PME Magazine - Edição 25 - julho 2022
Sofia Moreira de Sousa, representante da Comissão Europeia em Portugal, é a figura de destaque da edição de julho da PME Magazine. Leia tudo aqui.
Sofia Moreira de Sousa, representante da Comissão Europeia em Portugal, é a figura de destaque da edição de julho da PME Magazine. Leia tudo aqui.
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EDIÇÃO ANO VI
FIQUE POR DENTRO
DE TODOS OS NEGÓCIOS
EM 2022!
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39,95€
JULHO 2022 • TRIMESTRAL • EDIÇÃO 25
DIRETORA: MAFALDA MARQUES
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
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SOFIA
MOREIRA
DE SOUSA
A sustentabilidade
nos pilares estruturantes
do PRR
VIARCO
LÁPIS PORTUGUESES
COM HISTÓRIA
NO MUNDO 06
SUMOL+COMPAL
DA IDEIA À CONQUISTA
DO MERCADO
MOÇAMBICANO 12
MARIA GRANEL
SUSTENTABILIDADE
EM TUDO O QUE
SE CONSOME 34
02
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
ÍNDICE
Figura
de destaque
Sofia Moreira
de Sousa
“PRR é a peça central para
a recuperação económica.”
ColorADD
na PME Magazine
A PME Magazine conta com
15 grandes secções, que servem
de guia estrutural para as temáticas
abordadas. De forma a tornar
a revista mais inclusiva, foi integrado
nas secções o sistema de
identificação de cores ColorADD.
Assim, cada secção conta com
uma cor diferente, identificada
com um símbolo que permite a
pessoas daltónicas identificarem
as cores que estão a ver.
Desenvolvido com base nas três
cores primárias, representadas
através de símbolos gráficos, o
código ColorADD assenta num
processo de associação lógica
que permite ao daltónico, através
do conceito da adição das cores,
relacionar os símbolos e facilmente
identificar toda a paleta de
cores. O branco e o preto surgem
para orientar as cores para as
tonalidades claras e escuras.
Azul
Vermelho
Verde
Roxo
Amarelo
Castanho
Laranja
Tons Claros
Tons Escuros
Branco
Cinza
Claro
Preto
Cinza
Escuro
Índice
04 BREVES
06 CASOS DE SUCESSO Viarco e a única
fábrica de lápis do país.
Pegada Verde e a loja online sustentável.
10 INVESTIMENTO Sandra Laranjeiro dos
Santos e a revitalização das empresas.
12 INTERNACIONAL Sumol+Compal e a
aventura de sucesso em Moçambique.
BNZ e o investimento fotovoltaico
em Portugal.
16 AMBIENTE Nuno Matos e as vantagens
do combustível reciclado na indústria.
APEGAC e os condomínios mais verdes.
19 RH Enigmind e os jogos que potenciam
o desenvolvimento pessoal.
Alexandra Andrade e o investimento
na formação.
21 BI Nestlé com nova diretora para Portugal.
23 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Sair da Casca e a mudança das
empresas para a sustentabilidade.
26 FIGURA DE DESTAQUE Sofia Moreira
de Sousa e a sustentabilidade no PRR.
34 EMPREENDEDORISMO
Maria Granel e o negócio dos produtos
biológicos a granel.
Digitall Brokers e a consultoria digital.
Imago e a roupa sustentável.
GreenTurtle e a consciencialização para
o consumo responsável.
40 MEDIR PARA GERIR
Luís Veiga Martins e a formação para
um futuro sustentável.
Marco Fernandes e a medição das
emissões de carbono.
42 MARKETING Emma Jensen
e a comunicação da sustentabilidade.
Social CEO, premiar os líderes
mais digitais.
44 TECNOLOGIA Oceântia e os autocarros
portugueses 100% elétricos.
46 AGENDA Congresso Internacional
Society of Physical and Rehabilitation
Medicine regressa a Lisboa.
48 FORA D’HORAS Herdade do Esporão
e a sustentabilidade na gastronomia.
50 OPINIÃO Filipa Martins e a criação
de valor sustentável.
Em busca
de um futuro
sustentável
A vigésima quinta
edição da PME Magazine,
que assinala o
sexto aniversário da
revista, baseia-se na
sustentabilidade e no
quão importante é
este ponto nas nossas
vidas. Estamos numa
fase crítica e não é
demais relembrar, se
necessário todos os dias, que o mundo
é o nosso lar e é preciso cuidar dele.
Como em tudo, é fulcral haver equilíbrio,
neste caso, com medidas sustentáveis nas
empresas e o lucro destas. Aliás, muitas vezes
a implementação destas medidas traduz-se
num acréscimo do rendimento das empresas.
Enumero algumas vantagens: redução de
custos; atração e retenção de talento; gestão
de risco; fortalecimento de relações com
stakeholders; oportunidade de negócio e
investimento; diferenciação e fidelização de
clientes, entre outras.
Nesta revista visitámos várias empresas que
basearam os seus modelos em medidas sustentáveis
e que, neste momento, estão bem
e recomendam-se, assim como falamos com
Sofia Moreira de Sousa, representante da
Comissão Europeia em Portugal, sobre como
as pequenas e médias empresas se podem
candidatar a fundos no PRR e como a
sustentabilidade é transversal aos pilares
estruturantes do Mecanismo de Recuperação
e Resiliência.
Também por isso, esta edição é impressa
em papel reciclado.
Venha conhecê-los.
Boas leituras e bons negócios!
Texto:
João Carreira
Redação
DIRETORA: Mafalda Marques EDITORA: Ana Rita Justo REDAÇÃO: João Carreira, Maria Carvalhosa e Diana Mendonça VÍDEO E FOTOGRAFIA:
NortFilmes e João Filipe Aguiar DESIGN GRÁFICO: José Gregório Luís DIGITAL MANAGER: Sofia Neves e Gonçalo Figueira COLABORARAM NESTA
EDIÇÃO: Alexandra Andrade, Emma Rehnberg Jensen, Filipa Martins, Luís Veiga Martins, Nuno Matos, Marco Fernandes e Sandra Laranjeiro dos Santos
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt) DIREÇÃO COMERCIAL - Daniel Marques EMAIL: publicidade@pmemagazine.com
PROPRIEDADE: Massive Media Lda. NIPC: 510 676 855 MORADA DA SEDE DA ENTIDADE PROPRIETÁRIA: Av. Dr. António Carvalho Figueiredo, 1, 4B,
2670-406 Loures MORADA DO EDITOR: Lisboa Biz – Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.º 3 R/C – 1900-221 Lisboa REDAÇÃO: Lisboa Biz
– Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.º 3 R/C – 1900-221 Lisboa TELEFONE: 217 112 690 EMAIL: info@pmemagazine.com N.º DE REGISTO
NA ERC: 126819 EDIÇÃO N.º: 25 DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17 ISSN: 2184-0903 TIRAGEM: 1000 exemplares IMPRESSÃO: Sprint
Zona Industrial Segulim, Rua José Pereira, Lote 3ª, 1685-635 Famões, Odivelas DISTRIBUIÇÃO: por assinatura anual PERIODICIDADE: Trimestral
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
03
BREVES
GRUPO MELLO VAI INVESTIR 1.000 MILHÕES ATÉ 2030. O grupo José
de Mello vai investir 1.000 milhões de euros até 2030 na CUF, Bondalti
e Brisa, mas também em novas áreas de negócio de setores exportadores.
Em 2021 obteve lucros de 58 milhões de euros.
Adentis lança
programa de
embaixadores
A ADENTIS lançou o ADENTIS Connect,
o seu primeiro programa de embaixadores,
que se estende de norte a sul
do país, com o propósito de aproximar
20 estudantes do ensino superior à
realidade do mercado de trabalho de
inovação e tecnologia. Além do contacto
com os profissionais da tecnológica,
os participantes selecionados
terão acesso a um plano de formação
durante o ano que irá desenvolver
competências para o seu ingresso no
mercado de trabalho.
O programa procura 20 estudantes de diferentes zonas do país
Standvirtual lança
análise anual do
mercado automóvel
em 2021
Segundo os resultados obtidos no relatório
“Market Report” da Standvirtual
referente a 2021, os registos de propriedade
assinalam um decréscimo de
35% no mercado de novos veículos e
de 11% no mercado de usados face ao
período de pré-pandemia. O relatório
cruza e analisa os dados mais pertinentes
do mercado automóvel, recolhidos
junto de entidades como a ACAP, o
IMT, a BCA e o próprio Standvirtual.
Os registos de propriedade assinalam
um decréscimo de 35%
COPS fechou o contrato em maio
COPS fecha
contrato com
arquivo nacional
da Torre do Tombo
A empresa de segurança privada
portuguesa COPS fechou um contrato,
no passado mês de maio, com o
Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
que custodia um universo diversificado
de património arquivístico, incluindo
documentos originais desde o século
IX até aos dias de hoje, nos mais
variados tipos de suporte, cumprindo
a salvaguarda, valorização e divulgação
desse património, pelo que “a
missão da COPS na proteção destes
documentos acresce ainda mais de
importância”, de acordo com Miguel
Ferreira, CEO da empresa.
Elétrica Polestar
instala-se no
Lagoas Park
A Polestar, fabricante de veículos totalmente
elétricos do grupo Volvo, escolheu
o Lagoas Park para instalar a sua
sede em Portugal, indicou a CBRE Portugal,
consultora imobiliária responsável
pela colocação. A Henderson Park
comprou o Lagoas Park, gerido pela
CBRE, em setembro de 2020 ao fundo
europeu de private equity Kildare por
421 milhões de euros.
A Henderson Park comprou o Lagoas Park em
setembro de 2020
Julho de 2022
04 pmemagazine.sapo.pt
Mostramos-lhe
como foi...
No passado mês de
abril, lançámos a 24.ª
edição da PME Magazine,
com Filipa Martins,
CEO da Edenred
Portugal e figura de
capa da edição. Filipa
Martins abordou os
aspetos e benefícios
dos vales sociais em
Portugal, assim como
a sua importância
para as empresas.
O evento contou
com as boas-vindas
de Marta Pimentel,
diretora de executive
education da Nova
SBE, e com Bruno
Alexandre Martins
Coelho Vaz, diretor-
-geral da Aquele
Abraço, Hugo Teixeira,
sócio-gerente
da Afonso e Teixeira
Consulting, Bruno
Teixeira, sócio-gerente
da 2Light – Healthcare
Solutions, e Hugo de
Sousa, porta-voz da
plataforma We Help
Ukraine.
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
05
CASOS DE SUCESSO
Viarco produz lápis
de grafite, bem como
lápis de cor
A
Viarco é mais do que uma marca
de lápis. É um registo de história
portuguesa, de tradição e de uma
geração passada para uma nova geração,
que perdura até aos dias que correm. Hoje,
José Vieira, bisneto de Manoel Vieira de
Araújo (que agarrou a empresa em 1936),
é quem está na liderança, juntamente com
a sua mulher, Ana. Juntos, são os únicos
acionistas.
Enquanto ainda estava a estudar
marketing e relações públicas, José Vieira
trabalhou, simultaneamente, em diversos
armazéns, entre outros, de supermercados.
Na sequência de alterações na estrutura e no
funcionamento da empresa, no ano de 2000
José assumiu a administração da Viarco a
tempo inteiro, aplicando os conhecimentos
que tinha adquirido dos seus estudos,
começando por trabalhar, principalmente,
no sentido de evitar a venda da empresa a
um grupo internacional.
As origens da empresa remontam ao ano
de 1907, a uma unidade em Vila do Conde,
que viria a ser comprada pelo empresário
de São João da Madeira Manoel Vieira de
VIARCO: LÁPIS
COM HISTÓRIA
A Viarco é uma marca de lápis de cor com
muita história e tradição e é a única fábrica
de lápis do país. Para ficar a conhecer mais
sobre a empresa, a PME Magazine esteve
à conversa com José Vieira, bisneto
do homem que agarrou a Viarco em 1936,
e atual acionista da empresa.
Araújo, em 1931, local para onde mudou a fábrica, Esta é, muitas
vezes, nomeada de “fábrica-museu” por representar tanta história.
Estas instalações (e que a marca portuguesa poderia modernizar,
mas o administrador afirma, no entanto, não ter intenções
de competir com uma Staedtler ou Faber-Castell), são
visitadas, atualmente, por cerca de 11 mil pessoas por ano, no
âmbito do projeto de turismo industrial da autarquia local.
À parte disso, também muitas escolas visitam, todos os meses, a
fábrica da Viarco, segundo nos contou José Vieira. No entanto, as
instalações também recebem visitantes curiosos de outras partes
Texto:
Maria Carvalhosa
Redação
Fotografia:
Viarco
Julho de 2022
06 pmemagazine.sapo.pt
CASOS DE SUCESSO
Lápis da Viarco têm o código para daltónicos
da ColorADD
do mundo, como, por exemplo, da Coreia
do Sul, da Argentina e do Chile.
Hoje, a Viarco produz milhares de lápis
por mês, das mais variadas referências.
Mas é a sua mais recente gama de produtos,
vocacionados para o segmento artístico –
sob a designação “Art Graf” -, que maior
projeção internacional lhe está a dar. Esta
vale já 30% das vendas.
José e Ana Vieira tornaram-se nos únicos
acionistas da empresa, em 2011, de forma
a evitar que fosse à falência. “Em 2008,
perdemos o nosso maior cliente, uma cadeia
de distribuição portuguesa e, de um dia para
o outro, desapareceu 35% da faturação”,
explica o administrador.
Dos 800 mil euros de faturação recorde
em 2007, a Viarco passou para 360 mil euros
em 2011. Mas, apesar de todas as adversidades,
a empresa nunca despediu ninguém.
Reduziu o quadro pela saída natural dos
funcionários que se foram reformando ou
que decidiram, por conta própria, sair.
“Mais do que qualquer outro fator, ou
muito trabalho e dedicação, é preciso ter
sorte, tanto nos fatores externos, como
“Mais do que qualquer
outro fator, ou muito
trabalho e dedicação,
é preciso ter sorte,
tanto nos fatores
externos, como nos
fatores internos
para manter uma
marca viva.”
José Vieira
nos fatores internos para manter uma
marca viva, passados tantos anos do seu
nascimento. Tem tudo muito que ver com
timing. A pessoa certa no momento errado
não faz nada, tal como a pessoa errada no
momento certo também não ajuda. A Viarco
certamente que já passou por muitos altos
e baixos”, declarou José Vieira.
No final de 2018, a Câmara Municipal de
S. João da Madeira deu início ao processo
de classificação da Viarco como Património
de Interesse Público, que estava previsto
acontecer ao longo de 2019. Deste longo
processo resultou uma primeira fase de
investigação em torno de toda a informação
recolhida, a que se seguiu uma segunda
fase de investigação, dessa vez, em torno
da história e da atividade (essencialmente,
publicitária) da empresa em acervos externos
aos da Viarco, entre os quais, arquivos
pessoais, municipais ou distritais ou até o
Centro Português de Fotografia.
“Os períodos de confinamentos a que
o país esteve sujeito, primeiro em 2020 e
depois em 2021, trouxeram dificuldades
acrescidas a estas fases de investigação,
em particular, quando aquelas requeriam
a presença física dos investigadores ou,
também, no acesso aos arquivos”, disse
José Vieira, na esperança de que o processo
seja finalizado em breve.
A Viarco, que emprega atualmente 24
pessoas, planeia continuar a evoluir e a criar
cada vez mais contactos internacionais, de
forma a expandir a sua marca, bem como
a sua história.
Faz parte dos seus planos continuar a
produção de lápis de grafite, bem como de
lápis de cor, sendo que, para a marca, o lápis
nunca deixará de existir, e é, muitas vezes, o
primeiro brinquedo de uma criança e, mais
importante do que isso, uma ferramenta
que dá asas à imaginação.
Viarco produz
milhares de lápis
todos os meses
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
07
CASOS DE SUCESSO
Texto:
Maria Carvalhosa
Redação
Fotografia:
Pegada Verde
PEGADA VERDE: MARCA
SUSTENTÁVEL COM OPÇÕES
PARA TODOS
A Pegada Verde trabalha diariamente para oferecer vários produtos sustentáveis
aos seus clientes.
C
riada em 2009, a Pegada Verde
completa, este ano, 13 anos de
existência. A ideia surgiu a Sofia
Catarino e ao seu companheiro, Sérgio,
quando, há uns anos, estavam a trabalhar
em Nova Iorque e se começaram a aperceber
da quantidade de lixo e de desperdício que
lhes aparecia à porta de casa, diariamente.
“Sempre tivemos grandes afinidades
pela questão ambiental e começou, dessa
maneira, a fazer-nos muita confusão
olhar para o que nos rodeava”, refere Sofia
Catarino, cofundadora da Pegada Verde.
Em entrevista à PME Magazine, Sofia
Catarino contou-nos que, após ter lido
um artigo relativo ao copo menstrual, algo
que lhe despertou de imediato a atenção e a
curiosidade por não existir nada de semelhante
em Portugal, começou a pesquisar
sobre o assunto, que, até então, ainda
não tinha ouvido falar. “Se agora ainda é
estranho para as pessoas, então na altura
ninguém sabia o que era”, revelou Sofia.
“Fiquei a pensar muito sobre o assunto,
fui a diversas farmácias saber se possuíam
o produto, realizei inúmeras pesquisas na
internet, e encontrei, por fim, a marca
Lunette, que nos acompanha até aos dias
de hoje, e mandei vir logo um copo menstrual.
A experiência foi ótima, achei que
era a melhor coisa do mundo, e dei por
mim bastante surpreendida por aquilo
não existir em Portugal. Destes pequenos
cliques surgem as grandes ideias”, explicou.
Após a colaboração com a marca Lunette,
a cofundadora da Pegada Verde apercebeu-se
de que faria, igualmente, sentido
associarem-se a outras marcas relacionadas
com outros produtos. Foi do interesse da
Pegada Verde perceber que tipo de produtos
é que ainda não existiam em Portugal e que
podiam ser trazidos para o mercado.
“Quando começámos a Pegada Verde, em
2009, falava-se muito pouco de sustentabilidade.
Havia, até, quem nos chamasse
de hippies. Hoje, a sustentabilidade é quase
Procura por produtos reutilizáveis esteve na origem da Pegada Verde
Sofia Catarino, cofundadora da Pegada Verde
“ Quando
começámos
a Pegada
Verde, em
2009, falava-se
muito pouco de
sustentabilidade.
Havia, até, quem
nos chamasse
de hippies.
Sofia Catarino,
cofundadora
da Pegada Verde
”
Julho de 2022
08 pmemagazine.sapo.pt
CASOS DE SUCESSO
um conceito tendência, uma moda”,
confessa Sofia Catarino, cofundadora da
Pegada Verde.
Uma das prioridades foi, também, a
procura de produtos não descartáveis, e,
dessa maneira, a empresa foi somando a
parceria com marcas que reunissem todas
estas qualidades. “Percebemos, também,
que para o consumidor e comprador era
muito importante que fossem produtos
atrativos e apelativos, do ponto de vista do
design. Porque, quer queiramos, quer não,
este fator também faz com que as pessoas
depois tenham orgulho em usar os nossos
produtos”, explicou.
A Pegada Verde oferece, agora, produtos
que podem ser inseridos na rotina e no dia
a dia dos consumidores. Isto é, produtos
reutilizáveis e ingredientes saudáveis. A
pergunta da marca é sempre: “Que produtos
é que posso, por exemplo, na minha cozinha,
substituir por outros reutilizáveis?”.
A oferta vai desde produtos naturais de
cosmética, a marmitas, a copos reutilizáveis
para o café, e, até, a produtos para os animais
de estimação. A marca vai adicionar, agora,
também, fraldas reutilizáveis, para as crianças.
Produtos naturais entre as prioridades da empresa
Pegada Verde oferece produtos que podem ser inseridos na rotina
Design é outra das preocupações da marca
A preocupação é sempre de trazer para o
público produtos coloridos e apelativos e de
fazer com que o consumidor queira muito
usar, diariamente, os produtos da marca.
Com mais de uma década de existência, a
cofundadora revelou à PME Magazine que o
maior desafio vivido até agora foi mesmo o
início e os primeiros anos. A marca chegou,
até mesmo, em 2010, a abrir uma loja física,
que acabou, um pouco mais tarde, por ser
obrigada a fechar portas. Segundo Sofia
Catarino, a Pegada Verde foi uma marca
que surgiu antes do tempo, quando o
mercado ainda não estava recetivo. Só
em 2016/2017 é que a marca sentiu uma
mudança relativamente ao crescimento
do tema da sustentabilidade.
Sofia Catarino afirma que, hoje, as
pessoas estão muito mais conscientes,
preocupadas, exigentes e informadas
acerca da sustentabilidade e de todas as
questões ambientais. E, dessa maneira,
a marca também sente, obviamente, um
crescimento, porque existe uma maior
procura. “É bom, porque nos faz evoluir,
e damos por nós sempre à procura de mais
coisas que possam satisfazer os nossos
clientes”, explicou.
Também é inegável, para a cofundadora,
a existência de um fundamentalismo
relativamente ao tema da sustentabilidade:
com tanta evolução positiva, iria,
eventualmente, aparecer quem sofresse,
em demasia, com o assunto.
“A sustentabilidade é sobre o ambiente,
mas é muito mais do que isso. É sobre
pessoas, é sobre a partilha, a aceitação e a
inspiração. Não há necessidade de apontar
o dedo aos outros. Temos de pensar que
só juntos é que vamos conseguir fazer a
diferença no mundo. E isto, num pé de
igualdade. Foi uma surpresa, para mim,
perceber que existia este lado negativo
relativamente a um tema que, na minha
opinião, representa um fator tão social”,
defende.
Com a expetativa de chegar a cada vez
mais pessoas, a Pegada Verde tem uma
preocupação constante de estar a par
das tendências, de maneira a conseguir,
também, acompanhar as necessidades
dos seus consumidores.
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
09
INVESTIMENTO
REVITALIZAR, RECUPERAR
OU INSOLVER
Texto:
Sandra Laranjeiro
dos Santos
Advogada
e mediadora
de conflitos
Fotografia:
LS Advogados, RL
S
egundo um importante estudo
divulgado por uma corretora de
seguros (de risco e comerciais) o
número de insolvências entre as empresas
portuguesas deverá voltar a disparar,
aumentando cerca de 16% já em 2023 – esta
estimativa alerta para as sérias dificuldades
das empresas após o fim dos apoios do
Estado à retoma pós-pandemia.
O fim das moratórias, o regresso (ainda
muito faseado) ao “regime normal”, os
números elevados da pandemia, ainda
na atualidade, fazem com que muita da
atividade comercial ainda esteja instável,
sem que muitas das empresas tenham
conseguido assegurar fluxos de tesouraria
que lhes permitam honrar compromissos
presentes e passados (ainda que em regime
de eternizados parcelamentos, instituídos
com a Covid-19, como um hábito empresarial
em Portugal (e não só)).
Sendo que a insolvência será, certamente,
o último dos recursos para muitos dos
empresários, procuraremos nas linhas abaixo
deixar enunciadas alternativas de recuperação
e revitalização, existentes no nosso
ordenamento jurídico, mas muitas vezes
desconhecidas pelos agentes comerciais.
Começamos pelo “mais simples”, o
SISPACSE – um sistema público de resolução
alternativa de litígios que tem como objetivo
permitir ao devedor e aos respetivos
credores ter um momento negocial para
obterem uma solução de equidade mais
adequada aos termos do litígio.
Podem recorrer a este sistema os devedores,
pessoas singulares, que residam em
território nacional, que se encontrem em
situação de mora, na sua iminência, ou de
não cumprimento definitivo de obrigações
de natureza pecuniária, independentemente
de atuarem na qualidade de consumidores –
ou seja, os empresários em nome individual
podem ter aqui uma porta para a recuperação
dos seus negócios, que lhes parece
vedada pelos demais mecanismos legais,
pensados e desenhados para sociedades
comerciais de per si.
Os devedores que encontrem estes requisitos
preenchidos podem requerer à Direção
Geral da Política de Justiça a intervenção
do SISPACSE, através do formulário disponibilizado
no sítio da internet da DGPJ –
indicando o nome completo e os dados de
contacto dos seus credores, a origem, valor
e data de vencimento dos créditos, assim
como os respetivos garantes, caso existam 1 .
Após o preenchimento do formulário, e no
prazo de dois dias úteis, é nomeado um
conciliador 2 que acompanhará o devedor
durante todo o procedimento 3 .
Finda a fase da sessão informativa dá-se
início à fase das negociações e acordo,
sendo que o processo negocial tem duração
máxima de 60 dias contados da data
de nomeação do conciliador, podendo tal
prazo ser prorrogado uma única vez por
idêntico período.
Para as empresas comerciais de per si,
destacamos o RERE (Regime Extrajudicial
de Recuperação de Empresas) que, tal
como o nome indica, é um instrumento
extrajudicial, que corre termos junto da
Conservatória do Registo Comercial que
permite a um devedor que se encontre em
situação económica difícil ou em situação
de insolvência iminente, negociar e obter
um acordo de reestruturação com um ou
mais dos seus credores.
O procedimento inicia-se com a assinatura
de um protocolo de negociação entre
devedor e credores, sendo que o processo
negocial não deverá ultrapassar os três
meses, devendo os credores subscritores
representar pelo menos 15% do passivo
do devedor que seja considerado não
subordinado, e promover o seu depósito
na Conservatória do Registo Comercial.
O conteúdo do protocolo de negociação
é livremente estabelecido entre as partes
cuja adesão é voluntária, contudo, devem
constar os seguintes elementos:
(i) Identificação completa do devedor
e dos credores participantes;
(ii) Prazo máximo para as negociações;
(iii) Passivo total do devedor;
(iv) Responsabilidades pelos custos
inerentes ao processo negocial;
(v) Acordo relativo à não instauração
de processos judiciais e de insolvência;
(vi) Data e assinaturas reconhecidas;
(vii) Lista de fornecedores dos serviços
essenciais.
10
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
INVESTIMENTO
Com o depósito do protocolo de negociação
produzem-se alguns efeitos legais
que recaem tanto sobre o devedor como
sobre os credores, assim, o devedor fica
obrigado a manter o curso normal do
negócio e fica impedido de praticar atos
de especial relevância. Por sua vez, os
credores não poderão desvincular-se dos
compromissos assumidos no protocolo
antes do prazo máximo previsto para as
negociações, exceto se houver violação
grosseira do devedor.
O acordo de reestruturação é confidencial
e livremente fixado pelas partes, assinado
e sujeito a registo.
Falando em recuperação, deixamos,
ainda, umas linhas finais sobre o PEVE
(Processo Extraordinário de Viabilização
de Empresas) – um processo de natureza
extraordinária, urgente e prioritário, que tem
como objetivo a recuperação de empresas
afetadas pela crise económica provocada
pela pandemia da doença Covid-19, através
de um acordo de reestruturação de dívida
alcançado extrajudicialmente com os seus
credores e homologado em tribunal.
Destina-se a empresas em situação
económica difícil ou de insolvência, iminente
ou atual, com condições de viabilização e
que demonstrem ter, em 31 de dezembro
de 2019, um ativo superior ao passivo e que
não tenham pendente nenhum processo
especial de revitalização ou processo especial
para acordo de pagamento.
Até ao trânsito em julgado da sentença
de homologação ou não homologação do
PEVE, ficam suspensas, quanto à empresa,
as ações em curso com idêntica finalidade,
extinguindo-se aquelas logo que seja
homologado o acordo de viabilização, salvo
quando este preveja a sua continuação ou
quando os créditos em causa naquelas
ações não estejam abrangidos pelo acordo.
A empresa fica impedida de praticar atos
patrimoniais de especial relevo sem que
previamente obtenha autorização para
a realização da operação pretendida por
parte do administrador judicial provisório.
Os processos de insolvência em que
anteriormente tenha sido requerida a
insolvência da empresa suspendem-se
na data de publicação do mencionado
despacho desde que não tenha sido proferida
sentença declaratória da insolvência,
extinguindo-se logo que seja homologado
o acordo de viabilização.
A decisão de homologação vincula a
empresa, os credores subscritores do
acordo e os credores constantes da relação
de credores, mesmo que não tenham
participado na negociação extrajudicial,
relativamente aos créditos constituídos à
data em que foi nomeado administrador
judicial provisório.
São estas algumas linhas sobre os mecanismos
de recuperação das empresas,
desconhecidos, ainda hoje, da maioria dos
empresários e que, esperemos, permitam
a muitas das sociedades uma alternativa
à insolvência.
1
Artigo 4.º, n.º 2 Decreto-lei n.º 105/2020
2
Podem ter acesso à atividade de conciliador todos os referidos no artigo 9.º, n.º 1 DL n.º 105/2020
3
Artigo 4.º, n.º 1 Decreto-Lei n.º 105/2020
4
Sem prejuízo do disposto no n.º 4 e 5 do artigo 7.º DL n.º 105/2020, o início da fase de negociações tem o custo único de (euro) 30 que deve ser suportado pelo devedor
– artigo 10.º, n.º 2 DL n.º 105/2020
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11
INTERNACIONAL
“A COMPAL
É UMA MARCA
INTERNACIONAL,
MAS TAMBÉM
MOÇAMBICANA”
Texto:
Ana Rita Justo
Editora
Fotografia:
Sumol+Compal
– Fernando Oliveira
Fernando Oliveira, presidente do conselho de
administração do Sumol+Compal em Moçambique
PME Magazine – Porquê a escolha
de Moçambique para a
primeira fábrica fora de Portugal?
Fernando Oliveira – Tudo começou com
a fusão do grupo Sumol+Compal. Nessa
altura, a administração definiu como
prioridade procurar mercados onde fizesse
sentido produzir, sendo identificados dois
mercados prioritários: Angola e Moçambique.
Verificou-se que seria mais rápida
a instalação do projeto de Moçambique e
começámos a trabalhá-lo efetivamente em
2012, arrancando as produções em 2013.
A escolha residiu em alguns elementos
fundamentais: uma grande presença de
jovens, que proporcionaria crescimentos
sustentados, uma afinidade linguística e
cultural que facilitaria a implementação,
uma localização geoestratégica interessante
e uma perspetiva de crescimento económico
acelerado tendo em vista a descoberta de
grandes reservas de gás natural.
PME Mag. – Tinham muita informação
inicial sobre o mercado?
(F. O.) – Em Moçambique cerca de 90%
do comércio de bens de grande consumo
é informal e isso faz com que a informação
quantitativa de mercado seja pouco fiável.
Interpretámos pistas, mas acabamos por
ir percebendo melhor o mercado à medida
que o trabalhamos. Ao longo destes anos
o mercado evoluiu muito, há muito mais
lojas e marcas. Atualmente, é importante
acompanhar as decisões com pesquisas
de mercado dirigidas, que orientam no
processo de desenvolvimento e inovação
ou comunicação, por exemplo.
PME Mag. – Qual foi a maior aprendizagem
que esta experiência em Moçambique
lhe trouxe?
A Sumol+Compal entrou
há quase dez anos em
Moçambique, sendo este o
único país, além de Portugal,
com uma fábrica da marca.
Situada em Boane, nos arredores
de Maputo, a fábrica
emprega 150 pessoas. Em
entrevista à PME Magazine
no âmbito do programa
“Learn & Share” da Católica
International Business
Platform, plataforma
de estudos sobre a
internacionalização
da Católica-Lisbon School
of Business and Economics,
Fernando Oliveira,
presidente do conselho
de administração
da Sumol+Compal em
Moçambique, traça o perfil
da marca Compal na
sociedade moçambicana
e das adaptações que
a empresa teve de fazer
para apaixonar
o mercado local.
F. O. – Que é fundamental ter um objetivo
e ter um plano, mas devemos estar preparados
para o alterar quando as circunstâncias
o obrigarem. Em África isso é quase um
requisito. As coisas raramente correm
da forma que planeámos e a adaptação e
flexibilidade são fundamentais. É crucial
termos claro a todo o momento os princípios
e valores da organização, assegurar que
no processo de adaptação não perdemos
os valores fundamentais, mas mantemos
a flexibilidade suficiente para adaptar os
métodos. É muito difícil fazer de outra
maneira, não há guiões. O próprio mercado
está em mutação acelerada, o consumidor
moçambicano está a evoluir muito depressa.
A única forma de evoluir neste contexto é
aprender fazendo, aceitar os erros e adaptar
a estratégia às oportunidades. Além
disso, uma atitude positiva é necessária.
África tem também essa magia: as coisas,
por alguma razão nem sempre explicável,
acabam por correr bem, mas temos de ser
muito persistentes e pacientes. O tempo
corre de uma maneira diferente da Europa,
nalguns aspetos é rapidíssimo, noutros é
muito lento. A capacidade de acreditar
e renovar todos os dias a esperança nos
negócios é fundamental em África.
PME Mag. – Qual a maior diferença
cultural que encontrou?
F. O. – Há muito pouca industrialização,
Moçambique importa muito daquilo que
consome e acaba por ficar muito dependente
de produções alheias, sobretudo
da África do Sul. Isso resulta em poucos
recursos humanos qualificados, sobretudo
para a área industrial. Os melhores
operários que tivermos vão ser aqueles que
vamos formar e temos de ter uma ideia de
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INTERNACIONAL
longo prazo, uma certeza de que estamos
para ficar. Não é fácil chegar e instalar de
raiz uma indústria, é preciso um trabalho
continuado de formação das pessoas, desde
a ética de trabalho, a fiabilidade daquilo
que se faz e o compromisso que se assume
perante a organização. Isso é algo que as
pessoas aprendem, porque a maior parte
delas vai encontrar nestas indústrias o
seu primeiro emprego. Em Moçambique,
cerca de 45% da população tem menos
de 14 anos e as pessoas não têm o hábito
de concluir os estudos de forma regular e
depois entrar no mercado de trabalho através
dos mecanismos formais que conhecemos
na Europa. Quando acontece esta entrada
em empresas estruturadas como a nossa,
que têm princípios e valores muito claros,
eles vão ter de ser muito bem expressos e
frequentemente relembrados por parte
da gestão. Isto não quer dizer que seja
melhor ou pior, quer dizer que é precisa
uma adaptação. Frequentemente, tenho
encontrado por parte das pessoas uma
grande disponibilidade para o trabalho
e sobretudo para aprender. Sabemos que
estamos a formar uma geração que poderá
moldar as seguintes.
PME Mag. – Quantas pessoas empregam
em Moçambique?
F. O. – Com base regular cerca de 150
pessoas. A fábrica trabalha em turnos
diários contínuos.
PME Mag. – Que características considera
que as empresas portuguesas devem
ter para internacionalizarem para África?
F. O. – Acima de tudo têm de ter valor
acrescentado, têm de ser boas na sua área
de especialidade, de trazer e confiar nos
seus ativos mais diferenciadores. O mercado
evolui e já não há setores sem concorrência,
pelo que a diferenciação é determinante.
Depois, é fundamental o empenho da gestão
de topo, tem de ser um projeto apoiado e
transversal à organização. Somam-se a
persistência e a paciência. Isso traduz-se,
por exemplo, na conveniência de investir
capitais próprios suficientes para o arranque
do projeto, porque o crédito em Moçambique
é muito caro, as taxas de juro rondam os
20%. Ainda que seja capital alheio levantado
em euros ou em dólares, há sempre o
risco de desvalorização. A capacidade de
adaptação e a vontade de aprender com o
mercado têm de estar presentes. As equipas
de implementação do projeto têm de ser
escolhidas de acordo com a sua ambição
e flexibilidade. É também conveniente
Fábrica em Boane emprega cerca de 150 pessoas
definir bem quais as competências que se
vão deixar centralizadas e quais as que serão
desenvolvidas localmente, assegurando
sempre o apoio das diversas áreas funcionais
da casa-mãe. Do ponto de vista de solidez
do projeto, é sempre mais seguro fazer
algo pequeno que se prove que funciona
e depois então escalá-lo, em vez de fazer
um mega-investimento à cabeça, porque
depois o tipo de pressão sobre os resultados
pode não ser compatível com as respostas
do mercado. Por outro lado, as oportunidades
existem e o potencial existe. Estão
em curso vários projetos de produção de
energia que vão tornar Moçambique um dos
top players mundiais a nível de produção de
gás natural. Há muito por ser feito para o
desenvolvimento da indústria em Moçambique
e há muito know-how português que
poderia ser adaptado, particularmente na
área da agroindústria.
PME Mag. – Tiveram de adaptar o vosso
produto ao mercado local, como correu
esse processo?
F. O. – No início procurámos fazer aquilo
que sabíamos fazer bem. A Sumol+Compal,
através da marca Compal, já estava a exportar
para Moçambique e assim que a fábrica
ficou disponível para começar a produzir,
reproduzimos exatamente as mesmas
fórmulas que já tínhamos em Portugal.
Nessa fase, a preocupação fundamental
era garantir e provar que conseguíamos
atingir qualidade idêntica à que tínhamos
em Portugal. Isso resultou em duas
importantes certificações de qualidade,
desde cedo no projeto – BRC Foods e ISO
9001. À medida que fomos conhecendo o
mercado começámos a perceber que era
possível fazer algo diferente. Houve duas
mudanças muito significativas que alteraram
a maneira como vemos o mercado.
A primeira foi o lançamento da embalagem
de meio litro. Em Moçambique a propensão
ao consumo de sumos é maior, as pessoas
bebem o sumo frequentemente como substituto
de uma refeição e o clima faz com
que 200 mililitros seja uma dose pequena.
A embalagem de meio litro abriu portas,
particularmente junto do mercado informal.
A segunda mudança foi a decisão segundo
a qual todos os novos lançamentos seriam
baseados em frutas que tivessem relação com
o consumidor moçambicano. O malambe é
um fruto que faz parte de um dos grandes
movimentos da marca, que a catapultou
para outro nível de reconhecimento no
mercado, que é o Compal da Terra. O Compal
da Terra foi vestido à moçambicana, com
uma capulana, que são os vestidos típicos
africanos, e tudo o que fizemos foi direcionado
para ir buscar os aspetos da cultura
moçambicana que mais valorizamos e que
nos pareceram importantes enaltecer, em
particular esta ligação às mulheres, porque
são elas que usam a capulana, são a base da
sociedade, são elas que cuidam da família.
Com esse produto, que tem quatro frutas
que se encontram em Moçambique – a
manga, a banana, a ata, que é uma espécie
de anona, e o malambe – e com tudo o que
fizemos à volta dele, particularmente a
campanha de comunicação, atingimos um
patamar muito importante no desenvolvimento
da marca. Afirmámos que a marca
está para ficar, que a Compal é uma marca
internacional, mas é também uma marca
moçambicana. Isto marcou definitivamente
a ‘moçambicanização’ da marca Compal.
PME Mag. – A Compal já é vista como
uma marca moçambicana?
F. O. – A marca Compal, e particularmente
a empresa Sumol+Compal, tem um
goodwill muito forte em Moçambique. Está
presente de norte a sul, vende milhões de
unidades e faz parte do dia a dia das pessoas
e, hoje, as pessoas sabem que é uma marca
internacional, mas não deixa, por isso,
de ser moçambicana. Há uma diferença
fundamental entre ser internacional ou ser
marca estrangeira. O mérito da Compal é
que se tornou numa marca internacional,
mas também moçambicana. Ela não é
estranha e não comunica valores fora do
referencial moçambicano. Tem uma ligação
muito forte, quer naquilo que faz a nível da
comunicação, quer naquilo que contribui
a nível de participação na sociedade e de
responsabilidade social.
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INTERNACIONAL
Texto:
Diana
Mendonça
Redação
Fotografia:
BNZ
BNZ APOSTA
NA ENERGIA
FOTOVOLTAICA
A NORTE
Produção de energia solar
fotovoltaica estável e
acessível, a caminho de uma
pegada de carbono nula. Este
é o principal objetivo da BNZ,
produtora independente de
energia que constrói e opera
painéis solares fotovoltaicos
e que vai agora investir numa
nova central em Portugal.
Central fotovoltaica
na comunidade
intermunicipal do Ave
será o primeiro
investimento da BNZ
em Portugal
C
om uma forte presença nos mercados
italiano e espanhol, a BNZ irá
investir, agora, em Portugal através
da construção de uma central fotovoltaica
na Comunidade Intermunicipal do Ave,
região norte. A central terá uma capacidade
instalada de 49 MWp e estará operacional
em 2023.
“Portugal é um dos países com maior
potencial no setor das energias renováveis
na Europa e reúne as condições necessárias
para um desenvolvimento ótimo no domínio
das energias renováveis”, explica Luís
Selva, diretor geral da BNZ, em entrevista
à PME Magazine.
O novo projeto da BNZ em Portugal
pretende responder às necessidades elétricas
anuais de cerca de 14 mil pessoas e irá evitar
a emissão de 21.500 toneladas de dióxido
de carbono (CO2) por ano. De acordo com
Luís Selva, a redução de CO2 gerada pela
central corresponde a “cerca de 37 mil
voos de ida e volta entre Lisboa e Londres”.
O investimento da BNZ em Portugal
corresponde a quase um terço do pipeline
do Sul da Europa, em termos de capacidade
instalada. Até ao momento, a empresa tem
uma carteira de projetos correspondente a
400 MW. No entanto, já tem mais planos
para o futuro.
“Temos planos para oito projetos diferentes
em Portugal, concentrados nas
regiões Centro e Norte do país. Em termos
de capacidade, estes projetos variam entre
os 40 e os 98 MW, e 35% já têm aprovação da
Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”,
diz Luís Selva.
A produção de energia solar fotovoltaica
irá evitar a importação de combustíveis
fósseis, nomeadamente, de gás natural, o
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Julho de 2022
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INTERNACIONAL
que gera uma menor dependência energética
face a terceiros. A BNZ estima que
com a nova central irá poupar, por ano, a
utilização de 14 milhões de metros cúbicos
de gás natural.
A exportação de energia para compradores
externos através de contratos de
aquisição de energia (CAE) também é um
objetivo da BNZ.
“Uma das opções da BNZ em Portugal é
exportar a energia produzida para compradores
externos, interessados em assinar
PPA [n. d. r. Power Purchase Agreement],
que garantem um preço previsível para
o comprador da eletricidade produzida e
“ “O principal
objetivo da BNZ
é a produção
de energia
100% limpa,
contribuindo
para alcançar
um futuro em
que as baixas
emissões de
carbono para
a atmosfera são
uma realidade.
Neste sentido,
Portugal é
um mercado
prioritário para
e empresa e
com um forte
potencial de
crescimento
na geração
de energias
renováveis,
como é o caso
da energia
solar.”
o desenvolver de mais projetos, a empresa
pretende contribuir para o emprego local.
“O principal objetivo da BNZ é a produção
de energia 100% limpa, contribuindo
para alcançar um futuro em que as baixas
emissões de carbono para a atmosfera são
uma realidade. Neste sentido, Portugal é
um mercado prioritário para a empresa
e com um forte potencial de crescimento
na geração de energias renováveis, como
é o caso da energia solar”, acrescenta o
responsável.
As boas relações entre a BNZ e os stakeholders
são um objetivo importante para a
empresa, a vertente social e a presença local
Luís Selva,
diretor geral da BNZ
”
vendida em Portugal”, afirma Luís Selva.
Em Portugal, não há muito o hábito de
assinar contratos de aquisição de energia,
contudo, as tendências internacionais estão
a ser trazidas para o mercado português e
o futuro da venda de energia passará por
estes contratos.
O projeto a ser construído em Portugal
pretende empregar 270 a 370 postos de
trabalho diretos e indiretos até 2024. Com
dentro da comunidade faz parte dos planos
da BNZ. Desde visitas de educação pública,
ao financiamento de iniciativas locais, o
projeto irá acolher várias dimensões.
“Todos os projetos da BNZ têm uma
abordagem social, desenvolvida de forma
que estes sejam benéficos para as comunidades
locais. Seja através do patrocínio
de iniciativas do município, ou do apoio às
juntas de freguesia”, conclui.
A BNZ vai desenvolver
sete projetos de energia
solar em Portugal,
na região Norte e Centro
Julho de 2022
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AMBIENTE
VANTAGENS
DO USO DE
COMBUSTÍVEL
RECICLADO
NAS DIVERSAS
INDÚSTRIAS
A
s metas de redução de emissões de gases com efeito de
estufa (GEE) em 55% até 2030 e a neutralidade carbónica
em 2050 só serão possíveis de alcançar através de uma
profunda alteração do perfil de consumo de energia na indústria.
A transição energética na indústria, dos combustíveis fósseis
para outras formas de energia menos poluentes, tem sido realizada
por pressão geral da opinião pública e por via de iniciativas
políticas de natureza fiscal, com penalização dos combustíveis
mais poluentes e, no caso dos grandes consumidores de energia,
também pela redução continuada das cotas de emissões, inseridas
no mecanismo europeu de Comércio Europeu de Licenças
de Emissão (CELE).
A utilização de resíduos como combustíveis reciclados, em
detrimento dos combustíveis fósseis tradicionais, deve ser incentivada
pelo efeito positivo no balanço comparativo das emissões
globais associadas ao ciclo de vida.
16
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
Texto:
Nuno Matos
Vice-presidente
da Associação
Portuguesa de
Reciclagem de
Fuelóleo e manager
da Eco-oil
Fotografia:
D. R.
“ A utilização de
resíduos como
combustíveis
reciclados, em
detrimento dos
combustíveis
fósseis
tradicionais,
deve ser
incentivada pelo
efeito positivo
no balanço
comparativo das
emissões globais
associadas ao
ciclo de vida.
Nuno Matos,
vice-presidente
da ARF - Eco-Oil
”
De forma simplificada, um combustível
fóssil tradicional ao longo de todo o ciclo de
vida, desde a extração até ao consumo final,
acumula uma pegada de carbono muito
superior à pegada associada ao combustível
reciclado – desde logo porque, por definição,
o resíduo que serve de matéria-prima
ao combustível reciclado não tem pegada
de carbono e as unidades de tratamento
de resíduos e produtoras de combustível
reciclado têm uma pegada de carbono de
dimensão inferior à de qualquer refinaria.
Como consequência, cada vez que uma
indústria opta por um combustível reciclado,
como é o caso do EcoGreen Power,
está a reduzir as suas emissões de CO2 em
mais de 75%.
A valorização material de resíduos é assim
determinante para o cumprimento das metas
de emissões previstas nos compromissos
2030 e 2050.
Qualquer limitação à utilização de
combustíveis reciclados, em claro favorecimento
da valorização energética, coloca
em xeque a redução de emissões que os
combustíveis reciclados potenciam. Por
outro lado, teria a desvantagem de ocupar
capacidade de coincineração, que é limitada
e deve ser preferencialmente dedicada aos
resíduos que não têm potencial de reciclagem,
e cuja única valorização possível seja
a queima para recuperação energética.
Com o alargamento de sistemas de certificação
de sustentabilidade aos resíduos, será
em breve possível classificar os combustíveis
100% reciclados como sustentáveis, o que
permitirá às indústrias consumidoras ter
vantagens económicas reais e mensuráveis
na redução das suas emissões, pela aplicação
de fatores de emissão inferiores, certificados
e específicos para os combustíveis reciclados.
As indústrias que tenham uma visão
de longo prazo e que apostem na sustentabilidade
como um pilar central da sua
atuação, como forma de reduzir a sua
pegada ambiental, têm nos combustíveis
reciclados um instrumento para diminuir a
sua dependência dos combustíveis fósseis
e reduzir as emissões de GEE.
A app
que lhe
traz notícias
do seu
interesse
e ainda
lhe dá
prémios.
13:38 segunda
7, fev
Nas Terras Altas escocesas em
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AMBIENTE
CONDOMÍNIOS AMIGOS DO AMBIENTE:
A PROPOSTA DA APEGAC
Em solo nacional, quase metade da população portuguesa, cerca de cinco milhões de cidadãos,
vive em condomínios. Contudo, a preocupação com o meio ambiente nestes locais ainda
acaba por ser escassa. A Associação Portuguesa das Empresas de Gestão e Administração
de Condomínios, em parceria com várias associações ambientais, quer alterar este mindset.
Em Portugal, quase metade da população vive em condomínios
S
ustentabilidade e eficiência energética. Estes são os
objetivos do “Condomínio Verde”, projeto da Associação
Portuguesa das Empresas de Gestão e Administração de
Condomínios (APEGAC) cujo apoio da Quercus, da Associação
Nacional de Conservação da Natureza e do Fundo Ambiental e
ADENE está a ser ultimado.
Em Portugal, quase metade da população vive em condomínios.
Isto corresponde à existência de cerca de 300.000 edifícios. A criação
de um projeto como o “Condomínio Verde” permite sensibilizar
para as boas práticas ambientais de uma forma comunitária.
Apesar de alguns condomínios já estarem sensibilizados para
as práticas de vida comunitária sustentáveis, implementando
medidas simples, como é o caso da reciclagem e da compostagem,
ainda existe muito a melhorar, de acordo com Vítor Amaral,
presidente da APEGAC: “O primeiro passo é a sensibilização dos
administradores de condomínios, sejam ou não profissionais, de
forma que possam promover junto dos condóminos a mudança de
práticas e comportamentos, que levem à melhoria da qualidade de
Texto:
Diana
Mendonça
Redação
Fotografia:
D. R.
vida, poupança nos consumos de energia,
de água e outros recursos.”
Alguns aspetos de poupança energética
já foram aplicados nos condomínios, por
força das alterações impostas pela lei. Os
sistemas de iluminação foram uma das
principais mudanças. A substituição de
lâmpadas incandescentes por lâmpadas
led ou similares, que proporcionam uma
maior poupança energética são um exemplo.
De acordo com os estudos da União Europeia,
os edifícios residenciais consomem
cerca de 70% dos 40% de consumo total
de energia em território português. Logo,
a otimização energética é um elemento
essencial para alcançar as metas ambientais.
“Muitos condomínios podem vir a produzir
a sua própria energia, mas, para isso, são
necessários investimentos apoiados por
incentivos que motivem os condóminos”,
explica o presidente da APEGAC.
A eficiência energética assume uma
especial importância para os edifícios
residenciais, tendo em conta os custos de
manutenção e de consumo de energia que
têm um peso significativo nas despesas dos
condomínios. A climatização dos edifícios,
nomeadamente, através da substituição
de janelas, revestimento de fachadas e
isolamento das coberturas são algumas
das alterações que necessitam de ser feitas,
sobretudo, nos prédios mais antigos para
minimizar os gastos. “A legislação e os
apoios do Estado nestas matérias tornam-se
fulcrais para um alcance mais rápido das
metas ambientais propostas”, lembra.
Segundo Vítor Amaral, “há soluções
imediatas e simples que podem ser adotadas
como a redução ou eliminação de herbicidas
tóxicos e prejudiciais para o ambiente, até
para que os espaços verdes dos condomínios
possam ser mais utilizados, especialmente
pelas crianças”, contudo, existem outras
que requerem incentivos e uma regulação
das atividades de gestão de condomínios.
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Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
RH
Texto:
Maria Carvalhosa
Redação
Fotografia:
Enigmind
JOGOS QUE
UNEM EQUIPAS
A Enigmind criou um conjunto de jogos
que unem a psicologia tradicional com
as dinâmicas de grupo e o team building,
para quem procura entretenimento
e o desenvolvimento das suas capacidades.
O princípio de um jogo passa por colocar
problemas às equipas, para que estas os
consigam resolver. Através deste processo,
as pessoas ficam a perceber que ferramentas
poderão, depois, aplicar no contexto real,
no seu dia a dia. Todos os jogos são pensados
ao pormenor e feitos à medida de quem os
procura, garante Adriana Paiva.
Contudo, em plena fase de crescimento (e
como aconteceu a muitas outras empresas),
a Enigmind viu-se obrigada a, durante a
pandemia da Covid-19, inovar ainda mais,
e perceber de que é que as pessoas mais
precisavam naquele momento. A resposta
tornou-se, para a Enigmind, bastante óbvia e
evidente: as pessoas precisavam de se sentir
mais próximas e mais unidas, dentro e fora
das empresas.
Como balanço do projeto até à data, a
cofundadora da Enigmind afirma que a
conclusão é extremamente positiva. Apesar de
sentir que ainda é uma área em crescimento e
em desenvolvimento, explica que o mercado
corporativo está a começar a perceber que o
pincípio de investir nas pessoas é o correto,
no que toca a desenvolvê-las e motivá-las.
“Aquilo que ambicionamos é um crescimento,
tanto na procura do nosso serviço,
como na possibilidade de criarmos uma
O princípio de um jogo passa por colocar problemas às equipas, para que estas os consigam resolver
A
Enigmind nasceu em 2017, pelas
mãos de Adriana Paiva e Ana
Fernandes, duas colegas que,
após experiências noutras empresas, se
aperceberam de que existia uma constante
pressão pela obtenção de bons resultados,
desvalorizando-se, por vezes, o investimento
nas pessoas no presente.
Adriana Paiva, cofundadora da Enigmind,
explicou à PME Magazine que, após ter
observado o efeito dos jogos e da colaboração
nas pessoas, percebeu que teria de criar algo
que unisse a psicologia com as dinâmicas de
grupo: “Achámos que seria a fusão perfeita,
juntar a psicologia tradicional com os jogos,
dando origem a uma ferramenta de trabalho
para desenvolver equipas”.
“A nossa intenção de trabalho dirige-se
a todas as empresas que tenham pessoas,
e, por consequência, a todos os gestores
que queiram investir nas pessoas”, referiu
Adriana Paiva, cofundadora da Enigmind.
Com o objetivo de trabalhar pessoas e criar
ferramentas para as mesmas, colocando o
fator humano e a experiência na linha da
frente, surgiram, então, os jogos da Enigmind.
Adriana Paiva, cofundadora da Enigmind
“Traçamos diversos desafios que obrigam
os jogadores a colocar vários pensamentos
estratégicos em prática, de forma a conseguir
ultrapassá-los. Entre eles está a capacidade de
planeamento, a aptidão de gestão de tempo,
a resolução de problemas, assim como o
bom desenvolvimento da comunicação na
equipa”, esclareceu a cofundadora.
“A nossa intenção
de trabalho dirige-se
a todas as empresas que
tenham pessoas, e, por
consequência, a todos
os gestores que queiram
investir nas pessoas.”
Adriana Paiva,
cofundadora da Enigmind
equipa cada vez maior e mais especializada.
Cada vez mais empresas estão a apostar
nas pessoas. Queremos ocupar esse lugar,
na eventual oferta de soluções”, explicou
Adriana Paiva.
Como qualquer empresa, a Enigmind
pretende continuar o trabalho de crescimento
nos diferentes eixos que tem vindo a
desenvolver até agora. Isto é, manter o ritmo
de crescimento, oferecendo os jogos como
uma ferramenta essencial para a motivação
de quem os procura.
Julho de 2022
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RH
FORMAÇÃO,
O INVESTIMENTO
COM VARIÁVEL +
E
m qualquer área de negócios, medir
resultados sobre os investimentos
é uma prioridade para apoiar a
tomada de decisões. No entanto, quando
envolve capital humano, o ROI (return over
investment) não tem uma leitura líquida.
O investimento em formação no seio
de uma organização não é tão fácil de
medir porque envolve pessoas, que não
são números nem coisas, são entidades
únicas dotadas de inteligência e emoções.
São variáveis.
Sem a possibilidade de aferir métricas
rigorosas e objetivas quando toca ao
impacto da formação das “nossas pessoas”,
as lideranças só podem apoiar o retorno
de investimento em planos de formação
com o conhecimento de mercado na área
de gestão de recursos humanos: o capital
humano é essencial para fazer crescer os
negócios, as receitas e melhorar as taxas de
retenção. E a formação dos ativos empodera
todas estas componentes.
Assegura não só o desempenho adequado
do trabalho a realizar quotidianamente,
como cria confiança, motivação e um sentido
de profunda valorização das pessoas no seio
da organização, com o ganho secundário
de dar novas perspetivas de carreira. Um
sentimento de pertença e de alinhamento de
propósito que emergiu no mundo pós-pandemia
como um padrão de sucesso.
Este sentido de pertença não tem um
ROI imediato. Não é mensurável de forma
Texto:
Alexandra Andrade
Country manager
da Adecco Portugal
Fotografia:
Adecco Portugal
objetiva, mas é seguramente uma variável que acrescenta valor
às organizações com um sinal gigante de mais: mais valor, mais
eficiência e, porque não, mais felicidade. Pessoas felizes são mais
produtivas.
Investir na qualificação dos ativos é investir em pessoas que
se sentem parte e capazes de contribuir. Este fenómeno não é só
valorizado pelo profissional, como permite aos empregadores
criarem a sua própria reserva de talento que lhes poderá permitir
alimentar funções de nível superior ou mais qualificadas, sem
recorrer a talento externo, hoje mais difícil de encontrar.
Num momento de pleno emprego técnico e quando a escassez de
recursos é o maior desafio que as empresas enfrentam é crucial as
lideranças perceberem que quando se trata de investir em formação
está-se a enriquecer o capital humano de uma organização.
Como ‘cereja no topo do bolo’ tem repercussões na diminuição de
turnover, que afeta produtividade, receitas e volume de negócios.
Independentemente da idade ou experiência profissional de um
indivíduo, ele precisa de aprimorar ou requalificar. E os países
precisam de investir rapidamente em esforços de qualificação e
requalificação se quiserem manter-se atrativos no mercado. Essa
responsabilidade deve ser dividida entre a vontade do colaborador,
a necessidade das empresas e a obrigação dos governos em manterem-se
competitivos e aliciantes ao investimento dos mercados.
Em suma, uma formação eficaz a longo prazo pode melhorar
o desempenho dos profissionais com o aumento e investimento
das suas qualificações, a sua lealdade e motivação e, por fim, a
rotatividade. Estima-se que contratar uma nova pessoa para
preencher uma posição vaga pode custar ao empregador 1,5 a
duas vezes o salário anual para esse posto.
Ao criar um ambiente de aprendizagem contínua, as pessoas
adaptar-se-ão facilmente e os resultados potenciam a produtividade
e as competências de cada trabalhador. É uma situação
win-win: ganham os colaboradores, as lideranças e a organização
como um todo. Faz bem à saúde dos negócios e recomenda-se.
“O capital humano é essencial
para fazer crescer os negócios,
as receitas e melhorar as taxas
de retenção. E a formação dos
ativos empodera todas estas
componentes.”
20
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
BI
Texto:
Diana
Mendonça
Redação
Fotografia:
Divulgação
Anna Lenzs
é a nova
diretora-geral
da Nestlé
A
nna Lenzs assume, em
julho, o cargo de diretora
geral da Nestlé
Portugal, substituindo
Paolo Fagnoni, que irá
assumir responsabilidades
europeias. Anna Lenzs iniciou a
sua carreira no grupo Nestlé em 2004,
passando por diversas funções a nível
nacional e internacional. Regressa a
Portugal como a primeira mulher a liderar
o grupo em território nacional.
A nova diretora geral afirma que quer
continuar a criar e partilhar o valor
económico e social da marca para o
país: “É assim que queremos prosseguir,
com fortes parcerias no retalho e
no HORECA, empenhados no desenvolvimento
das nossas pessoas, dos
nossos produtos e das nossas marcas”.
Anna Lenzs regressa a Portugal como primeira diretora geral da Nestlé no nosso país
Miguel Teixeira
assume liderança
da região Américas
da NTT DATA EMEAL
Miguel Teixeira assume a liderança
da NTT DATA EMEAL em oito países
da América, com mais de 15 mil
colaboradores. Com 25 anos
de experiência em gestão
de empresas, equipas e projetos,
Miguel Teixeira já foi CEO da NTT DATA
Chile e da NTT DATA Portugal.
Uber nomeia Francisco
Vilaça para diretor geral
em Portugal
Francisco Vilaça é o novo diretor geral
da Uber em Portugal, sucedendo a
Manuel Pina que agora desempenha
funções na Otovo, empresa de energia
solar. O novo diretor geral da plataforma
de mobilidade possui um vasto currículo
na área de gestão de operações
e logística e liderança de equipas.
Já trabalhou para empresas como
a Unilever e a Jerónimo Martins.
Nicolau Mesquita lidera
compras na Oppo
A Oppo nomeou Nicolau Mesquita
como head of sales em Portugal.
Ao longo dos últimos 25 anos, Nicolau
Mesquita trabalhou em várias empresas
do setor das telecomunicações
e do retalho. Com o objetivo de
desenvolver a estrutura local da marca,
o novo responsável de compras diz
que os próximos passos passam por
“aumentar a quota de mercado,
expandir o negócio e dar a conhecer
tanto a marca como os produtos
a mais consumidores portugueses”.
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
21
BI
Myriam Tejada é a country
manager para Portugal
e Espanha da Hotmart
A Hotmart, empresa de tecnologia,
anunciou Myriam Tejada como a nova
country manager para Portugal
e Espanha. Myriam Tejada tem mais
de 17 anos de experiência a trabalhar
na área digital.
FCT NOVA tem novo
diretor
A FCT NOVA anunciou a eleição de
José Júlio Alferes para o cargo de diretor
da faculdade até 2026. José Alferes
é licenciado em Engenharia Informática,
contanto também com o doutoramento
em Informática – Inteligência
Artificial, pela mesma faculdade. Em
1995, coordenou a equipa que lançou a
licenciatura em Engenharia Informática
na Universidade de Évora. Em 2000
regressou à FCT NOVA, onde exerceu
cargos de gestão universitária, tendo
nos últimos quatro anos integrado a
equipa reitoral da faculdade.
Alexandra Andrade
nomeada country manager
da Adecco Portugal
Após assumir funções de liderança no
grupo Adecco em Itália e em Espanha,
Alexandra Andrade regressa a Portugal
para exercer o cargo de country
manager. Os objetivos da responsável
em território nacional passam por
aprofundar a relação com as empresas
e candidatos e por alargar a vantagem
competitiva através de estratégias inovadoras
de recrutamento de talentos.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Texto:
João Carreira
Redação
Fotografia:
Sair da Casca
SAIR DA CASCA RUMO
À SUSTENTABILIDADE
Como conjugar o fim do mundo com o fim do mês? Foi com
esta pergunta que terminou a conversa da PME Magazine com
a Sair da Casca, mas já lá vamos... Por enquanto, apresentamos
a empresa de consultadoria que tem como objetivo estimular
a mudança e acompanhar as empresas e organizações na sua
transição para uma economia e uma sociedade mais
sustentáveis.
A
Sair da Casca nasceu em 1994,
dois anos depois da primeira
Cimeira da Terra, da convicção
de que as empresas são um “formidável
motor de mudança” e que uma atuação
responsável cria um círculo virtuoso,
positivo para a sociedade e decisivo para
o sucesso do negócio.
“Somos uma empresa militante que reúne
pessoas que partilham esta convicção e um
forte sentido de missão. Fomos a primeira
empresa de consultoria 100% dedicada
à sustentabilidade em Portugal. Somos
uma empresa B CORP, uma certificação
para empresas que colocam as pessoas e
o planeta no centro da sua estratégia. A
Sair da Casca foi certificada como tendo
cumprido os standards mais rigorosos em
termos ambientais e sociais na sua própria
gestão e impacto no desenvolvimento do
negócio, uma forma de walk the talk”,
explica Nathalie Ballan, fundadora e senior
partner da empresa.
O foco será levar a sustentabilidade para a
agenda de organizações de diversos tipos e
dimensões e diferentes setores de atividade
como empresas, associações empresariais
e fundações, tal como entidades de economia
social.
“Desde 2019/2020 que somos cada vez
mais solicitados por PME nacionais que se
querem diferenciar, nomeadamente em
mercados internacionais ou junto dos seus
clientes em Portugal. É um ótimo sinal e é
extremamente motivador trabalhar com
este segmento, muitas vezes mais ágil do
que as grandes empresas e com uma visão
do longo prazo e do seu legado”, sublinha
a fundadora.
São quatro as áreas de atuação, nomeadamente
estratégia de sustentabilidade que
integra a gestão das partes interessadas, o
Nathalie Ballan, fundadora e senior partner da empresa
reporting e os planos de ação; mobilização e
educação para a sustentabilidade, porque
“para mudar comportamentos é preciso
sensibilizar e informar”; investimento
na comunidade interna/colaboradores
ou externa, onde são reunidas as práticas
de gestão da filantropia, investimento de
impacto e relações com as comunidades
e, mais recentemente, foi criada uma
prática dedicada às alterações climáticas.
“Sabendo que este é o maior desafio para as
empresas e para a humanidade, sentimos
a necessidade de reforçar esta dimensão”,
sublinha Nathalie Ballan, referindo-se às
alterações climáticas.
Contudo, nem tudo foi fácil e o período
da pandemia trouxe alguns desafios à Sair
da Casca, como a capacidade de prospeção
e conquista de novos clientes que era
realizada através das participações da
empresa em eventos, sessões de debate,
animação de fóruns e outras intervenções
públicas que acabaram por cessar devido
“ Para mudar
comportamentos
é preciso
sensibilizar
e informar
Nathalie Ballan,
fundadora e senior
partner da Sair
da Casca
”
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
23
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Durante os primeiros quatro meses da pandemia, a Sair
da Casca realizou ações de voluntariado pro bono
ao confinamento imposto pelo Governo.
“Um dos nossos maiores riscos era ficarmos
invisíveis, perder estes elos de ligação com
as empresas. A nossa vantagem foi poder
contar com os clientes da altura, que mesmo
diminuindo alguma atividade mantiveram a
maior parte dos projetos connosco. A nossa
taxa de fidelização é bastante elevada”,
recordou.
Também durante os primeiros quatro
meses da pandemia, a empresa realizarou
muitas ações de voluntariado pro bono, onde
contribuiu para fazer pontes entre entidades
públicas, organizações sociais e empresas
para responder às emergências, angariar
fundos e bens de primeira necessidade.
Portugueses preocupados com
o meio ambiente
De acordo com o estudo da Globescan de
2021, GlobeScan, Healthy & Sustainable
Living sobre Portugal, realizado com a
NBI e que teve o apoio da Sair da Casca, os
portugueses revelam-se muito preocupados
com a gravidade dos problemas globais. A
pobreza extrema a nível global é a maior
preocupação dos cidadãos nacionais,
porém, no top 10 de problemas globais
que preocupam os portugueses oito são
problemas ambientais, como a exploração
dos recursos naturais, as alterações
climáticas e a poluição da água. Em geral,
o nível de preocupação é superior quando
comparado com a média global.
“Os portugueses dizem-se dispostos a
mudar para estilos de vida mais saudáveis e
sustentáveis. A maioria dos consumidores
portugueses pretende mudar de forma
significativa o seu estilo de vida e quase
um quarto dos respondentes considera
tê-lo feito já, de forma muito significativa,
no ano anterior”, elucida Nathalie Ballan.
Quando questionada sobre se existe
alguma ação específica que as PME devam
fazer, de modo a mitigar o seu impacto
ambiental, a fundadora dá, ainda, um passo
atrás: “Conhecê-lo primeiro! [o impacto
ambiental] Nomeadamente a sua pegada
carbónica.”
“É essencial para a maioria dos setores
conhecer a pegada carbónica da atividade
e na cadeia de valor para poder definir uma
estratégia de redução das emissões e monitorizar
os progressos. Chegar à neutralidade
carbónica em Portugal até 2050 implica a
redução de emissões de gases com efeito de
estufa entre 85% e 90% e a compensação
das restantes emissões através do uso do
solo e florestas, a alcançar através de uma
trajetória de redução de emissões entre
45% e 55% até 2030, e entre 65% e 75%
até 2040, em relação a 2005. [In Roteiro
para a Neutralidade Carbónica 2050]. As
PME são atores indispensáveis para esta
transição”, especifica.
2021 foi um ano de recuperação e a Sair
da Casca acabou por faturar mais de 800
mil euros, mas espera um forte aumento
já em 2022, encontrando-se já a reforçar
a equipa e a especializar os elementos já
integrantes.
“Vamos empenhar-nos na sensibilização
da sociedade e das empresas para o
combate às alterações climáticas. Queremos
trabalhar planos ambiciosos de descarbonização
e contribuir para a reflexão sobre
as consequências sociais desta transição:
Como conjugar o fim do mundo com o fim
do mês?”
Equipa Sair da Casca em ação de team building
“É essencial para
a maioria dos setores,
conhecer a pegada
carbónica da atividade
e na cadeia de valor
para poder definir uma
estratégia de redução
das emissões
e monitorizar
os progressos. ”
Nathalie Ballan,
fundadora e senior
partner da Sair da Casca
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Julho de 2022
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FIGURA DE DESTAQUE
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FIGURA DE DESTAQUE
Mais de seis mil
milhões vão ser
aplicados na
transição
ecológica
Texto:
João Carreira
Redação
Fotografia:
João Filipe Aguiar
– Sofia Moreira de Sousa
Sofia Moreira de Sousa
é a representante da
Comissão Europeia
em Lisboa, tendo
assumido funções
desde 1 de setembro de
2021. Passado quase um
ano, a representante faz
um apanhado do que
foi feito e mostra,
também, como
podem as PME
beneficiar do PRR.
P
ME Magazine – Em que sentido é que a sustentabilidade
é transversal aos pilares estruturantes
do PRR?
Sofia Moreira de Sousa – O mecanismo de recuperação
e resiliência é a peça central das políticas
europeias para a recuperação económica e para
dar resposta àquilo que enfrentámos na pandemia. Mas também
é sinónimo, precisamente, das políticas de sustentabilidade da
União Europeia, basta vermos o foco dos planos nacionais e do
mecanismo de recuperação e resiliência que assenta na promoção
da transição ecológica, da transição digital, mas focando em
algo muito importante para todos os países da União Europeia
e para todos os cidadãos da União Europeia, que são transições
justas e trabalhar para uma Europa mais justa na vertente social.
Portanto, o mecanismo traduz exatamente esta vontade em políticas
concretas e em mecanismos que permitem implementar as
políticas de sustentabilidade da União Europeia.
PME Mag. – Passando para o universo das PME, como é que
estas podem ser envolvidas quando o financiamento será quase
todo canalisado para entidades públicas? As PME terão de entrar
como fornecedores? Pergunto, pois não parece haver financiamento
direto para as PME...
S. M. S. – A ideia de que as PME não irão beneficiar do financiamento
ou do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência é uma
ideia falsa, porque, na verdade, o mecanismo está concebido,
precisamente, na questão da retoma económica e as pequenas e
médias empresas, assim como outros atores da economia nacional,
são beneficiados e são alvo das medidas e dos pacotes que estão
a ser decididos e atribuídos no âmbito do plano. Desde já, a nível
nacional, há uma estrutura que é a missão que vai contratualizar
com entidades públicas a distribuição dos financiamentos e,
obviamente, nesta primeira fase é responsabilidade das autoridades
nacionais de o fazerem, mas, depois, em tudo o que implique a
implementação do plano, as pequenas e médias empresas, como
outros atores económicos, são chamados. Por um lado, na prospeção
de serviços e no fornecimento e na implementação das infraes-
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
27
FIGURA DE DESTAQUE
“ As pequenas
e médias
empresas são
um alvo do Plano
Nacional de
Recuperação
e Resiliência.
Sofia Moreira de Sousa
”
truturas. Por exemplo, quando estamos a
falar na compra de equipamentos para as
escolas, pois serão as pequenas e médias
empresas a fornecer esse equipamento e a
fazer essas montagens. Mas depois temos
também uma parte do plano que visa a
capacitação das empresas, empresas essas,
que podem e devem recorrer a estes financiamentos
para se capitalizarem e também
para procederem à reestruturação que for
necessária, nomeadamente no âmbito da
digitalização ou na aquisição de competências
para as pessoas que nelas trabalham
e que precisam destas competências para
se afirmarem no mercado concorrencial.
Portanto, há várias formas, mas as pequenas
e médias empresas são um alvo, digamos
assim, do Plano Nacional de Recuperação
e Resiliência.
PME Mag. – Quer referir algum exemplo?
S. M. S. – Sim, o plano vai capitalizar o
Banco Português do Fomento que, por sua
vez, vai trabalhar com as pequenas e médias
empresas, podendo capitalizar e cedendo
capital para os investimentos que precisam
de fazer não só na área digital, mas mesmo
na área da formação ou na área de aquisição
de equipamentos que sejam necessários.
E, portanto, as PME vão poder recorrer,
através do Banco Português de Fomento,
a estes fundos previstos no plano nacional.
PME Mag. – Os fundos para a luta contra
as alterações climáticas serão aplicados
onde, especificamente?
S. M. S. – Uma das grandes prioridades
é, precisamente, na promoção da sustentabilidade
do nosso planeta e da Europa.
Há uma aposta muito grande na transição
ecológica e, ficou, desde sempre, decidido
que uma parte muito significativa dos planos
nacionais e do mecanismo de recuperação
e resiliência tinham de ser focados em
programas de apoio a esta transição ecológica.
No caso português, cerca de quase um
terço do financiamento do plano tem de ser
canalizado para projetos que visem, precisamente,
esta transição ecológica, ou seja,
mais de seis mil milhões de euros vão ser
aplicados em várias iniciativas e em vários
projetos e políticas nacionais que visam
apoiar esta transição. Dou um exemplo,
muito do financiamento vai para apostar
no imobiliário, nos edifícios, de forma que
possam, realmente, ter uma maior eficiência
energética, mas, também, nos vales de
eficiência energética para as famílias e para
aquelas entidades mais desfavorecidas que
não podem de imediato acompanhar essa
transição. Vai-se apostar também na rede
de transportes sustentáveis, na criação de
autocarros. Por exemplo, no Porto há uma
série de autocarros e de novas linhas que
vão ser criadas e que vão existir com maior
frequência para permitir a continuação
das redes de metro, ou seja, das pessoas
que apanham o metro, mas que não têm
a estação à sua porta e podem utilizar
autocarros. Com isto, reduzimos o impacto
do transporte privado e potenciamos que
as pessoas utilizem mais os transportes
Mais de seis mil
milhões de euros vão
ser aplicados em
várias iniciativas para
apoiar a transição
ecológica
28
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
FIGURA DE DESTAQUE
“ As alterações
climáticas
e a degradação
do ambiente
representam
uma ameaça
existencial para
a Europa e o
resto do mundo.
Sofia Moreira de Sousa
públicos. Há várias medidas, referi apenas
duas ou três, mas há muitas outras que,
ao abrigo do plano, visam, precisamente,
fomentar a transição ecológica e apoiar
para atingirmos as metas a que a Comissão
Europeia se propôs, de chegarmos
a 2050 sendo um continente neutro em
termos de emissões de gases com efeito
de estufa.
PME Mag. – Que medidas está a Comissão
Europeia a levar a cabo no sentido de
alterar o rumo das alterações climáticas?
S. M. S. – As alterações climáticas e a
degradação do ambiente representam uma
ameaça existencial para a Europa e o resto
do mundo. Para superar estes desafios, a
União Europeia apresentou o Pacto Ecológico
Europeu, cujo objetivo é transformar a
União numa economia moderna, eficiente
na utilização dos recursos e competitiva.
Queremos atingir este objetivo ao mesmo
tempo que garantimos que as emissões
líquidas de gases com efeito de estufa
sejam nulas em 2050, que o crescimento
”
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
29
FIGURA DE DESTAQUE
Sofia Moreira de Sousa trabalhou no Secretariado-Geral do Conselho da UE e na Agência Espacial Europeia
económico esteja dissociado da utilização
de recursos e que ninguém nem nenhuma
região seja deixado para trás neste processo.
O Pacto Ecológico Europeu é também um
dos mecanismos de resposta aos problemas
criados pela pandemia, daí que um terço dos
investimentos a financiar pelo Mecanismo de
Recuperação e Resiliência e pelo orçamento
da União sejam destinados a projetos que
cumpram os objetivos do pacto. Além disso,
a Comissão Europeia tem vindo a adotar
um conjunto de propostas legislativas com
o objetivo de tornar as políticas da UE em
matéria de clima, energia, transportes e
fiscalidade aptas para alcançar uma redução
das emissões líquidas de gases com efeito
de estufa de, pelo menos, 55% até 2030,
em comparação com os níveis de 1990. São
medidas de caráter horizontal, que tocarão
todos os setores de economia, da indústria
à agricultura, passando pelos transportes,
que vão transformar a maneira de produzirmos
e de consumirmos, ao mesmo
tempo que servirá de estímulo às nossas
economias. Mais recentemente, como parte
da resposta da União aos efeitos da invasão
da Ucrânia pela Rússia, a Comissão apresentou
o Plano REPowerEU, que constitui
a resposta à necessidade urgente de pôr
termo à dependência da UE em relação
aos combustíveis fósseis russos e de fazer
face à crise climática. As medidas do Plano
REPowerEU visam promover a poupança
energética, diversificar o nosso aprovisionamento
energético e acelerar a implantação
das energias renováveis para substituir os
combustíveis fósseis nas habitações, na
indústria e na produção de energia.
PME Mag. – Poderá explicar a “Estratégia
Nacional para o Hidrogénio” e de que forma
ajuda a realizar uma transição verde?
S. M. S. – Portugal assumiu o compromisso
de alcançar a neutralidade carbónica até
2050, posicionando o país entre aqueles
que assumem a liderança na luta contra
as alterações climáticas, no âmbito do
Acordo de Paris. Ao incluir uma compo-
“A Comissão
Europeia tem vindo
a adotar propostas
legislativas com o objetivo
de tornar as políticas
da UE aptas para
alcançar a redução das
emissões de gases com
efeito de estufa de
55% até 2030.”
Sofia Moreirade Sousa
Como parte da resposta da UE aos efeitos da invasão
da Ucrânia pela Rússia, a Comissão apresentou o Plano
REPowerEU
Julho de 2022
30 pmemagazine.sapo.pt
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FIGURA DE DESTAQUE
185 milhões de euros do PRR são
destinados a projetos privados
de produção de hidrogénio
renovável e outros gases
de origem renovável
“No caso das
Regiões Autónomas,
o foco está
na implantação de
energias renováveis
(geotérmica, eólica,
fotovoltaica e
hidroelétrica) e no
armazenamento”
Sofia Moreira de Sousa
nente no PRR sobre “hidrogénio e energias renováveis”, Portugal
pretende promover a transição energética e a descarbonização da
indústria e dos transportes com um forte enfoque na produção de
hidrogénio renovável e de outros gases renováveis. A estratégia
nacional sobre hidrogénio, que é uma parte desta componente
do PRR, enquadra o papel atual e futuro do hidrogénio no sistema
energético e propõe medidas e objetivos para a incorporação do
hidrogénio nos vários setores da economia. Incluída está a criação
das condições necessárias para esta mudança, nomeadamente
legislação e regulamentação, segurança, normas, inovação e
desenvolvimento, financiamento, entre outros. No caso das
Regiões Autónomas, o foco está na implantação de energias
renováveis (geotérmica, eólica, fotovoltaica e hidroelétrica) e no
armazenamento. Esta componente é fundamental para reduzir a
dependência energética nacional através da produção de energia de
fontes locais, para melhorar a balança comercial e para aumentar
a resiliência da economia nacional. Esta estratégia é acompanhada
por investimentos-chave. Por exemplo, 185 milhões de euros do
PRR são destinados a projetos privados de produção de hidrogénio
renovável e outros gases de origem renovável, enquanto
nos Açores o enfoque será no aumento da quota de eletricidade
proveniente de energia renovável disponível em cada ilha e no
desenvolvimento de uma infraestrutura elétrica de ponta e no
aumento da autossuficiência energética.
PME Mag. – A pandemia acelerou bastante a transição digital.
Considera que as empresas já estão em “ponto de rebuçado” ou
ainda há um longo caminho a percorrer?
32
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
FIGURA DE DESTAQUE
S. M. S. – Bom, há, claramente, obra
feita. E a forma como as pequenas e médias
empresas reagiram e conseguiram trabalhar
e serem criativas durante este período que
atravessamos da pandemia demonstra bem
a agilidade e a capacidade de adaptação
dos atores económicos portugueses e da
população.
PME Mag. – A Comissão Europeia publicou
orientações técnicas sobre a aplicação
do princípio de “não prejudicar significativamente”
ao abrigo do regulamento
que cria um Mecanismo de Recuperação
e Resiliência. O que se entende por “não
prejudicar significativamente”?
S. M. S. – O princípio de “não prejudicar
significativamente” no contexto do
PRR é uma forma de garantir que todos
os investimentos e reformas que os países
da União Europeia decidiram incluir nos
respetivos planos não são concretizados à
custa dos objetivos ambientais da União e
dos progressos já alcançados neste domínio.
Trata-se de um conjunto de princípios-chave
e de uma metodologia desenvolvida para
garantir esse objetivo e facilitar o trabalho
dos Estados-Membros na preparação dos
seus planos de recuperação e de resiliência.
Não podemos permitir que as medidas que
ajudarão as nossas economias a recuperar
da crise provocada pela pandemia façam
retroceder objetivos e metas ambientais
já alcançadas. Sobretudo porque parte do
objetivo dos planos é precisamente acelerar
a transição ecológica. Este foi o mecanismo
que se estabeleceu, assente numa avaliação
a dois tempos: no processo de preparação
dos planos era condição prévia que todas
as medidas respeitassem este princípio de
A entrevista foi realizada na sede da representação
portuguesa da Comissão Europeia em Lisboa
Sofia Moreira de Sousa foi embaixadora da UE
em Cabo Verde
Sofia Moreira de Sousa
Antes de ocupar o atual cargo,
desempenhou funções enquanto
embaixadora da UE em Cabo Verde,
foi embaixadora adjunta da UE na
África do Sul, no período de 2014
-2017, conselheira do secretário
geral adjunto do Serviço Europeu
para a Ação Externa e conselheira
política do representante especial
da UE (REUE)/embaixador da UE
junto da União Africana, em Adis
Abeba, assim como do REUE para
o Sul do Cáucaso. Trabalhou
igualmente no Secretariado-Geral
do Conselho da UE, na Agência
Espacial Europeia e na Academia
de Direito Europeu, em Trier.
“não causar danos significativos” e essa
avaliação está a ser novamente efetuada
durante a fase de implementação de cada
plano.
PME Mag. – Há quem defenda que o
prazo de quatro anos para aplicar o PRR é
demasiado concentrado, o que se traduzirá
numa falta de recursos humanos, dificuldade
de realizar um crescimento sustentado e,
posteriormente, em inflação. Qual a sua
visão sobre este tema?
S. M. S. – A Comissão está consciente
da situação de aumento dos preços e das
dificuldades de acesso às matérias-primas,
especialmente no setor da construção.
Encorajamos os países da União
a respeitar os prazos estabelecidos nos
seus planos, tal como estabelecido nas
Decisões de Implementação do Conselho.
Os Estados-membros devem fazer o seu
melhor para assegurar a implementação
atempada das reformas e investimentos a
que se comprometeram. Os prazos para os
Estados-membros apresentarem os seus
pedidos de pagamento são indicativos, ou
seja, os Estados-membros podem decidir
quando apresentar os seus pedidos de
pagamento, embora só o possam fazer duas
vezes por ano. No entanto, quando um ou
mais marcos e objetivos incluídos num PRR
adotado já não forem realizáveis devido a
circunstâncias objetivas, o Estado-Membro
em causa pode apresentar um pedido
fundamentado à Comissão para alterar o
seu PRR. A Comissão avaliará tais pedidos
fundamentados caso a caso.
PME Mag. – Foi nomeada representante
da Comissão Europeia em Portugal em
julho de 2022 e assumiu funções no dia 1
de setembro do ano passado. Que balanço
faz deste primeiro ano em funções?
S. M. S. – Mais do que um balanço, gostava
de partilhar aquilo que sinto, enquanto
portuguesa e enquanto representante
da Comissão Europeia em Portugal. Os
desafios que enfrentámos nos últimos
anos, a pandemia, a retoma económica
e agora a guerra que volta ao continente
europeu demonstram bem que se não
estivéssemos unidos e em conjunto não
teríamos mecanismos para enfrentar estas
crises. Acima de tudo, sinto muito orgulho
de Portugal ser um país ativo, europeísta
e que trabalha juntamente com os outros
26 Estados-membros para construirmos
uma Europa forte, mais unida, porque
é assim que conseguimos, também, um
mundo melhor.
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
33
EMPREENDEDORISMO
Eunice Maia, fundadora do projeto
Nas lojas há produtos alimentares biológicos certificados, acessórios sustentáveis e detergentes de cosmética a granel
A
Maria Granel é uma mercearia
biológica 100% a granel, cuja
ideia surgiu em 2013, tendo sido
implementada em 2015, por parte de Eunice
Maia e do seu marido, influenciados pelas
memórias de infância particularmente
associadas ao campo e à terra que acabaram
por definir a identidade de ambos.
“Quisemos dar continuidade a esse
património afetivo. E este projeto é mesmo
isso: um regresso às origens, um regresso
a casa. Estudámos o mercado internacional
(falámos com os fundadores de lojas
pioneiras em todo o mundo) e nacional de
forma profunda e achámos que fazia todo
o sentido introduzir em Portugal a venda
100% a granel de produtos biológicos,
dispensando totalmente as embalagens”,
revela a fundadora, Eunice Maia.
Assim sendo, a missão da Maria Granel
é contribuir para a redução do desperdício
alimentar (através do granel e de um
consumo planificado) e para a prevenção da
produção de resíduos, através da reutilização
de recipientes e da recusa de embalagens
descartáveis.
A empresa foi crescendo passo a passo, no
início contava com 240 produtos expostos
num espaço de 70 metros quadrados, em
SALVAR
O MUNDO
A GRANEL
A Maria Granel é uma mercearia biológica,
conta, atualmente, com duas lojas físicas e uma
online e disponibiliza cerca de 1500 produtos
biológicos certificados.
Alvalade, e hoje tem um portefólio com mais de 1500 produtos, uma
segunda loja de 150 metros quadrados em Campo de Ourique, em
Lisboa, além da loja online. Nas lojas é possível encontrar produtos
alimentares biológicos certificados, acessórios sustentáveis e uma
secção de detergentes de cosmética a granel.
Contudo, nem tudo foi um mar de rosas, pois o começo da
história da Maria Granel deu-se em plena intervenção da troika
em Portugal, algo que Eunice Maia refere como “um enorme
risco”, mas como algo que fazia “todo o sentido”: “Na altura, fez
ainda mais sentido, precisamente por estarmos a atravessar um
momento de crise e de contenção, dar às pessoas a possibilidade
de se abastecerem na quantidade de que precisavam – esse é
um gesto de poupança do ponto de vista financeiro e também,
obviamente, do ponto de vista dos recursos do planeta. Por outro
Texto:
João Carreira
Redação
Fotografia:
Maria Granel
34
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
EMPREENDEDORISMO
No início, a empresa contava
com 240 produtos
expostos num espaço de
70 metros quadrados
lado, foi também um enorme risco: além de
ser um conceito pioneiro cuja viabilidade
seria testada, tratou-se de um período em
que os portugueses tinham menor poder
de compra. Felizmente, o risco compensou
e o conceito foi aprovado”.
Curiosamente, foi no período pandémico
que a marca acabou por sobressair, devido
a uma parceria com uma empresa 100%
elétrica e ao investimento na loja online
e consequente expedição dos produtos
a nível nacional que considera ter sido
“essencial”, tanto para a sobrevivência do
negócio, como em termos de penetração de
mercado e de alcance, chegando a novos
consumidores.
Como não há duas sem três, relativamente
ao contexto de guerra na Ucrânia,
a fundadora da Maria Granel refere que o
clima de incerteza e o contexto de inflação
têm tido como consequência “uma maior
retração do consumo e variação/subida de
preço em alguns produtos”. Apesar destes
“aumentos pontuais” ainda não houve
rutura e a empresa foi conseguindo manter
alguma estabilidade no preço final.
Ainda sobre este ponto, Eunice Maia
recorda que o apoio da comunidade, seja
online ou na loja física, tem sido “fulcral”
e considera “fundamental” continuar
a criar valor e a inovar como forma de
retribuição, dirigindo ainda uma palavra
de apreço e incentivo aos produtores nacionais,
também eles cruciais para aumentar
a autossuficiência e autonomia do país.
Regular o mercado a granel
Quanto às práticas alimentares a nível
nacional, a fundadora da Maria Granel afirma
que “há um longo caminho pela frente,
sobretudo no que diz respeito ao modo de
produção (que deverá ser regenerativo,
não intensivo e sem recurso a pesticidas
tóxicos), aos circuitos agroalimentares (que
precisam de ser encurtados), privilegiando
o consumo de alimentos locais, e garantindo
a recompensa justa dos produtores”.
Quando questionada sobre se o Governo
poderá ajudar nesta matéria, Eunice Maia
faz um apelo pela revisão da regulação
do granel.
“Há muito que pedimos que a regulação
do granel seja revista e, acompanhando o
panorama europeu (nomeadamente, França)
seja mais flexível. Há vários alimentos cuja
venda a granel é proibida (arroz, determinados
tipos de farinha, açúcar; mel,
azeite e vinagre...). Mais do que proibir a
comercialização a granel destes alimentos,
faria sentido inscrever na lei boas práticas
de higiene e segurança alimentar, para
que fossem universais e uniformes. Essa
é uma luta importante para nós e para os
consumidores. No caso francês, o granel
integra o código do consumidor como
direito e a Lei do Clima como aliado na ação
climática”, argumenta.
Futuro com marca própria
O crescimento tem sido sustentado e
de afirmação no mercado e tal deve-se,
de acordo com Eunice Maia, à missão do
projeto: “As pessoas, não só os consumidores
em loja, mas também a comunidade
nos bairros e a nossa comunidade virtual,
sentem que fazem parte de algo que ultrapassa
o gesto de compra. Que, ao reutilizar
os seus recipientes, ao planificarem o seu
consumo, ao escolherem determinados
produtos pelas suas características, pelo seu
ciclo de vida e pela sua cadeia de valor, em
detrimento de outros, estão a exercer um
consumo mais consciente, estão a reduzir
o desperdício.”
Atualmente, a empresa está a trabalhar
na marca própria e tem investido também
na revenda, pois representa várias marcas
éticas europeias e tem parceiros em todo o
continente e ilhas.
“ Estudamos
o mercado
internacional
e nacional de
forma profunda
e achamos que
fazia todo
o sentido
introduzir em
Portugal a venda
100% a granel
de produtos
biológicos.
Eunice Maia,
fundadora da Maria Granel
”
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
35
EMPREENDEDORISMO
GREENTURTLE:
EM DIREÇÃO
A UMA MAIOR
SUSTENTABILIDADE
Informação. Consciencialização. Transparência.
Estas são as palavras-chave usadas pelos fundadores
da GreenTurtle, nesta entrevista à PME Magazine.
“O desejo de abrir a loja era grande e,
percebendo que não seria uma situação
passageira, arriscámos. Como somos uma
loja online não sentimos os mesmos problemas
e impactos como sentiram negócios
presenciais. Mas a verdade é que a pandemia
nos trouxe muita incerteza nos prazos de
entrega e disponibilidade dos produtos
e matérias-primas. Foi algo que tivemos
de aprender a gerir”, diz Vanessa Lopes,
fundadora da GreenTurtle, em entrevista
à PME Magazine.
Sempre ligados ao mundo da sustentabilidade
e às questões ambientais, os
fundadores tinham, há algum tempo, o
objetivo de criar um projeto em comum.
Um website e uma divisão vazia de 12 metros
quadrados que tinham em casa foi o que
precisaram para iniciar este sonho.
Desde o início, Vanessa sabia que não
queria ser só mais uma loja de venda de
produtos amigos do ambiente. A partilha
de informação e a consciencialização para
um consumo informado são valores que
ambos consideram essenciais.
“Partilhar informação, demonstrar o
porquê de utilizar aquele produto face às
alternativas mais comuns e descartáveis,
A reutilização de caixas para as encomendas faz parte do plano de redução
de desperdício da GreenTurtle
V
anessa Lopes e Jorge Mendes. Estes são os nomes que
estão por detrás do projeto GreenTurtle, loja online de
produtos sustentáveis que pretende reduzir o desperdício
e consciencializar o consumo.
Acreditando que os pequenos gestos fazem a diferença, Vanessa
e Jorge criaram este projeto ligado ao consumo sustentável em
março de 2020. Com as incertezas e os receios trazidos pelo início
da pandemia, os responsáveis adiaram por semanas o lançamento
da sua loja online, por não considerarem ser o melhor momento.
Mas percebendo que a Covid-19 estava para ficar, decidiram
arriscar e começar o seu negócio em plena pandemia.
36
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
EMPREENDEDORISMO
Texto:
Diana
Mendonça
Redação
Fotografia:
GreenTurtle
Magnésio em bola para
escalada, produto comercializado
no site
da GreenTurtle
desmistificar, partilhar ideias e dicas que
as pessoas podem aplicar, mesmo sem
comprar produtos é o que faz sentido
para nós. Queremos um consumidor mais
informado, mais consciente e a questionar
mais”, reforça Vanessa Lopes.
Além das partilhas de dicas e ideias que
aplicam em casa, os fundadores da empresa
fazem questão de partilhar hábitos que
ainda não conseguiram alterar por opções
mais sustentáveis. Nem sempre o caminho
para sustentabilidade é fácil ou economicamente
viável para todas as pessoas, daí
Vanessa defender que “o mais sustentável
é, sem dúvida, o que temos em casa”. Os
pequenos hábitos que se podem alterar sem
gastar dinheiro em produtos são sempre
os melhores e os mais fáceis de começar
a implementar.
Artigos de higiene, cozinha e limpeza
são os mais procurados pelos clientes da
GreenTurtle. Os cosméticos sólidos e as
alternativas reutilizáveis para a cozinha,
nomeadamente, os panos encerados e
os produtos não nocivos para o ambiente
são os que têm tido mais destaque, fruto
da informação e conhecimento crescente
Vanessa Lopes e Jorge Mendes, fundadores da GreenTurtle
que as pessoas têm sobre estes produtos,
nos últimos tempos.
A transparência para com os parceiros e
com os clientes é um valor indispensável
para os responsáveis. Desde informação
completa sobre os produtos, ao embalamento
e envio, todos os processos são descritos no
website e nas redes sociais da empresa. Como
explica Vanessa Lopes: “A sustentabilidade
não é preto no branco, por isso, se em algum
momento decidirmos fazer as coisas de outra
forma, queremos sempre explicar todo o
processo de decisão”. Só nesta base é que é
possível existir um “processo colaborativo
e de crescimento”, adianta.
Além dos preços elevados dos produtos
sustentáveis face aos produtos menos
amigos do ambiente, uma das principais
dificuldades que a empresa diz sentir na
implementação de uma marca verde em
Portugal é a transparência. A origem da
matéria-prima, como foi produzida, se é
fruto de comércio justo, como são feitos
o reaproveitamento e a reintrodução do
desperdício nos processos produtivos,
entre outros, são informações que nem
sempre estão disponíveis e que dificultam o
processo de comercialização dos produtos
sustentáveis.
Fazer face aos produtos menos sustentáveis
tornou-se mais difícil com o aumento
do valor dos custos de transporte. Ainda
que optem por fornecedores com maior
proximidade geográfica, o impacto nos
custos de distribuição já provocou algumas
alterações no preço do produto final.
Os planos para o futuro são muitos e o
alcance de mais metas de desenvolvimento
sustentável não para de crescer. O lançamento
de um produto de economia circular
será um dos próximos passos promissores.
“ Queremos
um consumidor
mais informado,
mais consciente
e a questionar
mais.
Vanessa Lopes,
cofundadora
da GreenTurtle
”
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
37
EMPREENDEDORISMO
Texto:
Diana
Mendonça
Redação
Fotografia:
Digitall Brokers
A
pensar nas necessidades digitais do
mercado nasceu a Digitall Brokers,
projeto que pretende humanizar
e democratizar o mundo digital através de
um serviço de intermediação para micro e
pequenas empresas.
De acordo com os dados da consultora
Kepios, em janeiro de 2022, Portugal tinha
8,63 milhões de utilizadores de internet e
8,5 milhões de utilizadores de redes sociais.
Dentro destes e das redes encontram-se as
empresas, apesar de nem sempre conseguirem
tirar proveito disso. Segundo o Digital
Economy Index de 2021, Portugal ocupa a
17.ª posição dos países da União Europeia
no que diz respeito à integração tecnológica
digital nas empresas.
João Vaz Leite, fundador e CEO da Digitall
Brokers, explica que no digital existe muita
procura, muita oferta e pouca comunicação
entre as duas partes, daí a ideia de criar um
serviço de intermediação.
“A Digitall Brokers atua como um intermediário
digital que ajuda as pessoas e as
empresas a encontrarem a melhor solução
digital para os seus negócios, tendo em
conta as suas necessidades e orçamento”,
diz João Vaz Leite.
Os serviços com mais procura, até ao
momento, são gestão de redes sociais e
o desenvolvimento de web e paid media,
revela o CEO. A empresa dispõe ainda de
outros serviços, nomeadamente, gestão de
campanhas digitais, consultoria digital,
animações em vídeo, copywriting, entre
outros. O serviço de consultoria é gratuito
para o requerente.
O tipo de clientes que procura a empresa
tem sido diversificado. Desde empresas a
começar o seu negócio, a empresas com
nome de mercado e que necessitam de se
lançar no digital, a Digitall Brokers tem
assegurado soluções para 95% das empresas
que os contactam.
A empresa encontra-se, neste momento,
a expandir as suas operações para países
como a Suécia, a Finlândia, a Noruega e o
Brasil. Esta expansão surge em forma de
resposta à demanda de intermediação dos
serviços digitais.
“Começámos por apresentar a nossa
solução ao mercado português e rapidamente
surgiram-nos pedidos de ajuda de
outros países. O Brasil é um mercado em
franco crescimento no que toca aos serviços
digitais e que se apresenta como uma grande
oportunidade para a internacionalização
dos nossos serviços”, sublinha o CEO da
DIGITALL
BROKERS:
A INTERFACE
DOS SERVIÇOS
DIGITAIS
A existência de muita oferta
e ainda mais procura no
mercado dos serviços digitais
levou a uma lacuna no
mercado no que toca ao
serviço ao cliente. Assim
nasce a Digitall Brokers, para
servir de intermediário
e assegurar que todos têm
acesso a serviços digitais
de sucesso.
João Vaz Leite fundou a Digitall Brokers este ano
empresa. Em relação à entrada no mercado
escandinavo, o representante da Digitall
Brokers afirma que seria algo natural com
o passar do tempo, tendo em conta a maturidade
digital e a inovação apresentada por
esses países.
38
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
EMPREENDEDORISMO
Texto:
Maria Carvalhosa
Redação
Fotografia:
Imago
A MARCA QUE COMBINA
O ESPÍRITO JOVEM
E IRREVERENTE COM
A SUSTENTABILIDADE
A Imago é uma marca portuguesa de peças sustentáveis,
que consagra a inovação, a irreverência e a juventude
(para qualquer idade).
A
ideia para a Imago (termo que
significa imagem em latim) surgiu
após Frederico Telo, CEO e fundador
da marca, ter voltado de uma viagem
a Barcelona, onde viu umas t-shirts com
imagens estampadas. O jovem empreendedor,
na altura com 16 anos, regressou a
Portugal inspirado e determinado a criar a
sua própria marca. Em 2017, a Imago passou
da imaginação à vida real.
“Começámos pelas t-shirts. A ideia era
tornar a clássica t-shirt unisexo numa peça
‘statement’ para os nossos clientes. Depois,
acrescentámos os bonés, as sweatshirts, as
camisas, as carteiras e, mais recentemente,
os bucket hats”, contou Frederico Telo, em
entrevista à PME Magazine.
A marca, que explora padrões e cores
atípicos com o objetivo de quebrar com
os estilos mais comuns, considera que a
sustentabilidade é uma das palavras de
ordem do seu vocabulário. Assim sendo, a
Imago tem uma parceria com a organização
Thirst Project, em que por cada peça vendida
online, um euro reverte para a construção
de um furo de água potável no Reino de
Eswatini, em África.
“Usamos algodão orgânico e poliéster
reciclado e as nossas embalagens e sacos
são feitos com plástico e papel reciclado.
Somos, também, parceiros da Circle For
Purpose, que reutiliza os nossos materiais
em excesso para produzir novos artigos,
certificando-nos que não há desperdício
na nossa produção. Temos, ainda, uma
parceria estabelecida com a White Stamp
para ajudar a combater o desperdício têxtil
e incentivar uma economia circular. Uma
das nossas principais missões é sermos
ecologicamente responsáveis e transmitir
isso aos nossos clientes”, explica o CEO
da Imago.
Frederico Telo, CEO e fundador da Imago
A marca emprega seis pessoas e encontra-se,
atualmente, a ter um ano repleto
de novidades. Para além da loja online, a
Imago revende já para nove boutiques a
nível nacional, e duas a nível internacional.
No início do ano, participou numa feira
de retalho em Las Vegas, onde se tornou
evidente a missão de continuar a investir
na expansão da marca a nível internacional.
No passado dia 1 de junho, a Imago
escreveu mais um parágrafo da sua história,
sendo que abriu as portas da sua primeira
loja física, na Rua Poiais de São Bento, 52,
em Lisboa: “Este é um marco muito importante
para a nossa equipa, era um objetivo
que tínhamos desde a génese da marca e
estamos finalmente a concretizá-lo. Não
queremos ficar por aqui.”
“Os produtos
Imago refletem
um espírito
jovem e irreverente.
Mais do
que uma marca,
queremos
inspirar uma
geração.”
Frederico Telo,
CEO e fundador da Imago
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
39
MEDIR PARA GERIR
“Com vista
a alinhar estes
objetivos com
as necessidades
específicas
da economia
europeia em
benefício do
nosso planeta e
da sociedade,
os investimentos
das empresas
passam a ser
analisados com
lentes adicionais
aos tradicionais
critérios meramente
de lucro:
ESG (Environmental,
Social
and Governance).”
MEDIR PARA
GERIR EM PROL DO
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
A
tualmente, somos inundados
com um manancial de dados
disponibilizados por estudos,
publicações científicas, relatórios, notícias,
redes sociais, livros e pelas mais variadas
formas de comunicação. Por outro lado,
é utilizado um número cada vez maior
de métricas, metodologias, inquéritos,
sensorizações, dados de internet ou censos.
Com isto, podemos desencadear um sem
número de ações, entre elas afinar trajetórias,
testar soluções, produtos, serviços,
inovar, investigar ou avaliar a satisfação
dos diferentes stakeholders.
O alargamento do âmbito desta análise da
medição é cada vez mais vasto, tendo nos
últimos tempos vindo a entrar progressivamente
mais nos temas ligados ao desenvolvimento
sustentável. Naturalmente, destaco,
desde logo, os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável que incorporam 169
metas e 231 indicadores de performance que
permitem definir de uma forma clara onde
os países pretendem chegar e o que querem
alcançar: acabar com a pobreza, proteger
o planeta e garantir que até 2030 todas as
pessoas desfrutem de paz e prosperidade.
A Europa assumiu o compromisso de
neutralidade carbónica em 2050 através do
Pacto Ecológico Europeu com um objetivo
intermédio de redução das emissões em
55% em comparação com os níveis de 1990.
Com vista a alinhar estes objetivos com
as necessidades específicas da economia
europeia em benefício do nosso planeta e da
sociedade, os investimentos das empresas
passam a ser analisados com lentes adicionais
aos tradicionais critérios meramente
de lucro: ESG (Environmental, Social and
Governance). Ou seja, o setor financeiro
passou a medir os riscos ambientais ligados
por exemplo ao tipo de energia utilizado, à
forma como os seus resíduos são geridos e
as emissões de carbono; os critérios sociais
da empresa e dos seus parceiros, a política
de segurança e de saúde dos colaboradores,
políticas de diversidade e inclusão, entre
outros, passam também a ser medidos;
por fim, a aferição dos eventuais conflitos
de interesses ao nível de órgãos sociais, os
métodos contabilísticos e a transparência
das contas, entre outros, passam também
a ser objeto de medição.
Torna-se, por isso, fundamental que,
do ponto de vista do desenvolvimento
sustentável, se passe a medir para gerir
com vista ao cumprimento também dos
objetivos assumidos no Acordo de Paris por
195 países (limitar o aquecimento global a
um valor bastante inferior a 2 °C), promovendo
ao mesmo tempo um crescimento
económico sustentável e inclusivo, bem
como a transparência e a visão a longo prazo.
As business schools, como é o caso da
Nova SBE, têm um papel determinante
nestes objetivos. São escolas como nós que
formam os futuros líderes de desenvolvimento
sustentável nos cursos
de licenciatura, mestrados
ou PhD. Ao nível da
formação de executivos
capacitamos e inspiramos
os gestores através
de programas (como o
caso da pós-graduação
em Desenvolvimento
Sustentável) onde
também ajudamos a que
os participantes iniciem
o processo de avaliação
de impactos negativos
e positivos da cadeia de
valor das organizações,
também no contexto ESG.
Só assim podemos
garantir que o talento que
desenvolvemos tem um
impacto efetivo no mundo,
de uma forma verdadeiramente
global.
Texto:
Luís Veiga
Martins
Associate dean
for Community
Engagement
& Sustainable
Impact da Nova
SBE
Fotografia:
Nova SBE
Executive
Education
Julho de 2022
40 pmemagazine.sapo.pt
MEDIR PARA GERIR
J
á ouviu falar sobre a “pegada de
carbono”? O termo vem do inglês
“carbon footprint” e refere-se à quantidade
de gases de efeito estufa (GEE)
emitidos para a atmosfera de forma direta e
indireta, através das atividades de empresas,
organizações e indivíduos.
Os GEE existem naturalmente, sendo
necessários para o equilíbrio e regulação da
temperatura do planeta, no entanto, com
o aumento das emissões antropogénicas,
as concentrações destes gases têm vindo
a aumentar desenfreadamente.
Este aumento desenfreado tem vindo
a provocar o aquecimento global, que é o
responsável pelas alterações climáticas que
impactam diretamente na vida das pessoas.
CÁLCULO
DE EMISSÕES
DE CARBONO:
O PRIMEIRO PASSO
NA REDUÇÃO DAS
ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS
O caminho para um
mundo mais sustentável
parte do cálculo de
emissões de carbono
Em Portugal, por exemplo, notámos, nos
últimos anos, um aumento da frequência
de fenómenos meteorológicos extremos,
os quais têm causado longos períodos de
seca e graves incêndios florestais no país.
Estes impactos ambientais certamente
trarão consequências a médio-longo prazo,
podendo mesmo colocar em risco a própria
existência da vida humana na Terra. Para
lutar contra este desequilíbrio, é necessário
atuar na raiz do problema: as emissões de
carbono.
Mas afinal, como devemos agir no cerne
desta urgência climática? O primeiro passo
é muito simples e dá-se através do cálculo
das emissões de carbono por parte das
empresas. A partir do cálculo, é possível
mensurar a quantidade de emissões e,
consequentemente, o impacto ambiental de
uma determinada empresa e assim estabelecer
formas de redução e de compensação.
Desta forma, o cálculo de emissões de
carbono é o ponto de partida na busca
da neutralidade de carbono, pois ajuda
a perceber quais são as principais fontes
emissoras da empresa, permitindo a definição
de estratégias mais assertivas e
direcionadas para a redução das emissões,
contribuindo assim para a atenuação das
alterações climáticas.
No entanto, hoje chegamos ao ponto de
que só a redução já não chega, sendo necessária
a conciliação com a compensação.
O investimento em créditos de carbono
apresenta-se como a forma mais viável
e segura para compensação das emissões
de carbono.
Neste sentido, na Reflora acreditamos que
o investimento mais eficaz é nos créditos
de carbono gerados a partir de projetos
florestais, pois estes desempenham um papel
importante na descarbonização da economia
global. Isto explica-se pelo facto de que a
floresta tem um papel fundamental neste
objetivo, pois age como uma ferramenta
natural de retenção de carbono.
Assim sendo, se quisermos atingir as
metas do Acordo de Paris e chegar à neutralidade
carbónica até 2050 precisamos que
as empresas invistam no cálculo, redução
e compensação das emissões de carbono,
de modo a garantir um desenvolvimento
sustentável.
Texto:
Marco
Fernandes
Carbon
specialist na
Reflora Initiative
Fotografia:
Reflora Initiative
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
41
MARKETING
Texto:
Emma Rehnberg
Jensen
Vice-presidente
na Husstainability
Fotografia:
Husstainability
“Seja transparente
sobre o que
está a fazer,
assim como
sobre as suas
futuras ambições
e objetivos.
Atreva-se a ser
transparente
relativamente
às partes para
as quais ainda
não encontrou
solução. ”
COMO COMUNICAR
SUSTENTABILIDADE
Emma Jensen e Erik Huss na subida ao ponto mais alto
da Suécia
S
ustentabilidade é um tópico que
tem estado cada vez mais presente
na sociedade, poderemos até dizer
que, atualmente, é uma tendência. Na
Husstainability, o nosso foco é ajudar outras
empresas a integrar a sustentabilidade nos
seus modelos de negócio. Ao longo dos
anos, fomos identificando alguns pontos-
-chave que têm, posteriormente, um papel
importante no que toca ao sucesso ou não
dessa comunicação.
Antes de começar a comunicar, certifique-se
de que tem o conhecimento certo
dentro da empresa. Não raramente, damos de
caras com empresas que fazem bons esforços,
mas completamente abaixo do radar.
Não comunicar sobre as ações climáticas
levadas a cabo é o oposto de “greenwashing”
e é chamado de “greenhushing”. Quando
perguntamos porquê, a resposta é sempre
por precaução e não os censuramos. Se a
comunicação sobre os esforços sustentáveis
não for realizada de forma apropriada, pode
acabar por ter uma conotação negativa, ser
mal interpretada.
Assim sendo, coloca-se a pergunta: qual
a melhor maneira de comunicar sustentabilidade?
A resposta é bastante simples: tudo
o que importa é ser totalmente honesto.
Queremos argumentar que o que estamos
a experienciar neste preciso momento é o
campeonato do mundo do “greenwashing”,
que é provavelmente uma consequência
da rápida e crescente procura por marcas,
espaços de trabalho e indivíduos sustentáveis.
Consequentemente, o nosso maior
inimigo é o facto de algumas empresas optarem por atalhos, de
modo a chegar a esse “objetivo” sustentável mais rapidamente,
enquanto outras esforçam-se por fazer as coisas bem desde o
início. As empresas encontram-se constantemente sob pressão
para serem as melhores, mais eficientes, preferencialmente fazendo
mais bem do que mal ao ambiente em todas as vertentes e, ao
mesmo tempo, tentando ter o preço mais competitivo. Este é um
estado extremamente difícil de alcançar, senão mesmo irrealista.
Por outro lado, a procura pode ser a nossa melhor amiga, pois é
autorregulada, apenas as empresas que se esforçam para mudar
à medida que a nossa sociedade se desenvolve serão capazes de
se sustentar a longo prazo. Depois de definir as metas de negócios
para atender aos requisitos ou diretrizes de sustentabilidade, ouse
comunicar sobre isso.
Todos os já mencionados pontos-chave são importantes, mas, a
destacar um, seria a transparência. Seja transparente sobre o que
está a fazer, assim como sobre as suas futuras ambições e objetivos.
Atreva-se a ser transparente relativamente às partes para as
quais ainda não encontrou solução. Outro grande equívoco é que
estamos todos a encarar as mudanças climáticas paralelamente,
mas separadamente. Mas, para enfrentar as mudanças climáticas
e criar um futuro sustentável, devemos colaborar.
Para resumir, uma comunicação de sucesso requer honestidade,
coragem, conhecimento e transparência. Contudo, deve evitar
exagerar esforços únicos. Pode funcionar no início, mas lembre-se
de que há jornalistas que procuram furos como modo de vida.
Assim, deve certificar-se de que a sua comunicação é à prova de
água. Por último, mas não menos importante, não tente utilizar
termos que não compreende por inteiro. O campeonato do mundo
do “greenwashing” também inclui termos que acreditamos que
nem todas as empresas entendem. “Net zero”, por exemplo. Se
uma empresa não pode responder por uma compensação fidedigna
(fidedigna significa que não pode compensar as emissões
de combustível fóssil com soluções biogénicas como plantar
árvores), tente não usar este tipo de termos.
Neste verão, a Husstainabililty, em colaboração com a Exponential
Roadmap Initiative, lançará um Guia de Comunicação
Climática para empresas.
42
Julho de 2022
pmemagazine.sapo.pt
MARKETING
SOCIAL CEO
O RECONHECIMENTO
DOS LÍDERES MAIS
DIGITAIS DE PORTUGAL
Desde 2019 que a PME Magazine tem publicado
o ranking dos CEO mais ativos no Linkedin, no
“TOP50 Social CEO Linkedin”, em colaboração
com Pedro Caramez, especialista nesta rede social
profissional. Chegou a hora de reconhecer
os CEO mais digitais em todas as plataformas.
Apresentamos assim o prémio Social CEO 2022.
A
s empresas já comunicam de
forma digital, mas o mercado
passou a exigir ações reveladoras
de transparência e credibilidade que
demonstrassem o que verdadeiramente se
passa por detrás do logótipo da empresa.
Os conteúdos mais valorizados começaram
a envolver colaboradores da empresa,
que transmitem a autenticidade na proposta
de valor que entregam aos clientes.
Neste contexto, os CEO passaram a estar
envolvidos nesta estratégia de transparência
e autenticidade. A utilização dos
meios digitais por parte dos líderes passou
a ser muito apreciada por todos (clientes
e colaboradores) e demais stakeholders.
O CEO pode usar o seu perfil para estabelecer
autoridade, demonstrar um histórico
de sucesso, apresentar a sua visão de futuro,
criar confiança, dar visibilidade sobre a
cultura da empresa e humanizar a empresa.
Fruto deste caminho digital, a PME
Magazine criou em 2019 o “TOP50 Social
CEO Linkedin”, que avaliava apenas esta
rede social profissional. Em 2022, decidimos
dar o próximo passo e avaliar os CEO
mais digitais em todas as plataformas.
Apresentamos, assim, o prémio Social CEO.
Critérios de avaliação
Em estreita parceria com Pedro Caramez,
de quem surgiu esta ideia conjunta,
iremos avaliar 30 CEO portugueses que
efetivamente cuidam da sua imagem digital,
incluindo todas as plataformas digitais
disponíveis, desde o Facebook, passando
pelo Instagram, Linkedin, Youtube e website.
Os critérios de avaliação são: seleção de
30 nomeados com base nos seguidores
Linkedin, presença digital em website e
redes sociais, com função específica de
CEO no cargo, em empresas portuguesas
e/ou sediadas em Portugal.
O painel de júri
Como se pretende que a avaliação seja
isenta e justa, selecionámos um painel de
jurados composto por entidades profissionais
e especialistas ligados ao digital,
a saber: Carolina Afonso (ISEG), Anabela
Chastre (Plataforma de Liderança), Vanda
de Jesus, Pedro Brito (Nova SBE Executive
Education), João Pedro Guimarães (CCIP),
Daniel Sá (IPAM), João Baracho (CDI Center),
Natasha Pereira (Lisbon
Digital School), Pedro
Correia (AEP), Diogo
Maroco (Inventa),
Marco Gouveia, Vasco
Marques, Ana Mendes
e Carla Rocha.
Primeira edição
já em setembro
O reconhecimento desta
primeira edição está agendado
para 30 de setembro, e será divulgado
através do website da PME
Magazine e em todas as plataformas
digitais da revista.
Mais informações em:
https://premiosocialceo.pt
Texto:
Mafalda Marques
Diretora
Fotografia:
PME Magazine
Julho de 2022
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TECNOLOGIA
Texto:
João Carreira
Redação
Fotografia:
Oceântia
AUTOCARRO
100%
ELÉTRICO?
SEM PROBLEMA!
A missão da Oceântia é desenvolver
novos modelos de autocarros 100%
elétricos que possam satisfazer
as lacunas do mercado, especialmente
vocacionados para o transporte
escolar, transporte público
de passageiros e serviços de turismo
sustentáveis. Deste modo, desenhou
um novo modelo de autocarro
100% elétrico com baterias
de elevada autonomia.
São três os novos
modelos de autocarros
100% elétricos
A
ideia de um autocarro 100%
elétrico português surgiu de um
grupo de engenheiros que toda
a sua vida trabalhou no setor dos transportes,
nomeadamente, nos transportes
em autocarro e que foi verificando muitas
lacunas nesta área de veículos elétricos,
apesar de o mercado automóvel estar a
evoluir rapidamente neste aspeto.
“Colocámos mãos à obra e desenvolvemos
três novos modelos de autocarros 100%
elétricos de média dimensão, especialmente
vocacionados para o transporte
escolar, transporte público de passageiros
e serviços de turismo”, explica Valter do
Carmo Duarte, sócio-gerente da Ocêantia.
Abordando o tema da sustentabilidade,
a resposta é rápida e breve: “O momento
é agora!”
E não há tempo a perder, com o acelerar
das alterações climáticas, os autocarros 100%
elétricos não são o futuro, são o presente.
“Qualquer operador ou município que
realize transporte de passageiros ou transporte
escolar tem, já hoje, de estar preparado
para adotar novas frotas 100% elétricas”,
refere com assertividade.
A sustentabilidade é, de facto, o core da
atividade da Oceântia e o engenheiro que
conta com mais de 20 anos de experiência
na área dos transportes, nos setores privado
e público, sublinha que “cada autocarro
100% elétrico da Oceântia que substitua um
antigo autocarro com motor a combustão
irá poupar ao ambiente até mais de 1.000
toneladas de CO2 ao longo da sua vida útil”,
daí a sua importância para o meio ambiente
nesta altura tão crítica.
Várias vantagens estão integralmente
ligadas à utilização deste tipo de veículo,
entre elas, a redução das emissões poluentes
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TECNOLOGIA
Cada autocarro 100% elétrico da Oceântia que substitua um autocarro com motor a combustão irá poupar ao ambiente
até mais de 1.000 toneladas de CO2 ao longo da sua vida útil
de CO2 e Nox, menor ruído, menores gastos
com consumos (especialmente numa altura
em que o preço dos combustíveis fósseis está
a níveis elevadíssimos), menores custos de
manutenção, sendo que existem também
apoios à aquisição por parte de fundos
nacionais e europeus.
Na opinião de Valter do Carmo Duarte,
os transportes elétricos serão uma das
principais opções num futuro próximo:
“Com a acelerada evolução verificada no
aumento da capacidade das baterias e,
simultaneamente, redução do seu preço,
os autocarros elétricos tornar-se-ão muito
rapidamente mais competitivos em preço
face aos autocarros a diesel, mesmo sem
qualquer apoio à aquisição por parte do
Estado. Além disso, os níveis de inflação
e a escalada do preço dos combustíveis
fósseis que temos vindo a assistir apenas
vêm tornar mais rápida a inevitabilidade
de migrar para soluções elétricas.”
Com o intuito de financiar a produção
está a decorrer uma segunda campanha
colaborativa na GoParity, em que qualquer
pessoa pode investir a partir dos cinco
euros, neste caso o contrato é de um ano
e o retorno de 5% do seu investimento
inicial. O objetivo é angariar 225 mil euros.
“Quisemos juntar-nos à GoParity por
sermos um projeto verde, focado em novas
tecnologias na área ambiental. Importa
ainda o facto de sermos uma equipa de
pessoas pragmáticas e abertas a novas
soluções. Consideramos que esta nova forma
de financiamento e de relacionamento é
muito mais simples e rápida, o que oferece
enormes vantagens, quer para promotores
como nós, quer para os investidores”, refere
o engenheiro sobre esta parceria.
O objetivo, a longo prazo, da Oceântia é
tornar-se numa das principais empresas
no mercado europeu de autocarros 100%
elétricos, contribuir para o combate às
alterações climáticas e ajudar no que toca
às exportações nacionais.
Deste modo, os primeiros modelos
encontram-se já em produção e prevê-se
a sua entrega, no mercado português,
durante o segundo semestre de 2022 e a
expansão para Espanha e resto da Europa
já em 2023.
A Oceântia prevê a contratação de 11
pessoas para as equipas de planeamento,
construção e vendas ainda este ano.
“Qualquer operador
ou município que
realize transporte
de passageiros ou
transporte escolar
tem, já hoje, de estar
preparado para
adotar novas frotas
100% elétricas.”
Valter do Carmo Duarte,
sócio-gerente da Ocêantia
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AGENDA
JUL
Fotografia: Divulgação
03 a 07
Centro de Congressos
de Lisboa
ISPRM WORLD CONGRESS 2022
O 16.º congresso mundial da Internacional Society
of Physical and Rehabilitation Medicine
apresenta as principais novidades das empresas
portuguesas e internacionais do setor das
tecnologias médicas. Este ano, o congresso
conta com a presença especial de grupos de
destaque e ONG que trabalham em nome das
pessoas com deficiência, com o objetivo de
encontrar uma abordagem mais universal às
necessidades de reabilitação de pessoas com
deficiência.
Mais em:
isprm2022.com
Fotografia:
Divulgação
16
Porto
Internacional Conference
Startups World
Realizada em Portugal pela primeira vez, a
conferência internacional da Startups World
pretende reunir investidores, empresas e instituições
para debater novas perspetivas e melhorar
os padrões das empresas.
Mais em:
startupsworld.net
SET
Fotografia: Divulgação
08 a 11
Exponor,
Porto
IDF BY INTERDE-
CORAÇÃO– FALL
EDITION – FEIRA
DE DESIGN E
DECORAÇÃO
Dirigida a designers e
decoradores, a IDF by
Interdecoração apresenta
as principais
ideias e tendências
da decoração de interiores.
Com o objetivo
de promover a interação
e a partilha entre
os profissionais do
setor, a feira dispõe
de uma zona dedicada
a workshops.
Mais em:
exponor.pt/exhibitions/
calendario/idf-by-interdecoracao-fall-edition/
Fotografia: Divulgação
23 a 24
C.C.B.,
Lisboa
World Ability Forum
Liderança empresarial, inovação, marketing
e experiência do cliente são os principais temas
do World Agility Forum. Steve Denning,
escritor da Forbes, Hendrick Esser, gestor de
projetos da Ericsson, e Stephen Forte, diretor
da Rikpulse, são alguns dos nomes que irão
participar nesta conferência.
Mais em:
experienceagileweek.org/pt/world-agility-forum
Fotografia: Divulgação
28 a 29
Lisboa
THE BUSINESS BOOSTER 2022
O Business Booster é o principal evento mundial
sobre energia sustentável. Este evento
realiza-se pela primeira vez em Portugal
e pretende apresentar soluções comerciais
viáveis para as empresas. O evento conta
com a presença de startups, representantes
da indústria de energia, comunidades
financeiras, formuladores de
políticas e reguladores.
Mais em:
nfeiras.com/the-business-booster/
SET
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Transmissões
em Direto
Filmes
Corporativos
Cobertura
de Eventos
Vídeo
Marketing
C r i e o s s e u s c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o n a i n t e r n e t ,
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FORA D`HORAS
Texto:
Mafalda Marques
Diretora
Fotografia:
Guia Michelin
ESPORÃO
Herdade do Esporão,
Reguengos de Monsaraz,
7200-999, Portugal
Preço:
45€ - 65 €
Cozinha Moderna
Telefone:
+351 266 509 280
Website:
esporao.com
A
tribuída pelo segundo
ano consecutivo,
a “Estrela verde”
distingue restaurantes
“cujo destacado
compromisso com
a gastronomia sustentável,
combinado com uma forte
identidade culinária, cria experiências
gastronómicas especialmente inspiradoras
para os gourmets”, explica
a organização.
No Esporão, a estrela Michelin Verde
destaca o trabalho do restaurante com
fornecedores locais, as suas práticas de
desperdício zero e a eliminação do plástico
e outros materiais não recicláveis.
Utiliza, ainda, nos seus menus produtos
de uma extensa área de horta, produção
animal própria, bem como uma área de
floresta protegida, de onde recolhe produtos
silvestres. A compostagem, a redução
na utilização de plásticos e papel
e a cozinha direcionada para o desperdício
zero são outras das práticas e compromissos
que o restaurante assume.
Em 2008, iniciou um caminho de mudança
na forma como produz. Conduzido
pela curiosidade que lhe é intrínseca
e pela missão em fazer os melhores
produtos que a natureza proporciona
de forma responsável e inspiradora,
o restaurante tem vindo a estar mais
atento a cada detalhe e a investir nos
métodos de produção biológica.
“Cozinhamos o terroir e trabalhamos
à base de produtos sazonais, na sua
maioria alentejanos, da nossa horta ou
produzidos na própria quinta (borregos,
porcos, uvas, azeitonas...). Um objetivo?
Autossuficiência energética através
das energias e fontes renováveis”, refere
o chef Carlos Teixeira, do Esporão.
Durante este percurso, percebeu-se
que seria importante conhecer melhor
os seus solos e as suas características,
para otimizar as práticas de gestão
agrícola de rotina, como análises de solos,
gestão de água de rega, reestruturação
de talhões de vinha, entre outras.
Para isso, foi fundamental a elaboração
de um mapa geológico das vinhas da
Herdade do Esporão, desenvolvido pelo
geólogo José Borrego.
O Esporão é uma empresa familiar,
económica, social e ambientalmente
sustentável, capaz de oferecer experiências
e produtos únicos que melhorem
a vida das pessoas. Acredita que as
empresas devem estar ao serviço
O chef Carlos Teixeira, que aos 29 anos ganha a sua primeira estrela Michelin
Estrela verde Michelin
brilha no Alentejo, na
Herdade
do Esporão
Em plena pandemia, os Prémios Michelin
Portugal e Espanha criaram a “Estrela Verde”
que reconhecem as melhores práticas de
sustentabilidade em gastronomia. Em 2022,
as estrelas verdes vieram para os restaurantes
Herdade do Esporão e para o “Il Galo d’Oro”,
no Funchal. Nesta edição sustentável,
escolhemos o Esporão como protagonista.
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Estrela verde Michelin distingue os
restaurantes com vincado compromisso
na gastronomia sustentável.
FORA D`HORAS
A equipa vencedora
Estrela Verde
O interior do restaurante é em madeira
da sociedade, e não o contrário. Procura,
por isso, ser responsável na forma
como desenvolve a sua atividade. Essa
responsabilidade não é abstrata nem
apenas coletiva: é individual, de cada um
que faz do Esporão parte da sua vida.
Com a “Estrela Verde”, o Esporão faz
parte do prestigiado Guia Michelin e
dos restaurantes que estão na vanguarda
da gastronomia sustentável. Com
isto, o Esporão acumula mais uma estrela
Michelin ganha em 2022, que são
tanto uma fonte de inspiração como de
mobilização para um mundo melhor.
Prato do menu de degustação
de cinco ou sete momentos,
harmonizado com vinhos
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OPINIÃO
CRIAR VALOR
DE FORMA
RESPONSÁVEL
A
par da digitalização, a sustentabilidade
assume-se como um dos
principais eixos para a transformação
da economia e da sociedade.
Se, no passado, as organizações já se
diferenciavam positivamente pelas suas
políticas a este nível, hoje, qualquer empresa
que queira ter um papel ativo na sociedade e
ser aceite pelas gerações futuras tem mesmo
de contemplar ações concretas nas suas
estratégias. É, antes de mais, uma questão
de ética, face, por exemplo, às alterações
climáticas ou à escassez de recursos naturais.
Mas afigura-se igualmente como uma
vantagem competitiva.
Num mercado em rápida transformação,
ser sustentável já é um requisito para
conquistar negócio. Mais do que um produto
ou serviço, as pessoas procuram uma
experiência com significado acoplado, que
dê o maior contributo social, com o menor
impacto ambiental. No estudo State of the
Connected Customer, a Salesforce revela,
por exemplo, que 66% dos consumidores
deixarão de comprar a empresas cujos
valores não se alinhem com os seus e que
78% das decisões de compra dos clientes
são influenciadas por práticas ambientais.
Esta mudança nos padrões de consumo
está a impactar toda a cadeia de valor.
Além de serem sustentáveis, as empresas
têm de garantir que os seus fornecedores e
parceiros também o são, sendo que se torna
cada vez mais comum o pedido de relatórios
de sustentabilidade. Nesta linha, apenas
uma empresa sustentável irá sobreviver nos
mercados de capitais e conseguir captar
investimento verde.
Por fim, este é também um fator crítico
para atrair e reter talento. Aliás, de acordo
com um estudo do IBM Institute for Business
Value, 68% das pessoas estão dispostas a
aceitar ofertas de emprego de organizações
ambientalmente sustentáveis e 35% dizem
ter mudado de emprego no ano anterior por
terem aceitado uma oferta de uma empresa
mais sustentável e responsável do ponto de
vista ambiental, social e de governança.
Neste capítulo, é importante destacar
que o envolvimento e compromisso dos
colaboradores com as políticas de sustentabilidade
é fundamental para o sucesso.
E isso implica criar, a partir de uma estratégia
bem definida, uma cultura interna de
sustentabilidade.
Na Edenred, por exemplo, enquanto especialistas
em benefícios sociais, assumimos
como missão tornar o mundo do trabalho
um lugar melhor e definimos três eixos:
pessoas, planeta e progresso. Para cada
um deles, temos ações concretas, como:
um programa (FOOD) para promover a
alimentação saudável junto das empresas,
colaboradores e restaurantes; o abandono
do papel e a evolução da oferta para cartões e
agora para a desmaterialização; a promoção
da digitalização; o cumprimento de normas
de segurança; a participação ativa como
associada do GRACE, entre muitas outras.
Esta orientação clara reflete-se em
motivação e, hoje, as iniciativas partem
muitas vezes dos colaboradores. Tudo o
que fazemos é, de forma inata, orientado
por aquilo que é uma obrigação e
um desejo: criar valor de
forma responsável e
sustentável.
Esta é a única
forma possível de
estar presente no
mercado e construir
o futuro.
“O envolvimento
e compromisso
dos colaboradores
com as
políticas de
sustentabilidade
é fundamental
para o sucesso.
E isso implica
criar, a partir
de uma estratégia
bem definida,
uma cultura
interna de sustentabilidade.”
Texto:
Filipa Martins
CEO da Edenred
Portugal
Fotografia:
João Filipe Aguiar
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