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Revista especializada no mercado de seguros

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Cobertura do

ITC 2022,

realizado em

LAS VEGAS

OUTUBRO 2022 • Nº 281 • ANO 27

conectando você ao mercado de seguros

EZZE SEGUROS

Ao comemorar três anos,

seguradora se vê como

um grande player

Baseada nos pilares de inovação, tecnologia,

investimento em profissionais e cliente, seguradora

consegue crescimento em faturamento e lucratividade

Os dilemas enfrentados pelos

profissionais na intermediação dos

negócios e como enfrentá-los

ESPECIAL CORRETORES DE SEGUROS

Insurtechs: as startups descobriram

que precisam dos corretores para

distribuir seus produtos

Empreendedorismo: por natureza,

os distribuidores atuam à frente

de suas próprias empresas



EDITORIAL

Sem medo da

tecnologia

Os corretores de seguros nunca perderam o seu posto de

principal canal de distribuição de seguros, nem aqui nem no

resto do mundo. As ameaças a este profissional já vieram de

muitas partes, como bancos, afinidades e meios digitais. Todos eles

conseguiram amealhar alguns negócios sem, no entanto, efetivamente

substituir a figura humana e consultiva do corretor de seguros.

Agora, mais uma vez, vimos as startups de seguros assumirem

a dificuldade de distribuir os produtos de seguro sem a intermediação

de um consultor. Como foi dito por um dos fundadores de uma grande

insurtech, eles entendem de dados e da jornada do cliente, não de

riscos.

Muitas transformações ainda devem ocorrer em nosso

mercado, mas, certamente, esta não será uma delas. O movimento

deste momento são os seguros embutidos em outros produtos, aqueles

que o cliente mal percebe que está adquirindo. Da mesma forma que

ele pode ser uma porta de entrada para o mercado de seguros, pode

significar problemas operacionais no futuro.

Nesta edição da Revista Apólice, em homenagem ao Dia

do Corretor de Seguros, apresentamos estas nuances do mercado,

mostrando que o profissional que escolhe esta carreira tem muitos

desafios, como aprender a empreender, além de buscar capacitação e

atualização profissional constantes.

Entre os desafios encontrados pelo corretor de seguros ainda

podemos citar a falta de cultura, o desconhecimento do mercado e a

baixa renda da população. Por outro lado, o que anima os investidores,

internos e externos, é a baixa penetração do seguro na sociedade, o que

demonstra ainda um grande espaço para crescimento.

Estamos juntos!

Boa leitura

Diretora de Redação

OUTUBRO 2022 • Nº 281 • ANO 27

EXPEDIENTE

Diretora de Redação:

Kelly Lubiato - MTB 25933

klubiato@revistaapolice.com.br

Diretor Executivo:

Francisco Pantoja

francisco@revistaapolice.com.br

Redação:

Nicole Fraga

nicole@revistaapolice.com.br

Colaborador:

André Felipe de Lima

Executiva de Negócios:

Graciane Pereira

graciane@revistaapolice.com.br

Diagramação e Arte:

Enza Lofrano

Tiragem:

12.000 exemplares

Circulação:

Nacional

Periodicidade:

Mensal

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de seus autores,

não representando, necessariamente, a

opinião desta revista.

Esta revista é uma

publicação independente

da Correcta Editora Ltda e

de público dirigido

CORRECTA EDITORA LTDA

Administração, Redação e Publicidade:

Avenida Ibirapuera, 2033 - cjto 183

Edifício Edel Trade Center

04029-901 São Paulo/SP

CNPJ: 00689066/0001-30

Mande suas dúvidas,

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CONTEÚDO

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ESPECIAL CORRETORES DE SEGUROS

ÍNDICE

EMPREENDEDORISMO

O corretor de seguros

traz consigo o espírito

empreendedor e isso é

parte integral da cultura

que cerca a indústria

securitária

06 gente

08 bradesco

Empresa homenageia os corretores

de seguros e compartilha dicas para

um bom relacionamento com os

clientes

>> PÁG. 16

INSURTECHS

Corretores de seguros

podem (e devem!)

navegar pelo tsunami

de tecnologia e

digitalização que se

vê no horizonte

>> PÁG. 28

DILEMAS DA

PROFISSÃO

Os questionamentos

e desafios que os

corretores de seguros

enfrentam para manter

seu papel relevante no

mercado de seguro

>> PÁG. 22

10 capa

EZZE Seguros comemora três anos e

se prepara para chegar ao Top 20 do

mercado, com inovação, tecnologia

e investimento em colaboradores e

clientes

14 entrevista

A diretora da GEO Rossana fala

sobre o seguro habitacional e as

oportunidades de negócios

para corretores de seguros

20 pesquisa

ENS lança 4° Estudo de Mulheres no

Mercado de Seguros e mostra que a

participação feminina aumentou,

mas elas ainda ganham menos

32 evento

O ITC 2022, realizado em Las Vegas,

mostrou que o corretor de seguros,

execrado por algumas startups no

passado, se firmou como principal

canal de distirbuição

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de seus autores,

não representando, necessariamente, a

opinião desta revista.

4



gente

VERTICAL SEGURA

Rivaldo Leite assumiu

como novo CEO da Porto

Seguro, vertical de negócios

da holding que responde

por todos os produtos e serviços

ligados ao segmento.

Na companhia desde 1988, o

profissional irá substituir Roberto

Santos, diretor-presidente e diretor de Relações

com Investidores, que acumulava a função de

liderança na vertical desde agosto.

“Estou muito feliz, motivado e comprometido

em assumir esse novo desafio. Os próximos

anos serão muito importantes para o mercado de

seguros e o Brasil. Nosso setor é fundamental para

a recuperação socioeconômica do país. Vamos continuar

trabalhando fortemente ao lado dos nossos

parceiros Corretores para manter o cliente como

o centro de nossa estratégia para integrarmos negócios

e soluções, buscando sempre a inovação e

fazendo com que o seguro seja cada vez mais inclusivo

e acessível para as pessoas”, destaca Leite.

NOVA CEO

A partir de janeiro de 2023, a Prudential do

Brasil terá como CEO Patricia Freitas. Desde 2015 na

companhia, a executiva atua como vice-presidente

de Parcerias Estratégicas Multicanais

e liderou o crescimento

expressivo da seguradora

em parcerias comerciais.

Sua nomeação ainda passará

pelo processo de aprovação

da Susep (Superintendência

de Seguros Privados).

“Assumirei a Prudential do Brasil com o compromisso

de manter nossa trajetória de crescimento

e liderança no mercado de vida. Com o apoio do

nosso time, dos corretores franqueados, dos fortes

canais de distribuição e a confiança de nossos clientes

continuaremos cumprindo nosso propósito de

proteger mais brasileiros. Seguiremos investindo

forte em inovação, tecnologia, novos produtos e

serviços e, acima de tudo, ouvindo o mercado e

suas necessidades”, afirma Patricia.

ALTERAÇÕES GLOBAIS

O Grupo Allianz Partners

apresentou alterações

na estrutura de liderança do

seu Conselho de Administração.

Tomas Kunzmann

foi nomeado CEO da companhia,

com efeito desde o dia

1 de julho de 2022. O novo

CEO ocupa o antigo lugar de Sirma Boshnakova,

que foi eleita membro do Conselho de Administração

da Allianz SE no início deste ano.

RELACIONAMENTO COM CLIENTES

A WTW Brasil contratou

Olavo Linhares para assumir

a diretoria de relacionamento

com clientes para

saúde e benefícios. O executivo

ocupará o cargo de Sérgio

Arjona, que agora reassume

a diretoria de Placement.

Com mais de 15 anos de experiência no mercado de

seguros, Linhares já trabalhou com gestão de clientes

em empresas como a healthtech Gesto, a Dasa e

a Mercer Marsh.

VICE COMERCIAL

A HDI Seguros anunciou

a promoção de Paulo

Ricardo Cesário Costa a

vice-presidente Comercial

em substituição a Flávio Rodrigues

que, após 22 anos,

está deixando a empresa. Com a movimentação, Paul

Douglas Canarin, atual diretor Regional do Norte, Nordeste,

Rio de Janeiro e Espírito Santo, assumiu também

a responsabilidade pelo estado de São Paulo.

“Estou bastante animado. Com toda a minha

bagagem, estarei muito próximo às equipes para

que possamos desenvolver um trabalho de olho

nas estratégias de crescimento da companhia, projetando

um futuro em linha com as tendências do

mercado”, enfatiza Costa.

6


TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

A Qualicorp anunciou

a chegada da nova diretora

de Transformação Digital e

Tecnologia, Márcia Wolff. A

profissional tem por objetivo

dar continuidade à estratégia

da companhia de se

tornar, cada vez mais, uma

empresa com uma cultura data-driven (baseada em

dados) e centrada no cliente.

TECNOLOGIA EM PREVIDÊNCIA

A Brasilprev anunciou

Eduardo Evádio Baumer

como novo superintendente

de Tecnologia. Baumer chegou

à Brasilprev em 2019,

atuando como Gerente de

Sistemas. Com a promoção,

agora terá como desafio

otimizar os processos de desenvolvimento de sistemas

informatizados da companhia.

NOVIDADES EM AUTO

A área de Automóvel da Mapfre passa

a contar com Luiz Padial como líder. Ele

chega à companhia com mais de 20 anos de

experiência no mercado segurador e atuação

em uma série de seguradoras nacionais

e multinacionais.

O executivo aponta as principais metas

que pretende atingir no novo momento

profissional: “Vamos aproveitar a força da

marca e atuação multicanal para crescer a

carteira de Auto acima da média de mercado.

Outro grande desafio é a rentabilidade,

que deverá ser constante e disciplinada”.


publieditorial

Corretores de Seguros:

Estamos com você, sempre!

No mês em que é comemorado o Dia do Corretor de Seguros, o Grupo

Bradesco Seguros compartilha 4 dicas para um bom relacionamento

com os clientes

LEONARDO FREITAS,

Diretor de Vendas

Obom relacionamento entre

corretores e segurados

é fundamental para o desempenho

do mercado de seguros.

Diante das diversas possibilidades e

das particularidades de cada cliente

ou família, o vendedor de seguros

assume o papel de consultor, responsável

por oferecer um serviço

personalizado que atenda às necessidades

específicas de cada um. Já as

seguradoras tem um papel crucial

para ampará-los nesse processo.

Para apoiar esses profissionais

na condução do melhor relacionamento

com os diferentes

perfis de clientes, o Diretor da Organização de Vendas

do Grupo Bradesco Seguros, Leonardo Freitas, lista

algumas dicas. “O corretor faz a conexão entre seguradora

e cliente e sabemos o quão importante é esse

trabalho de conhecer profundamente o segurado e as

diversas opções de serviços, para ser assertivo nas indicações.

Há algumas estratégias básicas que podem

auxiliá-los nessa interação:

- SER EMPÁTICO: “Muitas vezes o cliente procura

o corretor em um momento de dificuldade pessoal ou

financeira. Antes de pensar nas vendas, é importante

enxergar que há uma pessoa ali que precisa ser ouvida.

É comum que o cliente queira se abrir, detalhar seu

problema buscando um apoio. Antes de tudo, somos

humanos e precisamos estender a mão.”

- FAZER AS PERGUNTAS CERTAS: “Os contextos

sociais, pessoais e econômicos dos segurados são diversos,

por isso, antes de fazer qualquer indicação, é

fundamental fazer as perguntas que permitam conhecer

profundamente as necessidades do cliente e sua

família, sempre reforçando que esse questionário é importante

para indicar o plano mais

adequado. Essas questões mostram

ao segurado que você está realmente

interessado em apoiá-lo.”

- ESTAR PRÓXIMO: “Mesmo

quando o contrato está fechado e o

cliente não faz nenhuma demanda,

é válido se mostrar presente e interessado,

assim ele sabe com quem

poderá contar nos momentos de

imprevistos. Ter o contato telefônico

e de WhatsApp do segurado e

enviar mensagens para saber se há

alguma dúvida ou apresentar um

novo serviço demonstra que ele é

importante e lembrado.”

- BUSCAR CURSOS QUE APRIMOREM SUA

COMUNICAÇÃO: “O Grupo Bradesco Seguros busca

sempre apoiar os consultores e, por isso, lançou recentemente

um curso em sua Plataforma Universeg

com dicas de relacionamento para interação com

diferentes tipos de consumidores. O espaço virtual

semelhante a um streaming do conhecimento disponibiliza

a gratuitamente a aula online: Diálogos Consultivos,

que trata com detalhes o novo perfil de consumidor.

O material aborda o relacionamento com

o cliente, o ‘Spin Selling’ na prática, e temas como:

planejamento, empatia e confiança na hora da venda,

além da identificação da necessidade real do consumidor

e a percepção de valor”.

A Universeg oferece conteúdos em diversos formatos,

como vídeos, e-books, podcasts e infográficos,

propiciando o desenvolvimento contínuo desses profissionais.

A plataforma disponibiliza materiais voltados

para desenvolvimento de carreira e autoconhecimento,

com foco em aprimorar também os negócios dos

parceiros do Grupo, de forma gratuita.

8



CAPA

EZZE

Inovação, tecnologia,

investimento em profissionais e

clientes são pilares do sucesso

COM CRESCIMENTO DE QUASE 100% NO FATURAMENTO E LUCRATIVIDADE EM TORNO DE R$ 25 MILHÕES

EM 2022, META DA SEGURADORA É CHEGAR AO TOP 20 ATÉ 2024

Quando a EZZE Seguros nasceu, há

exatos três anos, uma de suas metas

era estar entre as 20 maiores

do mercado em cinco anos. No que depender

da equipe que compõe a empresa,

dos produtos inovadores que apresenta,

do desenvolvimento de tecnologias e

sistemas, dos investimentos em profissionais

de destaque no setor de seguros e do

reconhecimento do mercado, muito em

breve isso se tornará realidade.

Além disso, os bons resultados alcançados em tão pouco

tempo de atuação confirmam essa tendência: somente em 2022, a

seguradora deve alcançar R$ 800 milhões em prêmios emitidos – em

2021, esse número foi de R$ 420 milhões –, representando um crescimento

de quase 100%, tornando mais próxima a meta da companhia

de alcançar R$ 1 bilhão até 2024. A lucratividade da empresa

neste ano ficará em torno de R$ 25 milhões e a meta é crescer de

35% a 45% em 2023.

A EZZE Seguros é um projeto que começou há um pouco

mais de quatro anos, em abril de 2018, e depois do pedido de autorização

para seu funcionamento à Superintendência de Seguros

10


Privados (Susep), começou a operar efetivamente em outubro de

2019, com o objetivo de atuar inicialmente na modalidade de linhas

financeiras, lançando produtos de seguro garantia com soluções

customizadas para diferentes tipos de negócios.

“A nossa estratégia sempre foi ser multiproduto, ter os mais

diversos produtos de seguros, e multicanal, atingindo os clientes

por meio dos canais que eles querem falar com a empresa, seja através

de um corretor, um banco, um canal digital ou até por meio de

uma loja de varejo. Essa estratégia foi muito bem fundamentada pelos

resultados que conseguimos ao longo do tempo, que são bem

acima do que a gente previu quando criamos o plano estratégico da

companhia como um todo”, explica Richard Vinhosa, CEO da EZZE

Seguros.

EXECUTIVOS E EXPANSÃO

Com diversos sócios investidores e atuação direta de três deles

– além de Richard Vinhosa, Ivo Jucá Machado, vice-presidente

Institucional e Marketing, e Cláudio Vale, acionista, também participam

ativamente da gestão da seguradora –, o crescimento da empresa

está atrelado à experiência que cada um deles possui em mercados

que não são somente de seguros. “Nós possuímos uma base

de acionistas, fora os executivos, que estão em diferentes ramos

de atuação. Temos desde pessoas do mercado financeiro, como da

educação, da indústria, e muito mais. Tudo isso contribui para que

possamos ampliar a troca de experiências e trazer diferentes visões

para a EZZE Seguros. Afinal, cada um coopera com informações estratégicas

dos mercados nos quais atuam”, explica Richard Vinhosa.

Para manter o crescimento, a empresa também tem investido

em um time com grande experiência no mercado e com formação

acadêmica nas melhores instituições de ensino do Brasil e do

mundo, que possam contribuir com novas ideias e novas oportunidades

dentro deste meio que está em constante transformação. A

empresa começou com apenas 20 colaboradores e, hoje, é formada

por uma equipe de cerca de 120 profissionais. “Um dos pilares da

companhia é trazer sócios-executivos, com passagem em grandes

empresas nacionais e internacionais do setor, para que eles tenham

o sentimento de ‘dono’, de pertencimento e, assim, também possam

ter autonomia na tomada de decisões

dentro da sua competência. Esse modelo

de partnership tem dado muito certo.

Dessa forma, também ganhamos velocidade

para atingir os planos estratégicos.

Fomos pioneiros nesse modelo de negócio

e contratação”, revela.

Com essa expansão, a EZZE Seguros

foi conquistando novos mercados

pelo Brasil e já está presente em sete

capitais brasileiras, como São Paulo, Fortaleza,

Curitiba, Porto Alegre, Salvador,

Belo Horizonte e Rio de Janeiro. E não

para por aí: a intenção é estar presente

em todo o país, seja em filiais físicas ou

atendimento remoto com equipes locais.

“A escolha das cidades está ligada à

vocação natural de cada região, não há

interligação complementar entre elas.

Mesmo com a pandemia, continuamos

o nosso movimento de expansão, pois

confiamos na pujança da economia brasileira

e dos empreendedores, e estamos

focados na missão de apoiar o crescimento

dos empresários”.

IMPACTOS NA PANDEMIA

Quando falamos dos três anos da

EZZE Seguros, é providencial falar dos

últimos dois de pandemia de Covid-19.

Ela mexeu de forma significativa no mercado

como um todo. De acordo com informações

da Confederação Nacional das

Empresas de Seguros Gerais, Previdência

Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização

(CNSeg), a Covid-19 fez com

que o setor de seguros saísse de um crescimento

de 12,3% para 1,3% em 2020.

Mesmo assim, a EZZE contou com um desenvolvimento

acima da média.

De acordo com o CEO, a tomada

de decisão rápida foi fundamental para

que a empresa não sofresse os impactos

diretos da pandemia. “Desde que criamos

a seguradora, todos os nossos colaboradores

trabalham com laptop. Quando

surgiu o lockdown, liberamos todos os

funcionários para que trabalhassem de

casa, protegendo-os. A partir daí, continuamos

nossas operações focados no

crescimento”. Fazendo um balanço da

pandemia, Vinhosa é categórico: “Do ponto

de vista macro, os efeitos da pandemia

11


CAPA

EZZE

no setor de seguros não foram homogêneos.

Variou bastante pelo tipo de produto:

enquanto uns tiveram queda, outros

cresceram bastante. Esse foi o nosso caso

e, com isso, conseguimos atingir R$ 800

milhões de prêmios emitidos”.

Para ele, esse movimento de expansão

não aconteceria se não estivessem

seguros do panorama de crescimento

do setor e da empresa. A seguradora

tem muito espaço para crescer em diversos

produtos, liderados pelo Seguro

Garantia, Transportes, D&O/E&O e Vida,

só para citar alguns. “Com mais maleabilidade

para negociar e oferecer produtos

diferenciados, ampliamos o leque para

conquistar mais clientes e para fechar um

número maior de negócios com aqueles

que passaram a enxergar outras necessidades

de seguros que não percebiam

anteriormente. Na nossa experiência, o

mercado de seguros vive um momento

muito bom, de transformação, da qual fazemos

parte e estamos puxando a inovação

no setor com a nossa área de digital”,

endossa.

NOVOS MERCADOS, NOVAS

PERSPECTIVAS

Crescer é a palavra de ordem da

EZZE Seguros. Ao longo dos últimos três

anos, o portfólio de novos seguros só

aumentou. Em 2021 eram 69 produtos.

Atualmente, são mais de 80 cadastrados

na Susep, entre eles, o Seguro Garantia,

Transportes, Vida em Grupo,

D&O, E&O, Patrimonial, Responsabilidade

Civil, Riscos de

Engenharia e Massificados. E

tem mais novidades: em 2023,

a empresa começa a mirar em

seguros Pessoa Física e, até o

primeiro trimestre, iniciará as

operações de seguros de automóveis.

“Com essa operação,

nós fechamos a estratégia

de ter todos os produtos que

uma grande seguradora tem,

complementando nossa meta

de ser multicanal e multiproduto.

Estamos cientes de que

é um movimento contrário ao

que muitas empresas estão fazendo, de serem mais conservadoras,

reduzindo custos e fechando espaços físicos. Seguimos um outro

sentido porque acreditamos no Brasil. O mercado pode até ter seus

altos e baixos, mas o empresário nunca deixará de proteger sua família,

seu funcionário e seu patrimônio. Queremos acelerar o nosso

plano para atingir o R$ 1 bilhão até 2024”.

Para chegar a esse número, a EZZE foca ainda mais na inovação,

parte fundamental de seu DNA. Sua operação começou no formato

B2B, com os corretores focados em prêmios, e foi digitalizando

os produtos que mais fazem sentido, como Seguro Garantia, E&O,

D&O, Transporte, Responsabilidade Civil, RCO. Essa será a tendência

da empresa: melhorar seus sistemas de comunicação com os corretores.

“Por outro lado, estamos construindo as operações focadas em

pessoas físicas e atender às suas necessidades, para que tenham facilidade

na hora de escolher o produto que desejarem. Por exemplo:

ele poderá adquirir o seu seguro vida e residencial juntos e escolher

a melhor forma de pagar. Cada vez mais, as seguradoras, além de

digitalizar, principalmente para esse público, precisam dar um leque

de opções para atender às suas necessidades. Essa é uma tendência

do mercado”, afirma Vinhosa.

CLIENTES EM PRIMEIRO LUGAR

Como chegar entre as 20 maiores seguradoras do Brasil? A

resposta é simples: atender bem os clientes. Isso é algo que a EZZE

Seguros valoriza muito, já que, sem eles, nenhuma das operações

seria possível. “Para o cliente, ter a EZZE Seguros como seguradora

significa ter um atendimento inovador, rápido, desburocratizado e

contar com a nossa solidez financeira. Nós procuramos atender os

corretores com muita agilidade, para que eles possam oferecer o

melhor para suas carteiras de clientes”, diz, empolgado, Vinhosa.

Para atender com rapidez e oferecer as melhores soluções, a

EZZE investe constantemente em tecnologia, desde a base do sistema

que cuida da aprovação das apólices e faz todos os reports para a

Susep, até sua inserção no departamento financeiro e os atendimentos

aos corretores. Outros diferenciais são, como no caso do E&O, a

12


DESTAQUES DA EZZE

Alguns seguros ganharam destaque nos três anos da

seguradora e conseguiram figurar entre os maiores do mercado.

Um deles é o Seguro de Transportes de Cargas que teve um

aumento na procura nos últimos anos. Um dos diferenciais

da EZZE é a torre de controle onde é possível acompanhar,

via satélite, a viagem do transporte de carga. Por meio desse

serviço, é possível auditar se durante o percurso o transporte

está passando por alguma não conformidade. Para 2023, a

seguradora pretende reposicionar o seu portfólio.

Em terceiro lugar entre as seguradoras mais

especializadas no setor de riscos de petróleo do Brasil, de acordo

com o ranking da Susep, a empresa conta com uma equipe de

profissionais renomados e experientes no mercado. Apesar de

ter apenas dois anos de atuação no setor, o reconhecimento

veio pela vasta experiência e pelo bom relacionamento com

clientes e corretores.

Outro grande destaque é o Seguro de Riscos de

Engenharia que está em quinto lugar entre as seguradoras

mais especializadas no setor da construção civil, segundo a

Susep. Para se ter ideia, somente no primeiro semestre deste

ano, mais de 500 apólices foram abertas pela seguradora para

obras privadas e públicas e isso se deve, de acordo com os

especialistas, às investidas em infraestrutura no Brasil após a

pandemia do novo coronavírus com a abertura de canteiros de

obras em diversas partes do país.

possibilidade de fazer a cotação e emitir a apólice de seguro em menos

de cinco minutos. Além disso, a seguradora desburocratizou o

cadastro de corretor pessoa física, que está mais ágil; em apenas um

ou dois minutos é possível fazer o cadastro, sem apresentar qualquer

documentação.

“A digitalização foi muito importante para a empresa. Começamos

pelos produtos cooperativos, depois massificados e

agora estamos começando a entrar nos produtos pessoa física. A

simplificação está em nosso DNA. Queremos chegar no caminho

mais curto para atender bem o cliente. Com o nosso crescimento,

estamos apostando em ferramentas onboarding e treinamentos.

Entendemos que grandes negociações precisam ser realizadas de

forma manual, mas o digital está na nossa essência e, cada vez mais,

evoluiremos nesta transformação digital”.

RECONHECIMENTO

Com operações tão “fora da caixa”, digitais e inovadoras, o

reconhecimento da EZZE veio em forma de prêmio. Em maio, a seguradora

recebeu o Prêmio Segurador Brasil 2022, uma avaliação realizada

pelo Silcon Estudos Econômicos, nas categorias “Melhor Desempenho”

e “Maior Crescimento de Vendas”. Na categoria “Melhor

Desempenho” foram avaliados grupos que tiveram faturamento de

até R$ 2,5 milhões. Já para “Maior Crescimento de Vendas” foi realizado

um comparativo entre os anos 2020

e 2021. Ambas categorias foram avaliadas

nos segmentos de seguros de Acidentes

Pessoais, RC D&O, RC E&O, Transportes,

Nacionais, Vida em Grupo e Transporte de

Cargas Nacional.

“Para uma empresa que começou

há apenas três anos e que, logo após o

início de suas atividades, enfrentou uma

pandemia que transformou o mercado, receber

um prêmio como o Segurador Brasil

2022 é um ótimo motivo para comemorar.

Isso mostra que estamos no caminho

certo, investindo em tecnologia, inovação

e pessoas e prontos para ser um dos

Top 20 do mercado de seguros, o que é

um dos nossos grandes objetivos para os

próximos anos”, afirma Ivo Jucá Machado,

vice-presidente Institucional e Marketing.

FUTURO

Como uma empresa nova, a EZZE

Seguros tem muito a fazer e apresentar,

afinal, são apenas três anos de atividade,

mas muitas conquistas já foram alcançadas

até o momento. A meta é não

parar; pelo contrário, pensar no futuro

e sua forma de atuação é fundamental

para crescer ainda mais. “Nosso desafio é

sempre fazer o melhor, se superar, o que

não é fácil. É muito importante continuar

investindo em capital humano, na melhoria

de processos e produtos, investir

no relacionamento com o cliente e poder

dar a resposta no tempo que ele precisa

e utilizar ainda mais a tecnologia”,

revela o CEO.

Ele complementa: “O mercado ficará

cada vez mais digitalizado e a tendência

é que o cliente decida o canal

que quer usar, a escolha do produto e

a forma de aquisição do seu seguro. Já

as seguradoras vão oferecer facilidades

para que os clientes definam o produto

que mais se adequa ao seu ciclo de vida

e o que mais se encaixa no seu orçamento.

A evolução por aqui é constante. E o

segredo para tudo isso que realizamos

e o que vamos realizar é ter as pessoas

certas ajudando a construir uma empresa

que já nasceu multiproduto e multicanal.

Vamos em frente”, finaliza Richard

Vinhosa.

13


ENTREVISTA

GEO

Seguro habitacional

individual traz novos

negócios para corretores

A DIRETORA DA GEO, ROSSANA COSTA, EXPLICA

COMO O SEGURO HABITACIONAL PODE SE TORNAR

UMA NOVA FONTE DE RENDA PARA CORRETORES

DE SEGUROS

APÓLICE: O que mudou na comercialização do seguro habitacional?

Rossana Costa: A principal mudança foi passar a

existir a possibilidade dos corretores de seguros profissionais

do mercado atuarem com um seguro que antes

estava restritos às corretoras cativas dos próprios agentes

financeiros

APÓLICE: Como o corretor de seguros pode participar deste

novo mercado?

O corretor de seguros pode participar deste novo

mercado buscando em sua base clientes que possuem

um crédito imobiliário ativo, identificando junto aos

clientes qual o custo pago atualmente pelo seguro Habitacional

do referido crédito imobiliário (o que é facilmente

obtido com o extrato do financiamento, também

chamado de DDC).

Com esse dado, o corretor pode usar o simulador

de nosso portal: habitacionalindividual.com.br, onde poderá

simular quanto irá custar o seguro contratado neste

novo formato e apresentar um comparativo ao cliente. A

partir daí, pode orientar o cliente como preencher a proposta

de contratação através dos tutoriais disponíveis na

central de ajuda.

Apólice: Qual foi o papel da GEO na elaboração e concepção

deste novo mercado?

A GEO, como faz com todos os produtos para os

quais desenvolve sistema de gestão e distribuição digital,

estudou profundamente o produto, a legislação e

preparou um software alinhado às necessidades do corretor,

do cliente e das seguradoras. Além disso, também

os agentes financeiros podem contar com essas facilidades

em uma área logada para seu acesso.

Apólice: Como a GEO pode contribuir para melhorar o desempenho

de seguradoras e corretoras de seguros?

Justamente entregando sistemas para facilitar toda

a trajetória desde a contratação até o sinistro para todos os

participantes da das operações de seguro (corretores, se-

guradoras e contratantes), trazendo velocidade, massificação

e baixo custo operacional, o que por sua vez traz uma

precificação das apólices muito atrativa aos segurados.

Apólice: A GEO contribui para que os corretores de seguros

tenham mais tempo para se dedicar às vendas?

O sistema que entregamos aos corretores com a

plena gestão das apólices de sua carteira, desde a simulação

até o sinistro, todos muito ágeis e com mecanismos

de autogestão avançados, com certeza possibilitam

ao corretor focar na captação de novas vendas, pois o

operacional sistêmico é fundamental para a ampliação

do portfólio na área de seguros.

Apólice: Como funciona a parceria da GEO com o mercado

de seguros?

A GEO opera de forma muito especializada com

desenvolvimento de sistemas para o segmento de linhas

financeiras. Assim todo e qualquer produto de seguro que

estiver dentro deste espectro podemos alinhar parcerias

com o mercado segurador, para desenvolver e distribuir

através do portal GEO, que conta hoje com cerca de 1.600

corretores ativos e 3.000 empresas contratantes, além claro,

deste incrível lançamento do Habitacional Individual,

nosso primeiro produto para varejo.

Apólice: Quais são os planos da empresa para o próximo

ano?

Intensificar a colocação do Habitacional Individual,

buscando vencer as barreiras que vêm sendo impostas

pelos agentes financeiros de grande porte quanto à atuação

dos corretores profissionais de seguro do mercado

brasileiro, tentando impedi-los de atuar

em seus balcões, criando uma protetiva

ao sistema de venda de seguro junto

aos clientes dos bancos que não se

justifica, desrespeitando o desejo e o

direito do consumidor.

14



ESPECIAL CORRETORES

EMPREENDEDORISMO

FALTA PERCEBÊ-LA

O CORRETOR DE SEGUROS TRAZ CONSIGO

O ESPÍRITO DO EMPREENDEDORISMO E

ISSO É PARTE INTEGRAL DA CULTURA QUE

PERMEIA A INDÚSTRIA SECURITÁRIA

André Felipe de Lima

Empreendedorismo e inovação

são palavras, pode-se assim dizer,

irmãs. Uma está intimamente

associada à outra. A segunda depende

de que a primeira esteja viva para que

frutifique. Essa é a regra que sociedades

e mercados empregam e que dela não

se pode fugir, sob o risco de predominar

o retrocesso, caso não seja incorporada.

Em setembro, constatou-se que o Brasil, em meio a 132 países, ainda

está bem atrás no ranking mundial de inovação, ocupando a 54ª posição

do Índice Global de Inovação (IGI), uma publicação com base

em dados de 2021 desenvolvida anualmente pela Organização Mundial

da Propriedade Intelectual (OMPI) com o Instituto Portulans e o

apoio de várias entidades de mercado. Embora tenha conquistado

três posições em relação à edição anterior do IGI, um indicador criado

em 2007, o país ainda está com uma agenda de inovação aquém

do desejável, como aponta, em nota, a Confederação Nacional da

16


Indústria (CNI), uma das instituições apoiadoras do estudo: “A melhora

da colocação, no entanto, não significa que o país esteja bem

na agenda de inovação, uma vez que os investimentos na área têm

caído a cada ano e a posição brasileira está sete casas abaixo da melhor

marca atingida — o 47º lugar em 2011”.

O IGI 2022 prioriza a análise do que define como “insumos

de inovação”, que consistem em elementos da economia que possibilitam

o desenvolvimento de atividades inovadoras, todas, por

sua vez, estruturadas em instituições, capital humano e pesquisa,

infraestrutura, sofisticação do mercado e sofisticação empresarial.

Um segundo indicador resulta da percepção efetiva das práticas

inovadoras e resume-se a dois aspectos: produtos de conhecimento

e tecnologia e produtos criativos. Somente o Chile, em 50º lugar, representa

a América Latina entre os 50 países mais bem destacados

no IGI. No índice geral, os líderes são Suíça, Estados Unidos, Suécia,

Reino Unido, Holanda, Coreia do Sul, Singapura, Alemanha, Finlândia

e Dinamarca.

“O corretor de seguros tem em suas veias o empreendedorismo

presente”, garante o presidente da Porto Seguro, Rivaldo Leite.

“Mesmo diante de um novo cenário de mercado onde há uma série

de novos meios e inovações, nada substitui os corretores e a sua

capacidade analítica, além do alto grau de conhecimento sobre o

setor e as necessidades individuais e particularidades de cada cliente.

Muito antes do empreendedorismo ganhar força e passar a fazer

parte da realidade socioeconômica do país, a função do corretor de

seguros sempre apresentou de maneira muito natural o mote empreendedor,

de busca por desafios, novos métodos, criatividade e

inovação”, complementa Leite.

Diretor executivo de distribuição da seguradora Zurich, Márcio

Benevides reconhece que a profissão de corretor de seguros e o

empreendedorismo estão mais próximos do que se supõe, mas para

que essa “aproximação” se consolide é fundamental serem cumpridos

estágios de preparação, estudo, planejamento e atualização

constante. “O primeiro investimento é na formação e capacitação.

O mercado de seguros tem grande potencial de crescimento — o

setor registrou, ao longo dos últimos anos, crescimento superior à

taxa do PIB —, isso é um ótimo incentivo”, diz Benevides.

PARA COMEÇO DE CONVERSA

Como e onde o corretor em início de carreira pode buscar

apoio para começar a vender seguros? Para Benevides, a Escola

de Negócios e Seguros (ENS), que existe desde 1971 e tem papel

preponderante na evolução do mercado, é o primeiro passo para

que o corretor em começo de carreira se familiarize com o setor em

diversos níveis relacionados diretamente à atuação no mercado de

trabalho. “Cursos de empreendedorismo promovidos por outras entidades

também são opções interessantes. Esse é um caminho para

iniciar a capacitação na área”, recomenda o executivo da Zurich.

Rivaldo Leite destaca a importância de as seguradoras estarem

por perto na preparação dos corretores e acompanharem de

forma participativa a evolução dos profissionais para o fomento

do empreendedorismo: “Além de toda a expertise com relação ao

mercado segurador, o corretor empreendedor precisa identificar

RIVALDO LEITE,

da Porto Seguro

rapidamente maneiras de atender às necessidades

dos clientes, manter-se atualizado

com relação às tendências e superar

os desafios do segmento.”

Líder das regiões São Paulo e Sul

da HUB Segs, Lucas Vargas evoca a importância

das assessorias com as quais

o corretor de seguros no começo de

jornada profissional pode experimentar

na prática o dia a dia do mercado. Estas

assessorias constroem pontes com as seguradoras,

apoiam nas negociações, alertando

os corretores para oportunidades,

e contribuem para tomadas de decisões

estratégicas. “Além disso, as assessorias

apoiam os corretores de seguros que

estão iniciando a sua jornada a terem

acesso a melhores condições técnicas e

comerciais fornecidas pelas seguradoras,

equilibrando a concorrência que pode

estar concentrada, em alguns casos, nos

grandes corretores através das segmentações

das seguradoras que estão cada

vez mais detalhadas”, pondera Vargas,

para quem o corretor iniciante que passa

pelo atendimento de uma assessoria

especializada e multiprodutos tem a

oportunidade de vivenciar o dia a dia de

cada nicho. “Isso permite a ele entender

e enxergar com qual mais se identifica

e quais serão os produtos e nichos que

irá escolher para perpetuar seu negócio

nos próximos anos e quais irá continuar

utilizando da estrutura do assessor para

apoiá-lo.”

17


ESPECIAL CORRETORES

EMPREENDEDORISMO

MÁRCIO BENEVIDES,

da Zurich

Professor da ENS, Andre Rezende

destaca sete pilares de como e onde o

corretor em início de carreira pode buscar

apoio para começar a vender seguros:

o primeiro aspecto é a produtividade. “É

muito importante, e isso é uma dor que a

gente percebe logo que o corretor se forma,

ele prestar atenção de maneira muito

especial na sua produtividade, o quanto

vai dedicar tempo para fazer o que precisa

ser feito na corretora de seguros e

conseguir controlar os horários. Ele vai

ter muito trabalho operacional, administrativo,

vendas, sinistro. É importante

que se organize para que faça da melhor

maneira possível”, recomenda Rezende,

lembrando que essa organização está

LUCAS VARGAS,

da HUB Segs

atrelada ao segundo pilar do processo, que atende pelas rotinas empregadas.

“Muitas vezes, o corretor está vindo de uma sucessão familiar,

de outro mercado que não tem nada a ver com seguros ou até

mesmo é aquela pessoa que saiu da seguradora e resolveu empreender.

Ele precisa ter uma rotina de excelência ao longo da semana

para que não caia em muita procrastinação. Isso é muito importante

para que fique ligado”, alerta.

O terceiro pilar citado pelo especialista corresponde às

vendas. “O corretor de seguros precisa ser um vendedor ou uma

vendedora e para isso estudar sobre PNL (programação neurolinguística)

é muito importante; estudar sobre neuro vendas, neuro

marketing, técnicas, modelos de como fazer vendas é primordial

para um corretor de seguros”, ensina Rezende.

O “nicho”, a quarta sustentação para um corretor empreendedor,

não pode ser “pulado” de jeito algum, como frisa o professor

da ENS. Ele ressalta que, geralmente, todo corretor em começo de

carreira deseja “vender tudo para todos”. “Isso é um grande equívoco”,

sentencia Rezende. “Quando você já começa nichando, e

quando falo nichar pode ser nichar produto, pode ser um perfil

de pessoas para quem ele, o corretor, acredita que venderá, como,

por exemplo, arquitetos, manicures, motoristas de aplicativo ou

médicos. Estabeleça um nicho logo no início porque vai ajudar na

linguagem, de como se deve abordar essas pessoas.”

“Modelar” é o quinto pilar do processo, segundo Rezende:

“Observem os corretores de sucesso do nosso mercado. O que estão

fazendo? Que tipo de comunicação estão usando? Como fazem

a venda? Pegue isso, modele e imprima o seu jeito, que vai ser sucesso”,

sugere o especialista, citando, em seguida, o sexto aspecto:

“Fale menos e ouça mais. Aqui vai uma grande dica também: uma

das grandes formas de você ser um bom vendedor como corretor

de seguros é falando menos, fazendo as perguntas certas e ouvindo

muito, ouvindo a necessidade do cliente, o que aquela pessoa

precisa para você trazer o remédio cirúrgico que oferecerá a melhor

proteção, seja ela qual seguro for”.

Por fim, sétimo e último pilar é estudar o produto com o qual

o corretor pretende trabalhar. “Venda é confiança. Não dá para sair

vendendo o seguro de automóvel, residencial, seguro de vida se o

corretor não conhece de maneira profunda aquele produto que vai

ofertar”, alerta o professor da ENS, concluindo: “Se ele (o corretor)

se preparar mentalmente e especialmente executar tudo isso de

maneira ‘arroz com feijão bem feito’, não tenho dúvida de que terá

muito sucesso e muito resultado na sua carreira.”

SUPORTE DAS SEGURADORAS

Qual o papel das grandes seguradoras na oferta ao corretor,

sobretudo aquele em início de carreira, de recursos que o estimulem

para o empreendedorismo? Como explica o professor Andre

Rezende, o papel das seguradoras é “extremamente importante”,

porque os produtos são desenvolvidos por elas, mas o corretor tem

um papel fundamental nesse processo pois é o principal canal de

distribuição desses produtos.

“Diria que é um casamento perfeito. Só que não dá para

andar sozinho. Os corretores precisam fazer os papéis deles e as

18


seguradoras também. As seguradoras precisam cada vez mais se

preocupar, num bom sentido, em ter uma tecnologia embarcada

importante. Ela é um meio, não um fim. Quanto mais tecnologia

a seguradora oferecer para a jornada de compra, para jornada de

pós-venda, para jornada de sinistro, para a jornada de como controlar

os pagamentos de comissões, quanto mais ela facilitar, otimizar

o tempo do corretor, melhor. As seguradoras precisam ter

um papel fundamental na experiência, desde o momento da compra

até o momento do sinistro, para ajudar a rotina e o dia a dia

dos corretores de seguros”, pondera o professor da ENS.

Segundo Rivaldo Leite, o estímulo aos corretores precisa

vir no investimento em conhecimento e no diálogo próximo

aos profissionais, porque — frisa o executivo da Porto — é preciso

ouvi-los também sobre suas necessidades. “Na Porto, temos

a Porto Educ, área de educação corporativa da companhia, que

oferece capacitação aos profissionais nas mais diferentes frentes

de atuação em seguros por meio de trilhas de aprendizagem e explicação

detalhada sobre produtos do portfólio e processos para

o corretor empreender. E estreitando o relacionamento com os

corretores, temos o Corretor é Para Sempre, nosso canal direto

com os corretores por meio dos perfis oficiais nas redes sociais,

onde esclarecemos dúvidas, apresentamos novidades e abastecemos

os corretores com informações importantes para a sua rotina

de trabalho.”

Na Zurich, o apoio se dá da seguinte forma, como destaca

Márcio Benevides: “As seguradoras costumam oferecer suporte ao

corretor de diversas formas, inclusive com programas estruturados

de treinamentos sobre os produtos. No caso da Zurich, não é

diferente: procuramos facilitar os processos para que o corretor de

seguros fique mais livre para olhar para o seu negócio estrategicamente.

Temos feito também constantes investimentos em simplificação

e digitalização dos processos, desde a prospecção até

a renovação ou solução de sinistros”, lista Benevides. “As companhias

podem apoiar os corretores também oferecendo (e desenvolvendo)

soluções customizadas que atendam às necessidades

dos clientes. No caso da Zurich, por exemplo, nossa área de engenharia

de riscos está à disposição de nossos corretores parceiros”,

assinala o executivo.

A IMPORTÂNCIA DA ENS

No site da Escola de Negócios e Seguros (ENS) evidencia-se

a missão da instituição: “Promover uma educação transformadora,

por meio de programas de excelência, que contribua para o desenvolvimento

de profissionais capacitados a atuar em diversas áreas

de negócios, com ênfase no estímulo e disseminação da cultura

de seguros. A instituição atende às necessidades dos profissionais

brasileiros seguindo a filosofia da educação continuada, ajudando-os

a enfrentar um mercado com forte competitividade”. E assim

vem sendo cumprido desde 1971, quando a entidade foi fundada

com o propósito de estimular o empreendedorismo quando o termo

sequer era empregado na sociedade e no mercado como hoje

é feito, e como mantra indissociável do desenvolvimento.

“Na ENS, no momento em que o corretor está fazendo o

ANDRE REZENDE,

da ENS

curso de habilitação em várias disciplinas,

ele já é impactado pelo modelo do

empreendedorismo. Ele já é encorajado

a fazer isso. Boa parte do corpo docente

é de empreendedores, o que é muito

bom, porque traz a vivência do dia a dia,

de como de fato é esse ecossistema de

seguros. Além dos cursos de habilitação,

a ENS tem um leque de outras formações,

como speed training, de outros

cursos de curta duração, que podem

ajudar a ele ter cada vez mais uma mentalidade

de empreendedor”, cita Andre

Rezende, complementado: “Acho que

esse é o grande segredo. O corretor de

seguros precisa ter essa mentalidade de

empreendedor e empresário de seguros

e a ENS pode ajudar na parte de educação

e de como trazer isso de uma maneira

muito simples e com vivência do

corpo docente que pratica isso em seu

dia a dia.”

Lucas Vargas também exalta a escola:

“A educação do corretor deve ser

constante e a ENS é o principal centro de

aprendizagem, treinamento e promoção

da capacitação do mercado. Assim como

em qualquer profissão, há quem pare

apenas no primeiro curso e há quem se

especialize. A ENS permite que o corretor

que deseja se destacar através do

seu conhecimento técnico e das vendas

consultivas possa ter acesso a essas formações

e certificações que vão agregar

valor para o seu serviço.”

19


ESPECIAL CORRETORES

MULHERES

Mulheres são maioria dos colaboradores, mas

ainda ganham menos e têm dificuldades para

chegar ao topo

4º ESTUDO MULHERES NO MERCADO DE

SEGUROS NO BRASIL MOSTRA QUE A

PROPORÇÃO AGORA É DE 2 MULHERES

PARA CADA HOMEM EM CARGOS DO

PRIMEIRO ESCALÃO DAS SEGURADORASS

Kelly Lubiato • Revista Apólice

Desde 2010, a Escola de Negócios e

Seguros (ENS) organiza o estudo

sobre a participação de mulheres

no mercado de seguros. A quarta edição

mostrou que elas continuam como maioria,

com 54,4% de participação nas seguradoras.

Nos níveis executivos, entretanto,

a participação cai para 31%. O salário

também é mais baixo, ficando na casa de

70% do valor recebido por homens em

cargos similares.

Vale ressaltar que a proporção

entre homens e mulheres no comando,

que era de 4x1 em 2010 caiu para 2x1 em

2022. Isso demonstra a preocupação das

empresas com a equidade de gênero. De

acordo com Patricia Chacon, CEO da Liberty

Seguros, “é preciso começar a preparar

as mulheres para chegarem aos cargos

diretivos, desde o planejamento sucessório

das equipes que ocupam os cargos”.

“Um dos argumentos para o investimento

em diversidade é que as estruturas

mais diversas são mais lucrativas,

além de um pilar de fator civilizatório”,

enfatiza Francisco Galiza, um dos autores

do Estudo.

Ele conta que há 10 anos nasceu

a primeira conversa sobre a importância

de mostrar as diferenças de gênero nas empresas. Em 2022, cerca

de 400 executivas responderam a pesquisa qualitativa. Em 2012,

apenas 70 mulheres participaram. O Estudo foi elaborado a partir

das respostas de 16 empresas, que representam 20% do mercado e

aproximadamente 20 mil funcionários.

“A conclusão de fato deste estudo é que houve uma melhora

expressiva em termos de inclusão e participação das mulheres no

mercado de seguros brasileiro. Mantendo as taxas dos últimos 10

anos, o equilíbrio deve acontecer em 10 anos”, aponta o economista.

Maria Helena Monteiro, diretora da ENS e também coordenadora

do estudo, ressalta que a prática de salários menores para mulheres

é comum em outros países. “Há um ‘hiato de confiança’, porque

as mulheres não agem como homens”, explicou Maria Helena.

Como argumentos para esta diferença salarial, Maria Helena

apontou alguns motivos: as mulheres são mais cautelosos quando

se candidatam aos empregos; as mulheres são mais modestas; se

posicionam menos em reuniões predominantemente masculinas; e

as mulheres são mais relutantes em pedir aumento de salário. “Homens

ousam mais na carreira porque não contam com o peso da

culpa pelos fracassos”, pontuou Maria Helena.

As sugestões para as empresas, feitas pelas participantes da

pesquisa, vão desde a flexibilização de horários, metas para promoção

de mulheres com vistas a chegar a 50/50; educação corporativa

contra o preconceito; divulgação do percentual de mulheres que

participam das empresas.

O Estudo também fala sobre políticas promovidas nas seguradoras

para estimular a equidade de gênero. Os três programas mais

comuns entre as companhias tratam de assédio moral, licença-paternidade

estendida e prática de horário flexíveis.

20



ESPECIAL CORRETORES

DILEMAS DA PROFISSÃO

Hora de conversar

EM MEIO À MONUMENTAL JORNADA TECNOLÓGICA E DE DIGITALIZAÇÃO DE DADOS NO SETOR,

CORRETORES SE DEPARAM COM QUESTIONAMENTOS E OBSTÁCULOS PARA MANTER PAPEL

RELEVANTE E HISTÓRICO NA INDÚSTRIA SECURITÁRIA. DIANTE DISSO, É FUNDAMENTAL QUE A

CATEGORIA, E SEGURADORES, “CANTEM A MESMA CANÇÃO”

André Felipe de Lima

Não são tempos fáceis no mundo

e no Brasil. As oscilações

políticas e instabilidade econômica

em escala global são latentes

e indisfarçáveis. O mercado de seguros

não fugiria à regra, mas, como

apontam inúmeros resultados, dos

mercados mais maduros aos ainda

em aprimoramento, como o daqui,

a resposta do setor é uma das mais

consistentes de que se tem notícia.

Porém, em nosso particular caso, a

estrada é longa até verdadeiramente

nos afirmarmos como um mercado

maduro. Esse questionamento é feito

sem intermitências por líderes do

setor, empresas (tanto as tradicionais

quanto as novíssimas insurtechs), órgãos

reguladores e corretores, estes,

sem dúvida, o principal canal do setor,

o imprescindível e humano ponto

de fala com a sociedade. Incutir neste

profissional a consciência dessa relevância

é um dos principais desafios

latentes na indústria securitária brasileira.

Mas existem outros obstáculos

que dificultam uma evolução ainda

mais acelerada do mercado interno

do seguro. Mostra-se, portanto, determinante que corretores e seguradores

falem, sempre e irrevogavelmente, o mesmo idioma.

Corretor de Rondonópolis (MT), Sergio Appoloni, destaca dois

pontos da jornada do seguro que precisam ser avaliados com mais

exatidão tanto por seguradores quanto por corretores: melhor precificação

das apólices, de um modo geral, e melhor aceitação de riscos

por parte das seguradoras. Appoloni também alerta para os riscos

da priorização da digitalização, hoje tida como a panaceia da indústria.

Ele observa ainda a necessidade de que sejam compreendidas

com exatidão demandas regionais, que nem sempre condizem com

aquelas de conotação generalista. “As seguradoras precisam melhorar

o atendimento humanizado pois o atendimento automatizado

tem trazido muitos problemas e demora nos retornos, dificultando

os processos”, verbaliza o corretor mato-grossense. “As seguradoras

precisam entender melhor as demandas dos corretores por regiões e

estreitar os relacionamentos comerciais”, sinaliza o corretor.

O Brasil é um país de dimensão continental e de diversidade

cultural “absurdamente relevante” entre suas regiões, como aponta

Paollo Gattass, outro corretor mato-grossense, de Cáceres. “Quando se

tem essa diversidade cultural muito aflorada, atrelada a uma diferença

exorbitante de desenvolvimento socioeconômico de uma região para

outra, acredito que se torna difícil pensar em uma única forma de ver

o mercado de seguros, capaz de suprir as necessidades específicas regionalizadas”,

diz Gattass, acrescentando: “Sabemos, por exemplo, que

é impossível não ter no virtual a melhor forma de se conectar com seus

clientes em 90% dos casos em determinadas regiões, de igual modo,

sabemos que essa penetração não chega a 30% em outras. Acredito

que a solução é tratar cada realidade regional brasileira em sua real

22


perspectiva e diversificar as soluções com base em cada microrregião

específica e suas necessidades.”

A difusão da cultura do seguro está na ordem do dia. Mas

ainda esbarra na dificuldade de se encontrar estratégias com foco

definido, particularizado em regiões específicas, cada uma com suas

demandas próprias e necessidades pontuais. No entanto, como avalia

o corretor Ernesto Vasconcelos, de Manaus (AM), a busca por essa

disseminação cultural pode ser infrutífera se não houver confiança

entre as partes, ou seja, entre seguradores e corretores. Ele também

assinala que, além de uma redução da burocracia ainda presente no

setor, os preços das apólices permanecem fora do alcance da maior

parte da população. “Quando é preciso receber uma indenização, a

relação de documentos é muito extensa e quando eles dependem

da emissão do governo, fica ainda mais difícil. O brasileiro e o empresário

em geral ainda veem o seguro muito caro e sem importância

para seu negócio”, reflete.

O corretor Alexandre Faria, de Minas Gerais, aponta outros

problemas. O primeiro deles — afirma ele — é a carência de qualificação

dos profissionais, tanto de corretoras quanto de seguradoras.

Outro fator preponderante, pontua Faria, é a ausência de flexibilidade

na criação de produtos que se ajustem às necessidades dos

clientes. “De fato, com a rápida evolução da sociedade e com o advento

de novas tecnologias, as dores dos consumidores passam a

ser outras e temos visto uma dificuldade do mercado na confecção

de soluções tailor made (sob medida), ficando preso a produtos de

prateleira. Por fim, um grande problema que é enfrentado hoje é a

aceitação restrita para colocação de determinados riscos”, pondera

o corretor mineiro.

Do lado das seguradoras emana o discurso, em uníssono e

como mantra, de que a evolução do seguro no país passa, inexoravelmente,

por essa difusão cultural da indústria securitária. Reconheça-se:

não há outro caminho a ser seguido. Mas outros pontos

precisam ser considerados, como aponta a gerente executiva do Canal

Fiança Locatícia da Too Seguros, Priscila Mc Kenzie, para quem,

além do investimento na educação sobre seguros, existem outros

aspectos que não podem ser ignorados.

“Nosso país não tem uma cultura muito forte na adesão de

seguros que não seja o de carro. A maioria espera acontecer algum

imprevisto para entender o valor de um seguro. Não temos uma forte

educação financeira, não falamos sobre previsão orçamentária,

que pode ajudar muito na proteção de bens, vida e do dinheiro das

pessoas. O seguro é um gasto e não um investimento, e precisamos

mudar essa visão para enxergar todos os benefícios que é ter a tranquilidade

de poder receber indenização se algum imprevisto acontecer,

ou deixar a família com um fôlego financeiro se o segurado

partir, ou ter uma casa protegida de avarias e não precisar se preocupar

caso o inquilino não pague o aluguel”, define Priscila.

O segundo ponto, descreve a executiva, concentra-se na dificuldade

econômica de um país que possui grande parte da população

com baixa renda, sem acesso a opções de seguros que caibam

no seu orçamento. “É por isso que insurtechs e microsseguros têm

um papel importante para a disseminação do seguro. É preciso oferecer

opções que caibam no bolso do cliente, seja com pacotes que

SERGIO APPOLONI,

corretor

vão desde as coberturas mais fundamentais

até serviços extras que o corretor ou

cliente possam escolher”, pondera a executiva

da Too Seguros.

O terceiro ponto frisado por ela

é a resistência de muitos corretores em

aderirem à tecnologia e reconhecerem as

mudanças que ela provoca no mercado.

“Acreditamos que o corretor é um grande

influenciador e decisor na proposta de

compra de um seguro e, aliado à tecnologia

para gestão da carteira, marketing digital,

coleta de dados para personalização

de uma proposta e tudo o que compreende

esses recursos para o crescimento

do papel do corretor, faz com que ele se

torne o personagem principal do setor.

PAOLLO GATTASS,

corretor

23


ESPECIAL CORRETORES

DILEMAS DA PROFISSÃO

ERNESTO VASCONCELOS,

corretor

ALEXANDRE FARIA,

corretor

PRISCILA MC KENZIE,

da Too

Sabemos que o corretor é o profissional que mais sabe sobre seguros

e o que mais sabe oferecer a melhor solução para o seu cliente”,

reconhece Priscila.

Presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de São

Paulo (Sincor-SP), Boris Ber tem uma visão otimista em relação

ao estágio de evolução do mercado, embora admita terem surgido

alguns problemas nos últimos anos, dentre os quais situações

apresentadas pelo órgão regulador que, como entende Ber, teriam

atrasado o desenvolvimento das companhias e dos corretores de

seguros.

“Nossa profissão chegou a ser ameaçada a deixar de existir,

também tivemos os desafios da pandemia, mas enfrentamos e vencemos

cada obstáculo. O seguro de vida mostrou sua importância,

as companhias demonstraram parceria junto ao corretor, cujo pós-

-venda na pandemia foi espetacular, e alertou sobre a necessidade

de um bom seguro de vida e de planos de saúde e odontológico. O

seguro funeral também teve grande importância para pessoas de

baixa renda, com assistência nessa pandemia. É claro que ainda temos

uma enorme parte da população que não consome seguros.

Essa nova fase da Susep (Superintendência de Seguros Privados)

deve trazer produtos que caibam no bolso das pessoas que não conseguem

acessar, que preferem, às vezes, inadvertidamente, procurar

uma associação de proteção veicular, que não é seguro, e acabam

se envolvendo com uma empresa da qual são responsáveis pela sua

insolvência. Tudo isso é uma questão de focar”, analisa o presidente

do Sincor-SP.

O mercado ainda é subpenetrado, como reconhece o diretor

de organização de vendas do Grupo Bradesco Seguros, Leonardo

Freitas, e isso — enfatiza o executivo — por conta da consciência

da população em torno da proteção. “Mas enxergamos um imenso

potencial nesse ramo de atividade”, conclui Freitas.

O executivo da Bradesco Seguros ressalta que o setor demonstrou

resiliência no período de crise, fortalecendo-se ainda

mais, e que a importância da proteção vem sendo cada vez mais

percebida pelas pessoas. “Agora, o que temos que fazer é contribuir

para transformar esse grande potencial em realidade, estimulando

a cultura do seguro no país. Acredito que o nosso principal desafio

é ampliar a conscientização. O seguro pode ser visto como um item

importante para a população por sua relevância e suporte diante

dos imprevistos. Há uma imensa variedade de produtos disponíveis

no mercado ainda não conhecida pela população, que muitas vezes

tende a acreditar que o mercado se resume a dois ou três tipos de

proteção, sendo que há soluções de proteção para diversos aspectos

da vida”, alerta Freitas, sugerindo que todos os envolvidos neste

ecossistema trabalhem fortemente na conscientização da importância

que o seguro oferece para cada indivíduo e suas famílias. “Apenas

dessa maneira podemos propagar a cultura do seguro”, endossa.

LADO A LADO

Tecnologias imersas na gigantesca onda de digitalização no

setor, como inteligência artificial e compartilhamento de dados, forçam

o corretor de seguros a se reinventar para que permaneça relevante

no mercado. Como trabalhar em conjunto com as seguradoras

24



ESPECIAL CORRETORES

DILEMAS DA PROFISSÃO

BORIS BER,

do Sincor-SP

LEONARDO FREITAS,

do Bradesco

JOÃO LUIZ DE LIMA,

da Tokio Marine

para vencer este e outros obstáculos posicionados no destino da categoria?

Para Boris Ber, as seguradoras — “em sua enorme maioria”,

enfatiza ele — entendem que a força da distribuição é do corretor

de seguros. “A venda direta já provou que não funciona, a venda

digital sem a participação do humano não funciona e a assistência

sem o corretor não funciona. Logo, acho que existe a cumplicidade.

Precisamos apenas ajustar o tom da canção. Temos que olhar aquilo

que o consumidor precisa e como chegar neste consumidor da forma

mais rápida, clara e acessível possível”, resume.

Priscila Mc Kenzie não tem dúvida de que o trabalho entre

seguradores e corretores deve ser sempre em conjunto. A executiva

lembra que são as seguradoras responsáveis por oferecer toda

uma infraestrutura e um leque de produtos para que o corretor

possa trabalhar sua carteira de clientes e oferecer sempre a solução

que melhor se encaixe naquela situação. Por outro lado, acrescenta

ela, a seguradora deve também acreditar no papel do corretor

de seguros para que ele seja o porta-voz e defensor da marca.

“Ele é o consultor do cliente e o que sabe indicar quais produtos,

coberturas e garantias atendem melhor o cliente, dentro da realidade

dele. Ao mesmo tempo, a seguradora oferece uma jornada de

contratação excelente. O corretor sabe que terá um grande suporte

e atendimento exclusivo para trabalhar e vender bons produtos

e assim rentabilizar as suas operações”, expressa a executiva da Too

Seguros.

DIÁLOGO SEMPRE BEM-VINDO

O fato é que em meio aos desafios citados nesta reportagem,

corretores e seguradores precisam conversar mais do que já conversam.

Diretor comercial nacional de varejo da Tokio Marine, João Luiz

de Lima reforça que o segmento segurador mantém um “bom relacionamento”

e “diálogo aberto” com os corretores, seja por meio de

canais de comunicação, eventos do setor ou treinamentos.

Segundo o executivo, apesar de o mercado ter se adaptado

ao formato de eventos e reuniões online durante a pandemia, o retorno

aos eventos presenciais, como os congressos de corretores

que acontecem pelo país, vem aproximando ainda mais os corretores

das seguradoras. “Outra iniciativa do mercado que podemos citar

é o Voz do Empreendedor, realizado pelo Sincor-SP, que reúne corretores

e as seguradoras com a finalidade de apresentar novidades,

produtos entre outros temas de interesse do mercado”, lembra Lima,

complementando: “Na Tokio Marine, temos um compromisso com a

satisfação dos três cês: colaboradores, corretores e clientes. Para nós,

é fundamental manter o diálogo com esses públicos para absorver

sugestões, críticas e elogios que colaborem para as melhorias nos

processos internos”, especifica o diretor da Tokio Marine.

“Conversa e vontade não faltam. O que precisamos é de liberdade

e tempo para podermos trabalhar”, sustenta Boris Ber. “As

seguradoras estavam atribuladas com essas resoluções da Susep,

encontrando pouco tempo para ajustar. Temos que separar as questões

operacionais, técnicas e de planejamento futuro. Isso, claro, estabelecendo

metas, como exemplo, nós temos a comissão intersindical,

onde levamos os problemas e soluções, ajudando companhias

e corretores”, emenda o presidente do Sincor-SP.

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ESPECIAL CORRETORES

INSURTECHS

Ficar para trás? Nem pensar

QUANDO, NA DÉCADA PASSADA,

A ONDA DAS INSURTECHS

SURGIU, E POR TRÁS DELA UM

MAR INFINDÁVEL DE NOVAS

TECNOLOGIAS E DE DIGITALIZAÇÃO,

HAVIA O TEMOR DE QUE OS

CORRETORES FICASSEM PARA TRÁS.

MAS ISSO NÃO SE CONFIRMOU.

HOJE, AS JOVENS EMPRESAS

DO SETOR RECONHECEM ESTE

PROFISSIONAL COMO ESSENCIAL

PARA QUE O MERCADO CRESÇA

AINDA MAIS. MAS ALERTAM: É

PRECISO QUE O CORRETOR TAMBÉM

NAVEGUE NESSE REVOLUCIONÁRIO

MAR TECNOLÓGICO QUE NORTEIA O

MERCADO E SEUS CONSUMIDORES

André Felipe de Lima

O

mundo está imerso em uma profunda

digitalização de dados. O

mercado de seguros percebeu

essa guinada e vem incorporando-a para

entregar aos consumidores produtos

cada vez mais diversificados e, principalmente,

personalizados, ou seja, ao gosto

e bel prazer do cliente. Mas ainda há pertinentes

perguntas que exigem respostas

céleres do setor, sobretudo e fundamentalmente

aquelas alusivas aos corretores.

Segundo a fundadora e CEO da

insurtech Fitinsur, Denise Oliveira, os

corretores estão começando a se beneficiar

dessa transformação digital, pois,

com a democratização e o acesso a plataformas,

conseguem melhorar a sua eficiência

operacional e, com isso, dedicar

tempo para estudar seus clientes, propor

novos produtos e formatos de comercialização

que estejam mais aderentes às

necessidades deles. “O papel do corretor

é fundamental porque a tecnologia, por si só, não é o suficiente.

Sozinha, ela não resolve uma dor, não tem serventia. Por outro lado,

o corretor, além de humanizar o processo, fornece os inputs e os

drivers para que a tecnologia se traduza no atendimento de uma

necessidade ou resolva uma dor das seguradoras e dos segurados”,

analisa Denise, que define o corretor como o “caminho para a evolução

do mercado”, por ostentarem a capacidade e as informações

necessárias para enxergar claramente as falhas de processo e necessidades

de produtos não atendidas. “Atualmente, mais de 75%

dos nossos parceiros são corretores e têm tido resultados bastante

expressivos na melhora de seus processos internos ao trazer uma

melhor experiência para os seus clientes”.

Fundador e CEO da insurtech Darwin Seguros, Carlos Alberto

Souza Barros, o “Beto”, define o corretor como parte importante

do processo de aquisição de clientes, não apenas como um vendedor

e sim como um consultor, cuja missão não se resume apenas a

comercializar um seguro, mas de mapear as necessidades e o perfil

do seu cliente para melhor sugerir um produto. “A imagem que o

mercado tem do corretor como um profissional não tecnológico e

avesso a mudanças é superficial. Na Darwin, estamos junto a alguns

corretores trabalhando para tirar do mercado o estigma que ainda

existe nessa profissão. Nosso aprendizado com o corretor também

28


DENISE OLIVEIRA,

da Fitinsur

é crucial, só assim poderemos desenvolver um produto alinhado às

necessidades da ponta e ajustá-lo ao longo do caminho”, afirma.

As mudanças tecnológicas vêm se desenrolando há pelo

menos dez anos e é necessário que o corretor entenda para que

lado o mercado está se dirigindo para que não fique para trás. Essa

é a visão do CEO da PDVBox, Luis Forster, para quem o ponto mais

importante dessa questão está em classificar o corretor como um

consultor e não um vendedor. “Quando falamos de experiência de

venda, concordo que para grande parte dos consumidores a compra

consultiva ainda é um fator importante. Produtos dos chamados

grandes riscos, das linhas financeiras (D&O, RCG, RCP etc) e outros,

ainda terão muita entrada para a parte consultiva dos corretores.

Porém é preciso ter atenção, pois muitos movimentos já estão sendo

feitos para que a forma de oferta, inclusive destes, seja cada vez

mais automatizada”, sinaliza o executivo.

Foster alerta para a importância de o corretor não se concentrar

somente em um produto, como auto, por exemplo que,

como ele explica, será o produto que mais sofrerá transformações

em pouco tempo. O CEO da PDVBox também sugere aos corretores

que ao atender seu cliente mostrem conhecimento em outros produtos.

“Isso pode ser a chave da fidelização da sua carteira”, diz ele,

reforçando já existirem seguros com vendas 100% digitais, como

viagem, residencial, vida simplificado e

algumas apólices de veículos, com coberturas

diferenciadas. “O consumidor

vai aprender a contratar alguns tipos de

seguros online, sem auxílio algum do corretor,

mas ainda vai precisar e solicitar a

atenção e consultoria para a compra de

outros. Entretanto é de suma importância

que todos os corretores acompanhem essas

mudanças, pois pode ser que um dia

acordem e o modo de se ofertar seguro

mudou tanto, que pode ser tarde para se

adequar e continuar.”

Forster acredita que as insurtechs

possam ajudar os corretores na apresentação

de soluções diferentes para a carteira

de segurados. “A PDVBox tem uma

CARLOS ALBERTO SOUZA

BARROS, da Darwin

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ESPECIAL CORRETORES

INSURTECHS

LUIS FORSTER,

da PDVBox

JÓ BEDUSCHI,

da Coover Digital

ferramenta, que criamos para essa distribuição

digital e/ou em massa de seguros,

que pode ser usada para esse fim. O importante

mesmo é estar sempre dentro

do que o mercado está pedindo e não focado

em apresentar simplesmente o que

existe pronto há décadas”, pontua.

A transformação digital foi fortemente

acelerada recentemente pela pandemia

da Covid-19, não apenas fazendo

surgir uma nova leva de insurtechs, mas

também com que o mercado de seguros

como um todo precisasse se adaptar rapidamente

ao novo consumidor, agora

mais experiente no consumo através de

canais digitais e por isso também mais

exigente. Essa é a observação de Jó Beduschi,

da Coover Digital Insurance e integrante da Associação Brasileira

de Insurtechs (ABI). Segundo ele, o novo consumidor de seguros

agora deseja uma experiência de compra que outros setores já

entregam, ou seja, uma jornada simples, com menos atritos, segura

e focada na sua necessidade. “É onde o papel do corretor agora se

torna muito importante, não apenas sendo parte dessa experiência,

mas ouvindo o cliente e devolvendo para a seguradora oportunidades

de melhoria contínua”, assinala Beduschi.

Atualmente, a ABI serve como um “catalizador de oportunidades”

para seus associados e, como frisa Beduschi, está atenta a todos

os movimentos da indústria de seguros. “Acreditamos no poder das

conexões para identificar sinergia e gerar oportunidades que gerem

valor para toda a sociedade, e nesse sentido buscamos facilitar

a aproximação entre corretores e insurtechs”, declara o executivo e

membro da ABI.

SEM MEDO DE SER FELIZ

Beduschi explica que, hoje, há uma tendência de aproximação

cada vez maior dos corretores. “Especialmente por parte das

insurtechs que atuam em ramos em que o corretor tem uma boa

penetração”, afirma.

Mas há quem acredite que o temor ainda está presente. “Existem

ainda empresas que vendem medo e as que oferecem solução,

mas isso em qualquer mercado. O corretor não se amedronta por

mudanças. Já passou por diversas e o que vemos é cada vez mais a

profissão ser necessária e o melhor canal de distribuição e relacionamento

para a indústria”, reflete o CEO da TEx, Emir Zanatto.

Forster propõe uma reflexão sobre a questão que passa pela

crença no trabalho, na entrega, no processo de entender os movimentos

do mercado, em definir a estratégia e, principalmente, em

acionar o consumidor. “Aí está mais um ponto de atenção”, frisa o

executivo, complementando: “Se tem gente querendo acabar com

a categoria, o que eu sinceramente acho muito difícil, é importante

começar a pensar em como se manter no mercado. Existem outros

produtos que diferem diretamente do operacional de seguros, que

também podem ser trabalhados, como consórcios, SVA’s, locação

de auto e tantos outros que podem ser explorados com a capacidade

que o corretor tem de distribuição, com a capilaridade que

ele tem nas mãos. E, mais uma vez, se o seu segurado confia no seu

trabalho, na sua especialização, a chance dele continuar com você

é grande.”

Beto Souza Barros enxerga o corretor como um “grande aliado”

e que o segmento das insurtechs precisa definitivamente reconhecer

a importância do papel do corretor, que, ressalta ele, não

se resume à venda do seguro: “O corretor acompanha o cliente,

sugere produtos mais adequados e ajustados às suas necessidades

e também precisa ser ouvido para transmitir feedbacks para ajustes

no produto. Algo que temos ouvido muito é justamente isso: as

grandes seguradoras são engessadas demais para ouvir e ajustar

e as novas insurtechs, que resolveriam este problema, não ouvem,

pois acreditam que apenas o digital seja o caminho. O contato com

corretor é primordial para conseguirmos disruptar (sic) o mercado e

entregar uma experiência melhor ao segurado.”

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NOVO OLHAR, OUTRA POSTURA

O “surfe” dos corretores na onda da transparência e agilidade

teve início no começo da década anterior, com as primeiras

experiências de corretoras online, recorda Forster. “Lembro-me que

em meados de 2010 surgiu a primeira corretora digital e isso nos

fez pensar sobre as mudanças do mercado. De lá para cá, o setor

colocou-se em um processo de transição, da era analógica para a

digital, de uma forma mais intensa. Vendas online, tecnologia em

várias frentes, sinistros mais leves de serem regulados, a utilização

de inteligência na criação e mitigação de novos produtos. Tudo isso

trouxe junto novas oportunidades, que até então eram mais difíceis

de se conseguir tangibilizar em vendas”, descreve o Forster.

“É certo que toda essa transformação trouxe um novo universo

de possibilidades, mas quem no final deverá ficar com maior

fatia disso, ainda não sabemos. O que podemos ver é que essa nova

onda digital trouxe com ela formas novas de se ofertar produtos que

também têm novas formas de coberturas. O corretor tem que estar

atento a isso e começar a montar suas estratégias. O grande ponto é

estar com a mente aberta para novas possibilidades, não estar preso

em processos antigos e, principalmente, ter coragem de, dentro

dessa transformação, ver as mudanças e mudar também, criar algo,

sair da zona de conforto, criar alianças. Essa reflexão é um grande

ponto para que cada um possa encontrar a sua onda, e possa surfá-

-la de forma consciente e consistentes”, analisa Forster.

Fundador e CEO da Flix, Felipe Barranco, também reconhece

o papel do corretor como fundamental para o mercado de seguros,

mas em tempos de transformação digital é preciso se reinventar: “Ao

criarmos uma seguradora 100% digital, nosso grande objetivo era

justamente descomplicar e democratizar o seguro. Essa também é

a realidade do corretor de seguros, que graças ao avanço da tecnologia

passa a contar com ferramentas que eliminam a burocracia

e entregam experiências superiores aos clientes, com respostas

em tempo real. Nesse cenário, as insurtechs contribuem com novas

abordagens e ferramentas, mas isso não interfere na importância

do corretor de seguros, que assume um papel cada vez mais consultivo.”

EXEMPLOS DE FORA

Das seguradoras que estão no sandbox da Superintendência

de Seguros Privados (Susep), Emir Zanatto cita três empresas que

oferecem oportunidades para corretores: Flix, 88i e ThinkSeg. “Todas

elas estão atuando com corretores ou estão estruturando isso para

atuarem. Mesmo no exterior, a Lemonade, que tinha a premissa da

venda direta, já pivotou para o corretor”, cita Zanatto.

Beto Barros também menciona o caso da Lemonade. A insurtech

americana pregava a venda direta, porém ajustou seu discurso

e passou a adotar corretores na jornada de venda: “Temos percebido

uma mudança na postura de muitas empresas que tiraram o

corretor da narrativa da companhia, ou que começaram 100% digitais

desde início, na esperança de que o digital, isoladamente, fosse

solucionar todos os problemas.”

“Seguradoras como Akad, Sura, Assurant, AIG, 88i, Flix, Zurich

e tantas outras, já estão com esse pensamento", enumera Forster,

EMIR ZANATTO,

da TEx

FELIPE BARRANCO,

da Flix

afirmando que o “grande ponto” é como

esses produtos chegam aos corretores,

pois, em muitos casos, eles não estão

disponíveis na ponta, diretamente pela

seguradora, para que o corretor possa

ofertar. “Claro que algumas seguradoras

como a Porto e SulAmérica já possuem

seguros em um modelo de venda digital,

onde o corretor pode ter uma landing

page ou até uma url dedicada para que

o corretor oferte diretamente em seu site

ou monte um modelo de worksite. Mas a

grande magia de tudo isso está nas conexões

que conseguiremos fazer, unificando

todas essas pontas: seguradora, assistências,

produtos, cobrança, emissão,

gestão, corretores e segurados.”

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EVENTO

INOVAÇÃO

ITC Vegas 2022 mostra que corretor

de seguros continua na operação

digital e é cada vez mais importante

ALGUNS TEMAS FORAM RECORRENTES ENTRE AS MAIS DE

40 SESSÕES ESPALHADAS EM DOIS ANDARES DO CENTRO DE

EVENTOS DO MANDALAY BAY. SEGUROS EMBUTIDOS, MUDANÇAS

CLIMÁTICAS, NOVOS FORMAS DE PRECIFICAÇÃO MOSTRARAM

QUE A MUDANÇA DO SETOR CONTINUA CONSTANTE

A

pauta das insurtechs mundiais

evoluiu. Se antes a sua atuação

seria totalmente digital e sem a

intermediação dos corretores

de seguros, agora os seguros embutidos

são a grande tendência. Este foi um dos

destaques do ITC Vegas 2022, que reuniu

cerca de 7 mil pessoas do mundo inteiro

para discutir e compartilhar inovações.

A discussão também foi em torno

dos seguros transacionados em blockhain

e com pagamentos em NFTs, cujo

sucesso dependerá da ação e regulação

dos governos. Em tempos de mudanças

climáticas, o grande desafio é trabalhar

na antecipação dos fatos, com a leitura

mais correta de dados locais e a sua devida

leitura. Nicole Farley, da Bold Penguim,

apontou que o desafio é levar o

seguro para um novo nível, porque ele

não está na linha de frente das empresas,

mas funciona como um complemento de

experiência para os clientes. Jennifer Fitagerald,

CEO da insurtech policyGenius,

afirmou que a distribuição precisa ser

pensada desde a concepção dos produtos,

assim como quais canais devem ser

usados e como podem ser intercalados.

Ou seja, mais de um canal será necessário

para distribuir os produtos de varejo.

A aliança com insurtechs será mais valorizada

a cada dia, por ambos os lados.

As sessões que trataram sobre distribuição

de seguros no ITC Vegas 2022

seguiram na direção de que os seguros

embutidos em outros produtos são a

tendência.

Kelly Lubiato, de Las Vegas

Há muitas corporações distribuindo seguros de diferentes

áreas, que embutiram produtos financeiros com sucesso e que agora

investem em seguros. Isso acontece porque estas empresas não querem

vender apenas seus produtos, mas colocar mais valor para os seus

clientes. “Eles têm dados que as companhias de seguros nunca terão

e conseguem engajar os clientes. A operação destes produtos é uma

grande oportunidade para o mercado de seguros crescer, disponibilizando

suas estratégias”, afirmou Matheus Riolfi, CEO da Tint.

Ele utilizou como exemplo a Uber, que contratou seguro de

acidentes pessoais para todos os seus motoristas parceiros, disponibilizando-o

para todos. “Os seguros embutidos (embedded insurance)

não dizem respeito apenas à distribuição, mas à forma como as

pessoas vão consumir seguros”, classificou Riolfi.

As startups que receberam um grande investimento estão

revendo seus conceitos, principalmente para rever se o seu produto

é escalável e se a tecnologia não é efêmera, porque os riscos são

inerentes ao negócio de uma startup.

PARTICIPAÇÃO DO CORRETOR DE SEGUROS

Se há seis anos era decretado o fim da corretagem de seguros

em favor das vendas online, hoje as insurtechs já sabem que

precisam da participação do corretor para completar a sua venda.

“Produtos massificados não precisam de participação dos corretores,

que permanecem para produtos mais detalhados e complexos”,

afirmou Riolfi.

Sebastien Bert, head of strategic partnerships US da Swiss

Re, ressaltou que o cliente quer saber de quem compra, porque as

pessoas compram de outras em quem confiam. Há seis anos, diziam

que os corretores iriam acabar. “Esta conversa acabou. 70% dos consumidores

precisam de alguém para dizer oi durante o processo de

venda. A consultoria é fundamental, com a tecnologia contribuindo

para este processo”, completou.

WRAP UP

Eduardo Venancio, da Fico, comentou que apareceram muitas

soluções de inteligência artificial, mas que a aplicabilidade delas

em seguros ainda é muito pequena. “Quando se descobre um certo

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Caribou Honnig, fundador do ITC, e Gustavo Doria,

Chairman do ITC Latam

Francisco Pantoja, da Apólice, Cesar Rojas, da El Asegurador e

Hernan Fernandez, da 100% Seguro

tipo de score com as informações necessárias, a pergunta é: como

se aplica este score? Hoje, temos milhares de dados”. Como exemplo

ele cita a aplicabilidade do score, no seguro de D&O, por exemplo,

em que se sabe os dados do cliente e as informações sobre os sócios.

Hamilton Martins, da Hannover Re, afirma que o desafio é

como se aplica a tecnologia para resolver um problema da vida

atual. “Na cadeia produtiva da seguradora é difícil saber qual problema

pode ser resolvido por cada tipo de tecnologia”, comentou

Martins. As peças deste Lego as empresas já conhecem, mas o desafio

é tomar boas decisões, com processos melhores, para aplicar

à sua operação.

Helio Kinoshita, vice-presidente e COO da Mitsui Sumitomo,

ressaltou que a experiência em eventos deste porte melhora o

aproveitamento ao longo dos anos. “Consegui conversar com o meu

pessoal do Silicon Valley para aliar as minhas necessidades ao que

eles estão investindo. Há muitas soluções para pequenas e médias

empresas, muito na questão de tributação e susbscrição e, principalmente,

fazer uma jornada mais simples para o cliente.

Tanto nas palestras quanto na feira, que contou com um espaço

maior e com a presença de mais de 100 expositores, havia muitos

temas ligados a data analytics, inteligência artificial, blockchain

etc. “A nossa delegação também foi enorme, o que propicia uma troca

de informações de valor imensurável”, ressaltou Kinoshita.

Heitor Ohara, um dos curadores de programação do CQCS

Experience, falou sobre uma experiência

de Personal Green que é juntar as informações

sobre estado mental, físico e financeiro,

com os dados sendo usados para realizar

uma precificação mais customizada.

Samy Hazan, outro curador do

CQCS Experience, destacou mudança da

postura das insurtechs, que antes não tinham

dúvidas sobre a sua forma de atuação.

O CEO da Hippo, por exemplo, reconheceu

suas falhas e que não entende

de risco, mas apenas de jornada digital.

“Agora ele contratou uma pessoa experiente

executivo de subscrição para atuar

na linha de frente da sua empresa”.

GRANDES ANÚNCIOS

O dia de pré-conferências do ITC

Vegas 2022 foi marcado por grandes lançamentos.

Logo pela manhã foi anunciado

o blog da Insurmarket Latam, projeto

do qual a Revista Apólice faz parte em

conjunto com a El Asegurador, do México,

e com a 100% Seguro, da Argentina.

O anúncio foi feito durante evento

promovido pela Equisoft para a comunidade

da América Latina. A Insurmarket

Latam reúne informações sobre os mercados

da região e tem como objetivo

compartilhar ações para promover o crescimento

do setor.

Também foi apresentada a versão

regional para o Insuretech Connect, que

agora passou à administração da Clarion.

Além das versões do ITC da Ásia e Europa,

agora será realizado o evento em Miami,

para a comunidade dos países da América

Latina, em 23 e 24 de abril de 2023.

Gustavo Doria, do CQCS, foi anunciado

como Chairman do evento latino.

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