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Atlas - Cortez Editora - Desigualdade no Brasil

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ATLAS DA EXCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL

reformas clássicas do capitalismo contemporâneo e ausência de democracia,

a exclusão social caracterizou a modernização conservadora do padrão

de consumo.

Posteriormente, ao longo das duas últimas décadas do século XX, a presença

do quadro da semiestagnação da renda por habitante manteve quase

inalterada a estrutura social da exclusão. Sem excedente econômico geral satisfatório,

as condições de repartição e enfrentamento da exclusão social tornaram-se

materialmente inferiores, mesmo com a retomada do regime democrático

e o estabelecimento de uma nova e importante Constituição Federal.

Com a expansão da oferta ainda mais abundante da mão de obra desde

1990, as condições de redução da desigualdade e da pobreza brasileiras se

apequenaram mais. O máximo que se observou foi a modernização do padrão

de consumo derivado da abertura comercial e financeira que desorganizou

as contas externas, tornando ainda mais vulnerável a economia nacional.

A dependência crescente ao exterior se fortaleceu à medida que o consumo

interno cresceu pelas importações e esvaziamento da estrutura produtiva

interna. Com isso, o crescimento econômico não se sustentou, provocando o

desemprego e a precarização generalizada do mundo do trabalho, bem como

a desordem nas finanças públicas e incapacidade de elevar o gasto social.

Somente a partir de 2004, quando o processo de acumulação de capital

voltou a se recuperar com base na ativação do mercado interno por força

de políticas de distribuição de renda, as condições de enfrentamento da exclusão

social tornaram-se mais robustas. Com resultados positivos das ações

de Estado e maior legitimidade da luta social, o Brasil reduziu significativamente

o desemprego, a pobreza e a desigualdade.

Entretanto, a economia nacional segue inserida entre os 15 países mais

desiguais do mundo, com pobreza absoluta acima do aceitável e distante

do pleno emprego de sua mão de obra. Mesmo que tardio, o Brasil sinaliza

a possibilidade de tratar da exclusão social em melhores condições, pois

sustenta um dos maiores e mais importantes regimes democráticos do planeta,

tem potencial de ampliar o movimento de acumulação de capital e

subordiná-lo aos desígnios do conjunto da sociedade.

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