ESPECIAL MÚSICOS GUINEENSES - Musica da Guine-Bissau
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ECO <strong>da</strong> Voz di Paz<br />
Boletim Informativo<br />
PAz É CULTURA!<br />
Joacine katar Moreira<br />
Editora do “ECO <strong>da</strong> Voz di Paz”<br />
(Doutoran<strong>da</strong> em Estudos<br />
Africanos)<br />
A música nasce <strong>da</strong> procura<br />
de felici<strong>da</strong>de pelo ser humano.<br />
De perpetuar conhecimentos e<br />
experiências, de enaltecer e<br />
de louvar, de ensinar e de<br />
transmitir.<br />
Com a música tanto rimos<br />
como choramos. Tanto cantamos,<br />
como <strong>da</strong>nçamos, como<br />
pensamos e reflectimos.<br />
- Que poderosa pode ser a<br />
música nas nossas vi<strong>da</strong>s!<br />
Para mim, que sou também<br />
<strong>da</strong> área de História, a música<br />
tem o papel <strong>da</strong> memória. Das<br />
estórias conta<strong>da</strong>s e dos sentimentos<br />
de uma época.<br />
Através <strong>da</strong> música de um<br />
povo, nós podemos conhecer<br />
parte desse povo...digo até,<br />
grande parte.<br />
Podemos descobrir aquilo por<br />
que passaram, os sentimentos<br />
que são valorizados, as<br />
escolhas que são aplaudi<strong>da</strong>s<br />
e sobretudo, o que faz sorrir<br />
aquele povo. Assim como<br />
também, o que o entristece.<br />
Com o fado português, conhecemos<br />
a essência histórica<br />
<strong>da</strong> «alma portuguesa», marca<strong>da</strong><br />
pela nostalgia sofri<strong>da</strong>, mas<br />
também o fervihar dos bairros<br />
lisboetas, cheios de cor e de<br />
vi<strong>da</strong>, rega<strong>da</strong>s por um bom<br />
vinho e acompanha<strong>da</strong>s por<br />
um cozinho ou por sardinhas<br />
assa<strong>da</strong>s.<br />
O samba brasileiro contanos<br />
a história de povos que<br />
vieram de longe e se encontraram<br />
com os locais, e<br />
mostra-nos a magia do encontro...que<br />
é vi<strong>da</strong>. O samba<br />
é diversi<strong>da</strong>de, som e calor,<br />
assim como o povo brasileiro<br />
se nos apresenta.<br />
A morna «di nos tera» Cabo<br />
Verde, canta as parti<strong>da</strong>s e<br />
os (des)encontros <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, de<br />
um povo que sempre partiu,<br />
povo migrante. Canta também<br />
o amor e a sau<strong>da</strong>de de<br />
quem fica, tristeza de quem<br />
sofre, mas muito melhor... o<br />
lamento de quem vive e quer<br />
viver. Cabo Verde aparecenos<br />
suave mas profundo, sem<br />
guerras...só so<strong>da</strong>di!<br />
Na Guiné conseguimos distinguir<br />
historicamente as músicas,<br />
as escritas antes do país<br />
conquistar a independência em<br />
1973, as escritas logo depois<br />
desse período e as músicas<br />
de hoje em dia.<br />
Ao contrário <strong>da</strong>s antecessoras,<br />
as músicas guineenses <strong>da</strong><br />
actuali<strong>da</strong>de, estão longe do<br />
passado histórico, mas incidem<br />
fortemente sobre a vi<strong>da</strong><br />
quotidiana, a esperança e a<br />
desilusão fundi<strong>da</strong>s, sobre os<br />
dias que vivemos.<br />
Depois há música de festa,<br />
de prazer e de conversa, com<br />
letras de fraco conteúdo, mas<br />
de fortes e alegres sonori<strong>da</strong>des,<br />
que fazem esquecer<br />
os maus momentos por instantes<br />
e unem o povo em<br />
festa.<br />
A Guiné quer Paz, a solução está em MIM<br />
Página 11<br />
Os músicos e as músicas<br />
funcionam assim, também<br />
como marcadores históricos,<br />
delineadores de certos períodos<br />
e acontecimentos que<br />
contam a história do povo e<br />
<strong>da</strong> terra.<br />
A Paz é por isso, um tema<br />
comum a todos os povos<br />
que viveram a experiência <strong>da</strong><br />
guerra e dos conflitos. E o<br />
seu cantar e o seu analtecer<br />
é o motivo por excelência<br />
desta publicação.<br />
E focando a Guiné-<strong>Bissau</strong><br />
(e inevitavelmente a África<br />
ocidental), escolho o Korá, o<br />
meu instrumento favorito, como<br />
símbolo <strong>da</strong> beleza e do poder<br />
pacifista <strong>da</strong> música. Para mim,<br />
Korá é paz. Korá é cultura e<br />
cultura é paz.<br />
A Guiné tem a particulari<strong>da</strong>de<br />
de ter um povo que<br />
conseguiu ser especialista em<br />
muitos intrumentos musicais,<br />
que têm a sua marca, a sua<br />
vivência...<br />
Temos o Korá, temos o<br />
Balafon, temos a Flauta Fula,<br />
temos a Tina, o Tambor que<br />
fazem parte <strong>da</strong> nossa tradição<br />
musical e nos identificam.<br />
Mas a estes juntam-se as<br />
guitarras, os baixos, as baterias,<br />
entre outros instrumentos,<br />
que mais não fazem do que<br />
condimentar as nossas vivências<br />
e expectativas em forma<br />
de sons.<br />
A área <strong>da</strong> música tem sido<br />
imparável, e ca<strong>da</strong> dia adicionamos<br />
mais artistas ao<br />
rico espólio musical nacional.<br />
Na página 13 o leitor pode<br />
ver os principais músicos<br />
guineenses. Optámos por listálos<br />
porque não nos seria possível<br />
incluí-los a todos nesta<br />
edição.