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Viajar com Saber: Sri Lanka
Em Análise... As famílias que não o são
Fátima
lopes
A minha inspiração
para os livros
vem da realidade
ANOS
€2,50 | N.º306 | ANO XXIV
mensal novembro 2022
5 602930 003431
Akoustic Junkies
Entrevista
Festival da Natureza
Madeira
sumario
04 ENTREVISTA
O que começou como uma
‘brincadeira’ tornou-se uma coisa
séria, tanto que conta já dez anos
de banda e uma legião de fãs
que a segue para todo o lado.
Falamos da Akoustic Junkies que,
através do seu membro, Ricardo
Vasconcelos, revela como têm
sido estes anos de música e dos
projetos que ainda têm para
cumprir.
07
lugares de cá
Achada do Gramacho
08 atualidade
Lila Fadista e João Caçador
formam o Fado Bicha e
responderam à nossa entrevista
11 OPINIÃO
A casa de banho
12 madeira
Festival da Natureza 2022
Madeira/Porto Santo
14
em análise
Francisco Gomes escreve sobre
“As famílias que não o são”
16 personalidade
Fátima Lopes trouxe ao Teatro
Municipal o seu novo livro
18 educação
Didática da leitura em crianças
com dificuldades...
19
cantinho da poesia
Outono
20 bem-estar
As Terapias Holísticas Integrativas
nas crianças
21 imagem
A tua imagem pode gerar
oportunidades na tua vida
22
26
28
caprichos de goes
A crise do capitalismo ou
o capitalismo em crise?
24 psicologia
Educar com e para bons valores
madeira aves
A Íbis-Preta e o Peneireiro-Comum
viajar com saber
Sri Lanka
30 saúde
Por cuidados paliativos de
excelência...
31 finanças
Reequilibrar as contas
32 decoração
Cores tendência 2023: Digital
Lavender
33
34
Marcas Icónicos
Tiffany & Co.
36 Makeover
Noiva: Clássico Romântico
38
FASHION ADVISOR
Jorge Luz: “Desde cedo a moda foi
importante para mim”
40 motores
Segunda Concentração ‘Madeira a
Vespar’
42
Agenda cultural
Novembro 2022
44 Instantâneo
Obrigado por não deitar lixo no
chão!
45 SOCIAL
52
Dicas de moda
54
Batismo Nostalgia
08
11
À MESA COM... FERNANDO OLIM
ESTATUTO EDITORIAL
saber novembro 2022
3
ENTREVISTA
Akoustic Junkies
A música é
um hobby,
um escape
da nossa
realidade
Dulcina Branco
Arquivo Akoustic Junkies
O que começou como uma ‘brincadeira’ tornou-se uma coisa séria,
tanto que conta já dez anos de banda e uma legião de fãs que a
segue para todo o lado. ‘Feel the Sun’ lançou a banda madeirense
em 2013 para nunca mais deixar de figurar no espetro das bandas
madeirenses com maior sucesso. Apresentando covers e outros
originais, inspirados em grande parte, no Grunge de Seatle,
Duarte Ferreira (voz), João Silva (guitarra acústica e elétrica),
Pedro Pereira (baixo) e Roberto Vasconcelos (guitarra acústica
e elétrica) – atuais integrantes, dominam o palco como grandes
intérpretes que são e onde merecem estar. No ano em que a
Akoustic Junkies está a comemorar dez anos, pedimos aos seus
membros, através do Ricardo Vasconcelos - que conduziu esta
entrevista escrita, que nos falassem da história e dos sonhos que o
grupo ainda tem para concretizar e que passam, por exemplo,
pela gravação de um disco com todas as músicas originais da
banda e por um concerto fora da Região.
4 saber novembro 2022
Na Madeira
é muito difícil viver
unicamente da música.
Faltam espaços
para música ao vivo,
tal como existe o LAV
ou o RCA, em Lisboa
A vossa história tem já dez anos. Como é
que tudo aconteceu, quem saíu e está do
início, ou seja, como tem sido este percurso
da Akoustic Junkies?
R.V.: Os Akoustic Junkies surgiram de forma
muito descontraída, numa jam session que
teve lugar numa festa privada. Acabou por
ser um encontro feliz entre quatro músicos
e amigos, que levou à vontade de tocarmos
juntos mais vezes e, sobretudo, divertirmo-
-nos. No ano seguinte, em 2013, surgiu o
desafio de participarmos no 1º concurso
de bandas lançado pelo Festival Summer
Opening, que obrigava a criarmos temas
originais e cujo prémio seria a oportunidade
de tocarmos no palco principal, no primeiro
dia do evento. Apostámos na entrada
de mais um elemento, neste caso, o Jaime
Filipe Freitas, para complementar a banda
com um instrumento de percussão (cajon).
Foi com grande satisfação que vencemos
o concurso, sobretudo por serem músicas
criadas por nós, e tivemos a oportunidade
de partilhar o palco com artistas de renome
nacional, como Aurea, David Fonseca e
Tatanka. Motivados, trabalhámos melhor
aquela que viria a ser a nossa primeira música
original a ser distribuída pela maior
loja online de música na altura, a iTunes, e
que ainda hoje temos a alegria de ouvir nas
rádios regionais: “Feel the sun”. Em 2014,
demos mais um passo importante para a
evolução da banda. Com a saída de Jaime
Filipe Freitas (por motivos pessoais ) entrou
para a banda o Bernardo Rodrigues e com
ele a oportunidade de substituirmos o cajon
por uma bateria. Consequentemente,
deixámos de tocar exclusivamente em formato
acústico e passamos a incluir guitarras
elétricas, o que nos permitiu incluir no
alinhamento muitas músicas que todos nós
gostávamos e que em acústico não tinham
o mesmo impacto, como por exemplo “Man
in the box” dos Alice In Chains, ou “Smells
Like Teen Spirit” dos Nirvana. Em 2016, o
Bernardo Rodrigues saíu da Região para
seguir os estudos e, em sua substituição,
recebemos de braços abertos um amigo
e músico já com larga experiência como
baterista, o Marco Panamá. Em 2020, saíu
da banda Hugo Vieira, um dos elementos
fundadores, e para o seu lugar entrou um
músico já bem conhecido de todos nós, o
João Silva. Ou seja, desde 2012, muito mudou
nos Akoustic Junkies. O que começou
por ser apenas algo para nos divertirmos,
evoluiu para um projeto mais sério e profissional.
Passamos de uma banda em formato
completamente acústico, com quatro
elementos que tocavam em bares e pequenos
palcos, para uma banda de cinco elementos
que tocam não só em acústico, mas
também em formato mais completo com
guitarras elétricas, adaptando-nos a todo
o tipo de palco, com um largo repertório
de covers e mais de uma dezena de músicas
originais. O que se mantém intocável,
desde o início, é o gosto musical com maior
apetência para o rock.
É motivador e muito
bom quando vemos
o público a cantar
e a saltar quando
interpretamos as
nossas músicas
originais
saber novembro 2022
5
Desde 2012, muito mudou
nos Akoustic Junkies.
O que começou por ser apenas
algo para nos divertirmos,
evoluiu para um projeto mais
sério e profissional
Houve um momento que vos marcou
mais e porquê?
R.V.: Temos tido a sorte de ter muitos momentos
marcantes, mas vamos destacar
três momentos e que são: em primeiro lugar,
termos vencido o 1º concurso de bandas
do Festival Summer Opening (2013), em
segundo lugar, o lançamento, em 2013, do
nosso 1º single - “Feel the sun” (que até hoje
continua a passar nas rádios regionais e que
muitos não acreditam ser de uma banda
madeirense) e em terceiro lugar, o nosso
primeiro concerto inteiramente composto
por músicas originais (13 ao todo), que decorreu
em 2019 no Pico Castelo e no qual
fomos recebidos por um surpreendente número
de pessoas.
A banda é a vossa principal ocupação ou
têm outras ocupações profissionais?
R.V.: Todos nós temos outras profissões. A
música é um hobby, um escape da nossa
realidade. Na Madeira é muito difícil viver
unicamente da música. Faltam espaços para
música ao vivo, tal como existe o LAV ou o
RCA, em Lisboa.
O que é que vos inspira para a criação de
uma música?
R.V.: As nossas influências provêm das nossas
vivências pessoais, acontecimentos marcantes
e do que sentimos e vemos no dia a
dia. Somos de géneros musicais diferentes,
mas temos um em comum que é o Grunge/
Rock. As nossas canções nascem das nossas
influências e, talvez, por isso, sejam tão
diferentes umas das outras. Temos várias
músicas em acústico, com um género quase
folk, temos uma com um certo ritmo country,
outra mais pop e as mais recentes bem
mais rock.
Entre o palco e o estúdio, qual é a vossa
‘praia’, digamos assim?
R.V.: Claramente em cima de palco e de
preferência, os palcos grandes!. É onde nos
transformamos! O palco tem o público à
frente e ao vivo e isto transmite-nos muita
energia e bom feedback. É motivador e muito
bom quando vemos o público a cantar e a
saltar quando interpretamos as nossas músicas
originais.
O que gostariam de vir a concretizar e
que ainda não concretizaram?
R.V.: A gravação de um disco com todas
as nossas músicas originais e um concerto
fora da Região. Gostaríamos muito de fazer
uma pequena tour pelo continente, pelas
salas de espetáculo preparadas para música
ao vivo e onde o público paga para ver
um concerto de Rock e enche por completo
o local. Tivemos um concerto em Porto Santo,
no Miradouro do Moinho, concerto esse
que gostámos muito e adorávamos repetir.
Fomos muito bem recebidos pelo público
porto-santense e ficámos com a percepção
que o Porto Santo sente falta de mais música
ao vivo.
Onde é que podemos ouvir-vos em termos
do digital?
R.V.: No nosso canal de Youtube www.youtube.com/akousticjunkies
podem encontrar
algumas músicas nossas, mas é na nossa
página de Facebook www.facebook.com/
akousticJunkies onde temos a maior parte
de partilha das nossas músicas originais e
das covers que fazemos. s
6 saber novembro 2022
LUGARES DE CÁ
Achada do Gramacho
F
ica na costa nordeste da ilha da Madeira, na freguesia de Santana,
no concelho de Santana, esta localidade que tanto tem
de azul como de verde, dado que é possível observar a sua
natureza luxuriante bem como o azul do mar que toca a costa.
É um sítio pitoresco que tem por perto importantes pontos de referência
como o miradouro e a Quinta do Furão – esta situada no topo
de uma falésia da localidade. Explica um documento da Fundação
Gramaxo, propriedade da família Gramaxo, que a história do nome
‘Gramacho’ se deve a esta importante família [Gramaxo] que no séc.
XV foi das primeiras a povoar a ilha da Madeira, através de Rui Gramaxo,
oriundo de Évora e fidalgo de D. João I, estabelecido em Santa
Cruz, o seu filho Salvador Gramaxo no Funchal e na freguesia de
Gaula Gonçalo Pires Gramaxo, família esta que ocupou importantes
cargos políticos e sociais. Alguns Gramaxos partiram do Algarve
rumo a diversos destinos como a ilha da Madeira, as Indias de Castela,
na América do Sul, e onde se estabeleceram como importantes
comerciantes e negociando com a Europa e África. (Fonte: Fundação
Gramaxo). s
Dulcina Branco
Simon Zino
visitmadeira.pt
saber novembro 2022
7
ATUALIDADE
Fado Bicha
Dulcina Branco
Arquivo Fado Bicha
As ‘bichas’, as pessoas
LGBT não surgiram
agora para fazer as
marchas do orgulho
gay, estas pessoas
sempre estiveram ali e
sempre fizeram parte
do passado e da criação
artística. No nosso caso,
recusamos esse carácter
apagador da tradição e
reinvidicamos esse lugar
na tradição
Participaram na primeira eliminatória do Festival da Canção de
2022, não chegaram à final mas não deixaram ninguém indiferente
ao fado ‘fora da caixa’ com a interpretação do tema original,
‘Portugal Pequenino’. Elas são Lila Fadista (voz e letras) e João
Caçador (instrumentos e arranjos) e, desde 2017, ano em que
formaram o projeto musical Fado Bicha, já deram cententas de
concertos, quer em Portugal, quer no estrangeiro, sempre com
grande repercussão. A dupla acaba de lançar o álbum de estreia,
‘Ocupação’ - considerado como um dos grandes lançamentos da
música portuguesa da primeira metade de 2022, com dois concertos:
Chora e Dança. Sem pedir licença ou legitimação, Fado Bicha
veio ocupar um lugar que não existia, goste-se ou não se goste.
Respondem no feminino, não porque procuram a provocação mas
porque é assim que são e se apresentam ao mundo com as suas
ideias e ativismo social. O Fado é a casa comum deste projeto
‘não convencional’ e o método é o da intervenção, começando na
representatividade da comunidade LGBTI e adensando-se pelos
temas que abordam e explorandos-o de acordo com as identidades
e experiências de cada uma. João Caçador e Lila Fadista integram
atualmente o espetáculo “Casa Portuguesa”, de Pedro Penim e que
virá à Madeira em meados do próximo ano.
8 saber novembro 2022
Este projeto só aguenta
porque é assente numa
relação muito próxima e
de amor
Acho muito interessante,
e desafiante, esta ideia de
‘a tradição exclui pessoas
como nós’
Quem são as Fado Bicha e porquê ir pelo
Fado e não por outro género musical?
L.F.: O projeto ‘Fado Bicha’ foi concebido
muito antes do projeto que é hoje em dia e
de uma forma muito genuína. Comecei [Lila
Fadista] a fazer o projecto ainda não cohecia
o João. Vivi fora de Portugal e quando
voltei para Portugal um dos meus grandes
objetivos foi tentar perceber o que é que
poderia construir dentro do fado. Nunca
tinha cantado fado, nunca tinha estado ligada
às casas de fado mas já gostava de fado.
Na adolescência, era o estilo musical que eu
sentia que, se algum dia viesse a cantar de
uma forma mais séria, seria o estilo musical
que quereria desenvolver. Fado Bicha surge
de uma forma pouca pensada porque surge
mais da vontade de fazer, de experimentar
e de criar um novo lugar juntando referências
dispersas e espalhadas pelo tempo e
onde eu me pudesse expressar, utilizando
o fado como ferramenta. Eu sempre quis
cantar fado, mas trazendo-me a mim por
inteiro, com as minhas experiências, sentimentos
e género. O João Já cantava fado
e tocava viola de fado em casas de fado há
já algum tempo, mas vinha sentindo algum
desconforto com a forma como funcionava
o meio, a rigidez do fado, o conservadorismo
de grande parte das pessoas da comunidade
de fado com as quais contactava...
Tomou conhecimento do meu projeto,
identificou-se com o mesmo e abordou-me
de uma maneira despretensiosa: «olha, se
precisares de ajuda, posso te ajudar». E foi
assim. Ambas tínhamos essa atração pelo
fado há muito tempo, não foi uma escolha
estratégica no sentido de chocar ou de ver
o que vai ser mais chocante. Foi porque fazia
mais sentido para nós, porque era exatamente
aquilo que nós queríamos fazer à
revelia de uma tradição que excluia pessoas
como nós, e quando digo que excluia pessoas
como nós é porque nós não poderíamos
estar por inteiro dentro dessa tradição,
ou seja, poderíamos fazer parte dela mas
com condições, e nós não estávamos dispostas
a aceitar essas condições.
Se a Amália tivesse tido a oportunidade
de vos ouvir, o que é que acham que ela
diria?
- Olha, não faço ideia...Quando ela morreu
éramos muito novas, o mundo era um lugar
muito diferente... Se ela fosse hoje viva
já teria passado por novas experiências,
teria lido novas coisas, teria conhecido novas
pessoas e teria outras informações, o
que a tornaria diferente do que era quando
morreu. A Amália de hoje seria certamente
muito diferente da Amália de 1999. No entanto,
ela é muito importante para nós, especialmente
para mim [Lila Fadista] porque
foi através dela que comecei a me ligar ao
Fado. Vários elementos da arte da Amália e
da sua pessoa fazem parte do meu caldeirão
criativo - ela é uma das minhas grandes
referências artísticas. Mas o certo é que, eu
e o João decidimos muito cedo que não iríamos
depender da legitimação de ninguém,
nem da comunidade do fado nem de fora
da comunidade do fado, não faríamos depender
o nosso projeto da aprovação ou da
legitimação de outrém e que íriamos traçar
e fazer o nosso trabalho da forma que
nós sentíssemos que fosse mais verdadeiro
para nós. É a nossa essência no projeto.
Mas gostaria muito de imaginar – e às vezes
imagino – que a Amália entenderia o que
nós fazemos. Ela própria foi uma inovadora
em muitos aspetos da sua carreira e da
sua vida. Introduziu novidades no fado que
foram olhadas de lado, mas sim, acho que
ela se poderia ligar a nós. Ela tinha muitos
amigos LGBT e dissidentes... Sim, acho que
ela se ligaria com esse lado dissidente ou resistente
que nós fazemos. Quero, e gostaria
de acreditar que isso aconteceria.
Já atuaram em diversos países. Como é
que foram essas atuações?
- Já atuámos em 7, 8 países ou mais, a maioria
na Europa, como Islândia, Luxemburgo,
França, Bélgica, Reino Unido, Espanha, mas
também no Brasil. É muito interessante ver
a forma como o público interioriza e se liga
à nossa música e ao nosso espetáculo. Não
é qualquer pessoa que vá ver um concerto
Fado Bicha em Portugal ou no Brasil - no estrangeiro
eles não sabem o que significa a
palavra ‘bicha’ mas quando nos vêm e assistem
ao espetáculo, sabem ao que vêm
e o que nós fazemos, e o que nós fazemos
é uma invenção ‘queer’ [queer é um termo
guarda-chuva da língua inglesa para minoras
sexuais e de género, ou seja, que não
são heterossexuais ou não são cisgénero]
do fado, então vêm com essa disponibilidade
e abertura. Fizemos um concerto na praça
central da capital do Luxemburgo onde
esteve muita gente e foi muito interessante.
Tem sido muito bom atuar lá fora porque
as pessoas conseguem sentir e ligam-se
com este nosso exercício. Temos reações
incriveis de pessoas que não entendem
uma palavra de português e se emocionam
e vêm ter conosco no final, emocionadas.
Costumo falar muito durante os concertos,
conto a história das músicas, faço piadas e
observações sobre o local onde o espetáculo
decorre e então as pessoas gostam muito
disto, desta ligação que também acontece
quando abordamos o passado e situações
mais sensiveis como a história colonial de
saber novembro 2022
9
Portugal, as questões de género... As pessoas
acham muito interessante utilizarmos
uma música que consideram tradicional
para mostrar uma realidade nova, como fizemos
com “Povo Pequenino”, que cruza a
tradição musical com a experiência ‘queer’.
Muitas vezes, são consideradas coisas irreconciliáveis
e acho isto muito interessante
e desafiante, esta ideia de ‘a tradição exclui
pessoas como nós’. É muito interessante
porque o estilo tradicional não é apenas tradição.
A tradição é um processo social que
cria uma normatividade que vai passando
de geração para geração como representativo
dessa sociedade, cria uma normatividade
que exclui pessoas e isto faz com que as
pessoas não liguem à tradição, ou não se
ligam com determinados aspetos da tradição
por causa disso. Mas nós fazemos parte
do passado, fazemos parte do fado. As ‘bichas’,
as pessoas LGBT não surgiram para
fazer as marchas do orgulho gay, as pessoas
sempre estiveram ali e sempre fizeram
parte desse passado e da criação artística.
No nosso caso, recusamos esse carácter
apagador da tradição e reinvidicamos esse
lugar na tradição.
O que gostariam que as pessoas sentissem
ou com que ideias ficassem depois
ouvir o vosso disco, ‘Ocupação’?
- É uma pergunta bonita... Gostaria que as
pessoas sentissem muitas coisas diferentes.
‘Ocupação’ é um disco que funciona para
nós de uma forma muito bonita porque,
como o trabalho do disco acabou por ser
esticado no tempo por causa da pandemia,
acabou por ser diferente do plano inicial. Ele
faz uma espécie de eixo do passado para o
futuro, então tem músicas que bebem muito
de uma ideia de passado, nomeadamente
de passado comunitário, como o Valentim
de Barros na primeira música, tem referências
a pessoas transgénero como a Gisberta
e Mathew Shepard - ambas assassinadas, a
primeira em Portugal e a segunda nos Estados
Unidos nos anos 90, tem essas referências
a um passado de violência, e também
tem de passado pessoal, como a música
1997 - que é a minha história de crescer a
ter de lidar com a violência homotransfóbica.
Tem ainda algumas músicas que cantamos
desde o início como ‘Lila Fadista’, a ‘Crónica
do Mais Discreto’, tema este que vem
do início do nosso projeto. Tem outras músicas
que não só trazem esse aspeto de força,
de resistência e de rebelião, como ‘Fogo
na Casa’ ou ‘Medusa’, mas também o olhar
para a sociedade portuguesa, como o tema
‘Povo Pequenino’ que levamos ao Festival da
Canção deste ano e aborda a nossa visão de
Portugal em relação com a sua história, com
10 saber novembro 2022
Eu e o João decidimos
muito cedo que não iríamos
depender da legitimação
de ninguém
o nosso passado e com o nosso presente.
Tem ainda músicas que apontam para sítios
musicalmente muito diferentes daquilo que
já experimentámos... É um álbum que tem
muito esse diálogo entre passado e futuro
e de mim, porque ligo-me muito ao Tempo,
que é uma coisa que me preocupa mas também
que me anima e instiga artisticamente
e criativamente. Essa ideia de passado, da
morte, de futuro... Ao ouvirem este disco,
gostava que as pessoas se sentissem entusiasmadas
e entendessem as pessoas que
criaram o disco e as pessoas/histórias que o
disco canta. Ao conseguirmos criar/mostrar
as nossas narrativas, estamos a expôr o sofrimento
de pessoas que não conseguem ter
voz, então, é preciso mostrar esse sofrimento
e de onde vem esse sofrimento e que as
pessoas conseguissem entender que aquele
sofrimento é o nosso sofrimento pessoal,
mas é um sofrimento mais antigo e aquela
resistência também é muito mais antiga do
que nós, que nos sentissem a nós como a
outros artistas ‘queers’, que nos sentissem
como um canal de expressão desse sofrimento
e dessa resistência que são simultaneamente
antigas, simbólicas, comunitárias,
bem pessoais e muito reais.
Quem são a Lila Fadista e o João Caçador
fora do palco, despidas da profissão de
‘fadista´?
- Nunca nos tinham feito essa pergunta...
Olha, a Lila é uma pessoa muito menos confiante
do que aquilo que aparenta ser em
palco. Acho que, sou muito menos confiante
do que aquilo que aparento ser em palco.
Temos uma relação de amizade muito próxima,
de companheirismo e de apoio que é
o que sustenta o nosso projeto. Acho que,
não seria possível de outra forma. Como
relação meramente profissional, isso era
impensável. Este projeto só aguenta porque
é assente numa relação muito próxima
e de amor. Somos pessoas com dúvidas,
com receios, com vontades, com inseguranças
mas também somos alegres, entusiasmadas
pela vida, apaixonadas por Lisboa
e pela arte e com vontade de fazer coisas
novas e diferentes. Saímos de um período
pandémico que foi bastante perturbador
mas, atualmente, conseguimos viver exclusivamente
da arte e da música, o que é uma
coisa maravilhosa.
A Madeira é uma possibilidade em termos
de concertos/espetáculos vossos?
- Já atuámos na Madeira. Foi a primeira vez
que fui à Madeira, em 2019, e atuámos no
desfile Pride da Madeira, no Jardim Municipal.
Foi um concerto lindíssimo, com muita
gente a assistir. Gostamos muito. A Madeira
tem vivências específicas e a comunidade
LGBT das ilhas tem experiências muito
específicas, é uma insularidade dentro de
uma insularidade e nós ouvimos de muitas
pessoas da Madeira casos de violência,
depressão, rejeição familiar, de armário
– muito armário... Mas gostávamos muito
de voltar a atuar na Madeira. De momento,
não temos plano de voltar a fazê-lo em
termos de Fado Bicha – não é fácil dado que
há ainda alguma resistência por parte dos
programadores nacionais de quererem um
concerto do Fado Bicha, mas vamos com a
peça do Pedro Penim ao Funchal em julho
de 2023, o que irá ser maravilhoso, com certeza.
Muito obrigada pelo interesse e pelas
perguntas e um beijinho grande. s
Eu sempre quis cantar
fado, mas trazendo-me
a mim por inteiro, com
as minhas experiências,
sentimentos e género
opinião
Luís Sena-Lino
Consultor de Marketing e Comunicação
luis.sena.lino@gmail.com
A casa
de banho
D.r. (direitos reservados)
H
á cerca de meia dúzia de anos
atrás, fui a uma casa de banho
num restaurante (de gama média/alta)
em Lisboa e ao lá chegar,
deparei-me com um espaço único
frequentado por homens e mulheres. As
várias portas que davam acesso a espaços
individuais e privativos eram frequentadas
por uns ou por outros; assim que a porta
se abria ficava disponível para o próximo.
Todos tínhamos privacidade. A zona dos
lavabos e dos espelhos era de uso comum,
numa arquitetura bastante higiénica e bastante
– tanto quanto um wc pode ser – acolhedora.
Há menos tempo do que o relato anterior,
deparei-me com o mesmo cenário no wc
de uma discoteca em São Paulo, no Brasil.
Isto dito, não me recordo de em qualquer
destas circunstâncias ter-me vindo à ideia
qualquer tema relacionado com homofobia,
diferença de género ou tantos outros
tão importantes valores que são suscitados
em redor do projeto de lei, ainda por aprovar,
na Assembleia da República, que prevê
que cada aluno utilize na sua escola a casa
de banho com que mais se identifica.
Quem está fora da “norma” acaba por se
sentir minoritário e na diferença de género
o tema não é diferente. A questão é
extensa e impossível de debater em tão
pouco espaço, mas no essencial a abertura
para quem se sente diferente não deve ser
coartada. Quem não faz parte da “norma”
é capaz de viver horrores para se assumir
e para se integrar e ser aceite. Penso que
ninguém com isto pretende promover e
incentivar a homossexualidade, ou outros
géneros, que aliás não é nenhum produto
da realidade pós-moderna, mas tem raízes
na Grégia Antiga. Coisa diferente é reprimir
quem tendo nascido homem se sinta mulher
ou vice-versa.
Eu, que me encontro dentro da “norma”,
consigo com a maior facilidade entrar na
galeria de horrores sentimentais em que
vivem aqueles que sofrem este tema na
pele e no dia a dia. Não compreendo aliás,
o porquê de tal projeto lei ser tão ofensivo
aos valores que os seus adversários ideológicos
apregoam, mas prefiro viver num
Mundo mais livre e mais tolerante. Penso
também que ninguém quer fazer do wc
uma balbúrdia, antes transpor para a vida
prática aquilo que a Constituição garante
na “não discriminação em função do sexo
(...) ou orientação sexual” (artigo 13). Desde
que usado com urbanismo, civilidade e
privacidade, não entendo porque não possa
um aluno escolher a casa de banho com
que mais se sente confortável.
Há mais de 40 anos, o colégio onde realizei
o ensino primário e pré-primário só aceitava
rapazes até à 4ª classe dado que daí em
diante, até ao 9º ano, o mesmo colégio só
lecionava aulas para raparigas. Nunca percebi
bem o porquê na altura, porque era
uma criança. Certo é que hoje, rapazes e
raparigas, frequentam em igualdade de circunstância
o mesmo colégio, o que me parece
bastante razoável. O Colégio mudou,
porque o Mundo é feito de mudança. s
saber novembro 2022
11
madeira
Obviamente que,
gostaríamos de ter ganho
esse prémio [Melhor
Destino Insular]
mas vamos trabalhar
para reconquistá-lo
Eduardo Jesus
Para promover o turismo ativo
no rico património natural
do arquipélago da Madeira, a
secretaria regional de Turismo
e Cultura realizou o Festival da
Natureza. A abertura aconteceu
na placa central da Avenida
Arriaga com o Secretário Regional
Eduardo Jesus a sublinhar na
ocasião que o maior ativo que
a Madeira tem é a sua natureza
e alertando para os cuidados
que é preciso ter quando se vai
para o mar ou para a montanha.
O evento foi potenciado com o
Europeu de Fotografia e Vídeo
Subaquático e o Wanderlust
- maior evento mundial na
área do bem-estar e o público
correspondeu, a ver pelos
números do Turismo, com a
ocupação hoteleira nos 90%.
Dulcina Branco
Secretaria Regional de Turismo e Cultura
12 saber novembro 2022
Foi numa tarde de muito sol, apesar de
ser já outono e estarmos em outubro,
que o Secretário Regional de Turismo e
Cultura, Eduardo Jesus, presidiu à abertura
do Festival da Natureza na Placa Central
da Avenida Arriaga. Assumindo-se como um
evento que tem por objetivo promover o turismo
ativo no âmbito da natureza ao incentivar
a prática de atividades que permitem o
contacto direto com o riquíssimo património
natural do arquipélago da Madeira, esta edição
promoveu diversas iniciativas, como assistir
ao Nascer do Sol na Bica da Cana numa
iniciativa que contou depois com o concerto
de Cristina Barbosa – EcoMusicalis Sol
Oriens. Já na ilha do Porto Santo, subiu-se ao
Pico do Castelo para uma sessão de ioga. No
Funchal, na Tenda Tipi, destaque ainda para
a realização de diversos eventos, como ‘Conversas
à volta da Natureza’, “Rum – Engenhos
do Norte”, “Fotografia na Madeira” - Joel
Santos; “Wanderlust” - Nuno Carvalho, Soma
Lisboa; e “Rum - Engenho Novo da Madeira”.
Depois de visitar o espaço de exposição na
placa central da Avenida Arriaga, Eduardo
Jesus foi questionado pelas jornalistas sobre
as expetativas desta edição e que, segundo
o mesmo, «foram grandes». “Reeinventou-se
este festival, houve o cuidado de aprofundar
o que é genuinamente regional, nomeadamente
as levadas que são o primeiro produto
de grande procura dos que nos visitam ou
que consultam a Madeira na Internet. Atendendo
a uma grande tendência mundial que
tem a ver com o bem-estar, nessa dimensão
o programa foi construido para mostrar o
que a Madeira tem para oferecer e permitir
que as pessoas pudessem fruir dessa oferta,
experimentando cada uma dessas valências
nas várias temáticas de intervenção. Neste
sentido, temos (tivemos) temas que vão desde
a alimentação à ioga, ao bem-estar e ao
retiro que se faz num território como este
em termos de destino turístico”. A natureza
da Madeira, o seu mar e a sua floresta laurissilva
são mais-valias reconhecidas no mundo
e que fazem com que seja um destino único
e muito frequentado todo o ano. “O melhor
ativo que a Madeira tem é a Natureza, a sua
montanha, o seu mar”, acrescentou o secretário
regional para quem esta edição venceu
à partida e demonstrada na taxa de ocupação
hoteleira que rondou os 90%. “Consultada
a ocupação hoteleira neste período deste
evento, tivemos a informação que estamos
com 90% de ocupação. No melhor ano que
tivemos em termos de ocupação antes do
presente, tivemos cerca de 82%, pelo que, há
aqui um acréscimo que é relevante, pelo que,
o evento está a cumprir essa função que é o
de captar presença e fruição do nosso território”.
A segurança é um fator determinante
para a qualidade do Turismo mas os acidentes
acontecem, e alguns têm acontecido em
espaço natural frequentado por turistas que
se aventuram sem terem o conhecimento e
estarem preparados para percorrerem levadas
e veredas. Para Eduardo Jesus, a Madeira
está muito bem cotada em termos de profissionais
“capazes, experientes e conscienciosos
para poderem prestar esse serviço”,
e lembrou que quem não vai acompanhado
tem, necessariamente, de ter a noção do risco
que corre. Há quem arrisque a vida para
tirar uma fotografia mas “a vida não pode ser
posta em causa para se tirar uma fotografia.
Temos casos destes, de pessoas que se colocam
na beira de uma rocha para tirar uma
fotografia para que seja diferente de todas
as fotografias que foram postadas e essa
loucura de postar fotografias pode custar a
vida. Também sou praticante e usufruo mui-
to da montanha, caminho muito e pratico
desporto na montanha e vejo muitas coisas
que eu próprio, não tendo essa função nesse
momento, acabo por alertar as pessoas,
principalmente turistas para comportamentos
que não são corretos”. Isto no ano em
que a Madeira não conseguiu arrecadar o
prémio de Melhor Destino Insular da Europa
- que vinha arrecadando consecutivamente
desde 2016, e que este ano foi distinguiu a
ilha de Maiorca (Baleares) e que foi também
palco da cerimónia da 29.ª edição dos prémios
mundiais do Turismo 2022. A Madeira
foi preterida por Maiorca mas teve cinco hotéis
reconhecidos: Savoy Palace, Belmondo
Reid’s Hotel, Galo Resort, Vila Baleira e Pestana
Porto Santo. Eduardo Jesus disse que o
facto de a Madeira não ter obtido a distinção
este ano até foi favorável para responder
aqueles que dizem que é sempre a Madeira
a ganhar o prémio mas nada se perdeu porque
hotéis madeirenses foram distinguidos
e com isso foi todo o destino Madeira que
ganhou, mas “obviamente que gostaríamos
de ter ganho esse prémio [Melhor Destino
Insular] mas vamos trabalhar para reconquistá-lo”.
Positivas são também as perspetivas
para o natal e fim de ano turístico na
Madeira, isto se não se agravarem o atual
estado de coisas como a guerra na Ucrânia
ou outros acontecimentos extraordinários.
“As perspetivas são boas. Vamos ter um fim
de ano forte, não só porque são operações
que estão montadas há algum tempo, os hotéis
estão com perspetiva de boa ocupação,
mas tudo se conjuga para que, não havendo
nenhum acontecimento extraordinário – e
agora temos de fazer sempre esta ressalva
porque estamos num mundo instável e isto
afeta a indústria do turismo que é a indústria
do bem-estar e do bom relacionamento entre
os povos, mas não havendo um acontecimento
extraordinário, tudo se conjuga para
termos um bom final de ano na Madeira”,
disse. s
Não havendo
um acontecimento
extraordinário,
tudo se conjuga para
termos um bom final
de ano na Madeira
saber novembro 2022
13
em análise...
Francisco Gomes
Analista político
As famílias
que não o são
Sim, no Portugal do século
XXI manter um casamento, e
ainda mais um casamento com
filhos, tornou-se muito difícil.
E isto não é o fruto do ocaso ou
um ‘sinal dos tempos’, como
certas correntes modernistas
insistem em afirmar. É, sim, e
acima de tudo, o fruto amargo
de um país que não tem a
coragem para fazer política e
tomar decisões centradas na
sustentabilidade e no futuro.
Carolina rodrigues
As pressões que continuam a ser
impostas às famílias têm vindo a
produzir resultados catastróficos e
que estão à vista de todos. Infelizmente,
o planeamento político, as grandes
decisões financeiras, a reforma dos sistemas
de apoio e toda a lógica subjacente
ao mercado de trabalho e às leis laborais
continuam a ser vistas e revistas sem que
os responsáveis por essas importantes e
estruturantes tarefas tenham em devida
consideração a estabilidade familiar e as severas
consequências que, a curto, médio e
longo prazo, o desrespeito pela instituição
da família tem vindo a ter e continuarão a
ter na nossa coesão e na nossa competitividade,
como país.
E não se pense que a culpa reside apenas
na pandemia e no confinamento a que a
mesma conduziu. Sem dúvida, a complexificação
das dinâmicas físicas e psicológicas
que se vivem dentro da habitação familiar
são óbvias e até eram esperadas. Aliás, as
mesmas foram atempadamente apontadas
por aqueles que recomendaram mais
sensatez à deriva proibicionista de quem
insistiu num interminável ficar em casa, o
qual resultou, como bem sabemos, na ânsia
de libertinagem e desresponsabilização
que melhor define a era pós-pandémica do
presente. No entanto, é preciso olhar mais
além para perceber porque é que, só em
2020, em cada cem casamentos, noventa
acabaram em separação, num total assustador
de dezassete mil divórcios, e porque é
que, só nos primeiros nove meses de 2021,
que são dos últimos dados disponíveis, o
país já registava mais de dez mil divórcios.
Por um lado, há que perceber e aceitar que
os ritmos de vida e de trabalho impostos
à sociedade portuguesa, como um todo,
são profundamente adversos ao conceito
de família. Por exemplo, como é que continuamos
a sair do trabalho às 18h00 ou às
19h00, enfrentando, nas grandes cidades,
trânsito apinhado até às 20h00?
Quando é que os pais têm tempo para passar
tempo com os seus filhos? Para lhes ajudar
com os trabalhos? Para partilhar as actividades
mais mundanas e as brincadeiras
mais simples, que são essenciais na criação
dos laços emocionais e das ligações huma-
14 saber novembro 2022
Internet
nas que são preponderantes na edificação
de jovens sãos e de adultos equilibrados?
Como é que as famílias têm tempo para
estarem juntas e serem uniões de amor,
quando todos os seus membros, desde os
mais jovens aos mais velhos, estão presos
numa ratoeira de casa-escola-trabalho-escola-casa,
da qual não se conseguem libertar
para viver o essencial, o mais bonito e o
mais determinante da vida?
A juntar a isto, as famílias enfrentam galopantes
acréscimos nos custos de vida, aumentos
de preços injustificáveis (incluindo
nos bens alimentares mais básicos), uma
conta de energia que resulta mais de políticas
erradas e monopólios sanguessugas
do que de guerras em sítios remotos na
Europa, salários que apontam para o fundo
do barril, assimetrias sociais que enchem
os bolsos das elites ao mesmo tempo que
mandam para a pobreza quem trabalha de
sol a sol e elites políticas que, em vez de
servirem aqueles que os elegem, estão infinitamente
mais preocupadas em manter
o poder pelo poder, alimentando, para esse
efeito, as redes de amiguismo, compadrio e
corrupção que lhes são mais convenientes.
Lidar com tudo isto – quer do ponto de vista
financeiro, quer do ponto de visto psicológico
– não é fácil, pois, num país que parece
ter apostado tudo no suicídio colectivo,
ninguém tem motivação, e muito menos capacidade
económica, para pensar o futuro
e trazer crianças a um mundo que trata de
forma tão desumana os idosos que já trabalharam
e os pais que dão o que têm e o
que não têm para verem certas figuras que
vivem à custa dos subsídios terem vidas, férias,
carros e casas que aqueles que trabalham
a sério não conseguem pagar com o
suor da sua labuta.
Mas, porque nos especializamos em ser
uma sociedade que discute futebol, as infidelidades
das celebridades, os carros que
guiam os famosos e a longa lista de alarvidades
que são debitadas nas redes sociais
por gente da mais variada espécie, pensar
a sustentabilidade da nação, as gerações
que emigram (e que nos sangram dos nossos
melhores recursos humanos) e a enormíssima
ausência de respostas dignas para
quem anseia por um raio de esperança,
planear o futuro é, cada vez mais, uma actividade
minoritária e silenciosa. O que está
a dar é viver de fim-de-semana em fim-de-
-semana, de jantarada de sexta em jantarada
de sexta e de eleição em eleição. Fora
disso, o país há de cuidar de si. Ou assim
eles dizem, pois pensar, falar e reivindicar o
que é nosso, pura e simplesmente, não dá
jeito nenhum!
Sim, no Portugal do século XXI manter um
casamento, e ainda mais um casamento
com filhos, tornou-se muito difícil. E isto não
é o fruto do ocaso ou um ‘sinal dos tempos’,
como certas correntes modernistas insistem
em afirmar. É, sim, e acima de tudo, o
fruto amargo de um país que não tem a coragem
para fazer política e tomar decisões
centradas na sustentabilidade e no futuro.
E o que dizer aos nossos filhos? Quem os
representa? Quem defende os seus direitos
a crescer em lares com paz e com carinho?
Há sequer alguém que esteja a pensar nisso
e a pensar em formar de salvar as famílias
do pesado rolo compressor para debaixo
do qual são constante e invariavelmente
empurradas?. s
saber novembro 2022
15
personalidade
É uma comunicadora de ‘mão
cheia’, sabe falar mas também
sabe ouvir e passar para o papel
estórias de vida, muitas destas
contadas na primeira pessoa
nos seus programas televisivos
e que se transformam em livros
acarinhados pelos leitores. Tem
nove livros publicados, está a
promover o título mais recente
- ‘Faz o que o teu Coração
Pede’ (2022), que apresentou
na sua recente passagem pelo
Funchal e perante a plateia
que contou com a presença
de Dolores Aveiro. Maria de
Fátima Eleutério Lopes, ou
somente Fátima Lopes, nasceu
no Dia de Nossa Senhora de
Fátima (13 de Maio) há 53 anos
e tem dois filhos. Licenciada
em Comunicação Social na
Universidade Nova de Lisboa,
tem experiência diversa e
relevante, nomeadamente
televisão, rádio e imprensa,
recebeu diversos prémios
e distinções, como o de
“Melhor Apresentadora de
Entretenimento” da Casa
da Imprensa. Apresenta
atualmente na SIC o programa
‘Caixa Mágica’, com o qual
esteve na Madeira em
gravações. À Saber Madeira,
a apresentadora que é um
dos principais rostos do
entretenimento da SIC, falou do
processo criativo que a leva para
os livros e da Madeira «lugar
especial» que visita há anos.
16 saber novembro 2022
Fátima lopes
Não fiques onde
não te tratam
como tu mereces
e não fiques
onde não te
sentes feliz
Trouxe aqui, a esta apresentação no
Teatro Municipal Baltazar Dias, os seus
dois livros mais recentes. Que histórias
contam?
- O primeiro livro “Encontrei o amor onde
menos esperava”, de 2021, é um livro que
me surgiu na cabeça durante a pandemia,
numa altura em que comecei a perceber
que era muito importante falar do tema da
mudança. A pandemia trouxe muitas mudanças
à vida das pessoas, e achei que fazia
sentido falar do tema mudança. Gosto de
escrever histórias em que as personagens
são, na sua maioria, mulheres e eu queria
que esta mudança fosse vivida pela personagem
principal do livro e com a idade dos
50 anos. Isto porque existem ainda muitas
ideais preconceituosas à volta da idade,
principalmente das mulheres. Ainda existe a
ideia de que chegar aos 50 é chegar ao fim
da linha – felizmente que esta ideia está a
esbater-se – e então, como esta não é a visão
que eu tenho da idade - eu que estou
agora com 53 anos sinto-me no melhor momento
da minha vida - este livro fala disso e
da mudança que existe na vida de uma pessoa
com 50 anos. Para esta visão positiva
que tenho da idade contribuiu um retiro que
fiz há alguns anos com um filósofo e com o
qual aprendi a olhar para os 50 anos apenas
e só como ‘chegada’ ao meio da vida. E, se
estou no meio da vida, tenho ainda muito
para sonhar, muito para concretizar e muito
para viver. É esta perspetiva positiva que
olho para a idade e que procuro transmitir.
Acho muito importante que as mulheres sintam
este empoderamento, ou seja, de que
é um privilégio chegar aos 50 anos - é uma
idade em que acontecem coisas muito bonitas.
Nesta fase da vida, temos mais e melhor
capacidade de perceber o que queremos e o
que não queremos, e a personagem do livro
sente isto mesmo. Ela sofre uma grande mudança
na sua vida, vai viver para o Alentejo
onde recomeça do zero aos 50 anos e constrói
um mundo novo. Este livro dá destaque
à mudança como algo muito positivo. Desta
forma, encorajo as pessoas a olhar para a
mudança como positividade e irem à procura
daquilo que as faz felizes. Se o primeiro
livro é dedicado à mudança, o segundo livro,
“Faz o que o teu coração pede”, lançado este
ano de 2022, é dedicado às escolhas, que é
outro tema incontornável na nossa vida. Todos
os dias temos de fazer escolhas – a vida
é assim mesmo – e sempre que fazemos
uma escolha, abraçamos um caminho e deixamos
outro para trás. Podemos escolher
bem, podemos não escolher assim tão bem
mas a vida é assim mesmo. Mas há uma
coisa a qual não tenho dúvida: sempre que
escolhemos com o coração, corre bem, mas
sempre que escolhemos de acordo com o
que os outros acham ou pensam, dá asnei-
Acho muito importante
que as mulheres sintam
este empoderamento,
ou seja, de que é
um privilégio chegar
aos 50 anos
Aqueles [livros]
que têm mais impacto
em mim são sempre
os últimos porque
é onde sinto que está
mais presente a pessoa
que sou hoje
ra, porque as cabeças dos outros não são
as nossas cabeças e porque a vivência dos
outros não é a nossa vivência. O processo
de escolha é uma coisa muito séria na nossa
vida, assim como a felicidade. A felicidade
plena não existe. A felicidade são estados e,
quanto mais estados felizes conseguirmos
ter, melhor é a nossa vida. Mas também é
muito importante dizer que os estados menos
felizes vão existir sempre, fazem parte
da vida e temos de aceitá-los. No essencial,
estes dois livros procuram transmitir duas
mensagens muito fortes e que traduzem a
minha maneira de pensar e que são: não fiques
onde não te tratam como tu mereces
- e se não te tratam como tu mereces está na
altura de partir – e a outra é não fiques onde
não te sentes feliz. Sou uma pessoa de fé e
acredito que Deus nos fez para sermos felizes
mas encontramos pedras pelo caminho
para aprendermos com elas e para sermos
felizes. A vida é demasiado bonita para desistirmos
da felicidade e da nossa felicidade.
Tem nove livros publicados. É verdade
que os livros são como os filhos, ou seja,
não se consegue dizer qual é aquele que
se gosta mais?
- É difícil escolher porque são todos diferentes...
Se calhar, aqueles que têm mais impacto
em mim são sempre os últimos porque
é onde sinto que está mais presente a pessoa
que sou hoje. Mas também acho que os
meus livros têm retratado o meu crescimento
enquanto pessoa.
Em que é que se inspira para começar a
escrever um livro?
- Nas vidas das pessoas. Quando se fazem
programas feitos com histórias de vidas –
nós temos muitas vidas na nossa cabeça
que são reais e não falta nunca inspiração.
São tantas vidas que já se cruzaram com a
minha, tantas realidades que a dificuldade é
escolher. Vou me inspirar no quê, com tanta
coisa que já ouvi, com tantas histórias, tantas
realidades, experiências e vivências? Portanto,
a minha inspiração vem da realidade.
A realidade dá-nos tudo, tem os ingredientes
todos.
Está a trabalhar num novo livro?
- Para já, não. Tenho muito trabalho. Ando
a promover estes dois últimos livros e para
começar a escrever um novo livro preciso de
disponibilidade mental e de tempo, e eu tenho
tido a minha agenda a abarrotar.
Se pudesse seria só escritora?
- Defino-me como comunicadora e como comunicadora
entram todas as outras vertentes
da minha vida nomeadamente a escrita,
a apresentação televisiva, as palestras e
formações que dou, os documentários que
apresento no canal do YouTube... Então, sou
um bocadinho disto tudo, ou seja, sou uma
comunicadora, por isso, não me peçam para
escolher porque são tudo áreas que gosto
muito.
Quando visita a Madeira, o que gosta de
fazer?
- A Madeira é, para mim, uma terra muito
especial. Sinto-me sempre muito bem aqui.
Venho à Madeira há muitos anos, quer em
trabalho, quer em lazer. Quando venho
para descansar, gosto de visitar tudo o que
é natureza. Nos últimos anos, quando vim
foi em trabalho, então, aproveito o máximo
que posso e, tendo em conta o pouco tempo
disponível, procuro o que é madeirense.
E quando não está a trabalhar, o que
gosta de fazer?
- Gosto de estar com os meus [é mãe do Filipe
e da Beatriz] e isso chega. s
Dulcina Branco
CMFX (André Ferreira) e ALRM (Amilcar Figueira)
saber novembro 2022
17
EDUCAÇÃO
Didática
da leitura
em crianças com
dificuldades no
funcionamento
intelectual
Ensinar a ler exige conhecimentos didáticos
acerca das metodologias de ensino,
mas primeiramente é fundamental
perceber os princípios do processo de
ensino e aprendizagem da leitura.
É consensual que a leitura não se cinge apenas
à decifração, mas é necessário haver
compreensão, assim como para haver fluência
leitora, é necessário que o leitor decifre
automaticamente os grafemas, de forma a
poder direcionar a atenção para a compreensão
do texto.
São complexas as relações fonemas/grafema,
levando a criança a dominar as regras
ortográficas para que saiba, em cada caso,
quais são as letras que correspondem aos
sons de uma palavra. Todo este domínio é
obtido por meio de duas vias: por via lexical/
direta ou por via fonológica/indireta ou sub-
-lexical. Através da via lexical/ direta, a criança
vai recorrer ao vocabulário visual, que é
derivado do seu léxico mental e que aprende
através do contacto direto com todo o material
escrito como forma de capacitá-la para
a representação dos sons e para as regras
ortográficas. Já a via fonológica, indireta ou
sub-lexical, é usada quando a criança necessita
de recorrer a conhecimentos acerca dos
diferentes níveis da consciência fonológica
(consciência de palavra, consciência silábica,
Tânia Fernandes
Professora especializada
Doutorada em Psicologia de Educação
Tânia Fernandes
consciência intrassilábica e consciência fonémica)
e acerca da aprendizagem das regras
ortográficas que levam à ativação da sua capacidade
para representar os sons.
A maioria das crianças aprende por via fonológica,
em que é feita a correspondência dos
fonemas ao respetivo grafema, sendo usado
o método sintético-analítico.
Já com as crianças com dificuldades acrescidas,
a didática da leitura dependerá muito do
grau/nível de dificuldade de cada uma. Concretamente,
as crianças com dificuldades no
funcionamento intelectual, estas possuem
capacidade de perceção e de aprendizagem
com base em estímulos visuais. Logo,
a aprendizagem que é desenvolvida apenas
por estímulos auditivos torna-se mais árdua
e mais morosa para estas crianças devido às
suas dificuldades em termos de processamento
auditivo e verbal, refletindo-se em
atrasos no discurso, na linguagem e na flexibilidade
cognitiva. Como tal, a utilização de
uma metodologia de ensino baseada em estímulos
visuais ajuda a atenuar as dificuldades
e os atrasos em diversas áreas e facilita
a aprendizagem da leitura. Logo com estas
crianças priorizar-se-á a via lexical ou direta
no ensino da leitura.
A maioria das crianças com dificuldades de
aprendizagem, mais especificamente a nível
do funcionamento intelectual, até mesmo
crianças com síndrome de Down, consegue
aprender a ler. Normalmente estas crianças
aprendem através do método global, método
este que implica a leitura global de palavras,
também designado por “ Método das
28 palavras”. Neste método estão incluídas
as palavras: menino, menina, uva, dedo, sapato,
bota, leque, casa, janela, telhado, escada,
chave, galinha, ovo, rato, cenoura, girafa,
palhaço, zebra, bandeira, funil, árvore, quadro,
passarinho, peixe, cigarra, fogueira e
flor. A organização estrutural deste método
identifica-se com as características psicossomáticas
das crianças e baseia-se na aprendizagem
da leitura pela captação de palavras,
na sua íntegra, por serem essas palavras o
primeiro todo inteligível, contrastando com
o método analítico-sintético. Este método
contém ainda todos os casos de leitura, com
didáticas estruturadas por níveis de dificuldade
progressivos.
Em cada sessão didática é trabalhada uma
palavra, apresentada através de uma história,
de uma canção, de uma lengalenga, ou
até mesmo de uma conversa em que cada
palavra está representada por uma ilustração,
o que possibilita uma imagem mental,
que por associação, vai facilitar a transposição
do registo oral para o registo escrito de
forma global e compreensiva. Através deste
método de ensino da leitura, a criança capta
ideias e não símbolos, mas quando essas
ideias se encontram sintetizadas numa palavra,
a sua memorização torna-se muito mais
fácil e direta. A maior dificuldade que estas
crianças se deparam aquando da exploração
deste método global centraliza-se na decomposição
da palavra em elementos não significativos:
sílabas e fonemas.
Assim sendo, cabe a cada profissional responsável
pela didática da leitura possuir
um olhar atento e redobrado para aplicar a
metodologia de ensino da leitura mais adequada
às peculiaridades de cada criança,
contribuindo deste modo para a construção
de uma Escola para Todos, em que todos podem
LER!. s
18 saber NOVEMBRO 2022
Cantinho da poesia
Rosa Mendonça
Escritora
facebook.com/rosa.6823mendonca/
[rosa mendonça autora]
OUTONO
Caem as folhas, uma a uma, alimentam o solo húmido
Árvores decíduas perdem suas folhagens no desejado outono
Momento de total entrega ao ciclo da adubagem, cuidar os chãos
Cada estação segue a sua verdadeira intenção e propósito
Em época vernal as preciosas árvores fazem sua função, a sombra
As folhas encastradas nos ramos possuem firmeza e robustez
Suportam o temível calor dos raios solares e escassas chuvas
Eretas com esguios troncos castanhos ou pigmentados
Embelezam jardins, campos, florestas, espaços verdes citadinos e vilas
Em período outonal buscamos agasalho e comida quente
No baú saem luvas, gorros, camisolas de lã, cachecóis, etc.
Como é bom passear sobre o chão coalhado de folhas
Quem o faz, nunca mais esquece a experiência
Os pés ficam como que suspensos na fofa almofada arejada
O chão escreve-se de outono pelas folhas depositadas
São soalhos acastanhados com variados tons e formas
Como apetece bailar e pontapear na brisa fresca
Há outonos que perduram na minha memória de criança
Ainda hoje, volto a lugares onde a felicidade era tamanha
e onde quero viver e reviver esses instantes agarrados à alma
Comigo caminham os meus filhos e ficam surpreendidos com a generosidade
da natureza, ali à nossa frente.
No adro da vila, com a estátua de Tristão Vaz Teixeira ao centro,
Envolvida a sua circunferência com plátanos seculares quase despidos.
O vento vai sacudindo todos os galhos até ao esqueleto
As folhas grandes e formosas deixam-se cair,
Para adormecer no tapete de calhaus, os pequenos seixos
Que habilidosos artesãos calceteiros ordenaram ao longo do tempo.
Fica completa a tela outonal, em tons castanhos e cinzento das pedras
Lá virá a altura de colher as folhas secas. A maior parte é guardada em cestas
de vime e servirá para ornar o próximo presépio público da cidade
As restantes, vão decompor-se com as fortes chuvadas
Formando um excelente adubo natural para revigorar toda a flora
No outono, a Pérola do Atlântico veste-se de exímia anfitriã
Para celebrar as festas das uvas e das castanhas
Debaixo das latadas provam-se os primeiros bagos de uva
E à volta da fogueira aquece-se a alma e o estômago com castanha assada
Como é imensa a generosidade da Mãe Terra!
s
D.R.
saber novembro 2022
19
BEM-ESTAR
Sara
de Freitas
Sara de Freitas
Terapeuta Holística
sdf.terapeuta@gmail.com
portaldadiva
As Terapias Holísticas Integrativas nas crianças
Este artigo foca-se no bem-estar das
crianças, na partilha de conhecimento
e orientação aos pais. Pese embora
haja pessoas que olhem de lado, ou
com uma certa desconfiança, esta matéria,
hoje em dia, felizmente, já existe uma ideologia
abrangente por parte de muitas pessoas
no que se refere às Terapias Holísticas Integrativas/Complementares
e/ou Alternativas.
Aos menos adeptos, quero mostrar em que
consiste, o que abrange e algumas sugestões
de situações terapêuticas para o bem-estar
das crianças e para que cada vez mais pessoas
também possam fazer uso.
O que são Terapias Holísticas Integrativas/
Complementares e/ou Alternativas e em que
diferem da Medicina Tradicional ou Convencional?
Em primeiro lugar, a Medicina Tradicional ou
Convencional não foca o paciente como um
'todo'. Apenas procura combater a doença,
utilizando medicamentos com o objetivo de
silenciar os sintomas, sem focar nem identificar
a causa que levou a ficar doente.
Já as Terapias Holísticas Integrativas/Complementares
e/ou Alternativas integra cada
ser humano como um TODO (a palavra
'holística' tem origem no grego 'holos', que
significa 'todo', 'inteiro'), ou seja, estas práticas
terapêuticas promovem o bem-estar e o
equilíbrio quer a nível da saúde física e mental,
quer a nível emocional e espiritual.
É preciso ter em conta que as Terapias Holísticas
Integrativas/Complementares são um
adicional, um complemento no tratamento e
são indicadas por profissionais terapêuticos
específicos – complementam/auxiliam a medicina
tradicional.
Quando uma Terapia atua individualmente e
suas práticas são utilizadas em substituição
às da medicina tradicional, falamos de Terapia
Alternativa - embora tenha um caráter
preventivo, não deve atuar como único tratamento
para promover a cura ou doença.
A união entre as terapias holísticas integrativas
e a medicina tradicional ajudam em
vários problemas de saúde comuns da infância,
desde gripes a doenças crónicas.
As práticas integrativas são eficazes nas
crianças?
As terapias holísticas integrativas são importantes
e eficazes nas crianças, pois promovem
o bem-estar e dão aquele reforço extra
à mente, às emoções, ao corpo e espírito de
que todas as crianças precisam de vez em
quando para aliviar e encontrar o equilíbrio
desejado.
As Terapias Holísticas Integrativas/Complementares
e/ou Alternativas compreendem
um grupo de práticas ou técnicas, tais como:
Acupuntura, Naturopatia, Fitoterapia, Meditação,
Reiki, Florais, Cristaloterapia, Musicoterapia,
Arteterapia, Yoga, Cromoterapia,
Técnicas de Massagem, Aromaterapia, entre
outros.
Tem em conta a idade da criança e qualquer
destas procura atender de forma holística e
baseada na confiança e credibilidade do profissional
terapêutico, sem esquecer que cada
criança é especial, um ser único. Dessa forma,
nestas sessões, cada criança é acolhida
tendo em conta o seu desenvolvimento.
Qualquer prática de terapia nas crianças age
de forma holística e em diferentes áreas,
nomeadamente cardiorrespiratórias, cognitivas,
aptidão física, saúde mental, entre
outros, sendo muito positivas para crianças
autistas, hiperativos, crianças com dificuldade
na alimentação e na regulação do sono,
entre outros.
Ora, vejamos algumas sugestões:
Aromaterapia: Pode e deve ser usada em bebés
e crianças para um sono mais tranquilo,
insónias, medos. É uma opção para crianças
autistas.
Técnicas de Massagem: Para cólicas, dores
abdominais. Perfeito para os distúrbios alimentares.
Reiki, Cromoterapia, Cristaloterapia: Relaxa e
equilibra. Ideal para hiperativos.
As Terapias Holísticas Integrativas/Complementares
e/ou Alternativas ajudam em diversas
situações tais como: falta de apetite,
medos, ansiedades, falta de auto-confiança,
falta de atenção e foco, tristeza, traumas,
dor, inflamação, controlo de emoções, febre,
cólicas, infeções, constipações, problemas
respiratórios, pele, sono, stress, entre outros.
As Terapias Holísticas Integrativas/Complementares
e/ou Alternativas podem e devem
ser utilizadas em crianças pelo impacto benéfico
que trazem às suas vidas, e não dispensam
o auxílio da Medicina Convencional
sempre que necessário. s
20 saber novembro 2022
IMAGE consulting
Marisa Faria
Consultora de Imagem
instagram.com/qvestir.marisafaria/
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www.q-vestir.com/
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D.R.
D.R.
COMO A TUA IMAGEM
PODE GERAR MAIS
OPORTUNIDADES NA TUA VIDA
Compreendermos a importância de
cuidarmos da nossa imagem pessoal
influencia a posição no nosso
ambiente de trabalho. E também
cria oportunidades.
Apesar de algumas pessoas ainda terem
essa noção, a imagem pessoal não está relacionada
apenas às roupas. Ela também é
transmitida através da nossa postura, da
nossa linguagem corporal, da nossa linguagem
e dos nossos gestos.
No processo de construção da imagem, a
fase 1 – a Primeira Impressão, é uma fase
crucial para conseguires criar aproximação
ou afastamento das pessoas que têm um
primeiro contacto contigo.
Para criar logo, à partida, um bom impacto,
é importante conseguires traduzir para
o exterior as tuas qualidades através dos
elementos visuais atrás referidos. Dessa
forma, serás percecionada pelos outros
pelo teu verdadeiro valor e serás valorizada
como tal.
Realço aqui três aspetos básicos que interferem
numa boa imagem pessoal: aparência,
linguagem corporal e expressão
facial. Faz o possível para estares sempre
bem-vestida e adequada à ocasião, além de
adotar uma postura física firme e ereta.
Tudo isso fala e comunica a teu respeito.
Lembra-te: tu és a tua marca pessoal! E
a tua marca pessoal é muito valiosa, pois
ela irá estar sempre contigo, independentemente
do trabalho que tens hoje ou das
condições que tens hoje. A tua marca pessoal
são os teus valores, é a tua reputação.
As pessoas, no geral, têm uma ideia errada
a respeito da imagem pessoal. E não fazem
ideia do que realmente se trata e do poder
que ela tem.
Pára e pensa: que pessoa marcou a tua vida
pela imagem, presença e características?
A imagem pessoal não se trata de beleza,
posição social, título ou roupas. Trata-se de
quem és e como isso é mostrado!
A área profissional é um dos setores mais
influenciados diretamente pela imagem
pessoal.
A tua imagem precisa de representar quem
és e onde queres chegar. A isso chama-se
de posicionamento. Tens que estar posicionada
para o que queres alcançar e não
esperar que chegue a oportunidade para
só nessa altura te posicionares. Porque as
oportunidades só chegam para quem já
está pronto para as receber.
Desde a infância, o nosso cérebro desenvolve
crenças – “pacotes de juízos e de valores”
que nos auxilia a lidar com o mundo
ao nosso redor, que direciona as nossas
escolhas, caminhos e ações futuras. Esse
recurso é extremamente importante e tem
a função de nos adaptar às situações, e até
mesmo de prever e antecipar os desafios
que encontraremos ao longo de nossa vida.
Contudo, estas crenças muitas vezes são
uma ideia negativa que temos em relação
a algo e nos limitam.
Por esta razão, precisamos investir muito
no autoconhecimento da nossa Imagem
Pessoal para desbloquear estas crenças limitantes.
Todos nós temos um perfil comportamental.
Quando descobrimos como
trabalharmos mais o nosso comportamento
e imagem, ganhamos mais segurança
em nós e são eliminados esses bloqueios
que te impedem de levares avante as coisas
que sempre desejaste concretizar.
Cuidar da imagem, por meio do autoconhecimento,
é para quem entende verdadeiramente
o valor desta ferramenta na
sua vida. Quem se conhece é autêntico,
não precisa de comparar-se com ninguém.
E valoriza-se, antes que os outros o façam,
porque conhece de verdade o seu valor.
É através da imagem pessoal que mostramos
a nossa autovalorização, o que é
importante para nós, a importância que
damos aos pormenores e o respeito pelos
outros. Uma imagem bem cuidada aumenta
a nossa autoconfiança e simultaneamente
contribui para uma maior confiança que
as pessoas têm em nós. s
saber novembro 2022
21
CAPRICHOS DE GOES
Diogo goes
Professor do Ensino Superior e Curador
A crise
do capitalismo
ou
o capitalismo
em crise?
Passados mais de cem anos desde
a 1ª Guerra Mundial (1914-1918)
e desde a Gripe Espanhola (1918-
1920), relemos que os impactos
sociais causados por estas crises
proporcionaram as condições
para a ascensão dos fascismos.
Previsões da OCDE (2014) estimam
a regressão do desenvolvimento
económico nas próximas décadas:
primeiro a estagnação, depois a recessão,
seguindo-se uma longa depressão
(Mason, 2016). Estas previsões consideram
que o atual modelo capitalista estará esgotado
até 2060, prevendo-se que as desigualdades
sociais irão aumentar cerca de
quarenta pontos percentuais nos países desenvolvidos
(Mason, 2016).
A hegemonia mundial instituída pelo paradigma
neoliberal desde meados dos anos
setenta e anos oitenta - Reaganismo (1981-
89) e Thatcherismo (1979-1990) - com o processo
de globalização e a privatização de
empresas públicas, de setores estratégicos,
acentuou a sobreprodução de bens de consumo,
a acumulação de capital especulativo
e a maximização dos lucros assentes na exploração
laboral.
A produção acumulada, o excesso de moeda
disponível, a par da necessidade prospeção
de novas fontes de matérias primas e acesso
a recursos energéticos para satisfação
das necessidades de consumo são algumas
das razões que, inevitavelmente, levaram
aos conflitos bélicos contemporâneos, perpetuando
a bipolarização das tensões e o
mapa de relações geopolíticas da “guerra
fria”.
Como sucessivamente a História tem vindo
a demonstrar, os ciclos de inversão do crescimento
(com todas as implicações sociais e
políticas que daí advêm) são parte intrínseca
do modelo neoliberal, para a subsistência
do próprio modelo capitalista e restabelecimento
da ordem dominante (Tobin, 1956;
1961; 1969; 2008).
As sucessivas crises financeiras, infelizmente,
não são anúncios de um fim almejado
para o capitalismo, antes, constituem instrumentos
maquiavélicos da “Escola de Chicago”,
para consumação das inversões necessárias
para o ressurgimento de novos ciclos
de criação de capital.
O estado de crise permanente é parte intrínseca
da perpetuação de um modelo capitalista,
esgotado, que não valoriza o potencial
humano e que privilegia os lucros em detrimento
da coesão social e do desenvolvimento
sustentável.
Perante a incapacidade das democracias
liberais, de assegurar políticas sociais que
dêem resposta às reais necessidades dos
seus cidadãos, assistiremos ao aproveitamento
político da(s) crise(s) por parte de
partidos neototalitários e populistas. Estes
partidos extremistas farão do empobrecimento
da população um “desencadeador”
discursivo, para alimentar ódios e medos,
e, por conseguinte, convulsões sociais que
podem levar ao colapsos das instituições
democráticas, à fragmentação do poder político,
ao reaparecimento de movimentos independentistas,
à implosão do que resta do
Estado Social e do Projeto Europeu. Certamente
não queremos que este seja o legado
de uma geração para a vindoura!
O conhecimento da História permite-nos
22 saber novembro 2022
“A República carrega a Constituição Adormecida”
(2021), acrílico sobre tela, 100x100 cm,
da autoria de Diogo Goes.
identificar os erros do passado numa tentativa
de prevenir ou mitigar os riscos da sua
repetição. Passados mais de cem anos desde
a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e desde
a Gripe Espanhola (1918-1920), relemos
que os impactos sociais causados por estas
crises proporcionaram as condições para a
ascensão dos fascismos. Os ciclos de superprodução
que antecederam e sucederam
essas crises foram a causa do colapso do
modelo de capitalismo financeiro de então,
com a “Grande Depressão”, e o fascismo foi
a sua principal consequência, levando à 2ª
Guerra Mundial.
Afinal, no passado, tal como hoje, foi a crise
económica que levou a humanidade à guerra
e não a guerra que levou à crise económica.
Considere-se o perigo atual: no seio da
União Europeia proliferarem governos neofascistas,
ultraconservadores e populistas,
como no caso da Hungria e da Polónia, e
mais recentemente, da Suécia e da Itália. Estes
governos ameaçam o estado de direito
democrático, restringem as liberdades individuais
e coletivas, constituindo uma séria
ameaça aos direitos humanos, às instituições
democráticas, ao projeto social europeu
e à paz global.
A superação de um estado de crise permanente
depende dos estados e dos cidadãos
adotarem ações que dêem cumprimento
aos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”
requeridos pela “Agenda 2030” das
Nações Unidas (UNDP, 2022), nomeadamente
no respeitante à efetivação da igualdade
universal, no acesso à Educação e na
eliminação das desigualdades e de todas as
formas de discriminação e pobreza (UNDP &
OPHI, 2022).
Enumeram-se alguns dos objetivos: “erradicar
a pobreza em todas as suas formas, em
todos os lugares” (Objetivo 1); “erradicar a
fome” (Objetivo 2); “garantir o acesso à educação
inclusiva, de qualidade e equitativa”
(Objetivo 4); “reduzir as desigualdades no
interior dos países e entre países” (Objetivo
10); “promover sociedades pacíficas e inclusivas
para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos”
(Objetivo 16) (UNDP, 2022; UNDP & OPHI,
2022).
O emprego pleno, salários justos e o combate
à precariedade laboral são instrumentos
imprescindíveis para assegurar um modelo
de desenvolvimento sustentável, pós-capitalista,
cuja criação de valor deverá estar
assente no Conhecimento.
O combate a todas as formas de neocolonialismo
contemporâneo, a distribuição
equitativa do rendimento, tendo em vista a
mitigação das desigualdades sociais e o perdão
das dívidas soberanas dos países mais
pobres, nomeadamente em África, são algumas
propostas que, à luz da História, podem
prevenir ou mitigar futuras tensões.
A inevitabilidade da finitude do neoliberalismo
e a necessidade, imprescindível, da
salvaguarda do planeta e dos ecossistemas
(Mason, 2016) deverão ser argumentos capazes
de provocar a mudança cultural e das
mentalidades em torno de um projeto (ou
de um sonho) para um mundo mais humano
e socialmente responsável. s
Referências:
Mason, P. (2016). Pós-Capitalismo - Um guia para o
nosso futuro (Trad. Paulo Ramos).
Objetiva
Tobin, J. (1956). The Interest-Elasticity of Transactions
Demand For Cash. The Review of Economics
and Statistics, 38(3), 241–247. https://doi.
org/10.2307/1925776
Tobin, J. (1961). Money, Capital, and Other Stores of
Value. The American Economic Review, 51(2), 26–37.
http://www.jstor.org/stable/1914465
Tobin, J. (1969). A General Equilibrium Approach
To Monetary Theory. Journal of Money,
Credit and Banking, 1(1), 15–29. https://doi.
org/10.2307/1991374
Tobin, James (2008). «Monetary Policy». In: David R.
Henderson. Concise Encyclopedia of Economics 2nd
ed. Indianapolis: Library of Economics and Liberty.
https://www.econlib.org/library/Enc/MonetaryPolicy.html
UNDP - United Nations Development Programme.
(2022). The Sustainable Development Goals. https://
www.undp.org/sustainable-development-goals
UNDP - United Nations Development Programme;
OPHI - Oxford Poverty and Human Development
Initiative. (2022). 2022 Global Multidimensional Poverty
Index (MPI): Unpacking deprivation bundles to
reduce multidimensional poverty. New York.
saber novembro 2022
23
psicologia
SOCIAL
João Miguel
Rodrigues
João Miguel Macedo Rodrigues
Psicólogo Social e das Organizações e
Orientação Profissional Jovens
joaomiguelpsicologia@gmail.com
D.R.
Educar
com e para
bons valores
Neste título, já estão contidos os
ingredientes, bem como os pressupostos,
para podermos educar
os nossos filhos com bons valores.
Um dia, numa conferência, uma das autoras
de um livro sobre o tema afirmava: “Claro
que na teoria é uma coisa, mas sabemos
que na prática é outra.”
Nada mais incoerente, repito: incoerente.
Nunca se esqueçam deste pormenor: educar
uma criança é o mesmo que programar
o seu sistema nervoso central, ou seja,
o nosso cérebro. E o cérebro, tal como os
computadores, precisam de lógica, e as nossas
crianças, necessitam de lógica, coerência
e bom senso.
Tudo isto para vos dizer que, os valores devem
advir do nosso comportamento, têm
de ser ensinados pelo Exemplo, sim, do
nosso exemplo enquanto Pais, Educadores,
Professores.
Em que idade devemos incutir Valores?
Como diz o ditado, “de pequeninho se torce
o…“, o mesmo é dizer, desde muito cedinho,
desde tenra idade e, perpetuados ou reforçados
ao longo da vida.
Claro que, a criança está mais preparada
para aprender valores por volta dos 4, 5,
6 anos ou seja, quando o seu desenvolvimento
linguístico atinge a simbologia, que
coincide com a o desenvolvimento do juízo
moral que é uma das étapas do desenvolvimento
da inteligência. Mas devemos mostrar
e evidenciar desde muito cedinho e,
sabem porquê? Porque as crianças, mesmo
pequeninhas, têm um enorme poder de observar
e gravar os nossos comportamentos,
atitudes, etc, etc.
Qual é a importância dos Valores na Educação?
São muitíssimo importantes, e porquê?.
Porque nós, seres humanos, nascemos,
crescemos e vamos ter que conviver com
todos os demais que vamos encontrar, conhecer,
rodear, conviver, trabalhar e/ou
seja, vamos ter de saber estar em sociedade,
quer na nossa ou outras, não é verdade?
Então, os valores são como pequenos princípios,
pequenas regras ou pequenos programas
mentais, repito programas mentais
que, uma vez bem interiorizados, vão moldar
ou determinar o nosso comportamento.
Nunca vos aconteceu antes de desejarem
implementar uma atitude, acção, comportamento
ou até uma palavra, momentos
antes surgir na nossa mente consciente frases
como: não faças isso porque é feio, não
digas isso porque vais magoar alguém, ou
vais ficar mal visto, não faças aquilo porque
é mau, não faças aqueloutro porque vais sofrer
consequências menos boas, não faças
porque transmites uma má imagem de ti,
etc, etc, etc?
A importância de transmitirmos valores,
24 saber novembro 2022
Internet
bons valores, reside precisamente no que
acabei de referir, ou seja, podem nos defender
e, sobretudo reorientar o nosso comportamento
no sentido mais positivo do
termo. Um exemplo prático: como eu tinha
só um filhote, era importante incutir-lhe e
ensinar-lhe a importância da partilha e que
aprendesse a partilhar, pois na qualidade
de filho único poderia ser facilmente alvo de
tudo, poderia tornar-se egoísta e, mais tarde,
ter dificuldades na sua socialização. Um
certo dia, após o términus do jantar, tinha
ele uns três anos, sugeri uma sobremezita
saborosa? Fui à dispensa e tirei um chocolate.
Claro, levei logo para a cabeça, (pois
poderia estar a incutir hábitos no rapazito)
mas lá abri a iguaria. Como continha seis pedacitos,
dei dois à mãe, dois para ele e dois
ficaram pra mim, e degustei-os com prazer,
pois faziam lembrar-me da minha infância e
eram de uma saborosa marca portuguesa.
Claro, mesmo depois de ter saboreado os
seus pedacitos, continuei a levar na corneta,
de que o pequeno daí em diante iria todos
os dias sugerir sobremesa. Perguntei à mãe
se queria apostar que nada seria assim! E
assim foi.
Somente um mês e uma semana depois,
lá o pequeno se lembrou de sugerir uma
sobremesa saborosa. “Que tal um chocolatinho
como o de há dias?”. Boa Ideia - retorqui.
Peguei ao “carrachucho”, pois os
chocolates compreensivelmente estavam
na última prateleira e o rapazito escolheu
um de outra cor, mas da mesma marca. Entreguei-lhe
para constatar o que ele fazia e,
(sem surpresa para mim) nada mais fez do
que abrir, deu-me dois bocadinhos, entregou
outros dois à mãe e ficou com os seus
dois restantes.
Lembram-se dos dois princípios que elucidei
no primeiro artigo? Estimular e Reforçar
Positivamente, pois são os dois principais
princípios para educarmos os nossos filhos.
Foi foi exactamente o que fiz, ou seja, colocar
em prática e de forma surpreendente,
de preferência à hora de dormir. Escolhia
muitas vezes a hora de dormir, porque é importante
que as crianças tenham momentos
de alegria, prazer ou de afecto antes de
adormecerem, para poderem ter um sono
mais tranquilo.
À beira da cama, disse-lhe que tinha ficado
muito contente com uma coisa que ele tinha
feito, aliás, duas. “Ai sim? Quais foram”, perguntou?.
A primeira foi a de se ter lembrado
do chocolatito, pois foi uma excelente ideia
e, a segunda foi ter dividido os bocadinhos
com a mãe e o pai. Claro, logo a seguir disse-lhe
que ele era um bom rapaz e lá lhe dei
um beijo e um abraço.
É difícil fazer isto? Claro que não. Por isso
estou a escrever um livrinho para pais que
se intitula “Educar Até Pode Ser Fácil”, e o é,
de facto.
O que são bons valores?
São regras, princípios, que pela sua natureza
nos conduzem a bons comportamentos,
sejam comportamentos relevantes, importantes
e que nos destaquem pela positiva
e, deste modo, sejam bem vistos e aceites
pelos demais. E o que ganhamos com isto?
Ganhamos protagonismo, mostramos uma
imagem positiva de nós próprios, ganhamos
simpatia e apreço social, tão, mas tão
importantes para a nossa socialização e sucesso
nesta sociedade cada vez mais selectiva
e competitiva.
Termino este simples artigo propondo um
pequeno, mas Interessante e, sobretudo,
importante exercício para os pais que é: elaborem
uma Lista de Bons Valores. Depois,
para cada um deles, façam uma listinha de
atitudes, comportamentos, palavras ou actos
a adotar ou colocar em prática por vocês,
com o intuito de os demonstrar e evidenciar
para as vossas crianças, os vossos
filhos. Assim tudo se tornará mais fácil, que
acham? Exemplos de bons valores: a verdade,
a partilha, a entreajuda/espírito de equipa,
pedir por favor, agradecer, pedir desculpa,
a simpatia, a bondade, o altruísmo,
ajudar o próximo, a alegria, o entusiasmo,
a motivação...
O meu filho é assim e, também por isso, a
minha plenitude e sentido de realização. s
saber novembro 2022
25
MADEIRA AVES
JOSÉ FRADE
Fotógrafo
José Frade nasceu no concelho
de Cascais. Trabalha no sector
automóvel mas foi a sua paixão
pela fotografia, principalmente a
fotografia de natureza, que o fez
aprofundar os seus conhecimentos
sobre as aves e consequentemente
aderir ao grupo "Aves de Portugal
Continental", grupo esse criado
pelo Armando Caldas, mas, como
membro desde o primeiro dia,
foi convidado pelo fundador, em
conjunto com ele, administrar
o referido grupo, vendo aí uma
oportunidade para partilhar os
seus conhecimentos e incentivar as
pessoas à protecção da natureza.
Dulcina Branco
José Frade,
administrador do grupo “Aves de Portugal Continental”,
que gentilmente nos cede as fotos que ilustram
esta rubrica
www.visitmadeira.com
Museu de História Natural
do Funchal
C
riado pela Câmara Municipal do
Funchal em 1929, o Museu de História
Natural do Funchal é o mais
antigo museu em funcionamento
na Madeira. Alberga mais de 41 000 exemplares
de espécies animais. Está instalado
no Palácio de São Pedro, no Funchal, uma
das mais significativas obras da arquitetura
civil portuguesa, de meados do século XVIII.
Após a sua aquisição pela Câmara Municipal
do Funchal, em 19 de setembro de 1929,
ali foram instaladas a Biblioteca Municipal
do Funchal, o Museu Regional da Madeira e
o Arquivo Regional da Madeira. Atualmente,
apenas funciona no edifício o Museu de História
Natural do Funchal, a Biblioteca Científica
e o Aquário Municipal. As coleções de
estudo do museu atingem atualmente mais
de 41 166 exemplares, nomeadamente de
espécies de peixes, aves, mamíferos terrestres
e marinhos, répteis marinhos, insetos
e outros invertebrados, plantas e uma representativa
coleção de rochas e minerais
do arquipélago, assim como fósseis marinhos
do Porto Santo. O Jardim de Plantas
Aromáticas e Medicinais também faz parte
integrante deste edifício. s
26 saber novembro 2022
Íbis-preta (Plegadis falcinellus)
Uma ave da família Threskiornithidae.
Distribui-se em todos os continentes
com excepção da Antártida. Rara na Madeira.
Peneireiro-comum (Falco tinnunculus)
Ave da família Falconidae.
A sua distribuição cobre toda Europa,
Ásia ocidental e norte da África.
Comum na ilha da Madeira onde habita
a subespécie Falco tinnunculus canariensis.
saber novembro 2022
27
viajar coM saber
ANTÓNIO CRUZ
AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt
Sri Lanka
É um dado quase adquirido que não procuro revisitar
países a não ser por obrigações profissionais. Dou
sempre primazia a países onde nunca estive de
forma a alargar as minhas percepções geográficas
e os enriquecimentos que de tal podem advir.
Aconteceu este ano ter de voltar ao Ceilão, a tal
Taprobana deixada nos versos de Camões. O tal Sri
Lanka comumente conhecido como tal. Mas fui no
encalço de lugares que não conhecia e se mostraram
verdadeiramente surpreendentes.
António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia
1] Na vez anterior que tinha estado na Pedra do Leão, e devido aos
magotes e magotes de gente que subia e descia a estreita e inclinada
escada, recusei subir ao topo desta relíquia histórica e arqueológica.
Desta vez, porque o caminho estava quase totalmente desimpedido
não me fiz rogado. E exaltei!.
1]
28 saber NOVEMBRO 2022
2]
3]
2] Pidurangala era-me lugar desconhecido e que me
prometia uma subida extenuante para culminar com vistas
deslumbrantes. As cores auspiciosas dos templos dão-me as
boas-vindas e desejam-me uma subida tranquila e sem riscos.
Aguentei até ao fim, a duras penas! Mas valeu cada uma delas.
3] O Sri Lanka tem lugares que são incontornáveis, sendo que as
cavernas recheadas de frescos e imagens de Buda são, quanto a mim,
o seu exemplo maior. É de tal forma a beleza, a dedicação, a devoção
e a arte impressa em cada recanto, que não há como não repetir a
cada regresso.
4] 5]
4] E como esta era uma viagem de (re)descobertas, desci depois
até ao Parque Nacional de Wasgamuwa, para me iniciar num safari
por paragens cingalesas e observar alguns momentos inéditos e
inesquecíveis.
6] Mas o Sri Lanka também é praias. E que praias, algumas delas!
Pelo que, por entre templos, monólitos, parques naturais e estradas
belíssimas, uma paragem nas areias de Passikudah é o melhor tónico
para recuperar boas energias.
5] Percorrer de comboio a distância entre Kandy e Ella é um dos
momentos altos e icónicos deste tipo de viagem. Foi também, para
mim, uma estreia e uma experiência que não se apagará nem dos
meus olhos nem das minhas memórias mais bonitas. Uma imersão
no que de mais belo e rico, em termos de plantações de chá, o mundo
tem para oferecer.
7]
6]
7] Para tudo, ou quase tudo, terminar em Galle, esse lugar antiga
possessão portuguesa e cujas ruelas arranjadinhas e movimento
de fim-de-semana são um verdadeiro regalo para a alma e colírio
para a vista.
saber NOVEMBRO 2022
29
SAÚDE
drª Conceição Pires
Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa da SPMI
Por Cuidados Paliativos
de excelência, universais,
acessíveis e equitativos
Drª Conceição pires
D.R. (direitos reservados)
ODia Mundial dos Cuidados Paliativos
é uma iniciativa global WHP-
CD (World Hospice and Palliative
Care Day) promovida pela WHPCA
(World Hospice and Palliative Care Alliance),
movimento dos Hospices e Cuidados Paliativos,
que visa celebrar e apoiar a divulgação
e implementação de Cuidados Paliativos no
mundo. Este ano o tema sugerido pela WHP-
CD, é “Cuidar/curar corações e comunidades”
(Healing Hearts and Communities), respondendo
à necessidade de suportar todos os
que experimentam a perda e luto, no mundo.
O mote do ano passado foi “porque todos
importam”, não deixar ninguém para trás; reforçando
a necessidade de acesso equitativo
aos cuidados. Num tempo pós-pandémico,
que consubstanciou uma sobrecarga sobre
os sistemas sanitários, e um sofrimento e
sensação de impotência sem precedentes
para os profissionais da saúde, associado a
varias situações de conflito e guerra no mundo,
particularmente para nós europeus (que
não equacionavamos no nosso horizonte
temporal essa possibilidade real), esta não
poderia ser uma necessidade mais atual e
premente, dar resposta e suporte á dor do
luto e da perda de todos os que diariamente
vivem a ameaça da perda real ou próxima
de alguém significativo. Em Portugal várias
entidades ligadas aos Cuidados Paliativos
associam-se a esta efeméride, a Sociedade
Portuguesa de Medicina Interna, através do
seu Núcleo de estudos em Cuidados Paliativos
(NEMPal) associa-se também à comemoração
deste dia. Procuramos, a uma só voz,
realçar o papel dos Cuidados Paliativos na
promoção da autonomia e qualidade de vida
de doentes e famílias que sofrem com doenças
avançadas e progressivas, e lutar pelo
acesso equitativo a este tipo de cuidados.
Os Cuidados Paliativos têm como objetivos
de intervenção, dignificar a vida, procurando
melhorar a qualidade de vida de doentes
e famílias, através da prevenção e alívio do
sofrimento, promovendo a máxima autonomia
e procurando ajustar as intervenções às
necessidades dos doentes. Preconizam uma
abordagem holística, o cuidado de corpo,
mente e espírito, focando os aspetos físicos,
mas também os aspetos sociais, emocionais,
culturais, espirituais e intelectuais do cuidar,
através de uma equipe interdisciplinar com
treino adequado. São cuidados centrados
no doente, baseados no respeito pelos seus
valores e preferências, que fornecem acesso
a informação clara e compreensível fomentando
a autonomia na tomada de decisão e
procurando dar resposta às necessidades
de conforto físico e suporte emocional. Dirigem-se
ao doente e à família, ao longo da
evolução da doença, estendendo-se para lá
da morte, no apoio ao processo de luto. Os
Cuidados Paliativos destinam-se a todos os
que se encontram em sofrimento provocado
por doença avançada, independentemente
da idade, do diagnóstico, do tempo de vida,
dos seus valores, credos e crenças, da cor da
pele, da orientação sexual ou da localização
geográfica. Quer dizer, não são só para doentes
de cancro, mas também doentes que sofrem
com doenças crónicas, incuráveis e que
limitam a qualidade de vida, como a Diabetes
avançada, a doença cerebrovascular avançada,
a insuficiência cardíaca, a insuficiência
renal, a insuficiência respiratória, a demência
avançada. Não são cuidados alternativos
às medidas dirigidas ao controlo da doença,
pelo contrário, devem ser intervenções implementadas
em articulação com tratamentos
dirigidos a doença, ajustados e adequados,
na justa medida do maior benefício para
o doente e no respeito pelas suas preferências.
Não são só para os doentes que estão
em processo ativo de morte, pelo contrário,
quanto mais precocemente for identificada
a necessidade de apoio, mais efetiva e eficaz
será a intervenção, respeitando as preferências
e objetivos do doente e família. Não são
só para os adultos, muitas crianças, adolescentes
e jovens e respetivas famílias, vivem
e lutam diariamente com doenças crónicas
limitadoras da vida. Não são só prestados em
hospitais ou unidades de internamento, mas
devem ser extensivos e extendidos, a todos
os locais e “setings” onde estão os doentes,
o domicílio, estruturas residência de idosos
(vulgares lares), o ambulatório, o serviço de
urgência, nas cidades, mas também nas aldeias,
no litoral e no interior. Não podemos
ainda, deixar de, mais uma vez, unirmos a
nossa, à voz de todos os que lutam pela promoção
dos Cuidados Paliativos em Portugal,
como a Associação Portuguesa de Cuidados
Paliativos, que vem desde há muitos anos
desenvolvendo iniciativas várias, nomeadamente
a divulgação do Dia Mundial dos Cuidados
Paliativos. A Associação Portuguesa de
Cuidados Paliativos associa-se anualmente a
esta campanha e este ano, dando seguimento
a proposta da WHPCD tem o lema “A Tua
Vida Importa-nos”. A APCP, e citando, “entende
que não há vidas que importam mais
que outras, a dignidade e o respeito pela vida
humana unem todos em compaixão, contribuindo
para se apoiarem durante os tempos
de maior dificuldade.” s
30 saber novembro 2022
FINANÇAS
Reequilibrar as contas
Terminadas as férias e o regresso
das aulas, é tempo de reequilibrar
as contas. Neste contexto, o Doutor
Finanças - site especialista em finanças
pessoais e familiares, adianta alguns
conselhos de forma a reequilibrar as finanças
familiares. Assim:
1) Verificar a dimensão dos gastos. Se não
apontou o que gastou nas férias, este é o
momento para o fazer. Deve aceder aos cartões
de crédito que utilizou e fazer um rastreamento
de todos os gastos, para depois
avaliar o que tem de momento e organizar
os próximos meses, refazendo o orçamento
mensal.
2) Ter em conta a inflação. Na organização
do orçamento mensal do presente semestre,
poderá ser necessário aumentar o valor
máximo a gastar em algumas áreas, especialmente
no que se refere ao combustível,
eletricidade e/ou gás.
3) Poupar no regresso às aulas. Poupar no
material escolar com a inflação é também
um desafio. Os preços estão todos mais
caros, mas se fizer compras conscientes
é possível não gastar tanto. O passo mais
importante é o anterior ao das compras: a
realização de uma lista e a definição de um
orçamento. Verificar se pode reutilizar material
de anos anteriores, como a mochila,
o estojo ou outro tipo de materiais que ainda
se encontrem em bom estado, evitando
compras desnecessárias. Essencial é comparar
preços e procurar as promoções. Tem
de ponderar ainda outras despesas que
uma rotina escolar implica e que possam
ter impacto no orçamento mensal familiar.
Por exemplo, se é necessário colocar o filho
em atividades extracurriculares, se precisa
de comprar senhas para almoços, se precisa
de comprar material tecnológico, entre
outros.
4) Analisar onde pode cortar. Para reequilibrar
as contas e refazer o orçamento familiar,
deve avaliar despesas supérfluas e
que cortar em primeiro lugar. Por exemplo,
despesas com lazer: saídas, comer fora,
comprar roupa, entre outras. Também as
despesas com serviços de streaming podem
ser cortadas. Pode optar por partilhar esses
serviços com outras pessoas, dividindo o
custo, por exemplo.
5) Será o crédito consolidado solução? Uma
solução rápida que pode ajudar a reequilibrar
as contas no imediato e para os próximos
meses é fazer um crédito consolidado,
caso tenha mais do que um crédito. A consolidação
de créditos junta todos os créditos
num só, ficando a pagar apenas uma
só prestação. Essa mensalidade única fica
mais baixa do que se estivesse a pagá-la
individualmente. Outra vantagem é a taxa
de juro ser mais baixa do que a média do
conjunto dos contratos de crédito, passando
a ter um prazo concreto para liquidar as
dívidas. Assim, é mais fácil evitar uma situação
de incumprimento, uma vez que passa
a ter um maior controlo sobre os créditos
que possui, num só pagamento. No entanto,
esta solução também apresenta desvantagens.
Ao fazer-se um crédito consolidado, o
prazo médio dos contratos pode aumentar,
pelo que também fica a pagar juros durante
mais tempo. Existem certos critérios para
aceder ao crédito consolidado. Se estiver em
incumprimento, é provável que não consiga
consolidar os créditos. Se for este o caso,
pode ponderar outras soluções como a revisão
dos contratos de crédito atuais.
6) Rever condições do crédito habitação.
É importante rever a taxa do crédito habitação.
Caso tenha uma taxa variável, pode
não ser a melhor opção, tendo em conta o
panorama que atravessamos. A taxa fixa
e a taxa mista são alternativas que devem
ser ponderadas, neste momento. Relativamente
ao spread, pode conseguir diminuir
esta taxa caso acorde outras condições com
o banco. Pode pedir também a revisão dos
seguros associados ao crédito habitação,
principalmente o seguro de vida e o seguro
multirriscos, que são produtos exigidos no
momento em que fazemos o crédito. Caso
não fique satisfeito com as novas condições
propostas pelo banco, pode avaliar a opção
da transferência de entidades. Deve, sobretudo,
avaliar o mercado e fazer contas para
tomar decisões conscientes e informadas. s
Susana Freitas, Head of Digital & PR
www.doutorfinancas.pt
D.R.
saber novembro 2022
31
DECORAÇÃO
Cores tendência decoração interiores 2023:
Digital Lavender
Estamos naquela altura do ano em que podemos começar
a prever as tendências para o ano que aí vem. Que cores
vamos encontrar na decoração da casa em 2023?
Antecipa-se que a Digital Lavender seja a cor do ano de
2023, tendo esta informação sido confirmada pela Worth Global
Style Network (WGSN) e pela própria Pantone. A cor pertence à
família da cor eleita no ano passado – o Very Peri -, sendo, no
entanto, mais clara e suave. O Digital Lavender significa estabilidade,
serenidade e escapismo digital, algo de que todos – ou
quase todos – precisamos. O Digital Lavender é uma cor inclusiva,
ao mesmo tempo subtil e ousada. O lavanda é perfeito para criar
espaços com uma atmosfera tranquila, doce e fresca.
O Tranquil Blue (designação da Pantone) é também uma das cores
tendência para 2023, especialmente nos seus tons mais claros
que evocam a água e o ar com a sua leveza e clareza. Estes tons ficam
especialmente bem nos quartos, espaços onde importa criar
uma atmosfera serena e propicia ao repouso. Ao mesmo tempo,
o azul é uma cor bastante versátil que vamos ver amiúde combinado
com o roxo, o laranja torrado, o rosa, o amarelo mostarda e,
claro, o intemporal branco.
Outra cor tendência é o Verde Sálvia. Assenta especialmente em
salas de estar e cozinhas. Na verdade, no que às cozinhas diz respeito,
o verde tem sido a cor de eleição (em todos os seus tons).
O Luscious Red (designação da Pantone) está, também, na calha
para ser uma das cores mais em voga em 2023. É uma cor poderosa
e que explora temas como o desejo, a paixão e o empoderamento.
É, ao mesmo tempo, uma cor imersiva. Use-a em detalhes
como têxteis, cadeirões, cabeceiras de cama ou peças de arte.
Destaque ainda para a Sundial, um bonito e emudecido amarelo
mostarda que simboliza criatividade e diversidade e que é capaz
de tornar os ambientes mais suaves, relaxantes e acolhedores. s
Maria camacho
Silvia Cardoso – Homify www.homify.pt
homeIT
32 saber novembro 2022
MARCAS ICÓNICAS
Anéis de noivado, filmes
hollywoodianos e muitas
caixinhas azuis: foram
estes items que fizeram
da Tiffany uma das
marcas mais desejadas
do mundo. Fundada em
18 de setembro de 1837,
por Charles Lewis Tiffany
e Teddy Young, a cor azul
associada aos diamantes
foram – e continuam a ser
- a sua imagem de marca.
A distinta cor tornou-se
marca registada quando foi
escolhida por Lewis para
ser a capa do Blue Book,
em 1845, uma espécie de
catálogo anual com a coleção de joias feitas à mão.
Diz-se que, o tom tenha sido escolhido devido à
popularidade da pedra preciosa turquesa nas jóias
do século XIX e ainda os broches que eram dados
como lembrança de casamento aos convidados de
noivas vitorianas. Em 1886, além da ‘blue box’ – a
caixa azul conquistou o seu lugar na lista dos mais
desejados do mundo assim que foi lançada. Na
época, a loja chegou a ser procurada por clientes
que estavam tão apaixonados pelo objeto que
desejavam obter um exemplar a qualquer custo,
até mesmo sem as jóias - Lewis lançou o seu
primeiro anel de diamante. O empresário ficou
conhecido pela grande paixão po pedras preciosas e,
principalmente, por apresentar ao mundo diversas
delas em jóias inigualáveis nos catálogos da Tiffany.
Todavia, nenhuma superou os belos anéis de
diamante. Lewis foi um dos primeiros a definir estas
peças como símbolo do amor e a história foi muito
bem aproveitada pelos filmes hollywoodianos, a
exemplo do filme “Breakfeast At Tiffany’s – Boneca
de Luxo”, estrelado por Audrey Hepburn em 1961 e
que se tornaria um clássico mundial. A paixão da
protagonista pela marca e a influência de Audrey
Hepburn foram um dos pilares que tornaram a
Tiffany um dos símbolos da exclusividade, elegância
e objeto de desejo das mulheres. A protagonista
da comédia romântica sonha em receber uma blue
box com um belo anel de diamante. Esta inovação
definiu a Tiffany & Co. e tornou a marca uma
fonte de designs atemporais e trabalho artesanal
inigualáveis. Na atualidade, a marca renovou o seu
portofólio diversificando-o mas mantendo sempre
a marca da intemporalidade assente na jóia com
diamante oferecida numa inigualável caixa de tom
azul. s
Maria Camacho
versatille.com/tiffany
saber NOVEMBRO 2022
33
DICAS DE MODA
Lúcia Sousa
WWW.luciasousa.com
luciasousainfo@gmail.com
FACEBOOK › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista
Agradecimentos
Carolina Rodrigues e bebé
CRIANDO MOMENTOS
Batismo Nostalgia
Nesta rubrica, apresento-vos um desafio
interessante ao nível de design –
uma mãe que pediu para alterar o seu
vestido de Batismo para a filha e assim
o mesmo passar de geração em geração. O
vestido, já com alguns anos, foi alterado e modernizado,
e em que foi aproveitado o máximo
de tecido. Durante uma reunião com a mãe da
bebé, fui desenhando e dando ideias, de forma
a alterar a silhueta antiga, torná-la mais atual e
do agrado da mãe.
Por exemplo: foi retirada a gola - substituída
pela linda renda dos folhos, coloquei um novo
peito, os folhos antigos do vestido foram desmanchados
e transformados em mangas. Desta
forma, se aproveitaram as lindas e delicadas
rendas vintage e foi feito um grande laço, em
vez da típica fita de cetim.
Gostei muito deste projecto e acho que o resultado
foi interessante, conforme podem verificar
nas imagens da linda princesa bebé.!. s
34 saber novembro 2022
saber novembro 2022
35
MAKEOVER
Mary Correia de Carfora
Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup
Um dia com...
Tendencia Noiva 2023
Clássico Romântico
Oromantismo continua na moda e
continuará a sê-lo em 2023 nas
tendências para noivas.
Noivas angelicais, serenas e
com uma ternura especial.
Todos os acessórios encaixam na perfeição
nesta noiva!
Temos de conservar a individualidade
de cada uma e, como sempre, realçar os
pontos mais especiais de cada mulher!
Num dia único, especial e irreversível, a
noiva é e será sempre a figura principal!
Embora o noivo também tenha o seu
destaque, todos sabemos que os ohares
estão sobre a noiva!
É aquele momento de sonho que todos se
emocionam ao presenciar estes eventos!
Deixo-vos com mais uma opção para 2023!
Espero que gostem :) Com muito carinho,
hoje e sempre!. s
Mary de Carfora
36 saber novembro 2022
Produção Mary Carfora
Modelo Camila
saber novembro 2022
37
FASHION ADVISOR
Jorge Luz
www.facebook.com/jorgeluz83/
É um rosto incontornável
do panorama da moda
madeirense no que diz respeito
a desfiles e fotografia de moda,
cuja carreira conta já 23 anos.
Foi – e ainda é – o modelo
masculino madeirense mais
internacional, tendo desfilado
para grandes marcas nas
mais importantes passareles
nacionais e internacionais,
tendo sido ainda rosto
fotográfico de importantes
eventos e marcas. Tudo
começou quando tinha 16 anos,
quando interrompeu o curso de
Comunicação na Universidade
da Madeira para fazer um
curso de modelo e manequim
e não mais parou. Saíu e
voltou à Madeira, investiu
numa carreira em nome
próprio, tornou-se empresário,
bloguer e “fashion advisor”,
atividade sob a qual colabora
na rubrica dedicada à Moda na
Saber Madeira. Quase nos 40,
Jorge Luz continua atento ao
mercado da Moda e a trabalhar
com roupa como também a dar
sugestões de moda no meio
digital, onde conquistou uma
nova legião de seguidoras,
conforme nos conta nesta
entrevista.
Desde cedo e desde sempre
a moda foi importante
para mim
O que é para si a Moda e o que tem esta
de mais desafiante?
- A moda simplesmente é a minha vida…
Tudo se resume a isso. Desde cedo e desde
sempre a moda foi importante para mim.
Comecei como manequim aos 17 anos e,
posteriormente, aos 18 anos comecei a trabalhar
na área do vestuário feminino, uma
área que me apaixona profundamente desde
sempre. Muitas vezes perguntam-me
porque não trabalho com roupa de homem
mas a verdade é que a roupa de senhora tem
muito mais magia e existe realmente uma
verdadeira moda e tendências, enquanto
que a roupa de homem costuma ser sempre
“mais do mesmo”, por isso, torna- se tudo
mais fascinante na moda feminina. Toda a
minha empresa é realmente um desafio tanto
na escolha das coleções como a realização
dos desfiles para divulgação da marca e
até mesmo os trabalhos fotográficos. Tudo
se complementa, é uma área muito exigente
em que temos que nos manter sempre em
cima do acontecimento e obriga-nos a não
nos acomodar com o risco de ficar para trás.
Por isso é uma área que exige muito estudo
e acompanhamento de todas as tendências
internacionais para oferecer às clientes o
melhor da moda.
Há um mercado português da Moda?
- Em relação a moda nacional no que diz respeito
a criadores realmente tem aparecido
muitos novos criadores com trabalhos muito
bons. No que diz respeito a área têxtil em
relação a algumas marcas com que eu traba-
38 saber novembro 2022
Claro que, gostaria de
ter feito muitas outras
coisas mas o que fiz foi
feito sempre com muito
amor, dedicação
e profissionalismo
lhava, sinto que houve uma estagnação em
termos de moda. Acredito que possa haver
um mercado português na moda e para isso
será fundamental, talvez, os criadores terem
mais apoios para que possam dar um
refresh no têxtil nacional.
E a Madeira, tem estilistas, modelos, o
público tem bom gosto? Os madeirenses
gostam de moda em geral? Há eventos de
moda que permitam mostrar o que se faz?
- Em relação a moda regional, confesso que
já não acompanho com regularidade, nem
em termos de criadores como manequins.
Pouco tenho visto mas comparando com a
minha altura, se é que se possa comparar,
havia imensos eventos de moda o que hoje
em dia já não se vê. Há muito poucos eventos
de moda na região e isso limita o trabalho
de novos criadores, e até mesmo as
lojas que na altura faziam muitos desfiles e
trabalhos fotográficos hoje em dia pouco ou
nada se ouve falar, o que é realmente uma
pena porque sinto que se perdeu muito a
dinâmica da moda regional e dessa forma
também torna se difícil para os manequins
da região poderem fazer da área algo mais
profissional. Eu cheguei a ter três desfiles no
mesmo dia, parecia realmente uma semana
da moda internacional aqui na Madeira.
Com muita tristeza da minha parte, muitos
dos criadores para quem eu trabalhava na
altura deixaram a área, outros continuam na
área mas não como criadores e tenho realmente
pena em relação a essa situação. No
que diz respeito às clientes, sim. Considero
que a mulher madeirense gosta de moda e
gosta de seguir as tendências, vejo isso nas
minhas clientes as quais “exigem” sempre o
melhor de mim e o melhor das tendências.
Tem apostado nas vendas online. Tem
corrido bem?
- As vendas online são de há 4 anos a esta
parte a minha verdadeira aposta. Muitas
pessoas perguntam-me porque não abro
uma loja. Mas a verdade é que as pessoas
não tem tanta paciência para andar em lojas
quando a própria loja pode “entrar” directamente
nas suas casas e fazerem as suas
compras confortavelmente em casa. Por
isso, acho que não se justifica ter um espaço
físico e sim apostar cada vez mais no online.
Quando eu tinha as lojas, eu apostava
no atendimento personalizado, mas nessa
altura eu mostrava uma peça a uma cliente,
enquanto que, na minha página mostro
a mesma peça a pelo menos 200 pessoas, o
que aumenta a probabilidade de venda.
Quem é que mais admira na Moda?
- A minha manequim de eleição será sempre
Naomi Campbell e também as manequins
da sua geração, uma Linda Evangelista,
uma Karolina Kurkova, e muitas outras. Elas
eram verdadeiras artistas na passerelle em
que tudo tinha muito mais magia. Havia paragens
nas passerelle, havia várias técnicas
de passerelle, enquanto que, hoje em dia,
acho que os manequins são simplesmente
verdadeiros cabides. Os desfiles são todos
corridos, não há paragens, não há magia.
Sinto que se perdeu muito nesse sentido e
os manequins perderam o protagonismo
que existia nos anos 80/90 e início de 2000.
Como é que vai ser a Moda no futuro
(sustentável, mais preocupada com o ambiente)?
- Em relação a esse tema não consigo me
manifestar mas espero que assim seja, sim,
pois é algo muito preocupante e considero
de extrema relevância. No que se refere aos
animais, cada vez mais usam as peles sintéticas
e isso para mim já foi um grande avanço.
O que vamos vestir em 2023/novidades
principais?
- As tendências desta estação são, sem dúvida
nenhuma, os tecidos lurex. Vieram realmente
em força e tem conquistado todas
as senhoras em geral. Continuam as peças
oversize, o conforto impera. As senhoras
já não procuram tanto peças estruturadas
que, na realidade, não são tão confortáveis.
E por fim, o que gostaria ainda de concretizar?
As vendas online são,
desde há quatro anos
a esta parte, a minha
verdadeira aposta
- Na moda, consegui realizar um pouco de
tudo. Fiz trabalhos regionais, nacionais e internacionais.
Claro que gostaria de ter feito
muitas outras coisas mas o que fiz foi feito
sempre com muito amor, dedicação e profissionalismo.
Tive uma boa escola na moda
e que formou a pessoa que sou hoje. s
Dulcina Branco
D.R. (direitos reservados)
saber novembro 2022
39
MOTORES
2.ª
Concentração
Madeira
a Vespar
Nélio Olim
D.R.
Vespar para ser feliz!
Foi sobre este lema que decorreu, de
7 a 9 de outubro, a segunda edição
do Madeira a Vespar, concentração
nacional de veículos de marca Vespa,
uma organização da responsabilidade das
Vespas Maradas.
Contando com cerca de uma centena de
Vespas e mais de centena e meia de participantes,
soube a organização elevar a fasquia
organizativa a um nível muito alto, já
que conseguiram, nos três dias do evento,
percorrer as ilhas da Madeira e do Porto
Santo, pondo um ponto final na sua organização
com um requintado almoço que decorreu
no Hotel Pestana Carlton.
A qualidade organizativa ficou demonstrada
em todo o evento, tendo a parte lúdica
do passeio sido complementada com uma
parte social de veras bem escolhida e que
permitiu aos visitantes experienciar diversas
situações características do nosso arquipélago,
quer do ponto de vista gastronómico,
enológico, cultural e social, fazendo com que
todos os participantes estivessem extremamente
satisfeitos e desejosos pela 3ª edição.
Tal ficou demonstrado no almoço de domingo,
onde os participantes, reunidos
como uma autêntica família, do mais velho
ao mais novo, brindavam a este sucesso organizativo
e reconheciam o empenho dos
Marados num evento que obrigou a uma
logística maior do que as concentrações organizadas
no continente.
Quanto à organização, que esteve irrepreensível
e à medida das dificuldades que
foram encontrando pelo caminho, estavam
já cansados mas sempre disponíveis para
resolver as situações que um evento desta
natureza coloca. No final do evento, Luis
Abreu, presidente dos Vespas Maradas, era
um homem satisfeito, o mesmo sucedendo
com a sua equipa. Aproveitou ainda o seu
discurso para agradecer a diversas entidades,
começando pelos patrocinadores, pelo
Turismo, a Direção Regional de Economia e
Transportes Terrestres, a PSP, a Associação
de Motociclismo da Madeira, o Grupo Sousa
e tantos outros que deram o seu contributo
para mais um sucesso organizativo que permitiu
a todos “Vespar para ser feliz”.
Destaque ainda para a cobertura integral do
evento por parte do canal “Na Minha Terra”,
que disponibiliza a reportagem online do
evento no respetivo site, onde se comprova
o espirito de família e a união deste grupo
tão particular. s
40 saber novembro 2022
saber novembro 2022
41
agenda cultural
Agenda
Cultural
da Madeira –
novembro
2022
Secretaria Regional de Turismo e Cultura
CONCERTOS
internet
Orquestra de Bandolins da Madeira
Dias 4, 11, 18 e 25 de novembro | 21h00
Dias 4, 11 e 18 de novembro
No Museu Quinta das Cruzes
Dia 25 de novembro
Na Assembleia Legislativa da Madeira.
VIII MADEIRA PIANO FEST
Dias 5, 6, 9, 12 e 13 de novembro
No Teatro Municipal Baltazar Dias
Ciclo de concertos com três recitais a solo e
dois recitais a dois pianos, por sete pianistas
de nacionalidades diferentes.
Dia 5 de novembro
Recital de piano
“O piano romântico”
Obras de: Grieg, Debussy, Chopin, Tchaikovsky,
Rachmaninov
42 saber novembro 2022
Dia 6 de novembro
Recital de piano
“Os três grandes Bs”
Obras de: Bach, Beethoven, Brahms
Dia 9 de novembro
Recital a dois pianos
“Histórias de amor para dois pianos”
Obras de: Brahms, Liszt, Bernstein, Gershwin
Dia 12 de novembro
Recital de piano
“Mestres de piano”
Obras de: Chopin, Liszt, Rachmaninov
Dia 13 de novembro
Recital a dois pianos
“O piano brilhante”
Obras de: Rachmaninov, Kapustin, Gershwin
Orquestra Clássica da Madeira
Dias 6, 10, 20 e 25 de novembro
Dia 6 de novembro | 18h00
No Teatro Municipal Baltazar Dias
Orquestra Clássica da Madeira
Dia 10 de novembro | 21h00
No Teatro Municipal Baltazar Dias [Atrium]
Música de Câmara
Quinteto de Sopros “Solistas OCM”
Dia 20 de novembro | 21h00
Sé do Funchal
Concerto Beethoven 250 anos
Dia 25 de novembro |21h30
No Hotel Belmond Reid’s Palace
Música de Câmara
Quinteto de Sopros “Solistas OCM”
ESPETÁCULOS
EXPOSIÇÕES
“NO FEMININO: navetas, agulhas e
afins”
Até 12 de novembro
No Museu Etnográfico da Madeira
Mostra sobre a tradição dos enxovais.
“Luís da Conceição Teixeira: uma
obra em suspenso”
Até 26 de novembro
Na Casa da Cultura de Santa Cruz - Quinta do
Revoredo
Exposição evocativa e documental sobre a
obra do arquiteto Luís da Conceição Teixeira.
“Comércio e indústrias tradicionais
na Ribeira Brava - O legado comercial
de Francisco António dos Reis”
Até 3 de dezembro
No Museu Etnográfico da Madeira
Mostra integrada no Projeto “Acesso às Coleções
em Reserva”.
“Campos de rodólitos no arquipélago
da Madeira – um habitat em descoberta”
Até 31 de dezembro
No Museu de História Natural do Funchal
Mostra que dá a conhecer o trabalho desenvolvido
pela AMACO – Associação Madeirense
para a Conservação Marinha.
Comédia “Até que a Morte nos Separe”
Dias 3 e 4 de novembro
No Teatro Municipal Baltazar Dias
Produção: Associação “Avesso”
Espetáculo “Calvário, uma vida de
canções”
Dia 11 de novembro | 21h00
No Teatro Municipal Baltazar Dias
Produção: Associação “SONHOS EM CENA”.
“Quem tem medo do Lobo?”
Dias 12 e 13 de nov. | às 16h00 e às 19h00
No Auditório do Fórum Machico
Produção: CaseysDanceStudio
média “O que nos havia de cair em
cima”
De 17 a 27 de novembro
No Teatro Municipal Baltazar Dias
Produção: Associação Grupo de Amigos do
Teatro “GATO”
“Memória Postal do Funchal: O Palácio
de São Lourenço, a Avenida do
Mar, e os Vapores”
Até 26 de novembro
No Palácio de São Lourenço
Exposição de postais ilustrados da coleção do
Eng.º José Manuel Melim Mendes.
“Ceramic Art Madeira”
Até 28 de novembro
No Teatro Municipal Baltazar Dias e o Museu
Henrique e Francisco Franco
Coletiva Internacional de Cerâmica Artística e
Contemporânea.
“À descoberta dos ROVs”
Até 31 de dezembro
No Museu de História Natural do Funchal
Exposição organizada pelo Observatório
Oceânico da Madeira e dá a conhecer os
ROVs que fazem parte do projeto “ROV4ALL–
Construção de robôs submarinos em contexto
escolar”.
“Matéria e Espírito”
Até 31 de janeiro de 2023
Na Quinta Magnólia - Centro Cultural
Desenho de Sarah Frances Dias.
“TRAVESSIA”
Até 31 de janeiro de 2023
Na Quinta Magnólia - Centro Cultural
Pintura de Guilherme Parente.
s
saber novembro 2022
43
Instantâneo
Obrigado
por não deitar lixo
no chão!
Olixo é um problema mundial, afeta a todos e
de diversas formas. Para minimizar o lixo nas
ruas, cidades como o Funchal têm os ‘verdinhos’
estrategicamente posicionados para receber o
lixo descartável. Para sensibilizar para o lixo que não deve
ser deitado ao chão, o Funchal voltou a associar-se à campanha
“Clean Up the World – Limpar o Funchal do mar à
serra” e que este ano recolheu 5450Kg de resíduos. Use
o ‘verdinho’para deitar aquela máscara que já não usa, a
garrafa de plástico vazia ou o guardanapo com que acabou
de limpar o rosto, por exemplo... Porquê deitar o lixo
no chão se tem o ‘verdinho’ à mão? s
Dulcina branco
D.R. (direitos reservados)
44 saber novembro 2022
SOCIAL
›
›
Madeira celebrou
Dia Mundial do Turismo 2022
› Campanha mundial “Clean Up the World” celebrada no Funchal
› Festival Colombo em Porto Santo reviveu momento histórico
› Transmissão de Tarefas do Rotary Club do Funchal
› Câmara do Funchal reforça aposta na causa Animal com novo espaço
› Navio-Escola Sagres esteve no porto do Funchal e aberto a visitas do público
› I Feira do Livro da Calheta é aposta cultural da Câmara Municipal
saber novembro 2022
45
social
“Clean Up The World - Limpar
o Funchal do mar à serra”
recolheu 5.450 kg de resíduos
A Câmara Municipal do Funchal associou-se, uma vez mais, à
campanha mundial “Clean Up the World”, inserida no programa
de Ambiente das Nações Unidas que se realizou no dia 3 de outubro.
1284 voluntários ajudaram a limpar o Funchal tendo sido recolhidos
cerca de 5450Kg de resíduos. Desde 2007 o Funchal tem
participado nestas campanhas anuais que envolvem diversos
serviços da CMF e ainda conta com o contributo de voluntários
de várias entidades públicas e privadas, nomeadamente escolas
e juntas de freguesia. A edição deste ano quando comparada
com as dos dois anos anteriores, não só teve mais voluntários a
participar, como também recolheu mais resíduos. s
DB
André Gonçalves (Câmara Municipal do Funchal)
46 saber novembro 2022
Comemorações
do Dia Mundial do Turismo 2022
Madeira e Porto Santo celebraram o Dia Mundial do Turismo,
que se assinala anualmente no dia 27 de setembro e este ano
subordinado ao tema “Repensar o Turismo”. No âmbito deste
evento, foram programadas atividades socioculturais e iniciativas
de animação nas ilhas da Madeira e de Porto Santo, com os
turistas a serem agraciados com a entrega de brindes promocionais
à chegada ao Aeroporto Internacional da Madeira e em
alguns postos de turismo. Neste ano de 2022 o setor do Turismo
foi especialmente importante, dado que movimentou muitos milhões
de pessoas por todo o mundo depois dos dois anos da
pandemia que fechou o mundo das viagens. s
DB
D.R. (direitos reservados)
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CONTACTO MAIL comercial@oliberal.pt - Telf. 291 911 300 / 914 567 555
saber novembro 2022
47
social
Festival Colombo
Porto Santo 2022
A ilha de Porto Santo voltou a reviver a chegada de Colombo à
ilha com este evento que assenta num conjunto de iniciativas de
animação que retratam a época em que o famoso mercador residiu
naquela ilha. Com a participação de alunos e professores das
escolas locais, o festival – que já se tornou um importante cartaz
turístico de Porto Santo - começou com a chegada de Cristovão
Colombo à praia da ilha, tendo sido recebido por um mercado
quinhentista que recriou o ambiente que o navegador encontrou
na época. Residentes e muitos turistas poderam presenciar dramatizações,
encenações, acrobacias, malabarismos e animação
constante nas ruas da bela cidade de Porto Santo. s
DB
gentilmente cedidas por Câmara Municipal de Porto Santo
(fotógrafo Fábio Brito)
48 saber novembro 2022
Transmissão de Tarefas
do Rotary Club do Funchal
O Rotary Club do Funchal procedeu à Transmissão de Tarefas com
a passagem de testemunho de Edgar de Aguiar a João Paredes
como novo presidente do clube rotário. O evento decorreu na unidade
hoteleira que habitualmente acolhe os eventos deste clube
rotário madeirense. s
DB
Cicero Castro
saber novembro 2022
49
social
Novo espaço municipal
dedicado à causa animal
O Presidente da CMFX, Pedro Calado, presidiu
à abertura do novo espaço municipal exclusivamente
dedicado à Causa Animal, espaço
este situado na Rua da Alegria e que visa
proporcionar maior proximidade com os munícipes,
nomeadamente no aconselhamento
sobre a adopção de animais, cuidados básicos,
controlo da população, colocação do microchip,
entre outros, sendo ainda destinado
a pessoas com dificuldades económicas que
queiram esterilizar/vacinar os seus animais.
Foi ainda apresentado o novo site municipal
totalmente dedicado à causa animal, https://
canil.funchal.pt/ e anunciado o investimento
na requalificação do canil municipal Vasco Gil
num valor superior a 750 mil euros. s
DB
CMFX (André Gonçalves)
Navio-Escola Sagres no Funchal
O NRP Sagres largou de Lisboa com
o objetivo de participar nas Comemorações
dos 200 Anos da Independência
do Brasil e, simultaneamente,
a realização de uma Viagem
de Instrução dos Cadetes do 2º ano
da Escola Naval, tendo efetuado
a sua primeira escala no Porto do
Funchal no período de 29 de julho
a 1 de agosto. Durante a sua estadia
no porto do Funchal, o navio esteve
aberto a visitas. O NRP Sagres é
um grande veleiro com 90 metros
de comprimento, quatro mastros e
armação em barca, construído nos
estaleiros navais Blohm & Voss, na
Alemanha, tendo sido lançado à
agua em 30 de outubro de 1937. É
considerado um dos veleiros mais
bonitos do mundo. s
DB
Cicero Castro
50 saber novembro 2022
I Feira do Livro
da Calheta
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A Biblioteca Municipal da Calheta recebeu
a 1.ª edição da Feira do Livro da
Calheta, promovida pela Câmara Municipal
da Calheta. A feira contou com a
presença de vários stands de editoras
e livreiros, das quais se destacou a Editora
O Liberal, que proporcionou um
vasto conjunto de livros com temáticas
relacionadas com a Madeira, como por
exemplo, Traços da Tradição Madeirense,
Memórias dos Savoy´s, Giló, Coronel
Nepomuceno de Freitas, entre outros.
E disponibilizou também, livros infantis
como O Menino, Cíbele, Profissões de
A a Z, etc. Em simultâneo, realizaram-se
várias apresentações, destacando livros
e autores madeirenses, bem como um
momento de conversa com o premiado
jornalista e escritor Paulo Moura, e ainda
o lançamento da Revista AOESTE Nº2 do
CEDECS. Além disso, os dias foram acompanhados
de diversas atividades como
oficina de BD, Clube de Leitura, Dança
e Teatro, e momentos musicais proporcionados
pelos Grumpies e os West Side,
grupos do concelho da Calheta. s
IG
D. R. (direitos reservados)
saber novembro 2022
51
À MESA COM...
As sugestões de
FERNANDO OLIM
D
ias chuvosos, céu nublado, folhas no chão, árvores
despidas. O outono traz uma grande variedade
de frutas e de produtos deliciosos e saudáveis.
O outono lembra a arte das vindimas e não há
melhor época para as comer que esta. Uva branca ou
uva roxa, uma fruta fresca e fácil de comer e um petisco
saudável. Assadas ou cozidas, em puré ou em sopa, e até
nos doces, as castanhas são outro dos produtos ícones
desta estação. Assim como a versátil abóbora amarela, a
qual pode fazer um pudim ou incluir em sopas e saladas,
e saltear com outros legumes. As romãs são outro ícone
desta estação. Corte a fruta ao meio, retire os pedacinhos
e delicie-se. Se preferir, introduza-as em saladas e em
sobremesas saudáveis com iogurte e frutos secos. Feliz
Outono!. s
PRODUÇÃO FERNANDO OLIM
DULCINA BRANCO
FERNANDO OLIM
freepik
52 saber novembro 2022
entrada
Bandeja
de ovos confeitados
Disponha num prato ou bandeja sobre folhas de alface
os ovos cozidos os quais pode decorar a gosto, neste
caso, com tomate cortado ao meio, pimenta do reino e
fiambre para finalizar.
prato
principal
Polvo à Vinagrete
O grão de bico cozido adicione salsa picada e azeite
e finalize com o polvo assado, cebola, alho, pimento
vermelho, vinagre, sumo de limão, sal, pimenta do
reino e especiarias a gosto. Acompanhe com tostas
de pão na manteiga.
sobremesa
Cascata de outono
Corte três melancias, sobreponha-as (cubos ou redondo)
e decore com frutas exóticas e flores comestíveis.
saber novembro 2022
53
ESTATUTO EDITORIAL
Estatuto Editorial
A Revista Saber Madeira é uma revista mensal
de informação geral que dá, através do texto
e da imagem, uma ampla cobertura dos mais
importantes e significativos acontecimentos
regionais, em todos os domínios de interesse,
não esquecendo temáticas que, embora saindo
do âmbito regional, sejam de interesse geral,
nomeadamente para os conterrâneos espalhados
pelo mundo.
É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente
aos quadros médios e de topo, gestores,
empresários, professores, estudantes, técnicos
superiores, profissionais liberais, comerciantes,
industriais, recursos humanos e marketing.
Identifica-se com os valores da autonomia, da
democracia pluralista e solidária, defendendo
o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder
assumir as suas próprias posições.
Mais do que a mera descrição dos factos, tenta
descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,
antecipando tendências, oportunidades
informativas.
Pauta-se pelo princípio de que os factos e
as opiniões devem ser claramente separadas:
os primeiros são intocáveis e as segundas são
livres.
Como iniciativa privada, tem como objetivo o
lucro, pois só assim assegura a sua independência
editorial e económico-financeira face aos
grupos de pressão.
Através dos seus acionistas, direção, jornalistas
e fotógrafos, rege-se, no exercício da sua
atividade, pelo cumprimento rigoroso das normas
éticas e deontológicas do jornalismo.
A Revista Saber Madeira respeita os princípios
deontológicos da imprensa e a ética profissional,
de modo a não poder prosseguir apenas fins
comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,
encobrindo ou deturpando a informação.
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Director
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Redação
Dulcina Branco Miguens
Secretária de Redação
Maria Camacho
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54 saber novembro 2022
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