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Apolice280

Edição com matéria de capa da Crawford Brasil. Especial corretores de seguros com matérias sobre Sucessão Familiar e Retorno ao trabalho presencial. Cobertura do Forum de Seguro de Vida e Previdência promovido pela Fenaprevi

Edição com matéria de capa da Crawford Brasil. Especial corretores de seguros com matérias sobre Sucessão Familiar e Retorno ao trabalho presencial. Cobertura do Forum de Seguro de Vida e Previdência promovido pela Fenaprevi

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SETEMBRO 2022 • Nº 280 • ANO 27

conectando você ao mercado de seguros

Seguro de automóvel

sofreu com o aumento

dos prêmios, mas deve

se estabilizar em 2023

ESPECIAL CORRETORES

DE SEGUROS

>> Sucessão familiar: chegou

a hora do “filho do dono”

>> Convivência: mais

encontros para resolver

os problemas do mercado

Leonardo Semenovitch

>> CRAWFORD

Conhecimento e

tecnologia para a

regulação de sinistros

Prestadora investe em serviços com

agilidade, segurança e solidez

CONSULTORIA CRIA FERRAMENTA DE CONTROLE FINANCEIRO PARA CLIENTES



EDITORIAL

Corretor: duas

vezes especial

Ocorretor de seguros é um empreendedor por natureza.

Geralmente, começa pequeno, na empresa de um amigo ou

sozinho mesmo, buscando oportunidades, conhecimento e,

claro, negócios!

Nós queremos contribuir para a perenidade deste negócio. Há

dados sobre as empresas brasileiras que mostram que apenas 30% delas

conseguem ultrapassar a primeira geração. No caso das corretoras de

seguros é comum vermos empresas que passam de pais para filhos (as),

trabalhando o pacto intergeracional de forma contínua e harmoniosa.

Entretanto, esta transição pode passar por dificuldades,

visto que há conflito de interesses, de forma de atuação, de nível de

experiência, de gestão de negócios. O interlace entre a experiência e a

inovação deve acontecer harmoniosamente.

São justamente estes pontos que discutimos em uma matéria

mais do que especial para os corretores de seguros. Nesta edição da

revista e na próxima, também, vamos mostrar matérias especiais

que vão ajudar os profissionais a tocar os seus negócios e a ter mais

conhecimento sobre as possibilidades de uso da tecnologia.

Ainda neste número falamos sobre como a volta ao convívio

pessoal entre corretores de seguros e seguradoras pode resolver

conflitos em relação a produtos e serviços.

Em um período tão importante para a história do nosso país,

queremos trabalhar para ajudar na história de sucesso dos corretores

de seguros.

Boa leitura

SETEMBRO 2022 • Nº 280 • ANO 27

EXPEDIENTE

Diretora de Redação:

Kelly Lubiato - MTB 25933

klubiato@revistaapolice.com.br

Diretor Executivo:

Francisco Pantoja

francisco@revistaapolice.com.br

Redação:

Nicole Fraga

nicole@revistaapolice.com.br

Colaborador:

André Felipe de Lima

Executiva de Negócios:

Graciane Pereira

graciane@revistaapolice.com.br

Diagramação e Arte:

Enza Lofrano

Tiragem:

12.000 exemplares

Circulação:

Nacional

Periodicidade:

Mensal

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de seus autores,

não representando, necessariamente, a

opinião desta revista.

Esta revista é uma

publicação independente

da Correcta Editora Ltda e

de público dirigido

CORRECTA EDITORA LTDA

Administração, Redação e Publicidade:

Avenida Ibirapuera, 2033 - cjto 183

Edifício Edel Trade Center

04029-901 São Paulo/SP

CNPJ: 00689066/0001-30

Diretora de Redação

Mande suas dúvidas,

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CONTEÚDO

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MERCADO

ÍNDICE

SEGURO

AUTOMÓVEL

Carteira enfrenta

dificuldades e

corretores buscam

alternativas para

atender clientes

insatisfeitos com

valores dos prêmios

>> PÁG. 14

ESPECIAL CORRETORES

SUCESSÃO FAMILIAR

Corretores buscam

orientação e

seguradores empregam

programas de

capacitação de futuros

sucessores de seus

pais no comando dos

negócios

06 painel

08 gente

10 capa

A Crawford é uma multinacional

presente no Brasil desde o ano

2000, com atuação diversificada,

com destaque para a regulação

de sinistros em diversas carteiras,

como transporte, massificados

e P&C

18 serviços

Consultoria cria o Check-up

Financeiro Preliminar para

oferecer a solução mais adequada

CONVIVÊNCIA

Com a volta dos

contatos diretos existem

vários aspectos que

ainda estão sendo

ajustados na relação

entre seguradoras e

corretores, para discutir

produtos e serviços

>> PÁG. 30

>> PÁG. 24

20 evento

Fenaprevi realiza o X Fórum de

Previdência Privada e Vida e

discute o impacto da longevidade

no setor, com o tema “Debater o

Presente. Pensar o Futuro”

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de seus autores,

não representando, necessariamente, a

opinião desta revista.

4



PAINEL

worldwide web

Site da Susep migra para o portal gov.br

Desde o dia 8 de setembro, o site da Susep (Superintendência

de Seguros Privados) passou a integrar

o portal gov.br e as informações sobre a autarquia e os

dados do mercado de seguros podem ser encontradas

em gov.br/susep.

O gov.br é um

projeto de unificação

dos canais digitais

do governo federal,

reunindo, em um só

lugar, serviços para

o cidadão e informações

sobre a atuação

de todas as áreas do

governo. Integrados, os sites do Governo tornam o portal

gov.br a entrada única para as páginas institucionais

da administração federal, oferecendo ao cidadão um

canal direto e rápido de relacionamento com os órgãos

federais.

previdência privada

Setor cresce 13% no

primeiro semestre

Os planos de previdência

privada tiveram

alta de 13%, somando

quase R$ 74 bilhões de janeiro

a junho deste ano. O

resultado está no relatório semestral da Fenaprevi (Federação

Nacional de Previdência Privada e Vida).

Outro dado informa que houve 24,2% de alta

nos resgates, que superaram os R$ 61 bilhões no período.

O que também demonstra, segundo leitura da Fenaprevi,

que o papel social da previdência privada no

Brasil vem sendo cumprido: que é o de proteger a renda

da população. Ficou comprovada na pandemia a importância

de se ter uma reserva financeira para o enfrentamento

de situações de risco ou inesperadas.

Já em termos de ativos, a previdência privada ultrapassou

os R$ 1,12 trilhão, uma evolução de 7,3% na

comparação com o 1° semestre de 2021.

premiação

46ª edição do “Oscar do Seguro”

A 46ª edição da premiação “Destaques do Ano

2021-2022”, o “Oscar do Seguro”, promovida pelo CVG-RJ

(Clube Vida em Grupo do Rio de Janeiro) foi realizada no

início de setembro. O presidente da entidade, Octávio

Perissé, ressaltou que “o setor cresceu 19,6% no primeiro

semestre, com faturamento de R$ 80 bilhões. E o ramo

vida vem se destacando, com participação de 34,2% do

total arrecadado pelo setor no semestre.”, observou Perissé,

citando dados do boletim IRB/mercado, da plataforma

IRB+inteligência.

A Bradesco Seguros foi eleita a “Seguradora do

Ano” e seu presidente, Ivan Gontijo, o “Homem de Seguro

do ano”. A Tokio Marine foi agraciada

como “Seguradora de Vida” e a Porto

Saúde, como a “Seguradora de

Saúde”. Já a CNseg (Confederação

Nacional das Seguradoras) foi eleita

a “Instituição do Ano”. A “Liberty

Seguros recebeu o prêmio referente

à categoria “Melhor Campanha de

Publicidade”. A Assim foi premiada

como “Operadora de saúde do Ano”.

Os “Destaques Profissionais do Ano” foram Patrícia Disconsi,

superintendente regional da SulAmérica, e Fabio Lessa,

diretor Comercial da Capemisa.

Outra premiada foi a Super Qualidade Gestão em

Seguros, eleita a “Corretora de Seguros do ano”. Por fim,

mais um momento que gerou muitos aplausos dos presentes,

especialmente do público feminino, quando a

gerente da filial Rio de Janeiro da Allianz, Aline Carneiro,

falando em nome de Lívia Prata, diretora regional da

companhia, premiada como a “Mulher de Seguro do Ano”,

dedicou a premiação “a todas as mulheres do mercado de

seguros”.

6



gente

LÍDER DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

A WTW Brasil anunciou

Davi Wu como novo diretor

e líder de Global Services

and Solutions e Head do

China Desk. O executivo tem

20 anos de experiência na

área corporativa com enfoque

no mercado internacional

e asiático, estabelecendo uma carreira baseada

na construção de laços comerciais entre nações distintas,

prospecção de novos clientes e desenvolvimento

de parceiros de negócios.

No setor de seguros, Davi atuou assessorando

empresas chinesas, em grandes projetos de

infraestrutura, seja na mitigação de riscos de engenharia

para megaprojetos, na emissão de garantias,

benefícios, entre outros.

CEO BINACIONAL

O estadunidense-argentino Edward Lange

foi oficialmente apresentado ao mercado brasileiro

como CEO da Sancor Seguros

Brasil.

Executivo sênior, empreendedor

e muito ligado

às tendências em transformação

digital, consumidores

digitais e inovação, Lange

vem ao encontro das necessidades

da seguradora. Tecnologia e capital humano

são os principais pilares neste momento de

expansão da seguradora, segundo seus executivos.

MAIS PARCERIAS

Com mais de 15 anos de experiência no setor

de seguros, Juliana Capuchinho é a nova diretora

de Parcerias Comerciais

da seguradora Prudential do

Brasil. Por meio de sua visão

estratégica de mercado, Juliana

vai fortalecer a atuação

da Prudential com Itaú, parceiro

estratégico da seguradora,

focando em novas

oportunidades e aumentando a representatividade

da companhia na oferta de seguros de vida nos

principais segmentos do banco.

CUIDADOS COM A OPERAÇÃO

A Europ Assistance Brasil anunciou a contratação

de Tiago Massarico como novo diretor

Operacional (COO). O objetivo de Massarico será

liderar a área de operações da empresa, a qual vem

passando por um grande

processo de transformação

desde a chegada do CEO

Newton Queiroz, no terceiro

trimestre do ano passado.

Ele será responsável

por um time de 500 colaboradores,

que se dedicam na

entrega de mais de 80 soluções que a companhia

oferece atualmente nos ramos de Auto, Residencial,

Saúde e Viagem, além de serviços digitais para a proteção

e comodidade, como Telemedicina, Arquiteto

Virtual, Proteção Digital, Assistência Celular, Pet e

Descarte Ecológico.

MUDANÇAS COMERCIAIS

A coordenadora Comercial da região

Norte e Nordeste do PASI, Sandra Godoy,

irá ampliar sua área de atuação e passará

também a atender os estados do Rio de Janeiro,

Espírito Santo e Centro Oeste.

“É com imenso prazer que recebo

esse grande desafio de atender, além da região Norte

e Nordeste, a região Centro Oeste e os estados do Rio

de Janeiro e Espírito Santo. Como já atendi

anteriormente essas regiões, minha missão

será a de estar mais próxima e apresentar

aos corretores além do propósito de proteção

e amparo do nosso seguro, as novas

oportunidades de negócios, as soluções digitais

e facilidades tecnológicas que cada uma dessas

regiões tem a sua disposição”, destacou Sandra.

8



CAPA

CRAWFORD

Tecnologia para agilizar o

atendimento aos sinistros

EMPRESA FOI A PRIMEIRA MULTINACIONAL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A ATENDER O MERCADO

BRASILEIRO, SEJA ELE FORMADO POR SEGURADORAS OU POR CLIENTES DIRETOS, GLOBAIS OU NACIONAIS

Kelly Lubiato

Uma empresa que fatura mais de

1 bilhão de dólares anualmente

e que está presente na Bolsa de

Nova Iorque há mais de 50 anos. Sua solidez

está representada pela filial brasileira

da Crawford, que encontra por aqui um

ambiente de prestação de serviços diverso

e desafiador. Presente no território

nacional desde o ano 2000, a empresa

atuou na regulação dos maiores sinistros

do mercado, como a explosão do autoforno

da CSN, os dois casos da Vale (Brumadinho e Mariana), os dois

sinistros do Metrô de São Paulo, entre outros.

Seja no Brasil ou em qualquer outro lugar do planeta, o objetivo

é atender os sinistros de forma rápida, com agilidade e segurança.

“Movimentamos as equipes para atender emergências e oferecer soluções

eficientes”, explica Leonardo Semenovitch, Country Manager

da Crawford Brasil. A empresa atende os seguros de P&C, responsabilidade

civil, riscos de engenharia, linhas financeiras, e também na área

de transportes, com soluções completas para todas as linhas de negócios.

A empresa conta com unidade de Loss Prevention nos portos

e aeroportos com solução de atendimento completa para os clientes.

10


“Trabalhei muito tempo em seguradoras e sei

que o lado mais fraco da cadeia é o prestador.

Por outro lado, vejo um mar de oportunidades,

oferecemos um serviço diferenciado. Estamos

em um momento muito bom para a prestação

de serviços

LEONARDO SEMENOVITCH, Country Manager

A operação brasileira está entre as maiores em negócios da

América Latina. A Crawford também está presente no Chile, Peru,

Argentina, México, Panamá e Colômbia.

LINHAS DE NEGÓCIOS

Há três linhas de negócios no Brasil: transportes, P&C e GTS

(Global Technical Services).

A Crawford começou a trabalhar mais forte em TPA (Third

Part Administrator), quando a empresa vai além da atuação como

reguladora de sinistro e assume uma parte da operação da seguradora.

“Há seguradoras que nos contratam para realizar o

seu processo inteiro de sinistro, como se fosse um outsourcing

de mão de obra”, explica Semenovitch. Neste caso, o trabalho vai

desde a inserção de informações no sistema, triagem, regulação

externa, lançamento de relatórios, informações aos corretores até

o pagamento.

Este trabalho está crescendo muito e é uma tendência de

mercado. Por isso, a Crawford já pensa em criar um departamento

específico e exclusivo para este tipo de trabalho.

Marcio Trindade, head of Marine da prestadora de serviços,

destaca que esta operação é customizada, atendendo o cliente de

acordo com a sua demanda e linha de negócio de cada seguradora,

sem causar nenhum impacto em sua operação.

Há seguradoras nas quais é possível fazer uma integração sistêmica,

em outras, não. Há os mais diversos modelos. “Na regulação,

por exemplo, cada seguradora tem um modelo diferente e nós nos

adaptamos a eles”, acrescenta Semenovitch.

VISTORIA REMOTA

Em 2004 a empresa começou a montar sua estrutura de Loss

Prevention com o handheld da HP para fazer a captação de cargas

e descargas dentro dos portos. Amanda Noronha, gerente de TI &

Operações, ressalta que o desenvolvimento foi todo interno. “A partir

de 2008 a captação dos dados passou a ser online, e nós começamos

a fazer as coisas para P&C”, relembra a executiva.

Neste processo estão envolvidos três mil embarques por

mês, embarcado no aplicativo da própria Crawford. “Fomos para a

nuvem e o sistema brasileiro foi exportado para toda a América Latina,

o que nos levou para a vistoria remota”, destaca Amanda.

Se antes os sinistros dependiam

da visita de um regulador, que fazia a vistoria,

colocava os dados em uma ata etc,

agora tudo isso pode ser feito a distância.

“O desenvolvimento foi feito totalmente

‘dentro de casa' e, no período da pandemia,

mostrou toda a sua funcionalidade”,

segundo o Country Manager da empresa.

A empresa teve um crescimento

expressivo nesta área de vistoria remota.

“Nós mandamos um link para a pessoa

que está no local do sinistro acessar para

enviar fotos, filmes e outras informações”,

explica Semenovitch. Amanda acrescenta

que a ferramenta permite o acesso de até

seis telas, o que facilita o acesso simultâneo

e o acompanhamento da seguradora,

corretor, auditor etc. Os documentos são

salvos na sede da empresa, agilizando

o processo, até com a assinatura digital.

“Ficamos com toda a documentação completa

e aceleramos o processo”, pontua

Amanda.

A vistoria remota enfrentou resistência

de seguradores e corretores até

antes da pandemia. “O curioso é que passamos

a fazer regulação de grandes sinistros,

como um aerogerador de uma usina

eólica no interior do Nordeste. Um grande

processo como este demanda mais

de uma vistoria. Temos trabalhado pelo

volume, para democratizar o uso desta

ferramenta”, afirma Semenovitch, porque

11


CAPA

CRAWFORD

Qualificação, capilaridade, rapidez, agilidade,

tecnologia e redução de custos são os

pilares que movem o atendimento ao seguro

transporte”

MARCIO TRINDADE, head of Marine

quanto mais rápido o sinistro for pago,

melhor é para todos os envolvidos.

Apesar de toda a automação, ainda

existem os reguladores dedicados a

cada área de atuação. O regulador especialista

é quem faz funcionar todo o

processo.

TRANSPORTE

O transporte na Crawford reúne

uma equipe de 125 profissionais, com 40

deles dedicados ao Marine, seja na matriz

em São Paulo ou nas filiais de Manaus/

AM, Aeroporto de Viracopos, Aeroporto

de Guarulhos e Porto de Santos, com

atendimento para todos os ramos de

transporte, seja nacional ou internacional.

Tanto nas apólices de importação

ou exportação, o cliente da empresa

recebe atendimento local, com estrutura

própria nos 70 países em que atua

ou com a atividade de parceiros. Como

exemplo, Trindade cita importadores de produtos da China: “nós

acompanhamos o produto na saída, na China, acompanhamos a

chegada a Santos e a entrega ao cliente final. Somos um provedor

de serviços do início ao final do processo”.

A empresa possui estrutura para importação, com equipes

de inspeção em portos, aeroportos, zonas primárias e secundárias

e destino final. Todos os funcionários da Crawford são CLT e, para

manter uma capilaridade eficiente, a empresa mantém parceria com

300 prestadores de serviços que atendem o transporte nacional e

rodoviário. “Todos são pessoas jurídicas e seguem nossas regras de

compliance, segurança da informação, normas e procedimentos”,

esclarece Trindade. A Central de Atendimento, quando aciona o vistoriador,

passa todas as diretrizes do sinistro e de como ele deve ser

feito.

Quando há um acidente, o segurado reporta o sinistro e imediatamente

recebe um contato da Crawford. São muitas variáveis a

serem verificadas, como danos ao baú, área de risco etc. A vistoria

inicial possibilita ao atendente verificar os primeiros danos e já tomar

uma série de decisões que antes só seriam tomadas quando o

vistoriador chegasse ao local.

Com toda esta tecnologia, os executivos estimam que o tempo

de atendimento diminuiu cerca de 50%, agilizando a regulação

de sinistro e trabalhando para diminuir os prejuízos.

Esta é uma ferramenta de gerenciamento de riscos, pois realiza

o manejo do sinistro, como um todo, mas que também atua como

um banco de dados para os clientes tomarem decisões tanto para

precificação quanto para reajuste, na renovação etc. “Nosso sistema

consegue criar um portal do cliente e extrair uma série de relatórios

gerenciais, Power BI, personalizado, criado exclusivamente para

cada cliente fazer seu upload de documento, ver o status de cada

processo”, enumera Trindade.

12


SAIBA MAIS

A Crawford é uma multinacional americana com

80 anos de idade, sediada em Atlanta e presente em

70 países. Ela possui 9 mil colaboradores e, em 2021,

regulou US$ 14 bilhões em sinistros ao redor do mundo.

Há algumas décadas a empresa investe na atuação

internacional para atender clientes globais (sejam eles

diretos ou seguradoras).

No Brasil, a empresa chegou no ano 2000 e foi a

primeira multinacional prestadora de serviços por aqui.

Tem uma atuação diversificada, com destaque para a

regulação de sinistros. Por aqui, participou dos maiores

sinistros, como a explosão do autoforno da CSN, os dois

casos da Vale (Brumadinho e Mariana), dois sinistros

do metrô etc.

Semenovitch afirma que as ferramentas que a empresa desenvolve,

com relatórios e informações, são fundamentais para as

seguradoras e clientes conhecerem a sua frequência de sinistro, tipo

e região. “De forma geral, o que a Crawford tem são funcionários

comprometidos e treinados, linha ética, coisas que poucas empresas

possuem”.

O diferencial para a área de Marine da Crawford é a capacitação

profissional da equipe. “Há comissários de avarias, temos certificações

na Susep, a maioria é formada em administração de empresas,

comércio exterior e bilíngue. Conseguimos atender qualquer

cliente no mundo inteiro”, ressalta Trindade.

Os clientes globais da Crawford que atuam no Brasil recebem

seus relatórios em português e a empresa se responsabiliza por

qualquer tipo de pagamento internacional. “Exemplo: uma empresa

exportadora brasileira precisava vistoriar uma carga, em sete dias,

que estava em depósitos na China e na Coreia. Em menos de uma

semana nós entregamos os relatórios de inspeção. Somos referência

no mercado internacional”, comemora o Country Manager.

A América do Sul representa um grande corredor de carga,

principalmente Argentina e Chile. “Temos escritório nestes dois países,

o que facilita o atendimento ao sinistro”, completa Trindade. A

equipe de transporte internacional irá participar de um Congresso

de Transportes Marítimos na Cidade do México. Isso demonstra o

caráter de atualização profissional contínua e o networking com

parceiros internacionais.

LOSS PREVENTION

A área de Loss Prevention acompanha 100% dos embarques

que chegam dos clientes da Crawford. Esta operação, muitas vezes,

AMANDA NORONHA,

gerente de TI & Operações

é contratada diretamente pelo segurado,

sem envolvimento da seguradora.

O time da prestadora de serviços,

seja nos aeroportos ou no porto, tem

conhecimento da lista dos navios do dia

e o pre-alert dos embarques aéreos. “Fazemos

100% da conferência da carga na

zona primária, tudo alimentado dentro

do sistema. Antes de preencher a DI o

cliente sabe como a carga está chegando”,

explica Trindade.

Quando alguma não conformidade

é identificada ela é imediatamente

comunicada ao cliente e à seguradora.

Para não perder prazos, a Crawford atua

diretamente, em nome do cliente.

Na carteira de Responsabilidade

Civil Operador de Portos a empresa possui

apólices com valor em risco mais alto,

com capacidade para atender os produtos

com apoio de resseguradores internacionais.

SEGURANÇA

A empresa possui códigos de segurança

para tudo, além de atuar com

sistemas redundantes. “Em nosso projeto

de LGPD investimos em redundância

aqui e no exterior. Somos o backup do

exterior e eles são o nosso. Em tecnologia,

temos treinamentos a cada 15 dias.

Somos referência para algumas seguradoras,

como fonte de informações”, ratifica

Seminovitch.

13


MERCADO

SEGURO AUTOMÓVEL

Carteira enfrenta dificuldades e

corretores buscam alternativas

O AUMENTO DOS PRÊMIOS DE

SEGURO EM 2022 CHEGOU A ATÉ

100% E FICOU DIFÍCIL CONVENCER

O SEGURADO DE QUE A CULPA PELO

ÍNDICE NÃO É DO MERCADO

Kelly Lubiato

2020 foi atípico e todo mundo

sabe disso. O que veio depois,

nestes mais de dois anos, se tornou

uma bomba para o canal de distribuição.

O produto que sempre ocupou

um lugar de destaque no mercado de

seguros passou a sofrer por conta de fatores

externos ao seu domínio. Além da

supervalorização dos veículos ao longo

deste período, assistimos também a falta

de peças de reposição, a precariedade

dos serviços de reparação de veículos e,

como cereja deste bolo, os problemas

enfrentados na assistência 24 horas.

De acordo com a Federação das

Seguradoras de Seguros Gerais - Fenseg,

alguns fatores foram preponderantes

para este aumento dos prêmios: redução

de preços na pandemia – nesse período,

a redução de risco levou à queda no

preço do seguro, mas com retorno agora

aos patamares normais; abastecimento

de peças – com a crise internacional,

associada primeiramente à pandemia

de Covid-19 e, desde março de 2022, à

Guerra na Ucrânia, tem faltado insumos

para os fabricantes produzirem as peças

de reposição; aumento do roubo e do

furto – veículos estão sendo roubados e

furtados, com frequência crescente, com

o objetivo do desmanche para revenda

de peças, por canais irregulares; índice de

recuperação de veículos – por se tornarem alvos dos desmanches

para venda de peças, a recuperação de automóveis tem se revelado

um desafio cada dia maior; e outros fatores - assim como no roubo

e furto, outras frequências (colisão, assistência etc) também retornaram

aos índices iguais ou superiores a 2019.

Jaime Soares, diretor-executivo de Auto da Porto Seguros,

afirma que “em momentos de incertezas macroeconômicas, somadas

às incertezas futuras, aumenta a preocupação dos consumidores

14


JOSÉ CRISTÓVÃO MARTINS,

do Sincor-MT

opções de produto e preço que melhor se

adequem às suas necessidades. Dessa forma,

ele contribui para aumentar sua taxa

de retenção e renovação, assim como a

venda de seguros novos. Os corretores

exercem um papel muito importante na

relação do cliente com as seguradoras e

vice-versa”, reforça o executivo.

Entretanto, os corretores de seguros

encontram dificuldades para manter

o cliente dentro do mercado. José Cristóvão

Martins, presidente do Sincor-MT

e representante da Fenacor no Grupo de

Trabalho sobre seguro automóvel da Fenseg,

afirma que na sua região o aumento

de preços em 2022 chegou a 35% e que

este impacto foi uma surpresa.

em proteger seus patrimônios. Assim, percebemos uma leve retração

do índice de retenção, mas ainda com muitas pessoas mantendo

o seguro através das dicas e customizações que os seus corretores

apresentam como alternativa”.

Cabe ao corretor de seguros a procura por alternativas que

permitam ao cliente manter a apólice de seguro. Marcelo Sebastião,

presidente da Comissão de Seguro Auto da Fenseg, aponta que “o corretor

de seguros segue atuando como consultor do cliente, provendo

FLÁVIO CHIARELLA,

do Seg&Serv

15


MERCADO

SEGURO AUTOMÓVEL

JAIME SOARES,

da Porto

Mesmo com este cenário houve

aumento do consumo de seguro automóvel.

“Há diálogo com as seguradoras

no grupo de trabalho da Fenseg e houve

uma melhora considerável na assistência

24h, principalmente nos guinchos. Casos

pontuais são prontamente solucionados”,

afirma o líder de classe.

Flávio Chiarella, sócio da

Seg&Serv Corretora de Seguros, apontou

que na carteira de sua empresa houve

aumentos que chegaram a 100% em

alguns casos esporádicos. “Os segurados

não recebem bem o aumento pois tem

a premissa de que como ‘não utilizou’ o

seguro receberá um desconto no valor,

MARCELO SEBASTIÃO,

da Fenseg

não um aumento”, pondera e acrescenta que, mesmo assim, os

números de renovações na sua carteira não caíram consideravelmente.

Como alternativa, Chiarella explica que alguns segurados

partiram para companhias de custo mais baixo e com redução de

coberturas. “Outros optaram pela proteção veicular (que não vendemos)

e há ainda aqueles que se arriscaram a ficar sem seguro”, lamenta

o profissional.

Para manter o nível de renovações, Chiarella conta que a

empresa sempre teve uma política de reduzir o custo do cliente na

renovação, pois sabe que apenas um bom atendimento, nos dias

atuais, não é suficiente para manter o cliente do seguro auto, que

busca preço. “Além de revalidar o perfil com o segurado, buscamos

informações sobre o reenquadramento das coberturas atuais, verificando

se existe a necessidade do cliente ter alguns serviços extras,

como, por exemplo, carro reserva para quem tem mais de um veículo

em casa. Também buscamos a negociação de descontos com as

seguradoras”, completa Chiarella.

ALTERNATIVA

“Os corretores, por serem especialistas em cada um dos produtos

do mercado, conseguem fazer uma venda customizada para

os seus clientes, combinando uma série de características para que

o seguro fique mais competitivo”, afirma Jaime Soares, da Porto.

A companhia oferece descontos para quem adquire o cartão de

crédito da sua bandeira e opções com compras combinadas com

outros produtos da empresa, como seguro residencial. “Para esse

momento atípico, nada melhor do que contar com o seu corretor

de seguros, que conhece do mercado e pode oferecer muitas outras

customizações que fazem o seu seguro ficar mais barato, sem

perder de vista a qualidade dos serviços oferecidos”, acrescenta o

executivo.

Para Sebastião, da Fenseg, “o corretor de seguros segue atuando

como consultor do cliente, provendo opções de produto e preço

que melhor se adequem às suas necessidades. Dessa forma, ele contribui

para aumentar sua taxa de retenção e renovação, assim como

a venda de seguros novos. Os corretores exercem um papel muito

importante na relação do cliente com as seguradoras e vice-versa”.

Existe a possibilidade das seguradoras ofertarem produtos

mais customizados de acordo com as necessidades dos clientes.

Uma alternativa encontrada por elas foi a flexibilização dos pagamentos

e parcelas menores. Mas, isso não diminuiu o preço.

“Desconhecemos produtos alternativos ofertados por empresas

que não são seguradoras e tampouco estão registradas, aprovadas

e supervisionadas pela Susep”, ressalta Sebastião.

Uma alternativa para o consumidor podem ser as insurtechs,

que começam a ofertar produtos nos formatos pay as you drive

e pay as you use. “Os produtos de insurtechs visam alcançar um

público não coberto, que é 100% digital. O corretor pode avançar

nesse contexto, distribuir, vender. Basta criar uma capacitação para

que este profissional seja autorizado a isso. Aproveito para fazer um

apelo: insurtechs, invistam no corretor, há profissionais que querem

vender seus produtos”, declara Sebastião.

16


De acordo com os especialistas, o cenário atual indica uma

estabilidade dos preços, que irá depender das condições econômicas

e políticas dos próximos meses.

INSURTECH

Com objetivo de flexibilizar as regras do seguro automóvel, a

Susep editou em agosto de 2021 a circular 639. Entre as mudanças

estava a possibilidade das coberturas de casco abrangerem, de forma

isolada ou combinada, diferentes riscos, podendo a seguradora

assumir apenas partes do risco; liberdade para oferecer coberturas

de casco com valor de mercado referenciado, valor determinado e/

ou com outro critério objetivo e transparente para especificação da

LMI; possibilidade de que o seguro auto seja contratado para garantia

direta ao segurado, sem vinculação a um veículo específico; e

flexibilização do âmbito de abrangência da cobertura de acidentes

pessoais de passageiros, que não se vincule a um veículo em específico,

mas a um CPF do condutor do veículo, independente da propriedade

do casco.

Estas mudanças foram promovidas com o intuito de ampliar

as possibilidades de novos produtos, que começam a surgir principalmente

através de insurtechs.

Alan Leal, vice-presidente da Justos explica que o seguro

deve ser sempre atrelado à melhor experiência e vivência do segurado.

“Quando falamos de vivência, por exemplo, relacionamos a

tecnologia ao uso da telemetria, que colhe o comportamento de direção

(aceleração, frenagem, curvas, velocidade, direção focada) de

forma individualizada e reflete isso em desconto e em preço justo

para o consumidor, além de influenciar positivamente o comportamento

de direção observado nas ruas”.

Com a tecnologia o consumidor pode, pelo seu smartphone,

entender a forma como está dirigindo, como isso reduz o seu risco

de sofrer um acidente, gera um impacto positivo no trânsito, ao

ambiente a sua volta e também ao seu bolso, com um seguro mais

barato.

“Essa grande quantidade de dados permite a análise precisa

das reais necessidades de cada consumidor e o ajuste adequado de

produtos, coberturas e forma de contratação aderentes ao seu perfil,

ou seja, o consumidor passa a pagar efetivamente por um produto

adequado a sua individualidade, pelo tempo que realmente

precisa e baseado no seu comportamento de uso”, esclarece Leal.

Assim, os seguros pagos de acordo com o uso serão mais

uma opção para o consumidor, além dos modelos tradicionalmente

ofertados. Leal ressalta que “o ponto não é gerar concorrência entre

modelos de contratação, mas sim flexibilidade e oportunidade para

novas conversões ou manutenção das carteiras atuais”.

A comercialização destes novos produtos, que normalmente

ocorre via aplicativo, poderá ou não ter a participação de um corretor

de seguros. “Para alguns perfis de consumidores a busca direta

pelo seguro será o melhor caminho e onde eles se sentirão mais

confortáveis, justamente por gostarem dessa interação e da participação

ativa em todo processo. Já para outros, há a necessidade do

corretor intermediando, explicando e representando ele em todo o

processo, pois continuará sendo o modelo mais eficaz”, pontua Alan,

ALAN LEAL,

da Justos

acrescentando que o corretor por sua vez,

deve manter-se ativo em todo esse processo,

buscando cada vez mais o caminho

da digitalização, interações com as seguradores

e suas carteiras de clientes para

ofertar essas novas estruturas de produto,

e ampliar ainda mais as possibilidades

de seu portfólio com os novos entrantes

que buscam novos formas de contratar

seguro.

O executivo acredita que o futuro

do seguro auto continuará com a tendência

de inclusão de novas tecnologias

voltadas para a personificação do seguro

com redução de custos para o consumidor.

“A experiência do consumidor é e

será fator preponderante para o sucesso.

Ter um produto simplificado, com uma

jornada fluida, digital e ainda assim humanizada,

deve ser o foco do mercado,

sendo que ainda a atenção no pós-venda

deve ser redobrada, o consumidor tem

que ter disponível todos os instrumentos

possíveis (IA - inteligência artificial, BOT,

machine learning) para se relacionar de

forma ágil, rápida e da maneira que desejar

com a sua seguradora. E quando tiver

um imprevisto (sinistro) a tecnologia

facilita toda a parte operacional, desde a

troca de documentos até a vistoria, mas

o humano ainda é parte essencial é justamente

o equilíbrio de acordo com a

necessidade do consumidor é o que deve

nortear o atendimento e a entrega dos

serviços”, completa Leal.

17


MERCADO

SERVIÇOS

TGL Consultoria lança ferramenta

de controle financeiro

O CHECK-UP FINANCEIRO PRELIMINAR É UMA SÍNTESE

DO LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES E OBJETIVOS DO

PROSPECT OU DO CLIENTE, PARA OFERECER A SOLUÇÃO

MAIS ADEQUADA

Aos 18 anos de atuação no

mercado de seguros, a TGL

Consultoria não para de criar,

seguindo o DNA do seu fundador, Rogério

Araújo, que completa 23 anos de

atuação nos ramos de vida e previdência

complementar.

A TGL Consultoria possui vasta

experiência na atuação consultiva e no

Planejamento e na Proteção Financeira

de seus mais de 30.000 clientes.

“Durante esses 18 anos de atuação

erramos muito, mas aprendemos com os

erros todos os dias. Eu adoro errar, pois

quanto mais eu erro, maior é o nosso número

de acertos”, diz Rogério Araújo.

O Check-up Financeiro Preliminar

é uma síntese de levantamento de necessidades

e objetivos do prospect ou do

cliente. “Procurei criar uma ferramenta

para identificar as necessidades do cliente e que auxiliasse o corretor

na condução da sua apresentação”, explica o CEO.

Corretores de seguros e seguradoras já demonstram grande

interesse pelo uso desta ferramenta. “Seguradoras generalistas que

atuam no ramo vida procuram uma forma de ajudar na distribuição

de seus produtos de vida e previdência privada para os clientes de

seguro automóvel, por exemplo. “Esperamos que ainda em outubro

essas negociações estejam concluídas, aproveitando assim o bom

momento do nosso mercado”, aponta Rogério Araújo.

O Relatório gerado pelo Check-up Financeiro é extremamente

didático, adaptado a todos os sistemas, desenvolvido em tecnologia

PWA, com banco dados estruturado na Amazon AWS, servidor

global com o mais alto e atual nível de segurança, onde todos os

dados são protegidos em conformidade com a LGPD – Lei Geral de

Proteção de Dados - e com segurança de armazenamento de informações,

que somente o corretor responsável tem acesso.

Esse relatório aponta e mensura, por exemplo, necessidades,

como recursos para sucessão patrimonial, educação dos filhos, manutenção

do padrão de vida, proteção da renda, além de tratar a

questão previdência privada complementar e incentivos fiscais.

A TGL Consultoria possui outras ferramentas como o Check-

-up Financeiro Completo, uma ferramenta “pilotada” pelos consultores

no decorrer das visitas aos clientes; e as Consultorias Previdenciárias,

um RX da situação do cliente junto à Previdência Social, a

Consultoria Contábil e Tributária, a qual, segundo Rogério Araújo,

“entrega dinheiro” aos clientes, já que “mais de 85% das consultorias

apontam medidas lícitas e legais de redução de carga tributária”.

Ao ser questionado se pensa em uma nova negociação de

venda ou incorporação da TGL Consultoria no futuro, Araújo diz que

“sim, que ainda sonha em levar para todo o Brasil a cultura do Seguro

de Vida e de Previdência de forma consultiva”, que já recebeu

outras abordagens, mas trata tudo com cautela e sigilo.

EMPREENDEDORES 50+

Desenvolver todo o potencial das pessoas que participam da

economia prateada é o novo projeto da TGL Consultoria. Rogério

Araújo fala um pouco mais sobre o projeto, cujo pré-requisito é ter

uma boa história para contar, carregar a verdade no coração e estar

disposto a empreender, não dinheiro, mas tempo, relacionamento e

dedicação.

18


“Durante esses 18 anos de atuação erramos

muito, mas aprendemos com os erros todos

os dias. Eu adoro errar, pois quanto mais eu

erro, maior é o nosso número de acertos

ROGÉRIO ARAÚJO, fundador

APÓLICE: Como surgiu o interesse para apoiar os empreendedores

50+?

Surgiu após uma palestra sobre longevidade financeira em

um congresso de médicos geriatras. No mesmo painel, uma profissional,

Cecilia Xavier, da empresa Trampolim 60+, fez uma apresentação

que me impactou.

Ela falou sobre a mudança da pirâmide demográfica e como

as empresas estavam equivocadas, procurando jovens para ocuparem

as vagas disponíveis, jovens de uma faixa etária que a cada dia

é mais estreita e desconsideram a faixa etária acima dos 50 anos,

justamente a faixa mais crescente e com profissionais experientes,

com networking e qualificação.

Fui visitar um projeto que capacita profissionais com mais

de 50 anos, indicado pela Cecília Xavier e foi impressionante, o que

ouvi de grande parte dos mais de 25 profissionais daquela turma foi:

“estou aqui pois ainda me sinto vivo”.

Passei a enxergar esse público com outros olhos, não com o

olhar de caridade, de querer ajudar, mas como uma grande oportunidade

para a TGL. Contratamos profissionais dessa faixa e foi uma

experiência incrível.

APÓLICE: Como trabalhar o pacto intergeracional dentro da

empresa?

Uma experiência sensacional, a maturidade, a experiência

dos 50+ contagia os mais jovens, traz a serenidade para o ambiente.

É interessante ver os mais velhos ajudando os mais jovens

com a sua experiência de vida e os mais jovens ajudando os 50+

com as ferramentas digitais e tecnológicas.

APÓLICE: Como a empresa pretende trabalhar os colaboradores

abaixo de 30 anos para receber o novo grupo de consultores?

Já havíamos contratado pessoas 50+ em 2019 e 2020, e a recepção,

como acima citado, foi extremamente positiva.

A diferença é que dessa vez vamos contratar empreendedores,

profissionais com mais de 50 anos de idade e que queiram investir

tempo, dedicação, comprometimento, no nosso mercado de

seguros. Vamos apoiar com treinamento, capacitação, apoio comercial,

ferramentas, marketing e uma espécie de “bolsa empreendedor”,

no valor de R$ 1.200,00 mensais.

O objetivo é termos 20 novos Consultores em Proteção

e Planejamento Financeiro, capacitados, atuando no seu networking

e nos diversos canais de distribuição, tendo participação

na carteira recorrente dos ramos seguro

de vida, previdência privada complementar

e RC Profissional, além de serem

bonificados pelas indicações dos seguros

de ramos elementares.

APÓLICE: Quais capacidades serão

passadas aos novos empreendedores

no novo treinamento?

Iremos capacitá-los, desde o conceito

básico de seguros e técnicas de

abordagens e vendas, mas acreditamos

que o mais importante eles já carregam

consigo, histórias para contar.

É muito simples, um profissional

50+ que já tenha conquistado a sua liberdade

financeira, sua aposentadoria, irá

contar para nossos clientes os segredos,

os acertos, o caminho para que nossos

clientes, segurados, possam, assim como

ele, chegar na sua idade e ter a opção de

trabalhar por prazer, para se manter ativo,

e não por necessidade.

Já um profissional 50+ que ainda

necessite trabalhar para compor a renda,

para custear o seu padrão de vida e

de sua família, irá ajudar nossos clientes,

contando seus erros, para que ao chegarem

na sua idade não necessitem trabalhar,

assim como ele, por necessidade.

Em ambos os casos, é claro, falando

sobre o pilar do planejamento financeiro,

da proteção, do seguro de vida.

19


EVENTO

FENAPREVI

O mercado de seguros de vida e prev id

novamente no centro do debate

X FÓRUM NACIONAL DE SEGURO

DE VIDA E PREVIDÊNCIA

PRIVADA REUNIU EM SÃO PAULO

ESPECIALISTAS DO SETOR PARA

MOSTRAREM AS TRANSFORMAÇÕES

DO SEGMENTO, TENDÊNCIAS E

INOVAÇÕES

Nicole Fraga

Com o tema “Debater o Presente.

Pensar o Futuro”, a Fenaprevi (Federação

Nacional de Previdência

Privada e Vida) promoveu no início de

setembro a décima edição do Fórum

Nacional de Seguro de Vida e Previdência

Privada. O evento reuniu no Hotel

Renaissance, em São Paulo, executivos e

agentes do mercado para discutir cenários,

mudanças, tendências do setor, novos

hábitos de consumo e o crescimento

sustentável do segmento. De acordo

com a organização, aproximadamente

500 pessoas participaram do encontro.

Na abertura do Fórum, Edson

Franco, presidente da Fenaprevi e presidente

da Zurich Brasil, e especialistas

abordaram o tema “A evolução do mercado

de Vida e Previdência”. Participaram

do painel Luiz Carlos Trabuco Cappi,

presidente do Conselho de Administração

do Grupo Bradesco; Osvaldo do Nascimento,

membro do Conselho Curador

da Fundação Itaú Unibanco de Educação

e Cultura; e Nilton Molina, presidente do

Conselho da MAG Seguros.

Segundo Franco, modernizar o

setor é a principal prioridade da Fenaprevi.

Um dos objetivos da entidade é

criar no Ministério da Economia uma

comissão do mercado segurador, o que

pode dar oportunidade ao segmento

para resolver seus desafios. “A exemplo

do mercado de capitais, um grupo de desenvolvimento da nossa

indústria pode ajudar na modernização dos planos de previdência

com discussões sobre questões infralegais”.

De acordo com o IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), até 2043 há a expectativa de que um quarto da população

brasileira tenha mais de 60 anos. Dados do Instituto apontam

que no país, a taxa de fertilidade é de 1,71 por mulher. Durante

sua apresentação, Molina reforçou que esses dois fenômenos

impactam diretamente o mercado de Vida e Previdência, o que requer

a atenção das seguradoras. “Quando eu nasci, a expectativa

de vida de um homem era de 44 anos. Já é fato que o pacto intergeracional,

no qual os mais jovens, teoricamente mais saudáveis,

paguem um pouco a mais do que seria indicado pelo seu perfil de

uso dos serviços de saúde e, em contrapartida, os beneficiários

nas últimas faixas etárias paguem um pouco menos, está quebrado.

Se quisermos garantir uma vida financeira saudável para esses

futuros idosos, é necessário agir agora”.

20


v idência

Para Nascimento, um dos desafios do mercado é a atualização

da Lei Complementar 109, além da modernização regulatória

frente às novas tecnologias e formas de interação com o consumidor.

“Precisamos de uma atualização na regulamentação que

olhe para o longo prazo, mas que ao mesmo tempo dê segurança

jurídica ao cliente. Se não tivermos estímulos tributários para formação

de poupança, teremos mais dificuldades em aumentar a

expansão do setor”.

No segundo painel do Fórum, cujo tema foi “Os impactos

e as lições da pandemia: economia, saúde e comportamento”, especialistas

abordaram os bastidores do enfrentamento da maior

crise sanitária do século e como as seguradoras se utilizaram

de dados e do apoio da comunidade científica para atender às

demandas dos clientes. Thais Fonseca, professora associada do

DME da UFRJ; Dr. Mauro Veras, médico Consultor da Munich RE;

Marcelo Neri, diretor da FGV Social e Professor da FGV; e a Dra.

Margareth Dalcolmo, doutora em Medicina e pesquisadora sênior

Esta geração de líderes será

lembrada no futuro como um

grupo que ajudou de modo

decisivo a sociedade a resistir

em um dos períodos mais

difíceis da nossa existência, a

despeito da segurança jurídica

ou qualquer outro fator de

proteção para as empresas.

Nosso desafio agora é, com

muita humildade, aplicar a

experiência e adaptabilidade

adquiridas para trilharmos um

caminho mais seguro para o

nosso setor”

EDSON FRANCO, da Fenaprevi

da Fundação Oswaldo Cruz, mostraram

como os impactos sociais da pandemia

afetaram o setor e a possibilidade de novas

epidemias no futuro.

Um dos destaques da apresentação

foram os principais insights do

estudo de previsão de mortalidade,

21


EVENTO

FENAPREVI

A simplificação da

regulamentação ajudou

mais pessoas a entrarem na

previdência privada. Quando

falamos sobre fundo de pensão,

não podemos fazer com que o

indivíduo pense muito, se não

ele pode desistir de contribuir

e isso irá gerar um grande

problema para o futuro”

SRI REDDY,

do Principal Financial Group

fomentado pela Fenaprevi e conduzido

pela equipe da professora Thais.

A pesquisa cruzou dados locais com

o de outros países, considerando diversas

variáveis, para analisar como a

carteira de seguro de vida foi impactada

ao redor do mundo. O estudo

comprovou a eficácia da vacina para

a queda do risco de agravamento da

doença, o que diminuiu os pedidos

de indenização por Covid-19. “Precisamos

acompanhar de forma dinâmica

a mortalidade da doença, pois não

é uma variável estática e precisamos

sempre atualizar. Além disso, os dados

oferecidos pelo Governo no Brasil

não são tão confiáveis, pois houve

a subnotificação de óbitos. Portanto,

é necessário que o setor esteja atento

para as consequências dessa e das

próximas pandemias”, disse Thais.

Veras comentou sobre as consequências

da Covid-19 longa, considerada pela Organização

Mundial da Saúde como ”Condição

Pós-Covid”, os sintomas que surgem em até

três meses após a contaminação, que duram

pelo menos dois meses e não podem ser explicados

por um diagnóstico alternativo. Segundo

a OMS, entre 10% a 20% das pessoas que tiveram a doença sofrem

com sequelas após se recuperarem da fase aguda da doença. “Um dos

sintomas mais comuns nesses pacientes é a fadiga. Foi comprovado

também que aqueles que ficaram internados têm mais chances de

desenvolverem problemas. Isso está totalmente ligado ao mercado

de seguros, que terá que achar uma forma de mudar a análise da precificação

dos produtos”.

Na segunda parte do evento, o painel “Longevidade e planejamento

- ajustando as velas aos ventos: o que fazer para que seu

dinheiro não acabe antes de você” abordou a importância de conscientizar

a população sobre a necessidade de começar a pensar na

aposentadoria. Sri Reddy, vice-presidente sênior de soluções de previdência

e renda do Principal Financial Group; e Clea Klouri, sócia-

-fundadora do Data8 Hype 50+, fizeram uma apresentação sobre o

tema. Para debaterem com os especialistas, foram convidados Claudio

Sanches, vice-Presidente da Fenaprevi e presidente do Itáu Vida

e Previdência; Guilherme Hinrichsen, vice-Presidente da Fenaprevi e

vice-presidente Regional SP da Icatu Seguros; e Marcelo Malanga, diretor

da Fenaprevi e CEO da Zurich Santander Seguros. A mediação

da conversa ficou por conta de Ângela Beatriz Assis, vice-presidente

da Fenaprevi e Presidente da Brasilprev.

22


Reddy falou sobre o sistema previdenciário dos Estados Unidos,

onde, em média, a aposentadoria paga pelo governo federal

americano, tanto para servidores públicos quanto privados, atinge

44% do último salário recebido. “Os EUA tem uma população de

idosos muito grande: 76 milhões de pessoas. Quando essa geração

de fato se aposentar, vai ser a maior população intergeracional do

país. Os aposentados americanos gastam, em média, U$ 3.500 por

mês, entretanto, apenas 5% deles recebem mensalmente algum

valor para cobrir esse montante. Além disso, a cada dez anos que

passam, a expectativa de vida aumenta em um ano. Sendo assim,

as pessoas precisam se preparar para quando não estiverem trabalhando”.

A alíquota atual do sistema previdenciário americano é de

6,2% do valor do salário pago pela empresa e 6,2% para o colaborador,

sendo no total 12,4%. Para solicitar o benefício, o sistema

considera o acúmulo de créditos no cálculo de tempo de trabalho

realizado no país. Ele dá um crédito a cada três meses de trabalho,

até somar 40 créditos para o trabalhador solicitar o pagamento da

aposentadoria. “A simplificação da regulamentação ajudou mais

pessoas a entrarem na previdência privada. Quando falamos sobre

fundo de pensão, não podemos fazer com que o indivíduo pense

muito, se não ele pode desistir de contribuir e isso irá gerar um

grande problema para o futuro”, disse Reddy.

Para Sanches, investir em comunicação e digitalização do

mercado, além de capacitar os meios de distribuição, irá fazer com

que uma maior parte da sociedade esteja preparada e não fique

desamparada na velhice. “Infelizmente, muitas pessoas não se sentem

seguras em dar uma parte da sua renda para as seguradoras

para complementar seu orçamento em alguns anos. Precisamos

mudar essa percepção, pois a questão da preparação do produto

de longo prazo é uma questão de disciplina, e é dever da nossa indústria

trazer o mínimo de educação financeira para os brasileiros”.

No último painel do Fórum, Jorge Nasser, vice-presidente

da Fenaprevi e diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência,

reforçou que “temos uma sociedade que precisa de proteção e um

planejamento financeiro estruturado”. Ao lado do executivo, representantes

de grandes entidades do mercado de seguros abordaram

quais são as perspectivas do setor para os próximos anos.

Questionado sobre como os corretores de seguros estão

contextualizados no mundo pós-pandemia, Armando Vergílio, presidente

licenciado da Fenacor (Federação Nacional dos Corretores

de Seguros), afirmou que ficou claro para consumidores e seguradoras

que a categoria é a mais capacitada para levar proteção aos

clientes que precisam de auxílio financeiro. “Além disso, atualmente

existe um maior nível de interesse dos corretores por Vida e Previdência,

o que ajuda a diversificar a carteira desses profissionais

que atuam como consultores, indicando o produto indicado para

cada pessoa em diferentes fases da vida”.

Para Patricia Freitas, vice-presidente Sênior de Parcerias Estratégicas

Multicanais da Prudential do Brasil, a regulamentação da

adesão automática dos planos, como nos Estados Unidos, é uma

mudança muito simples e que vai gerar uma maior adesão da população,

além de uma maior permanência dos recursos. “Devemos

também melhorar a sustentabilidade dos

produtos de seguros de pessoas, criando

soluções mais flexíveis para que o cliente

possa mudar de ideia ao longo do caminho

caso o produto contratado não faça

mais sentido para aquela fase da vida”. A

executiva ainda ressaltou que, apesar do

setor ter se adaptado durante a pandemia,

ainda é necessário que algumas mudanças

tecnológicas sejam feitas.

Sobre a importância da comunicação

com o consumidor, Dyogo Henrique

Oliveira, diretor-presidente da CNseg

(Confederação Nacional das Seguradoras),

falou que é dever dos representantes

do mercado de seguros criar um

engajamento com a população. Recentemente,

a entidade lançou uma campanha

em nível nacional para demonstrar a

importância do seguro no planejamento

financeiro, pessoal e familiar. “Acredito

que ações como essa podem facilitar

as nossas conversas com as autoridades.

Trabalhamos em uma indústria que

agrega valor, essa é a nossa essência. Por

ano, devolvemos R$ 300 bilhões para a

sociedade em indenizações, resgates e

benefícios. Esse momento que estamos

vivendo, com mais pessoas começando

a entender a importância do setor, será

fundamental para criarmos espaços e levar

nossa agenda adiante”.

No final do evento, o presidente

da Fenaprevi destacou alguns números

do setor e ressaltou que as empresas

honraram o propósito da indústria, que

é proteger vidas. Dados divulgados pela

Federação apontaram que, só no primeiro

semestre, a Previdência Privada

cresceu 13%, somando R$ 74 bilhões em

aportes, e registrou R$ 61 bilhões em resgates,

uma alta de 24,2%. “Esta geração

de líderes será lembrada no futuro como

um grupo que ajudou de modo decisivo

a sociedade a resistir em um dos períodos

mais difíceis da nossa existência, a

despeito da segurança jurídica ou qualquer

outro fator de proteção para as empresas.

Nosso desafio agora é, com muita

humildade, aplicar a experiência e adaptabilidade

adquiridas para trilharmos um

caminho mais seguro para o nosso setor”,

ressaltou Franco.

23


ESPECIAL CORRETORES

SUCESSÃO FAMILIAR

A hora do

‘filho do dono’

O

corretor de seguros Otávio Vieira

Neto, de 63 anos, mantém há décadas,

em Alagoas, sua corretora.

Ele tem três filhos. Um deles formou-se

em engenharia da computação e trabalha

em uma multinacional, cuja sede fica

em São Paulo. Os outros dois, Damares

Alice, que se especializou em alimentação,

na Unicamp, e o advogado Otávio

Pontes Vieira, decidiram seguir os passos

do pai e, hoje, administram representações

da corretora da família em outras localidades

do estado. O bastão vem sendo

passado, portanto, paulatinamente.

Formado em direito, Otávio Vieira

Neto foi professor da Escola Nacional

de Seguros em Maceió, no começo dos

anos de 1990. Sua corretora familiar

atua em auto, saúde, vida empresarial,

equipamentos. O único ramo com

o qual não trabalha é capitalização. A

passagem do comando de sua empresa

aos filhos sempre foi idealizada pelo

corretor e cuidadosamente planejada.

“Eu já tinha esse pensamento comigo

desde quando comecei a trabalhar com

seguro. Um pensamento de que quando

chegasse próximo aos 60 e poucos anos

desejaria ir para um lugar mais sossegado,

ter uma vida mais tranquila. Fui me

preparando para isso e também criando

as condições para que meu filho ou a

minha filha tocassem o negócio, porque

é algo que construímos, é quase como

mais um filho”, compara Neto.

SER FILHO DO DONO NÃO É FÁCIL

Os filhos de Otávio Neto se prepararam

para essa sucessão familiar na

corretora do pai, procurando cursos que

pudessem familiarizá-los ainda mais com

o universo do seguro. Mas os desafios

para os filhos do dono da empresa existem.

Afinal, ser o “filho do dono” jamais

foi missão simples.

O TEMA SUCESSÃO FAMILIAR ESTÁ

NA PAUTA DO SETOR DE SEGUROS.

CORRETORES BUSCAM ORIENTAÇÃO E

SEGURADORES EMPREGAM PROGRAMAS DE

CAPACITAÇÃO DE FUTUROS SUCESSORES DE

SEUS PAIS NO COMANDO DOS NEGÓCIOS.

APÓLICE CONVERSOU COM ESPECIALISTAS

DO TEMA PARA MOSTRAR QUE ESSE

RITO DE PASSAGEM É MAIS COMPLEXO E

NECESSÁRIO DO QUE SE IMAGINA

André Felipe de Lima

Especialista em sucessão familiar, Ana Rita Bittencourt, sócia

da UNE Consultoria, Sucessão e Governança, reconhece que ser o

filho do dono não é fácil e que para isso é preciso preparo técnico e

emocional acima da média dos outros profissionais não familiares.

“Pode parecer fácil para quem olha de fora, numa análise superficial

aparecem mais os benefícios que o ônus de ser herdeiro. De fato,

normalmente, desde criança há oportunidades econômicas que

facilitam os estudos, ele ou ela acompanha a empresa, escuta falar

24


sobre o mercado, sobre os clientes, sobre a forma de seu pai administrar,

tem acesso a números e aprende quase que por osmose”,

explica Ana Rita, alertando, entretanto, que as aparentes facilidades

podem ser fatores de dificuldade no decorrer da vida profissional e

pessoal.

Os riscos de rotulação, como reforça a especialista, são altos

e o virtual herdeiro tem que arcar com o pejorativo título de

“filho do dono”, seu estilo é comparado ao do pai, o que não é

confortável pelo lado profissional e muito

menos pelo pessoal. A autoconfiança

do herdeiro pode ficar abalada e não

é incomum jovens duvidarem de seu

próprio potencial e competência. “Claro

que ser filho do dono é uma situação

que não pode ser negada e pelos ingredientes

emocionais envolvidos exige

25


ESPECIAL CORRETORES

SUCESSÃO FAMILIAR

OTÁVIO VIEIRA NETO,

corretor de seguros

maturidade para lidar com ela. Assim,

a preparação dos filhos para a função

de gestão do negócio de seguros, passa

por um caminho, no mínimo, diferente

dos de outros trilhados por funcionários

não familiares”, destaca Ana Rita.

O começo pode ser parecido com

uma boa formação técnica, diz ela, recomendando

que, em seguida, o jovem

inicie sua carreira em empresa que não

a da família, o que permitirá a ele a incorporação

de outras práticas de gestão,

o contato com novas culturas empresariais,

mesmo que de outro ramo diferente

do de seguros. “É o momento de testar

o que foi aprendido na faculdade em

ambiente neutro, sem estar todo mundo

ANA RITA BITTENCOURT,

da UNE

te olhando como o “filho do dono”. E também a chance de receber

feedback sincero e amadurecer emocionalmente. Costumo recomendar

pelo menos três anos iniciais fora da empresa da família. O

início profissional fora de sua própria empresa ajuda a desenvolver

autoconfiança. Suas conquistas serão por mérito próprio e terá a

chance de cometer erros sem estar exposto às pressões diretas da

empresa de seu pai. Quando iniciar trabalho na empresa familiar,

esse herdeiro já estará um pouco mais amadurecido e preparado

para buscar seu espaço, encontrar seu estilo e lidar com as comparações

e inevitáveis conflitos de gerações”, sugere Ana Rita.

Também especialista em sucessão familiar e presidente da

Junior Achievement Rio de Janeiro, uma das maiores ONG’s voltadas

para a educação de jovens do mundo, Graziella Castilho, da

Soul Seguros, alerta para dois contextos: o primeiro deles corresponde

a uma situação em que filhos ou filhas sucessores já estão

sendo preparados para dar continuidade aos negócios da família,

com vivência de mercado ou oportunidade de ter trabalhado

fora da empresa da família e, o mais importante, que as regras de

sucessão tenham sido definidas antecipadamente em acordo de

sócios; no segundo cenário, Graziella sinaliza para uma situação

mais complexa e desafiadora: “a empresa será passada para filhos

ou filhas herdeiros (as) e não sucessores. Percebe a diferença? Herdeiros

ou herdeiras têm o direito, mas, não necessariamente, perfil

ou desejo de continuar na empresa. Este contexto faz com que

muitas organizações acabem na segunda ou terceira geração. É

fundamental, para a sobrevivência da empresa, que seja realizado

um planejamento sucessório extremamente bem pensado, prevendo

regras de sucessão, valuation atualizado, regras de divisão

do negócio, apólices de seguro, contratação de executivos, regras

de conselho. Este é um trabalho que deve ser executado por uma

equipe multidisciplinar, que pode incluir: advogados, assessores

de seguro e de investimento, contadores, consultores externos”,

informa Graziella.

INDICADORES DA SUCESSÃO FAMILIAR NO

MERCADO BRASILEIRO

Como aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), as empresas de perfil familiar são responsáveis por mais da

metade do PIB brasileiro e empregam 75% da mão de obra no país.

Porém, como foi constatado a partir da 10ª Pesquisa Global sobre

Empresas Familiares, de 2021, realizada pela PwC Brasil, somente

24% (30% no mundo) dessas companhias no Brasil se preparam

para a sucessão, uma etapa fundamental, como alertaram Ana Rita

e Graziella, para garantir a longevidade e manter a competitividade.

Em relação à sucessão, a pesquisa aponta que, hoje, 67% das

novas gerações brasileiras e 61% dos globais reconhecem a existência

desse plano na família. Ainda assim, a geração atual está se mantendo

firme no controle: mais de um terço das novas gerações (38%

no Brasil e 39% no mundo) mencionam que há uma resistência à

mudança na empresa.

A decisão de transferir o controle para a próxima geração é,

portanto, um evento extremamente importante e único na vida da

empresa familiar. Como avalia Helena Rocha, sócia da PwC Brasil, os

26


donos precisam se sentir confiantes de que o negócio está em boas

mãos e os futuros líderes devem garantir que entendem os desafios

e têm as habilidades para proteger e expandir o negócio. “A pandemia

concentrou a preocupação das empresas familiares no planejamento

sucessório. Estar preparado para a sucessão, na prática, é

algo sobre o qual raramente se fala. Na ausência dessa discussão, os

sucessores acreditam que a maneira de conquistar a confiança da

geração atual é seguir o seu exemplo, em vez de forjar um caminho

diferente. Um contrato geracional honesto, que comunique as expectativas

de ambos os lados, inspira confiança. É importante compreender

o papel de cada um nesse processo: sucedido e sucessor,

baseado sempre no respeito mútuo e na boa comunicação entre

as gerações, para definir os caminhos para os líderes seniores que

afirmam sua identidade e status”, observa Helena.

As empresas familiares são notadamente conhecidas por

buscar sempre a perpetuidade de seu negócio, com valores e cultura

muito fortes, projetos de longo prazo e senso de pertencimento.

Os valores familiares são importantes, como indica o estudo da

PwC, mas apenas 55% das empresas os formula por escrito e pouco

mais de um terço tem um protocolo familiar, embora 73% das

empresas brasileiras digam que a família tem um conjunto claro de

valores. “Isso tem relação direta com governança e quanto maior,

quanto mais formalização dos valores e planejamento estratégico

permeando a família, além dos negócios, mais bem preparadas

para a sucessão e mais comunicativas e transparentes estão essas

organizações. O futuro da família precisa ser protegido e isso ocorre

quando a comunicação é transparente, constante e há formalização

de protocolos familiares”, assinala Helena.

Ana Rita reconhece que mais da metade do PIB brasileiro vem

de empresas de controle familiar, fato a partir do qual se conclui que

a empresa familiar é o motor da economia nacional. Por outro lado,

o índice de mortalidade dessas empresas assusta: apenas 30% delas

passam da primeira para segunda geração, o que afeta de forma

significativa as chances de sobrevivência na terceira ou quarta gerações

em diante. “As razões para essa elevada mortalidade não estão

relacionadas ao mercado ou aos ambientes empresarial, econômico

e político. Estudos indicam que o maior obstáculo à sobrevivência

de uma empresa familiar é justamente a própria família, ou seja, a

passagem de bastão dos mais velhos para os mais novos. Questões

muitas vezes invisíveis, que passam despercebidas à primeira vista,

podem prejudicar a sucessão e a perpetuação da sociedade familiar

no longo prazo”, frisa a especialista.

SETOR DE SEGUROS PRECISA DE MAIS AGILIDADE

Ana Rita reforça que os sucessores precisam saber identificar

as oportunidades de levar inovação que não confronte com os

princípios básicos, os valores fundamentais e as fórmulas de sucesso

construídas pelo pai. É preciso, portanto, humildade para aprender

os segredos do negócio e gradativamente implementar as melhorias

necessárias de comum acordo com o fundador. Assim, os espaços

se abrirão naturalmente e a relação de confiança se fortalece.

“Esse é o dilema diário da empresa familiar, lidar com as diferenças

e conflitos de gerações. Acredito que as seguradoras, que são

GRAZIELLA CASTILHO,

da Soul

grandes corporações, sabem que toda a

sua rede de corretoras é formada por médias

e pequenas empresas familiares. Isso

significa que muitas corretoras em maior

ou menor grau, vivenciam diariamente

esses desafios da sucessão, num processo

de convivência intergeracional e

numa dura batalha de administração das

diferenças e dos conflitos. Acredito que

as seguradoras estejam começando a se

sensibilizar para sua responsabilidade no

apoio da continuidade dessas corretoras.

Posso dizer que outros setores, como o

de franquias ou o agronegócio, já estão

na frente do setor de seguros no que se

refere ao planejamento da sucessão”, avalia

Ana Rita.

HELENA ROCHA,

da PwC Brasil

27


ESPECIAL CORRETORES

SUCESSÃO FAMILIAR

BÚSSOLA OPORTUNA

Programa Corretor Nova Geração, da SulAmérica, busca orientação e capacitação

de jovens sucessores de seus pais na corretora de seguros da família

São inúmeros os programas hoje desenvolvidos pelas

seguradoras para capacitação de corretores. A SulAmérica

emprega, contudo, um que está diretamente associado

à sucessão familiar no mercado securitário, o programa

Corretor Nova Geração, uma iniciativa da seguradora com

foco na capacitação dos jovens sucessores em corretoras

de seguros, através da imersão em conteúdos estratégicos

que tragam uma visão ampliada do mercado segurador.

Por meio de treinamentos e rodas de conversa com

especialistas, os jovens são apresentados a oportunidades

e tendências, com foco em fomentar o empreendedorismo

e gerar interesse genuíno em dar continuidade no negócio

da corretora familiar.

“O programa estimula ainda a troca de conhecimentos

entre os participantes e profissionais da seguradora, e

contribui para reforçar a parceria de negócios e cultivar

o relacionamento de longo prazo entre a SulAmérica e os

corretores de seguros. A iniciativa é também importante

para que a nova geração entenda o papel do corretor na

sociedade, como consultor de proteção e da saúde integral

dos seus clientes”, frisa o diretor comercial da SulAmérica,

Luciano Lima.

Desde 2013, a iniciativa qualifica e capacita jovens

corretores. Até a 15ª edição, foram cerca de 570 jovens

formados no programa. Além do formato presencial,

durante a pandemia, foram criados uma edição virtual

interativa e um programa de extensão, o Corretor Nova

Geração 3.0, com a participação de filhos de corretores

que já estiveram em edições anteriores do programa e

que contribuíram com mais conteúdo, networking e troca

de experiências.

“Hoje, no mercado de seguros, notamos ainda que

poucas corretoras familiares investem espontaneamente

em programas estruturados de sucessão. As gerações

com experiências diversas e conceitos diferentes em

termos de modelo de gestão, que poderiam, inclusive, ser

um fator de fortalecimento e diversificação na atividade,

muitas vezes ainda passam por gaps e barreiras na relação

sucessória. O programa Corretor Nova Geração funciona

como um elemento de direcionamento e orientação à

carreira dos jovens corretores. Em diversos pontos do

programa são abordados os paradigmas da transição da

liderança, orientando não só a formação do profissional de

seguros, mas principalmente a figura de um empreendedor

à frente de seu negócio”, explica Lima. “Pensando nisso, a

SulAmérica foi pioneira em construir esse programa para

jovens filhos de corretores voltado para o tema. Nossa

responsabilidade intrínseca na cadeia de distribuição,

nos leva sempre a viabilizar modelos sustentáveis para

continuidade e evolução de negócios. O conhecimento

dos princípios do seguro e o papel de cada stakeholder

no ecossistema segurador, é fundamental para ampliar a

visão desses jovens e identificar as oportunidades que o

negócio oferece”, completa o executivo.

Graziella Castilho aponta para outro

viés envolvendo seguros na sucessão

familiar. Para a especialista, o mercado

ainda precisa ter um entendimento mais

claro de todas as oportunidades que podem

ser oferecidas ao usar apólices de

seguro como parte de um planejamento

de transição do comando de uma companhia

familiar. Uma das evoluções que Graziella

identifica relaciona-se ao capital segurado

ofertado. Atualmente, afirma ela,

já há oferta na casa dos R$ 25 milhões por

CPF, mas até agora com valores de prêmio

muito altos, o que dificulta algumas negociações maiores. “Os valores

ainda estão diretamente relacionados ao número de seguradoras

que ofertam produtos individuais de alta renda”, complementa.

“No caso de corretoras estruturadas, o que falta são equipes

multidisciplinares, que é o diferencial na minha corretora. Um

bom planejamento de sucessão precisa ser pensado por especialistas

de diversas áreas e revisto sempre que a família ou empresa

sofrerem mudanças significativas”, frisa Graziella, que ressalta: “O

planejamento de sucessão de uma empresa, familiar ou não, deve

ser estruturado e reavaliado de tempos em tempos, uma vez que a

empresa muda e as famílias também. Membros se casam, nascem

filhos, acontecem os divórcios, situações que trazem a necessidade

de se revisar o planejamento com regularidade. Quando as regras e

28


os propósitos são definidos de forma clara e objetiva, as mudanças

acontecem com mais serenidade, desde que haja flexibilidade e agilidade

para acompanhar as necessidades de mudança.”

Também sócia da PwC Brasil, Claudia Eliza diz que há alguns

instrumentos jurídicos adotados no planejamento sucessório, tais

como doação, previdência privada, testamento, entre outros, mas o

seguro de vida tem sido uma boa ferramenta para auxiliar no processo

sucessório, ainda que pouco utilizado pelas empresas familiares

no Brasil.

“O custo para transferência de patrimônio é relativamente

alto, podendo chegar a até 20% do espólio, quando não há conflito

entre as partes. A contratação de um seguro de vida, que pode ser

temporário ou vitalício, ajuda os herdeiros a arcarem com esses custos

enquanto o patrimônio fica parado, aguardando a liberação dos

bens. Sobre o seguro de vida não há incidência de imposto de renda

ou de transmissão de bens, não há necessidade de considerar a indenização

no inventário, não é considerado como herança e a indicação

dos beneficiários pelo segurado é livre. O custo do seguro de

vida vitalício para o planejamento sucessório é relativamente alto,

mas muito menor que o valor da indenização e algumas empresas

familiares têm optado pro esse modelo, pagando as contribuições

muito antes do avanço da idade do segurado”, enfatiza Claudia.

DIGITALIZAÇÃO: PEGAR OU LARGAR

A 10ª edição da Pesquisa Global de Empresas Familiares, da

PwC, também indica que somente 28% das empresas familiares

brasileiras acreditam ter fortes recursos digitais e que 32% afirmam

que eles não são prioridade, em comparação com a média global de

38% e 29%, respectivamente.

Os dados não surpreendem Ana Rita: “As empresas familiares

estão pulverizadas por todo o Brasil e nosso país é precário em infraestrutura.

O empresário brasileiro é um artista que tem que lidar

com legislação inadequada ao empreendedorismo, infraestrutura

insuficiente e falta de disseminação dos benefícios de lidar com

questões prementes para o futuro dos negócios. Na maior parte do

tempo, os empresários estão tão preocupados com a sobrevivência

da empresa e com as emergências do dia a dia, sem tempo para os

planos de continuidade e sucessão.”

As empresas familiares têm as características e capacidades

necessárias para conquistar vantagem nas situações em que

competência e ética convergem. Mas, como também mostram

os resultados da pesquisa da PwC, prosperar no mundo atual

exigirá uma mudança de mentalidade. “Será preciso repensar

prioridades e comportamentos, aumentando, inclusive, o investimento

nas ferramentas e plataformas digitais necessárias para alcançar

a resiliência econômica, e redefinir o conceito de legado.

O mundo está mudando e a fórmula de sucesso duradouro dos

negócios familiares também. No ambiente de negócios atual, no

qual o ritmo de mudanças ganha cada vez mais velocidade, o

lucro precisará estar alinhado com o propósito. Como indicam os

resultados da pesquisa, há duas coisas que nós, empresas familiares,

podemos fazer melhor: digitalização e sustentabilidade”,

enfatiza Helena Rocha.

CLAUDIA ELIZA,

da PwC Brasil

Os filhos precisam crescer observando

pais e, numa via de mão dupla, os

pais precisam perceber as aspirações dos

filhos. O corretor de Alagoas Otávio Vieira

Neto seguiu essa linha, e dela não se

arrepende. Seu filho Otávio, um de seus

sucessores na corretora da família, cresceu

vendo o pai trabalhar no mercado de

seguros. Desde pequeno foi estimulado

a se familiarizar com o empreendimento

do pai. “A gente vai trabalhando até inconscientemente,

estimulando inconscientemente.

Eu sempre me preocupei

em dar formação aos meus filhos. Tanto

que todos os três são formados. Se eu

disser que fiz uma coisa consciente para

que eles sigam no seguro, não. Mas falar,

conversar, mostrar o que é o trabalho, a

importância que o seguro tem e que o

mundo não seria mundo se não tivesse o

seguro, era muito importante para mim.

Eu sempre me senti como uma pessoa

que traz a tranquilidade e leva o bem para

as pessoas. A venda é uma consequência.

O maior prazer é ter a certeza de que o

que a gente fez foi bem feito e que essas

pessoas vão se beneficiar em algum momento

da sua vida, porque tudo é incerto.

A gente sabe que pode acontecer, só

não tem previsão de quando. E até brinco

com meu filho que o corretor de seguros

quando morrer, vai para o céu, porque

ele traz benefícios conscientemente ou

inconscientemente, e ajuda muitas pessoas”,

finaliza o corretor.

29


ESPECIAL CORRETORES

CONVIVÊNCIA

Daqui pra frente, tudo

vai ser diferente

É O QUE ESPERAM CORRETORES E SEGURADORAS COM

A RETOMADA PRESENCIAL DE EVENTOS DO SETOR.

EMBORA O OTIMISMO PREVALEÇA, COM A VOLTA DOS

CONTATOS DIRETOS EXISTEM VÁRIOS ASPECTOS QUE

AINDA ESTÃO SENDO AJUSTADOS NESSA RELAÇÃO E

ESTÃO MUITO ALÉM DO TÃO AGUARDADO ABRAÇO OU

APERTO DE MÃOS EM FEIRAS E AFINS. O MUNDO É,

DEFINITIVAMENTE, OUTRO

André Felipe de Lima

30


Após um longo e necessário período

de distanciamento social

determinado pela pandemia da

Covid-19, as agendas de eventos presenciais

do setor de seguros estão sendo retomadas

e, assim, os corretores começam

a reencontrar os interlocutores das seguradoras.

Apólice ouviu alguns representantes

de ambos os lados do tabuleiro do

jogo securitário para debater com todos

como será a retomada do diálogo in loco

com a área comercial das seguradoras,

o que empregam as empresas para essa

nova realidade que se apresenta após

período mais crítico e dramático da pandemia

e qual a visão de mercado que se

consolidará daqui em diante a partir da

relação entre corretores e seguradoras.

Para o corretor de seguros e diretor

da BIG Brasil Seguros, Luiz Mário Rutowitsch,

o período de raríssimo contato

presencial determinado pela pandemia

foi definitivamente “péssimo” por impor

aos corretores uma dependência em

relação às áreas comerciais das seguradoras

para um posicionamento junto ao

cliente. Mas há um parâmetro positivo

daquele contexto, esclarece Rutowitsch:

“Foi interessante a resposta dada pelas

companhias para que pudéssemos contatar

a seguradora através das lives específicas

sobre produtos”, pontua o corretor,

que sugere a manutenção das ferramentas

tecnológicas utilizadas no período de

distanciamento social para fortalecer ainda

mais a relação entre todos os pontos

da indústria de seguros. Ele alerta, entretanto,

ser essencial que as seguradoras

invistam em encontros presenciais para

fortalecer a relação comercial e buscar

soluções para demandas específicas. A

retomada é premente nesse sentido.

É inegável, contudo, que, durante

a paralisação das atividades presenciais,

o mercado encontrou soluções

para manter o fluxo de trabalho funcionando

a partir de uma comunicação

direta das seguradoras com os consumidores

por meio de ferramentas tecnológicas

e inteligência artificial, como

avalia a corretora de seguros e CEO da

31


ESPECIAL CORRETORES

CONVIVÊNCIA

Foi interessante a resposta dada pelas

companhias para que pudéssemos contatar a

seguradora através das lives específicas sobre

produtos”

LUIZ MÁRIO RUTOWITSCH,

da BIG Brasil

Marra Corretora, Sonia Marra, também

diretora do Clube Vida em Grupo do Rio

de Janeiro (CVG-RJ). Segundo ela, muita

coisa mudou, o mercado evoluiu e se

adaptou às mudanças tecnológicas que

agilizaram processos operacionais e

administrativos. Sonia faz, no entanto,

uma ressalva: “É o corretor de seguros

quem humaniza e faz toda diferença

explicando e orientando os consumidores.

Por mais que exista concorrência

cada vez mais acirrada, eu vejo com

bons olhos a evolução do corretor de

seguros e o crescimento do setor. Para

continuar no mercado vai ter que evoluir,

aprender, reaprender e unir forças

buscando parcerias”, sinaliza.

O BOM E VELHO “OLHO NO OLHO”

Jayme Torres é corretor de seguros

e diretor da Santée Rio. Para ele, o

“olho no olho, como diziam os antigos”,

sempre foi e continuará prevalecendo

no setor. “Na era do ‘digital’, um assunto

importante para o corretor e para a

seguradora pode ser irrelevante para

quem decide se não for apresentado de

forma presencial, com documentação

física que comprove a importância da

demanda”, analisa.

Afinal, ainda existem dificuldades

dos corretores para dialogar com a área

comercial das seguradoras? O presidente

do Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio de Janeiro (Sincor-RJ),

Henrique Brandão, lembra que, de alguns anos para cá, os corretores

de seguros assumiram muitas atividades que, historicamente, sempre

couberam às seguradoras. “Isso tem um custo, não apenas financeiro,

mas principalmente operacional. Pois o corretor perde um

tempo precioso para cumprir tarefas que não lhe cabem. O diálogo

já foi melhor no passado, quando o mercado era, digamos, mais técnico.

Hoje, tudo é automático ou mesmo engessado. Já foi mais fácil

negociar condições específicas para as necessidades de cada cliente.

Por incrível que pareça, de certo modo, a tecnologia não ajuda muito

nesse aspecto, o que ficou mais claro após a pandemia”, afirma

Brandão, alertando, também, para a necessidade de um contato presencial

mais efetivo e frisando que o tradicional “olho no olho” com

a área comercial da seguradora é um recurso que o corretor sempre

teve para negociar melhores condições, seja quanto aos valores dos

prêmios ou em relação às coberturas diferenciadas. “Claro que não

estou me referindo a todas as seguradoras. Mas às companhias que

enxergam o corretor como um vendedor de um produto pronto”,

esclarece o presidente do Sincor-RJ, entidade que oferece cursos e

treinamentos, além de reuniões permanentes com as seguradoras

na busca de um debate mais direto sobre o que precisa ser ajustado

na relação entre os dois lados, como ressalta Brandão: “Isso é muito

importante, principalmente para o pequeno e médio corretor de seguros,

que no seu dia a dia não tem acesso a quem, de fato, manda

nas seguradoras ou aos executivos que podem atender suas demandas

mais urgentes”. E ele completa: “Essa volta ao presencial, ou a um

modelo híbrido, tem sido um tanto difícil, pois as pessoas parecem

ter se acostumado a negociações por meio remoto.”

O corretor faz o meio de campo comercial entre o cliente e a

seguradora e esse atendimento se mantém durante toda a vigência

contratual do seguro. Durante esse processo, o corretor precisa

lidar com as mais diversas situações desafiadoras, como avalia

Sonia Marra. “São problemas sistêmicos, operacionais, de reajustes

do seguro, com assistências 24 horas, dificuldades para falar com

o comercial da seguradora, entre outros problemas recorrentes. As

seguradoras identificam essa necessidade e procuram incentivar

a proximidade e o diálogo com o corretor de seguros. Porém, por

mais que entendam que ouvir o corretor é o caminho para melhorar

processos, produtos e minimizar problemas, ainda precisam

avançar nessa escuta ativa para melhorar”, diz Sonia, para quem

os corretores estão sempre buscando um meio de contribuir para

mudar essa realidade. “Quando não conseguem avançar direta-

32


mente na seguradora, em alguma questão mais crítica, recorrem,

para unir forças, a entidades como sindicatos e clubes dos corretores,

que em alguns casos conseguem ajudar”, diz Sonia.

Embora as áreas comerciais das seguradoras estejam com

muitos corretores na grade e várias tratativas são acertadas ou

pactuadas via WhatsApp e por e-mails, como abrevia Rutowitsch,

da B.I.G. Brasil Seguros, às vezes o processo de atendimento se torna

inviável. “Os corretores tentam se adaptar a cada seguradora,

que possui um formato específico de atendimento. Mas o corretor,

que atua com várias seguradoras, muitas vezes se perde”, pondera.

Entre as maiores dificuldades com as quais se deparam os

corretores, Torres, da Santée Rio, aponta a falta de autonomia e de

poder decisório da área comercial, que — diz ele — “muitas vezes

encontra-se no front com o corretor, que tem a percepção de se

tratar de um bom risco a ser segurado, mas é impedido de aceitar

por ‘motivos técnicos’ baseados exclusivamente por técnicos e atuários

que atuam debruçados em teorias”. Outra dificuldade observada

pelo corretor é a pequena quantidade de áreas comerciais para

atendimento a uma demanda maior de corretores do que a capacidade

de atendimento. Isso — endossa Torres — compromete a qualidade

e a satisfação no atendimento ao corretor, principalmente o

que tem produção menor com a seguradora. “Não saberia dizer o

que as seguradoras estão fazendo para mudar (essa relação), porém

tentamos conscientizar os dirigentes das principais seguradoras, diretores

do sindicato das seguradoras que o melhor e mais barato

consultor para buscar soluções para os problemas das seguradoras

são os corretores de seguros por conhecerem e sentirem no dia a

dia as nossas dificuldades e onde é possível melhorarmos”, resume

o corretor.

Do outro lado do balcão, ou seja, o das seguradoras, parece

determinante o ponto de vista de que a pandemia não inibiu a relação

delas com os corretores. “Na Seguros Unimed, nunca existiu

esse distanciamento. O que verificamos foi um afastamento físico

durante a fase mais aguda da pandemia de Covid-19, quando as

pessoas passaram a se relacionar por videochamadas para preservar

sua saúde. Contudo, aos primeiros indícios de que o contágio

pelo novo coronavírus estava sendo contido com vacinação e uso

de máscaras, a seguradora promovia encontros individuais entre

corretores e o nosso departamento comercial, seguindo as normas

estabelecidas de saúde e segurança estabelecidas pelos órgãos governamentais”,

recorda o superintendente comercial de produtos

Vida, Previdência e Ramos Elementares da Seguros Unimed, Rodrigo

Borges, acrescentando que, a partir da redução de casos de contaminação,

os eventos presenciais foram sendo retomados, principalmente

a partir de junho de 2022.

Para aprimorar a relação com os corretores com os quais trabalha,

a seguradora realiza treinamentos periódicos, tanto no que

diz respeito aos produtos quanto aos processos relativos ao ambiente

digital, que, frisa Borges, passa por intensa transformação

para aprimorar os sistemas operacionais e deixá-los mais ágeis para

os corretores parceiros. “Entre abril e maio deste ano, a Academia

de Vendas, núcleo da companhia dedicado à capacitação da força

de vendas, realizou atualização para mais de 300 profissionais. Os

SONIA MARRA,

da Marra

treinamentos presenciais devem voltar

a ocorrer no início de 2023. Importante

destacar também que, hoje, estamos

nos reestruturando para receber novos

corretores e transformar a experiência

deles aqui, na Seguros Unimed”, garante

Borges.

Mas o que sugerem os corretores

às seguradoras para que a relação entre

ambos seja a melhor possível? “É simples:

ouçam mais os corretores. Ninguém, absolutamente

ninguém, melhor do que o

corretor de seguros para conhecer essa

demanda”, diz Jayme Torres.

Para Luiz Mário Rutowitsch, as

empresas de seguros precisam estipular

metas de prazo para retorno das

JAYME TORRES,

da Santée Rio

33


ESPECIAL CORRETORES

CONVIVÊNCIA

O tradicional “olho no olho” com a área

comercial da seguradora é um recurso que o

corretor sempre teve para negociar melhores

condições, seja quanto aos valores dos prêmios

ou em relação às coberturas diferenciadas.”

HENRIQUE BRANDÃO,

do Sincor-RJ

demandas. “E que busquem melhorar

os fluxos internos, pois o comercial, em

muitos casos, depende de respostas

das áreas. Mas se for para registrar uma

ideia acredito que deveriam treinar um

responsável por cada produto/área capaz

de avaliar comercialmente alguns

casos em conjunto com o gerente comercial,

para buscar mais dinamismo”,

sugere.

As seguradoras precisam estar de

portas abertas para ouvir os corretores

com sinergia e valorizar essa relação comercial,

conclui Sonia Marra. “A verdade

RODRIGO BORGES,

da Unimed

é que se o corretor não for atendido na ponta com prioridade e

soluções garantidas compromete o resultado. O corretor se qualificou,

está muito mais capacitado, atua como um consultor provedor

de soluções para o seu cliente e acaba priorizando realizar

negócios onde encontra melhores condições e atendimento comercial

e operacional eficiente”, pondera a corretora. “Um ponto

que destaco é a importância de a seguradora ter comerciais mais

preparados para atender as demandas comerciais trazidas pelo

corretor com mais agilidade. As seguradoras estão investindo muito

em tecnologia com foco na venda digital e menos na parceria

com o corretor, produtos de seguros em sua maioria não se vendem

sozinhos, os números mostram, é preciso se convencer disso

e inverter esse foco”, complementa Sonia.

BOLA AINDA ESTÁ COM O CORRETOR

O corretor de seguros tem um papel essencial no processo

de negociação de uma apólice. A pandemia intensificou a comunicação

direta das seguradoras com os consumidores por meio de ferramentas

tecnológicas de comunicação e inteligência artificial. Mas

há a velha máxima de que é o corretor quem humaniza o setor de

seguros justamente por desde sempre ser o responsável pelo elo da

indústria securitária com os consumidores.

“O corretor deve ter a preocupação de manter viva essa máxima,

que é a realidade do mercado, de ser aquele que vai deixar a

relação do setor com os consumidores um pouco mais humana. Pois

é muito complicado você ficar conversando com uma inteligência

artificial. Quanto tempo se perde digitando ‘um’ para isso, ‘dois’ para

aquilo? E nem sempre se consegue resolver o problema que o levou

a procurar o atendimento remoto. Com o corretor nada disso

ocorre”, diz Brandão, do Sincor-RJ. “A população brasileira confia no

corretor de seguros. Não por acaso, mais de 90% das apólices são

comercializadas por corretores”, reforça.

É fato que as inovações tecnológicas facilitam o dia a dia e são

muito bem-vindas, mas é fato também que não substituem a troca

entre as pessoas, como observa Borges, da Seguros Unimed. “No

mercado segurador é muito difícil a ocorrência de uma venda digital

sem qualquer participação de um profissional. O papel do corretor

de seguros é essencial no setor, uma vez que ele é um consultor e

esclarece aos consumidores quais produtos de seguros são mais indicados

para cada momento de vida”, descreve o executivo.

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