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Warming

Uma Newsletter do PELD – CRSC

5. As diferentes formas de vida das plantas que habitam as montanhas da Serra do Cipó

Na Serra do Cipó a variação de altitude

das montanhas leva à formação

de ambientes com clima e solo bem

diferentes. Em cada uma dessas condições

ambientais, algumas inóspitas, encontramos

plantas que se adaptam para sobreviver. Seja

em locais com muita insolação, alta temperatura

ou muito secos, as espécies desenvolvem

variações conforme subimos a montanha.

Folhas mais grossas (escleróflilas) e duradouras,

presença de pelos (tricomas) e suculência

são exemplos de adaptações que ajudam

a tolerar ambientes desfavoráveis. No

nosso estudo, verificamos as espécies a cada

100m, desde a base da Serra do Cipó até

a altitude de 1400 m. Neste estudo fizemos

uma pergunta simples: quais formas de vida

de plantas ocorrem neste ambiente?

As espécies do tipo fanerófita, plantas

que apresentam brotos localizados acima de

25 cm ou 50 cm de altura do solo, e as do

tipo caméfitas, com brotos abaixo de 25cm

do solo, foram as mais encontradas. Essas

são formas de vida que têm mais chances de

tolerar o fogo constante no campo rupestre.

As fanerofitas estão geralmente presentes nos

afloramentos de rochas, geralmente possuem

folhas grossas e persistentes e podem extrair

água do solo seco. Já as espécies caméfitas

são bem adaptadas a estes ambientes, porque

seus brotos, também chamados de gemas,

encontram-se protegidos ao nível do

solo e/ou pelas escamas e folhas.

Além dessas formas de vida, ainda há

as terófitas, plantas que vivem apenas uma

estação de crescimento; as geófitas, plantas

com brotos subterrâneos; as hemicriptófitas,

plantas com brotos no nível do solo, frequentemente

protegidas por escamas, bainhas ou

folhas. Esse sistema de classificação de formas

de vida dos vegetais, criado pelo cientista

dinamarquês Christen Raunkiaer, é baseado

no ciclo de vida das plantas e estão

relacionadas à altura da planta e a sua adaptação

ao ambiente em que vive.

As diferentes formas de vida que ocorrem

ao longo das montanhas do Cipó represen-

Figura 1. Formas de vida das plantas de acordo o crescimento dos brotos (destacados em verde escuro) no solo (fundo

alaranjado). Adaptado de Raunkiær et al. (1934). Arte: Siqueira, W.K.

Por:

Yule Roberta Ferreira Nunes

Graciene da Silva Mota

Professora titular do

Bióloga e Mestre pela

Departamento de Biologia

UNIMONTES, Doutora

Geral da UNIMONTES.

em Botânica Aplicada

pela UFL.

Geovana Rodrigues da Luz

Geraldo Wilson Fernandes

Bióloga e Mestre pela

Coordenador do Projeto

UNIMONTES, Doutora em

PELD Serra do Cipó, Prof.

Ecologia pela UFMG.

Titular de Ecologia pela

UFMG e Membro Titular

da Academia Brasileira de

Ciências.

tam o repertório de respostas das plantas às

grandes variações do solo e clima da região.

Mesmo vivendo em um ambiente adverso

em termos de falta de nutrientes, água, ventos

fortes, altas temperaturas e radiação UV,

as plantas deste ambiente têm sido eliminadas

a cada ano devido à invasão de espécies

exóticas ao ambiente nativo do campo

rupestre, devido ao fogo excessivo, como

também pelo desmatamento e outras formas

de impacto ambiental.

Veja

Raunkiær, C., Gilbert-Carter, H.,

Fausbøll, A., Tansley, A. G. (1934). The

Life Forms of Plants and Statistical Plant

Geography. Oxford: Clarendon Press

Como citar:

Nunes, Y. R. F., Mota, G. S, Fernandes, G. W. 2023. As diferentes formas de

vida das plantas que habitam as montanhas da Serra do Cipó. In: Fernandes,

G. W., Ramos L., Saloméa, R., Siqueira, W. K. Warming 10:9. https://doi.

org/10.6084/m9.figshare.22584073

Dezembro 2022

Página 09

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