totalmente<br />
renovável.”<br />
Foto: divulgação<br />
14 www.REVISTABIOMAIS.com.br
CRESCIMENTO SOLAR<br />
A energia fotovoltaica em telhados está em expansão no país. Segundo dados da EPE (Empresa de Pesquisa<br />
Energética), a previsão é que o setor movimente mais de R$ 100 bilhões em investimentos de 2022 a<br />
2031. Entretanto, no Brasil, apenas 1,3 milhão de consumidores de eletricidade já experimentam os benefícios<br />
dos painéis solares.<br />
Para alavancar ainda mais esse crescimento, um dos desafios é desmistificar a ideia de que a tecnologia<br />
não é acessível. Apesar do custo de um sistema residencial para uma casa com quatro pessoas girar em torno<br />
de R$ 15 e R$ 30 mil, atualmente, há mais de 70 linhas de financiamento disponíveis para essa categoria de<br />
produto.<br />
De acordo com uma pesquisa, elaborada pela Adventures, em parceria com a fintech MFS (Meu Financiamento<br />
Solar), maior plataforma digital para crédito fotovoltaico, 60% do público desconhece que existem<br />
linhas de financiamento para energia solar. O levantamento entrevistou pessoas, físicas e jurídicas, com<br />
interesse ou que pretendiam instalar painéis solares no próximo ano.<br />
A pesquisa, que contou com uma amostra de mais de 500 pessoas de várias regiões do Brasil, ainda revela<br />
que o principal motivo pelo interesse em painel solar é a redução das despesas com energia elétrica (61%),<br />
seguido da preocupação em preservar o meio ambiente (38%).<br />
Por ser uma tecnologia sustentável, a produção de energia elétrica por meio do sol não emite gases causadores<br />
do aquecimento global. Além disso, o sistema fotovoltaico é um investimento que gera autonomia e<br />
economia de dinheiro a curto e longo prazos.<br />
Ainda conforme o estudo, ao escolherem a energia solar fotovoltaica, os consumidores prezam por<br />
qualidade e durabilidade dos equipamentos, itens racionais que indicam preferência por um produto com<br />
retorno financeiro de longo prazo. Os atributos com critério de muita importância, como preço, manutenção<br />
e impacto no meio ambiente, também se destacam acima da média, indicando a preocupação em utilizar o<br />
produto por um longo período.<br />
Outro dado interessante é que 18% dos respondentes não lembram de ter visto ou escutado informações<br />
e notícias relacionadas ao painel de energia solar, demonstrando haver espaço para amplificar a comunicação<br />
sobre o tema.<br />
Foto: divulgação<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
15
NOTAS<br />
Foto: divulgação<br />
ALIANÇA 2.0<br />
Uma iniciativa conjunta da Eletrobras, CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Abrace (Associação dos Grandes<br />
Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres) promete ajudar as empresas a reduzir o custo com<br />
energia elétrica. A iniciativa, chamada de Programa Aliança 2.0 é voltada para aumentar os ganhos de eficiência energética<br />
nos processos de produção industrial. Os interessados devem participar de uma chamada pública que analisará<br />
as demandas.<br />
O Aliança 2.0, que está inserido nas ações do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), visa a<br />
atender 24 indústrias que fazem uso intensivo de energia em seus processos de produção. De 2022 a 2025, serão destinados<br />
a essas indústrias R$ 20 milhões para o desenvolvimento de projetos de eficiência energética . Pelo programa,<br />
as empresas selecionadas receberão, cada uma, R$ 400 mil e precisarão oferecer uma contrapartida no mesmo valor.<br />
Além disso, as empresas terão que assumir o compromisso de implementar um plano de ação, construído junto com a<br />
equipe técnica do projeto, para tornar os processos industriais mais eficientes do ponto de vista energético.<br />
Podem participar do programa Aliança empresas de qualquer setor industrial com consumo mínimo de 10 MW<br />
(Megawatts) médio de potência (87.600 MWh/ano) ou quantidade equivalente em energia térmica (gases e combustíveis).<br />
Segundo a CNI, na primeira fase do programa, foram atendidas 12 plantas industriais dos setores siderúrgico,<br />
químico, automobilístico e do cimento. A maioria dos projetos envolveu a otimização de processos, sem necessidade<br />
de troca de equipamentos. “De um total de R$ 198 milhões em oportunidades de redução de consumo identificadas,<br />
61% foram aprovadas e implementadas pelas empresas, gerando economia anual de R$ 122 milhões. Em termos energéticos,<br />
evitou-se o consumo de 176 GWh (Gigawatts/hora) - o equivalente ao consumo mensal de quase 1,1 milhão de<br />
residências -”, informou a CNI.<br />
As inscrições tiveram início em maio, e o edital do programa é em caráter de chamada permanente, ou seja, só será<br />
finalizado quando as 24 indústrias forem selecionadas. Para se inscrever no programa, basta acessar a página do Aliança<br />
2.0. As empresas que participaram da primeira etapa poderão se candidatar novamente, desde que com plantas<br />
industriais que não tenham sido selecionadas na edição anterior.<br />
16 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Aumente sua<br />
PRODUTIVIDADE!<br />
<br />
Durabilidade Produtividade Economia<br />
A DRV vem investindo em alta tecnologia para<br />
inovação – o que resulta em melhoria dos<br />
processos, aperfeiçoamento e desenvolvimento<br />
de novos produtos para suprir as necessidades<br />
do mercado de Biomassa, Florestal e Madeireiro.<br />
<br />
<br />
<br />
SERRAS E FACAS INDUSTRIAIS
NOTAS<br />
MODERNIZAÇÃO<br />
Novas tecnologias levam à possibilidade de<br />
uso de novos equipamentos que proporcionam<br />
novas formas de serviços e de relações comerciais.<br />
A exemplo da telefonia, o setor de energia<br />
também passa por esse processo e, diante dele,<br />
tem procurado atualizar a legislação. Este foi o<br />
tema debatido recentemente, durante o Ciclo<br />
de Palestras sobre Legislação e Políticas Públicas<br />
– evento promovido pelo Ipea (Instituto de<br />
Pesquisa Econômica Aplicada). “Quando se fala<br />
em modernização e liberalização do setor elétrico,<br />
na minha cabeça tem, na ponta, energia mais<br />
barata para empresas e consumidores”, defende o<br />
presidente do Ipea, Erik Alencar de Figueiredo, ao<br />
dar início ao evento que teve, como foco central, o Projeto de Lei 414/2021 que, segundo o governo, pode ajudar a modernizar<br />
o setor, caso seja aprovado. Entre as possibilidades previstas pelo projeto, está a de permitir ao pequeno consumidor, liberdade<br />
para escolher quem será seu fornecedor de energia. Na teoria, caso haja um mercado realmente competitivo, a expectativa é<br />
que a consequência disso sejam preços mais baixos para o consumidor final. Essa liberdade de escolha já é praticada por grandes<br />
e médios consumidores – em geral, indústrias – que adquirem energia via livre mercado. O desafio será o de estender aos<br />
pequenos consumidores essa possibilidade. Para que isso seja possível, no entanto, é necessário, antes de tudo, entender quem<br />
é esse pequeno consumidor. “Temos muitos brasileiros com renda próxima a um salário mínimo. Isso reflete a vida mediana dos<br />
brasileiros. E há brasileiros cuja despesa com energia elétrica é bastante expressiva em termos de orçamento. Para boa parte<br />
desses brasileiros, pelo menos 10% da renda é comprometida com energia elétrica”, aponta o presidente do Ipea ao apresentar<br />
alguns dos dados coletados pelo instituto.<br />
Segundo ele, conhecer esses brasileiros cujas despesas com energia elétrica e com gás de cozinha são consideráveis “é vital<br />
para que as pessoas que conduzem as políticas públicas no Brasil tornem essas políticas provedoras de bem-estar social.”<br />
De acordo com um levantamento apresentado pelo diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea,<br />
Nilo Luiz Saccaro Junior, os indicadores de regulação do setor elétrico brasileiro estão muito abaixo dos observados nos países<br />
integrantes da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). “No setor de eletricidade, o valor indicador<br />
do Brasil - 2,06 pontos, em uma escala onde, quanto menor for o número, melhor a situação - é 42% superior à média dos países<br />
da OCDE, que era 1,45 ponto, enquanto a média dos cinco melhores países era 0,39. No setor de gás natural, os números são<br />
ainda piores para o Brasil, que teve 2,99 pontos contra 1,35 da média da OCDE”, revelou no discurso.<br />
Segundo a diretora de Programa da Secretaria Executiva do MME (Ministério de Minas e Energia), Camilla Fernandes, a<br />
indústria de energia elétrica está passando por mudanças cada vez mais profundas não apenas no Brasil. “Essas mudanças são<br />
inevitáveis. Estamos falando de fontes renováveis; soluções tecnológicas; novas formas de gerar energia; novos modelos de<br />
negócio; novas formas de interação com o consumidor. É algo que já está acontecendo em todo o mundo”, explicou. Ela lembrou<br />
que no Brasil já existem mais de 1 milhão de unidades com geração distribuída instaladas, que geram quase 11 GW (Gigawatts)<br />
de energia. Geração distribuída é uma modalidade na qual a energia gerada em residências ou condomínios – a partir da energia<br />
solar coletada via placas fotovoltaicas, por exemplo – pode ser repassada a outros consumidores. Essa energia repassada ao<br />
sistema pode então compensar parte da energia consumida pela unidade que a gerou, diminuindo os gastos com a conta de<br />
luz. “Energias renováveis descentralizadas de pequeno porte espalhadas já são uma realidade no Brasil”, destacou a secretária do<br />
MME, ao elogiar uma outra medida prevista no PL 414: a possibilidade de os consumidores escolherem de quem comprarão a<br />
energia elétrica. Segundo ela, na forma como se encontra, o projeto tem o apoio do ministério, uma vez que leva em conta todo<br />
trabalho feito pelo órgão, além da atualização dos estudos, visando os avanços legais. “Aguardamos avanços no legislativo. O desafio<br />
da implementação e organização do setor é, na verdade, o desafio de equilibrar consenso, porque precisamos de consenso<br />
no setor, com segurança regulatória e estabilidade jurídica, além de cumprimento dos contratos, de qualidade, porque não dá<br />
para ser amador nesse ambiente, e de tempo. São critérios que se opõem, mas mudar o normativo é realmente uma necessidade<br />
que se impõe para atender a realidade no setor”, argumentou a secretária.<br />
Foto: divulgação<br />
18 www.REVISTABIOMAIS.com.br
NOTAS<br />
FORÇA DO SOL<br />
As famílias do assentamento Padre Acácio, no sertão<br />
paraibano – região com um dos mais altos índices<br />
de incidência de sol do Brasil, descobriram na energia<br />
solar uma forma de baratear a produção de alimentos<br />
e garantir a segurança hídrica da comunidade. A área<br />
de reforma agrária, situada no município de Malta, a<br />
aproximadamente 330 km (quilômetros) da capital,<br />
João Pessoa, sofre com a irregularidade das chuvas.<br />
Registrando mais de 3,2 mil horas anuais de insolação,<br />
a região foi escolhida para receber a Usina Solar<br />
Malta. Pertencente ao Complexo Fotovoltaico Angico<br />
e Malta e de posse da SPE Malta Energias Renováveis,<br />
o empreendimento entrou em operação comercial no<br />
segundo semestre de 2018 com capacidade instalada<br />
de 27,2 MW (Megawatts) e 31,59 MW de potência<br />
pico.<br />
Os painéis fotovoltaicos foram implantados na<br />
área comunitária do assentamento Padre Acácio em<br />
agosto de 2021, por meio de projeto da Diocese da<br />
Igreja Católica de Patos, município polo da região. A<br />
energia solar obtida substituiu a energia elétrica na<br />
alimentação da bomba hidráulica do poço que abastece<br />
a comunidade. As famílias não tiveram nenhum<br />
custo com o sistema.<br />
De acordo com a presidente da associação dos<br />
agricultores do assentamento, Giliane Garcia dos<br />
Santos, a água do poço é utilizada para a irrigação das<br />
lavouras de frutas (goiaba, mamão, pinha e acerola) e<br />
para os animais de pequeno e grande porte (caprinos,<br />
ovinos e bovinos) de 23 das 28 famílias do assentamento.<br />
“Também aproveitamos para lavar pratos e<br />
roupas e tomar banho. Só não para beber porque para<br />
isso usamos a água de cisternas”, contou a agricultora,<br />
acrescentando que a conta mensal de energia caiu de<br />
cerca de R$ 30 para, no máximo, R$ 5.<br />
A instalação do novo meio de geração de energia<br />
solar foi uma surpresa para as famílias, segundo Giliane,<br />
pois a comunidade não teria condições de investir<br />
na tecnologia com recursos próprios. “A gente ficou<br />
muito feliz porque não imaginava que nosso assentamento<br />
pudesse ser contemplado com um projeto<br />
como esse, mudou a nossa vida”, disse.<br />
Foto: divulgação<br />
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ENTREVISTA<br />
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ENTREVISTA<br />
ALEX<br />
WELLINGTON<br />
DOS SANTOS<br />
Formação: Graduado em Engenharia<br />
Florestal pela UNC (Universidade do<br />
Contestado), com pós-graduação em<br />
Engenharia de Produção pela UDESC<br />
(Universidade do Estado de Santa Catarina)<br />
e Gestão Florestal pela UFPR (Universidade<br />
Federal do Paraná)<br />
Cargo: Presidente da ACR (Associação<br />
Catarinense de Empresas Florestais)<br />
COMBUSTÍVEL<br />
DO FUTURO<br />
A<br />
biomassa cada vez mais tem surgido como uma opção confiável para a produção<br />
sustentável de energia. Além de ter alto poder calorífico e baixo teor de cinzas, ainda<br />
possibilita a utilização de um material que seria descartado no meio ambiente.<br />
A busca do setor produtivo é por maior fomento para que a biomassa continue<br />
a ganhar não apenas no Brasil, mas seja cada vez mais aceita no mercado internacional, em<br />
especial na Europa. O presidente da ACR (Associação Catarinense de Empresas Florestais), Alex<br />
Wellington dos Santos, concedeu entrevista exclusiva a Revista BIOMAIS sobre o cenário da<br />
matéria-prima no Brasil e como o combustível pode ser ainda mais inserido no país.<br />
22 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Uma das principais buscas das indústrias<br />
no século XXI é o desenvolvimento sustentável.<br />
Como a biomassa de madeira pode auxiliar<br />
nesse objetivo?<br />
Atualmente ouvimos diversas falas sobre<br />
aquecimento global e os rumos ambientais do<br />
mundo. Assim, a energia de biomassa está em<br />
pauta, especificamente sobre o abastecimento<br />
energético. Dessa forma, é importante entender<br />
os impactos das diferentes formas de geração de<br />
energia e emissões atmosféricas é aderir à opção<br />
mais sustentável. Isso garante que uma empresa ou<br />
negócio possa optar por um tipo de energia menos<br />
agressivo ao meio ambiente, com muitas vantagens<br />
no futuro para as novas gerações e (por que<br />
não?), agora. A energia de biomassa de madeira é<br />
uma energia gerada a partir do uso da biomassa<br />
como matéria-prima, no caso a madeira (Eucalyptus<br />
e Pinus são as mais comuns) ou outro vegetal. O<br />
material é queimado em caldeiras ou aquecedores<br />
para gerar calor. O aproveitamento da biomassa<br />
para gerar energia elétrica, calor e biocombustível<br />
está entre as melhores práticas de produção de<br />
energia. É totalmente sustentável e diferentemente<br />
dos combustíveis fósseis. Desenvolvimento<br />
sustentável significa emissão zero, nos próximos 20<br />
a 30 anos. Ressaltamos a importância da pesquisa<br />
no desenvolvimento de projetos comprometidos<br />
com gestões ambientais conscientes, eficientes e<br />
aplicáveis à realidade brasileira.<br />
O sul do Brasil é um dos principais polos<br />
produtores de biomassa no Brasil. Como os<br />
Estados conseguiram esse status e o que fazer<br />
para evoluir ainda mais o setor?<br />
A conscientização sobre o impacto ambiental<br />
da queima de combustíveis fósseis aumentou<br />
consideravelmente a busca por fontes alternativas,<br />
entre elas a energia de biomassa. Entre as vantagens<br />
estão: custo reduzido, menor emissão de<br />
gases poluentes, fácil conversão e transporte, alta<br />
disponibilidade de matéria-prima e alta capacidade<br />
de aproveitamento dos resíduos. Em 2021, o<br />
volume de biomassa florestal atingiu cerca de 155<br />
milhões de m³ (metros cúbicos). A grande maioria é<br />
consumida nos próprios parques industriais. Cerca<br />
de 3% deste total é exportado. No ano passado o<br />
país atingiu a marca de 1,7 milhão de toneladas, o<br />
que representou um valor de US$ 148 milhões. Os<br />
principais destinos foram: China, Portugal e Japão,<br />
que juntos representam 90% do total.<br />
Santa Catarina é um dos principais produtores<br />
de madeira no Brasil e tem conseguido<br />
ampliar a sua área plantada. Como é realizado<br />
esse trabalho?<br />
O Estado tem a silvicultura como característica<br />
histórica e cultural. O plantio de árvores para fins<br />
industriais atravessa gerações. A tendência é que<br />
essa prática cresça ainda mais, com a inovação e<br />
formação técnica. Por isso destacamos a importân-<br />
É importante entender os impactos<br />
das diferentes formas de geração de<br />
energia e emissões atmosféricas é<br />
aderir à opção mais sustentável<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
23
ENTREVISTA<br />
O aproveitamento da<br />
biomassa para gerar<br />
energia elétrica, calor<br />
e biocombustível está<br />
entre as melhores<br />
práticas de produção de<br />
energia<br />
O poder público deveria<br />
ser protagonista,<br />
criando um plano de<br />
desenvolvimento de<br />
florestas plantadas e<br />
oferecendo linhas de<br />
financiamento com juros<br />
baixos<br />
cia de estarmos próximos às entidades de ensino<br />
e pesquisa. A ACR (Associação Catarinense de<br />
Empresas Florestais) tem uma história com mais de<br />
46 anos na representação das empresas nas pautas<br />
ligadas ao setor. Isso passa pela oferta de cursos,<br />
busca a apresentação de cases de sucesso e fortalecimento<br />
das relações interinstitucionais. Assim,<br />
o setor cresce estruturado, trazendo benefícios<br />
ao setor ligado à biomassa. Sendo devidamente<br />
estudada e valorizada, a biomassa deixa de ser vista<br />
como um problema causador de impacto ambiental,<br />
como na década passada, mas sim como<br />
um subproduto, ou um produto com crescimento<br />
exponencial. Acreditamos que em pouco tempo<br />
teremos indústrias para geração de energia com<br />
biomassa, com possibilidade de atender a demanda<br />
e potencial de crescimento dos Estados. O setor<br />
de biomassa cresce, tanto em volume quanto em<br />
agregação de valor. Os pellets de madeira, por<br />
exemplo, são um biocombustível altamente inovador.<br />
Tem alto poder calorífico e baixo teor de cinza.<br />
É muito bem aceito no mercado energético europeu,<br />
altamente exigente quanto às características<br />
do produto. O volume de produção deste produto<br />
no Brasil cresceu de 185 mil toneladas (2016) para<br />
700 mil toneladas (2021), resultando em aumento<br />
de 378% em um período de 5 anos.<br />
Até que ponto o poder público trabalha para<br />
que a biomassa possa ser mais inserida como<br />
combustível em mais Estados no Brasil?<br />
O poder público deveria ser protagonista,<br />
criando um plano de desenvolvimento de florestas<br />
plantadas e oferecendo linhas de financiamento<br />
com juros baixos. Assim, os Estados teriam políticas<br />
e eixos estratégicos para nortear a riqueza florestal,<br />
absorvendo a matéria-prima e convertendo em<br />
produtos para o mercado interno e para exportação,<br />
a exemplo da região sul, conhecida pela<br />
diversidade industrial.<br />
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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
27
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A<br />
biomassa cada vez mais está inserida nas indústrias<br />
brasileiras. A necessidade de uma<br />
fonte de combustível que una qualidade de<br />
queima e menor impacto ambiental coloca<br />
essa matriz energética em foco.<br />
“A biomassa é renovável, e muitas indústrias já produzem<br />
seu próprio combustível, sendo autossuficientes.<br />
É um mercado que está crescendo bastante, com<br />
muitas empresas migrando do combustível fóssil para<br />
biomassa”, complementa Roberto Rocha, sócio-diretor<br />
da Rocha Equipamentos.<br />
Além disso, a biomassa ainda vai de encontro com<br />
outro item, o do desenvolvimento sustentável. O combustível<br />
é gerado a partir de subprodutos das indústrias,<br />
restos de móveis e construções, florestas renováveis,<br />
entre outros resíduos orgânicos e animais.<br />
Dentro desse cenário, a Rocha Equipamentos atua<br />
desde 2010, oferecendo às indústrias equipamentos<br />
para movimentação de biomassa, principalmente com<br />
a finalidade de alimentar e abastecer caldeiras que se<br />
utilizam deste combustível para geração de calor. Nesses<br />
12 anos, a empresa tem se consolidado como uma<br />
das referências no segmento.<br />
Roberto Rocha trouxe para a empresa instalada na<br />
cidade de Rio do Sul (SC) a experiência adquirida em<br />
mais de 10 anos de atuação no departamento técnico<br />
e de vendas em outras empresas do segmento.<br />
“Em 2010 nasceu a Rocha Equipamentos, focada na<br />
alimentação de caldeiras e movimentação de biomassa,<br />
mas com o objetivo de fornecer soluções funcionais<br />
e simples, um nicho que estava carente de fornecedores<br />
especializados”, explica Roberto Rocha.<br />
28<br />
www.REVISTABIOMAIS.com.br
Como muitas empresas, a Rocha Equipamentos<br />
começou literalmente dentro de casa, e foi se estabelecendo<br />
pouco a pouco. Em 2012, a indústria deu um salto<br />
com o primeiro escritório em uma sala comercial e a<br />
contratação dos primeiros colaboradores, inicialmente<br />
para os departamentos de compras, projetos e PCP.<br />
Em 2013 a Rocha Equipamentos deu mais um passo<br />
importante, adquiriu um terreno e iniciou a construção<br />
da sede própria. O local permitiu maior autonomia<br />
para a indústria, e em 2014, iniciou a produção dos seus<br />
equipamentos com mão de obra própria, finalizando a<br />
necessidade de terceirizar a fabricação. Essa mudança<br />
trouxe uma melhoria na qualidade e nos prazos, além<br />
de um melhor gerenciamento dos processos.<br />
“Hoje possuímos um terreno com 10 mil m2 (metros<br />
quadrados), sendo 2 mil m2 de área construída. Alguns<br />
processos como usinagem e dobra, continuamos com<br />
a cultura de terceirização. Hoje contamos com 30 colaboradores<br />
diretos, e empresas parceiras para realizar<br />
os processos de montagem mecânica e elétrica, sendo<br />
que algumas destas têm a Rocha Equipamentos como<br />
seu principal cliente”, pontua Valci Luciana da Silva, sócia-diretora<br />
da empresa.<br />
“Hoje possuímos um terreno<br />
com 10 mil m2, sendo 2 mil<br />
m2 de área construída, com<br />
30 colaboradores diretos, e<br />
empresas parceiras para realizar<br />
os processos de montagem<br />
mecânica e elétrica<br />
Valci Luciana da Silva,<br />
sócia-diretora da empresa<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 29
PRINCIPAL<br />
Os produtos da Rocha Equipamentos podem transportar<br />
todos os tipos de biomassa. Além dos tradicionais<br />
cavacos de madeira, a empresa já desenvolveu<br />
projetos para cascas de arroz, castanha, palha de milho,<br />
casca de babaçu, fibra de palma, lodo sanitário, lodo de<br />
estação de tratamento, e ainda, lenha em metro.<br />
Nos últimos anos a empresa aumentou a participação<br />
no segmento de transporte das cinzas que são<br />
geradas pelo processo de queima nas fornalhas das<br />
caldeiras. Hoje esta linha de equipamentos já contribui<br />
com uma fatia considerável no faturamento da empresa.<br />
A Rocha Equipamentos, ainda, trabalha com projetos<br />
especiais para o transporte de materiais como:<br />
grãos, ração, minérios, sacarias, além do mercado de<br />
peças de reposição dos equipamentos, que já estão em<br />
funcionamento, serviços e retrofitting de equipamentos<br />
antigos ou de outros fabricantes.<br />
ENGENHARIA DE QUALIDADE<br />
Atualmente a Rocha Equipamentos atende todo o<br />
Brasil, nesses 12 anos de existência conta com quase<br />
200 clientes e instalações, e, para conseguir oferecer<br />
equipamentos de qualidade, conta com uma equipe<br />
de profissionais com grande experiência, garantindo<br />
assim maior qualidade e confiança em seus equipamentos.<br />
“Nosso foco sempre foi o simples e o funcional, e<br />
não, de fornecer grandes obras, com volume grande<br />
de produção. Você instala, faz o start-up, ajusta se há<br />
necessidade, e tudo funciona”, explica Roberto Rocha.<br />
As indústrias que utilizam energia térmica no seu<br />
processo produtivo, buscam sempre por equipamentos<br />
de alta confiança, afinal, se essa energia for interrompida,<br />
toda produção também para, inclusive, com<br />
perda de matéria-prima em algumas situações. O sistema<br />
de alimentação abastece essas máquinas térmicas,<br />
30 www.REVISTABIOMAIS.com.br
logo, se falta combustível, o processo na empresa é paralisado,<br />
reforçando a relevância de uma alimentação<br />
confiável e bem projetada.<br />
Como a Rocha Equipamentos cresceu em um curto<br />
período de tempo, o planejamento para o segundo<br />
semestre é de reorganizar a produção e os processos<br />
para essa nova realidade, elaborando procedimentos<br />
padronizados e as instruções de trabalho. O objetivo é<br />
diminuir o tempo de produção, retrabalho e desperdício<br />
de matéria-prima.<br />
Investir em pessoas também está nos planos da<br />
empresa, além de reestruturação do departamento de<br />
vendas de peças, com objetivo de aumentar o faturamento<br />
nessa área.<br />
"Quando o cliente esquece<br />
que existe na sua empresa<br />
um sistema de alimentação<br />
de biomassa, é sinal de que<br />
os equipamentos não estão<br />
lhe gerando incômodos,<br />
prejuízos, nem manutenção"<br />
Roberto Rocha,<br />
sócio-diretor da empresa<br />
“Queremos cada vez mais vender soluções práticas,<br />
funcionais e confiáveis. Quando o cliente esquece que<br />
existe na sua empresa um sistema de alimentação de<br />
biomassa, é sinal de que os equipamentos não estão<br />
lhe gerando incômodos, prejuízos, nem manutenção. É<br />
aí que temos certeza que nosso objetivo foi alcançado<br />
com sucesso”, resume Roberto Rocha, sócio-diretor.<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
31
PELO MUNDO<br />
MADEIRA<br />
NO TANQUE<br />
32 www.REVISTABIOMAIS.com.br
PESQUISADORES FINLANDESES E<br />
ALEMÃES DESENVOLVERAM MÉTODO<br />
PARA APROVEITAR RESÍDUOS<br />
MADEIREIROS COMO MATÉRIA-PRIMA<br />
NA PRODUÇÃO DE ETANOL<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
33
PELO MUNDO<br />
P<br />
esquisadores da TUM (Universidade Técnica<br />
de Munique), na Alemanha, em parceria<br />
com a LUT (Universidade de Tecnologia<br />
Lappeenranta-Lahti), na Finlândia, desenvolveram<br />
um novo processo para a produção de etanol<br />
utilizando resíduos de madeira como matéria-prima.<br />
Segundo os cientistas, o material a ser usado<br />
pode ser obtido por meio da combinação das sobras<br />
de áreas florestais e hidrogênio — proveniente de<br />
um processo de eletrólise da água — permitindo<br />
que o excesso dessa eletricidade seja utilizado na<br />
produção do etanol. "O processo geral consiste<br />
principalmente em subprocessos tecnicamente maduros.<br />
No entanto, a hidrogenação do ácido acético<br />
para produzir etanol é uma abordagem totalmente<br />
nova", explica o doutorando em energias renováveis<br />
da Universidade Técnica de Munique, Daniel Klüh,<br />
autor principal do estudo.<br />
Baseando-se nos valores de cada matéria-prima<br />
no decorrer do ano de 2020 — e não nos preços<br />
praticados pelo mercado atualmente — os pesquisadores<br />
avaliaram a viabilidade econômica do novo<br />
34 www.REVISTABIOMAIS.com.br
método de produção de etanol. Eles também levaram<br />
em consideração a cotação do álcool comum —<br />
obtido por meio da fermentação de açúcares.<br />
O menor valor conseguido durante a modelagem<br />
foi de € 0,65 (cerca de R$ 3,50) por litro, com<br />
um custo de biomassa equivalente a € 20 (cerca de<br />
R$ 106) por megawatt/hora produzido. Com essa<br />
técnica, o volume de produção estimado seria de<br />
aproximadamente 42 t (toneladas) de etanol por<br />
ano. “Uma razão para a alta lucratividade é que o rendimento<br />
do etanol é muito maior em comparação<br />
“Precisamos desenvolver<br />
novos catalisadores<br />
e reatores, além da<br />
construção de um<br />
sistema piloto que seja<br />
economicamente viável”<br />
Matthias Gaderer, coautor do estudo<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
35
PELO MUNDO<br />
com o processo tradicional de fermentação de palha<br />
ou madeira. Nosso sistema hidrogenado produz de<br />
1.350L a 1.410L (litros) de etanol, em comparação<br />
com os 200L ou 300L obtidos no processamento da<br />
biomassa seca”, acrescenta o professor Kristian Melin,<br />
coautor do estudo.<br />
Segundo os pesquisadores, o uso de eletricidade<br />
verde para alimentar o processo de eletrólise pode<br />
produzir um combustível com baixo teor de dióxido<br />
de carbono, reduzindo a emissão de gases causadores<br />
do efeito estufa em até 75% — em comparação<br />
com combustíveis fósseis como a gasolina. Além<br />
disso, esse etanol sustentável poderia ser misturado<br />
"Nosso sistema<br />
hidrogenado produz de<br />
1.350L a 1.410L de etanol,<br />
em comparação com os<br />
200L ou 300L obtidos<br />
no processamento da<br />
biomassa seca"<br />
Kristian Melin, coautor do estudo<br />
36 www.REVISTABIOMAIS.com.br
à gasolina em uma proporção de 10%, para amenizar<br />
os poluentes presentes no sistema de abastecimento<br />
de automóveis comuns, ou até substituir o óleo<br />
diesel em veículos maiores, usados para o transporte<br />
de cargas pesadas. “Para comercializar este produto,<br />
é necessário melhorar ainda mais o grau de maturidade<br />
tecnológica. Precisamos desenvolver novos<br />
catalisadores e reatores, além da construção de um<br />
sistema piloto que seja economicamente viável”,<br />
aponta o professor de energias renováveis Matthias<br />
Gaderer, outro coautor do estudo.<br />
"A hidrogenação do<br />
ácido acético para<br />
produzir etanol é uma<br />
abordagem totalmente<br />
nova"<br />
Daniel Klüh, doutorando em energias<br />
renováveis da UTM<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
37
ECONOMIA<br />
38 www.REVISTABIOMAIS.com.br
DO BRASIL PARA<br />
O MUNDO<br />
PORTO PONTA<br />
DO FÉLIX IRÁ<br />
EMBARCAR 120<br />
MIL TONELADAS<br />
DE PELLETS DE<br />
MADEIRA ATÉ O<br />
FINAL DE 2022<br />
FOTOS ROBERTO MEIRELES<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
39
ECONOMIA<br />
A<br />
ntonina (PR) foi o destino escolhido para<br />
realizar uma operação inédita no Brasil de<br />
exportação de pellets de madeira à granel.<br />
Ao todo, 120 mil toneladas devem passar<br />
pelo Porto Ponta do Félix, totalizando 9 navios até<br />
o fim do ano. A carga - que até então era exportada<br />
por contêineres - está sendo embarcada pelo método<br />
bulk, com custos operacionais menores.<br />
O produto é fabricado em Santa Catarina e será<br />
desembarcado na Itália - com destino à Dinamarca<br />
-, onde será utilizado como insumo em sistemas de<br />
calefação. A primeira exportação foi de 15 mil toneladas,<br />
realizada em dezembro de 2021 e o sucesso<br />
da operação resultou em um novo contrato para<br />
mais navios em 2022. “Combinamos com um pool de<br />
fornecedores da região sul, capitaneado por um deles,<br />
que foi o principal produtor desse comprador lá fora.<br />
O contrato foi feito com o europeu, com a empresa<br />
Dinamarquesa, que faz essa distribuição na Europa<br />
e que fez o desenvolvimento dessa nova logística. A<br />
logística nova consiste em receber a carga a granel na<br />
Itália e distribuir em barcaças para outras regiões da<br />
Europa”, explica o presidente do Porto Ponta do Félix,<br />
Gilberto Birkhan.<br />
40 www.REVISTABIOMAIS.com.br
“Existe uma perspectiva<br />
muito positiva do mercado<br />
acerca do produto, visto<br />
que a nova logística deu<br />
certo”<br />
Gilberto Birkhan, presidente do<br />
Porto Ponta do Félix<br />
O Porto Ponta do Félix aponta que uma das<br />
principais vantagens de operar, exportar ou importar<br />
por Antonina é a possibilidade de customização das<br />
operações. No caso dos pellets, o porto se adapta às<br />
necessidades do cliente, atendendo ao fluxo e rotina<br />
operacional logística que ele necessita de maneira<br />
personalizada. A carga a granel é armazenada em<br />
recinto alfandegado, sendo enviada para um único<br />
porto na Europa - determinado pelo cliente - e que vai<br />
distribuir a carga ao restante do continente utilizando<br />
barcaças.<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 41
ECONOMIA<br />
A expansão em infraestrutura deve ampliar a atual<br />
capacidade estática de 270 mil toneladas para 430 mil<br />
toneladas, até início de 2023.<br />
Além disso, o Porto Ponta do Félix também tem<br />
como objetivo oferecer alternativas para redução de<br />
custos operacionais dos clientes. O método de operação<br />
break bulk, utilizado neste embarque dos pallets,<br />
tem apresentado custos inferiores às movimentações<br />
feitas por contêineres atualmente. “Somos especialistas<br />
nesse tipo de carga, assim como no método break<br />
bulk (carga que pode ser contada em unidades). A<br />
gente está atingindo outros players do setor madeireiro,<br />
principalmente os que trabalham com compensado,<br />
serragem e placas - produtos que a gente deve<br />
começar a movimentar muito em breve. Ambas as<br />
cargas desse setor florestal estão no nosso radar para<br />
os próximos períodos”, projeta Gilberto.<br />
“A logística nova consiste<br />
em receber a carga a<br />
granel na Itália e distribuir<br />
em barcaças para outras<br />
regiões da Europa”<br />
Gilberto Birkhan, presidente do<br />
Porto Ponta do Félix<br />
Para que se tenha ideia, durante a segunda semana<br />
de abril, o preço do contêiner de 40 pés chegou a<br />
US$ 7,945.31, de acordo com a empresa especialista<br />
em consultoria marítima, Drewry Shipping Consultants.<br />
O índice composto caiu 1,2% na semana, mas<br />
continua 62% maior do que há um ano.<br />
42 www.REVISTABIOMAIS.com.br
O pellet é feito a partir dos subprodutos da madeira.<br />
Considerados importantes recursos energéticos,<br />
os pellets são formados por resíduos de biomassa<br />
vegetal, como a maravalha de madeira, a serragem, o<br />
bagaço de cana-de-açúcar, entre diversos outros.<br />
Compactos, sua geometria regular é apresentada<br />
no formato de pequenos cilindros entre 6 mm e 8<br />
mm (milímetros) de diâmetro e de 10 mm a 40 mm de<br />
comprimento.<br />
Essa característica garante um baixo teor de umidade,<br />
o que permite maior densidade energética, ou<br />
seja, mais eficiência. Segundo a Associação Brasileira<br />
das Indústrias de Biomassa, o pellet de madeira pode<br />
ser utilizado como um biocombustível granulado que<br />
tem em sua composição uma biomassa vegetal.<br />
“Certamente a região sul tem muito potencial para<br />
desenvolver, basta dizer que a Europa consome praticamente<br />
tudo o que se produz e demanda mais. Prova<br />
disso é que nós estamos negociando neste momento<br />
um contrato de 3 anos e podendo ser prorrogável, em<br />
volumes maiores, volume praticamente dobrando a<br />
partir dos próximos anos”, avalia Gilberto Birkhan.<br />
Para formar os pellets, essa biomassa é moída e<br />
compactada, resultando em um produto resistente ao<br />
apodrecimento ou fermentação. Assim, são fonte de<br />
energia renovável e limpa, sendo resultado de combustível<br />
sólido gerado a partir de biomassa florestal e<br />
resíduos de processamento de madeira. Na Europa, os<br />
pellets são utilizados em lareiras e sistemas de aquecimento,<br />
evitando o uso recorrente de combustíveis<br />
derivados do petróleo e evitando maiores danos ao<br />
meio ambiente. “Existe uma perspectiva muito positiva<br />
do mercado acerca do produto, visto que a nova<br />
logística deu certo. A gente conseguiu fazer com que<br />
tivesse sucesso nessa ponta a ponta. Toda a logística<br />
desde a saída da produção, até a distribuição lá no<br />
consumidor final europeu”, detalha sobre a logística,<br />
Gilberto Birkhan.<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
43
MERCADO<br />
CENÁRIO<br />
POSITIVO<br />
INDÚSTRIA DO PELLET<br />
APRESENTA CRESCIMENTO<br />
EM TODO MUNDO,<br />
APOIADA EM NECESSIDADE<br />
DE DESENVOLVIMENTO<br />
SUSTENTÁVEL<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
44 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
45
MERCADO<br />
O<br />
s mercados industriais de pellets de madeira<br />
vêm crescendo a uma taxa anual<br />
de cerca de 1,66 milhão de toneladas<br />
métricas por ano de 2010 a 2021. Esse<br />
índice está sendo alcançado muito graças à preocupação<br />
global com o meio ambiente, que fomenta a<br />
busca de combustíveis oriundos de fontes renováveis<br />
e do desenvolvimento sustentável.<br />
Os pellets de madeira podem atuar de forma<br />
complementar a outros modais renováveis como as<br />
energias eólica e solar, que ainda buscam consolidação<br />
como fonte elétrica primária a nível global.<br />
“O Brasil pode ter um papel fundamental para as<br />
mudanças climáticas em função da grande disponibilidade<br />
de biomassa. Mas precisa dar exemplo<br />
mundial em utilizar na matriz energética a biomassa<br />
em substituição dos combustíveis fósseis como o<br />
carvão, coque, gás natural e diesel por uma fonte<br />
zero carbono como a biomassa de origem florestal<br />
e da madeira”, explica Celso Oliveira, presidente da<br />
ABIB Brasil (Associação Brasileira das Indústrias de<br />
Biomassa, Bioenergia e Pellets) e diretor do Instituto<br />
Brasileiro de Pellets.<br />
Muitos países têm substituído o carvão por pellet<br />
fuel de origem sustentável nas estações geradoras a<br />
carvão existentes, em especial na Ásia e na Europa.<br />
Ainda há expectativa que o Canadá e os EUA (Estados<br />
Unidos da América) também possam estimular<br />
políticas para a utilização desse tipo de fonte de<br />
combustível. Essa tendência de aumento na procura<br />
pelos pellets exige atenção para a oferta do produto<br />
no mercado. Os principais usuários de produtos<br />
florestais são os produtores de madeira, papel e<br />
celulose, laminação, embalagens e compensados.<br />
46 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Os produtores de pellets utilizam os subprodutos<br />
dessas indústrias e toras que não são adequadas<br />
para eles. “O setor industrial brasileiro com interesse<br />
na descarbonização precisa urgentemente mudar a<br />
matriz energética para a biomassa. Temos hoje disponíveis<br />
mais de 80 milhões de resíduos florestais e<br />
da madeira e 1.100 bilhões de resíduos da agricultura<br />
sem uso comercial no Brasil, que poderiam suprir<br />
a demanda industrial de energia”, prossegue Celso<br />
Oliveira.<br />
A expectativa do mercado é que a demanda<br />
aumente 8,9% de 2021 a 2022 e outros 14,8% de<br />
2022 a 2023. Em 2023, uma nova demanda modesta<br />
nos EUA e Canadá à medida que as políticas de<br />
descarbonização evoluem. Japão e Alemanha devem<br />
adicionar cerca de 1 milhão de toneladas por ano<br />
de demanda em 2023. Já em um cenário em que as<br />
políticas dos EUA, Alemanha e Japão evoluam nos<br />
próximos 5 anos, a demanda por pellets pode crescer<br />
a uma taxa anual de 3,73 milhões de toneladas.<br />
“O poder público deveria<br />
em primeiro lugar criar<br />
uma legislação com<br />
benefícios fiscais para a<br />
produção e o consumo<br />
de biomassa peletizada”<br />
Celso Oliveira, presidente da ABIB Brasil<br />
(Associação Brasileira das Indústrias de<br />
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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
47
MERCADO<br />
BRASIL NO TOPO<br />
No Brasil existem regiões com elevado potencial<br />
de biomassa. No norte e nordeste existe um grande<br />
volume de biomassa da agricultura, agroindustrial<br />
e sucroenergético que poderiam ser convertidos<br />
em energia. O Pará detém um volume expressivo<br />
de resíduos como o açaí e a castanha e áreas do<br />
extrativismo florestal que poderiam ser convertidas<br />
em energia. No Maranhão existe o babaçu, no Ceará<br />
o coco verde, Alagoas e Pernambuco os resíduos das<br />
usinas e na Bahia há maciços florestais que geram<br />
um grande quantitativo de biomassa que poderia ter<br />
melhor aproveitamento.<br />
Já o centro-oeste possui um grande indicativo<br />
dos resíduos da agricultura como a palha do milho e<br />
da soja e os plantios florestais que geram biomassa<br />
que podem ser convertidos em energia. O mesmo<br />
“Mas pelo potencial de<br />
biomassa florestal e da<br />
madeira existente na<br />
região sul deveríamos<br />
ter uma maior produção<br />
industrial”<br />
48 www.REVISTABIOMAIS.com.br
ocorre na região sudeste onde são encontrados<br />
milhares de toneladas de resíduos do café, algodão<br />
e amendoim. Minas Gerais e São Paulo detêm as<br />
maiores florestas plantadas de eucalipto que geram<br />
resíduos. Quando se trata do sul do Brasil nota-se<br />
que existe um aproveitamento mediano dos resíduos<br />
da agricultura e agroindustrial, que tem grande<br />
disponibilidade no Paraná (milho, soja, feijão, trigo) e<br />
no Rio Grande do Sul (casca de arroz). Por outro lado,<br />
a biomassa de origem florestal e da madeira possui<br />
um maior aproveitamento na produção de briquete<br />
e de pellets. “Mas pelo potencial de biomassa florestal<br />
e da madeira existente na região sul deveríamos<br />
ter uma maior produção industrial. E não podemos<br />
deixar de expor que existe na região um grande mercado<br />
consumidor de pellets (setor avicultura, cerâmica,<br />
hotelaria). O setor empresarial no sul do Brasil<br />
trabalha na produção e no consumo, mas não detém<br />
nenhum tipo de incentivo (tributário e financeiro)<br />
dos poderes públicos”, adverte Celso Oliveira.<br />
Dessa forma, a biomassa peletizada é o principal<br />
produto do gênero de exportação do Brasil,<br />
como ocorre em países como Portugal, Letônia e<br />
no Vietnã. A Guerra entre Rússia e Ucrânia ainda<br />
possibilita oportunidades para suprir o mercado<br />
energético europeu. “O poder público deveria em<br />
primeiro lugar criar uma legislação com benefícios<br />
fiscais para a produção e o consumo de biomassa<br />
peletizada e para que as empresas venham a mudar<br />
a matriz energética por uma fonte zero carbono. Em<br />
segundo lugar, deveria criar uma linha especial de<br />
crédito de inovação para incentivar a produção de<br />
pellets. E finalmente um envolvimento do Inmetro<br />
com universidades para termos aqui um laboratório<br />
para a certificação de qualidade dos pellets produzidos<br />
no Brasil”, aponta Celso Oliveira.<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
49
EVENTO<br />
BIOENERGIA<br />
EM FOCO<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
50 www.REVISTABIOMAIS.com.br
EVENTO REÚNE ESPECIALISTAS<br />
PARA DISCUTIR CENÁRIO<br />
OTIMISTA E MERCADO<br />
PROMISSOR PARA<br />
INVESTIMENTOS NA ÁREA<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
51
EVENTO<br />
A<br />
XXVIII edição da FENASUCRO & AGRO-<br />
CANA – maior evento mundial voltado<br />
exclusivamente ao setor de bioenergia<br />
— foi lançada oficialmente na última semana<br />
de maio, com destaque para o cenário otimista<br />
e mercado promissor, incentivados, principalmente,<br />
pelos investimentos em sustentabilidade e novos<br />
projetos industriais. “Com a demanda cada vez mais<br />
forte por sustentabilidade, o setor de bioenergia se<br />
prepara para uma escalada de investimentos, devido<br />
ao crescimento de seus produtos e subprodutos”,<br />
explica Paulo Montabone, diretor da feira. “Isso<br />
porque, nos últimos anos, a indústria de bioenergia<br />
investiu grande parte de seus recursos em manutenção<br />
de seus equipamentos. Agora, novos projetos e<br />
nichos de mercado ganham evidência e receberão<br />
investimentos em larga escala, como é o caso da<br />
construção de novas usinas de biogás, de etanol de<br />
milho e de etanol de segunda geração”, completa o<br />
diretor da feira.<br />
Ainda segundo Montabone, o setor é referência<br />
em sustentabilidade, principalmente com os<br />
biocombustíveis. “Já são cerca de 70 países que<br />
estão utilizando o biocombustível como mistura, por<br />
exemplo. O que faz com que o volume de negociação<br />
no mercado tenha um desempenho melhor e<br />
mais favorável do que nos outros anos”, enfatiza.<br />
Reflexo do otimismo e do momento positivo, a<br />
feira já está com todos os espaços comercializados<br />
e tem uma expectativa de gerar R $ 5 bilhões em<br />
negócios, iniciados durante o evento. Mais de 42 mil<br />
visitantes/compradores vindos de 15 países e todos<br />
os Estados do Brasil, são aguardados.<br />
Ambientalmente sustentável, a produção de<br />
biogás a partir dos resíduos de cana-de-açúcar é<br />
um novo ativo das usinas sucroenergéticas, atrai<br />
novos investimentos e terá destaque na FENASUCRO<br />
& AGROCANA 2022. De acordo com a ABIOGÁS,<br />
atualmente o Brasil desperdiça 100 milhões de m³<br />
(metros cúbicos) de metano renovável por dia, que<br />
52 www.REVISTABIOMAIS.com.br
equivalem a 35% da energia elétrica consumida no<br />
país e 70% do diesel. Um verdadeiro pré-sal caipira,<br />
já que cada usina de cana-de-açúcar tem a escala de<br />
um poço de petróleo do pré-sal.<br />
Com o ambiente regulatório favorável para a<br />
expansão do biogás, a meta da ABIOGÁS é chegar<br />
à produção de 30 milhões de m³/dia até 2030, que<br />
é 30% do potencial atual. “Assim como o biogás, o<br />
etanol de segunda geração, bem como, o futuro<br />
hidrogênio verde, estão viabilizando negócios. São<br />
todos subprodutos da cana que voltam, agregando<br />
dentro das indústrias valores que não existiam. Um<br />
movimento fantástico do setor de bioenergia no<br />
Brasil e, mais importante, demandando e exportando<br />
nossa biotecnologia para o exterior”, enfatiza<br />
Montabone.<br />
A FENASUCRO & AGROCANA contará com quatro<br />
macrossetores: Bioenergia, Agrícola (Agrocana),<br />
Indústria e Transporte e Logística, que devem reunir<br />
algo em torno de três mil produtos de marcas internacionais<br />
e nacionais.<br />
Em 2022, além das tradicionais rodadas de<br />
negócios realizadas durante o evento, a FENASUCRO<br />
& AGROCANA inova com o formato virtual destas<br />
rodadas, que começa desde agora. Já que todo esse<br />
intercâmbio está sendo viabilizado pela plataforma<br />
TRENDS 2.0, por meio de encontros digitais acontecendo<br />
como um aquecimento antes da feira.<br />
Os eventos de conteúdo também estão confirmados<br />
nos quatro dias de Feira, com a presença<br />
de grandes e renomadas entidades do setor como<br />
STAB, DATAGRO, UNICA, etc. A programação poderá<br />
ser acompanhada pelo site da feira. “Sem contar<br />
que teremos geração de conteúdo ao longo do ano<br />
todo com a plataforma TRENDS 2.0. Com uma maior<br />
interação e troca de experiências para a comunidade<br />
da bioenergia. Com destaque para o mês de junho,<br />
devido à realização do Agribusiness Summit, que tratará<br />
sobre produção de alimentos e sustentabilidade”,<br />
reforça o diretor da FENASUCRO & AGROCANA.<br />
HÁ MAIS DE TRÊS DÉCADAS,<br />
ESPECILIZADA EM EQUIPAMENTOS<br />
PARA RECEPÇÃO, CLASSIFICAÇÃO,<br />
PROCESSAMENTO, ARMAZENAGEM<br />
E MOVIMENTAÇÃO DE BIOMASSA<br />
TECNOLOGIA,<br />
EFICIÊNCIA E<br />
CONFIABILIDADE
ARTIGO<br />
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA<br />
E EMPODERAMENTO<br />
DAS SUAS POLÍTICAS<br />
PÚBLICAS<br />
54 www.REVISTABIOMAIS.com.br
VERÔNICA DIAS MOREIRA GALLOTTI<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
55
ARTIGO<br />
RESUMO<br />
S<br />
ustentável, sustentabilidade e desenvolvimento<br />
sustentável são termos importantes e oportunos<br />
atualmente, pois o ser humano por muitas<br />
décadas usou desenfreadamente os recursos<br />
naturais, desconsiderando as consequências ambientais.<br />
Assim, muitas das intervenções humanas para atender às<br />
suas necessidades acabaram colocando-o na situação de<br />
ameaçar a sua própria permanência, pois a busca de um<br />
desenvolvimento econômico sem precedentes, materializado<br />
através de uma tecnologia cada vez mais voltada para<br />
a acumulação econômica, traz consequências negativas ao<br />
meio ambiente. A energia elétrica é um fator importante<br />
para impulsionar o crescimento econômico, necessário à<br />
melhoria de vida de grande parte da população mundial.<br />
Para que o crescimento econômico e a proteção ambiental<br />
não estejam dissociados, é necessário o seu envolvimento<br />
com a evolução sustentável e com a busca e aprimoramento<br />
de instrumentos para alcançá-lo. Com isso, este trabalho<br />
tem o objetivo de mostrar a integração entre a política de<br />
eficiência energética e ambiental em dois casos internacionais<br />
que são uns dos mais avançados nesse aspecto e<br />
o caso do Brasil, comparando-os. Procurou-se abordar a<br />
reforma do setor elétrico, principalmente no que se refere<br />
às implicações para a política de eficiência energética e<br />
ambiental, ressaltando o valor da atuação do Estado como<br />
regulador e regulamentador dos atos que dizem respeito<br />
a essas políticas. Por fim, concluiu-se que a política de<br />
eficiência energética requer a união de parcerias do setor<br />
público com o setor privado e que a participação social<br />
também é indispensável para a melhoria da eficiência,<br />
além de elucidar sugestões de programas de eficiência<br />
energética para o Brasil.<br />
Palavras-chaves: Eficiência Energética, Política pública,<br />
Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Por muito tempo, a economia global enxergou o<br />
planeta como uma fonte infinita de recursos, isso quer<br />
dizer, como um subsistema dessa economia. A energia é<br />
necessária para a produção, transporte, uso final e descarte<br />
de qualquer bem ou serviço. Muitas de nossas necessidades<br />
são supridas por serviços energéticos: iluminação,<br />
refrigeração, condicionamento ambiental e tratamento de<br />
água e esgoto, entre outros. Por isso, a energia é essencial<br />
para o desenvolvimento humano de um país.<br />
Nos países desenvolvidos, o principal motivo para<br />
que haja implementação de eficiência energética é por<br />
causa dos benefícios ambientais que essa implementação<br />
traz, já que cada vez mais o conceito de sustentabilidade<br />
é bem-visto pela população. O conceito do programa de<br />
Eficiência Energética Sustentável é baseado no tripé: eficiência<br />
energética, sustentabilidade e política energética,<br />
que deve ser articulado de forma integrada, com apoios<br />
sincronizados de forma a obter os benefícios pretendidos.<br />
A relação entre programas de eficiência (água, energia,<br />
reciclagem) proporciona a economia de recursos naturais.<br />
Quando se investe em eficiência energética, há um retorno<br />
de cerca de 20 a 25% dos recursos no curto prazo e no longo<br />
prazo pode existir mais de 100% de retorno, além dos<br />
ganhos ambientais. Para que haja consolidação, sucesso e<br />
melhoria da eficiência na política, deve-se ter uma união<br />
do setor público, setor privado e a participação social. As<br />
últimas décadas do século 20 foram de transformações<br />
com o uso mais consciente dos recursos naturais, refletindo<br />
tanto nas políticas públicas quanto nas exigências da<br />
população. Após décadas de consumo sem consciência,<br />
causou esgotamento de recursos naturais e desconsideração<br />
com as consequências ambientais. Nesse campo, o<br />
setor energético passa a ser muito importante por causa<br />
dos efeitos negativos ao meio ambiente e às populações,<br />
causados por projetos de grande porte, desperdício, ineficiência<br />
de sua produção e de uso.<br />
As causas que incentivam um país a estabelecer<br />
programas de eficiência energética são, principalmente,<br />
de ordem econômica (diminuição de custos) e energético<br />
(segurança no suprimento de energia elétrica). A maioria<br />
dessas são subordinadas ao Ministério do Meio Ambiente<br />
e órgãos afins, e seus objetivos centrais são: promover a<br />
melhoria da qualidade de vida das populações e do meio<br />
ambiente, através de programas de eficiência energética,<br />
como o estímulo ao uso de fontes renováveis de energia,<br />
incentivos financeiros para isolamento térmico, etc). Alguns<br />
exemplos são a Australian Greenhouse Office (AGO),<br />
Office of Energy Efficiency and Renewable Energy (EERE),<br />
Energy Saving Trust (EST), a Agence de l’Environement et la<br />
Matrise de Energie (ADEME) –, entre outras.<br />
OBJETIVO<br />
O objetivo deste trabalho é avaliar o que os países<br />
têm feito para mudar a situação de consumo desenfreado,<br />
principalmente após as reformas do setor elétrico ocorridas<br />
majoritariamente nos anos 90 nos países citados neste<br />
trabalho. Introduzir os conceitos de eficiência energética,<br />
política energética, desenvolvimento e sustentabilidade,<br />
diferenciando-os. Para chegar à abordagem de alguns<br />
56 www.REVISTABIOMAIS.com.br
equisitos/prerrogativas necessários para a implementação<br />
da eficiência energética, principalmente no Brasil, como<br />
instrumento de política ambiental ou de desenvolvimento<br />
sustentável e trazendo as medidas de eficiência energética<br />
que têm sido adotadas em dois casos internacionais, Reino<br />
Unido e Estados Unidos.<br />
METODOLOGIA<br />
O trabalho segue a metodologia exploratória de coleta<br />
de informações e de dados para seu desenvolvimento e<br />
obtenção de resultados (MOTA-ROTH e HENDGES, 2010).<br />
Utiliza-se levantamentos em fontes secundárias, com<br />
informações bibliográficas e documentais e tem o objetivo<br />
de reunir informações sem intenção de testar hipóteses.<br />
Um levantamento bibliográfico foi feito a partir de autores<br />
consagrados, pesquisas em órgãos da área de sustentabilidade<br />
energética, desenvolvimento energético e realizado<br />
marcando conceitos, pensamentos e abordagens, apresentados<br />
em forma de discussão e contraposição dos registros<br />
dos autores pesquisados, buscando-se delimitar em definições<br />
os conceitos de sustentabilidade, desenvolvimento e<br />
política energética. Além de estabelecer uma proposta de<br />
requisitos para a implementação da eficiência, formatação<br />
para o objeto principal de análise deste trabalho, através<br />
dos estudos das regulamentações do setor elétrico, implementadas<br />
no final do século XX e início do século XXI.<br />
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA, SUSTENTABILIDADE E<br />
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />
O conceito de eficiência energética tem sido cada vez<br />
mais discutido e aplicado devido à mudança de conscientização<br />
com os recursos naturais. A definição de eficiência<br />
energética exprime produzir mais, ou no mínimo o mesmo,<br />
com menos, continuando com as mesmas características<br />
de antes, como por exemplo sua qualidade.<br />
O objetivo de toda política energética deve ser contribuir<br />
para o desenvolvimento sustentável da sociedade.<br />
Para ter o aumento da eficiência energética e uma efetiva<br />
transformação no futuro, deve haver a implementação de<br />
políticas efetivas de energias e demais programas com<br />
desenvolvimento de tecnologia, instrumentos, transferência<br />
de conhecimento, existindo, assim, esforços contínuos<br />
de pesquisa e desenvolvimento em tecnologias e práticas<br />
para aumento da eficiência energética.<br />
Mesmo com o conceito de desenvolvimento sustentável<br />
sendo cada vez mais reconhecido e imprescindível,<br />
existe, ainda, uma contrariedade entre a teoria e a maioria<br />
das ações existentes a esse respeito. Na prática, ainda ocorre<br />
a prioridade para o crescimento econômico através do<br />
consumo crescente de bens e da exploração dos recursos<br />
naturais não renováveis.<br />
É importante diferenciar os conceitos de sustentabilidade<br />
e desenvolvimento. Sustentabilidade de acordo com<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
57
ARTIGO<br />
Horbach (2005) e Dempsey et al. (2011) é a reunião de três<br />
tipos de interesses simultâneos e em equilíbrio, compreendendo<br />
o aspecto ambiental, econômico e social. Já<br />
para Faber, Jorna e Van Engelen (2005) a sustentabilidade<br />
compreende um equilíbrio e as interações mútuas entre o<br />
objeto e seu ambiente de apoio, sem efeitos prejudiciais a<br />
ambos.<br />
Enquanto o conceito de desenvolvimento sustentável<br />
é “aquele que atende às necessidades do presente<br />
sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras<br />
atenderem às suas próprias necessidades” (WCED, 1987,<br />
p. 19). O termo, desenvolvimento sustentável, refere-se a<br />
uma série de processos e práticas, envolvendo ação, e tem<br />
como foco melhorar a qualidade da vida humana (WCED,<br />
1987; BLEWITT, 2008; UNSGHLPS, 2012), fornecendo uma<br />
visão de longo prazo “[…] para erradicar a pobreza, reduzir<br />
a desigualdade e tornar o crescimento inclusivo, e produção<br />
e consumo mais sustentável” (UNSGHLPS, 2012, p. 6).<br />
Portanto, para alcançar a sustentabilidade de um determinado<br />
sistema, necessita-se da utilização do processo de<br />
desenvolvimento sustentável.<br />
Conforme o consumo de energia cresce na maioria dos<br />
países desenvolvidos e em muitos países em desenvolvimento,<br />
devido ao crescimento populacional e pela maior<br />
demanda das populações pelo uso da energia, existem<br />
duas preocupações principais relacionadas ao crescimento<br />
do consumo de energia. A primeira refere-se à viabilização<br />
do atendimento dessa demanda crescente e, a outra, à<br />
sustentabilidade ambiental desse processo.<br />
Para que produza a mesma quantidade de bens,<br />
utilizando-se de menor quantidade de energia e consequentemente<br />
menos recursos naturais, deve-se utilizar a<br />
energia de forma mais eficiente e priorizar o uso de energia<br />
proveniente de fontes renováveis, tais como a hidráulica,<br />
biomassa, solar, eólica, fotovoltaica, entre outras.<br />
O uso eficiente dos recursos é importante tanto pelo<br />
lado ambiental como pelo econômico, utilizar a energia<br />
de forma ineficiente proporciona prejuízos em qualquer<br />
economia resultando em impactos ambientais de nível<br />
local, regional e global. O sistema de energia sustentável se<br />
inicia pelo uso eficiente dos recursos (como: usá-los com<br />
sabedoria) e continua com o aumento do uso de recursos<br />
renováveis e o uso controlado de não renováveis em<br />
tecnologias avançadas.<br />
O uso mais eficiente dos recursos naturais apresenta<br />
importantes vantagens como: desaceleramento do seu<br />
esgotamento e diminuição da poluição. Com essas vantagens,<br />
podem resultar custos mais baixos para as empresas<br />
e para a sociedade, que não precisará arcar com os custos<br />
das perturbações sociais e ambientais no futuro.<br />
O desenvolvimento no progresso da eficiência energética<br />
diminui a necessidade de aumentar a capacidade<br />
geradora e novos investimentos, assim, libera recursos para<br />
empregar em medidas de proteção ambiental, de segurança,<br />
melhoria das geradoras já existentes, em tecnologias<br />
limpas, entre outras.<br />
Na área do setor energético, a sustentabilidade<br />
demanda significativas mudanças no campo da geração,<br />
na distribuição e no uso final da energia. Com isso, há o<br />
consumo maior de fontes renováveis e a diminuição do<br />
uso de combustíveis fósseis na matriz energética em nível<br />
mundial. Reis e Silveira (2000, p. 37) citam algumas propostas<br />
energéticas para o desenvolvimento sustentável:<br />
• Diminuição do uso de combustíveis fósseis e maior<br />
uso de tecnologias e combustíveis renováveis;<br />
• Aumento da eficiência do setor energético desde a<br />
produção até o consumo;<br />
• Mudanças no setor produtivo visando o aumento da<br />
eficiência no uso dos materiais, transporte e combustíveis;<br />
• Desenvolvimento tecnológico do setor energético, na<br />
perspectiva de encontrar alternativas ambientais benéficas.<br />
• Redefinição das políticas energéticas aspirando, por<br />
um lado, ao favorecimento da formação de mercados para<br />
tecnologias ambientalmente benéficas e, por outro lado,<br />
à cobrança dos custos ambientais de alternativas não<br />
sustentáveis;<br />
• Incentivo ao uso de combustíveis menos poluentes.<br />
Crescentemente, as tomadas de decisões nas políticas<br />
de desenvolvimento são influenciadas por questões ambientais.<br />
Isso acontece por causa de forças legais, econômicos,<br />
normativos e acordos internacionais, conjuntamente<br />
pela necessidade do próprio meio ambiente, que tem<br />
mostrado exaustão dos recursos, desastres ambientais,<br />
aumento dos custos ambientais e danos à saúde devido às<br />
intervenções que direta ou indiretamente contribuem para<br />
a sua degradação.<br />
Além da iniciativa dos governos de estabelecerem<br />
políticas públicas, devem, também, ser estimuladas as<br />
iniciativas que objetivem provocar um novo comportamento<br />
em relação ao meio ambiente, buscando uma<br />
mudança cultural nas sociedades, para que o uso seja mais<br />
consciente. Isto pode ser alcançado, por exemplo, por<br />
meio de maciças campanhas educativas, marketing, lobby.<br />
Estas práticas são consideradas como política pública, pois<br />
trabalham em prol da sociedade como um todo.<br />
58 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Bursztyn (2001, p. 69-75) indica, além de um Estado<br />
atuante e a participação da sociedade nas decisões públicas,<br />
outros três fatores em que as políticas públicas podem<br />
e devem atuar em prol do desenvolvimento sustentável,<br />
são:<br />
• Intervenção reguladora do Estado de modo a ambientalizar<br />
as decisões baseadas exclusivamente em fatores<br />
econômicos;<br />
• Inserção da dimensão ambiental na educação, de<br />
modo a conscientizar a sociedade;<br />
• E combate à exclusão social.<br />
Na Grã-Bretanha temos o caso de organizações<br />
ambientais privadas. São associações civis voluntárias,<br />
privadas com fins públicos e, assim, aptas a participarem<br />
da formulação e implementação de políticas públicas. Existem<br />
outros casos, como nos países europeus e na América<br />
do Norte, onde há a participação de partidos verdes. O<br />
objetivo desses partidos era buscar mudanças sociais fundamentais<br />
e de amplo espectro, enfatizando as questões<br />
ambientais, criados particularmente para representar um<br />
eleitorado mais responsável com as questões ambientais.<br />
“O Brasil, por mais<br />
que tenha elaborado<br />
um plano nacional de<br />
Eficiência Energética<br />
em 2011, não<br />
implementou medidas<br />
efetivas para promover<br />
a utilização racional de<br />
energia”<br />
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REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
59
ARTIGO<br />
CONCLUSÃO<br />
Este trabalho tem como importância mostrar a diferenciação<br />
entre sustentabilidade, desenvolvimento sustentável,<br />
eficiência energética, política energética, entre outros<br />
conceitos inseridos atualmente para um desenvolvimento<br />
mais sustentável.<br />
Também mostrou que devido às mudanças no setor<br />
elétrico, tanto brasileiro quanto mundial, e a introdução<br />
do mercado competitivo, o meio ambiente entra como um<br />
elemento imprescindível de diferenciação. Por exemplo,<br />
caso uma empresa tenha preocupações com o meio<br />
ambiente, sustentabilidade ambiental, eficiência energética<br />
e atendimento às necessidades sociais com certeza<br />
se diferenciará das demais, por conta dessa consciência<br />
ambiental.<br />
Essas mudanças de conscientização ambiental datam,<br />
principalmente, na década de 90, conforme explicado ao<br />
longo do trabalho, quando se deu o Acordo de Mudanças<br />
Climáticas na Rio-92. Essa época foi caracterizada pelas<br />
reformas do setor elétrico de alguns países, neste trabalho<br />
foram apresentadas as reformas do Reino Unido, EUA<br />
(Estados Unidos da América) e Brasil. Foi ilustrado que para<br />
a abertura do mercado competitivo, o Estado deverá atuar<br />
tendo papel regulamentador das ações que, de alguma<br />
forma, interfiram no meio ambiente e/ou na vida da sociedade.<br />
A realização da eficiência energética altera valores<br />
e comportamentos sociais, o que exige – além da regulamentação<br />
e fiscalização, atividades inerentes ao poder<br />
público – a necessidade de incentivar economicamente<br />
aqueles que aderirem aos programas de eficientização, ou<br />
inserir desincentivos econômicos para aqueles que não<br />
colaborarem. Esses incentivos se dão através dos incentivos<br />
fiscais e financeiros.<br />
A implementação de instrumentos econômicos por<br />
meio de criação de incentivos financeiros e fiscais acarretam<br />
maior facilidade de implementação de eficiência<br />
energética com redução de consumo, menor gasto público<br />
(energia, meio ambiente, saúde, etc.). Os instrumentos econômicos<br />
favorecem aquelas pessoas/empresas que ainda<br />
não se motivaram para as ações de eficientização, mas que<br />
passam a adotarem por meio de incentivos.<br />
Como visto, a legislação do Reino Unido, instituída em<br />
2001, prioriza a eficiência energética no setor residencial<br />
e está intrinsecamente ligada às questões ambientais. Em<br />
termos legais, a legislação americana é bastante avançada<br />
em eficiência energética, tendo sido instituída desde a<br />
década de 1970 e desde então, vem sendo constantemente<br />
atualizada.<br />
A experiência internacional evidencia o apoio dos<br />
governos às ações de eficiência energética na indústria.<br />
Alguns exemplos são treinamento e disponibilização<br />
de informações, renúncia fiscal, condições especiais de<br />
financiamento, imposição de níveis mínimos de eficiência<br />
e obrigatoriedade de avaliação e monitoramento do<br />
consumo de energia. Todas essas medidas podem ser<br />
implementadas ou intensificadas no Brasil.<br />
Cabe ressaltar que embora esses países adotem cada<br />
vez mais políticas de eficiência energética, ainda pode se<br />
conseguir melhoras substanciais se forem implementadas<br />
políticas complementares. A introdução dos programas de<br />
eficiência energética induz investimentos em processos industriais<br />
avançados, iluminação, aparelhos mais eficientes,<br />
veículos movidos a combustíveis mais eficientes, tecnologias<br />
de energias renováveis, usinas de geração de energia<br />
mais limpas, entre outras.<br />
Com a reestruturação do setor energético brasileiro,<br />
faz-se necessário uma atuação mais incisiva por parte das<br />
políticas e de meio ambiente e de energia, de forma que<br />
as ações de eficiência energética também passem a fazer<br />
parte da nova política energética e da instrumentação<br />
de planejamento e gestão ambiental. Até o momento, o<br />
foco das políticas públicas em eficiência energética tem<br />
sido os consumidores residenciais. A participação do setor<br />
industrial nos programas e financiamentos é muito pequena.<br />
Porém, a indústria é o maior consumidor de energia<br />
e, desta forma, é um setor com grande potencial para<br />
contribuir para o alcance da meta assumida pelo governo<br />
brasileiro no âmbito do acordo da ONU firmado em 2015<br />
“Por muito tempo,<br />
a economia global<br />
enxergou o planeta<br />
como uma fonte<br />
infinita de recursos,<br />
isso quer dizer, como<br />
um subsistema dessa<br />
economia”<br />
60 www.REVISTABIOMAIS.com.br
sobre mudanças climáticas. Um dos poucos programas<br />
que é destinado para a indústria no Brasil é o Programa<br />
Rota 2030, que tem como público-alvo o setor automotivo.<br />
O programa tem o objetivo de zerar a alíquota que<br />
existia sobre as importações de produtos que não tinham<br />
componentes similares sendo feitos no Brasil. Com a<br />
contrapartida de que os mesmos recursos (2% do valor dos<br />
componentes importados) serão obrigatoriamente aplicados<br />
nos seis projetos prioritários definidos pelo Conselho<br />
Gestor. Esse valor vai ser investido, de forma anual, em P&D<br />
(Pesquisa e Desenvolvimento).<br />
O Brasil, por mais que tenha elaborado um plano nacional<br />
de Eficiência Energética em 2011, não implementou<br />
medidas efetivas para promover a utilização racional de<br />
energia. Assim como em países desenvolvidos internacionais,<br />
o Brasil deve implantar medidas para encorajar o crescimento<br />
econômico a partir de investimento em eficiência<br />
energética, mostrando como novos modelos de negócio,<br />
inovações tecnológicas e medidas de economia de energia<br />
podem aumentar a competitividade das empresas. Alguns<br />
exemplos de medidas que poderiam ser implementadas<br />
são disponibilizar mecanismos de financiamento para<br />
a Eficiência Energética, classificar as instalações industriais<br />
de acordo com sua eficiência, permitindo, assim, a<br />
comparação com outras instalações similares no país da<br />
mesma maneira que faz com os equipamento domésticos,<br />
determinar padrões mínimos obrigatórios de eficiência<br />
energética para um maior número de equipamentos,<br />
estipular padrões regulatórios de conservação e gerenciamento<br />
energéticos dos processos industriais, disponibilizar<br />
sessões de treinamentos em medidas de conservação de<br />
energia. Assim, o país irá se encaminhar para uma união<br />
possível entre política ambiental e energética, como nos<br />
casos internacionais apresentados. Porém para isso o país<br />
deverá ter vontade política, competência técnica, mobilização<br />
social, economicidade, sustentabilidade das políticas,<br />
entre outras condições.<br />
Link de acesso: https://www.nucleodoconheci-<br />
mento.com.br/engenharia-eletrica/energetica-<br />
-e-empoderamento<br />
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />
61
AGENDA<br />
JUNHO 2022<br />
ECOENERGY<br />
Data: 7 a 9<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: feiraecoenergy.com.br/16/<br />
DESTAQUE<br />
SENDI VITÓRIA<br />
Data: 21 a 24<br />
Local: Serra (ES)<br />
Informações: www.sendi.org.br/<br />
AGOSTO 2022<br />
Imagem: divulgação<br />
XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE<br />
PLANEJAMENTO ENERGÉTICO<br />
Data: 24 a 26<br />
Local: Formato híbrido<br />
Informações: www.xiiicbpe.com.br/<br />
SETEMBRO 2022<br />
ENERGY SOLUTIONS SHOW<br />
Data: 27 a 29<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: www.energysolutionsshow.com.br/<br />
pt/home.html<br />
OUTUBRO 2022<br />
BRAZIL WINDPOWER<br />
Data: 18 a 20<br />
Local: São Paulo (SP)<br />
Informações: https://www.brazilwindpower.com.br/<br />
pt/home.html<br />
FENASUCRO & AGROCANA<br />
Data: 16 a 19 de agosto<br />
Local: Sertãozinho (SP)<br />
Informações:<br />
www.fenasucro.com.br/pt-br.html<br />
A Fenasucro & Agrocana, uma das maiores<br />
e mais engajadas comunidades do setor<br />
de bioenergia do mundo, reúne marcas e<br />
profissionais dos principais pilares da matriz<br />
energética e de todos os elos da cadeia<br />
produtiva de bioenergia. Durante 365 dias ao<br />
ano a marca cria experiências, apresenta tendências,<br />
facilita networking e oferece conteúdo<br />
técnico e profissional. Através de pesquisas<br />
periódicas realizadas junto à comunidade,<br />
a Fenasucro & Agrocana entende e prioriza<br />
os mais importantes interesses de cada elo<br />
da cadeia produtiva para oferecer conteúdo,<br />
produtos e soluções que se encaixam melhor<br />
a cada fase do ano em suas diversas plataformas<br />
– sejam presenciais ou digitais.<br />
62 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Evento online<br />
De 12 a 15 de julho 2022<br />
Estúdio de transmissão: Auditório do IBAMA Sede - Brasília(DF)<br />
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REALIZAÇÃO<br />
PATROCÍNIOS CONFIRMADOS<br />
-ES<br />
EMPRESAS ORGANIZADORAS
OPINIÃO<br />
Foto: divulgação<br />
SUSTENTABILIDADE:<br />
PREOCUPAÇÃO E<br />
VERDADE NAQUILO<br />
QUE FAZEMOS<br />
S<br />
oluções sustentáveis não podem ser enfeites em<br />
eventos. A sustentabilidade não pode ser usada<br />
como uma vitrine para a mídia, mas deve ser uma<br />
verdade e uma conduta para que as pessoas a experimentem<br />
e vivenciem, de modo a difundir essa cultura para o<br />
maior número de indivíduos.<br />
Meu grande legado é fazer da sustentabilidade algo natural,<br />
trazendo esse conceito para perto de mim, da empresa<br />
em que trabalho e de todas as pessoas que conheço, desmistificando-a<br />
como algo distante e impossível e que só serviria<br />
se fosse impecável. Para mim, sustentabilidade é tudo aquilo<br />
que está ao nosso alcance, que pode e deve ser feito para<br />
não agredir (ou, muitas vezes, para agredir menos) o meio<br />
ambiente. Neste ano, participamos da Agrishow, uma das<br />
maiores feiras agrícolas do mundo. Os eventos corporativos<br />
e feiras se tornam uma grande oportunidade para que as<br />
empresas participantes promovam e instituam suas opções<br />
sustentáveis no momento de expor.<br />
Muito diferente de uma ação greenwashing, temos uma<br />
preocupação e uma verdade naquilo que fazemos, e não<br />
divulgamos isso, porque não é sobre marketizar, é sobre<br />
viver o que se propõe e acredita. Por isso, neste artigo estou<br />
dividindo um pouco das minhas escolhas, com o intuito de<br />
incentivar outros executivos que também possam surfar nesta<br />
onda. Torna-se tudo muito fácil depois que é assimilado no<br />
cotidiano.<br />
Para começar, a questão não é somente com quais<br />
materiais se faz o estande, mas sim o que se faz com todo o<br />
material depois que a feira acaba. Onde se joga tudo e o que é<br />
reaproveitado. É um novo mindset. Nesta feira, nosso estande<br />
foi construído com algumas alternativas ecofriendly, com o<br />
uso de estruturas de madeira de reflorestamento, compensados,<br />
painéis de material reciclado e mantas, entre outras<br />
preferências de materiais. Tudo foi construído de maneira<br />
sustentável? Não, muita coisa infelizmente não tem material<br />
disponível no mercado para substituição e muito menos com<br />
valores absorvíveis dentro do budget para o evento. Também<br />
não permito que a aparência seja rústica ou alternativa demais.<br />
As pessoas confundem o sustentável com alternativo.<br />
Mas esse não é o diferencial que desejo explorar. Isso é<br />
apenas o compartilhamento das minhas escolhas.<br />
O importante é que, como temos muitos eventos dentro<br />
do nosso planejamento este ano, todo o material que usamos,<br />
na estrutura e decoração, será reaproveitado nos demais que<br />
faremos; assim, no término de cada evento não jogaremos<br />
tudo fora tendo de fazer de novo no seguinte. Isso é uma<br />
mudança e um diferencial.<br />
Quanto aos resíduos gerados, o lixo, tudo foi separado e,<br />
em parceria com ONGs locais, foi recolhido e distribuído. Na<br />
comunicação visual, foram utilizadas bases de tecidos pet<br />
reciclados, impressos por sublimação, o que visualmente não<br />
mostra alteração – como já mencionei, não marketiza e não<br />
sinalizamos isso, mas é nossa contribuição consciente ao meio<br />
ambiente.<br />
Sobre A&B, como nossa empresa tem o DNA da brasilidade<br />
como um de seus pilares, sempre optamos por diferentes<br />
experiências que remetam a diferentes cantos do Brasil.<br />
Optamos por um coffee break orgânico e o principal: de produção<br />
local. Assim, valorizamos e incentivamos o consumo e<br />
a produção local, sem falar na geração de emprego. Isso deve<br />
ser uma preocupação de todos.<br />
Para os nossos brindes, como tratava-se de uma feira<br />
agro, criamos uma versão moderna do embornal. O embornal<br />
era usado antigamente por andarilhos para o transporte de<br />
alimentos e sementes. Então, criamos um modelo estilizado<br />
para o nosso brinde, com material de tecido pet, e também<br />
oferecemos copos de fibra de coco. Hoje todo o material foi<br />
desmontado e encaminhado para receber ajustes e limpezas<br />
para a próxima montagem. Agora, o melhor e mais importante<br />
de tudo: não gastamos absolutamente nem um centavo a<br />
mais por fazer essas escolhas.<br />
Acho que a mudança do mundo é esta. Todo mundo faz<br />
um pouco, o que está ao seu alcance e, assim, um pouco vira<br />
muito.<br />
Por Daniela Robledo<br />
Diretora de Marketing na empresa SOL Copérnico Energias Renováveis<br />
66 www.REVISTABIOMAIS.com.br
´
SERRAS E FACAS INDUSTRIAIS<br />
Unidos por um propósito: fornecer facas de<br />
alta performance para a maior atividade<br />
produtiva do Brasil - o Agronegócio.