PME Magazine - Edição 27 - janeiro 2023
José Esfola, diretor geral da Xerox Portugal, é a figura de capa da edição de janeiro. Descubra esta e outras entrevistas, assinando a revista em papel aqui: https://bit.ly/pme-magazine-assinatura
José Esfola, diretor geral da Xerox Portugal, é a figura de capa da edição de janeiro.
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EDIÇÃO ANO VII<br />
FIQUE POR<br />
DENTRO DE TODOS<br />
OS NEGÓCIOS<br />
EM<br />
<strong>2023</strong>!<br />
JANEIRO <strong>2023</strong> • TRIMESTRAL • EDIÇÃO <strong>27</strong><br />
DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />
<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
JOSÉ<br />
ESFOLA<br />
O grande legado<br />
de inovação da Xerox<br />
CDI PORTUGAL<br />
@TUALIZA-TE<br />
IMPULSIONA OS JOVENS<br />
EMPREENDEDORES 06<br />
ZENKLUB<br />
A NECESSIDADE<br />
DE INVESTIR EM<br />
SAÚDE MENTAL 12<br />
SPLINK<br />
TECNOLOGIA DE<br />
REALIDADE AUMENTADA<br />
PARA OS ADEPTOS 36
02<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
ÍNDICE<br />
Figura<br />
de destaque<br />
José Esfola<br />
“Quando tratamos bem<br />
as pessoas, estamos<br />
a tratar bem o negócio”<br />
ColorADD<br />
na <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> conta com<br />
15 grandes secções, que servem<br />
de guia estrutural para as temáticas<br />
abordadas. De forma a tornar<br />
a revista mais inclusiva, foi integrado<br />
nas secções o sistema de<br />
identificação de cores ColorADD.<br />
Assim, cada secção conta com<br />
uma cor diferente, identificada<br />
com um símbolo que permite a<br />
pessoas daltónicas identificarem<br />
as cores que estão a ver.<br />
Desenvolvido com base nas três<br />
cores primárias, representadas<br />
através de símbolos gráficos, o<br />
código ColorADD assenta num<br />
processo de associação lógica<br />
que permite ao daltónico, através<br />
do conceito da adição das cores,<br />
relacionar os símbolos e facilmente<br />
identificar toda a paleta de<br />
cores. O branco e o preto surgem<br />
para orientar as cores para as<br />
tonalidades claras e escuras.<br />
Azul<br />
Vermelho<br />
Verde<br />
Roxo<br />
Amarelo<br />
Castanho<br />
Laranja<br />
Tons Claros<br />
Tons Escuros<br />
Branco<br />
Cinza<br />
Claro<br />
Preto<br />
Cinza<br />
Escuro<br />
Índice<br />
04 BREVES<br />
06 CASOS DE SUCESSO @tualiza-te e o<br />
marketing digital nos negócios locais.<br />
Adega de Borba e o investimento<br />
na otimização de processos produtivos.<br />
10 INVESTIMENTO Sandra Laranjeiro dos<br />
Santos e o processo laboral na vertente<br />
disciplinar.<br />
Schroders Capital e a preocupação dos<br />
investidores em ativos privados.<br />
12 INTERNACIONAL O processo de<br />
internacionalização da Apertex.<br />
Zenklub, a plataforma digital que oferece<br />
serviços no âmbito da saúde mental.<br />
16 AMBIENTE Novas abordagens à<br />
sustentabilidade.<br />
18 RH A implementação da semana de<br />
quatro dias nas empresas portuguesas.<br />
20 BI Expense Reduction Analysts nomeia<br />
Francisco Duarte como novo partner.<br />
22 RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
A diversidade etária em empresas<br />
que operam em Portugal.<br />
26 FIGURA DE DESTAQUE José Esfola<br />
e o porquê da Xerox ser uma das<br />
melhores empresas para trabalhar.<br />
34 EMPREENDEDORISMO As compensações<br />
além salário da Coverflex.<br />
Splink e a ligação entre adeptos e equipas<br />
através de realidade aumentada.<br />
38 MEDIR PARA GERIR Os estudos<br />
de mercado e a tecnologia.<br />
Tiago Godinho e a gestão de pessoas<br />
através da tecnologia.<br />
40 MARKETING Sandra Pimenta e o<br />
empreendedorismo feminino.<br />
Susana Miranda e o impacto do valor da<br />
marca profissional na carreira.<br />
42 TECNOLOGIA Web Summit e a<br />
internacionalização das empresas.<br />
A nova robô da Beltrão Coelho.<br />
47 AGENDA Building the Future e a aposta<br />
no digital.<br />
48 FORA D’HORAS Tranquilidade<br />
a 45 minutos de Lisboa no Sóis<br />
Montejunto Eco Lodge.<br />
50 OPINIÃO Mariana Santos e as pessoas<br />
nas empresas.<br />
O cerne de tudo<br />
são as pessoas<br />
Comecemos pelo<br />
título: as pessoas são<br />
o cerne de tudo. Seja<br />
nas relações pessoais<br />
como profissionais,<br />
são as pessoas e serão<br />
sempre as pessoas<br />
que farão a diferença.<br />
Quando nos encontramos<br />
indecisos sobre<br />
qual empresa escolher, invariavelmente,<br />
iremos pender para a empresa que melhor<br />
recebeu/tratou o nosso pedido, mesmo que<br />
o preço seja mais elevado em comparação<br />
com a outra.<br />
E é por isso que a primeira edição de <strong>2023</strong><br />
se baseará em recursos humanos, sendo<br />
que a figura de destaque é José Esfola,<br />
diretor geral da Xerox Portugal, que por três<br />
anos alcançou o prémio de melhor empresa<br />
para trabalhar.<br />
Fomos também perceber como as primeiras<br />
empresas que adotaram a semana de quatro<br />
dias em Portugal se estão a adaptar à novidade<br />
e descobrir como a CDI Portugal utiliza a<br />
tecnologia para proporcionar uma interligação<br />
entre a população mais jovem e empresas<br />
que necessitem de apostar no digital.<br />
Por falar em tecnologia, falámos com os fundadores<br />
da Splink, empresa que liga os adeptos<br />
às equipas de futebol através de realidade<br />
aumentada e conhecemos o novo robô da<br />
Beltrão Coelho, a Kettybot.<br />
Conheça estas e outras histórias na edição<br />
que agora desvendamos.<br />
Esperamos que <strong>2023</strong> seja o ano da recuperação<br />
pós-pandemia, pelo que o desejo da <strong>PME</strong><br />
<strong>Magazine</strong> é que estes doze meses vos tragam<br />
muitas alegrias.<br />
Boas leituras e bons negócios!<br />
Texto:<br />
João Carreira<br />
Editor<br />
DIRETORA: Mafalda Marques EDITOR: João Carreira REDAÇÃO: Ana Rita Justo, Emanuelle Bezerra, Marta Godinho e Martim Gaspar<br />
VÍDEO E FOTOGRAFIA: Nicolás Armoa, NortFilmes e João Filipe Aguiar DESIGN GRÁFICO: José Gregório Luís DIGITAL MANAGER: Gonçalo Figueira<br />
e Pedro Silva COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Duncan Lamont, João Marques, Mariana Santos, Sandra Laranjeiro dos Santos, Susana Miranda<br />
e Tiago Godinho ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt) DIREÇÃO COMERCIAL - Daniel Marques EMAIL:<br />
publicidade@pmemagazine.com PROPRIEDADE: Massive Media Lda. NIPC: 510 676 855 MORADA DA SEDE DA ENTIDADE PROPRIETÁRIA:<br />
Rua da Meia Laranja, 14, 2660-532 Loures MORADA DO EDITOR: Avenida República da Bulgária, lt 15 - 2º A e B, 1950-375 Marvila, Lisboa REDAÇÃO:<br />
Avenida República da Bulgária, lt 15 - 2º A e B, 1950-375 Marvila - Lisboa TELEFONE: 218 471 310 EMAIL: info@pmemagazine.com N.º DE REGISTO<br />
NA ERC: 126819 EDIÇÃO N.º: <strong>27</strong> DEPÓSITO LEGAL N.º: 4<strong>27</strong>738/17 ISSN: 2184-0903 TIRAGEM: 1000 exemplares IMPRESSÃO: Sprint Zona Industrial<br />
Segulim, Rua José Pereira, Lote 3ª, 1685-635 Famões, Odivelas DISTRIBUIÇÃO: por assinatura anual PERIODICIDADE: Trimestral<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
03
BREVES<br />
EMPRESAS DO BCSD PORTUGAL ACELERAM TRANSIÇÃO PARA BIOECO-<br />
NOMIA CIRCULAR. A BCSD Portugal e mais de 60 empresas agregam-se num<br />
manifesto e pedem que a COP15 da biodiversidade seja um momento de viragem<br />
para o reconhecimento da importância da natureza para a economia mundial.<br />
Implementado<br />
Orçamento do<br />
Estado para <strong>2023</strong><br />
Foi a partir do dia 1 de <strong>janeiro</strong> de <strong>2023</strong><br />
que foi implementado o documento<br />
estratégico que aponta para o crescimento<br />
mais sustentável da economia<br />
e para a “consolidação das finanças<br />
públicas” focado no futuro e no reforço<br />
da “trajetória de crescimento” para<br />
que o país “continue a convergir com<br />
os países desenvolvidos da União Europeia”,<br />
segundo o primeiro-ministro,<br />
António Costa. O OE<strong>2023</strong> conta com<br />
71 propostas de alteração. Foram votadas<br />
mais de 1.800 propostas.<br />
50 propostas de alteração do PAN e Livre foram viabilizadas<br />
Eco-Oil produz<br />
fuel sustentável<br />
com baixas emissões<br />
de CO2<br />
O Eco-Oil, empresa portuguesa dedicada<br />
ao tratamento de águas contaminadas<br />
em navios-tanque no porto de<br />
Setúbal, e que produz o fuel sustentável<br />
EcoGreen Power, é o único fuelóleo<br />
que reduz comprovadamente as emissões<br />
de CO2 na indústria em 99,75%<br />
face ao combustível fóssil tradicional.<br />
A empresa também já foi certificada<br />
com o selo ISCC Plus (sistema internacional<br />
de certificação para a sustentabilidade<br />
e carbono).<br />
Em 2022, o Continente reforçou a presença no<br />
país com 16 novas lojas, criando cerca de 600<br />
postos de trabalho<br />
Portugal no top 20 dos países com melhor<br />
reputação<br />
A utilização do fuel EcoGreen Power produzido<br />
pelo Eco-Oil evitou a emissão de 96 mil toneladas<br />
de CO2 em 2021<br />
Continente abre três<br />
lojas no distrito de<br />
Lisboa<br />
O Continente chegou às 77 lojas no<br />
distrito de Lisboa com as aberturas do<br />
Continente Modelo Estoril, em Cascais,<br />
o Continente Bom Dia Av. de Paris, em<br />
Lisboa, e o Continente Bom Dia Vialonga,<br />
em Vila Franca de Xira, reforçando<br />
a posição da marca na região e criando<br />
160 novos postos de trabalho.<br />
Valor das faturas<br />
de eletricidade<br />
mantém-se em <strong>2023</strong><br />
Apesar da companhia de eletricidade<br />
Endesa passar a discriminar na fatura o<br />
custo do Mecanismo de Ajuste Ibérico<br />
da Eletricidade desde o passado dia 16<br />
de <strong>janeiro</strong>, a mesma assegura os clientes<br />
que vão reduzir os preços da eletricidade<br />
este ano.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
04 pmemagazine.sapo.pt
Mostramos-lhe<br />
como foi...<br />
Foi no passado mês<br />
de outubro de 2022<br />
que decorreu o evento<br />
da 26.ª edição em<br />
papel da <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
que contou com a<br />
apresentação na Mostra<br />
de Inovação, Emprego<br />
e Investimento<br />
no Pavilhão Paz e<br />
Amizade, em Loures.<br />
O evento contou com<br />
a presença da figura<br />
de capa da edição<br />
de outubro, Mariana<br />
Santos, administradora<br />
e diretora-geral da<br />
Kilom, que abordou<br />
temas sobre a gestão<br />
e prevenção de risco<br />
nas empresas. A sessão<br />
teve, ainda, em<br />
vista a superação de<br />
crise, os riscos e oportunidades<br />
de uma fábrica<br />
para a indústria<br />
4.0 e a importância da<br />
cooperação dos seus<br />
colaboradores e de<br />
todos os stakeholders,<br />
principalmente em<br />
momentos de crise.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
05
CASOS DE SUCESSO<br />
@TUALIZAR<br />
VELHOS HÁBITOS<br />
COM INTEGRAÇÃO<br />
DOS MAIS NOVOS<br />
O CDI (Center of Digital<br />
Inclusion) é uma organização<br />
não-governamental de<br />
inclusão e inovação social<br />
e digital, com presença<br />
internacional. Tendo chegado<br />
a Portugal em 2013, o objetivo<br />
da entidade cifra-se em<br />
transformar as vidas das<br />
pessoas através da tecnologia.<br />
Dentro das várias vertentes<br />
que dispõe, a organização<br />
apresenta agora a 3.ª edição<br />
do projeto @tualiza-te, que<br />
procura atrair jovens interessados<br />
em marketing digital para<br />
coordenar projetos de transformação<br />
digital em negócios<br />
locais na região de Valongo.<br />
O<br />
@tualiza-te surge a partir da atuação<br />
do CDI Portugal com o projeto<br />
Centro de Cidadania Digital de<br />
Valongo como mais uma oportunidade de os<br />
jovens adotarem as novas tecnologias como<br />
o caminho a seguir, mais especificamente na<br />
área do marketing digital. Ao mesmo tempo<br />
que adquirem conhecimentos necessários<br />
sobre esta área, os mesmos desenvolvem<br />
projetos em contexto real para benefício de<br />
negócios locais para que estes aproveitem<br />
as vantagens da economia digital.<br />
O projeto decorre na região de Valongo,<br />
aliando-se ao município a fim de dinamizar<br />
um espaço colaborativo que pretende instruir<br />
e abrir a comunidade a tirar partido das<br />
oportunidades do mundo digital, contribuindo<br />
para uma cidade mais inovadora,<br />
criativa e humana.<br />
Através de formação certificada pelo<br />
Centro de Formação do Porto, os partici-<br />
pantes poderão integrar-se em diversas<br />
áreas do marketing digital, nomeadamente,<br />
gestão de projeto, gestão de website, redes<br />
sociais, conteúdos digitais, campanhas de<br />
comunicação digital e design, marketing<br />
e publicidade, bem como a oportunidade<br />
de fazer parte da transição digital dos<br />
negócios da região.<br />
Os participantes no projeto tendem a<br />
ser jovens “Neet”, ou seja jovens que não<br />
trabalham, não estudam ou não seguem<br />
uma formação vocacional. Segundo Cláudia<br />
Lima, gestora de projeto do programa Switch<br />
to Innovation, “em 2020, em Portugal,<br />
11% da população entre os 15 e os 29 anos<br />
não trabalhava, não estudava e não estava<br />
integrada em formação. Para além disso,<br />
sabe-se que 23,9% dos jovens têm dificuldade<br />
em entrar no mercado de trabalho”.<br />
“Desta forma é essencial atrair jovens<br />
para as áreas STEM [Science, Techno-<br />
“<br />
É essencial atrair<br />
jovens para as<br />
áreas STEM com<br />
maior procura e<br />
valorização pelo<br />
mercado.<br />
Cláudia Lima,<br />
gestora<br />
do projeto Switch<br />
to Innovation<br />
da CDI Portugal<br />
”<br />
Texto:<br />
Martim Gaspar<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
06 pmemagazine.sapo.pt
CASOS DE SUCESSO<br />
logy, Engineering and Math ou Ciências,<br />
Tecnologia, Engenharia e Matemática, em<br />
português], com maior procura e valorização<br />
pelo mercado, possibilitando-lhes<br />
uma experiência em novas áreas para que<br />
encontrem outras perspetivas futuras.<br />
Da mesma forma, ao desenvolverem os<br />
seus projetos trabalham soft skills como<br />
pensamento crítico, criatividade, trabalho<br />
em equipa e comunicação, desenvolvendo<br />
o seu portefólio de competências, o que<br />
conduz a maior probabilidade de sucesso<br />
de empregabilidade futura”, acrescenta.<br />
Através do @tualiza-te é incentivado o<br />
desenvolvimento de projetos em contexto<br />
real pelos seus participantes, em equipas,<br />
ocupando o papel de consultores, com<br />
apoio de formadores especializados em<br />
diferentes áreas de marketing digital para,<br />
desta forma, desenvolverem aprendizagens<br />
com impacto real nos pequenos negócios<br />
locais. A aproximação dos jovens aos negócios<br />
locais, potenciando oportunidades de<br />
emprego futuras, permite aos empresários<br />
acesso a ferramentas e outputs que, de outra<br />
forma, não teriam acesso tão facilitado e o<br />
papel dos participantes serve como de jovens<br />
embaixadores para a economia digital,<br />
contribuindo num projeto com propósito<br />
de ajudar à promoção e ao crescimento dos<br />
negócios locais.<br />
“O projeto destaca-se pela relação de<br />
parceria entre nós, CDI Portugal, a Câmara<br />
Municipal de Valongo, o IEFP – Centro de<br />
Emprego e Centro de Formação, assim<br />
como com a associação empresarial numa<br />
resposta articulada em prol da capacitação<br />
e requalificação de jovens e adultos<br />
desempregados para a área do marketing<br />
digital”, refere Cláudia Lima.<br />
Até ao momento, o projeto já contou com<br />
duas edições que demonstraram resultados<br />
positivos entre ambos os envolvidos (jovens<br />
e comerciantes), com um total de 38 jovens<br />
que se desafiaram a causar impacto positivo<br />
na comunidade e 17 negócios locais<br />
impactados pelo projeto.<br />
Após as duas edições, foram criados e/<br />
ou melhorados com novas funcionalidades,<br />
apresentação e organização de nove websites,<br />
atualizadas 13 redes sociais, realizadas nove<br />
sessões de fotografia, criadas quatro lojas<br />
online e efetuados quatro rebrandings, através<br />
de criação de novos logótipos e melhorias<br />
da imagem dos negócios.<br />
Segundo os dados revelados após a realização<br />
do projeto, 90% dos participantes<br />
considerou os conhecimentos adquiridos<br />
importantes para o seu desenvolvimento<br />
profissional e pessoal, com 63% a rever-se a<br />
trabalhar na área do marketing digital, 83%<br />
aumentou o conhecimento sobre gestão de<br />
conteúdos digitais, 78% sobre marketing<br />
digital e 76% referiu satisfação geral com a<br />
iniciativa. Para além do feedback positivo,<br />
após o término do @tualiza-te, 66% dos<br />
participantes encontra-se a trabalhar e/<br />
ou estudar, originando oportunidade de<br />
emprego direta.<br />
Já os comerciantes “demonstram abertura<br />
para participarem e reconhecem a<br />
importância que o mundo digital apresenta<br />
atualmente no negócio e na possibilidade<br />
de abrirem novos mercados, algo que o<br />
período da pandemia veio ainda reforçar<br />
mais”, afirma a organização.<br />
“Muitos dos comerciantes revelam que<br />
devido à carga de trabalho, não têm, muitas<br />
vezes, o tempo necessário para se dedicarem<br />
a desenvolver estes conceitos e a fazer<br />
esta integração digital de forma autónoma,<br />
pelo que veem como mais valia a ajuda dos<br />
jovens”, conclui a organização.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
07
CASOS DE SUCESSO<br />
Ana Rita Justo<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Adega de Borba<br />
“PRESERVAMOS COMO<br />
COMPROMISSO PRODUZIR<br />
UVAS E VINHOS DE FORMA<br />
SUSTENTÁVEL”<br />
“<br />
A nossa previsão<br />
de faturação<br />
aponta para perto<br />
de 15 milhões<br />
de euros, tendo<br />
como objetivo<br />
crescer 5% para<br />
o ano <strong>2023</strong>.<br />
Nuno Brito,<br />
diretor geral<br />
da Adega de Borba<br />
”<br />
Com <strong>27</strong>0 sócios e 2200 hectares de vinha,<br />
a Adega de Borba tem assumido, nos<br />
últimos anos, um investimento significativo<br />
na otimização de processos produtivos tendo<br />
em vista políticas mais sustentáveis. Falámos<br />
com Nuno Brito, que assumiu a direção-geral<br />
da empresa no ano passado, depois de<br />
passar pelo mercado da consultoria e por<br />
outras empresas de distribuição alimentar,<br />
sobre os principais desafios sentidos no<br />
contexto atípico que se vive e sobre as medidas<br />
que fazem desta empresa, com quase 70 anos<br />
de história, um caso de sucesso nacional.<br />
P<br />
ME <strong>Magazine</strong> – De que forma a Adega de Borba tem<br />
modernizado a produção e as formas de trabalho?<br />
Nuno Brito – O investimento em tecnologia de produção<br />
e sistemas de apoio à gestão, bem como a melhoria contínua de<br />
processos tem sido uma constante da vida da empresa, como<br />
condição essencial para a sobrevivência e sucesso no mercado.<br />
A Adega de Borba está igualmente certificada pelo Sistema de<br />
Gestão de Qualidade e Segurança Alimentar (NP ISO 9001 e ISO<br />
22000), assim como pela exigente norma de certificação IFS, que<br />
nos permite concorrer ao fornecimento de cadeias internacionais<br />
de distribuição.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais as principais apostas atuais?<br />
N. B. – Temos como pilares estratégicos, em primeiro lugar, a<br />
promoção da notoriedade dos vinhos que produzimos, garantindo<br />
a genuinidade e características únicas da sub-região dos vinhos de<br />
Borba. Em segundo lugar, aprofundar a sustentabilidade ambiental<br />
e social da Adega. Em terceiro lugar, apostar na internacionalização<br />
dos nossos produtos e marcas. Por último, trabalhar a<br />
eficiência de todos os processos, da vinha à garrafa e melhorar a<br />
profissionalização e valorização dos nossos recursos humanos.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a vossa produção anual e qual o produto<br />
mais vendido?<br />
N. B. – A produção média anual da Adega de Borba ronda os<br />
11 milhões de litros de vinho. A marca com maior presença no<br />
mercado é o Adega de Borba DOC.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quantos colaboradores empregam e em que<br />
áreas?<br />
N. B. – Empregamos atualmente 70 pessoas, 51 das quais nas áreas<br />
de vinificação, qualidade, linhas de engarrafamento e logística.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é gerir uma cooperativa<br />
e como gerem a relação entre todos<br />
os viticultores?<br />
N. B. – A Adega de Borba, enquanto<br />
cooperativa, pauta-se por uma gestão<br />
altamente profissional que em nada difere<br />
de uma empresa privada, com práticas de<br />
gestão ao nível de planeamento estratégico,<br />
marketing, reporting e controlo de gestão<br />
que assentam na eficiência e racionalidade<br />
económica. A relação com os sócios<br />
viticultores – cerca de <strong>27</strong>0 atualmente e<br />
representando uma área total de vinha de<br />
2200 hectares – é saudável e transparente,<br />
procurando a Adega apoiá-los em termos<br />
de aconselhamento das melhores práticas<br />
de viticultura e formação técnica diversa.<br />
Existe um conselho de administração eleito<br />
pelos sócios, cujos elementos também são<br />
viticultores, que em permanência assumem<br />
as decisões estratégicas do negócio.<br />
Nuno Brito é diretor geral da Adega de Borba desde 2021<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
08 pmemagazine.sapo.pt
CASOS DE SUCESSO<br />
Produção para mercados externos representa 30%<br />
da faturação<br />
Produção anual é de 11 milhões de litros de vinho<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como tem sido o impacto<br />
da atual crise energética e do contexto<br />
inflacionário para a Adega de Borba?<br />
N. B. – Os impactos têm sido significativos,<br />
como na maioria das indústrias – ao nível<br />
da energia, da logística, das matérias-primas<br />
e de todos os fatores de produção, em<br />
particular do material de embalagem cujos<br />
aumentos são superiores a 30%.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como tem corrido a aposta<br />
no e-commerce?<br />
N. B. – Para além da loja física em Borba,<br />
que é um autêntico caso de sucesso, e que<br />
dá suporte ao nosso projeto de enoturismo,<br />
temos uma loja online, cujas vendas têm<br />
vindo a crescer de ano para ano. Em conjunto<br />
valem cerca de 5% da faturação.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – E na internacionalização,<br />
quais os vossos mercados-alvo e que peso<br />
têm as exportações no vosso negócio?<br />
N. B. – As exportações de vinho da Adega<br />
de Borba valem cerca de 30% do negócio<br />
total, sendo os principais mercados Brasil,<br />
Estados Unidos da América e França.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais as vossas principais<br />
políticas de sustentabilidade?<br />
N. B. – Preservamos como compromisso<br />
produzir uvas e vinhos de forma sustentável,<br />
por forma a desenvolver produtos comercialmente<br />
viáveis, com uma utilização racional<br />
dos recursos ambientais e que promovam o<br />
bem-estar social dos nossos colaboradores<br />
e comunidades envolventes. Utilizamos<br />
metodologias inspiradas no conceito de<br />
economia circular, com vista à redução do<br />
consumo de água e energia, recirculação<br />
de recursos e reaproveitamento de resíduos.<br />
Estamos certificados em Produção<br />
Integrada e estamos na fase final de certificação<br />
no programa PSVA – Programa de<br />
Sustentabilidade de Vinhos do Alentejo.<br />
Ao longo dos últimos anos, temos vindo<br />
a investir fortemente na autossuficiência<br />
energética, com investimentos na ordem<br />
dos 400 mil euros.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Qual a vossa previsão de<br />
faturação para este ano e para <strong>2023</strong>?<br />
N. B. – A nossa previsão de faturação<br />
aponta para perto de 15 milhões de euros,<br />
tendo como objetivo crescer 5% para o<br />
ano <strong>2023</strong>.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Que projetos novos estão<br />
em cima da mesa?<br />
N. B. – Os principais projetos centram-se<br />
em investimentos visando o aumento de<br />
capacidade de vinificação e armazenamento<br />
de vinho, dotando a adega dos mais<br />
modernos equipamentos disponíveis no<br />
mercado. Temos, igualmente, projetos<br />
de criação de novos conceitos e marcas e<br />
projetos de melhoria da eficiência energética<br />
e ambiental.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
09
INVESTIMENTO<br />
O PROCESSO LABORAL NA VERTENTE<br />
DISCIPLINAR: O DIREITO E DEVER<br />
DO TRABALHO(R)<br />
O<br />
processo disciplinar assume-se<br />
no direito do trabalho como um<br />
dos principais desafios para o<br />
empregador: sendo um direito do mesmo é<br />
muitas vezes esquecido e acaba por levar o<br />
empregador a, em jeito de atalho de caminho,<br />
“cortar sem direito” a relação laboral.<br />
Mas em que consiste um processo disciplinar?<br />
O processo disciplinar é um meio<br />
de exercício do direito do empregador em<br />
caso de violação de algum dos seguintes<br />
deveres do trabalhador: a) respeitar e tratar<br />
o empregador, os superiores hierárquicos,<br />
os companheiros de trabalho e as pessoas<br />
que se relacionem com a empresa, com<br />
urbanidade e probidade; b) comparecer ao<br />
serviço com assiduidade e pontualidade;<br />
c) realizar o trabalho com zelo e diligência;<br />
d) participar de modo diligente em ações<br />
de formação profissional que lhe sejam<br />
proporcionadas pelo empregador; e) cumprir<br />
as ordens e instruções do empregador<br />
respeitantes a execução ou disciplina do<br />
trabalho, bem como a segurança e saúde<br />
no trabalho, que não sejam contrárias<br />
aos seus direitos ou garantias; f) guardar<br />
lealdade ao empregador, nomeadamente<br />
não negociando por conta própria ou alheia<br />
em concorrência com ele, nem divulgando<br />
informações referentes à sua organização,<br />
métodos de produção ou negócios; g) velar<br />
pela conservação e boa utilização de bens<br />
relacionados com o trabalho que lhe forem<br />
confiados pelo empregador; h) promover<br />
ou executar os atos tendentes à melhoria<br />
da produtividade da empresa; i) cooperar<br />
para a melhoria da segurança e saúde no<br />
trabalho, nomeadamente por intermédio<br />
dos representantes dos trabalhadores eleitos<br />
para esse fim; j) cumprir as prescrições sobre<br />
segurança e saúde no trabalho que decorram<br />
de lei ou instrumento de regulamentação<br />
coletiva de trabalho.<br />
O primeiro documento do processo<br />
disciplinar é o auto de notícia, no qual se<br />
descrevem vários comportamentos do<br />
trabalhador visado. De seguida, deve ser<br />
nomeado um instrutor do processo que será<br />
quem irá conduzir o mesmo, nomeadamente<br />
Texto:<br />
Sandra Laranjeiro<br />
dos Santos<br />
Advogada<br />
e mediadora<br />
de conflitos<br />
Fotografia:<br />
LS Advogados, RL<br />
“<br />
O procedimento<br />
disciplinar<br />
com vista ao<br />
despedimento,<br />
é um procedimento<br />
que é<br />
orientado pelo<br />
contraditório<br />
e composto por<br />
quatro fases:<br />
acusação,<br />
defesa,<br />
instrução<br />
e decisão.<br />
Sandra Laranjeiro<br />
dos Santos,<br />
advogada<br />
e mediadora<br />
de conflitos<br />
”<br />
recolhendo depoimentos/declarações de testemunha, com vista<br />
a fundamentar a nota de culpa a ser entregue ao trabalhador.<br />
Aos depoimentos das testemunhas, que podem ser outros<br />
trabalhadores, clientes, fornecedores que estejam envolvidos<br />
com os acontecimentos que o empregador considere violadores<br />
da relação laboral, deve-se seguir o relatório preliminar, elaborado<br />
pelo instrutor do processo, no qual este descreve os factos<br />
imputados ao trabalhador, denominado “arguido”, cabendo ao<br />
instrutor propor a elaboração da nota de culpa ao empregador.<br />
A nota de culpa corresponde, grosso modo, à acusação do<br />
processo penal, dispondo o código do trabalho a este propósito que:<br />
“No caso em que se verifique algum comportamento suscetível de<br />
constituir justa causa de despedimento, o empregador comunica,<br />
por escrito, ao trabalhador que o tenha praticado a intenção de<br />
proceder ao seu despedimento, juntando nota de culpa com a<br />
descrição circunstanciada dos factos que lhe são imputados”.<br />
A falta de comunicação da intenção de despedimento na nota de<br />
culpa origina, nos casos em que o procedimento disciplinar redunde<br />
em despedimento, na ilicitude do despedimento, por invalidade<br />
do mesmo. É, por isso, crucial que sempre que o procedimento<br />
disciplinar possa (em abstrato) conduzir ao despedimento essa<br />
menção se faça ab initio.<br />
Recebida a acusação, o trabalhador arguido pode também,<br />
arrolar testemunhas, para além de contestar os factos que lhe são<br />
imputados – tudo isto no prazo máximo de 10 dias úteis.<br />
Se o trabalhador arguido abdica de se defender, caberá ao<br />
instrutor no relatório final, ponderar sobre se há prova bastante<br />
para a aplicação de sanção disciplinar (que em última instância<br />
pode ser o despedimento com justa causa), ou não.<br />
Na decisão final, a entidade empregadora toma a decisão, no<br />
âmbito do poder disciplinar que lhe é atribuído por lei, de despedir,<br />
ou não, o trabalhador, podendo ainda: repreender o trabalhador<br />
verbalmente ou por escrito; atribuir-lhe uma sanção pecuniária;<br />
determinar a perda de dias de férias; suspender o trabalho com<br />
perda de retribuição e de antiguidade.<br />
Assim, podemos dizer que o procedimento disciplinar com<br />
vista ao despedimento, é um procedimento que é orientado pelo<br />
contraditório e composto por quatro fases: acusação, defesa,<br />
instrução e decisão.<br />
Recorde-se que o cumprimento de uma conduta profissional<br />
é um dever do trabalhador, cabendo ao empregador exigir o<br />
cumprimento desse seu direito.<br />
10<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
INVESTIMENTO<br />
Texto:<br />
Duncan Lamont<br />
Head of Strategic<br />
Research da<br />
Schroders<br />
Fotografia:<br />
Divulgação<br />
DEVEM OS<br />
INVESTIDORES<br />
EM ATIVOS PRIVADOS<br />
EUROPEUS<br />
ESTAR PREOCUPADOS?<br />
“ Mesmo que<br />
2022 e <strong>2023</strong><br />
sejam ambientes<br />
de mercado<br />
difíceis para<br />
saídas, podem<br />
ser boas<br />
oportunidades<br />
para adquirir<br />
empresas<br />
atrativas em<br />
avaliações mais<br />
atrativas.<br />
Duncan Lamont,<br />
Head of Strategic<br />
Research da<br />
Schroders<br />
”<br />
A<br />
Schroders Capital tem examinado<br />
cada caso de crise financeira<br />
significativa desde 2008. Os dados<br />
sugerem que os investidores em ativos<br />
privados europeus podem manter a calma.<br />
Com um panorama económico incerto,<br />
muitos investidores estão a reavaliar a sua<br />
afetação de ativos. Desde 2008, tem havido<br />
momentos de incerteza para os investidores<br />
em ativos privados europeus, alguns com<br />
raízes locais, outros globais. Desde a grande<br />
crise financeira, a crise da dívida da zona<br />
euro, a anexação da Crimeia à Rússia, Brexit,<br />
ameaças ao comércio global, Covid-19 e<br />
muito mais.<br />
Apesar destas crises, os investidores<br />
em ativos privados europeus ganharam<br />
rendimentos de dois dígitos em cada ano<br />
de “vintage” durante este período, independentemente<br />
do impacto da economia<br />
europeia e dos mercados globais, incluindo<br />
as recessões. Os desempenhos dos anos mais<br />
recentes são menos significativos, uma vez<br />
que os fundos ainda não amadureceram, mas<br />
os investidores nos “vintages” de 2008-17<br />
ganharam uma taxa média de rendimento<br />
interno de 16% ao ano, e recuperaram uma<br />
média de 1,8 vezes o seu dinheiro.<br />
Uma razão pela qual o desempenho tem<br />
sido tão resistente é que os fundos de ativos<br />
privados beneficiam de uma “diversificação<br />
no tempo”. O capital é mobilizado ao<br />
longo de vários anos, em vez de tudo de<br />
uma só vez. Isto reduz a sensibilidade aos<br />
acontecimentos do mercado e significa que<br />
o conceito de timing do mercado não faz<br />
sentido quando se trata de afetar os ativos<br />
privados. Do mesmo modo, os investidores<br />
em ativos privados são detentores de ativos<br />
a longo prazo sem pressão para desinvestir<br />
se as condições de mercado não coincidirem<br />
com a maximização do retorno.<br />
Em vez de ser um momento para os investidores<br />
se preocuparem com a afetação a<br />
participações privadas, os anos de recessão<br />
têm sido, na realidade, uma boa altura para<br />
investir. É fácil compreender a intuição por<br />
detrás disto: os fundos angariados em maus<br />
momentos podem captar ativos a valores<br />
deprimidos, à medida que uma recessão<br />
se desenrola, e depois sair mais tarde na<br />
fase de recuperação quando as avaliações<br />
estão a aumentar. Mesmo que 2022 e <strong>2023</strong><br />
sejam ambientes de mercado difíceis para<br />
saídas, podem ser boas oportunidades para<br />
adquirir empresas atrativas em avaliações<br />
mais atrativas.<br />
Há, também, o facto de haver muitos<br />
potenciadores de valor que vão muito<br />
além do crescimento económico europeu<br />
ou do crescimento específico da indústria<br />
nacional. Por exemplo, fusões e aquisições/<br />
consolidação, inovação técnica, profissionalização<br />
e modelos de negócio orientados<br />
para a exportação. Estes podem gerar valor<br />
mesmo num cenário macroeconómico<br />
desafiante.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
11
INTERNACIONAL<br />
Texto:<br />
Emanuelle<br />
Bezerra<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Zenklub<br />
Anecessidade de se investir em<br />
bem-estar e saúde mental é cada<br />
vez mais evidente. Segundo um<br />
levantamento global feito pela Gympass,<br />
83% das pessoas consideram o bem-estar<br />
no trabalho um critério tão relevante<br />
quanto o salário. Atentos a esta tendência,<br />
os portugueses Rui Brandão e José Simões<br />
criaram a Zenklub, uma plataforma digital<br />
que oferece serviços diversos no âmbito da<br />
saúde mental e bem-estar empresarial.<br />
A ideia de criar a Zenklub surgiu após a<br />
mãe de Rui Brandão passar por um burnout<br />
e desenvolver bipolaridade. Os sócios,<br />
então, decidiram oferecer atendimentos<br />
psicológicos que ajudassem as pessoas a<br />
prevenirem este tipo de problemas. Já José<br />
Simões era cético em relação ao próprio<br />
serviço e resolveu testá-lo pessoalmente.<br />
“Queríamos democratizar o acesso à terapia<br />
e logo de início percebemos que 60% das<br />
pessoas que utilizavam o serviço, nunca<br />
tinham feito terapia antes. Eu mesmo<br />
iniciei o processo terapêutico para testar o<br />
serviço que estava a oferecer e os resultados<br />
de autoconhecimento foram imensos. Na<br />
primeira consulta, acreditei não ter nada a<br />
dizer. Depois, o tempo era sempre curto”.<br />
A Zenklub mantém o foco no Brasil e<br />
atuou durante os anos de 2016 e 2017 em<br />
Portugal. Mas, como explica José Simões, o<br />
mercado português ainda não estava pronto<br />
para absorver estas novas necessidades dos<br />
trabalhadores. “Estivemos por dois anos<br />
em Portugal. Criámos um polo tecnológico<br />
“NÃO ADIANTA A EMPRESA<br />
OFERECER TERAPIA SE O<br />
AMBIENTE DE TRABALHO<br />
É TÓXICO”<br />
que continua a atuar. Mas o nosso modelo<br />
de negócio encontrou muitas barreiras no<br />
nosso país de origem por motivos diversos”,<br />
conta José Simões.<br />
As dificuldades enfrentadas pelos sócios<br />
em Portugal foram desde o custo da terapia<br />
até questões culturais. “Em Portugal, nós<br />
teríamos de mudar o nosso modelo de<br />
negócio e, no lugar de facilitar o acesso à<br />
terapia, com uma rede de parceiros, tería-<br />
mos de contratar profissionais para tornar o<br />
preço viável para o cliente final. Além disso,<br />
também enfrentámos os preconceitos e<br />
uma certa rejeição cultural aos cuidados<br />
com a saúde mental, especialmente no<br />
âmbito corporativo”.<br />
Entretanto, José Simões diz que a empresa<br />
considera que há uma tendência de mudança<br />
neste cenário. “Quando começámos, mesmo<br />
no Brasil onde as pessoas tendem a ser mais<br />
12<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
INTERNACIONAL<br />
Segundo José Simões, os dados são absolutamente<br />
confidenciais e as empresas que<br />
utilizam os serviços da Zenklub nunca terão<br />
acesso ao que os funcionários reportam.<br />
“Não é possível saber quem se queixou de<br />
quê, mas, como exemplo, se só mulheres<br />
relatam um determinado problema numa<br />
empresa, talvez seja preciso criar mais<br />
políticas inclusivas e de valorização para<br />
este grupo, mas também sanar um problema<br />
de discriminação de género. Ou se isso<br />
acontece só com pessoas mais velhas e etc.<br />
Criamos esses serviços corporativos, pois<br />
não adianta a empresa oferecer terapia se o<br />
ambiente de trabalho é tóxico”, completa.<br />
José Simões<br />
e Rui Brandão,<br />
fundadores<br />
da Zenklub<br />
abertas, ainda havia um certo estigma<br />
associado a ajuda psicológica, mas, hoje a<br />
saúde mental é um dos temas que está na<br />
ordem do dia”, enfatiza. E os números da<br />
empresa comprovam. O volume de consultas<br />
realizadas pela Zenklub cresceu 1059% de<br />
2019 para 2021. “O sucesso no Brasil dá-se<br />
pela valorização do autocuidado que o<br />
brasileiro tem tanto em relação ao corpo, à<br />
saúde como um todo e agora, também, em<br />
relação a questões emocionais e psíquicas”.<br />
Atualmente o modelo de negócio da<br />
Zenklub evoluiu e, além de oferecer suporte<br />
terapêutico, desenvolveu outras ferramentas<br />
que ajudam as empresas a sanar problemas<br />
que podem comprometer a saúde corporativa.<br />
A empresa lançou a Care Team Zenklub<br />
e ainda o Índice de Bem-Estar Corporativo<br />
(IBC) e o Índice de Maturidade de Bem-Estar<br />
Corporativo (IMBC). Estas são soluções<br />
criadas a partir de dados para mensurar<br />
o que mais afeta o bem-estar e saúde dos<br />
trabalhadores e dar insights de melhorias<br />
para as empresas.<br />
A Zenklub espera agora consolidar estes<br />
serviços de consultoria para saúde corporativa<br />
no Brasil e, num segundo momento,<br />
expandir para a América Latina e Portugal.<br />
“Claro que queremos voltar a operar no nosso<br />
país. Mas queremos consolidar os nossos<br />
serviços corporativos no Brasil. Em Portugal,<br />
fica a aprendizagem e, para mim, a vitória<br />
pessoal de ver a minha família, especialmente<br />
o meu pai, engajado e beneficiando<br />
dos serviços de terapia. Como costumo<br />
dizer, nem todo o mundo precisa de ir ao<br />
ginásio. Mas faz bem a todas as pessoas ir<br />
ao ginásio. O mesmo acontece com terapia.<br />
Nem todo o mundo precisa de terapia, mas<br />
todas as pessoas podem beneficiar caso o<br />
façam”, completa.<br />
“Logo de início<br />
percebemos que 60%<br />
das pessoas que<br />
utilizavam o serviço,<br />
nunca tinham feito<br />
terapia antes.”<br />
José Simões e Rui Brandão,<br />
fundadores da Zenklub<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
13
INTERNACIONAL<br />
Texto:<br />
Ana Rita Justo<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Apertex<br />
TÊXTEIS-LAR<br />
PORTUGUESES<br />
CONQUISTAM<br />
O MUNDO COM<br />
A APERTEX<br />
Um pouco por todo o mundo,<br />
a Apertex vai deixando a marca<br />
made in Portugal associada<br />
aos têxteis-lar com uma qualidade<br />
que já é reconhecida.<br />
A empresa quase centenária<br />
nasceu em Guimarães e quer<br />
continuar no percurso de<br />
internacionalização, agora<br />
com cautelas devido à guerra<br />
e à crise energética.<br />
É<br />
em Guimarães que encontramos<br />
a Apertex, fábrica portuguesa de<br />
têxteis-lar que nasceu em 1928 pelas<br />
mãos de Francisco Ribeiro e que, hoje, prossegue<br />
o seu legado com o neto, Fernando<br />
Pereira, na direção-geral. Inicialmente<br />
criada para dar resposta às necessidades<br />
locais, a Apertex foi crescendo e, atualmente,<br />
exporta para todo o mundo.<br />
Cerca de 90% da produção da fábrica<br />
portuguesa segue caminhos fora de<br />
Portugal, contando com um total de 60<br />
colaboradores que dão vida aos têxteis<br />
jaquard, que vão desde os produtos de<br />
cama e decoração, mesa, banho e têxteis<br />
para hotelaria. O algodão e o linho são as<br />
matérias-primas de eleição, mas foi com a<br />
seda que a Apertex começou a sua operação,<br />
fabricando essencialmente colchas.<br />
Hoje, a fábrica tem capacidade para<br />
produzir cerca de 20 mil colchas por mês e<br />
aponta aos mercados internacionais, onde<br />
a alta gama têxtil é reconhecida, nomeadamente<br />
Estados Unidos e Canadá, para<br />
onde segue 35% da produção, seguindo-se<br />
o mercado espanhol como o segundo mais<br />
relevante, com 30% da produção.<br />
“Estamos um pouco por todo o mundo no<br />
mercado de alta gama. Quando procuram<br />
algo diferenciado e com qualidade acabam<br />
David Ribeiro é diretor comercial e de marketing<br />
da Apertex<br />
por vir parar a Portugal, Itália, entre<br />
outros”, afiança David Ribeiro, diretor<br />
comercial e de marketing da Apertex, na<br />
empresa desde 2015.<br />
Apenas 10% do fabrico sai para o mercado<br />
com marca própria, enquanto os restantes<br />
90% seguem o seu caminho nas diferentes<br />
marcas que contam com a Apertex como<br />
fornecedora.<br />
Neste sentido, David Ribeiro congratula-<br />
-se porque hoje as marcas mais facilmente,<br />
colocam na etiqueta que o produto foi<br />
fabricado em Portugal, sublinhando, que<br />
“a marca made in Portugal vende” a nível<br />
internacional.<br />
“Antigamente, havia medo de referir<br />
que o produto era feito em Portugal e<br />
colocava-se ‘fabricado na Europa’, mas<br />
hoje [as empresas] já fazem questão de<br />
“ Não consigo<br />
dar um preço<br />
a um cliente e<br />
dizer-lhe que vai<br />
ser válido para<br />
o próximo ano.<br />
Esta crise afeta<br />
todos os<br />
continentes<br />
e está a afetar<br />
mais aqueles<br />
com quem nós<br />
trabalhávamos<br />
com maior<br />
volume.<br />
David Ribeiro,<br />
diretor comercial e de<br />
marketing da Apertex<br />
”<br />
14<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
INTERNACIONAL<br />
“ Antigamente,<br />
havia medo<br />
de referir que o<br />
produto era feito<br />
em Portugal e<br />
colocava-se<br />
‘fabricado na<br />
Europa’,<br />
mas hoje<br />
[as empresas]<br />
já fazem questão<br />
de colocar<br />
‘made in<br />
Portugal’.<br />
David Ribeiro,<br />
diretor comercial e de<br />
marketing da Apertex<br />
”<br />
colocar ‘made in Portugal’”, sublinha<br />
David Ribeiro.<br />
Contudo, o diretor explica que ainda há<br />
algum preconceito em referir que o design<br />
é feito em Portugal: “Tem de se investir<br />
muito mais em marketing. Enquanto assim<br />
for, infelizmente temos mais a perder se<br />
batermos o pé do que se ignorarmos estas<br />
habilidades”.<br />
Guerra e crise energética<br />
afetam operação<br />
Antes da invasão da Rússia à Ucrânia,<br />
ambos os países representavam, também,<br />
uma fatia importante na exportação da<br />
Apertex e o diretor considera que esta foi<br />
“uma perda muito grande” para a empresa.<br />
A par da guerra, também a crise energética<br />
veio afetar a operação, com os preços<br />
das matérias-primas a dispararem e a<br />
condicionarem o preço final apresentado<br />
ao mercado.<br />
“Não consigo dar um preço a um cliente e<br />
dizer-lhe que vai ser válido para o próximo<br />
ano. Esta crise afeta todos os continentes<br />
e está a afetar mais aqueles com quem<br />
nós trabalhávamos com maior volume”,<br />
acrescenta. Só no último ano, a fatura<br />
da luz da Apertex quadruplicou, apesar<br />
de terem sido adicionados à estrutura da<br />
fábrica 700 metros quadrados em painéis<br />
solares. “Se retirar os painéis solares, esse<br />
valor deveria ser 10, 12 vezes superior”,<br />
segundo as contas de David Ribeiro.<br />
Apesar dos constrangimentos, a empresa<br />
tem em curso um plano de expansão, que<br />
prevê o alargamento da fábrica dos atuais<br />
quatro mil metros quadrados para oito mil<br />
metros quadrados e que deverá estar finalizado<br />
durante este ano, permitindo, numa<br />
primeira fase, um aumento produtivo entre<br />
os 30% e os 40% face à capacidade atual.<br />
“Esta ampliação vai trazer outras opções<br />
em termos de processo produtivo que não<br />
tínhamos até então. Acima de tudo, vai<br />
permitir-nos alargar o nosso parque de<br />
teares”, concretiza.<br />
Depois de faturar perto de cinco milhões<br />
de euros em 2021, a Apertex terá terminado<br />
2022 com valores semelhantes ao do<br />
ano anterior. O aumento do número de<br />
trabalhadores também está a ser equacionado,<br />
mas David Ribeiro fala sobre<br />
<strong>2023</strong> com cautelas e de olhos postos na<br />
sustentabilidade do negócio. “É o mercado<br />
que manda em nós. Se as necessidades do<br />
mercado não o permitirem não podemos<br />
pôr em causa as pessoas que temos cá.”<br />
Empresa produz<br />
cerca de 20 mil<br />
colchas por mês,<br />
sendo que<br />
a maioria<br />
da produção<br />
da Apertex<br />
ruma ao mercado<br />
internacional<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
15
AMBIENTE<br />
NOVAS ABORDAGENS<br />
À SUSTENTABILIDADE<br />
POR UM FUTURO MELHOR<br />
Texto:<br />
Martim Gaspar<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Trash4goods<br />
“Mais<br />
de 50% dos<br />
resíduos<br />
colocados em<br />
ecopontos<br />
amarelos<br />
encontram-se<br />
contaminados.”<br />
A Trash4goods pretende implementar um sistema de pontos para recompensar quem recicla<br />
Afonso Ravasco,<br />
COO da Trash4goods<br />
O<br />
tema da sustentabilidade é um<br />
dos tópicos mais aclamados na<br />
atualidade, com eventos e figuras<br />
públicas dedicadas à discussão deste assunto.<br />
A verdade é que, no presente, caminhamos<br />
para um futuro com possíveis catastróficas<br />
consequências ambientais, em grande parte<br />
devido ao modelo de constante consumo<br />
da nossa sociedade. Para aliviar o problema<br />
em mãos, organizações como Fruta Feia e<br />
Trash4goods surgem com iniciativas para<br />
contribuir para uma sociedade com menos<br />
desperdício e mais sustentável.<br />
Segundo o COP<strong>27</strong>, cimeira mundial sobre<br />
o ambiente que contou com a participação<br />
de vários líderes mundiais em outubro deste<br />
ano, verificou-se que se as indústrias não<br />
reduzirem pelo dobro as suas emissões<br />
de gases com efeito estufa até 2030, as<br />
consequências ambientais podem vir a<br />
ser irreversíveis.<br />
Além das enormes quantidades de poluição<br />
produzida pela indústria, é importante<br />
não descurar a poluição criada nas nossas<br />
atividades quotidianas. Seja poluição dos<br />
transportes ou doméstica, qualquer tipo de<br />
poluição põe em causa o meio ambiente.<br />
Todos podem contribuir para aliviar este<br />
problema. Praticar reciclagem ou recorrer<br />
a transportes públicos são exemplos. No<br />
entanto, muitas das vezes consideramos<br />
que este trabalho não vale o esforço, visto<br />
não nos sentirmos motivados por uma<br />
possível recompensa no final do dia.<br />
”<br />
16<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
AMBIENTE<br />
De momento, a Trash4goods está presente em Lisboa, mas com planos de expansão<br />
Neste contexto, surgem organizações<br />
como a Fruta Feia e Trash4goods, que<br />
pretendem aumentar a consciência dos<br />
cidadãos para a sustentabilidade ao mesmo<br />
tempo que reaproveitam desperdícios ou<br />
fornecem vantagens para a prática da<br />
reciclagem, oferecendo aos cidadãos a sua<br />
própria “recompensa”.<br />
A Fruta Feia é um projeto com nove<br />
anos de idade que endereça o problema<br />
do desperdício de fruta e hortícolas pura<br />
e exclusivamente pela sua aparência. É<br />
uma organização sem fins lucrativos,<br />
auto-sustentável, que conta com o apoio<br />
de 600 agricultores que vendem os seus<br />
produtos mais “feios” à organização e uma<br />
equipa de 16 trabalhadores que dinamiza a<br />
ação da organização. A ideia para o projeto<br />
surge quando Isabel Lopes, fundadora da<br />
organização, após discutir sobre a temática<br />
com agricultores, apercebeu-se do tamanho<br />
do problema quanto ao desperdício de<br />
fruta e hortícolas.<br />
O projeto consiste na compra de produtos<br />
que seriam desperdiçados por agricultores,<br />
que são arranjados em forma de cabazes com<br />
destino aos consumidores. A luta contra<br />
este problema acaba por passar pela criação<br />
de uma cadeia alternativa entre produtor e<br />
consumidor, na qual a organização procura<br />
estimular os agricultores a darem um<br />
novo fim aos seus possíveis desperdícios,<br />
ao mesmo tempo que os consumidores<br />
assumem um compromisso para com a<br />
organização no consumo dos seus produtos<br />
através dos cabazes semanais. O objetivo<br />
desta organização passa por sensibilizar<br />
a comunidade sobre esta problemática,<br />
consciencializando e sensibilizando as<br />
autoridades e entidades decisoras locais<br />
relacionadas com o assunto e a partir de<br />
iniciativas para combater este tipo de<br />
problemas. Além de programas de sensibilização,<br />
a Fruta Feia é também responsável<br />
por um programa de atividades em escolas<br />
para sensibilizar também os mais novos.<br />
Já a Trash4goods é uma empresa que se<br />
integra no meio digital, incentivando os<br />
utilizadores da sua aplicação digital a reciclar<br />
mais, em troca de prémios. Segundo Afonso<br />
Ravasco, COO da Trash4goods, “mais de<br />
50% dos resíduos colocados em ecopontos<br />
amarelos encontram-se contaminados,<br />
sendo postos no ecoponto errado principalmente,<br />
ou algum tipo de plástico, que<br />
não deve ser colocado nesse ecoponto acaba<br />
por ter como destino final, esse ecoponto.<br />
O facto de os resíduos serem vistos apenas<br />
como lixo e não matéria-prima, influencia<br />
o comportamento ambiental de muitas<br />
pessoas, o que, por sua vez, serve como<br />
um fator prejudicador na eficiência da<br />
reciclagem”.<br />
Atualmente, o sistema de premiação<br />
do projeto baseia-se em competições<br />
sustentáveis, a partir das quais conforme<br />
a quantidade de lixo reciclado por parte do<br />
utilizador, este ocupará uma posição num<br />
ranking ao qual estará determinado um<br />
prémio. A empresa pondera implementar,<br />
no futuro, o clássico sistema de pontos que<br />
poderá ser usado numa loja definida, procurando<br />
expandir o repertório de prémios que<br />
poderá oferecer ao utilizador da aplicação.<br />
Assim, o Trash4goods surge “para ensinar<br />
as pessoas a reciclarem mais e melhor”,<br />
procurando implementar em Portugal alguns<br />
mecanismos de reciclagem já estabelecidos<br />
em países como a Alemanha, entre eles,<br />
o sistema Rivers Vending Machines, que<br />
consiste numa máquina posicionada em<br />
locais como supermercados que oferece a<br />
oportunidade a todas pessoas de trocarem<br />
o seu lixo, maioritariamente garrafas de<br />
plástico ou vidro, por dinheiro. Porém, este<br />
sistema ainda faz parte dos planos futuros<br />
da organização.<br />
De momento, a Trash4goods possui<br />
300 utilizadores e os pontos de recolha de<br />
lixo encontram-se espalhados por zonas<br />
de maiores aglomerados em Lisboa, com<br />
maior foco em escolas.<br />
Futuramente, a empresa espera expandir-se<br />
também para lojas, bem como<br />
reciclar diferentes tipos de resíduos como<br />
os eletrónicos.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
17
RH<br />
360IMPRIMIR INOVA<br />
AO ADOTAR SEMANA<br />
DE 4 DIAS E TRABALHO<br />
100% REMOTO<br />
“<br />
Implementamos<br />
medidas que<br />
nos diferencie<br />
no mercado<br />
e nos torne<br />
uma empresa<br />
competitiva não<br />
apenas no que<br />
diz respeito<br />
a lucro, mas<br />
também no<br />
desejo das<br />
pessoas<br />
de colaborarem<br />
connosco<br />
Sofia Patrão Alves,<br />
head de Recursos<br />
Humanos da 360imprimir<br />
O<br />
governo português apresentou, no<br />
último novembro, o projeto-piloto<br />
que prevê a semana de quatro<br />
dias de trabalho para as empresas privadas<br />
que poderá, num segundo momento,<br />
ser estendido à administração pública. A<br />
iniciativa deve começar em junho de <strong>2023</strong><br />
e o governo não oferecerá contrapartidas<br />
financeiras. As empresas que se voluntariarem<br />
para a experiência poderão impor<br />
um expediente de 32, 34 e 36 horas, sem<br />
prejuízo de salário para o trabalhador. Mas,<br />
já há quem tenha instituído o encurtamento<br />
da semana de trabalho antes mesmo do<br />
projeto ser lançado pelo governo. É o caso<br />
da 360imprimir, gráfica online de referência<br />
no mercado em Portugal.<br />
Texto:<br />
Emanuelle<br />
Bezerra<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
360imprimir<br />
A empresa é uma das pioneiras ao implementar<br />
a semana laboral mais curta e já<br />
havia incutido o trabalho 100% remoto.<br />
A iniciativa de reduzir a carga laboral<br />
teve início a 10 de outubro de 2022 e será<br />
monitorizada trimestralmente, com os seus<br />
resultados divulgados para todo o mercado.<br />
A 360imprimir é, entretanto, uma voz<br />
dissonante no mercado português. Segundo<br />
um inquérito da Associação Empresarial<br />
de Portugal (AEP) divulgado no dia 18<br />
de novembro, 90% dos empresários não<br />
aprovam a implementação da semana de<br />
quatro dias de trabalho. Para eles, a medida<br />
beneficia apenas os trabalhadores e pode<br />
gerar impactos negativos nos lucros das<br />
empresas. Para o estudo foram ouvidos<br />
1.130 empresários e apenas 10% deles<br />
acreditam que a medida poderá ser muito<br />
benéfica e 30% deles dizem que a semana<br />
encurtada não beneficiará nenhuma das<br />
partes. A redução da jornada de trabalho<br />
sem corte salarial é rejeitada por 94% dos<br />
entrevistados.<br />
Contudo, a 360imprimir está confiante<br />
na escolha de priorizar o bem-estar dos<br />
funcionários. De acordo com Sofia Patrão<br />
Alves, head de Recursos Humanos, pouco<br />
mais de um mês após a implementação, a<br />
empresa pode dizer que é uma experiência<br />
muito positiva. “Os nossos colaboradores<br />
estão bastante satisfeitos e nós não podíamos<br />
estar mais felizes com o feedback que temos<br />
obtido. Existe um sentimento de orgulho em<br />
fazer parte da 360imprimir, uma empresa<br />
que consideram não só evoluída em termos<br />
de tecnologias, como também em termos<br />
de políticas de recursos humanos”.<br />
A diretora de recursos humanos aponta<br />
ainda que houve uma certa surpresa por<br />
parte dos colaboradores ao receber a notícia<br />
da mudança da rotina e o impacto positivo<br />
na comunicação e produtividade pôde ser<br />
sentido imediatamente. “Uma das nossas<br />
maiores preocupações é a retenção de talentos<br />
e, por isso, implementamos medidas que<br />
18<br />
”<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
RH<br />
nos diferencie no mercado e nos torne uma<br />
empresa competitiva não apenas no que<br />
diz respeito a lucro, mas também no desejo<br />
das pessoas de colaborarem connosco”,<br />
complementa.<br />
Já em relação à decisão de operar remotamente,<br />
a empresa diz que foi um processo<br />
natural após a chegada da pandemia.<br />
“Quando as regras de confinamento abrandaram,<br />
pedimos a todos os colaboradores<br />
o regresso ao escritório e a verdade é que<br />
tivemos a maior taxa de saída da empresa<br />
nessa altura. Foi nesse momento que nos<br />
apercebemos que tínhamos de mudar e<br />
evoluir, adotar um modelo de trabalho<br />
que permitisse estar 100% remotamente<br />
era importante para as pessoas. Após<br />
a decisão da adoção deste modelo começámos<br />
a pensar ‘o que mais podemos fazer?’<br />
e assim chegamos à semana de quatro dias”.<br />
Entre os benefícios que a medida traz<br />
para a empresa, a 360imprimir lista,<br />
além da retenção de talentos, a atratividade<br />
em perfis técnicos e especializados,<br />
o que traz motivação e produtividade.<br />
A empresa implementou o modelo por conta<br />
própria e irá avaliar apenas internamente<br />
os resultados, sem se inscrever no projeto<br />
do governo.<br />
“ Quando as<br />
regras de<br />
confinamento<br />
abrandaram,<br />
pedimos<br />
a todos os<br />
colaboradores<br />
o regresso ao<br />
escritório e a<br />
verdade é que<br />
tivemos a maior<br />
taxa de saída da<br />
empresa<br />
nessa altura.<br />
Sofia Patrão Alves,<br />
head de Recursos<br />
Humanos da 360imprimir<br />
”<br />
Sofia Patrão Alves, head de Recursos Humanos da 360imprimir<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
19
BI<br />
Texto:<br />
Martim Gaspar<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Divulgação<br />
Expense<br />
Reduction<br />
Analysts nomeia<br />
Francisco<br />
Miranda Duarte<br />
como novo<br />
partner<br />
A<br />
Expense Reduction Analysts,<br />
consultora especializada em<br />
otimização de custos e gestão<br />
de compras acolhe Francisco Miranda<br />
Duarte como o seu novo partner.<br />
Com mais de 20 anos de percurso<br />
em cargos de administração e gestão<br />
financeira, Francisco Miranda Duarte<br />
irá utilizar as suas competências para<br />
aumentar a competitividade da rede<br />
de clientes da consultora em Portugal<br />
e proporcionará aos CEO e CFO a<br />
oportunidade de otimizarem recursos<br />
e potencializarem a rentabilidade e eficiência<br />
das empresas portuguesas.<br />
Francisco Miranda Duarte, partner da Expense Reduction Analysts<br />
O novo head of<br />
hybrid and multicloud<br />
da Devoteam é Nuno<br />
Vieira da Silva<br />
Com mais de 20 anos de carreira,<br />
Nuno Vieira da Silva assume o cargo<br />
de head of hybrid and multicloud da<br />
Devoteam em Portugal. A consultora<br />
focada em estratégia digital, plataformas<br />
tecnológicas e cibersegurança,<br />
anunciou a nomeação de Nuno Vieira<br />
da Silva para o cargo, em que ficará<br />
responsável pela estratégia e pelo desenvolvimento<br />
de negócio de soluções<br />
de cloud híbrida e multicloud.<br />
Hugo Dias é o novo<br />
head of digital business<br />
development da LBC<br />
Hugo Marques Dias é agora o novo<br />
head of digital business development<br />
da LBC. A nomeação tem como objetivo<br />
reforçar o crescimento da consultora<br />
na prestação de serviços de transformação<br />
digital a nível nacional<br />
e internacional, área na qual a empresa<br />
já possui experiência com 250 projetos<br />
integrados nos setores público e privado<br />
em 16 países, incluindo Bélgica,<br />
Brasil, Espanha, EUA, Gana, México,<br />
Ruanda e Suíça, além de Portugal.<br />
Angelini Pharma<br />
nomeia Jacopo Andreose<br />
como diretor geral<br />
Jacopo Andreose assume o cargo<br />
de diretor-geral da Angelini Pharma,<br />
empresa farmacêutica que opera nas<br />
áreas do brain health, incluindo saúde<br />
mental e epilepsia, e do consumer<br />
healthcare, que fazem parte da Angelini<br />
Industries, um grupo multi-negócios<br />
italiano. Jacopo Andreose, que ocupará<br />
o cargo a partir de 6 de fevereiro,<br />
conta com 20 anos de experiência profissional<br />
em altos cargos de direção na<br />
indústria farmacêutica.<br />
20<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
BI<br />
Stéphanie Paix é a nova<br />
CEO de Global Financial<br />
Services do Groupe BPCE<br />
O Conselho de Administração de Global<br />
Financial Services nomeou Stéphanie<br />
Paix como Chief Executive Officer<br />
(CEO) desta área de negócio do Groupe<br />
BPCE, sucedendo no cargo a Nicolas<br />
Namias. Stéphanie Paix integrava já<br />
a Comissão Executiva do grupo, como<br />
responsável pela área de Risco, assumindo<br />
agora este desafio.<br />
Ana Veríssimo é a nova<br />
chief operating officer<br />
da Marsh e da Mercer<br />
Portugal<br />
A Marsh e a Mercer acabam de reforçar<br />
a sua estrutura organizacional em<br />
Portugal com a nomeação de Ana Veríssimo<br />
para o cargo de chief operating<br />
officer. Foco na melhoria de processos<br />
das áreas de negócio em ambas as<br />
empresas, impulsionar mudanças<br />
transformacionais e promoção de mais<br />
sinergias entre diferentes equipas serão<br />
as prioridades da nova responsável<br />
pelas operações.<br />
O novo responsável da<br />
SAP Global Business Line<br />
da Inetum é Mário Oliveira<br />
Mário Oliveira é formado em engenharia<br />
de sistemas e computadores pelo<br />
Instituto Superior Técnico, foi consultor<br />
na CSC Ploenzke e na Sigil, onde<br />
se especializou no software de gestão<br />
SAP e substitui, agora, Francisco Febrero<br />
que deixa o cargo por razões<br />
pessoais. O novo responsável desempenhava<br />
funções como administrador<br />
com foco sobre o delivery.
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
DUAS EMPRESAS,<br />
UMA POLÍTICA<br />
A diversidade etária é uma das políticas<br />
que mais tem surgido ao longo dos tempos<br />
alicerçada às novas e antigas empresas.<br />
A Volkswagen e a Sonae são exemplos<br />
de empresas que chegaram ao topo com<br />
caraterísticas empresariais cada vez mais<br />
baseadas nas pessoas e nos seus<br />
colaboradores de diferentes gerações.<br />
Texto:<br />
Marta Godinho<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Volkswagen<br />
e Sonae<br />
“ Os nossos<br />
jovens<br />
ajudam-nos<br />
a criar mais<br />
sinergias entre<br />
as diferentes<br />
áreas e<br />
os mais seniores<br />
trazem muito<br />
da sua vasta<br />
experiência e<br />
conhecimento<br />
de negócio<br />
que ajudam os<br />
mais juniores<br />
a crescer.<br />
Mafalda Visitação,<br />
learning & development<br />
specialist da Volkswagen<br />
Digital Solutions<br />
”<br />
Mafalda Visitação,<br />
learning & development<br />
specialist da Volkswagen<br />
Digital Solutions<br />
D<br />
entro das empresas Volkswagen Digital Solutions e da<br />
Sonae, é possível encontrar uma diversidade de colaboradores<br />
bastante vasta, que se prende por gerações como os<br />
Baby Boomers, nascidos no final da década de 40, que valorizam<br />
a experiência e o tempo na mesma empresa, a Geração X, entre<br />
os anos de 1960 e 1980, que são aqueles que resistem ao novo por<br />
conta da combinação de conceitos antigos com um mundo onde<br />
tudo é bem mais transitório, a Geração Y nasceu junto com o<br />
surgimento da tecnologia e dos negócios, entre as décadas de 1980<br />
e 2000, e que são considerados os “multitask” ou seja, executam<br />
várias tarefas ao mesmo tempo e a Geração Z que são os jovens<br />
nascidos no final da década de 1990 e nos anos 2000.<br />
A Sonae, a multinacional que gere um portefólio diversificado<br />
de negócios nas áreas de retalho, serviços financeiros, tecnologia,<br />
imobiliário, telecomunicações e com atividade em mais de 60<br />
países, consegue crescer e realizar diariamente o seu trabalho<br />
graças a uma equipa de 55 mil colaboradores, em Portugal e<br />
no estrangeiro. Aqui premeia-se o mérito e competências com<br />
valores baseados na inclusão e diversidade que contribuiu, não<br />
22<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
só para o desenvolvimento do grupo, como<br />
para o volume de negócios superior a mil<br />
milhões de euros e a criação de mais de<br />
750 postos de trabalho, dados referidos<br />
em entrevista com Teresa Cabral Menezes,<br />
people & leadership manager na Sonae. Na<br />
Sonae, “40% dos colaboradores têm menos<br />
de 30 anos, 47% têm entre 30 e 50 anos e<br />
13% têm 50 anos ou mais”, provando que<br />
a inclusão etária é um dado assente nas<br />
instalações da empresa e que existem,<br />
atualmente, quatro gerações distintas na<br />
força de trabalho da mesma. “Procuramos<br />
tirar partido de sinergias entre gerações, que<br />
têm perspetivas e experiências diferentes,<br />
o que nos permite explorar o potencial da<br />
diversidade. Reconhecemos o potencial<br />
da inovação que vem dessas diferentes<br />
perspetivas na resolução de problemas”.<br />
“Acreditamos<br />
no valor da longevidade<br />
das pessoas no<br />
grupo e das suas<br />
mais-valias para<br />
o crescimento<br />
dos negócios<br />
e integração dos<br />
novos colaboradores.”<br />
Teresa Cabral Menezes,<br />
people & leadership manager na Sonae<br />
Equipa Volkswagen<br />
Digital Solutions<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
23
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
Equipa da SONAE no Web Summit 2022<br />
Como forma de retenção e desenvolvimento<br />
de talento etário, a Sonae aposta em diversos<br />
programas que englobam as gerações que<br />
aí se processam. Dispõem do Programa<br />
Contacto, destinado a jovens finalistas de<br />
licenciatura e mestrado e que permite aos<br />
jovens iniciarem a sua vida profissional no<br />
Grupo Sonae, e no âmbito da integração e<br />
desenvolvimento destes trainees promovem<br />
o trabalho direto com líderes dos negócios<br />
mais velhos, criando oportunidades de<br />
cooperação e aprendizagem entre gerações.<br />
“Acreditamos no valor da longevidade das<br />
pessoas no grupo e das suas mais-valias para<br />
o crescimento dos negócios e integração<br />
dos novos colaboradores”. É de reforçar,<br />
ainda, que trabalhar com diferentes gerações<br />
é uma mais-valia para a empresa e que<br />
“contar com equipas diversas e inclusivas é<br />
uma das vantagens desta diversidade, pois<br />
permite-nos conhecer melhor os vários<br />
clientes e antecipar as suas necessidades”.<br />
Teresa Cabral Menezes garantiu que a<br />
cultura própria e preocupação social são<br />
Equipa Volkswagen Digital Solutions<br />
24<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
os fatores que os guiam “na criação de um<br />
futuro mais sustentável para as próximas<br />
gerações” e que “este caminho de criação<br />
de valor económico, social e natural<br />
assentará sempre nas nossas pessoas e<br />
na sua diversidade”, o que se traduz num<br />
investimento permanente no seu desenvolvimento,<br />
como na atribuição de mais de<br />
um milhão de horas anuais em formação<br />
aos colaboradores, o que resulta numa<br />
atualização do conhecimento e reforço da<br />
agilidade das equipas para se adaptarem e<br />
acompanharem a transformação do mundo.<br />
Igualmente à Sonae, a Volkswagen Digital<br />
Solutions (VWDS), o hub tecnológico do<br />
Grupo Volkswagen, reúne, atualmente,<br />
uma equipa de profissionais focados na<br />
inovação e desenvolvimento digital do<br />
grupo e dispõe de 40% dos trabalhadores<br />
até aos 30 anos.<br />
Em entrevista, Mafalda Visitação, do<br />
departamento de learning & development da<br />
Volkswagen Digital Solutions, afirma que<br />
não se guiam particularmente por faixas<br />
“ Procuramos<br />
equilibrar as<br />
equipas para<br />
responder às<br />
necessidades<br />
do negócio.<br />
Mafalda Visitação,<br />
learning & development<br />
specialist da Volkswagen<br />
Digital Solutions<br />
”<br />
etárias: “[Guiam-se] por alcançarmos<br />
equipas diversas e intergeracionais que<br />
são o resultado de contratações nacionais<br />
e internacionais, e de perfis jovens e outros<br />
com maior experiência e maturidade”,<br />
sendo que todas as suas equipas têm por<br />
base a diversidade, seja ela etária, cultural,<br />
de género, de background profissional,<br />
entre outras. A empresa apresenta uma flat<br />
hierarchy (quando existem poucas posições<br />
de gestão intermédia entre a equipa e a<br />
liderança) o que tem contribuído para a<br />
interligação de diferentes faixas etárias e<br />
relações de proximidade e aprendizagem<br />
maiores.<br />
Como forma de alavancar a diversidade<br />
etária, a VWDS criou programas destinados<br />
à contratação jovem, como é o caso da Junior<br />
Academy que iniciou em setembro de 2022<br />
com a segunda edição e com a entrada de<br />
14 novos graduados em início de carreira.<br />
Esta é uma das provas de que são “uma<br />
empresa em crescimento que necessita<br />
de perfis mais juniores que trazem ideias<br />
novas e vontade de fazer acontecer, aliado a<br />
perfis mais seniores que trazem experiência,<br />
know-how e conhecimento” e que procura<br />
“equilibrar as equipas para responder às<br />
necessidades do negócio”.<br />
Mafalda Visitação destaca que todos<br />
os projetos da empresa dão possibilidade<br />
tanto a jovens como seniores e reforça que<br />
a diversidade etária traz muitos benefícios<br />
seja à VWDS como a tantas outras empresas.<br />
“Vamos manter o nosso registo de fomentar<br />
a diversidade, seja ela de que natureza for.<br />
Os nossos jovens ajudam-nos a criar mais<br />
sinergias entre as diferentes áreas (muito<br />
devido à promoção desta interligação<br />
durante o onboarding da Junior Academy) e<br />
os mais seniores trazem muito da sua vasta<br />
experiência e conhecimento de negócio<br />
que ajudam os mais juniores a crescer”,<br />
destacando que os diferentes níveis de<br />
senioridade podem advir pelos fatores de<br />
conhecimento, experiência e background,<br />
sem ser necessariamente sobre a idade.<br />
Para além disto, existe uma grande<br />
ambição em continuar a acolher várias<br />
nacionalidades e culturas, uma vez que<br />
contemplam “pessoas de mais de 29<br />
países como Alemanha, Brasil, Escócia,<br />
Egito, África do Sul, Índia, Estados Unidos<br />
entre outros.<br />
Só assim é possível atingir um equilíbrio<br />
diverso que resulta no bom funcionamento<br />
de qualquer equipa em qualquer<br />
empresa”.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
25
FIGURA DE DESTAQUE<br />
Quando tratamos bem<br />
as<br />
pessoas,<br />
estamos a tratar bem<br />
o negócio – José Esfola<br />
26<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
FIGURA DE DESTAQUE<br />
José Esfola é,<br />
atualmente, o diretor<br />
geral da Xerox<br />
Portugal, uma das<br />
melhores empresas no<br />
que toca à inovação<br />
e gestão de recursos<br />
humanos. Em conversa<br />
com a <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>,<br />
conta-nos quais<br />
os segredos para<br />
alcançar este nível de<br />
produtividade<br />
e engajamento dos<br />
colaboradores.<br />
P<br />
ME <strong>Magazine</strong> (<strong>PME</strong> Mag.) – Chegar à direção da<br />
Xerox Portugal estava no seu plano de carreira?<br />
Quando deu conta que esta era uma possibilidade<br />
real?<br />
José Esfola (J. E.) – No fundo, não sou assim<br />
tão calculista que tivesse um objetivo muito claro<br />
ou definido desde que comecei a trabalhar. Praticamente, o meu<br />
primeiro emprego foi aqui na Xerox. De qualquer forma, temos<br />
muitos e bons exemplos de carreiras internas de sucesso e claro<br />
que, a dado momento, passei a gerir a área de vendas que veio a<br />
tornar-se mais relevante dentro daquilo que é o nosso resultado<br />
e que começou a materializar esta possibilidade que veio a acontecer<br />
há uns anos atrás.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A que atribui a sua escalada de sucesso dentro<br />
da Xerox?<br />
J. E. – Há um poema do Miguel Torga que me vai ajudar a<br />
responder. É o prelúdio que diz que o destino destine e eu tenho<br />
de fazer o resto. E comigo passou-se muito isso. Eu venho de uma<br />
família muito dedicada a negócios, comércio, praticamente nasci<br />
dentro de uma mercearia e também de uma loja de eletrodomésticos<br />
e de negócios, que ainda continuam a existir hoje com outra<br />
Texto:<br />
João Carreira<br />
Editor<br />
Fotografia:<br />
João Filipe Aguiar<br />
A sede da<br />
Xerox Portugal<br />
situa-se em Lisboa<br />
dimensão, e sempre andei por ali. Fiz venda ambulante com os<br />
meus avós quando tinha seis, sete anos. Ia buscar uma mala de<br />
cartão e ia à mercearia colher uns produtos para ser eu próprio a<br />
fazer a venda, porque as pessoas achavam engraçado e acabavam<br />
por comprar. Tudo isso desenvolveu uma aptidão, creio eu, pelas<br />
vendas. Também provavelmente com um ADN aqui à mistura.<br />
Nunca vivi com o meu pai, mas ele também sempre foi muito<br />
dedicado aos negócios e teve várias empresas. Portanto, tudo isso<br />
acho que me ajudou a criar esse espírito e paixão pelo negócio.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
<strong>27</strong>
FIGURA DE DESTAQUE<br />
“ Há sempre uma<br />
fronteira entre o<br />
que é desejável<br />
e o que é a realidade<br />
e a nós<br />
cabe-nos gerir<br />
a realidade com<br />
os olhos postos<br />
naquilo que deveria<br />
ser o desejável.<br />
José Esfola,<br />
diretor geral da Xerox<br />
Portugal<br />
”<br />
Lembro-me de ser adolescente e estar<br />
nessas lojas e passar o tempo a folhear as<br />
páginas amarelas a ver empresas, atividade<br />
de empresas, logótipos. Depois desenhava<br />
o logótipo do que seria a minha empresa.<br />
Portanto, todo esse caminho que eu fui<br />
percorrendo desde muito cedo (praticamente<br />
desde que nasci) ajudou a construir<br />
essa paixão pelo negócio.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Já desde pequeno tinha<br />
essa aptidão?<br />
J. E. – Sim, depois tive a felicidade de<br />
entrar para a Xerox. Procurava um emprego<br />
de vendedor, porque queria mesmo ser<br />
vendedor. Às vezes até fico chocado quando<br />
as pessoas veem isso como algo depreciativo,<br />
mas queria mesmo ser vendedor.<br />
Entrei para a Xerox e a Xerox era, na altura,<br />
a melhor escola de vendas que existia e, a<br />
partir daí, como dizia o Ronaldo “é fácil<br />
ter paixão pelo que faço”, fazer melhor<br />
todos os dias e, uma coisa que acho muito<br />
importante, que é nunca parar de aprender<br />
ou de querer aprender.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O que é que o motivou a<br />
crescer aqui dentro da Xerox?<br />
J. E. – Como disse há pouco, nós temos<br />
muitos exemplos de carreiras internas de<br />
José Esfola integrou<br />
a Xerox desde<br />
muito cedo<br />
28<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
FIGURA DE DESTAQUE<br />
sucesso. Temos uma política de reconhecer<br />
um estado de espírito de empresa, que parece<br />
algo esotérico, mas existe esse espírito de<br />
reconhecer o mérito e premiar os resultados.<br />
Nós sempre tivemos isso. Temos muita<br />
competitividade interna, que achamos nós,<br />
saudável, mas que também nos empurra<br />
para ser bons e cada vez melhores ou tentar<br />
ser cada vez melhores.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – De que forma é que os líderes<br />
com os quais trabalhou impulsionaram a<br />
sua carreira dentro desta empresa?<br />
J. E. – Ao fim de 34 anos (que completei<br />
há dias), claro que muitos. Correndo o<br />
risco de ser injusto para alguns, penso que<br />
a direção da companhia à altura dos meus<br />
primeiros tempos de Xerox influenciou<br />
determinantemente. Várias pessoas em<br />
diferentes níveis hierárquicos, em diferentes<br />
funções que me moldaram profissionalmente.<br />
Na altura, tínhamos uma estrutura<br />
muito mais piramidal do que temos hoje.<br />
Agora somos mais lean. Essa direção liderada<br />
pelo Nuno Melícias Correia, um nome<br />
icónico da Xerox em Portugal, e depois tinha<br />
pessoas como Silva Santos, Costa Pinto,<br />
Rogério Fangueiro. Como disse, corro o<br />
risco de falhar alguns. Rui Brito, Francisco<br />
Paquete, tudo pessoas que me ajudaram a<br />
construir e a moldar-me profissionalmente<br />
e, de alguma forma, também ao fim destes<br />
anos todos, de certeza, na personalidade.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Em termos de inovação, quais<br />
é que foram as principais transformações<br />
que tem visto na Xerox nos departamentos<br />
por onde passou?<br />
J. E. – Eu não sou muito do auto-elogio ou<br />
das medalhas a mim próprio, mas acho que<br />
criar um espírito vencedor, querer sempre<br />
fazer melhor do que o que tínhamos feito<br />
antes (que se mantém adaptado àquilo que<br />
é hoje a geração com quem trabalhamos)<br />
acho que, também, enquanto líderes, há<br />
sempre uma fronteira entre o que é desejável<br />
e o que é a realidade e a nós cabe-nos gerir<br />
a realidade com os olhos postos naquilo<br />
que deveria ser o desejável. E também<br />
conseguir um capital de credibilidade. Eu<br />
tento muito que as pessoas que trabalham<br />
comigo tenham essa consciência de que<br />
é preciso ser credível. Quando nós temos<br />
credibilidade, as pessoas podem não gostar<br />
da mensagem, mas não matam o mensageiro,<br />
é essa a ideia.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que avalia a educação<br />
da Xerox Portugal nas necessidades e<br />
reivindicações dos trabalhadores ao longo<br />
destes 20 anos? E qual é que foi o papel do<br />
CEO neste processo?<br />
J. E. – Isto num ambiente multinacional,<br />
o papel nessa matéria é sempre muito de<br />
moderador e desafiador. No fundo, tentar<br />
implementar ou adaptar localmente aquilo<br />
que são diretrizes corporativas que nos são<br />
colocadas, diariamente, nessas matérias.<br />
Nós, em Portugal, concorremos por quatro<br />
vezes ao prémio de melhor empresa para<br />
trabalhar. Conseguimos três primeiros<br />
lugares e um segundo, portanto alguma<br />
coisa fizemos bem nessa matéria. E, por<br />
outro lado, nós, enquanto país, já passámos<br />
momentos muito difíceis em Portugal,<br />
“<br />
Os clientes são<br />
pessoas, os<br />
nossos parceiros<br />
são pessoas,<br />
os nossos<br />
colaboradores<br />
são pessoas,<br />
os negócios<br />
são as pessoas.<br />
Não tenho outra<br />
forma de o dizer.<br />
Quando<br />
tratamos bem<br />
as pessoas,<br />
estamos a tratar<br />
bem o negócio.<br />
José Esfola,<br />
diretor geral da Xerox<br />
Portugal<br />
”<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
29
FIGURA DE DESTAQUE<br />
e na Xerox sempre conseguimos alguma<br />
estabilidade de negócio. Creio que isso<br />
se deve muito a essa preocupação com as<br />
pessoas, com o bem-estar social, com o<br />
equilíbrio social. Isso sempre foi muito<br />
premente. Mesmo ainda não sendo muito<br />
um assunto do dia a dia.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Durante este percurso na<br />
Xerox, a tecnologia ganhou ainda mais<br />
importância na vida quotidiana. Como é<br />
que a Xerox se adaptou e contribuiu neste<br />
processo em Portugal?<br />
J. E. – A Xerox tem uma história de inovação.<br />
No fundo, nasceu de uma inovação à<br />
época (que era o processo de xerógrafo,<br />
xerografia, a capacidade de imprimir a<br />
seco) e continua a ter um grande legado<br />
de inovação. Nós temos uma filosofia de<br />
trazer produtos e serviços novos para o<br />
mercado, não só para aquilo que é o posto<br />
de trabalho num ambiente de escritório e<br />
as interações entre pessoas, tecnologia e<br />
documentos físicos e digitais vindo para o<br />
mundo de hoje, mas também na indústria<br />
gráfica com produtos inovadores que fomos<br />
lançando ao longo do tempo e serviços<br />
que acompanham esses lançamentos de<br />
produtos. Eu não consigo distinguir entre<br />
“Eu sou um fervoroso<br />
adepto do “mais<br />
liberdade, mais<br />
responsabilidade”.<br />
Estamos a incutir um<br />
espírito de accountability<br />
ou de responsabilização,<br />
definindo objetivos,<br />
focando naquilo que são<br />
as prioridades e depois<br />
dando às pessoas<br />
a oportunidade<br />
de melhor gerirem<br />
esse seu equilíbrio<br />
de trabalho-vida.”<br />
José Esfola,<br />
diretor geral da Xerox Portugal<br />
outros países e Portugal, se nós fomos mais<br />
ou menos efetivos. O facto é que em Portugal<br />
nós somos o líder de mercado em muitos dos<br />
segmentos em que atuamos e dispomos aqui<br />
de um centro de competências há vários<br />
anos que serve a nossa atividade corporativa<br />
na área de managed print services, ou seja,<br />
serviços geridos de impressão e que serve a<br />
nossa atividade nos países da região em que<br />
estamos inseridos (Europa, Médio Oriente<br />
e África). Isso é também uma demonstração<br />
que nós, enquanto país e enquanto<br />
empresa em Portugal, conseguimos trazer<br />
conhecimento, inovação e criar emprego<br />
também, um objetivo muito interessante<br />
que conseguimos com este centro aqui<br />
em Lisboa.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que a Xerox se<br />
adequa ao modelo GLOCAL nos padrões<br />
globais e aplicados às necessidades locais<br />
dos portugueses?<br />
J. E. – Como dizia há pouco, moderando e<br />
desafiando. No fundo, apresentando sempre<br />
ideias e iniciativas locais que possam ser<br />
também depois colocadas noutros países.<br />
No fundo, tentando ser uma filial ativa e<br />
não apenas um bypass daquilo que são as<br />
políticas corporativas.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
30 pmemagazine.sapo.pt
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FIGURA DE DESTAQUE<br />
Na Xerox sempre<br />
conseguimos alguma<br />
estabilidade de<br />
negócio e creio que<br />
isso se deve muito<br />
a essa preocupação<br />
com as pessoas, com<br />
o bem-estar, com o<br />
equilíbrio social.<br />
José Esfola,<br />
diretor geral da Xerox Portugal<br />
32<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
FIGURA DE DESTAQUE<br />
uma gestão preocupada com a satisfação do<br />
trabalhador colabora com estes resultados?<br />
J. E. – Os clientes são pessoas, os nossos<br />
parceiros são pessoas, os nossos colaboradores<br />
são pessoas, os negócios são as pessoas.<br />
Não tenho outra forma de o dizer. Quando<br />
tratamos bem as pessoas, estamos a tratar<br />
bem o negócio.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Que conselho é que daria a<br />
um jovem em início de carreira?<br />
J. E. – Gostava que saísse a pergunta de um<br />
milhão que eu gostava de dar esses conselhos<br />
aos meus filhos ou que eles os ouvissem,<br />
pelo menos (risos). Mas acho que, ao fim de<br />
alguns anos, nós vamos tendo a noção que<br />
o tempo passa mesmo a correr. O tempo<br />
passa muito depressa e o importante para a<br />
vida pessoal, e se calhar profissional, é que<br />
nós devemos preocuparmo-nos da forma<br />
como lidamos com as coisas que nos vão<br />
acontecendo e não com as coisas que nos<br />
acontecem. Preocuparmo-nos em lidar<br />
“aconteceu isto. O que é que eu vou fazer?”<br />
com o que me aconteceu. É o conselho que<br />
eu daria, sem querer ser exaustivo e Velho<br />
do Restelo.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A Xerox oferece benefícios<br />
e adota políticas de bem-estar, até tendo<br />
sido recentemente premiada por esses<br />
esforços. Acredita que o chamado salário<br />
emocional faz os trabalhadores serem mais<br />
produtivos?<br />
J. E. – Acredito, mas acredito que também<br />
há muitas outras variáveis. Essa é apenas<br />
uma das peças do puzzle. Acho que dentro<br />
dessas variáveis ou desafios, e olhando para<br />
nós, para dentro, uma empresa com tantos<br />
anos de mercado, temos hoje uma estrutura<br />
laboral com várias gerações. Pessoas que<br />
têm diferentes motivações, diferentes<br />
necessidades. Portanto, acho que é um<br />
desafio para nós, enquanto gestores de<br />
pessoas, e para a organização em si também,<br />
adaptarmos ou conseguirmos corresponder<br />
aos anseios de cada uma dessas gerações.<br />
Penso que o temos conseguido fazer ao<br />
longo dos tempos.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como é que a Xerox<br />
compensa a “pressão” de produtividade<br />
e a flexibilização para oferecer ao trabalhador<br />
equilíbrio qualidade-vida?<br />
J. E. – Eu sou um fervoroso adepto do<br />
“mais liberdade, mais responsabilidade”.<br />
Estamos a incutir um espírito de accountability<br />
ou de responsabilização, definindo<br />
objetivos, focando naquilo que são as<br />
prioridades e depois dando às pessoas a<br />
oportunidade de melhor gerirem esse seu<br />
equilíbrio de trabalho-vida.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – A Xerox é uma das filiais<br />
com maior desempenho em termos de<br />
produtividade, como referiu. Como é que<br />
José Esfola<br />
Nascido em 1966, em Águas de<br />
Moura, conta com mais de 20 anos<br />
de experiência em funções de gestão<br />
e liderança, em vários contextos<br />
e mercados. Frequentou o programa<br />
Academia de Executivos do<br />
INSEAD (Executive Academy Program),<br />
o VP Development Program<br />
do centro de liderança CREATIVA<br />
(Center for Creative Leadership –<br />
USA) e o Programa Avançado de<br />
Gestão para Executivos (PAGE) da<br />
Universidade Católica Portuguesa<br />
e conta ainda com experiência<br />
acumulada de mais de três décadas<br />
na Xerox Portugal, onde foi responsável<br />
por várias áreas comerciais a<br />
nível nacional. Em 2017, assumiu o<br />
cargo de Iberia Channels general<br />
manager para, em 2018, assumir<br />
a direção geral da Xerox Portugal<br />
com o objetivo de reforçar o desempenho<br />
da operação em território<br />
luso que está ao nível das melhores<br />
a nível mundial em termos de produtividade.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
33
EMPREENDEDORISMO<br />
Texto:<br />
Marta Godinho<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Coverflex<br />
COVERFLEX:<br />
UMA QUESTÃO<br />
DE COMPENSAÇÃO<br />
A Coverflex, empresa<br />
de soluções e ofertas<br />
de compensação além salário,<br />
chegou ao mercado português<br />
para apresentar soluções<br />
de gestão de compensação<br />
muito mais flexíveis<br />
e pragmáticas para as<br />
empresas. Nuno Pinto,<br />
um dos fundadores da<br />
marca, explica-nos como<br />
surgiu o negócio e como<br />
este se tem desenvolvido.<br />
A<br />
Coverflex é uma empresa de soluções<br />
de gestão de compensação<br />
que une todas as componentes<br />
da compensação além salário. A criação<br />
da mesma surgiu com uma ideia lançada<br />
por cinco amigos: Nuno Pinto (ex-Kide),<br />
Luís Rocha (ex-TUI Musement), Miguel<br />
Santo Amaro (ex-Uniplaces), Rui Carvalho<br />
(ex-Unbabel) e Tiago Fernandes (ex-Bitmaker).<br />
Juntos uniram experiências passadas<br />
para um novo negócio que assentou na base<br />
da problemática de como acrescentar um<br />
novo benefício à oferta anual sem precisar<br />
de perder tempo a falar, negociar e escolher<br />
diversos fornecedores, até gerir esse novo<br />
benefício numa outra oferta.<br />
Nos dias que correm, a forma como se<br />
trabalha está a alterar, mas a compensação,<br />
seja ela salarial, de bónus, ações e benefí-<br />
Os fundadores<br />
da Coverflex:<br />
Nuno Pinto, Luís Rocha,<br />
Miguel Santo Amaro,<br />
Rui Carvalho<br />
e Tiago Fernandes<br />
(da esquerda para<br />
a direita)<br />
34<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
EMPREENDEDORISMO<br />
cios não se altera há décadas, prática essa<br />
considerada “rígida e ultrapassada” por<br />
Nuno Pinto, cofundador e CEO da Coverflex.<br />
A forma que os cinco empreendedores<br />
encontraram para alterar a existência de<br />
múltiplos prestadores de compensação, falta<br />
de transparência, informação fiável e flexibilidade<br />
foi a criação de uma plataforma de<br />
gestão de benefícios all-in-one: a solução de<br />
compensação flexível que permite às empresas<br />
reduzir custos e maximizar o potencial<br />
de rendimentos dos seus colaboradores.<br />
A Coverflex distingue-se por responder às<br />
necessidades de dois protagonistas distintos:<br />
“as empresas, que podem agregar a gestão<br />
da compensação para além do salário:<br />
benefícios, seguros, subsídio de refeição<br />
e descontos exclusivos; e, por outro, os<br />
colaboradores, possibilitando desbloquear<br />
todo o seu potencial de rendimentos,<br />
personalizar o seu pacote de compensação<br />
e escolher onde e como querem gastar o seu<br />
orçamento naquilo que mais lhes convém,<br />
usando o seu cartão pessoal VISA e a aplicação”,<br />
explica Nuno Pinto.<br />
A utilização da plataforma da marca<br />
é intuitiva e inclusiva, uma vez que “se<br />
adapta às diferentes necessidades e distintos<br />
momentos da vida de cada um dos Coverflexers”.<br />
O ponto diferenciador da empresa é a<br />
componente tecnológica que permite utilizar<br />
a Coverflex através de um cartão inteligente<br />
que aplica a mesma tecnologia dos cartões<br />
refeição a outros setores do mercado.<br />
Desta forma, pelo saldo da carteira digital<br />
da Coverflex, pode-se pagar as despesas<br />
de um almoço num restaurante, fazer as<br />
compras da semana num supermercado<br />
físico ou online - gastando do seu saldo de<br />
alimentação -, emitir um cheque creche<br />
ou até aviar uma receita numa farmácia<br />
- deduzidos no saldo de benefícios. Estas<br />
pequenas ações tornam a marca na “única<br />
plataforma realmente flexível, que não exige<br />
pré-escolhas em matéria de benefícios:<br />
a Coverflex disponibiliza uma “bolsa de<br />
benefícios”, acordada entre a empresa e o<br />
colaborador, e é o trabalhador que gere a<br />
sua conta neste “banco do colaborador”.<br />
A Coverflex trabalha de forma remota<br />
que já conta com diversidade geográfica<br />
em sete países distintos, nomeadamente,<br />
Portugal, Espanha, Reino Unido, Itália,<br />
Países Baixos, Alemanha e Brasil, sendo<br />
que ainda não apresenta escritórios físicos.<br />
A empresa apoia todos os seus trabalhadores<br />
ao fornecer 500 euros para “ajudar<br />
a construir o seu escritório ideal em casa”<br />
e o acesso a 1.000 euros que podem ser<br />
gastos “em despesas relacionadas com a<br />
lógica de trabalho remoto, seja em viagens,<br />
alojamento, aluguer de escritório/coworking<br />
ou telecomunicações”.<br />
Para o futuro, Nuno Pinto tem várias<br />
surpresas por revelar para os gestores de<br />
recursos humanos e para continuar a crescer<br />
no mercado português até chegar à liderança<br />
neste setor. Ademais, internacionalizar a<br />
marca para os mercados italiano e espanhol<br />
em <strong>2023</strong> que vai necessitar de uma expansão<br />
da equipa, a adaptação do produto a cada<br />
mercado e desenvolver e melhorar soluções<br />
da Coverflex (leasing automóvel, dias de<br />
férias extra, e muitos outros) para “alargar<br />
o leque de benefícios disponíveis e, assim,<br />
as possibilidades de utilização da Coverflex<br />
aos nossos utilizadores”.<br />
“ A forma como<br />
se trabalha está<br />
a alterar, mas a<br />
compensação,<br />
seja ela salarial,<br />
de bónus, ações<br />
e benefícios não<br />
se altera há<br />
décadas. É rígida<br />
e ultrapassada.<br />
Nuno Pinto,<br />
cofundador e CEO<br />
da Coverflex<br />
”<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
35
EMPREENDEDORISMO<br />
COM A SPLINK, MARCAR<br />
GOLO É PARA TODOS<br />
Já imaginou como é o soar de<br />
um ruído de uma multidão, a<br />
sensação de estar num espaço<br />
que alberga milhares e<br />
milhares de pessoas, a possibilidade<br />
de estar no meio dos<br />
craques e trilhar os mesmos<br />
espaços que estes utilizam<br />
na véspera e dias de jogo? A<br />
startup portuguesa Splink quer<br />
demonstrar que é possível<br />
experienciar tudo isto, sem sair<br />
de casa, através da tecnologia<br />
de realidade aumentada.<br />
A<br />
empresa surgiu formalmente<br />
em 2022 depois de um rebranding<br />
da marca e lançamento do<br />
novo produto, a MyJersey, mas o projeto<br />
começou a dar os primeiros passos no início<br />
de 2020 quando os três fundadores, Dulce<br />
Guarda, Ivan Braz e Hugo Matinho (que já<br />
se conheciam de projetos anteriores) se<br />
juntaram para criar uma startup na área<br />
do futebol e do desporto em geral.<br />
“A primeira ideia veio da cabeça do<br />
nosso CEO e fundador Ivan Braz, que no<br />
passado jogou futebol semi-profissional<br />
e percebeu que pouco havia que ligasse<br />
os fãs ao seu clube e jogadores preferidos,<br />
além dos dias de jogo ou datas especiais.<br />
E quis, por isso, criar algo que ligasse os fãs<br />
todos os dias e sem restrições”, explicou<br />
Dulce Guarda, cofundadora em entrevista<br />
à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>.<br />
A MyJersey trata-se de uma réplica 3D,<br />
de menores dimensões, de uma camisola<br />
oficial de futebol com um twist: a integração<br />
de tecnologia de realidade aumentada.<br />
Através deste ‘boneco’, que na prática é<br />
uma camisola oficial de um dos jogadores<br />
da respetiva seleção, o utilizador é transportado<br />
para um mundo digital interativo,<br />
com tecnologia de realidade aumentada, na<br />
qual, através de uma app, é possível replicar<br />
fotografias com os craques preferidos,<br />
realizar uma tour pelos estádios, aceder aos<br />
balneários, ao centro de treinos ou mesmo<br />
“entrar” dentro dos autocarros das equipas.<br />
O mundial de futebol<br />
ajudou a que a empresa se posicionasse<br />
no mercado tecnológico e<br />
desportivo e, de acordo com a fundadora,<br />
houve uma atenção maior das pessoas para<br />
as suas seleções: “Neste momento temos<br />
percebido que com o mundial de futebol as<br />
pessoas têm estado realmente mais atentas<br />
às seleções de cada país. E sempre que há<br />
jogos das respetivas equipas, nota-se que<br />
os fãs vão ao site, procuram os jogadores<br />
que mais gostam ou aqueles que marcam<br />
golos e tendem a adquiri-los. Por isso, o<br />
feedback tem sido positivo e construtivo!<br />
Muitos fãs falam connosco para pedir novos<br />
jogadores ou novas equipas. E nós estamos<br />
a trabalhar para tal acontecer.”<br />
Entre as equipas que marcaram presença<br />
no mundial, a Splink tem já no seu portefólio<br />
a parceria com as seleções de Portugal,<br />
Brasil, Espanha, México e Qatar. Na seleção<br />
nacional portuguesa, estão disponíveis as<br />
camisolas de Cristiano Ronaldo, Pepe, João<br />
Félix e Rafael Leão, entre outras. Já na seleção<br />
canarinha, é possível obter as camisolas de<br />
Vinícius Júnior, Lucas Paquetá, Richarlison,<br />
Marquinhos, Antony, Fred e do guarda-redes<br />
Ederson, enquanto na seleção espanhola<br />
estão disponíveis os colecionáveis de<br />
Sergio Busquets, Pedri, Unai<br />
Simon, Morata e Daniel<br />
Carvajal. Do México,<br />
destaque para os colecionáveis<br />
de Ochoa e Lozano<br />
e do Qatar de Akram Afif e<br />
Hasan Al-Haydos.<br />
Quanto aos clubes, a empresa, para<br />
já, conta com parcerias com Sport Lisboa<br />
e Benfica, Futebol Clube do Porto, Sporting<br />
Clube de Portugal e Clube de Futebol Estrela<br />
da Amadora, a nível nacional, sendo que,<br />
a nível internacional, podemos encontrar<br />
colecionáveis do Atlético de Madrid e do<br />
Valência. Há ainda a coleção Legends, onde<br />
será possível adquirir os colecionáveis de<br />
Eusébio ou Paulo Futre, por exemplo.<br />
Contudo, a ideia da fundadora é expandir:<br />
“Para já queremos focar nos mercados<br />
estratégicos do futebol europeu como<br />
36<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
EMPREENDEDORISMO<br />
Texto:<br />
João Carreira<br />
Editor<br />
Fotografia:<br />
Splink<br />
Fundadores da<br />
Splink: Ivan Braz,<br />
Dulce Guarda e<br />
Hugo Matinho<br />
“ Queremos<br />
criar uma<br />
comunidade<br />
desportiva<br />
que esteja<br />
ligada 365 dias<br />
entre si.<br />
Através da utilização<br />
da app é possível<br />
tirar fotografias<br />
com os craques<br />
preferidos<br />
Reino Unido, França, Alemanha e Itália<br />
e, no início do próximo ano, como parte<br />
da nossa estratégia, fechar parcerias com<br />
clubes brasileiros. Mais tarde, queremos,<br />
com certeza, entrar no mercado dos Estados<br />
Unidos da América, bem como começar a<br />
pensar noutros desportos, como basquetebol<br />
e desportos motorizados.”<br />
A tecnologia é algo intrínseco na empresa,<br />
pelo que Dulce Guarda considera que a<br />
mesma estará cada vez mais enraizada,<br />
daí a aposta neste produto: “[a tecnologia<br />
de realidade aumentada] É uma tecnologia<br />
que, embora não seja nova, ainda<br />
está por explorar. Não só no futebol, mas<br />
também noutras áreas e noutros mercados.<br />
O público em geral ainda não utiliza<br />
a realidade aumentada no seu dia a dia,<br />
nem as empresas oferecem opções para<br />
que o público o faça. Por isso, ainda existe<br />
muito por fazer e por explorar nesta área.<br />
Acreditamos que a realidade aumentada<br />
poderá ser algo útil no dia a dia de qualquer<br />
um e que pode ajudar não só empresas,<br />
mas também as pessoas em diversas áreas<br />
(saúde, shopping, desporto, etc.).”<br />
Quanto à tecnologia NFT, a cofundadora<br />
refere que “está a ser equacionada”, mas<br />
que tal como a realidade aumentada que não<br />
está totalmente explorada, sente o mesmo,<br />
ou ainda mais, perante a tecnologia NFT.<br />
No desporto acreditamos em algo feito para<br />
os fãs e, por isso, queremos esperar e ter<br />
algo concreto e feito para os mesmos, tal<br />
como é a nossa missão com a Splink. Além<br />
disso, queremos que, tal como a realidade<br />
aumentada, os nossos NFT estejam ligados<br />
ao produto físico”, explicou.<br />
O objetivo da startup portuguesa é claro:<br />
“Fazer da Splink uma marca de renome no<br />
mercado dos colecionáveis, bem como na<br />
área da realidade aumentada no futebol.<br />
Queremos oferecer aos fãs produtos únicos<br />
e experiências exclusivas e aos clubes dar a<br />
conhecer quem são os seus fãs, não apenas<br />
os sócios, mas todos os adeptos e assim criar<br />
uma comunidade desportiva que esteja<br />
ligada 365 dias entre si.”<br />
Dulce Guarda,<br />
cofundadora da Splink<br />
”<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
37
MEDIR PARA GERIR<br />
GESTÃO DE PESSOAS<br />
ATRAVÉS DA TECNOLOGIA<br />
Texto:<br />
Tiago Godinho<br />
Head Nova SBE<br />
Digital Lab &<br />
Cybergym<br />
Fotografia:<br />
Nova SBE<br />
“Vivemos num<br />
ponto de não<br />
retorno: estamos<br />
a deixar de ter<br />
pessoas para<br />
gerir ferramentas<br />
e a ter<br />
ferramentas para<br />
gerir pessoas.”<br />
Tiago Godinho,<br />
head of digital lab<br />
& cybergym<br />
da Nova SBE<br />
U<br />
tilizar ferramentas para resolver o nosso quotidiano é<br />
uma característica tão antiga quanto a nossa existência<br />
enquanto espécie. Porém, ao longo dos séculos, a velocidade<br />
a que adotamos ferramentas tem vindo a tornar-se cada<br />
vez maior, sobretudo no mundo hiperconectado em que vivemos.<br />
Não estranha, por isso, que vejamos aparecer todos os dias novas<br />
ferramentas, muitas vezes extraordinariamente específicas, que<br />
pretendem resolver todo o tipo de problemas.<br />
Vivemos num ponto de não retorno: estamos a deixar de ter<br />
pessoas para gerir ferramentas e a ter ferramentas para gerir<br />
pessoas. Não há nada de apocalíptico nesta afirmação. As unidades<br />
fundamentais da construção das organizações continuarão a ser as<br />
pessoas, mas a mesma realidade digital que nos impõe um ambiente<br />
de mercado ambíguo, competitivo e acelerado fornece-nos hoje<br />
as ferramentas que precisamos para melhor gerir os recursos mais<br />
importantes: a nossa capacidade cognitiva e o tempo.<br />
As plataformas digitais que ajudam a gerir<br />
os recursos humanos e o fluxo de trabalho<br />
podem ser determinantes para a competitividade<br />
das empresas, mas também podem<br />
ter implicações que importa considerar.<br />
Por um lado, ajudam a envolver a equipa<br />
em momentos-chave da concretização de<br />
um trabalho, permitindo a coordenação<br />
de diferentes pessoas. Fornecem também<br />
dados quase em tempo real, o que só seria<br />
possível no passado através de trocas de<br />
e-mails ou reuniões de ponto de situação.<br />
O tempo poupado pela facilidade em ver<br />
o estado do projeto e gestão de pipeline de<br />
cada um dos intervenientes permitem-nos<br />
atingir um maior nível de eficiência – um<br />
ponto fulcral numa era dominada pelos<br />
dados. Além disto, há ainda o benefício de<br />
permitirem o trabalho em qualquer altura,<br />
a partir de qualquer lado.<br />
Contudo, estas plataformas também<br />
podem acarretar alguns riscos. Há o perigo<br />
de as interações no seio das equipas se tornarem<br />
num exercício meramente analítico e os<br />
funcionários apenas num número despersonalizado.<br />
Um gestor pode considerar que<br />
apenas precisa destas ferramentas para<br />
gerir a produtividade dos colaboradores<br />
e esquecer-se de que existe uma forte<br />
componente humana em cada tarefa. Por<br />
outro lado, o mero facto de termos aplicações<br />
como o Teams e o Outlook no telemóvel<br />
pode distorcer as barreiras entre o pessoal<br />
e o profissional e fazer surgir a falsa sensação<br />
de que os colaboradores devem estar<br />
disponíveis a qualquer altura.<br />
No Digital Experience Lab da Nova SBE,<br />
o nosso objetivo é sensibilizar para estes<br />
acréscimos de valor e desafios, porque, no<br />
fim do dia, a adoção de ferramentas e de<br />
tecnologia será sempre tanto mais eficaz<br />
quanto maior for a clareza que as pessoas<br />
tiverem sobre as suas oportunidades e implicações.<br />
É importante continuar a trabalhar<br />
na transição digital nas organizações, mas<br />
esta deve ser pensada caso a caso e sempre<br />
alicerçada em dados concretos e fiáveis.<br />
Porque a tecnologia pode representar uma<br />
vantagem competitiva interessante, quando<br />
bem utilizada.<br />
38<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
MEDIR PARA GERIR<br />
Texto:<br />
João Ricardo<br />
Marques<br />
Direção<br />
da APODEMO<br />
Fotografia:<br />
APODEMO<br />
A TECNOLOGIA, AS<br />
PESSOAS, AS RELAÇÕES,<br />
AS EMPRESAS E OS<br />
ESTUDOS DE MERCADO<br />
C<br />
ada vez mais, em lazer ou em trabalho,<br />
não dispensamos a utilização<br />
da tecnologia, não somos capazes<br />
de o fazer. Seja vista como uma ameaça ou<br />
uma oportunidade, dependendo de cada<br />
um e de cada situação, o dia a dia da nossa<br />
sociedade, dos nossos consumidores, das<br />
nossas empresas passa, todos os dias, pela<br />
utilização da tecnologia.<br />
A utilização do circuito integrado ou<br />
impresso, para muitos apenas comparável<br />
à utilização da roda, tornou-se uma parte<br />
integrante do nosso dia a dia em tudo o<br />
que fazemos desde o despertador que nos<br />
acorda de manhã até aos processadores de<br />
imagem do nosso smartphone que, atrevo-<br />
-me a dizer, são o nosso último objeto de<br />
consulta antes de nos deitarmos.<br />
Deste modo, torna-se impensável não<br />
incorporar tecnologia na nossa atividade de<br />
estudos de mercado, em que, na essência,<br />
estudamos pessoas e relações entre elas<br />
e com o mundo que as rodeia. Talvez o<br />
exemplo mais recente seja o<br />
que culminou com a pandemia<br />
em que literalmente ficámos<br />
“privados” do contacto<br />
pessoal direto e “tudo” passou a<br />
depender ainda mais da tecnologia.<br />
Até 2012, contavam-se pelos<br />
dedos de uma mão o número de<br />
empresas de estudos de mercado<br />
que utilizavam regularmente a<br />
tecnologia eletrónica na produção<br />
dos seus trabalhos, 10 anos depois<br />
todas as empresas usam a internet, os questionários<br />
online, as videoconferências, as<br />
“apps” e toda uma panóplia de ferramentas<br />
que foram desenvolvidas para suprir essa<br />
limitação que as circunstâncias pandémicas<br />
nos impuseram a todos. Neste momento<br />
ninguém duvida que não utilizar essas<br />
ferramentas na produção dos estudos de<br />
mercado é altamente limitador da qualidade<br />
de serviço que podemos prestar aos<br />
nossos clientes.<br />
Há vários aspetos importantes que<br />
resultam de todo este desenvolvimento<br />
“forçado”, no entanto gostaria neste<br />
artigo de me centrar sobretudo em dois<br />
deles: a aceleração da velocidade com<br />
que se conseguem obter estudos/dados/<br />
insights e a redução dos custos envolvidos<br />
nessa obtenção. Numa palavra, a que não<br />
quero atribuir qualquer significado político,<br />
trata-se da “democratização” dos estudos<br />
de mercado. Com efeito, hoje qualquer<br />
empresa pode aceder de uma forma rápida<br />
a especialistas do setor que, como auxílio<br />
destas novas tecnologias, podem oferecer,<br />
a um custo relativamente mais reduzido do<br />
que anteriormente, respostas a questões/<br />
dúvidas de gestão. Em particular, esta<br />
renovação tecnológica permite, nomeadamente<br />
às <strong>PME</strong>, que são a maioria do<br />
tecido empresarial português, aceder<br />
com custos muito em conta e de uma<br />
forma célere aos seus clientes/potenciais<br />
clientes para os consultar sobre<br />
questões que tenham, nomeadamente<br />
procurando conhecê-los melhor e ir<br />
mais ao encontro das suas necessidades<br />
e preferências sem correr tantos riscos que<br />
muitas vezes têm custos elevados.<br />
Em conclusão, a utilização das tecnologias<br />
é cada vez maior, torna os serviços<br />
dos estudos de mercado mais acessíveis a<br />
todos, deixando de ser apanágio exclusivo<br />
das grandes empresas e permitindo uma<br />
concorrência mais eficaz por parte das<br />
<strong>PME</strong>.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
39
MARKETING<br />
MULHERES.COM<br />
NA RÁDIO MARGINAL<br />
Texto:<br />
Mafalda Marques<br />
Diretora<br />
Fotografia:<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
Aos sábados, na rádio<br />
Marginal, das 12 às 13 horas,<br />
vai para o ar o Mulheres.com,<br />
um programa leve e descontraído<br />
cujos protagonistas<br />
impactam a sociedade com<br />
os seus projetos, ambições,<br />
superações, causas e ideais.<br />
Em conversa com Sandra<br />
Pimenta, promotora do<br />
programa, fizemos o balanço<br />
dos cinco anos desta aventura<br />
editorial.<br />
P<br />
ME <strong>Magazine</strong> - Como surgiu o<br />
projeto Mulheres.com?<br />
Sandra Pimenta (S. P. ) - A minha<br />
paixão pela rádio é mais do que epidérmica,<br />
(...) tudo isto acabou por imprimir a vontade<br />
de desenhar um programa de autora que<br />
primasse pela diferença. Foi assim que<br />
nasceu o programa que é hoje uma marca<br />
registada com um propósito maior, e que<br />
por isso, não irá ficar só pela rádio e pela<br />
sua revista digital, a M magazine.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Qual o propósito do Mulheres.com?<br />
S. P. - Mais do que um espaço onde salientamos<br />
o papel de várias personalidades<br />
nacionais (...) partilhamos modos de ver<br />
e de viver, opiniões, emoções em forma de<br />
histórias, vozes que nos motivam e elevam.<br />
Mais do que um programa, é um modo de<br />
estar ‘onde inspiração se escreve com M’.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Que tipo de estórias conta<br />
em entrevista?<br />
S. P. – Os convidados contam a sua<br />
história, falam porque sentiram necessidade<br />
de mudar as suas vidas profissionais,<br />
dos desafios, inseguranças e receios, mas<br />
acima de tudo, das superações, convicções,<br />
metas e conquistas, dos seus afetos, gostos e<br />
preferências e dos seus sonhos. Muito mais<br />
do que uma biografia conversada.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Qual o balanço dos cinco<br />
anos do Mulheres.com?<br />
S. P. – O balanço é muito positivo. O<br />
programa cresceu, a notoriedade aumenta<br />
diariamente, (...) e, sobretudo, cresceu da<br />
forma certa - com verdade e com credibilidade<br />
- o que é um resultado muito positivo<br />
e a melhor devolução de todo o empenho<br />
e dedicação com que o fazemos, acima de<br />
tudo, pelo respeito que temos por estas<br />
“bravas guerreiras” que arriscam e viram<br />
as suas vidas para se sentirem realizadas<br />
e mais felizes.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Para onde caminha o projeto?<br />
S. P. – Enquanto programa queremos<br />
surpreender sempre, dentro do possível,<br />
oferecendo também mais informação que<br />
seja útil e importante para quem nos ouve,<br />
quer seja através de rubricas que vamos<br />
incluindo e possam ser interessantes e<br />
fazer a diferença, quer através de ilustrações<br />
sonoras e outras ideias que vamos<br />
sonorizando.<br />
Enquanto marca, estamos a trabalhar<br />
vários projetos e parcerias para que a nossa<br />
comunidade continue a crescer, para que<br />
cada vez mais pessoas se identifiquem com<br />
o conceito, e para fazer surgir conteúdos e<br />
obras significantes e impactantes, no sentido<br />
de acrescentar sempre algo importante.<br />
“Mais do que<br />
um programa,<br />
é um modo de<br />
estar onde<br />
inspiração<br />
se escreve<br />
com M.”<br />
Sandra Pimenta,<br />
promotora do programa<br />
Mulheres.com<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
40 pmemagazine.sapo.pt
MARKETING<br />
O IMPACTO DO<br />
VALOR DA MARCA<br />
PROFISSIONAL<br />
NO DESENVOLVIMENTO<br />
DE CARREIRA<br />
Texto:<br />
Susana Miranda<br />
career manager<br />
e fundadora<br />
do SM Group<br />
Fotografia:<br />
Rui Valido<br />
É<br />
É cada vez mais evidente a partilha<br />
de ideias e opiniões sobre o dilema<br />
personal vs. professional branding<br />
nos temas de desenvolvimento de carreira.<br />
Ao longo dos meus 30 anos de carreira<br />
como headhunter e career advisor, defendi<br />
sempre que a “confiança e orgulho na nossa<br />
carreira” é uma das principais características<br />
que nos diferenciam em processos<br />
de recrutamento e de reconhecimento de<br />
valor. Quem não deve não teme, já dizia o<br />
ditado. Um candidato com índices elevados<br />
de confiança no seu valor de mercado<br />
consegue apresentar com maior clareza e<br />
naturalidade o seu percurso profissional<br />
e conquistas obtidas ao longo da<br />
carreira, sem hesitações no discurso,<br />
refletindo-se até no seu registo corporal<br />
(postura e presença).<br />
Nunca foi tão importante, afinal, definir<br />
que marca pessoal e profissional<br />
estamos a deixar nos mercados. Nesta<br />
época de regresso pós-pandemia,<br />
devemos ter espaço na agenda para parar<br />
e analisar sobre o que fizemos nestes dois<br />
anos de career standby ou career change. E que<br />
este regresso nos relembre da importância<br />
de manter um percurso profissional nítido,<br />
ativo e proativo com os mercados onde nos<br />
envolvemos ou queremos envolver.<br />
O valor de mercado reflete-se em vários<br />
sinais, como por exemplo, nos convites<br />
que recebemos ao longo da carreira, não<br />
só para novos empregos, mas também para<br />
participarmos em projetos que nos dignifiquem<br />
e fortaleçam como profissionais.<br />
Por outro lado, a recomendação surge pela<br />
marca que deixamos por onde passamos,<br />
junto de chefias, colegas, clientes e até da<br />
relação que construímos, por exemplo,<br />
junto dos nossos fornecedores.<br />
Em processos de mentoria de carreira,<br />
é fundamental (e cada vez mais) a preocupação<br />
com a forma como o profissional<br />
se apresenta junto dos seus interlocutores<br />
e a segurança e confiança que transmite.<br />
A nossa carreira não é só o CV sofisticado<br />
ou o perfil LinkedIn que apresentamos,<br />
mas sim num todo, dado que somos uma<br />
marca pessoal-profissional. E essa marca<br />
tem de ser cuidada.<br />
Uma das formas mais eficazes (resultados<br />
imediatos) para otimizar a sua presença<br />
no mercado é manter proximidade com<br />
a sua rede de contactos e otimizar a sua<br />
presença de forma estratégica na plataforma<br />
LinkedIn (rede profissional digital<br />
de emprego e negócios).<br />
Deixo algumas ideias práticas que permitem<br />
analisar de que forma está a sua presença<br />
no mercado:<br />
O seu perfil de LinkedIn está atualizado<br />
e com uma foto corporativa de<br />
qualidade?<br />
Dinamiza os seus contactos (online<br />
ou offline? Ex: colegas de curso e de<br />
trabalho)?<br />
É presença periódica em eventos de<br />
business networking?<br />
Escreve artigos da sua área<br />
de especialização e publica<br />
periodicamente?<br />
Pesquisa e segue no<br />
LinkedIn mentores e especialistas<br />
da sua área profissional?<br />
Sabem o que dizem sobre<br />
si?<br />
Tem o seu pitch preparado?<br />
É recomendado para novos<br />
empregos ou convidado para ser<br />
orador ou mentor?<br />
Analisa e interage com quem visita<br />
o seu perfil LinkedIn?<br />
Partilha posts (seus ou de outros)<br />
com assuntos interessantes para o<br />
público em geral?<br />
Seja analítico face ao seu valor de<br />
mercado e à marca pessoal e profissional<br />
que deixa ao longo de toda a sua carreira<br />
profissional. Seja genuíno e intrínseco e<br />
o seu verdadeiro valor será reconhecido<br />
pelo mercado.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
41
TECNOLOGIA<br />
Texto:<br />
Mafalda Marques<br />
Diretora<br />
Fotografia:<br />
Web Summit<br />
WEB SUMMIT 2022 COM<br />
OS OLHOS NA EXPANSÃO<br />
INTERNACIONAL<br />
A sexta edição da Web Summit em Portugal tratou os temas<br />
tecnologia e sustentabilidade de uma forma transversal, mas deu<br />
espaço a entidades estrangeiras para promoverem os seus países<br />
como mercados-alvo para as empresas. Um teste para<br />
a internacionalização.<br />
O evento<br />
albergou mais<br />
de 70 mil pessoas,<br />
em Lisboa<br />
A<br />
confirmação dos cerca de 71 mil<br />
participantes na sétima edição da<br />
Web Summit em Lisboa validou que<br />
o evento reúne as tendências mundiais de<br />
tecnologia, inovação e sustentabilidade.<br />
No entanto, o que nos chamou a atenção<br />
nesta edição foi a quantidade de entidades<br />
estrangeiras que se ativaram no recinto para<br />
promover os seus países como mercados<br />
de internacionalização. Desde o Brasil, ao<br />
Reino Unido e até à Áustria, vários foram<br />
os stands repletos de tecnologia para visitas<br />
virtuais aos países e aumentar o networking.<br />
Tudo em nome do negócio.<br />
O Reino Unido esteve representado pela<br />
embaixada britânica em Lisboa através do<br />
departamento de comércio e investimento.<br />
O objetivo foi ajudar as empresas britânicas<br />
a exportar para Portugal, mas também<br />
atrair as empresas portuguesas a estabelecerem-se<br />
no Reino Unido, refira-se uma<br />
presença física e não a exportação. Manuela<br />
Diniz, gestora de investimento comercial,<br />
adiantou que as empresas portuguesas têm<br />
interesse especial no Reino Unido por ser<br />
uma superpotência tecnológica”, referiu.<br />
A Apex Brasil é a agência brasileira de<br />
promoção de exportações e investimentos<br />
e organizou no pavilhão Brasil, de forma<br />
coordenada com outros parceiros, como<br />
o Sebrae, a promoção do Brasil inovador<br />
através de empresas com soluções globais<br />
fora da caixa e maturidade no ecossistema<br />
de inovação.<br />
“Trouxemos uma delegação de 70 empresas,<br />
muitas delas estão expondo como startup<br />
no evento e todas têm interesse em internacionalizar<br />
para Portugal e para a Europa<br />
e fizemos uma agenda com as mesmas<br />
para reuniões com potenciais clientes com<br />
investidores apresentando o ecossistema<br />
português e tudo o que precisam de saber<br />
para, de facto, abrir uma operação local”,<br />
explicou Karina Bazuchi, responsável de<br />
42<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
TECNOLOGIA<br />
expansão internacional na APEX Brasil. A Apex é vinculada ao<br />
Ministério das Relações Exteriores no Brasil e ajudam a entrada<br />
de empresas nesse ecossistema. Têm ainda um memorando de<br />
entendimento com a AICEP que é uma instituição muito similar<br />
à Apex no Brasil, com várias outras empresas portuguesas e<br />
consultorias.<br />
A Áustria fez-se representar em dose tripla: a Advantage Austria,<br />
a ABA (Austrian Business Agency) e o Vienna Business Agency.<br />
Em consórcio, estas entidades públicas quiseram mostrar o que<br />
o país tem a oferecer para quem procura a expansão.<br />
Esther Maca, em representação da Advantage Austria, é conselheira<br />
comercial na Embaixada da Áustria em Portugal e representou<br />
as 400 empresas austríacas para fazer negócios no estrangeiro.<br />
O Vienna Business Agency é a organização de desenvolvimento<br />
económico e de promoção de investimentos da cidade de Viena.<br />
“No ano passado fornecemos 65 milhões de euros de fundos não<br />
diluídos a empresas sediadas em Viena, num sistema de financiamento<br />
para além do financiamento federal”, segundo Ute<br />
Sdadlbauer. A Austrian Business Agency (ABA) representada<br />
por Michaela Lausaeger, mostrou os três pilares atrativos do país:<br />
Invest in Austria (apoiando investidores estrangeiros), o Work in<br />
Austria (atração de talento estrangeiro), e o Film in Austria (apoio<br />
Os vários<br />
palcos do evento<br />
receberam mais<br />
de 1.000 oradores<br />
“Trouxemos<br />
uma delegação<br />
de 70 empresas,<br />
muitas delas<br />
estão expondo<br />
como startup no<br />
evento e todas<br />
têm interesse em<br />
internacionalizar<br />
para Portugal<br />
e para a Europa.”<br />
Karina Bazuchi,<br />
responsável de expansão<br />
internacional na APEX<br />
Brasil<br />
à indústria cinematográfica. “Fizemos o<br />
nosso melhor para ter o nosso primeiro<br />
stand aqui e promover a Áustria e as suas<br />
nove regiões”, explicou.<br />
Portugal esteve bem representado com a<br />
Invest Madeira, que trouxe nove empresas e<br />
cinco startups alfa, mas os custos associados<br />
não permitiram trazer muito mais, sendo que<br />
a diretora Ana Filipa Ferreira, em conjunto<br />
com o governo regional da Madeira, tudo<br />
fizeram para a atração de investimento e<br />
alavancar as empresas nacionais para o<br />
mercado internacional.<br />
“Trouxemos a startup Madeira porque é<br />
onde está a incubadora e trouxemos a SDM<br />
(Sociedades de Desenvolvimento da Madeira)<br />
que é o nosso centro internacional de negócios<br />
(...) fomos muito mais procurados no<br />
pós-covid a todos os níveis, o imobiliário<br />
cresceu, as tecnologias cresceram, somos<br />
pioneiros nos nómadas digitais (...) mais<br />
de 6.000, inclusive muitos deles já estão<br />
a comprar casa e isso para nós faz todo<br />
o sentido”.<br />
A Câmara Municipal de Matosinhos fez-se<br />
representar por Fernanda Fraga que esteve<br />
focada em divulgar os vários programas<br />
do município, como o BluAct. “Quisemos<br />
aproveitar a oportunidade do Web Summit<br />
para contactar várias cidades e países e<br />
criar relações que nos permitam ajudar as<br />
nossas empresas a internacionalizar, a ter<br />
um ponto de entrada lá. Por outro lado,<br />
também estamos a falar com algumas<br />
empresas, como a Google ou Amazon, que<br />
já têm um pacote de benefícios para novas<br />
empresas e promover as fundadas dentro<br />
de Matosinhos”, adiantou.<br />
O IA<strong>PME</strong>I, enquanto coordenador da<br />
Enterprise Europe Network em Portugal,<br />
dinamizou a quinta edição do Lisbon<br />
Beyond Summit, um evento mediador que<br />
se realiza anualmente, em paralelo à Web<br />
Summit. O Lisbon Beyond Summit 2022<br />
teve como objetivo potenciar o encontro<br />
entre empresas, startups, institutos de<br />
investigação, universidades e os demais<br />
stakeholders do ecossistema empreendedor,<br />
tendo como principais tópicos fintech, deep<br />
technologies, digitalization; industry 4.0 e<br />
5.0, e-health, cybersecurity, entre outros.<br />
O Brasil será o próximo destino da Web<br />
Summit mas o CEO, Paddy Cosgrove, na<br />
conferência de imprensa assumiu estar em<br />
conversações com o Dubai e querer explorar<br />
as opções em Beijing. Mantém ainda os<br />
planos para África que pode acontecer em<br />
2025 ou 2026.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
43
TECNOLOGIA<br />
Texto:<br />
João Carreira<br />
Editor<br />
Fotografia:<br />
Beltrão Coelho<br />
A Kettybot<br />
é dirigida aos<br />
setores da<br />
restauração<br />
e retalho<br />
A inovação tem sido algo<br />
intrínseco à atividade da<br />
Beltrão Coelho desde a sua<br />
génese. Neste sentido, a<br />
empresa portuguesa dedicada<br />
à inovação tecnológica<br />
no contexto empresarial,<br />
decidiu enveredar pelo<br />
caminho da robótica<br />
e abrir uma secção própria<br />
para o efeito.<br />
A mais recente robô a chegar<br />
à “família” é a Kettybot, cujas<br />
principais características são<br />
direcionadas para os setores<br />
da restauração e do retalho.<br />
A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> foi descobrir,<br />
em conjunto com Bruno<br />
Coelho, responsável da secção<br />
de robótica da empresa, quais<br />
as funcionalidades do novo<br />
equipamento e de que forma<br />
os robôs poderão ajudar<br />
a atividade humana<br />
no mercado de trabalho.<br />
A FAMÍLIA ROBÓTICA<br />
CONTINUA A CRESCER<br />
A<br />
atividade da Beltrão Coelho<br />
sempre se pautou por estar atenta<br />
às mais recentes tecnologias e à<br />
forma como as mesmas podem melhorar<br />
ou facilitar o dia a dia das nossas empresas.<br />
“Desde a área da fotografia, à informática<br />
e audiovisuais, passando pelas soluções<br />
de impressão com softwares próprios,<br />
sempre estivemos na vanguarda. Essa<br />
preocupação com a tecnologia e a vontade<br />
de ser pioneiros, levou-nos a olhar para<br />
a robótica como uma oportunidade de<br />
preparar o futuro”, explica Bruno Coelho,<br />
responsável da secção de robótica. A empresa<br />
acredita que esta vertente se imporá cada<br />
vez mais na sociedade, daí que tenha feito<br />
esta aposta: “Não temos dúvidas de que, à<br />
semelhança do que já vai acontecendo<br />
O equipamento<br />
possui um ecrã<br />
de grandes dimensões<br />
na parte frontal<br />
44<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
Transmissões<br />
em Direto<br />
Filmes<br />
Corporativos<br />
Cobertura<br />
de Eventos<br />
Vídeo<br />
Marketing<br />
C r i e o s s e u s c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o n a i n t e r n e t ,<br />
f i q u e m a i s p e r t o d o s s e u s c l i e n t e s .<br />
www.nortfilmes.pt
TECNOLOGIA<br />
O novo equipamento<br />
já se encontra em várias<br />
superfícies comerciais<br />
noutros países, especialmente asiáticos, os<br />
robôs de serviços vão estar cada vez mais<br />
presentes nas nossas empresas como forma<br />
de colaborar com os humanos nas tarefas<br />
mais pesadas ou rotineiras, enquanto os<br />
liberta para funções mais criativas. Esse<br />
futuro tem de ser preparado hoje. Daí que<br />
tenhamos decidido investir nesta área de<br />
negócio, iniciando este caminho que nos<br />
parece acertado e inevitável.”<br />
O responsável refere que “falta algum<br />
atrevimento por parte dos decisores”, pois<br />
“são ainda poucos aqueles que procuram<br />
realmente inovar”, alertando que “Portugal<br />
está a ficar atrasado em relação a outros<br />
países onde tem havido uma aposta maior<br />
nestas tecnologias. “Falta às empresas em<br />
geral perceberem que os robôs são soluções<br />
que rapidamente se pagam a elas próprias<br />
e que podem vir a dar uma grande ajuda<br />
aos colaboradores”, conclui.<br />
A problemática dos robôs virem “roubar”<br />
a mão de obra humana é desconstruída<br />
pelo especialista que<br />
refere que o que deverá haver<br />
é uma complementação da<br />
mesma. Por exemplo, “a<br />
restauração e hotelaria,<br />
para o qual este robô foi<br />
pensado, são áreas de atividade<br />
que enfrentam uma<br />
escassez de mão de obra<br />
qualificada. Nestes casos,<br />
um robô é uma grande ajuda<br />
e permite que os colaboradores<br />
se foquem no cliente<br />
e deixem que seja o robô<br />
a entregar ou levantar os<br />
pratos e levá-los para a<br />
copa. Enquanto o robô faz<br />
a tarefa pesada ou rotineira,<br />
o colaborador pode estar a<br />
dar total atenção ao cliente,<br />
o que aumenta a satisfação<br />
de ambos. Acho que os robôs<br />
vêm substituir o tipo de<br />
profissões que os humanos<br />
gostam menos de fazer.<br />
Vem permitir uma maior<br />
criatividade e criar novas<br />
profissões”, sublinha.<br />
Apesar de não ser<br />
um robô de carga,<br />
a Kettybot pode ser<br />
implementada em qualquer<br />
espaço onde haja necessidade de transporte<br />
de algum objeto, dado que permite uma<br />
carga máxima de 30 kg. Destaca-se ainda<br />
pelo grande ecrã que poderá ser utilizado<br />
para serviços de publicidade e marketing.<br />
“A Kettybot vem complementar a oferta<br />
que já disponibilizamos. Já tínhamos<br />
lançado a Bellabot para as áreas de hotelaria<br />
e restauração, mas esta é uma solução mais<br />
económica que se adequa à restauração,<br />
hotelaria e também ao retalho. É muito<br />
ágil e consegue ‘trabalhar’ em espaços<br />
mais pequenos”, explica Bruno Coelho.<br />
O novo equipamento possui duas bandejas<br />
de encaixe e um cesto de recolha na parte<br />
traseira da sua estrutura, o que permite<br />
a realização de múltiplas entregas numa<br />
só viagem, sendo que, tanto as bandejas<br />
como o cesto são removíveis, tem um ecrã<br />
de grandes dimensões e a capacidade de<br />
mapear diferentes percursos em simultâneo,<br />
adaptando-se, por isso, a diferentes<br />
disposições de um espaço. A Kettybot está<br />
também programada para detetar obstáculos,<br />
necessitando apenas de um raio de<br />
55cm “livres” para se mover. Já o formato<br />
aerodinâmico permite à robô maior velocidade<br />
para entregas mais rápidas e ágeis.<br />
A nova coqueluche da Beltrão Coelho<br />
tem, também, um módulo de interação por<br />
voz que recorre a algoritmos de inteligência<br />
artificial. Este módulo está também equipado<br />
com tecnologia avançada de cancelamento<br />
de eco, supressão de ruídos e eliminação da<br />
reverberação, tornando eficaz a conversação<br />
com o robô em ambientes mais barulhentos.<br />
“Este novo equipamento destaca-se,<br />
sobretudo, pelo grande ecrã e pode proporcionar<br />
uma comunicação muito mais<br />
apelativa e eficaz. E isso pode ocorrer num<br />
restaurante para promover pratos, por<br />
exemplo, numa grande superfície comercial<br />
para promover lojas, cupões de desconto,<br />
promoções ou num hotel para promover<br />
serviços”, finaliza, Bruno Coelho.<br />
E quando perguntámos o que mais podemos<br />
esperar desta nova robô, o responsável<br />
da Beltrão Coelho responde-nos com bom<br />
humor: “Uma grande vontade de trabalhar,<br />
dado que já está disponível para entrega.<br />
Depois, podemos esperar da Kettybot uma<br />
solução que vem preencher uma lacuna<br />
no que diz respeito à mão de obra, uma<br />
preciosa ajuda para atrair mais clientes<br />
e um elemento incansável (só precisa de<br />
carregar a bateria) para colaborar com o<br />
staff na arte de bem servir.”<br />
A Kettybot já se encontra disponível<br />
para venda, através de um valor total de<br />
6. 500 euros sem IVA ou por renting com<br />
preços a partir de 131 euros mensais.<br />
46<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
AGENDA<br />
JAN<br />
Fotografias: Divulgação<br />
25 e 26<br />
online através da<br />
plataforma e app BTF<br />
FEV<br />
24<br />
Estufa Fria, Parque<br />
Eduardo VII, Lisboa<br />
1 a 5<br />
FIL - Lisboa<br />
MAR<br />
BUILDING THE FUTURE <strong>2023</strong><br />
A 5.ª edição do evento Building The Future<br />
apresenta o reforço na aposta do digital, juntamente<br />
com a missão de potenciar pessoas e<br />
empresas através da tecnologia e reúne decisores,<br />
líderes, profissionais da área tecnológica,<br />
investigadores, programadores e empreendedores.<br />
Em <strong>2023</strong>, o programa vai incidir, sobretudo,<br />
na reflexão sobre o impacto da atualidade<br />
na construção do futuro e pela Teoria do Caos,<br />
com foco na discussão sobre os desafios pós-<br />
-pandemia, a guerra e as crises energética e<br />
climática.<br />
Mais em:<br />
buildingthefuture.pt<br />
12 a 14<br />
FIL - Lisboa<br />
F EV<br />
FOOD AFFAIR <strong>2023</strong><br />
A Lisbon Food Affair, que ocupará a FIL, vem<br />
albergar o setor alimentar em Portugal que<br />
aposta na internacionalização de alimentos e<br />
bebidas, de equipamentos, serviços e tecnologias<br />
para a distribuição e para o canal Horeca.<br />
DEFI RETREAT<br />
EUROPE <strong>2023</strong><br />
O encontro inaugural<br />
do DeFi Retreat que<br />
junta líderes e profissionais<br />
da Europa vai<br />
ter lugar, este ano, em<br />
Lisboa. Este evento<br />
conta com uma série<br />
de encontros intimistas<br />
que acontecem<br />
anualmente nos EUA<br />
e que reúne executivos,<br />
investidores,<br />
reguladores, empresários<br />
e profissionais<br />
de finanças e tecnologia.<br />
Trata-se de um<br />
networking íntimo<br />
com discussões sobre<br />
as novas inovações<br />
no campo da tecnologia,<br />
oportunidades e<br />
desafios em torno da<br />
interseção de Crypto,<br />
Web3, DeFi e TradFi.<br />
Mais em:<br />
intechretreat.com<br />
BOLSA TURISMO LISBOA,<br />
TRAVEL MARKET <strong>2023</strong><br />
A 32.ª edição do evento Bolsa Turismo Lisboa<br />
vai apresentar um espaço de mercado que<br />
associa a procura e oferta da montra de diversidade<br />
e qualidade da oferta turística nacional<br />
para todos os profissionais deste setor. O ano<br />
de <strong>2023</strong> vem trazer à FIL um espaço de componente<br />
da oferta formativa neste setor, aplicação<br />
das últimas tendências de mercado e concorrência<br />
turística, de forma a tornar a oferta nacional<br />
cada vez mais inovadora e competitiva.<br />
Para o público é a forma de conhecer novos<br />
destinos, soluções e empresas.<br />
Mais em:<br />
btl.fil.pt<br />
Mais em:<br />
lisbonfoodaffair.fil.pt<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
47
FORA D`HORAS<br />
Texto:<br />
João Carreira<br />
Editor<br />
Fotografia:<br />
Sóis Montejunto<br />
Eco Lodge<br />
A tranquilidade<br />
abraça-se em<br />
Alenquer<br />
Sóis<br />
Montejunto<br />
Eco Lodge<br />
Localização:<br />
Caminho do Fole,<br />
2580-438<br />
Alenquer<br />
É difícil explicar por palavras<br />
o sentimento de tranquilidade<br />
que invade as emoções de<br />
quem coloca os pés no Sóis<br />
Montejunto Eco Lodge pela<br />
primeira vez e é essa a beleza<br />
deste espaço. A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
foi descobrir um dos<br />
diamantes mais recentes<br />
da tão conceituada hotelaria<br />
nacional e perceber como<br />
um conceito que parece<br />
tão simples se tornou,<br />
rapidamente, num dos<br />
espaços preferidos<br />
dos portugueses.<br />
F<br />
ica a 45 minutos de Lisboa,<br />
mas parece que entramos<br />
num mundo completamente<br />
diferente onde o<br />
tempo leva o seu tempo<br />
a passar e podemos até<br />
ouvir o bater das asas das<br />
andorinhas tal é o silêncio.<br />
Foi com um investimento “para cima de<br />
um milhão de euros” que os investidores,<br />
amantes de ciclismo, avançaram para o<br />
Sóis Montejunto, conta-nos Madalena<br />
Falé, assessora de comunicação do espaço.<br />
“Os investidores são amantes de<br />
ciclismo e a Serra de Montejunto é aquilo<br />
a que nós, tradicionalmente, chamamos<br />
de Meca do ciclismo em Portugal.<br />
Eles vieram pedalar para a zona e constataram<br />
que a paisagem é divinal.<br />
A partir daí, começaram a sonhar em<br />
criar um empreendimento aqui, até porque<br />
o concelho de Alenquer, do ponto<br />
A ideia dos investidores<br />
é crescer a<br />
curto/médio prazo.<br />
De momento,<br />
é possível albergar<br />
24 pessoas<br />
48<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
Durante a estadia, é possível realizar<br />
a marcação de visitas de enoturismo<br />
com empresas vizinhas<br />
FORA D`HORAS<br />
de vista turístico, apenas tinha alojamento<br />
local, casas de recuperação, etc., e<br />
era necessário ter um tipo de oferta diferente<br />
que pudesse captar pessoas para<br />
virem para cá”, explicou. As habitações<br />
são em formato glamping, algo que tem<br />
sido bastante bem aceite pelos visitantes:<br />
“Tem [sido bem aceite] até porque<br />
achamos que a população portuguesa<br />
e estrangeira, no que diz respeito ao<br />
turismo, foi mudando um pouco o seu<br />
rosto. Depois, com o aparecimento da<br />
pandemia, veio reforçar que as pessoas<br />
quisessem fazer turismo em sítios mais<br />
sossegados. Este conceito alia tudo isto:<br />
o conforto, a segurança, a qualidade e<br />
um contacto mais direto com a natureza.<br />
O feedback que temos dos nossos<br />
hóspedes é: ‘o que é isto?’. É o sossego<br />
absoluto, é a paz, é o relaxamento que<br />
queremos proporcionar.” O Sóis Montejunto<br />
celebrou, também, várias parcerias<br />
com empresas que se encontram nas<br />
imediações, pelo que é possível alugar<br />
bicicletas para passeio em estrada com<br />
ou sem acompanhamento, marcar passeios<br />
a cavalo, escalada na serra, trilhos<br />
que podem ser feitos com ou sem guia,<br />
sendo que foi já feita uma vindima na vinha<br />
vizinha ao empreendimento. Dentro<br />
deste, os hóspedes poderão usufruir de<br />
piscina de água quente, sauna, jácuzi de<br />
água aquecida a lenha ao ar livre, massagens<br />
ou, ainda, aulas de ioga.<br />
“O que temos também de muito importante<br />
são parcerias com diversas quintas<br />
do concelho para possibilitar a hóspedes<br />
nossos que queiram fazer uma visita<br />
de enoturismo e estar por dentro deste<br />
conceito. E porquê? Porque estamos<br />
num local onde reina o vinho e a vinha”,<br />
explicou. Quanto ao ambiente que rodeia<br />
o hotel, a vista é direta para a Serra<br />
de Montejunto, pelo que quem visitar o<br />
topo, poderá verificar toda a paisagem<br />
que se direciona para Lisboa e se olhar<br />
para o outro lado, verá as Berlengas.<br />
“A 20 minutos temos as praias da Zona<br />
Oeste. No topo da Serra de Montejunto,<br />
que neste momento está numa fase de<br />
reabilitação, encontra-se a antiga fábrica<br />
do gelo. Depois, mesmo em Alenquer,<br />
existem alguns museus que as pessoas<br />
podem visitar”, concluiu a assessora. O<br />
que diferencia o Sóis Montejunto é “a<br />
comunhão com a natureza. As características<br />
do próprio empreendimento que<br />
utiliza materiais amigos do ambiente.<br />
É toda a envolvência. É o silêncio. Às<br />
vezes, é preciso escutar o silêncio e é<br />
tão bom. Quanto à questão ambiental,<br />
o Sóis Montejunto dispõe de uma central<br />
de tratamento de água própria que,<br />
depois de tratada, é reutilizada no sistema<br />
de regas. A estrutura também está<br />
preparada para receber empresas, num<br />
âmbito de eventos corporativos, pois<br />
existe um domo que consegue juntar no<br />
mesmo espaço entre 30 a 40 pessoas.<br />
Aí a própria empresa pode fazer uma<br />
atividade com os seus colaboradores e o<br />
hotel proporciona todo o apoio que seja<br />
necessário. “Na vertente empresarial, é<br />
fantástico ver essas pessoas que vêm<br />
em grupos empresariais que chegam e<br />
que a reação que têm é ‘uau’. Ou seja,<br />
eles vêm para uma reunião de trabalho,<br />
mas este sítio faz com que acabem por<br />
se envolver no próprio local e por estar<br />
com toda a atenção para a empresa,<br />
porque estão num sítio onde só lhes é<br />
transmitida paz. Este é um caminho a<br />
manter, pois as empresas que nos estão<br />
a descobrir, estão a adotar-nos, mesmo.<br />
O feedback tem sido este. Quase que<br />
digo que na ótica do utilizador tradicional<br />
é o poder experienciar momentos<br />
diferenciadores. Na ótica empresarial é<br />
as pessoas estarem completamente concentradas,<br />
sem se sentirem fechadas”,<br />
finaliza. O Sóis Montejunto [na altura da<br />
entrevista, em novembro] tem dois meses<br />
e meio, mas, a ideia é a curto, médio<br />
prazo crescer. Aumentar a tipologia<br />
de oferta aos clientes e crescer ainda<br />
mais.<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
49
OPINIÃO<br />
(RE) APRENDER<br />
PESSOAS<br />
Texto:<br />
Mariana Santos<br />
Diretora geral<br />
da Kilom<br />
Fotografia:<br />
João Filipe Aguiar<br />
V<br />
ivemos com pessoas, de pessoas<br />
e para as pessoas. Seres individuais,<br />
diferentes e recíprocos na<br />
sua convivência diária. “Pessoas” é um<br />
termo tão amplo no seu significado como<br />
complexo na sua compreensão.<br />
Costuma-se dizer que as empresas são<br />
feitas de pessoas. E não posso estar mais<br />
de acordo. É o ativo mais importante e<br />
determinante na performance das empresas<br />
no mercado.<br />
Se pensarmos quem são as pessoas mais<br />
importantes numa empresa, eu diria, sem<br />
qualquer dúvida ou hesitação, os porteiros<br />
e os rececionistas. Para todos os que nos<br />
contactam seja qual for o meio, digital,<br />
presencial ou telefónico, estas são as pessoas<br />
responsáveis por formar a primeira impressão<br />
junto de quem nos visita ou contacta. E<br />
diz a psicologia que as primeiras impressões<br />
são as mais importantes na criação de uma<br />
relação, condicionando-a logo à partida, e<br />
as mais difíceis de alterar ao longo do tempo.<br />
Não serão, então, estas as pessoas a quem<br />
devemos dar mais atenção e formação?<br />
Verdade. Mas depois vem o produto ou<br />
serviço que se encarrega de definir os moldes<br />
da nossa interação com o consumidor ou<br />
intermediário. E mais uma vez, estamos<br />
na mão de quem contratamos para nos representar. Os nossos<br />
colaboradores são quem define a qualidade, a consistência e o<br />
posicionamento dos nossos produtos ou serviços.<br />
Certamente se qualquer um de nós for a um restaurante soberbo,<br />
altamente bem qualificado nas reviews, com um chefe de topo,<br />
e ao ser servido questionar o que está a comer, se o empregado<br />
não souber responder ou proferir algo como “deixe-me só ir<br />
perguntar ao chefe”, não vamos ficar muito satisfeitos. E vejam<br />
só que ainda nem provámos a comida.<br />
Cada vez mais, o departamento de recursos humanos tem<br />
de estar alinhado com a estratégia principal da empresa. É um<br />
setor que não se pode resumir a processamentos de salários ou<br />
análises de absentismo. Tem de ir além do que é a sua atividade<br />
base para que seja dado o significado e a importância que têm as<br />
pessoas nas empresas.<br />
O desafio do futuro, e tendo em conta a conjuntura atual de<br />
elevada rotação de colaboradores nas empresas, o fim dos “empregos<br />
para a vida” e a dificuldade em contratar no mercado de trabalho,<br />
passa, necessariamente, por reaprender a individualidade e as<br />
motivações dos que por nós fazem a nossa casa.<br />
Conseguiremos ser uma empresa com futuro sem pessoas alinhadas<br />
com a nossa visão de crescimento? Conseguiremos alcançar o<br />
posicionamento que desejamos se os nossos colaboradores não o<br />
reconhecem dentro das quatro paredes onde diariamente trabalham?<br />
Conseguiremos agir e reagir às adversidades do mercado,<br />
se não tivermos as nossas pessoas vestidas com a nossa camisola?<br />
Tenho muitas dúvidas que sim e, por isso, é hora de calçar os<br />
sapatos de quem por nós caminha e ambicionar juntos um futuro<br />
próspero.<br />
50<br />
Janeiro de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
A revista das<br />
<strong>PME</strong> portuguesas<br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
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