Boletim_Warming_010
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Warming
Uma Newsletter do PELD – CRSC
5. As diferentes formas de vida das plantas que habitam as montanhas da Serra do Cipó
Na Serra do Cipó a variação de altitude
das montanhas leva à formação
de ambientes com clima e solo bem
diferentes. Em cada uma dessas condições
ambientais, algumas inóspitas, encontramos
plantas que se adaptam para sobreviver. Seja
em locais com muita insolação, alta temperatura
ou muito secos, as espécies desenvolvem
variações conforme subimos a montanha.
Folhas mais grossas (escleróflilas) e duradouras,
presença de pelos (tricomas) e suculência
são exemplos de adaptações que ajudam
a tolerar ambientes desfavoráveis. No
nosso estudo, verificamos as espécies a cada
100m, desde a base da Serra do Cipó até
a altitude de 1400 m. Neste estudo fizemos
uma pergunta simples: quais formas de vida
de plantas ocorrem neste ambiente?
As espécies do tipo fanerófita, plantas
que apresentam brotos localizados acima de
25 cm ou 50 cm de altura do solo, e as do
tipo caméfitas, com brotos abaixo de 25cm
do solo, foram as mais encontradas. Essas
são formas de vida que têm mais chances de
tolerar o fogo constante no campo rupestre.
As fanerofitas estão geralmente presentes nos
afloramentos de rochas, geralmente possuem
folhas grossas e persistentes e podem extrair
água do solo seco. Já as espécies caméfitas
são bem adaptadas a estes ambientes, porque
seus brotos, também chamados de gemas,
encontram-se protegidos ao nível do
solo e/ou pelas escamas e folhas.
Além dessas formas de vida, ainda há
as terófitas, plantas que vivem apenas uma
estação de crescimento; as geófitas, plantas
com brotos subterrâneos; as hemicriptófitas,
plantas com brotos no nível do solo, frequentemente
protegidas por escamas, bainhas ou
folhas. Esse sistema de classificação de formas
de vida dos vegetais, criado pelo cientista
dinamarquês Christen Raunkiaer, é baseado
no ciclo de vida das plantas e estão
relacionadas à altura da planta e a sua adaptação
ao ambiente em que vive.
As diferentes formas de vida que ocorrem
ao longo das montanhas do Cipó represen-
Figura 1. Formas de vida das plantas de acordo o crescimento dos brotos (destacados em verde escuro) no solo (fundo
alaranjado). Adaptado de Raunkiær et al. (1934). Arte: Siqueira, W.K.
Por:
Yule Roberta Ferreira Nunes
Graciene da Silva Mota
Professora titular do
Bióloga e Mestre pela
Departamento de Biologia
UNIMONTES, Doutora
Geral da UNIMONTES.
em Botânica Aplicada
pela UFL.
Geovana Rodrigues da Luz
Geraldo Wilson Fernandes
Bióloga e Mestre pela
Coordenador do Projeto
UNIMONTES, Doutora em
PELD Serra do Cipó, Prof.
Ecologia pela UFMG.
Titular de Ecologia pela
UFMG e Membro Titular
da Academia Brasileira de
Ciências.
tam o repertório de respostas das plantas às
grandes variações do solo e clima da região.
Mesmo vivendo em um ambiente adverso
em termos de falta de nutrientes, água, ventos
fortes, altas temperaturas e radiação UV,
as plantas deste ambiente têm sido eliminadas
a cada ano devido à invasão de espécies
exóticas ao ambiente nativo do campo
rupestre, devido ao fogo excessivo, como
também pelo desmatamento e outras formas
de impacto ambiental.
Veja
Raunkiær, C., Gilbert-Carter, H.,
Fausbøll, A., Tansley, A. G. (1934). The
Life Forms of Plants and Statistical Plant
Geography. Oxford: Clarendon Press
Como citar:
Nunes, Y. R. F., Mota, G. S, Fernandes, G. W. 2023. As diferentes formas de
vida das plantas que habitam as montanhas da Serra do Cipó. In: Fernandes,
G. W., Ramos L., Saloméa, R., Siqueira, W. K. Warming 10:9. https://doi.
org/10.6084/m9.figshare.22584073
Dezembro 2022
Página 09