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ATUALIDADE
Fado Bicha
Dulcina Branco
Arquivo Fado Bicha
As ‘bichas’, as pessoas
LGBT não surgiram
agora para fazer as
marchas do orgulho
gay, estas pessoas
sempre estiveram ali e
sempre fizeram parte
do passado e da criação
artística. No nosso caso,
recusamos esse carácter
apagador da tradição e
reinvidicamos esse lugar
na tradição
Participaram na primeira eliminatória do Festival da Canção de
2022, não chegaram à final mas não deixaram ninguém indiferente
ao fado ‘fora da caixa’ com a interpretação do tema original,
‘Portugal Pequenino’. Elas são Lila Fadista (voz e letras) e João
Caçador (instrumentos e arranjos) e, desde 2017, ano em que
formaram o projeto musical Fado Bicha, já deram cententas de
concertos, quer em Portugal, quer no estrangeiro, sempre com
grande repercussão. A dupla acaba de lançar o álbum de estreia,
‘Ocupação’ - considerado como um dos grandes lançamentos da
música portuguesa da primeira metade de 2022, com dois concertos:
Chora e Dança. Sem pedir licença ou legitimação, Fado Bicha
veio ocupar um lugar que não existia, goste-se ou não se goste.
Respondem no feminino, não porque procuram a provocação mas
porque é assim que são e se apresentam ao mundo com as suas
ideias e ativismo social. O Fado é a casa comum deste projeto
‘não convencional’ e o método é o da intervenção, começando na
representatividade da comunidade LGBTI e adensando-se pelos
temas que abordam e explorandos-o de acordo com as identidades
e experiências de cada uma. João Caçador e Lila Fadista integram
atualmente o espetáculo “Casa Portuguesa”, de Pedro Penim e que
virá à Madeira em meados do próximo ano.
8 saber novembro 2022