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SAÚDE

drª Conceição Pires

Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa da SPMI

Por Cuidados Paliativos

de excelência, universais,

acessíveis e equitativos

Drª Conceição pires

D.R. (direitos reservados)

ODia Mundial dos Cuidados Paliativos

é uma iniciativa global WHP-

CD (World Hospice and Palliative

Care Day) promovida pela WHPCA

(World Hospice and Palliative Care Alliance),

movimento dos Hospices e Cuidados Paliativos,

que visa celebrar e apoiar a divulgação

e implementação de Cuidados Paliativos no

mundo. Este ano o tema sugerido pela WHP-

CD, é “Cuidar/curar corações e comunidades”

(Healing Hearts and Communities), respondendo

à necessidade de suportar todos os

que experimentam a perda e luto, no mundo.

O mote do ano passado foi “porque todos

importam”, não deixar ninguém para trás; reforçando

a necessidade de acesso equitativo

aos cuidados. Num tempo pós-pandémico,

que consubstanciou uma sobrecarga sobre

os sistemas sanitários, e um sofrimento e

sensação de impotência sem precedentes

para os profissionais da saúde, associado a

varias situações de conflito e guerra no mundo,

particularmente para nós europeus (que

não equacionavamos no nosso horizonte

temporal essa possibilidade real), esta não

poderia ser uma necessidade mais atual e

premente, dar resposta e suporte á dor do

luto e da perda de todos os que diariamente

vivem a ameaça da perda real ou próxima

de alguém significativo. Em Portugal várias

entidades ligadas aos Cuidados Paliativos

associam-se a esta efeméride, a Sociedade

Portuguesa de Medicina Interna, através do

seu Núcleo de estudos em Cuidados Paliativos

(NEMPal) associa-se também à comemoração

deste dia. Procuramos, a uma só voz,

realçar o papel dos Cuidados Paliativos na

promoção da autonomia e qualidade de vida

de doentes e famílias que sofrem com doenças

avançadas e progressivas, e lutar pelo

acesso equitativo a este tipo de cuidados.

Os Cuidados Paliativos têm como objetivos

de intervenção, dignificar a vida, procurando

melhorar a qualidade de vida de doentes

e famílias, através da prevenção e alívio do

sofrimento, promovendo a máxima autonomia

e procurando ajustar as intervenções às

necessidades dos doentes. Preconizam uma

abordagem holística, o cuidado de corpo,

mente e espírito, focando os aspetos físicos,

mas também os aspetos sociais, emocionais,

culturais, espirituais e intelectuais do cuidar,

através de uma equipe interdisciplinar com

treino adequado. São cuidados centrados

no doente, baseados no respeito pelos seus

valores e preferências, que fornecem acesso

a informação clara e compreensível fomentando

a autonomia na tomada de decisão e

procurando dar resposta às necessidades

de conforto físico e suporte emocional. Dirigem-se

ao doente e à família, ao longo da

evolução da doença, estendendo-se para lá

da morte, no apoio ao processo de luto. Os

Cuidados Paliativos destinam-se a todos os

que se encontram em sofrimento provocado

por doença avançada, independentemente

da idade, do diagnóstico, do tempo de vida,

dos seus valores, credos e crenças, da cor da

pele, da orientação sexual ou da localização

geográfica. Quer dizer, não são só para doentes

de cancro, mas também doentes que sofrem

com doenças crónicas, incuráveis e que

limitam a qualidade de vida, como a Diabetes

avançada, a doença cerebrovascular avançada,

a insuficiência cardíaca, a insuficiência

renal, a insuficiência respiratória, a demência

avançada. Não são cuidados alternativos

às medidas dirigidas ao controlo da doença,

pelo contrário, devem ser intervenções implementadas

em articulação com tratamentos

dirigidos a doença, ajustados e adequados,

na justa medida do maior benefício para

o doente e no respeito pelas suas preferências.

Não são só para os doentes que estão

em processo ativo de morte, pelo contrário,

quanto mais precocemente for identificada

a necessidade de apoio, mais efetiva e eficaz

será a intervenção, respeitando as preferências

e objetivos do doente e família. Não são

só para os adultos, muitas crianças, adolescentes

e jovens e respetivas famílias, vivem

e lutam diariamente com doenças crónicas

limitadoras da vida. Não são só prestados em

hospitais ou unidades de internamento, mas

devem ser extensivos e extendidos, a todos

os locais e “setings” onde estão os doentes,

o domicílio, estruturas residência de idosos

(vulgares lares), o ambulatório, o serviço de

urgência, nas cidades, mas também nas aldeias,

no litoral e no interior. Não podemos

ainda, deixar de, mais uma vez, unirmos a

nossa, à voz de todos os que lutam pela promoção

dos Cuidados Paliativos em Portugal,

como a Associação Portuguesa de Cuidados

Paliativos, que vem desde há muitos anos

desenvolvendo iniciativas várias, nomeadamente

a divulgação do Dia Mundial dos Cuidados

Paliativos. A Associação Portuguesa de

Cuidados Paliativos associa-se anualmente a

esta campanha e este ano, dando seguimento

a proposta da WHPCD tem o lema “A Tua

Vida Importa-nos”. A APCP, e citando, “entende

que não há vidas que importam mais

que outras, a dignidade e o respeito pela vida

humana unem todos em compaixão, contribuindo

para se apoiarem durante os tempos

de maior dificuldade.” s

30 saber novembro 2022

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