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Entrevista:
diretor da ComBio Energia revela perspectivas para o ano de 2023
NOVOS HORIZONTES
PARA A BIOMASSA
DIVERSIFICAÇÃO DO SETOR
ATENDE A DEMANDA
CRESCENTE POR ENERGIAS
RENOVÁVEIS
PELO MUNDO
GUERRA DESTRÓI
INFRAESTRUTURA ENERGÉTICA
NA UCRÂNIA
ENERGIA TÉRMICA
FORNALHAS AUTOMATIZADAS REDUZEM
ACIDENTES DE TRABALHO
INDÚSTRIA DE GERADORES DE CALOR LTDA.
AQUECEDOR
FLUIDO TÉRMICO
Grelhado Móvel Suspenso;
Capacidade de até
15.000.000 kcal/h;
Queima de combustíveis
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SUMÁRIO
06 | EDITORIAL
Bioenergia em expansão
08 | CARTAS
10 | NOTAS
20 | ENTREVISTA
24 | PRINCIPAL
30 | INVESTIMENTO
Energia solar
34 | INFORME
Fornalha automatizada
36 | PELO MUNDO
Energias renováveis
40 | PRÊMIO REFERÊNCIA
52 | DESCARBONIZAÇÃO
Hidrogênio verde
58 | ARTIGO
64 | AGENDA
66 | OPINIÃO
O que esperar de resultados
da COP-27?
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EDITORIAL
A capa dessa edição traz a sede
da JSIC Comex, especializada em
comércio exterior
BIOENERGIA
EM EXPANSÃO
N
a Revista REFERÊNCIA BIOMAIS deste mês, apresentamos as novidades da JSIC Comex, especializada
na comercialização e instalação de máquinas e equipamentos para área de biomassa
de madeira. Com capacidade de produção de duas toneladas de pellets por hora, a empresa
investe em novos mercados para 2023, diante do aumento na procura por energias sustentáveis,
que alçaram o pellet de madeira como uma das principais fontes energéticas do mundo moderno.
Em entrevista exclusiva, Roberto Véras, diretor de sustentabilidade da ComBio Energias Renováveis, fala
sobre as oportunidades para o setor. Apresentamos também a cobertura completa do Prêmio REFE-
RÊNCIA 2022, edição especial de 20 anos, com as empresas destaques em biomassa. O Leitor confere,
também, matérias sobre energias renováveis, indústria, mercado e sustentabilidade. Uma ótima leitura,
um feliz natal e um próspero ano novo a todos!
EXPEDIENTE
ANO IX - EDIÇÃO 54 - DEZEMBRO 2022
Diretor Comercial
Fábio Alexandre Machado
(fabiomachado@revistabiomais.com.br)
Diretor Executivo
Pedro Bartoski Jr
(bartoski@revistabiomais.com.br)
Redação
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(jornalismo@revistabiomais.com.br)
Dep. de Criação
Fabiana Tokarski - Supervisão
Crislaine Briatori Ferreira - Me Hua Bernardi
(criacao@revistareferencia.com.br)
Mídias Sociais
Cainan Lucas
Representante Comercial
Dash7 Comunicação - Joseane Cristina Knop
Dep. Comercial
Gerson Penkal - Carlos Augusto
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Fone: +55 (41) 3333-1023
Dep. de Assinaturas
Cristiane Baduy
(assinatura@revistabiomais.com.br) - 0800 600 2038
ASSINATURAS
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A REVISTA BIOMAIS é uma publicação da JOTA Editora
Rua Maranhão, 502 - Água Verde - Cep: 80610-000 - Curitiba (PR) - Brasil
Fone/Fax: +55 (41) 3333-1023
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Veículo filiado a:
A REVISTA BIOMAIS - é uma publicação bimestral e
independente, dirigida aos produtores e consumidores de
energias limpas e alternativas, produtores de resíduos para
geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa,
estudantes universitários, órgãos governamentais, ONG’s,
entidades de classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente
ligados ao segmento. A REVISTA BIOMAIS não se
responsabiliza por conceitos emitidos em matérias, artigos,
anúncios ou colunas assinadas, por entender serem estes
materiais de responsabilidade de seus autores. A utilização,
reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados,
sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras
criações intelectuais da REVISTA BIOMAIS são terminantemente
proibídas sem autorização escrita dos titulares dos
direitos autorais, exceto para fins didáticos.
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CARTAS
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CAPA
Boas empresas que oferecem serviços e produtos de qualidade acabam por diversificar suas
atuações, ainda mais quando atingem uma larga escala e se voltam à sustentabilidade. É o caso da
MADEC, tema da capa da edição da Revista BIOMAIS.
Sérgio Oliveira - São Paulo (SP)
Foto: divulgação
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ENTREVISTA
O Grupo MADEM é referência no setor florestal brasileiro. Gostei de conhecer mais sobre a empresa Piomade, dedicada à
produção de biomassa por pellets. Mais um case de sucesso vindo do Rio Grande do Sul, com expansão dentro e fora do Brasil.
Celso Monteiro - Canoas (RS)
FEIRA LIGNUM
A Semana da Madeira realmente cresce a cada ano, agregando variados setores que envolvem a cadeia madeireira e florestal.
Parabéns pela cobertura, em especial sobre as empresas de energia renovável e biomassa que estavam com estandes na feira.
Simone Caldas - Curitiba (PR)
FOTOVOLTAICO
Muito interessante saber que o mercado fotovoltaico está crescendo e recebendo cada vez
mais investimentos. Pioneira em práticas sustentáveis, a companhia Ourolux investiu cerca de
R$ 100 milhões na criação de uma nova divisão voltada ao setor. São produtos inovadores que
trazem economia, baixo consumo energético e preço acessível aos consumidores.
Gabriela Souza - São José (SC)
Foto: divulgação
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na
mí
energia
biomassa
dia informação
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NOTAS
Foto: divulgação
INVESTIMENTOS EM ENERGIA
Ao completar 68 anos, a Copel consolida seu posto de maior empresa paranaense executando um amplo programa
de investimentos em todo o Estado. Um dos principais destaques, o programa Paraná Trifásico concluiu,
até o momento, a construção de 9.896 km (quilômetros) de novas redes trifaseadas em mais de 300 municípios. A
meta para 2022 deve ser alcançada com antecedência, de chegar aos 10 mil km – 40% do total que será construído
pelo programa. Até o final do programa, a Copel vai investir R$ 2,7 bilhões para construir 25 mil km de redes
trifásicas que substituem as antigas redes rurais monofásicas, modernizam a rede elétrica no campo e garantem
acesso mais barato à rede para os consumidores rurais. Até agora mais de R$ 1 bilhão já foi destinado às obras (R$
400 milhões estão sendo aplicados somente em 2022).
“A cada etapa concluída, o Paraná Trifásico incrementa a infraestrutura energética do Estado, promovendo
conforto e desenvolvimento”, explica o presidente da Copel, Daniel Slaviero. Ele destaca que a iniciativa contribui
para garantir segurança energética à população e aos setores produtivos. “As redes trifásicas contribuem para que
o Paraná possa crescer, gerar empregos e se desenvolver cada vez mais”, acrescenta.
OBRAS POR REGIÃO
Mais de 300 municípios paranaenses já foram beneficiados pelo Paraná Trifásico. A região centro-sul concentra
a maior parte das redes construídas: 2.247 km entregues até agora, com destaque para os municípios de Ortigueira,
que já recebeu 180 km de novas redes, Palmeira (169 km) e Reserva (147 km). Ponta Grossa, por sua vez,
está com 137 km de redes. Em seguida vem o oeste, que já recebeu 1.726 km de novas redes. Cascavel concentra
158 km de redes, Guaraniaçu, 95 km, e Assis Chateaubriand, 76 km. Na região leste, foram concluídos 1.702 km de
redes trifásicas. Rio Branco do Sul, com 210 km de novas redes, é o principal beneficiado, seguido por Lapa (192
km) e Bocaiúva do Sul (150 km).
No noroeste, a Copel concluiu 1.639 km de redes entregues, com destaque para Nova Cantu, com 91 km
construídos, Campina da Lagoa (83 km) e Tuneiras do oeste (74 km). No norte a nova estrutura chega a 1.440 km:
Londrina concentra 88 km, Cândido de Abreu, 84 km e Ivaiporã, 80 km. Por sua vez, a região sudoeste, possui
1.142 km de redes do programa: Francisco Beltrão e Chopizinho receberam 80 km de redes cada um e o município
de Verê, 72 km.
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BIOGÁS
A geração de energia verde por meio da captação e do tratamento do biogás gerado nos aterros sanitários da
CRVR (Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos) do Grupo Solví está em expansão no Rio Grande do
Sul. Agora, a Biotérmica Energia está presente em mais três UVS (Unidades de Valorização Sustentável) da empresa:
Santa Maria, Victor Graeff e Giruá. As inaugurações de Giruá e Victor Graeff foram em setembro, e em Santa Maria
a inauguração aconteceu em outubro. Todos os eventos contaram com a participação dos gestores das unidades,
autoridades locais, além de seus respectivos prefeitos de cada município e representantes da câmara de vereadores
e da comunidade. Para essas novas térmicas, o investimento total foi de R$ 25 milhões. Esse foi o primeiro projeto entregue
do plano de investimentos da CRVR, que prevê mais de R$ 1 bilhão nos próximos 5 anos no desenvolvimento
de tecnologias que ofereçam melhorias ao meio ambiente, impactando também a comunidade de maneira positiva
com a geração de novos empregos e valorização de resíduo.
Para o ano de 2023, a UVS de São Leopoldo da CRVR também deve ganhar sua biotérmica. Dessa forma, todas
as UVS da CRVR irão gerar energia elétrica verde a partir dos resíduos orgânicos depositados nos aterros sanitários.
“É muito gratificante conseguir reaproveitar e gerar valor com itens que são considerados resíduos pela sociedade”,
destaca a Supervisora da Biotérmica de São Leopoldo da CRVR, Andressa Schummacher.
Na cerimônia de inauguração das biotérmicas de Giruá e Victor Graeff, Leomyr Girondi, diretor-presidente da
CRVR, agradeceu a parceria com os municípios e o empenho de todos os colaboradores que fizeram com que o
projeto se concretizasse. O superintendente técnico da CRVR, Rafael Salamoni, também aproveitou a oportunidade
para ressaltar a importância de transformar resíduos em energia: “Dessa forma, demonstramos na prática que todas
as nossas ações estão baseadas em nosso grande compromisso com o meio ambiente e a sociedade.”
A CRVR recebe os resíduos sólidos urbanos e dispõe adequadamente em aterro, preservando solo e água. Os
resíduos orgânicos se decompõem, iniciando o processo de geração de gás, que é canalizado e enviado para a purificação.
Na etapa seguinte, são abastecidos os motores a combustão com o gás metano proveniente da decomposição
dos resíduos, e os motores geram energia elétrica. Esta energia é enviada para a rede elétrica.
Foto: divulgação
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
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NOTAS
SEMINÁRIO ESG
O Campus da Indústria da FIEP (Federação das Indústrias
do Estrado do Paraná), em Curitiba (PR), recebeu em outubro
o Seminário Executivo de Prática de ESG e Sustentabilidade,
promovido por três instituições referenciais no assunto: a
Paraná Metrologia, a UNILIVRE (Universidade Livre do Meio
Ambiente), e o SESI Paraná (Serviço Social da Indústria). O
evento foi voltado para empresas, áreas governamentais e
estudantes. “Estamos vivendo uma das mais severas crises
climáticas dos últimos 200 anos. Não a maior da história do
planeta, porque seguramente nosso planeta já viveu várias
crises climáticas e algumas seguramente mais caóticas e
catastróficas do que essa. Mas, do ponto de vista de nossa
espécie, da humanidade, é a maior que já enfrentamos.
Cientistas e estudiosos, órgãos e institutos multilaterais da
ONU são unânimes em alertar que se trata de uma crise de
extinção”, alarmou Carlos Alberto Tavares Ferreira, presidente
da FUNTAFE (Fundação Tavares Ferreira), que desenvolve atividades relacionadas à ecocultura, educação, ciência e meio ambiente.
Ferreira comandou o painel: ESG I – Desafios e Perspectivas de Financiamento ESG e Créditos de Carbono no contexto das Economias
Verdes e Azuis. “Essa alteração climática poderá causar a extinção de grande biodiversidade de fauna e da flora. Correm o risco
de extinção vários biomas e grande diversidade de espécies, inclusive um grande risco para a própria espécie humana.”
A sigla ESG (em inglês) significa questões ambientais, sociais e de governança. Um dos temas que estão relacionados é a mitigação
de gases de efeito estufa pela chamada pegada de carbono. O palestrante explica que é preciso estruturar e modernizar os
processos produtivos para diminuir a degradação causada pelo ser humano no meio ambiente e criar medidas atenuantes. “Créditos
de carbono são instrumentos, mecanismos e ferramentas de geração de valores e recursos que promovam efetivamente a proteção,
recuperação e preservação socioambiental. Hoje, créditos de carbono, ESG e crise climática são palavras e temas indissociáveis, não
há como falar ou tratar de um, sem falar e tratar de todos”, pontua.
Sendo assim, como mitigar as pegadas de carbono? “O ideal é que não poluíssemos, ou que conseguíssemos auto mitigar nossas
próprias pegadas, mas como isso é tecnicamente e no cotidiano praticamente impossível, os créditos de carbono são um importante
instrumento socioeducativo e punitivo, para aqueles que poluem muito e que ainda não conseguem zerar os impactos negativos
que causam no meio ambiente e no planeta. Sendo assim, é fundamental que o hemisfério norte, que foi e é o maior gerador de
emissões de gases de efeito estufa, arquem com os custos da recuperação e preservação socioambiental, em outras proporções e
medidas, mas num mesmo círculo de reflexão, a mesma coisa acontece com as estruturas produtivas e de negócios, que afetam a
comunidade e os biomas onde estão inseridos.”
Com base nessa espécie de multa paga por quem mais polui, os créditos de carbono seriam recursos aplicados na preservação
do meio ambiente. “São recursos para serem usados na preservação, as águas que bebemos, os solos que nos alimentam e as florestas,
rios e mares que nos geram oxigênio e vida.”
Ferreira relata, ainda, que há esforços em vários locais do mundo como Europa, China e EUA (Estados Unidos da América), que já
aderiram à agenda de uso consciente dos recursos do planeta e buscam alternativas ao grande consumo dos combustíveis fósseis,
um dos maiores vilões. Segundo ele, o Brasil está na contramão: houve algum avanço na consciência social, mas falta regulamentação,
legislação e boa vontade. “Todo ser humano, todo brasileiro precisa entender que ser ambientalista não é ser de esquerda ou de
direita, mas é ser responsável com a vida, com nossos filhos e com as próximas e futuras gerações.”
A responsabilidade, segundo o palestrante, é da sociedade, mas também individual e de cada organização. “Cada um de nós
deve buscar entender e mitigar sua pegada e igualmente nossas empresas e negócios. O ESG é para isso, para entendermos o risco
do negócio e para pensarmos em como podemos trabalhar para ajustar e equilibrar cada um dos itens do tripé de nossa empresa ou
empreendimento.”
Além disso, o Paraná está tomando a dianteira no país, com o lançamento dos primeiros passos: Projeto Paraná NET Zero; com
ações que podem ser aderidas pelas empresas do Estado. “Se implementarmos verdadeiramente o ESG em todas as indústrias e empresas
do Paraná, e se tivermos o apoio de nossos governos, podemos sensibilizar nossa população para que cada cidadão zere, nos
próximos anos, suas pegadas de carbono”, considera Ferreira.
Foto: divulgação
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BIOENERGIA
Em uma comparação entre o setor sucroenergético e a agroindústria da palma de óleo, pesquisadores de quatro
instituições brasileiras apontam que o dendê possui acentuada capacidade para imobilização do carbono atmosférico,
reflorestamento de áreas degradadas, cultivo em solos ácidos e pobres, restauração do balanço hídrico e liberação de
oxigênio. O artigo: Dendê no Brasil - potencial para o sistema produtivo de óleo vegetal mais sustentável do planeta; foi
escrito por André Bernardo, Márcio Turra de Ávila, ambos da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos); Edson Barcelos
da Silva, da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária); Jayr de Amorim Filho, do ITA (Instituto Tecnológico
de Aeronáutica); e Rafael Silva Capaz, da UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá).
De acordo com os autores, muitas destas possibilidades encontram correspondência na indústria de açúcar e etanol.
“A cana-de-açúcar e a palma de óleo são culturas que expressam profunda similaridade no que se refere ao fornecimento
de seus principais produtos (caldo de sacarose e óleo vegetal, respectivamente) e de resíduos”, observam os pesquisadores.
Em linhas gerais, os autores pontuam que a agricultura familiar e a população rural sofrem impacto positivo no entorno
dos empreendimentos agroindustriais com a palma de óleo, em decorrência da oferta de trabalho de qualidade e com
salários superiores aos vigentes na região, da melhoria da segurança alimentar e do bem estar das famílias pelo aumento
da renda domiciliar, e da consequente redução da pressão sobre os recursos naturais, notadamente na caça, pesca, extração
ilegal de madeira, carvão, etc., pelo atendimento das necessidades mínimas da comunidade em função da massa
salarial que passa a circular locorregionalmente, gerando diversas oportunidades do ponto de vista socioeconômico.
Também defendem que a comparação da ocupação das áreas degradadas atuais com práticas de décadas ou séculos
atrás não faz o menor sentido. As críticas que se fazem à cultura do dendê equivalem esta iniciativa à implantação da
cana na Zona da Mata no século XVI ou do café na Mata Atlântica no século XIX. Tal equivalência em 2022 não deveria ser
considerada. No entanto, é absolutamente necessário entender que o aproveitamento econômico sustentável de áreas
degradadas pode ser ferramenta de proteção ambiental ao gerar oportunidades à comunidade que vive no local, não
sairá de lá e precisa de alternativas sustentáveis de renda. A simples proibição de qualquer atividade na Amazônia Legal,
ignorando as necessidades econômicas da sua população, não apresenta fundamento contributivo. Apesar disso, há uma
insistência pouco racional na estratégia. Dessa forma, é plenamente possível a aptidão do Brasil para o cultivo do dendê e
o fomento de sua agroindústria, com reais condições de vir a ostentar os plantios mais sustentáveis do planeta, defendem
os articulistas.
Foto: divulgação
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
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NOTAS
ENERGIA EÓLICA
Projetos de PD&I (pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação) conduzidos por petroleiras, serão importantes para
que o Brasil conheça melhor seus recursos para geração de energia eólica no mar e possa impulsionar essa nova fonte em meio
à transição energética global, concluíram em seminário realizado recentemente, os agentes do setor de energia e representantes
do governo brasileiro. A energia eólica offshore virou objeto de interesse de empresas como Petrobras, Shell e Equinor, que
veem nela uma alternativa para descarbonizar seus portfólios no Brasil aproveitando sua experiência em alto mar e potenciais
sinergias com operações de exploração e produção de petróleo e gás.
“A agência reguladora ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já contabiliza dez projetos de
PD&I de petroleiras dedicados a identificar e desenvolver soluções para geração eólica offshore”, disse Symone Araújo, diretora
da agência, durante seminário. Segundo ela, os projetos relacionados a compromissos contidos nos contratos de exploração e
produção das petroleiras, ganharam mais incentivo após atualização regulatória, que permitiu que os investimentos pudessem
ser direcionados a temas da transição energética, como hidrogênio e captura de carbono. “É muito relevante esse movimento.
Entendemos que há um papel relevante da cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação [nos contratos] para que a gente
possa cada vez mais acelerar e estar on board no processo de transição energética”, disse Symone.
Gustavo Pires Ponte, representante da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), lembrou que a cessão de uso de recursos no
mar será gratuita para atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, conforme decreto assinado pelo governo no
início deste ano para desenvolver a geração eólica offshore.
O MME (Ministério de Minas e Energia) vem avançando com a regulamentação necessária para que os projetos comecem a
sair do papel. Atualmente, os empreendimentos eólicos offshore em licenciamento no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) somam 169 GW (gigawatts) de potência. Grandes grupos de energia e petroleiras
vêm estudando oportunidades na fonte, que pode se tornar uma alternativa para a produção de outros combustíveis do futuro,
como hidrogênio verde.
“Esses projetos de pesquisa e desenvolvimento vão nos ajudar na superação desses desafios todos, como na formação de
mão de obra. Há um desafio de se conhecer melhor o recurso eólico no mar. Precisamos reduzir as incertezas, porque ainda
nos baseamos em dados de modelos de satélite. A Petrobras é um ótimo exemplo, com recursos de P&DI, fizeram a medição de
ventos no mar”, afirmou Gustavo.
A Shell está conduzindo estudos sobre a fonte focados em entender os recursos eólicos no Brasil, a fim de desenvolver
tecnologias que sejam mais compatíveis com a realidade nacional”, disse Camila Brandão, gerente do programa de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico em geração renovável da Shell Brasil.
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BENEFÍCIOS DO ICMS
O governador Rodrigo Garcia, de São Paulo, anunciou no final de novembro a alteração do regulamento do ICMS
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de serviços relacionados à bioenergia. O objetivo é fomentar o
uso de combustíveis renováveis e aumentar a competitividade no mercado paulista. Na ocasião, o governo paulista
também assinou o acordo de cooperação com a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), visando
o aproveitamento de energia solar fotovoltaica, aquisição de energia do mercado livre e implementação de usinas
solares para a geração e compensação de créditos de energia elétrica nos prédios públicos.
“O incentivo fiscal é um instrumento que promove desenvolvimento econômico, pois encoraja setores estratégicos
do Estado a contribuir com novas práticas. Hoje estamos fazendo uma escolha pela sustentabilidade e pela perspectiva
de mudança da matriz energética do Estado de São Paulo”, disse Rodrigo Garcia.
O benefício de diferimento do ICMS vale para operações internas com biogás e biometano quando o gás natural
for consumido em processo de industrialização em usina geradora de energia elétrica. Neste caso, o lançamento do imposto
é realizado apenas no momento em que ocorre a saída da energia do estabelecimento industrializador e permite
maior fôlego financeiro para as empresas produtoras. A medida faz parte do PPE 2050 (Plano Paulista de Energia) para
que o Estado alcance a neutralidade das emissões líquidas de gases de efeito estufa em diferentes setores. A ação também
vai ao encontro dos compromissos internacionais, Race to Zero e Race to Resilience, que São Paulo assinou com a
ONU (Organização das Nações Unidas), e do PAC-2050 (Plano de Ação Climática), lançado durante a COP27, no Egito. O
decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado e já está em vigor.
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NOTAS
ENERGIA SOLAR
A Vila Restauração, localizada em Marechal Thaumaturgo (AC), na Reserva Extrativista do Alto Juruá, foi escolhida
por uma empresa de energia para o desenvolvimento de uma experiência de autossuficiência energética.
Atualmente, os 200 habitantes deste local isolado no Acre recebem fornecimento energético contínuo gerado
por placas solares.
A (Re)Energisa, empresa do grupo de setor energético voltada para o desenvolvimento de soluções em
energia solar, contou com ajuda da unidade acriano e R$ 20 milhões em investimentos para conseguir deslocar
os equipamentos necessários para a instalação de geradores com backup de 828 kW/h (quilômetros por hora)
- quatro racks de baterias, de 207 kW/h cada, instalados em contêiner com sistema de refrigeração e combate a
incêndio próprios - .
O principal objetivo era criar capacidade de armazenamento suficiente para atender as 222 unidades conectadas
à recém criada rede. Para isso, a empresa precisou instalar na região um conjunto de 580 placas solares
fotovoltaicas, com capacidade de 325 kWp. Para garantir o sistema limpo, dois geradores a biodiesel foram substituídos
por baterias de lítio para armazenamento de energia.
Gustavo Buiatti, diretor de desenvolvimento, negócio e tecnologia da (Re)Energisa, explica que esse arranjo
entre captação e armazenamento energético é que torna o projeto uma experiência relevante, ao gerar energia
limpa numa pequena unidade de fazenda solar para atender apenas às necessidades dos moradores locais. "Você
despacha para a bateria e deixa ela fazer o serviço, porque ela é muito dinâmica e traz a qualidade para o sistema
elétrico", explicou Buiatti.
Após a implementação do projeto, a (Re)Energisa monitora o sistema instalado no Acre de forma remota, a
partir da sede na cidade de Uberlândia (MG). Até o momento, foram gerados mais de 1,33 GW/h (Gigawatts por
hora) na comunidade, que também conta com 840 kW/h armazenados.
Buiatti diz que há um mercado a ser explorado para esse tipo de geração de energia, além de que o armazenamento
por bateria é uma solução sustentável. "Estamos mapeando consumidores que precisam ter esse
aumento de disponibilidade de energia. A partir daí, criamos uma solução específica para aquela demanda",
completou.
Foto: divulgação
16 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Foto: divulgação
LÍDER EM PRODUÇÃO
O Rio Grande do Norte é o Estado líder em produção de energia eólica no Brasil. A força dos ventos impulsiona aerogeradores
gigantes, que cortam os céus do litoral ao sertão potiguar. A produção local, de todos os parques do estado,
está integrada ao sistema interligado nacional - sistema de produção e transmissão de energia elétrica do país-, que
escoa a produção de acordo com as demandas de cada região.
Em operação desde 2014, o complexo eólico Campos dos Ventos, na cidade interiorana de João Câmara, foi o primeiro
parque de uma das empresas que mais investiram em parques eólicos no Estado, e uma das maiores companhias do
segmento de energia renovável do país, que tem sede em Campinas (SP).
No Estado, a companhia construiu 423 turbinas eólicas em 33 parques, uma capacidade instalada para gerar 840 MW
(megawatts) de energia. Já são 250 empregos criados em cidades como João Câmara, Parazinho, Touros, São Miguel do
Gostoso e Baía Formosa.
Recentemente, executivos da empresa inauguraram um escritório local em Natal, demonstrando intenção de continuar
investindo no Estado, que tem tudo que é necessário para produzir energia limpa, não-poluente.
"O Rio Grande do Norte é um Estado fundamental, estratégico para o Brasil. O que atrai investimento e vai continuar
atraindo é o potencial de vento. Então a gente tem vento o ano inteiro, tem muito bem definido os períodos de vento,
o que facilita a gente planejar pra poder gerar energia limpa", explica Francisco Galvão, diretor de operação da CPFL
Renováveis.
A produção beneficia não só o próprio Rio Grande do Norte, mas consegue ser escoada para outras regiões.
"O Rio Grande do Norte não é uma ilha. A gente não está isolado do resto do país. A energia que é produzida aqui, ela
não é consumida aqui. Toda essa energia gerada a partir dos parques eólicos, por exemplo, elas entram em uma grande
rede nacional. Então essa energia que está sendo produzida aqui pode ser consumida no Rio Grande do Sul, em São Paulo.
Só que depois ela é distribuída para um sistema abaixo, que são as distribuidoras. E aqui no Rio Grande do Norte, no
nosso caso, temos o grupo Neoenergia, que distribui para todos nós, para a população de maneira em geral. E é bom que
seja assim", afirma Darlan Santos, diretor-presidente do CERNE (Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia).
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
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NOTAS
Foto: divulgação
FÁBRICA DE PAINÉIS
Foi inaugurada no final de outubro em Cascavel (PR) a indústria Sengi Solar, maior fábrica de painéis solares
fotovoltaicos do Brasil. A unidade no oeste do Paraná recebeu investimentos de R$ 220 milhões e vai gerar mais
de 1.500 postos de trabalho diretos e indiretos.
A fábrica conta com equipamentos automatizados de última geração e capacidade produtiva de 3.600 módulos
por dia, o que representa 500 MWp (megawatts-pico) por ano. Operando em três turnos, a empresa possui
potencial para produzir uma placa fotovoltaica a cada 23s (segundos). Com esse volume, os painéis fotovoltaicos
fabricados na indústria poderão gerar 63 GW/h/ano (gigawatts por hora, por ano).
Contando com engenharia de produto nacional e com aporte também na pesquisa e inovação, a Sengi Solar
desenvolveu uma linha de produtos de alta eficiência e durabilidade. Os módulos fotovoltaicos são produzidos
com insumos provenientes de fornecedores de diferentes partes do mundo.
A instalação da planta em Cascavel também deve estimular a reindustrialização nacional com foco em produtos
do futuro, destacou o presidente das empresas do Grupo Tangipar, Daniel da Rocha. “Esta é a primeira de
muitas fábricas que virão, porque ela também representa um estímulo à inovação e ao fortalecimento do setor
fotovoltaico no Paraná e no Brasil.”
O Grupo Tangipar, controlador da nova unidade, acredita que o aumento da demanda por insumos industrializados
para a fabricação de módulos solares viabilizará novas fábricas vinculadas à cadeia de suprimentos do
silício, vidro, polímeros e metalurgia.
A nova unidade industrial do grupo paranaense, que tem inserção internacional e faturamento anual próximo
a R$ 3 bilhões, vai ampliar a oferta de produtos de energia renováveis de alta tecnologia, expandindo os níveis de
qualidade e atendimento no mercado nacional.
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SERRAS E FACAS INDUSTRIAIS
Quem usa as
facas DRV,
está pronto para
picar todos os
tipos de madeira!
ENTREVISTA
Foto: divulgação
ENTREVISTA
ROBERTO
VÉRAS
Cargo: Diretor de sustentabilidade da
ComBio Energia
Formação: Formado em Administração
e Comunicação Social, é diretor de
sustentabilidade na ComBio. Também é
membro do conselho fiscal do Sistema
B e membro do conselho consultivo da
UNESCO-SOST Transcriativa. Na COP26
e COP27, participou de painéis sobre
o mercado de transição energética e
economia circular.
PRODUTIVIDADE
EM ASCENSÃO
O
ano de 2022 foi de muitos resultados para a ComBio Energia, eleita Best for the World na
categoria Meio Ambiente. Criada em 2008 e considerada uma Empresa B (que tem como
modelo de negócio o desenvolvimento social e ambiental) desde 2014, a ComBio é uma das
protagonistas no Brasil em fornecimento de energia proveniente de biomassa, com atuação
em todo o país, contribuindo para a migração energética com a substituição do uso de combustíveis
fósseis. Atualmente, as operações da ComBio Energia reduzem a emissão de aproximadamente 450 mil
toneladas de CO2/ano (gás carbônico por ano). A estimativa, até 2024, é evitar que cerca de 900 mil toneladas
de CO2/ano sejam lançadas na atmosfera. Diretor de sustentabilidade da ComBio, Roberto Véras,
atua na empresa desde 2009. Nessa entrevista exclusiva à Revista REFERÊNCIA BIOMAIS, Véras detalha as
perspectivas para a empresa diante do cenário atual da biomassa no Brasil e no mundo.
20 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Como foi o ano de 2022 para a ComBio Energia?
O ano de 2022 foi muito bom para a ComBio, tanto
pela entrega de nossas operações em andamento, como
pela perspectiva de aumento da produção futura. Um
destaque para o ano foi o fechamento de dois contratos
com a Ingredion, uma empresa norte americana que
produz insumos à base de milho. Esses projetos são de
grande porte, e terão uma capacidade instalada de 300
ton/h (toneladas por hora). Serão duas caldeiras de 100
ton/h no município de Mogi Guaçu (SP), e duas caldeiras
de 50 ton/h em Balsa Nova (PR). Essa quantidade nos leva
a um parque de caldeiras de praticamente 800 ton/h de
capacidade nominal instalada.
Houve algum novo investimento em estrutura,
sede, produtos ou serviços que queiram enfatizar?
Podemos destacar a mudança de nossa sede, em
São Paulo (SP), para um novo escritório, um espaço de
1000 m² (metros quadrados), totalmente reformado e
com capacidade para comportar até 150 pessoas. Nosso
escritório administrativo em Piracicaba (SP) também cresceu
com o aumento no número de colaboradores locais
para atuar em nossos projetos na região: uma unidade
de vapor com a Klabin, uma área de plantio de eucalipto
e, a novidade de 2022, o nosso laboratório de pesquisa
e desenvolvimento ComBio. O laboratório da ComBio
expande a nossa estratégia com biomassa, pois passamos
a oferecer para o mercado análises laboratoriais de
biomassa, cinzas e águas de processos.
Além disso, foram realizados também
investimentos em maquinário florestal,
o que nos leva hoje a um parque de
máquinas de mais de cinquenta equipamentos,
dentre picadores, escavadeiras
e colheitadeiras.
europeu, construindo estações de liquefação do gás para
poder exportar e suprir, assim, a demanda causada pela
guerra. Esse movimento traz um aumento natural no
preço do combustível, que evidencia ainda mais a baixa
competitividade do gás natural quando comparado à
biomassa. Embora a própria biomassa também tenha
sofrido um aumento em seus preços, ela não perdeu
competitividade, uma vez que o gás natural, que é a
alternativa da biomassa na geração de energia térmica,
inflacionou ainda mais.
Qual a perspectiva da empresa e do setor da biomassa
para 2023?
O mercado de biomassa no Brasil é muito amplo,
com cenários muito diferentes a depender da região.
No Estado de São Paulo, por exemplo, já existem muitas
indústrias com caldeiras à biomassa. Temos um setor
com bastante demanda, que concorre, por exemplo, com
papel e celulose. Já o bagaço de cana-de-açúcar pode ser
usado também na geração de energia elétrica; a ComBio,
que produz energia térmica, tem nessa área uma concorrência
de uso.
E como isso afeta a produção da empresa?
Para que não haja nenhum tipo de limitação, não
ficamos dependentes de nenhuma biomassa específica.
Então, o bagaço de cana-de-açúcar e o cavaco de
madeira, por exemplo, que são os mais conhecidos,
Como a guerra na Ucrânia e o
cenário mundial vêm afetando o
mercado?
A guerra da Ucrânia trouxe uma
grande movimentação no mercado de
combustíveis, porque afeta diretamente
o fornecimento de gás natural da Rússia
para países da Europa, em especial a
Alemanha. Com isso, países como os
EUA (Estados Unidos da América), por
exemplo, passam a ter interesse em
exportar gás natural para o continente
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
21
ENTREVISTA
usamos em nossa estratégia, porém não são os únicos. A
vantagem de operar no Brasil é que somos uma potência
agrícola, que produz uma série de resíduos em diferentes
atividades, muitas vezes até subaproveitados, sem um
olhar adequado de destinação. O mercado de resíduos
tem muitas oportunidades que não foram olhadas com
atenção e não possuem ainda a tecnologia para extrair,
processar e queimar na caldeira. A parte central da nossa
estratégia é pesquisar novas opções de biomassa e viabilizar
essas alternativas não convencionais como combustível
para nossas operações.
De que forma o movimento ESG (ambiental, social
e de governança) e a busca por energias sustentáveis
incentiva a produção e a competitividade da ComBio?
A preocupação das empresas em se enquadrarem e
atenderem a agenda de ESG aquece muito o mercado
onde atuamos, principalmente porque quando decupamos
a sigla e olhamos para a parte de meio ambiente, o
principal fator ofensivo da indústria é a emissão de gases
de efeito estufa. Hoje no Brasil, a geração de energia
elétrica e energia de transporte já possuem uma matriz
com muitas opções renováveis. O principal ofensor nessa
emissão de carbono é a geração de energia térmica, que,
por meio de uma caldeira, é preciso queimar algum tipo
de combustível para aquecer um sistema de água. Para
o perfil de cliente onde atuamos, as alternativas que
eles têm são o óleo BPF, o gás natural ou a biomassa,
sendo as duas primeiras combustíveis fósseis, enquanto
a biomassa é renovável. Quando olhamos para empresas
de setores como papel e celulose, mineração, alimentos e
bebidas ou fábrica de pneus, a maior parte de suas emissões
– que podem chegar até a 90% – vem da queima de
combustíveis fósseis em caldeiras, que é o principal ponto
a ser atacado em um projeto de redução de emissões.
Dado que a biomassa é a única alternativa renovável para
geração de energia térmica, a única forma de redução
de emissões para essas grandes empresas é migrar para
uma caldeira à biomassa. É o único caminho viável para
alcançarem o net zero. Ou elas migram sua operação para
uma caldeira à biomassa ou terão que comprar muitos
créditos de carbono para atingirem sua neutralidade.
A vantagem de operar no
Brasil é que somos uma
potência agrícola, que produz
uma série de resíduos em
diferentes atividades, muitas
vezes subaproveitados na
geração de biomassa
22 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Máquinas e equipamentos
para a indústria de
PELLETS DE BIOMASSA
•Capacidade de produção
acima de 1.5 TPH
PRINCIPAL
NOVOS MERCADOS
PARA A
BIOMASSA
EMPRESA INVESTE EM
DIVERSIFICAÇÃO PARA
ATENDER A INDÚSTRIA
DE PELLETS
FOTOS EMANOEL CALDEIRA
24 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
25
PRINCIPAL
C
om capacidade de produção de duas
toneladas de pellets por hora, a JSIC Comex
– especializada na comercialização e
instalação de equipamentos e máquinas
para área de biomassa de madeira – está investindo
em novos mercados para 2023, diante do aumento
significativo da procura por energias sustentáveis, que
vislumbram no pellet de madeira uma das principais
fontes para gerar energia limpa. “A indústria vai precisar
fazer novos investimentos e aumentar a capacidade
de produção para atender a demanda de mercado,
tanto nacional, quanto internacional. Nossas expectativas
são atender nossos clientes que desejam aumentar
suas capacidades de produção, em seguida ajudar a
montar novas plantas em todo o Brasil. Estamos preparados
para atender nossas importações e o mercado
brasileiro. Sabemos da demanda na Ásia, Europa e EUA
(Estados Unidos da América), já que nossos clientes estão
se movimentado em investimentos e infraestrutura
para atender esse setor em pleno crescimento”, projeta
Dalclis Azevedo, gerente da JSIC Comex.
Com sede em Curitiba (PR), a empresa trabalha
com importação e exportação de máquinas, peças
de reposição, equipamentos, plantas completas de
produção, desenvolvimento de projetos e consultoria
técnica. “Distribuímos máquinas, peças e prestamos su-
26
www.REVISTABIOMAIS.com.br
porte técnico aos nossos clientes. Assim que adquirem
nossos equipamentos, a equipe técnica pré-agendada
faz a instalação e startup das máquinas e do processo.
Em seguida, há um treinamento da equipe interna do
cliente que vai operar a máquina para que saibam todos
os processos para conseguir a melhor performance
de produção”, enfatiza Dalclis.
Importante destacar, ainda, que esse trabalho reflete
diretamente na imagem que a empresa possui
no mercado. "Estamos falando de uma empresa séria
e competente, que entrega o que promete e ainda
presta assistência qualificada. Estamos há mais de um
ano trabalhando com a JSIC Comex e estão sempre
disponíveis quando precisamos. Os recomendo com
tranquilidade e segurança", elogia Ademir Beraldin, diretor
da indústria de pellets Vesúvio, de Araucária (PR)
–, que se tornou referência no processo de peletização,
com equipamentos instalados em uma planta modelo
muito bem estruturada na região metropolitana de
Curitiba.
MARCA RECONHECIDA
O ano de 2022 reforçou o posicionamento da JSIC
Comex no mercado industrial de pellets. “Nossa marca
é reconhecida e citada quando se fala em investimentos
na produção de biomassa de madeira. Substituímos
outras máquinas adquiridas por clientes que não
funcionavam adequadamente. Nossos equipamentos
dão segurança e isso é essencial no mercado. Temos
muito orgulho de vê-los aumentar suas plantas para
instalação de mais máquinas e dobrar a capacidade
de produção. Nossos clientes já sinalizaram o aumento
das plantas e a aquisição de novas máquinas para 2023.
É um orgulho sermos procurados com um feedback positivo
de que nossos equipamentos atendem as expectativas”,
ressalta Dalclis.
Outro ponto alto do pós-venda são as equipes técnicas
da Retsul de Santo Augusto (RS), parceiros que
atendem os clientes da JSIC Comex praticamente 24h
(horas) por dia prestando consultorias, serviços técnicos,
suporte e manutenções periódicas. “Todos nossos
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 27
PRINCIPAL
clientes possuem um canal direto de comunicação
com a equipe técnica 24h por dia. Sempre que possível,
nossa equipe de vendas faz uma visita técnica nas
plantas dos clientes antes da instalação da máquina
para dar suporte e consultoria, avaliar a matéria-prima,
instalações, consumo de energia e capacidade de produção”,
destaca Dalclis.
Esse aspecto também é reconhecido pela Dimetal,
empresa de Ibaté (SP). “Conhecemos a JSIC há cerca de
2 anos, quando adquirimos uma peletizadora entregue
conforme o contrato. Todas as vezes que necessitamos
de garantia, ou até peças de reposição, fomos prontamente
atendidos pela empresa”, relata Antonio Donizetti
Ferreira, gerente geral da Dimetal.
“A equipe da JSIC Comex conhece muito das máquinas
e isso facilita as soluções de problemas iminentes
à produção. Por estes motivos, devemos fazer novas
aquisições de máquinas junto a JSIC e certamente indicaremos
para possíveis compradores interessados em
peletizadoras”, recomenda Antonio.
LANÇAMENTOS
Dalclis Azevedo enfatiza ainda os lançamentos e
pontos altos da empresa ao longo desse ano. “Temos
dois modelos principais de peletizadoras com capacidade
de produção de duas toneladas por hora. Nossos
clientes, por meio de uma consultoria junto a JSIC, podem
optar pelo modelo mais vantajoso com sua linha
de produção e a qual se adapta mais facilmente a cada
processo. Temos peças de reposição disponíveis a um
preço acessível dentro da média de preços de mercado
e prezamos pela alta qualidade de materiais e de
rendimento.”
De acordo com o gerente da JSIC Comex, existem
opções na taxa de compactação das matrizes, oferecendo
a oportunidade ao cliente de peletizar, tanto
com biomassa de eucalipto, quanto de pinus, apenas
fazendo a troca da matriz. “Em cerca de 2h (horas), a
planta pode substituir a produção de biomassa de
pinus para eucalipto, e vice-versa. Sabemos que existem
dificuldades para adquirir matéria-prima e essa
opção é uma saída para o processo não parar”, exemplifica
Dalclis.
MECANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
A industrialização diminui custos de produção do
pellet, tornando o resultado final mais competitivo e
econômico. “As duas toneladas produzidas por hora,
em média, por nossas máquinas possuem custos mais
baixos se comparado com máquinas de grande porte,
que necessitam de maior aporte financeiro e recursos.
Outra vantagem é que temos peças de reposição dis-
28 www.REVISTABIOMAIS.com.br
poníveis a qualquer momento e uma equipe técnica
atendendo nossos clientes full time. Outro ponto positivo
é que cada melhoria significativa que conseguimos
podemos usar em todas as plantas. É um ciclo de melhoria
contínua que podemos compartilhar”, assegura
Dalclis.
Como importadora, a JSIC atende de forma ampla
todo o Brasil, com estudos para atuar em países latinos
como Argentina, Peru e Equador. “Existem vários projetos
Brasil afora para peletizar outros tipos de materiais
como bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz, casca
de amendoim, casca de coco, caroço de açaí, entre outros.
Hoje, nossos clientes se concentram nas regiões
sul e sudeste, onde há mais quantidade de biomassa
de pinus e eucalipto.”
7 ANOS NO BRASIL
Especializada em comércio exterior, a JSIC Comex
está no Brasil desde 2015, atuando com importações
e exportações. “Há 2 anos, investimos massivamente
na indústria de biomassa de madeira. Sabemos onde
estamos e onde queremos chegar. Temos know-how
para ajudar nossos clientes na exportação e distribuição.
Conseguimos atender na entrada do processo de
A JSIC Comex está investindo
em novos mercados para
2023, diante do aumento
na procura pelo pellet de
madeira como uma das
principais fontes energéticas
em vários setores da
economia
transformação, meio e na saída (embalagem e distribuição),
ou seja, do início ao fim da produção. Para os
próximos anos, devemos aumentar a oferta de nossos
produtos e quem sabe também atuar na área de biomassa
de ração”, prospecta o gerente da empresa.
Em relação ao momento atual de expansão das
demandas de mercados e investidores pelo mundo,
em especial diante do movimento de ESG (social, ambiental
e governança) que prioriza energias renováveis,
Dalclis Azevedo acredita que o panorama é animador.
“Vemos positivamente o cenário mundial de consumo
de energias renováveis. No Brasil, este ainda é um setor
em expansão e em início de industrialização. Será
um prazer para a JSIC Comex olhar para trás, daqui uns
anos, e ver a cooperação que exercemos para desenvolver
um mercado específico. Vamos estar preparados
para atender essa demanda de industrialização e
a longo prazo devemos participar mais da distribuição
também.”
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
29
INVESTIMENTO
ENERGIA
SOLAR
30 www.REVISTABIOMAIS.com.br
INVESTIMENTOS EM ENERGIA SOLAR NOS
TELHADOS ULTRAPASSAM R$ 32,7 BILHÕES
FOTOS DIVULGAÇÃO
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
31
INVESTIMENTO
O
s investimentos privados em sistemas
de geração própria de energia solar em
telhados e pequenos terrenos atingiram
R$ 32,7 bilhões somente este ano no
país. Segundo mapeamento da WIN Solar, distribuidora
de equipamentos fotovoltaicos pertencente ao
Grupo All Nations, os recursos aplicados nos projetos
em residências, comércios, indústrias e propriedades
rurais saltaram de R$ 44 bilhões acumulados em
janeiro para R$ 76,6 bilhões no final de outubro, um
crescimento de 74%.
De acordo com o mapeamento, feito com base
nos dados oficiais da ANEEL (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e da ABSOLAR (Associação Brasileira
de Energia Solar Fotovoltaica), entre janeiro e
outubro deste ano, a potência acumulada na última
década da geração própria de energia solar cresceu
55,5%, passando de 9 GW (gigawatts) para 14 GW,
igualando assim a capacidade da usina de Itaipu, a
segunda maior do mundo.
Já o nível de emprego no setor desde 2012
subiu de 260 mil postos de trabalho acumulados
em janeiro para 420 mil em outubro, aumento de
61,5%. Segundo a WIN Solar, o número de sistemas
instalados em telhados e pequenos terrenos cresceu
136%, saltando de 720 mil em janeiro para mais de
1,7 milhão em agosto.
Os aportes acumulados
na última década
cresceram 74% em
2022, saltando de R$
44 bilhões em janeiro
para R$ 76,7 bilhões
em outubro
Para Camila Nascimento, diretora da WIN Solar,
o avanço dos projetos fotovoltaicos no país reflete a
busca dos consumidores por alternativas sustentáveis
para reduzir gastos na conta de luz. “A energia
solar é atualmente um investimento bastante
rentável e ajuda a aliviar o orçamento das famílias
brasileiras e ampliar a competitividade das empresas”,
explica.
“Os consumidores brasileiros que pretendem
instalar sistemas de energia solar em residências e
empresas têm menos de dois meses para solicitar o
sistema fotovoltaico antes das mudanças de regras
aprovadas pelo congresso nacional”, avisa Camila,
que também é coordenadora estadual da ABSOLAR
no Rio de Janeiro.
Pela nova Lei nº 14.300/2022, publicada no
início deste ano, há um período de transição que
garante até 2045 a manutenção das regras atuais aos
consumidores que fizerem a solicitação de acesso
do sistema de geração própria de energia solar até o
final de 6 de janeiro de 2023.
32 www.REVISTABIOMAIS.com.br
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PRODUTIVIDADE E REDUZ
ACIDENTES DE TRABALHO
R
econhecidas há 10 anos no mercado nacional e sul-americano,
as fornalhas da IMTAB vêm se destacando
neste ano com uma novidade que reduz a possibilidade
de acidentes de trabalho na geração de energia
térmica: é o sistema de acendimento automatizado.
“O processo automático das fornalhas, através do sistema
de resistência, funciona sem a necessidade de intervenção de
um operador. Com isso, reduzimos a possibilidade de erros,
acidentes e falhas humanas no processo, uma demanda do
mercado que atendemos com êxito. Tanto que estamos com
bastante procura de clientes novos e clientes já existentes,
alguns fazendo uma espécie de retrofit de suas fornalhas”,
explica Joel Padilha, diretor comercial da IMTAB.
Com sede em Agrolândia (SC), a IMTAB é reconhecida
pelas soluções sustentáveis na transformação de biomassa
em energia térmica. “Com estrutura de fábrica adequada para
atender as demandas do mercado, já executamos mais de
340 projetos em toda a América do Sul. Para 2023, estamos
avaliando projetos na Argentina, Paraguai, Uruguai e Peru.
Nossa especialidade é avaliar a necessidade do cliente, projetar
e executar, com soluções voltadas para geração de energia
térmica com fontes sustentáveis como biomassa vegetal,
resíduos industriais, urbanos e agrícolas”, detalha Joel.
FORNALHA DE CALCINAÇÃO
Outro processo que se destacou ao longo de 2022, segundo
o diretor comercial da IMTAB, foi o lançamento da fornalha
de calcinação da cal. “É voltada para queima da pedra da
cal. A procura também tem sido grande, pois só existia uma
empresa fornecedora – que não é focada em biomassa como
a IMTAB.”
Os geradores de calor são os grandes destaques de know-
-how da empresa. Com o aquecimento do mercado, a IMTAB
diversificou e se preparou para avançar com responsabilidade
e estrutura na fabricação de caldeiras e aquecedores de
fluido térmico. “Dessa forma, atuamos nos setores madeireiro,
alimentício, de cervejarias, fertilizantes, mineração, papel e
celulose, química, têxtil e grãos. Desde a pandemia, tivemos
um aumento na busca pela matriz energética de biomassa,
em especial após os conflitos na Europa e no corte do fornecimento
de gás por parte da Rússia. Com isso, leva vantagem
o pellet brasileiro, que tem maior poder calorífico ocupando
menos espaço (em metros cúbicos de matéria-prima) do que
o cavaco de madeira, beneficiando muito a logística marítima
e de exportação”, explica Joel.
O diretor comercial destaca ainda a ampliação fabril da
IMTAB para aumentar a gama de produtos no mercado –
como a caldeira flamotubular –, avançando em caldeiras de
pequeno e médio porte. “É um nicho de mercado carente de
um bom fabricante, com boa tecnologia”, ressalta o diretor
comercial da IMTAB.
Imagem: divulgação
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GUERRA DESTRÓI INFRAESTRUTURA
ENERGÉTICA NA UCRÂNIA
FOTOS DIVULGAÇÃO
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
37
PELO MUNDO
I
niciada em fevereiro deste ano, a guerra
entre Rússia e Ucrânia vem causando um
impacto devastador na infraestrutura de
energia renovável do país. De acordo com
Emine Dzheppar, primeira vice-ministra das
Relações Exteriores da Ucrânia, cerca de 90%
da infraestrutura de energia eólica da Ucrânia
e entre 40% a 50% de sua infraestrutura de
energia solar foi destruída.
A energia solar e eólica representou 7%
do consumo de energia da Ucrânia em 2021,
segundo a TEK, uma empresa de comércio de
energia ucraniana. Atualmente, o Ministério da
Energia da Ucrânia não fornece um detalhamento
das fontes de consumo de energia do
país devido às restrições da lei marcial.
As autoridades ucranianas acreditam que
os ataques de drones e mísseis de cruzeiro em
todo o país feitos pela Rússia estão sendo cui-
Segundo dados das
relações exteriores da
Ucrânia, cerca de 90% da
infraestrutura de energia
eólica do país e 50%
de energia solar foram
destruídas pela guerra
38 www.REVISTABIOMAIS.com.br
dadosamente orquestrados para atingir infraestruturas
importantes à medida que a Ucrânia
entra no inverno. Ao atingir usinas termelétricas,
subestações de eletricidade, transformadores
e oleodutos, as forças russas impactam
diretamente a capacidade dos ucranianos de
acessar energia, água e internet.
ALTERNATIVAS NA ÁFRICA
Diante deste cenário crítico, líderes europeus
estão se dirigindo a capitais africanas,
ansiosos por encontrar alternativas ao gás
natural russo. Com isso, despertam esperanças
entre seus colegas na África de que a Guerra da
Ucrânia possa modificar a relação desigual do
continente com a Europa, atraindo uma nova
onda de investimentos em gás, a despeito da
pressão para migrar para fontes de energia
renováveis.
Em setembro, o presidente da Polônia foi
ao Senegal em busca de negócios com gás.
O premiê alemão, Olaf Scholz, chegou em
maio à procura da mesma coisa, afirmando ao
parlamento de seu país que a crise energética
exige "que trabalhemos com países onde há
possibilidade de desenvolver campos de gás",
ao mesmo tempo cumprindo promessas de
redução das emissões de gases causadores do
efeito estufa.
"A guerra provocou uma virada total. A
narrativa mudou", declarou Mamadou Fall Kane,
assessor energético do presidente do Senegal.
A enxurrada de manifestações de interesse por
parte da Europa está levando a projetos energéticos
novos ou que estão sendo acelerados, e
fala-se em mais ainda por vir.
GÁS NATURAL
A esperança nas capitais africanas é que a
demanda europeia leve ao financiamento de
instalações de gás não apenas para exportação,
mas para o consumo interno. A questão assume
importância enorme em algumas partes do
continente.
Ministros do governo italiano vêm acompanhando
executivos da Eni, uma das maiores
empresas energéticas do mundo, para a Argélia,
Angola, República do Congo e Moçambique,
onde um terminal de gás natural operado
pela empresa deverá começar a fornecer gás à
Europa. A Eni discute com o governo moçambicano
a possibilidade de construção de um
terminal adicional.
Alguns líderes africanos lamentam que foi
preciso uma guerra a milhares de quilômetros
de distância, na Ucrânia, para lhes conferir
poder de barganha em negócios energéticos,
descrevendo o que enxergam como dois pesos
e duas medidas. Afinal, por centenas de anos
a Europa usou não apenas gás natural, mas
também combustíveis muito mais sujos, como
o carvão, para alimentar uma era de industrialização
e formação de impérios.
O argumento principal dessas lideranças
da África é que os países menos desenvolvidos
deveriam ter liberdade de usar mais gás nos
próximos anos, a despeito da crise climática e
da necessidade de o mundo reduzir o consumo
de combustíveis fósseis, porque seus cidadãos
merecem um padrão de vida mais alto e acesso
maior a fontes confiáveis de eletricidade e
outros serviços básicos. Mas, segundo eles, os
credores europeus e internacionais tornaram
isso caro demais.
Líderes europeus frequentemente parecem
pregar aos africanos sobre a importância de
reduzir emissões de dióxido de carbono, mas
oferecem pouca ajuda financeira para ajudá-
-los a criar alternativas energéticas verdes. Ao
mesmo tempo, a Europa continua a produzir
emissões muito maiores que a África. "Poucos
meses atrás, os mesmos europeus que estavam
nos pregando sermões dizendo não ao gás,
vieram dizer que agora querem um meio-termo",
ponderou Amani Abou-Zeid, comissária
de energia e infraestrutura da União Africana.
"Estamos tentando sobreviver. Mas, em vez
disso, estamos sendo infantilizados."
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
39
PRÊMIO REFERÊNCIA
20ª EDIÇÃO DO PRÊMIO
REFERÊNCIA PREMIA EMPRESAS
QUE SE DESTACARAM EM 2022
FOTOS EMANOEL CALDEIRA
40 www.REVISTABIOMAIS.com.br
O
Prêmio REFERÊNCIA completou 20 anos
e contemplou as empresas que mais se
destacaram no setor em 2022. Entre elas,
empresas do setor de biomassa e energias
renováveis.
A vigésima edição contou com celebração especial
no final do mês de novembro, no restaurante Porta
Romana, em Curitiba (PR), com a presença de 140
convidados. Organizada pela JOTA Editora, responsável
pela publicação das revistas: REFERÊNCIA FLORES-
TAL, REFERÊNCIA INDUSTRIAL, REFERÊNCIA CELULOSE
& PAPEL, REFERÊNCIA PRODUTOS DE MADEIRA e
REFERÊNCIA BIOMAIS, a premiação é um marco para o
segmento e atrai a cada ano mais indicados e interesse
do público em relação aos vencedores.
Os critérios para a seleção dos vencedores são
muito ponderados, desde as indicações recebidas
por clientes, parceiros, anunciantes e personalidades
do setor, passando pela avaliação realizada internamente
pelos membros da organização do evento.
Muito além do prêmio, o objetivo é valorizar quem
mais trabalhou para o fortalecimento e crescimento
da indústria de biomassa e geração de energia
limpa. É reconhecimento dado para uma empresa ou
associação, mas que reflete no trabalho de todos os
que fazem o setor mais forte e representativo para a
economia nacional. “A importância crescente que o
setor confere à premiação é uma alegria enorme para
nós, assim como um reconhecimento do trabalho que
realizamos há mais de duas décadas em prol do fortalecimento
da indústria madeireira de base florestal
nacional e geração de energia sustentável. Prova disso
é o grande número de indicações recebidas todos os
anos”, celebra Fábio Machado, diretor comercial da
JOTA Editora.
PAINEL SUSTENTABILIDADE
O evento de premiação teve início com o Painel
Sustentabilidade, que reuniu quatro especialistas do
setor de base florestal para analisar aspectos do panorama
brasileiro e internacional. A primeira apresentação
foi de Deryck Pantoja Martins, diretor técnico
da AIMEX (Associação das Indústrias Exportadoras de
Madeiras do Estado do Pará), que gera mais de 7 mil
empregos, com média anual de aproximadamente
US$ 200 milhões em exportação e faturamento anual
de R$ 946,8 milhões.
“Mesmo o Brasil tendo 59% de seu território com
áreas florestais – a segunda maior do mundo, atrás
apenas da Rússia -, nossa participação é de apenas 4%
no mercado mundial de produtos florestais, estimado
em US$ 350 bilhões, segundo dados da CNI (Confe-
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
41
PRÊMIO REFERÊNCIA
deração Nacional da Indústria). Ou seja, temos muito
a crescer no setor, com imenso potencial. Nas últimas
décadas, a oferta de matéria-prima industrial teve
aumento nas florestas plantadas e queda nas florestas
nativas. Entre 2019 e 2021, conseguimos estabilizar as
exportações de madeira no Pará, na faixa de US$ 200
milhões anuais”, destacou Deryck.
O diretor apresentou ainda o balanço das exportações
de janeiro a outubro de 2022, com alta de 106%
e US$ 318 milhões exportados. “Ao todo, foram 237
mil toneladas de madeira e crescimento de 28%. Os
principais produtos exportados são pisos e decks, seguidos
de madeira serrada e painéis de MDF (fibras de
madeira aglomerada), tendo como principais destinos
EUA (Estados Unidos da América), França, Holanda,
Dinamarca e Bélgica.”
TENDÊNCIAS PARA O MERCADO
Na sequência, Paulo Pupo, superintendente executivo
da Abimci (Associação Brasileira da Indústria
de Madeira Processada Mecanicamente) abordou o
tema: Mercado e tendências para madeira processada.
“O Brasil tem meio bilhão de ha (hectares) de
florestas, somos um Brasil florestal, mas ainda não
madeireiro, com apenas 2% de florestas plantadas
e 98% nativa. Aumentou a demanda e o consumo
da madeira processada. Em relação ao plantio de
eucalipto, temos 7,46 milhões de ha em todo o país, a
maior parte em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso
do Sul. Já no plantio de pinus, temos 1,7 milhão de ha
com a liderança do Paraná, seguido de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul. Coincidentemente, a região
sul concentra 90% da indústria de madeira processada”,
explicou Paulo.
O especialista enfatizou ainda a mudança no perfil
econômico da floresta. “Temos baixo crescimento da
área de florestas plantadas frente à demanda de consumo.
Um aumento efetivo de áreas para agricultura e
pressão por terras agrícolas, além de redução de áreas
de pequenos produtores. Concentração de áreas
Pedro Bartoski Jr., da Revista REFERÊNCIA, Rafael Mason, do CIPEM, Deryck Pantoja Martins, da AIMEX, Paulo Pupo, da Abimci,
Evaldo Braz, da Embrapa Florestas e Fábio Machado, da Revista REFERÊNCIA
42 www.REVISTABIOMAIS.com.br
destinadas ao segmento papel e celulose, e ciclos
florestais que estão diminuindo, com maior produção
de madeira fina."
Como oportunidades e desafios, Paulo Pupo
destacou que é preciso a padronização técnica e
normativa dos produtos, para garantir isonomia no
mercado. "Como potencial de crescimento, temos a
recuperação da construção civil e o déficit habitacional
pelo país, além da demanda reprimida para uso de
produtos estruturais. Os desafios são a manutenção
do crescimento da atividade econômica, da inflação e
das taxas de juros.
MANEJO SUSTENTÁVEL
As duas últimas apresentações do painel foram de
Evaldo Braz, pesquisador da EMBRAPA FLORESTAS,
e Rafael Mason, presidente do CIPEM (Centro das
Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do
Estado de Mato Grosso). Enquanto Evaldo abordou:
A prática do manejo sustentável de florestas naturais;
Rafael apresentou o tema: Mercado da madeira nativa
de Mato Grosso. “A produtividade e a implementação
dos planos de manejo sustentável podem ser
melhoradas. Com isso, precisaremos integrar pesquisa
e legislação, saindo da taxa fixa de 30 m3 (metros cúbicos)
por hectare que temos na Amazônia, uma taxa
que faz sentido em outros locais do país, mas que é
extremamente baixa para aquele bioma”, ponderou
Evaldo.
Rafael Mason destacou, que no Mato Grosso, existem
hoje 4,2 milhões de ha de áreas manejadas, com
compromisso com o governo estadual de chegar a 6
milhões de ha de madeira via manejo florestal. Entre
eles, manejos do segundo ciclo, de 35 anos atrás.
“Tivemos um crescimento de 30% na nossa demanda
em 2020, ano passado chegamos a 50%, algo
inimaginável até então. Nesse ano e para 2023, não
teremos o mesmo crescimento, mas há uma estabilidade.
O desafio hoje é a mudança do consumidor
final buscando nossos produtos: os produtos que
tiveram elevação nos preços precisaram de retração
posterior, com queda de 30% nos valores. Hoje, a demanda
maior é nos produtos de baixo valor comercial,
como espécies mais baratas. Com isso, a exportação
também foi afetada diante da guerra na Ucrânia, além
dos custos em fretes e logística”, explanou Rafael.
A seguir, confira as empresas de biomassa e do
setor de energias renováveis que ganharam o Prêmio
REFERÊNCIA 2022:
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
43
PRÊMIO REFERÊNCIA
Pedro Bartoski Jr., diretor executivo da Revista REFERÊNCIA,
entrega o Prêmio REFERÊNCIA para Juliano Vieira de Araújo,
presidente da Abimci
ABIMCI
A ABIMCI comemora 50 anos em 2022, amplamente reconhecida
pelo extenso trabalho em prol da indústria madeireira
e defesa dos interesses do setor. A entidade é a principal
fonte de informações para organismos governamentais
brasileiros e estrangeiros, referencial para a imprensa, universidades
e entidades setoriais. "Estamos diante de muitos
desafios no mercado e no consumo. Mas acreditamos no
potencial das pessoas envolvidas em nossa cadeia florestal
e industrial, além dos nossos associados", enalteceu Juliano
Araújo, presidente da ABIMCI.
ENEBRA ENERGIA
A Enebra Energia atua no fornecimento de biomassa de
eucalipto e supressão nativa em todas as suas formas, oferecendo
uma fonte de energia sustentável às indústrias por
meio de florestas próprias certificadas. É uma das empresas
premiadas pelo notável trabalho desenvolvido em 2022,
além do crescimento no setor de cavaco para biomassa, na
região centro oeste do país. “A Enebra é uma empresa jovem,
foi criada no Mato Grosso por mim e pelo meu sócio Nedil
de Lima Junior, às vésperas da pandemia. Desenvolvemos o
cavaco a partir de madeiras que não tinham mais uso, com
uma das maiores e mais modernas operações do mundo na
picagem e no processamento dessa madeira”, disse Guilherme
Elias, sócio-proprietário da Enebra Energia.
Guilherme Elias (esq), Nedil Lima (dir), sócios da Enebra Energia,
recebem o Prêmio REFERÊNCIA de Diego Vieira, diretor da DRV
José Carlos Haas Junior, diretor da Haas Madeiras recebe o Prêmio
REFERÊNCIA de Tiago Correa, gerente comercial da Effisa
HAAS MADEIRAS
Com início da operação de uma fábrica própria de pellets
em 2022, uma moderna unidade fabril de 50 mil m² (metros
quadrados) de área construída em Venâncio Aires (RS), a
Haas Madeiras conta com estrutura capaz de produzir 2,5 mil
toneladas de pellets por mês, que também abriga o depósito
dessa biomassa que a empresa investe nos últimos anos.
"Temos 49 anos e estamos nos transformando nos últimos
tempos. O pellet de madeira não é tão novo no mercado,
mas temos uma fábrica de ponta trabalhando com eucalipto.
Somos a primeira fábrica totalmente informatizada integrada
em uma serraria de grande porte que trabalha com eucalipto.
Fico feliz pelo reconhecimento", agradeceu José Carlos Haas
Junior, diretor da Haas Madeiras.
44 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Fabiane Piovesan recebendo o Prêmio REFERÊNCIA das mãos de
Mario Sergio Lima, proprietário da MSM Química
PIOMADE
Soluções sustentáveis são chave para o desenvolvimento
do setor e da sociedade, por isso a Piomade alcançou lugar
de destaque em 2022. O ano foi marcado pela inauguração
da nova fábrica de pellets da empresa. As soluções e biomassa
se tornaram essenciais para vários segmentos, além do
próprio setor florestal, que supre caldeiras e outros equipamentos
que necessitam de calor como a madeira em pellets.
Trabalhar por um mundo mais sustentável é trabalhar para
que o setor florestal seja cada dia mais forte e necessário. “É
uma honra receber essa premiação. Um agradecimento especial
aos que acreditam nesse mercado e aos nossos colaboradores,
que nos auxiliam no crescimento da nossa indústria”,
declarou Fabiane Piovesan, diretora da Piomade.
VETORIAL
Com ampla experiência no mercado desde 1969, o Grupo
Vetorial atua no setor minério-siderúrgico, produzindo
carvão vegetal e ferro gusa, além de extração de minério de
ferro. No setor de energia renovável, produz carvão vegetal
com sustentabilidade, exclusivamente de florestas plantadas
renováveis, com aproveitamento de material lenhoso para
a produção do Ferro Gusa Verde. "Atuamos há mais de 50
anos em siderurgia e, nos últimos 25 anos, estamos atuando
com produtos altamente sustentáveis no Mato Grosso do Sul,
exportando o ferro gusa para o mundo todo. Agradecemos
termos sido reconhecidos pelo Prêmio REFERÊNCIA", celebrou
Mario Cleiro de Sousa, diretor de operações da Vetorial.
Mario Cleiro Sousa, após receber o Prêmio de Deryck Martins,
diretor técnico da AIMEX
Entre as empresas premiadas
estão grandes indústrias de
biomassa, como cavaco e pellets
de madeira, que impulsionam as
formas renováveis de energia no
setor florestal
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
45
CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA
Paulo Pupo,
da Abimci
Crislaine Briatori, Fabiana Tokarski e
Mayara Laurindo, da Jota Editora
Marcele Coelho,
da Jota Editora
Fabiane Piovesan, Maria Beatriz
e João Piovesan, da Piomade
Evaldo Braz,
da Embrapa Florestas
Francisleine Machado, Fernanda Machado
e Fábio Machado, da Jota Editora
Mylena Passig e Suelen Alves,
da Woodflow
Letícia Souza e Fábio Washington,
da Solution Focus
Giovane Savian e
Marcos Antônio Cheuchuk, da Pesa
Milton Watanabe e Willian Watanabe,
da Watanabe Comércio de Máquinas
Ângela Dias e Silvana Dias,
da Agro Florestal Sepac
Diogo Dias Greca, Thiago Dias Ceschin e
Gabriel Silveira, da Agro Florestal Sepac
46 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Alexandre Coutinho e Rafael Boiani,
da MIP Florestal
Toni Casagrande
Felliphe Marinho Costa e Sigfrid Kirsch,
da Sindusmad
Deryck Martins,
da AIMEX
Everson Stelle,
da Montana Química
Rafael Mason,
da CIPEM (MT)
Gilberto de Sousa e Thiago Felippi,
da Felipe Diesel
Edinei Blasius e Taciana Blasius,
da B2 Madeiras
Wilson Andrade,
da ABAF (BA)
Mário Sousa e Vânia dos Santos,
da Vetorial Siderurgia
Valéria Brizola e Luiz Carlos Crimaco,
da Informa Markets
Patrícia Nazário,
da Rede Mulher Florestal
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
47
CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA
Kleber Mafra e Márcio Molleta,
da Himev
Marcos Araújo,
da Mendes Máquinas
Ronaldo Lins e Sidnei Kaefer,
da Manos Implementos
Marise Senff de Araújo e Juliano Vieira
de Araújo, da Abimci
Jeferson Souza,
da Oregon
Cristiane Oliveira Henriques e Antônio
Carlos Henriques, da A.C. Henriques
Guilherme Elias e Vanessa Elias,
da Enebra
Ana Lídia e Nedil Lima,
da Enebra
Camile e Carla Bartoski
Igor Rover e Niege Rover,
da Relvaplac Compensados
Ailson Loper,
da APRE
Roberta Pitta e Marco Pitta
48 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Emily Hoffelder e Mario Sergio Lima,
da MSM Química
Mariana Schuchovski,
da Rede Mulher Florestal
Diego Ricardo Vieira
e Liliane Cordeiro, da DRV
João Ricardo Pavin e
Michele Cordeiro, da DRV
Alexandre Falce, Rafael Milarch
e Sérgio Jr., da Lion Equipamentos
Clara Machado, Vanessa Machado
e Cláudio Machado
Marluci Paludo e Maicos Zucchi,
do Grupo Paludo
Diogo Paludo,
do Grupo Paludo
Odete Paludo e Rui Paludo,
do Grupo Paludo
Rodrigo Ferrari e Tatiana Paludo Ferrari,
do Grupo Paludo
Danielle Paludo,
do Grupo Paludo
Joel Rosa e Wesley Baticini,
da Gell Tecno Solution
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
49
CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA
Martin Kemmsier,
da Birka
Rodrigo Contesini e
Evanderson Marques, da Logmax
Gustavo Milazzo e Cristiane Milazzo,
da GCM Trade - Woodflow
Dalclis Azevedo,
da JSIC Comex
Liamara Mortari e Alfredo Berros,
da Sauerland
Gisele Cristina Santos e Giullian
Fernanda Silva, da GCM Trade - Woodflow
Edina Moresco,
da Embrapa Florestas
Keila Angélico e David Kretski,
da Adami
Diogo Lorenzetti,
da Neocert
Rafael Nanami,
da Lion Equipamentos
Enridimar Gomes,
da Vetorial Siderurgia
Leila Simon e Ricardo Simon,
da Lufer Forest
50 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Luciane Evangelista e
Joaquim de Almeida, da Marrari
Matheus Demuner,
da Demuner Marcenaria
Robson Lemos,
da Bonardi Química
Amanda Marini Piton,
da Marini Compensados
José Carlos Júnior,
da Haas Madeiras
Bruno Pereira,
da Remsoft
Tiago Correa da Rosa,
da Effisa
Gerson Penkal e Carlos Augusto,
da Jota Editora
Dario Pires Machado Filho,
da Indumec
Egídio Felippi,
da Lacombe Turbinas
Marcos Gaveliki,
da Tecmater
Pedro Bartoski Jr. e Fábio Machado,
da Jota Editora
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
51
DESCARBONIZAÇÃO
HIDROGÊNIO
VERDE
COMBUSTÍVEL É ESSENCIAL NA TRANSIÇÃO
PARA A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO
FOTOS DIVULGAÇÃO
52 www.REVISTABIOMAIS.com.br
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
53
DESCARBONIZAÇÃO
F
undamental para o processo de descarbonização
no setor industrial, o hidrogênio
verde é produzido a partir da eletricidade
gerada por fontes de energia renováveis.
Ao longo dos próximos anos, o objetivo é trocar
o hidrogênio produzido a partir de fontes fósseis
pelo hidrogênio verde, que não emite carbono.
O hidrogênio é obtido a partir de água em
um processo chamado eletrólise, que divide as
moléculas e separam o hidrogênio do oxigênio.
Por utilizar fontes energéticas limpas, o processo
se torna sustentável. O hidrogênio verde contribui
para o cumprimento das metas do Acordo de Paris
– tratado internacional sobre mudanças climáticas,
adotado em 2015 por 196 nações, que incentiva
formas e financiamentos que reduzam o impacto
das mudanças climáticas.
Monica Saraiva Panik, diretora de relações
institucionais da ABH2 (Associação Brasileira de
Hidrogênio), explica que a atual demanda por
hidrogênio verde é diretamente ligada às metas de
descarbonização e de mudanças climáticas acordadas
pelos países. Ele substitui a energia de fontes
poluidoras e outros insumos fósseis.
Até o final de 2017, o hidrogênio era visto como
alternativa aos combustíveis tradicionais apenas
pelo setor de transportes. “Com essa tomada de
consciência de que o hidrogênio pode descarbonizar
simultaneamente quase todos os setores
da economia, principalmente indústrias de difícil
descarbonização e também o transporte, o setor de
hidrogênio ganhou muito mais visibilidade e maior
volume de investimentos a nível mundial”, explica
Monica.
LARGA ESCALA
Edmar Almeida, professor da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro), lembra que o proces-
54
www.REVISTABIOMAIS.com.br
so de inclusão do hidrogênio verde na produção
começou pelas indústrias que hoje consomem
hidrogênio no seu processo de produção. “Na Europa,
já há muitos projetos em implementação nos
segmentos de refino e químico. Eles estão substituindo
o gás pelo hidrogênio verde”, exemplifica.
O professor conta, que segundo levantamento
da AIE (Agência Internacional de Energia), há mais
de 100 programas em implementação no mundo,
principalmente na Alemanha, na Espanha, nos EUA
(Estados Unidos da América), na China e agora no
Brasil. Segundo ele, a primeira fábrica de hidrogênio
verde no Brasil deverá entrar em funcionamento
no final de 2023. O projeto é da Unigel, que
atua no segmento de fertilizantes e amônia, e será
instalado na Bahia.
Edmar Almeida afirma que o hidrogênio verde
será usado principalmente nos setores de refino de
petróleo, químico, cerâmico e de transportes. Na
Hidrogênio Verde contribui
para o cumprimento das
metas do Acordo de Paris,
Tratado Internacional
Sobre Mudanças
Climáticas, adotado em
2015 por 196 nações
Agradecemos a todos os nossos
parceiros e amigos que estiveram
em nosso lado neste ano,
Que 2023 seja repleto de novas
conquistas e realizações.
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DESCARBONIZAÇÃO
indústria, pode ter diferentes finalidades, como uso
como matéria-prima ou energético. Também pode
ser utilizado diretamente em gás, na mistura de
combustíveis convencionais, como o gás natural,
na forma de combustível sintético, como amônia e
metanol, ou em pilhas a combustível para produção
de energia elétrica.
“Hoje ainda não se usa hidrogênio verde em
grande escala na indústria porque o custo é muito
alto em relação ao gás natural”, comenta. Com o
avanço das tecnologias e a queda no custo das
energias renováveis, que inclui também aquela
gerada por biomassa, o professor acredita que o
hidrogênio verde será fundamental na descarbonização.
APOIO FINANCEIRO
Sayonara Eliziario, professora do curso de engenharia
de energias renováveis da UFPI (Universida-
Produzido a partir da
eletricidade gerada
por fontes renováveis,
o hidrogênio verde
é fundamental
para o processo de
descarbonização no
setor industrial
56 www.REVISTABIOMAIS.com.br
de Federal do Piauí), entende que, apesar do futuro
promissor, há diversos desafios a serem superados
para a expansão do uso do hidrogênio verde na
indústria brasileira. Ela cita três: reduzir o custo
na geração de energia renovável; consolidar um
mercado consumidor, com segurança regulatória,
para o produto; e construir uma infraestrutura de
produção e distribuição, o que inclui estações de
abastecimento e expansão de fontes de energias
renováveis.
Almeida enxerga, ainda, um outro desafio.
Segundo ele, é preciso desenvolver no Brasil e no
mundo uma indústria de bens e serviços apta a
produzir e fornecer eletrizadores, equipamentos
necessários para a produção em larga escala do
hidrogênio verde. Ele estima que esse desenvolvimento
é uma questão de tempo, de 10 a 15 anos.
“Hoje, o grande problema é que o custo dos
equipamentos ainda é elevado e a viabilidade econômica
ainda é desafiadora, mesmo com o preço
de geração da energia caindo”, avalia Almeida.
Para que as empresas desse setor possam se
desenvolver é preciso também apoio financeiro
para investir numa tecnologia que ainda não está
madura. “Linhas de crédito e financiamento a
fundo perdido para amortizar parte do custo do
financiamento serão necessários numa fase inicial,
como está acontecendo na Europa. É necessário,
também, criar uma política para dar um impulso
inicial à indústria do hidrogênio verde, coisa que
o governo está tentando fazer por meio do Plano
Nacional de Hidrogênio”, aponta Almeida.
Outro ponto, defende o professor, é o fortalecimento
do mercado de carbono no Brasil. “É importante
que o Brasil faça seu dever de casa e crie seu
mercado de carbono para compensar ou premiar
as empresas que fizeram esse esforço de investir no
hidrogênio”, indica o professor.
ARTIGO
OPORTUNIDADES E DESAFIOS DO USO DE
BIOMASSA COMPACTADA
PARA FINS ENERGÉTICOS
FOTOS DIVULGAÇÃO
ASTROGILDO PIRES BERNARDO
UFT (Universidade Federal do Tocatins)
JUAN CARLOS VALDÉS SERRA
UFT (Universidade Federal do Tocatins)
ÁLISON MOREIRA DA SILVA
ESALQ/USP (Universidade de São Paulo)
FABÍOLA MARTINS DELATORRE
UFES (Universidade Federal do Espírito Santo)
ANANIAS FRANCISCO DIAS JÚNIOR
UFES (Universidade Federal do Espírito Santo)
58 www.REVISTABIOMAIS.com.br
ERESUMO
stima-se que a oferta mássica de biomassa no
Brasil seja de 2898 milhões de toneladas no ano de
2030. Correspondente a grande parte por resíduos,
seja agrícola ou florestal, podem se tornar
uma grande problemática ambiental se gerido de forma
inadequada. Contudo, estes materiais possuem grande
potencial energético, obtido pela combustão direta ou por
tecnologias avançadas de conversão. O presente trabalho
contemplou uma revisão bibliográfica sistemática,
buscando consolidar dados existentes sobre métodos de
aproveitamento de resíduos agrícolas e florestais para a
produção de pellets, além do levantamento do mercado
atual de biomassa adensada no Brasil. Concluiu-se que
os pellets são biocombustíveis renováveis que possuem
bom potencial energético e constituem-se uma crescente
oportunidade de mercado para o Brasil, com expansão
em diferentes aplicações, considerando a possibilidade de
exportação.
Palavras-chave: Biomassa Compactada, Pellets,
Mercado de Biomassa.
INTRODUÇÃO
A energia oriunda da biomassa residual é considerada
umas das principais alternativas para substituir a dependência
dos combustíveis fósseis globalmente. As atividades
voltadas a agricultura e silvicultura representam 27,4%
do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil (CEPEA, 2021).
Também são altamente geradoras de biomassa considerados
resíduos, com potencial risco em causar problemas
ao meio ambiente, se descartado de forma inadequada.
Estes resíduos necessitam ser devidamente gerenciados, a
fim de não promover nenhum impacto e desequilíbrio ambiental
(Moreira, 2019). Lima (2020) estima que nos planos
de manejo florestal sustentável, para cada 1 tonelada de
madeira extraída, são geradas 2,13 toneladas de resíduos
na forma de sapopemas, maravalhas, serragem, restos de
troncos e galhos.
Devido ao baixo custo e pronta disponibilidade os resíduos
podem ser aproveitados, tendo em vista a redução
de custos de produção e impactos ambientais (Costa Filho,
2017).
A quantidade de biomassa produzida no Brasil é
expressiva, devido sua abundância de recursos naturais e
aptidão agrícola e florestal. Considerada uma das fontes de
produção de energia com maior potencial de crescimento
(ANEEL, 2020), a biomassa é apontada como alternativa
para a diversificação da matriz energética mundial. A
agricultura representa 33% do potencial energético da biomassa
no Brasil, grande parte representado pelo bagaço
de cana, enquanto as atividades florestais correspondem
a 65% (Moraes, 2017). Contudo, os resíduos de biomassa
gerados nas atividades agropecuárias e florestais ainda são
subutilizados. Dessa forma, a biomassa produzida necessita
de avaliações mais precisas quanto ao seu potencial de
utilização energético.
Segundo o Centro Nacional de Referência em Biomassa,
é possível classificar a obtenção da energia da biomassa
em duas categorias principais: (i) tradicional, em que é obtida
por meio de combustão direta de madeira, lenha, resíduos
agrícolas, resíduos de animais e urbanos, para cocção,
secagem e produção de carvão; ou (ii) moderna, em que é
obtida por meio de tecnologias avançadas de conversão,
como pirólise de biomassa, geração de eletricidade por
REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA
59
ARTIGO
meio do gás de síntese ou na produção de biocombustíveis
sólidos por adensamento (CENBIO, 2020).
O presente trabalho contempla um levantamento das
principais características químicas e energéticas, análise
sobre a demanda mundial, normativas europeias, qualidade
e mercado e produção brasileira dos pellets. com a finalidade
de consolidar dados existentes sobre tecnologias
de processamento de resíduos agrícolas e florestais para
produção de biomassa adensada ou pellets; vislumbrando
um panorama sobre a demanda energética no Brasil e as
principais fontes de energia renovável; demanda mundial
por pellets, exigências das normas internacionais e capacidade
de produção de pellets no Brasil.
MATERIAL E MÉTODO
Este trabalho foi desenvolvido sobre os preceitos do
estudo exploratório, através de uma pesquisa bibliográfica,
por meio de uma abordagem sistêmica. Para obter-se
êxito, utilizou-se para pesquisas: livros, artigos, teses,
dissertações e outros. Foram consultados, também, sites
de empresas e órgãos tais como: EPE (Empresa de Pesquisa
Energética), MME (Ministério de Minas e Energia), ANEEL
(Agência Nacional de Energia Elétrica). As bases utilizadas
como fonte de pesquisa dentro da plataforma Capes
foram: web of Science, Scielo e google acadêmico. As palavras
chaves utilizadas para que a busca obtivesse sucesso
foram: pellets; biomassa adensada; briquetes.
Foi feito levantamento sobre a importância da biomassa
como a principal fonte renovável na Matriz Energética
Brasileira no Site da EPE e a participação das fontes
renováveis na matriz elétrica brasileira junto ao site do
MME; foram abordados trabalhos técnicos sobre o conceito
de pellets e um estudo comparativo das suas principais
características químicas e energéticas; uma análise sobre
a demanda mundial por pellets, as exigências das normas
europeias de qualidade e mercado de pellets e; produção
brasileira de pellets.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Biomassa como principal fonte de energia renovável
no Brasil. Estimativas apontam, que até o ano de 2050,
mais de 90% da população mundial estará vivendo em
países em desenvolvimento. Todavia haverá uma elevada
demanda global por energia e total incentivo na busca por
fontes energéticas alternativas para suprir a demanda (Moraes,
2017). O Brasil, como um dos maiores produtores de
biomassa do mundo, partiu de uma oferta mássica de 558
milhões de toneladas em 2005, tendo uma projeção para
1.402 milhões de toneladas para o ano de 2030 (EPE, 2017).
De acordo com o Atlas da eficiência energética de
2021 (EPE, 2021), a participação de fontes renováveis
na matriz energética brasileira está entre as maiores do
mundo: 45,1% da energia produzida no país vêm de
fontes renováveis de energia (biomassa, hidráulica, lenha,
carvão vegetal e outros), valor três vezes superior à média
mundial, que é de aproximadamente 14%.
O Brasil ficou 15% mais eficiente energeticamente entre
2005 e 2019, com destaque para os setores residencial
e de transportes. A indústria consome um terço de toda
a energia produzida no país para a fabricação de seus
produtos. Até 2017 era o setor que mais consumia energia,
mas foi superado pelo setor de transporte por conta
da crise econômica que abateu o país a partir de 2014.
Eletricidade, bagaço de cana, lenha e carvão vegetal são
as principais fontes de energia da indústria (EPE, 2021).
As principais fontes de energia renovável no Brasil são
biomassas, correspondentes a 34,1% da Oferta Interna de
Energia Elétrica (OIEE) do país, com destaque para a cana-
-de-açúcar (bagaço e etanol) ao qual respondem atualmente
por 16,5% da matriz elétrica (MME, 2021). Contudo,
lenha, carvão vegetal e outras somam 17,6% (EPE, 2021).
O bom desempenho da geração de energia por biomassa
é atribuído ao bagaço de cana, com crescimento
de 3% em 2021 quando comparado ao ano anterior. Ao
todo o Brasil produziu 3.108,6 MW médios, superando o
resultado de 3.007,1 MW médios de 2018. O crescimento
decorre principalmente da ampliação do número de empreendimentos
dedicados à produção de energia a partir
da fonte, sendo 295 usinas contabilizadas em dezembro
ante 274 no mesmo mês do ano passado. A capacidade
instalada também apresentou crescimento, com 13,09
GW aferidos, 2% maior que os 12,82 GW anteriores (MME,
2021).
O principal problema da utilização de resíduos para
geração de energia é a baixa densidade energética. Uma
forma eficaz de solucionar esse problema é a compactação
da biomassa, ou seja, produção de materiais sólidos
densificados, com alta concentração de energia, denominados
pellets ou briquetes (Silva et al., 2015).
BIOMASSA COMPACTADA
O pellet é um biocombustível granulado à base de
biomassa vegetal moída e compactada em alta pressão. O
calor gerado pela fricção na passagem pelos furos da matriz
peletizadora provoca a transformação dos componentes
lignocelulósicos. O resultado é um produto adensado
de alto poder calorífico e boa resistência mecânica (ABIB,
2016).
60 www.REVISTABIOMAIS.com.br
Para produzir o pellet, vários tipos de biomassa são
utilizados. Todavia, a principal fonte de matéria-prima vem
da atividade agropecuária e florestal. A transformação de
subprodutos madeireiros possui baixo valor comercial e
produz um biocombustível de excelente qualidade, devido
ao baixo teor de cinza (Wolf; Vidlund; Andersson, 2006).
Depois de recolhida e triturada, a biomassa é transformada
em pó e comprimida para obter a forma final. Assim, de
6 m3 (metros cúbicos) a 8 m3 de serragem ou cavacos de
madeira, depois de secos, processados e comprimidos,
geram 1 m3 de pellets.
Alguns produtores utilizam um agente ligante (binder)
do tipo lignossulfonato. Em contrapartida, têm efeito
negativo no seu valor calorífico e aumentam a emissão
de monóxido de carbono (AHN et al., 2014). Por isso, as
normas limitam o uso desses agentes ao máximo de 2% da
massa total do produto (Tarasov; Shahi; Leitch, 2013). Os
biocombustíveis sólidos são comercializados internacionalmente.
Sua geometria regular e cilíndrica permite ótima
fluidez e facilita a automatização de processos, comerciais
e industriais, de queima do produto. Além disso, é um produto
de fácil manuseio, transporte e ocupa pouco espaço
na armazenagem (Garcia, 2017).
A biomassa desenvolvida para a combustão dos pellets
tem capacidade de redução significativa das emissões de
GEE. Entretanto, devido as fontes de matéria-prima serem
provenientes de resíduos, ainda haverá uma contribuição
significativa na redução do risco de incêndios florestais. A
Tabela 3 (conferir no link ao final da publicação) apresenta
as principais características dos pellets (Camargo et al.,
2017).
POTENCIAL FONTE DE BIOMASSA PARA
PRODUÇÃO DE PELLETS
No Brasil, os principais resíduos energéticos em
potencial para pronto aproveitamento são os gerados no
setor sucroalcooleiro e nas indústrias madeireiras. Algumas
biomassas não têm grande aplicação imediata devido a
custos logísticos de coleta, transformação e pesquisa aplicada
(ABIB, 2016). A principal utilização do bagaço é como
TECNOLOGIA,
EFICIÊNCIA E
CONFIABILIDADE
ARTIGO
insumo para atender à demanda energética nas usinas sucroalcooleiras
que utiliza cerca de 90% para esse fim. Mais
recentemente, também tem sido observada a utilização
do bagaço de cana como matéria-prima na produção de
etanol de segunda geração (Moraes et al., 2017).
Segundo Moraes et al. (2017), ainda que somente
10% (ou menos) do bagaço de cana estejam disponíveis
para outras utilizações, tal porcentagem equivale a mais
de 18.700 milhões de toneladas de resíduo, um volume
bastante expressivo e que supera largamente a soma de
outros resíduos que se mostram disponíveis para produção
de pellets no Brasil. Além disso, a queima de bagaço em
caldeiras das usinas ocorre sem nenhum tratamento prévio,
a despeito do seu elevado teor de umidade e elevado
volume, e a sua aglomeração, na própria usina, pode elevar
a densidade energética do material, aumentando sua
eficiência como combustível.
Os resíduos industriais de madeira são gerados desde
o transporte da madeira em tora à indústria, até seu manuseio
e processamento, finalizando no produto acabado.
Desse processamento são gerados resíduos de diferentes
formatos e características que podem ser classificados
como: cavaco, cepilho, maravalhas e serragem (ABIB, 2016).
Em termos mundiais, os resíduos de madeira figuram
entre as principais fontes de biomassa para produção de
energia, principalmente quando na forma de pellets (wood
pellets). Durante o desdobro da madeira nas serrarias, o
rendimento varia de 30% a 45% e em processos modernos
e otimizados pode atingir 60%, em ambos os casos, a produção
de resíduos é significativa (Murara Jr. et al., 2013).
A biomassa adensada pode substituir com vantagens
o carvão mineral sem impactar no efeito estufa. Por esse
motivo, a demanda mundial por pellets de biomassa vem
aumentando rapidamente na Europa (Moraes et al. 2017).
A Associação Europeia de Biomassa estima que, até 2025,
serão consumidos 80 milhões de toneladas de pellets.
DEMANDA MUNDIAL DE PELLETS
O crescimento mundial da demanda de pellets vem se
dando de forma exponencial, passando de 15 milhões de
toneladas em 2010 para mais de 26 milhões de toneladas
em 2015, com projeção de 80 milhões de toneladas em
2025 (Garcia, 2018).
Os pellets são menos poluentes que os derivados do
petróleo e têm sido utilizados por países que precisam reduzir
suas emissões de gases do efeito estufa, para, assim,
atender os acordos firmados na Conferência do Clima em
Paris (Garcia, 2017). Em outros estudos, Wihersaari, Agar e
Kallio (2009) e Obernberger e Thek (2010) projetaram que
entre 10% e 12% de toda a madeira industrial colhida no
mundo será transformada em pellets até o ano de 2025.
MERCADO DE PELLETS
Alguns estudos realizados para avaliar o uso de pellets
na produção de energia, aponta uma economia significativa
na emissão de GEE. Segundo Pinel (2015), a quantidade
de CO² emitido ao longo da cadeia que abrange a
produção, o transporte e a combustão, por kWh produzido,
é até seis vezes inferior à de óleo combustível, no caso do
aquecimento residencial, passando de 280 a 34 gCO²eq
por kWh gerado. Além disso, a evolução do preço dos pellets
demonstra uma grande estabilidade ao longo desses
últimos anos. A taxa de crescimento anual médio do preço
dos pellets foi estimada, entre 2010 e 2015, em 3,7%, na
França e em 2,6%, na Bélgica, enquanto, para o gás, foi de
5%, para o gás propano líquido 4,6% e para o óleo combustível,
6,9% (Pinel, 2015).
O aumento significativo da demanda por pellet é resultado
da boa competitividade frente às outras formas de
energia disponíveis no mercado. A economia anual obtida
em uma residência na Bélgica, utilizando o pellet para o
sistema de aquecimento residencial. O uso do pellet pode,
assim, gerar uma economia de mais de 75% do orçamento
anual (Quenó, 2015).
A baixa volatilidade dos preços dos pellets e da biomassa
comparada às energias fosseis evidenciam que os
preços das commodities de bioenergia são menos voláteis
do que os preços aplicados aos combustíveis fósseis e
contribuem, assim, para uma maior segurança no custo da
energia em longo prazo, e por um país cuja matriz energética
se estabeleça diversificada (Kranzl et al., 2015).
A Figura 5 (conferir no link ao final da publicação) demonstra
que houve um crescimento significativo na produção
de pellets no Brasil, nos últimos anos, passando de 61,5
mil toneladas em 2013, para 504 mil toneladas em 2018
(ABIB, 2019). Todavia, a produção ainda é pouco competitiva
no mercado mundial, devido à falta de infraestrutura,
baixa produtividade, juros altos e elevada carga tributária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados conclui-se que os pellets são
biocombustíveis renováveis que possuem excelente
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potencial energético e baixo teor de cinzas. Além disso, é
um produto de fácil manuseio, transporte e ocupa pouco
espaço na armazenagem. Os pellets são excelente alternativa
para mitigar a dependência dos combustíveis fósseis.
A utilização da biomassa residual obtida diretamente do
processamento da madeira é a alternativa mais recomendada
para produção de pellets. Em detrimento de estar
atrelado ao resíduo, menores custos de produção e maior
índice de qualidade na produção de pellets, sem a necessidade
de reprocessamento da matéria-prima e adequação
granulométrica.
A procura por energia limpa e renovável torna os pellets
de madeira ou de outros materiais lignocelulósicos um
biocombustível promissor. Sobretudo, o uso de biomassa
adensada constitui-se em uma importante oportunidade
de mercado para o país com grande possibilidade de
expansão, considerando a possibilidade de exportar para
os países europeus, o maior e o mais exigente consumidor
de biomassa adensada do mundo.
As projeções apontaram que até o ano de 2025 de 10%
a 12% de toda a madeira industrial colhida no mundo será
transformada em pellets. Constitui-se numa promissora
oportunidade com produção em grande escala, baseada
em plantações de eucaliptos e pinus dedicadas. É imprescindível
que o Brasil assuma seu papel de protagonista na
produção para abastecer o mercado interno e externo de
biomassa adensada para uso energético.
Para alcançar esse objetivo, um esforço específico de
pesquisa deve ser realizado com envolvimento das empresas
públicas, privadas e pesquisadores. A meta consiste
em adquirir recursos tecnológicos nos processamentos da
biomassa e alcançar os padrões de qualidade exigidos pelo
mercado com fortes exigências.
Link: https://downloads.editoracientifica.com.
br/articles/220709457.pdf
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AGENDA
MARÇO 2023
EXPOCANAS 2023
Data: 29 a 2 de abril
Local: Nova Alvorada do Sul (MS)
Informações: https://expocanas.com.br/index.php/contato
DESTAQUE
MAIO 2023
E-WORLD
Data: 23 a 25
Local: Essen (Alemanha)
Informações: https://www.e-world-essen.com/en/
JUNHO 2023
ENASE (ENCONTRO NACIONAL DE AGENTES
DO SETOR ELÉTRICO) 2023
Data: 21 a 22
Local: Rio de Janeiro (RJ)
Informações: www.enase.com.br
AGOSTO 2023
FENASUCRO & AGROCANA
Data: 15 a 18 de agosto
Local: Sertãozinho (SP)
Informações: www.fenasucro.com.br
EXPOCANAS
Data: 29 de março a 2 de abril
Local: Nova Alvorada do Sul (MS)
Informações: https://expocanas.com.br/
index.php/contato
Realizada em Nova Alvorada do Sul (MS),
cidade com a segunda maior área de produção de
cana-de-açúcar do Brasil, a Expocanas foi criada
para reunir as maiores empresas e profissionais do
segmento e evidenciar o que há de mais moderno
para o setor, entre insumos, máquinas e equipamentos,
estudos e pesquisas, inovação e tecnologia,
desde o preparo da terra até a colheita. Em sua
primeira edição, a intenção é que a EXPOCANAS se
torne o maior evento do setor em todo o país, com
mais de 58 mil m² (metros quadrados) de extensão.
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A Revista
Deseja a todos um Feliz Natal
e um próspero Ano Novo!
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OPINIÃO
Foto: divulgação
O QUE ESPERAR DE
RESULTADOS DA COP-27?
N
o último mês, o Egito sediou a COP-27, a
27ª Conferência da ONU (Organização das
Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas,
que teve como tema central as mudanças
climáticas e a agenda 2050. Foi um dos maiores eventos
no pós-pandemia para debater, discutir e propor
ações para a melhoria da qualidade de vida no planeta
e, em especial, o foco central voltado ao clima e à prática
dos países em fazer valer os pactos iniciados neste
milênio, em destaque os ODS (Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável).
As principais razões do debate são as mudanças
climáticas, que conforme divulgado este ano pelo
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas), apresentaram dados que preocupam os
países em relação aos efeitos climáticos no planeta e
às catástrofes ambientais.
Em recentes declarações, a ONU, por meio de
um dos seus órgãos executivos sobre a convenção
do clima, trouxe uma visão preocupante em relação
às emissões, sendo que há um pacto de alcançar a
neutralidade de emissões de carbono até 2050. Para se
atingir a meta ambiciosa de 1,5 grau, é necessário um
maior esforço de todos os países.
O apelo se deve ao fato de que, na última reunião
das grandes economias mundiais, revelou-se que esses
países são responsáveis por 80% das emissões globais
de GEE (gases de efeito estufa). Por isso, segundo
analistas globais, a COP-27 deverá acontecer sob a
ótica de um cenário de pressão, para que se possam
alcançar as metas do Acordo de Paris.
Segundo um importante relatório da The Nature
Conservancy, “o aumento da frequência e intensidade
desses eventos ameaçam a saúde e a segurança de
milhões de pessoas ao redor do mundo, tanto por
impacto direto quanto por consequências das dificuldades
para produção de alimentos e acesso à água
potável.”
A grosso modo, especialistas pontuam que, por
um lado, um grande avanço foi conquistado na COP-
27, com a criação de um fundo de reparação – conhecido
como Perdas e Danos – para países vulneráveis
que não conseguem se adaptar às mudanças no
clima. Mas por outro, temas essenciais no combate ao
aquecimento global foram deixados de lado mais uma
vez no texto final da COP-27, como a eliminação ou
mitigação dos combustíveis fósseis.
Por fim, clima, adaptação e vulnerabilidade, foram
os temas mais debatidos e concorridos da COP-27.
Ainda não há nenhuma certeza de resultados positivos
e pactos globais a partir deste importante evento,
mas o que se debateu anteriormente a isso são os
acordos celebrados para uma agenda positiva 2030 e
2050 nas questões socioambientais.
Por Rodrigo Berté
Ph.D. em Educação e Ciências Ambientais e pró-reitor de graduação do Centro Universitário Internacional Uninter
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