Biomais_56 - Opps

SUMÁRIO 

06 | EDITORIAL 

O avanço da energia 

sustentável 

08 | CARTAS 

10 | NOTAS 

20 | ENTREVISTA 

26 | PRINCIPAL 

30 | INVESTIMENTO 

Capital sustentável 

34 | INOVAÇÃO 

Esgoto vira energia 

38 | TECNOLOGIA 

Investimento em energia solar 

42 | ARTIGO 

48 | AGENDA 

50 | OPINIÃO 

Etanol, RenovaBio e captura de 

carbono em biorrefinarias: o 

tripé para emissões neutras 

04 www.REVISTABIOMAIS.com.br

EDITORIAL 

A foto da capa é da Enebra Energia, 

empresa que está contribuindo 

para o crescimento no setor de 

cavaco para biomassa. 

O AVANÇO DA 

ENERGIA SUSTENTÁVEL 

A 

edição da Revista REFERÊNCIA BIOMAIS traz como reportagem principal o crescente mercado 

do aproveitamento de cavaco para biomassa no país. O crescimento da geração distribuída 

de energia é o tema da entrevista exclusiva com o presidente da ABGD (Associação 

Brasileira de Geração Distribuída), Guilherme Chrispim, que atua há 8 anos na área e fala sobre 

os avanços e desafios do setor. A edição também traz reportagens especiais sobre os investimentos 

em energia renovável feitos pela Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) e pela prefeitura de 

Curitiba (PR), que inaugurou recentemente, a Pirâmide Solar do Caximba, além de informações sobre a 

área de biomassa e bioenergia. Uma ótima leitura! 

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ANO X - EDIÇÃO 56 - ABRIL 2023 

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CARTAS 

CARBONO NEUTRO 

A JOTA EDITORA está de parabéns, tentando buscar cada vez mais a sustentabilidade. 

Lucas Marques - Curitiba (PR) 

Foto: divulgação 

ARTIGO 

Em longo prazo essa geração de energia pode ser muito útil, até para a sustentabilidade, dando um novo rumo para o lixo. 

João Novakoski - Desterro (PB) 

ENTREVISTA 

Muito legal essa entrevista, podemos ver que é uma pessoa que tem muito conhecimento falando, passa muita 

confiança. 

Wesley Matos - Rio de Janeiro (RJ) 

PRINCIPAL 

Interessante essa ideia do aproveitamento de biomassa, pois muitas empresas não 

sabem o que fazer com os resíduos e acaba virando um empecilho para a indústria. 

Gabriel Liang - Blumenau (SC) 


Publicações Técnicas da JOTA EDITORA 


NOTAS 

CRESCIMENTO DO MERCADO DE PELLETIZAÇÃO 

O Congresso do Pinus Sul Brasil e 

a TechForestry – III Feira de Tecnologia 

para Indústria da Madeira e Floresta, 

que aconteceu no final de março, no 

Centroserra Convention Center, em 

Lages (SC), reuniu importantes empresas 

do setor. A Gell Techno Solutions, 

empresa pioneira em tecnologia robusta 

e na solução turkney foi uma das 

participantes do evento que teve como 

foco principal a atualização tecnológica 

do plantio ao processamento do pinus, 

além de discutir a evolução da espécie 

no sul do Brasil, e incentivar o fomento 

e o plantio, com tecnologia para maior 

produtividade florestal. A realização do 

congresso foi considerada um marco 

para motivar o setor e fortalecer as 

indústrias do ramo madeireiro. Equipamentos 

de pelletização expostos pela 

Gell Techno Solutions na feira foram 

uma das atrações. “Todo e qualquer 

subproduto tem seu gap econômico, mas o 

pellet, hoje, é um co-produto no mercado. 

O Brasil hoje já figura-se no mapa mundi. 

O volume produzido em 2022 foi de 1,3 

milhões de toneladas e a estimativa para 

2023 é de uma produção de 2 milhões de 

toneladas de pellets”, projetou Joel Rosa, 

diretor da Gell Techno Solutions. O equipamento 

da empresa fornece uniformização 

da granulometria, e a partir desse processo 

tem a transformação da biomassa, que é 

a pelletizadora. “É um mercado que vem 

crescendo. Hoje são 60 empresas pelletizadoras 

registradas no Brasil. Realmente é 

um mercado ascendente, já se tratando de 

uma comodities, com o apelo ecológico que 

o pelletes têm hoje. Isso é uma tendência. 

Estamos onde, no cenário com valor agregado, 

a matéria-prima está estabilizada e o 

produto está sendo consumido e o pellet 

entra na recomposição de caixa. Trabalhamos 

em um subproduto agregando valor 

e transformando em co-produto, e isso é 

interesse hoje para o investidor”, salientou 

Joel Rosa. A Gell Techno Solutions tem uma 

linha completa de máquinas para biomassa 

sendo referência no setor. 

Fotos: REFERÊNCIA 


NOTAS 

INVESTIMENTO EM ALTO MAR 

Com 7,5 mil km (quilômetros) de costa litorânea, o Brasil tem grande potencial para ampliar a geração de energia 

eólica em alto mar, chamada offshore. O sistema de energia eólica offshore é a fonte de energia limpa e renovável que 

aproveita a força do vento que sopra em alto mar. Para explorar ao máximo esse recurso, são desenvolvidas megaestruturas 

assentadas sobre o leito marinho. O coordenador de gestão de geradores da Trinity Energias Renováveis, Gustavo 

Moraes, afirma que as hélices por meio do sistema offshore alcançam uma velocidade maior e mais constante devido 

à inexistência de barreiras, diferente da modalidade onshore, em terra. “As máquinas, os aerogeradores, nos projetos 

onshore, as mais recentes chegam a até potências próximas do 6 MW a 8 MW (megawatt), cada um dos aerogeradores. 

Quando a gente levar isso para o offshore, a gente consegue trabalhar com potências muito maiores, na faixa dos 

12 MW. Tem máquina mais recente que chega até 15 MW”, explica Gustavo. Os ventos que sopram na costa brasileira 

são propícios para a instalação da energia eólica offshore. Com o objetivo de zerar as emissões de GEE (gases do efeito 

estufa) até 2050, a Petrobras já tem o planejamento estratégico para implementação de energia eólica offshore entre os 

anos de 2023 e 2027. Os estudos aprofundados das áreas já estão sendo feitos. Testes em parceria com os Senai do Rio 

Grande do Norte e de Santa Catarina estão sendo desenvolvidos. A ideia é que as estruturas de geração de energia pelo 

mecanismo sejam montadas perto das plataformas de petróleo já existentes em locais próximos à costa. Como explica 

o economista especialista em gestão de negócios Rica Mello: “O Brasil acaba ficando em uma posição muito privilegiada, 

como uma das, provavelmente, duas ou três maiores potências de energia eólica do mundo. E na energia eólica 

offshore ainda, por ter essa costa tão grande, por já ter essas plataformas de petróleo, por já ter uma certa infraestrutura 

próxima dos lugares onde seriam colocadas de energia eólica. Isso faz com que a gente tenha um potencial enorme, 

não só de produzir energia para o nosso país, mas também para exportar essa energia”, aponta Rica. 



NOTAS 


ITAIPU BINACIONAL QUITA DÍVIDA 

A Itaipu Binacional quitou no final do mês de fevereiro as últimas parcelas da dívida contraída para a construção da hidrelétrica, 

e assim tornou-se uma empresa amortizada. Os últimos pagamentos foram destinados à Eletrobras e ao BNDES (Banco Nacional de 

Desenvolvimento Econômico e Social) e somaram US$ 115 milhões. Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW (megawatts) de potência 

instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, 2,9 bilhões 

de MWh. Nos últimos 12 meses, foi responsável por 8,6% do suprimento de eletricidade do Brasil e 86,3% do Paraguai. O valor da dívida 

contraída para o empreendimento hidrelétrico de Itaipu foi de US$ 63,3 bilhões, recurso empregado para que toda a infraestrutura 

necessária pudesse sair do papel, incluindo desapropriação de terras, construção de casas e pagamento das empreiteiras. Desse 

total, US$ 35,4 bilhões foram pagos a título de amortização de empréstimos e financiamentos e US$ 27,9 bilhões como encargos 

financeiros. Os governos do Brasil e do Paraguai desembolsaram o valor necessário para compor o capital social da empresa, de US$ 

100 milhões, metade de cada país. Com a quitação da dívida abre-se caminho para a renegociação do Anexo C do Tratado de Itaipu, 

que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina. As negociações vão envolver os governos 

do Brasil e do Paraguai e devem começar em agosto deste ano. 


NOTAS 

BRASIL ENTRE OS MAIORES DE ENERGIA SOLAR 

Com base em dados da IRENA (Agência Internacional de Energias Renováveis), o Brasil entrou, pela primeira vez, 

na lista dos dez países com maior potência instalada acumulada da fonte solar fotovoltaica. O país encerrou 2022 

com 24GW (gigawatts) de potência operacional solar e assumiu, de forma inédita, a oitava colocação no ranking 

internacional. Os dados consideram a somatória das grandes usinas solares com os sistemas de geração própria 

solar de pequeno e médio portes, em telhados e fachadas de edifícios e também em pequenos terrenos, com base 

na potência total acumulada ao final de 2022. De acordo com o mapeamento, a oitava colocação do Brasil é fruto 

dos cerca de 10 GW adicionados no ano de 2022. Com isso, apenas no ano passado, o setor solar atraiu mais de R$ 

45,7 bilhões de novos investimentos, crescimento de 64% em relação aos valores financeiros acumulados até o final 

de 2021 no país. Ao analisar a capacidade instalada acumulada da tecnologia solar entre 2021 e 2022, o Brasil subiu 

cinco posições no ranking mundial da fonte fotovoltaica no período, saindo da 13ª colocação em 2021 para a oitava 

em 2022. O ranking é liderado pela China (392 GW), seguida pelos EUA (Estados Unidos da América) - 111 GW -, 

Japão (78,8 GW), Alemanha (66,5 GW) e Índia (62,8 GW). 



NOTAS 

MATO GROSSO SE CONSOLIDA NA 

PRODUÇÃO DE ETANOL 

O Estado do Mato Grosso se consolida cada vez mais 

como um dos principais produtores de etanol do país e 

já ocupa o terceiro lugar no ranking de maior fabricante 

do biocombustível, ficando atrás apenas de São Paulo e 

Goiás. Para a próxima safra, a estimativa é que sejam gerados 

5,3 bilhões de litros, o que representa o aumento 

de mais de um bilhão de litros em relação ao produzido 

na última colheita. Atualmente, segundo dados apresentados 

pelas indústrias de bioenergia do Estado, cerca 

de 75% da produção de etanol do Mato Grosso é de 

milho. Na safra passada foram registrados 3,2 bilhões, 

sendo que a previsão é de que este número alcance 

o patamar de 4,2 bilhões de litros na safra 2023/2024. 

Quanto ao etanol de cana-de-açúcar, foram 1,075 bilhão 

de litros produzidos e, para a próxima safra, o esperado 

é de 1,1 bilhão de litros. Os dados, conforme o vice-governador 

Otaviano Pivetta, são surpreendentes. “O que 

aconteceu de 2015 a 2022 foi nada mais do que crescer dez vezes a produção de etanol. O Estado está acompanhando e procurando 

facilitar em tudo que é seu papel, além de criar condições para que novos investimos se estabeleçam.” 



NOVAS USINAS ENTRAM EM OPERAÇÃO 

A matriz elétrica brasileira fechou o primeiro trimestre de 2023 com uma expansão de 2.746,5 MW (megawatts) – o dobro do 

crescimento de 1.367 MW verificado no mesmo período de 2022. Até 31 de março, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) 

registrou a entrada em operação comercial 

de 82 usinas, sendo 44 eólicas (1.485 MW), 23 

solares fotovoltaicas (920,2 MW), 10 termelétricas 

(278,1 MW), quatro pequenas centrais 

hidrelétricas (59,8 MW) e uma central geradora 

hidrelétrica (3,4 MW). Plantas solares e 

eólicas representam, juntas, 87,6% da capacidade 

instalada no ano. As usinas com operação 

iniciada este ano estão localizadas em 

treze Estados de quatro regiões brasileiras. 

Em ordem decrescente, apresentam maiores 

resultados até o momento os Estados de Minas 

Gerais (827,7 MW), Rio Grande do Norte 

(666,4), Bahia (501,6 MW) e Piauí (276,4 MW). 

Conforme dados do SIGA (Sistema de Informações 

de Geração da ANEEL) o Brasil somou 

191.323,9 MW de potência fiscalizada até 31 

de março, desse total em operação, 83,6% 

das usinas são consideradas renováveis. 


ENTREVISTA 


ENTREVISTA 

GUILHERME 

CHRISPIM 

Formação: formado em Economia pela 

Universidade Federal de Juiz de Fora 

(MG). Mestre em Administração de 

Empresas pelo MADE (RJ). Há 8 anos atua 

no mercado de energias renováveis e 

eficiência energética com experiências em 

mercados e empresas do Brasil, América 

Latina e Europa. 

Cargo: presidente executivo da ABGD 

(Associação Brasileira de Geração 

Distribuída) 

O CRESCIMENTO DA 

GERAÇÃO DISTRIBUÍDA 

A 

ABGD completa 8 anos de atuação em setembro de 2023. Apesar de pouco tempo, a associação 

já fez muito pelo setor e continua investindo em iniciativas para fomentar e expandir a GD 

(geração distribuída) de energia no país. Em janeiro de 2022, Guilherme Chrispim, foi eleito 

para assumir a presidência executiva da ABGD para o período de 2022-2023. Antes, entre 2020 

e 2021, já havia presidido o conselho da associação. Com mais de 25 anos de experiência de mercado, principalmente 

na área comercial de empresas nacionais e multinacionais, nesta entrevista exclusiva para a Revista 

REFERÊNCIA BIOMAIS, Guilherme fala das ações da ABGD, sobre o crescimento da geração distribuída 

que neste ano deve acrescentar cerca de 8 GW (gigawatts) de potência instalada no sistema, e os desafios 

colocados pela nova regulamentação, que instituiu o marco legal da micro e minigeração de energia. 


Como surgiu a ABGD? 

A ABGD nasceu em 2015. E porque ela 

nasceu? Já havia a Absolar (Associação Brasileira 

da Energia Solar Fotovoltaica), que faz 10 anos 

em 2023. Só que a Absolar não olhava para o 

telhado com placas fotovoltaicas, para o pequeno 

produtor de energia. Ela tem um olhar para 

grandes projetos, como a associação da eólica 

olha para as usinas eólicas. Na época tinha mais 

usinas de energia fotovoltaica do que placas 

nos telhados de casas, empresas, comércios. A 

geração distribuída se sentia órfã e um grupo 

de empresários resolveu criar a ABGD. Mas a GD 

(geração distribuída), como conceito e aplicabilidade, 

nasce efetivamente em 7 de abril de 2012 

quando é validado pela ANEEL (Agência Nacional 

de Energia Elétrica) a resolução 482. Não estou 

dizendo sobre o sistema fotovoltaico, pois já existiam 

módulos de fotovoltaico nessa data. Com 

a resolução, foi criada a base para o que a gente 

conhece hoje como GD. Em 2015 veio a resolução 

687, importante, porque abriu ainda mais a 

possibilidade para GD no Brasil. 

Como explicar a potência instalada pela 

GD no sistema elétrico brasileiro em tão pouco 

tempo? 

Acho interessante, um marco de 10 anos de 

GD que completou em 2022. Do início da GD em 

2012 até 2017, na metade do caminho, ao longo 

de 5 anos tinha acumulado 240 MW (megawatts). 

Foram 5 anos para a GD chegar em 240 MW e nos 

outros 5 anos, de 2017 até 2022 chegamos em 

18 GW. Não sei nem explicar. Hoje, os 5 primeiros 

anos a gente faz em uma semana em GD. É 

muita coisa. Aí a gente vê, que hora que a chave 

virou? Acho que em 2018 começa a ter números 

que impactavam. Foi 2 GW (gigawatts) de GD ao 

longo do ano, e daí foram 3 anos consecutivos de 

crescimento. A GD foi a fonte que mais colocou 

potência no sistema elétrico brasileiro. Em 2022 

se somar todas as fontes renováveis não dá o que 

a GD colocou: quase 8 GW. A energia solar é hoje 

a segunda fonte de potência no Brasil e é por 

conta dos telhados com placas fotovoltaicas, da 

empresa, do microempreendedor, principalmente. 

Na sua avaliação qual foi o incentivo para 

crescer a GD no Brasil? 

É natural que no início se gerava menos energia, 

com menos conhecimento e número menor 

de fornecedores. Hoje se tornou mais acessível, 

barateou. A crise energética no radar, o discurso 

em prol de energias renováveis, energia limpa, 

colaborou para o crescimento. E outro ponto fundamental 

foi o setor financeiro. Quando o setor 

financeiro entrou no jogo fez muita diferença. Em 

geral se leva 4 anos, 5 anos para pagar uma instalação, 

então, quando abriu financiamento, teve 

uma enxurrada de projetos, dinheiro emprestado, 

ficou mais barato para investir, isso ajudou 

a expansão. Em 2022 caiu um pouco. O ano de 

2021 foi de muito crescimento. A GD colocou 4 

GW no sistema, colocou 10% mais que a eólica, e 

56% dos sistemas fotovoltaicos foram financiados. 

Já em 2022, a GD colocou 7,4 GW, mas somente 

22% do sistema foi financiado, então houve uma 

redução significativa. A taxa de juros começou 

a ficar mais alta, a inadimplência de uma forma 

geral aumentou, o financiamento é um ponto 

crítico, seja para o distribuidor, para o fabricante. 

É uma cadeia e o custo financeiro começou a ficar 

alto, mas ainda há crescimento. 

Recentemente a ANEEL regulamentou a 

micro e minigeração distribuída por meio da 

lei 14.300/2022. Para ABGD, quais os principais 

A GD foi a fonte que 

mais colocou potência 

no sistema elétrico 

brasileiro. A energia solar 

é hoje a segunda fonte de 

potência no Brasil 

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 

21



PRINCIPAL 


CAVACO DE 

MADEIRA 

BIOMASSA COM ALTO PODER 

ENERGÉTICO E BAIXO CUSTO 

FOTOS DIVULGAÇÃO 

P 

odemos dizer que as grandes plantações de 

pinus e eucalipto se tornaram uma espécie 

de florestas de energia, devido a utilização de 

seus resíduos que contribuem para a redução 

de CO2 (gás carbônico) na atmosfera. O cavaco de 

madeira é um desses produtos que tem ganhado o 

mercado. Eficiente produtor de energia e com fácil 

armazenamento, o cavaco de madeira é uma biomassa 

que tem sido muito utilizada para gerar energia 

térmica em diferentes indústrias, por meio da queima 

em caldeira. 

Com baixo custo de mercado, alta produtividade 

em gerar energia para caldeiras e ainda sendo um 

material sustentável, o cavaco de madeira se tornou 

um importante combustível nestes tempos em que 

reduzir a emissão de CO2 e praticar ações mais sustentáveis 

tem se tornado cada vez mais importante. 

Devido a quantidade de energia liberada em sua 

queima, que pode ser resumida em calor, o cavaco é 

utilizado como combustível nas fornalhas das caldeiras, 

que produzem vapor em alta pressão e temperatura, 

alimentando turbogeradores e produzindo 

energia elétrica de forma eficiente e com baixo custo 

operacional. 


27

PRINCIPAL 

COMO SE OBTÉM 

O cavaco é gerado por meio da trituração em picadores 

de faca e/ou martelos, resíduos de serrarias, e 

ponteiras de árvores de eucalipto, pinus, acácia-negra, 

entre outras espécies. A partir da colheita de florestas 

destinadas ao mercado madeireiro e de reflorestamento 

é retirado após a derrubada das árvores e a 

separação em toras, que são por sua vez picadas e 

transformadas em cavaco. 

Para se obter cavaco de madeira de qualidade é 

preciso se atentar ao tipo de corte, ao tronco granulometria 

e quantidade de insumos, como galhos e 

folhas. E ainda observar o período de secagem, que, 

normalmente, deve ser entre quatro a seis meses, 

sem ramos e folhas, antes do seu destroçamento ou 

picagem. 

Este tipo de biomassa é cultivado em larga escala 

nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, e colabora 

para a redução do uso de florestas nativas, além 

de contribuir também com a geração de empregos e a 

diversificação das fontes energéticas locais. 

Dessa forma, o cavaco de madeira se torna uma 

das fontes energéticas mais eficientes e baratas no 

momento para geração de energia. 

TIPOS DE CAVACO 

Podemos dizer que existem três tipos de cavaco 

de madeira que se diferenciam pela produção e umidade 

que carregam: 

• No tipo I, o cavaco de madeira é feito pela trituração 

de galhos, folhas, cascas, copas de árvores e até 

árvores inteiras. Devido às diferentes partes inseridas, 

esse material possui umidade próxima a 50%, podendo 

influenciar no valor de venda. Seu destino, geralmente, 

são as caldeiras de médio e grandes indústrias, 

a fim de gerar combustível. 

"Esperamos um 

crescimento de 40% de 

faturamento, comparado 

ao exercício passado" 

Guilherme Henrique Araújo Elias, 

sócio da Enebra Energia 

28 

www.REVISTABIOMAIS.com.br

INVESTIMENTO 

CAPITAL 

SUSTENTÁVEL 

FOTOS JOSÉ FERNANDO OGURA/SMCS E GILSON ABREU 


PIRÂMIDE SOLAR DO 

CAXIMBA É INSTALADA 

EM ANTIGO ATERRO 

SANITÁRIO E ENERGIA 

GERADA ATENDE 

222 UNIDADES DA 

ADMINISTRAÇÃO 

MUNICIPAL DE CURITIBA 

C 

om nome que faz referência ao bairro 

onde está localizada, a prefeitura de 

Curitiba (PR) inaugurou a Pirâmide Solar 

do Caximba. Trata-se de uma usina com 

cerca de 8,6 mil painéis fotovoltaicos instalados 

sobre um aterro sanitário desativado em 2010. É a 

primeira usina deste modelo da América Latina, e foi 

inaugurada no dia 29 de março, dia do aniversário 

da capital do Paraná. 

Com a geração de energia da Pirâmide distribuída 

na rede da Copel (Companhia Paranaense de 

Energia Elétrica), Curitiba vai suprir o equivalente a 

30% do consumo dos prédios públicos. Este número 

corresponde a R$ 2,6 milhões por ano de economia 

na fatura de energia. 

“O valor é suficiente para construir um Centro 

Municipal de Educação Infantil, para transformar 

aproximadamente 660m (metros) de ruas de saibro 

em ruas com pavimentação de boa qualidade e 

completa estrutura de drenagem ou, ainda, subsidiar 

mil refeições por dia, durante um ano e meio, do 

programa Mesa Solidária, que atende pessoas em 

situação de vulnerabilidade”, comentou o prefeito 

de Curitiba, Rafael Greca, durante a inauguração. 

“Estamos vendo um lugar que antes era passivo 

ambiental transformado em um ativo ambiental”, 

destacou o prefeito. 


31

INVESTIMENTO 

PROJETO INOVADOR 

O empreendimento ocupa pouco mais de 100 

mil m2 (metros quadrados) de área do aterro, com 

quase 48 mil m2 de painéis. Ao todo, são cerca de 8,6 

mil módulos fotovoltaicos bifaciais, com uma potência 

instalada de 4,5 MW (megawatts) pico, gerando 

até 3,5 MW. São 222 unidades consumidoras que 

estão recebendo a energia gerada na Pirâmide Solar, 

por meio de compensação, através de uma rede de 

transmissão com 7 km (quilômetros) de extensão 

ligando a Pirâmide até a Subestação de Fazenda 

Rio Grande, município da Região Metropolitana de 

Curitiba. 

A Pirâmide Solar do Caximba faz parte do programa 

Curitiba Mais Energia, uma das estratégias 

da cidade para combater e mitigar as mudanças 

climáticas, por meio da produção de energia renovável, 

o que também resulta em economia aos cofres 

públicos. 

O programa contempla, ainda, painéis instalados 

em outros endereços da administração municipal, 

incluindo o Palácio 29 de Março, sede do governo 

municipal. A próxima etapa do Curitiba Mais 

Energia inclui sistemas fotovoltaicos nos telhados 

dos terminais de ônibus do Santa Cândida (465 kW 

- quilowatts) e Boqueirão (512 kW), com serviços em 

andamento; além do Terminal do Pinheirinho (925 

kW), com licitação em fase final e na Rodoferroviária 

de Curitiba. Com mais esses projetos, a prefeitura 

pretende suprir até 60% do consumo de energia dos 

prédios públicos do município. 

“Com a economia gerada na conta de luz, o 

projeto se paga em cerca de 10 anos, com um 

retorno financeiro bastante interessante e que pode 

ser aplicado nas outras necessidades do município”, 

explicou a secretária municipal do Meio Ambiente, 

Mariuza Dias. “Mas o mais importante é estarmos 

no caminho da chamada transição energética, que 

é tão necessária para diminuir a dependência dos 

combustíveis fósseis, reduzir a emissão dos GEE 

(gases de efeito estufa) e diminuir os efeitos das 

mudanças climáticas.” 



33

INOVAÇÃO 

ESGOTO 

VIRA ENERGIA 


INICIATIVA EM 

PESQUISA 

E INOVAÇÃO 

TEM GERADO 

ENERGIA ORIUNDA 

DO TRATAMENTO 

ANAERÓBICO 

DO ESGOTO 

DOMÉSTICO 


U 

m projeto desenvolvido pela Sanepar (Companhia 

de Saneamento do Paraná) concorreu ao prêmio 

Melhores do Biogás durante o V Fórum Sul Brasileiro 

de Biogás e Biometano, que aconteceu em Foz 

do Iguaçu (PR) em meados de abril. A participação foi um reconhecimento 

ao trabalho que a empresa vem desenvolvendo 

com diversas iniciativas associadas com o biogás de suas 

ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto), com o objetivo de 

ratificar seu potencial de recuperação de energia. 

A Sanepar concorreu na categoria Melhor Planta de 

Saneamento - Unidade Geradora de Biogás. A planta em 

questão foi a ETE Ouro Verde, localizada em Foz do Iguaçu 

e foi a primeira usina brasileira de geração distribuída de 

energia elétrica movida a biogás oriundo do tratamento 

anaeróbio de esgoto doméstico a ser cadastrada junto a 

ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e também foi 

a primeira no país a aderir ao sistema de compensação de 

energia elétrica preconizado pelas Resoluções Normativas 

da ANEEL nº 482/12 e 687/15, como unidade microgeradora. 

PIONEIRA NA PESQUISA 

A ETE iniciou sua operação em 1997 e possui capacidade 

de atendimento de até 35 mil habitantes, podendo tratar até 

70 L/s de esgoto doméstico. Seu processo de tratamento do 

esgoto é constituído pelas etapas físicas de remoção de sólidos 

grosseiros com base em gradeamento e desarenação, 


35

INOVAÇÃO 

e pela etapa de degradação biológica em um RALF (reator 

anaeróbio de lodo fluidizado). A ETE Ouro Verde opera, atualmente, 

com uma eficiência de aproximadamente 75% na 

remoção da matéria orgânica. Um subproduto do processo 

anaeróbio de tratamento de esgoto é o biogás, cuja produção 

estimada é de 50 Nm3/dia. O biogás formado no RALF é 

captado em uma tubulação de PVC e forçado a passar por 

um filtro à base de limalha de ferro, onde é dessulfurizado. 

Após ser dessulfurizado, o biogás é guiado até um gasômetro 

cilíndrico horizontal com capacidade para armazenar até 

50 m³ (metros cúbicos). 

GERAÇÃO DISTRIBUÍDA 

O consumo médio de energia elétrica da ETE Ouro Verde 

é de aproximadamente 0,8 MWh/mês (megawatts por hora, 

por mês). Estima-se que o sistema de geração distribuída 

pode produzir até 3,6 MWh/mês, disponibilizando um excedente 

de energia de cerca de 2,8 MWh/mês. Contudo, a ETE 

opera apenas em horário comercial, sob demandas específicas 

de projetos de pesquisa e inovação e, assim, entre os 

anos de 2020 e 2022, compensaram-se mais de 18,5 MWh de 

energia elétrica na localidade. 

Destaca-se, ainda, que a ETE possui um sistema híbrido 

de geração distribuída de energia elétrica composto por um 

motogerador à biogás, um sistema fotovoltaico (5 kwp) e 

duas microturbinas hidráulicas (2 kw) instaladas no emissário 

do efluente da estação. Trata-se, portanto, da primeira 

ETE do Brasil a implementar e a investigar tal arranjo, o qual 

é muito promissor na perspectiva dos microgrids. 

INVESTINDO EM INOVAÇÃO 

A ETE Ouro Verde tem sido ao longo dos anos referência 

de pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor de saneamento 

ambiental, notadamente por empregar conceitos 

“A Sanepar tem tradição na 

utilização do biogás e temos 

um potencial muito grande 

de aumentar esse uso devido 

ao grande volume de biogás 

que já produzimos. Isso traz 

benefícios ao meio ambiente 

e também contribuirá para 

a modicidade tarifária, 

como preconiza o marco do 

saneamento” 

Claudio Stabile, diretor-presidente da 

Sanepar 

contemporâneos voltados à economia circular e de baixo 

carbono e por possibilitar a geração de diretrizes replicáveis 

em plantas similares. 

A Sanepar tem o maior parque de reatores anaeróbios 

de esgoto doméstico do mundo, o que a torna com grande 

potencial de geração de energia a partir do biogás. “A Sanepar 

tem tradição na utilização do biogás e temos um potencial 

muito grande de aumentar esse uso devido ao grande 

volume de biogás que já produzimos. Isso traz benefícios 

ao meio ambiente e também contribuirá para a modicidade 

tarifária, como preconiza o marco do saneamento”, afirma o 

diretor-presidente da companhia, Claudio Stabile. 

Até 2024, a tecnologia de aproveitamento de biogás na 

geração de energia será utilizada em mais oito estações de 

esgoto da Sanepar, com financiamento já aprovado pelo 

banco alemão KfW. 


TECNOLOGIA 

PRODUTORES DE AÇAÍ 

INVESTEM EM 

ENERGIA SOLAR 



EQUIPAMENTO COM TECNOLOGIA NACIONAL 

GUARDA O EXCEDENTE DA ENERGIA SOLAR 

EM BANCO DE BATERIAS 

U 

ma fazenda pioneira na produção de açaí 

da região centro-oeste, localizada em zona 

rural de Sobradinho, cidade satélite de Brasília 

(DF), se antecipou aos riscos inerentes 

ao seu negócio e investiu em tecnologia que usa energia 

solar de maneira autônoma: o NHS QUAD Híbrido. 

O equipamento, que é o único produzido no Brasil, foi 

instalado pela C&T Estação Solar – um dos parceiros 

integradores da NHS. A energia é fundamental para 

manter o açaí na temperatura ideal de armazenamento 

e problemas com quedas ou oscilações de energia 

podem causar grandes perdas financeiras para os 

produtores.

TECNOLOGIA 


ARTIGO 

BIOMASSA DE 

DENDROCALAMUS GIGANTEUS 

COMO RECURSO 

BIOENERGÉTICO 



GUSTAVO VARGAS DA SILVA 

DANIEL TAVARES DE FARIAS 

RODRIGO COLDEBELLA 

WANESSA LUNARDI WACHT 

CRISTIANE PEDRAZZI 

UFSM (Universidade Federal de Santa Maria)

ARTIGO 

RESUMO 

B 

uscar alternativas sustentáveis para diversificar 

a matriz energética tornou-se uma meta a 

ser alcançada por todas as nações. A biomassa 

de bambu pode ser uma dessas alternativas 

por ser uma fonte de energia neutra em CO2 com a 

possibilidade de uso como combustível na forma sólida, 

líquida ou gasosa. Neste estudo objetivou-se avaliar o 

efeito da idade de 12 anos e 7 anos nas propriedades 

químicas e energéticas de colmos de Dendrocalamus 

giganteus. Para isso, foram determinados os teores de 

extrativos totais, de lignina, de materiais voláteis, de cinzas 

e de carbono fixo, além da densidade básica, poder 

calorífico superior e densidade energética dos colmos. 

Também foram realizadas as avaliações de rendimento 

gravimétrico do carvão vegetal e do licor pirolenhoso 

produzidos a partir da carbonização do material. Os 

bambus apresentaram boas propriedades químicas para 

fins energéticos. Os valores de teor de lignina, materiais 

voláteis, carbono fixo e cinzas foram semelhantes entre 

as idades. Entretanto, o poder calorífico líquido, densidade 

energética, rendimento gravimétrico do carvão vegetal 

e ácido pirolenhoso aumentaram com o aumento 

da idade, e os maiores valores foram verificados para os 

colmos com 12 anos. A espécie apresentou propriedades 

físico-químicas e energéticas, e atendem aos critérios 

de qualidade esperados para o aproveitamento dessa 

biomassa para produção de energia térmica. 

INTRODUÇÃO 

O constante crescimento populacional traz consigo 

algumas demandas, como o aumento da necessidade de 

matrizes energéticas renováveis. A queima de combustíveis 

fósseis, que hoje é a maior fonte de energia do 

planeta, gera poluição e consequentemente mudanças 

climáticas em decorrência da emissão de gases de efeito 

estufa. Os danos ambientais e o esgotamento das fontes 

de combustíveis fósseis tornaram o desenvolvimento de 

energia sustentável uma temática complexa, holística 

e que considera crescimento econômico, sociedade e 

meio ambiente na transição para fontes alternativas de 

energia uma meta a ser alcançada pelas nações (Gunnarsdóttir 

et al., 2021). De acordo com a Agência Internacional 

de Energia (International Energy Agency, 2021), a 

transição de fontes de eletricidade não renováveis para 

fontes alternativas e renováveis acelerou em um ritmo 

inesperado no ano de 2020, e estima que haja uma 

expansão muito maior desse cenário após a pandemia 

da Covid-19 pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Dessas 


fontes renováveis de energia, a biomassa representa 

uma fonte de energia térmica usada em praticamente 

todos os setores, tornando-se uma alternativa para a diversificação 

da matriz energética mundial, diminuindo a 

dependência de combustíveis de origem fóssil (Aragão 

Pedrosso et al., 2018). 

Nesse sentido, o Brasil é destaque no uso de energias 

renováveis. Além de sua capacidade hídrica, apresenta 

alto potencial para outras fontes alternativas de energia, 

considerando sua extensa área territorial e clima favorável. 

É um país com excelentes condições edafoclimáticas 

que favorecem a produção de biomassa vegetal, com 

enorme vantagem, de não competir com a agricultura 

tradicional e sem divergências em relação aos impactos 

ambientais (Borges et al., 2016). Dentre as biomassas vegetais 

promissoras para energia, as espécies de bambu, 

devido às suas características químicas e morfológicas, 

seu crescimento rápido e elevada produção por unidade 

de área, torna essa gramínea uma ótima opção para 

geração de energia.

ARTIGO 


AGENDA 

MAIO 2023 

E-WORLD 

Data: 23 a 25 

Local: Essen (Alemanha) 

Informações: https://www.e-world-essen.com/de/ 

DESTAQUE 

JUNHO 2023 

ENASE (ENCONTRO NACIONAL DE 

AGENTES DO SETOR ELÉTRICO) 2023 

Data: 21 a 22 

Local: Rio de Janeiro (RJ) 

Informações: www.enase.com.br 

AGOSTO 2023 

FENASUCRO & AGROCANA 

Data: 15 a 18 

Local: Sertãozinho (SP) 

Informações: www.fenasucro.com.br 

OUTUBRO 2023 

CONFERÊNCIA BIODIESEL 

BRASIL 2023 

Data: 02 a 03 

Local: São Paulo (SP) 

Informações: https://conferencia.biodieselbr.com/2023/ 

III EVENTO COGEN SUL 

Data: 11 

Local: Curitiba (PR) 

Informações: www.cogen.com.br/ 

eventos/eventocogensul 

A Cogen (Associação da Indústria de Cogeração 

de Energia) promove em Curitiba (PR) 

a terceira edição do evento Cogen Sul, no dia 

11 de maio, das 8h às 13h. O evento conta com 

apoio da FIEP (Federação das Indústrias do Estado 

do Paraná) e Compagás. Será um momento 

para debater os desafios e oportunidades para o 

mercado paranaense de cogeração de gás. 


OPINIÃO 


O 

s relatórios do IPCC (Intergovernmental Panel 

on Climate Change) já deixaram muito claro a 

relevância de se limitar o aquecimento global a 

1,5°C (graus Celsius) em comparação aos 2°C, de 

modo que possamos reduzir os riscos e impactos, tanto para os 

sistemas naturais, quanto para os antrópicos. E, para conseguir 

isto, teremos o enorme desafio de zerar as emissões líquidas de 

GEE (gases de efeito estufa) de fontes antropogênicas ao redor 

de 2050. 

A redução de emissões envolve diferentes medidas de mitigação, 

contemplando distintas combinações entre a redução 

da intensidade energética na economia e a descarbonização de 

fontes de energia. Mas, em todos os casos, parece inevitável utilizarmos 

alguma estratégia de remoção de CO2 da atmosfera. E 

quanto menos avançarmos na direção da redução de emissões, 

obviamente mais teremos que lançar mão de estratégias de 

remoção de CO2, como o reflorestamento, a captura e armazenamento 

geológico do carbono (CCS, carbon capture and 

storage) e a combinação do CCS com a bioenergia. 

Os cenários traçados pelo IPCC e pela Agência Internacional 

de Energia têm apontado que a bioenergia deverá ser uma importante 

aliada não só para as ações climáticas, como também 

para se alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável. 

Naturalmente estamos falando do uso moderno da biomassa, 

explorando resíduos e eficientes culturas dedicadas para a 

produção de uma diversidade de produtos, como combustíveis, 

eletricidade, alimentos, produtos químicos etc. 

O CO2 mais fácil de capturar é o gerado no processo de 

fermentação para a produção do etanol. Por se tratar de uma 

corrente de CO2 praticamente pura, o processo é muito mais 

simples, o que se traduz nos mais baixos custos de captura. 

Considerando os volumes atuais de produção de etanol anidro 

e hidratado no Brasil, estamos falando de um potencial de captura 

anual de mais de 20 milhões de toneladas de CO2 somente 

associado à fermentação. 

Nesse sentido, cabe aqui mencionar a relevância estratégica 

da política brasileira de biocombustíveis, conhecida como 

RenovaBio. Lançado em 2017, tendo como pano de fundo 

ETANOL, RENOVABIO E 

CAPTURA DE CARBONO EM 

BIORREFINARIAS: O TRIPÉ 

PARA EMISSÕES NEUTRAS 

os compromissos assumidos na Contribuição Nacionalmente 

Determinada no âmbito do Acordo de Paris, o RenovaBio 

visa à promoção da expansão dos biocombustíveis na matriz 

energética, assegurando previsibilidade para o mercado, ao 

mesmo tempo em que induz ganhos de eficiência energética 

e a mitigação das emissões de GEE na cadeia produtiva. Um 

aspecto que merece destaque é que a lei do RenovaBio prevê 

a aplicação de um bônus de até 20% sobre a nota de eficiência 

energético-ambiental quando comprovada a emissão negativa 

de GEE no ciclo de vida do biocombustível em relação ao seu 

substituto de origem fóssil. 

Ainda há um outro importante compartimento a ser 

explorado para o sequestro de carbono associado ao etanol: o 

solo. A maior parte da expansão recente da cana-de-açúcar se 

deu sobre áreas de pastagens, muitas das quais com níveis de 

degradação e com estoques de carbono no solo baixos. Neste 

processo de transição para a cultura da cana, maiores estoques 

são estabelecidos, representando um relevante sequestro de 

carbono. Para além da cana, esse fenômeno também pode ser 

explorado no sistema de produção do etanol de milho. Esse 

sistema se caracteriza principalmente por dois elementos: o uso 

do milho safrinha e do cavaco de eucalipto como combustível 

para as caldeiras. Novamente temos um grande potencial para 

sequestro de carbono no solo, especialmente através da tendência 

natural de estabelecimento de plantações de eucalipto 

nas áreas de pastagens. 

Ou seja, o Brasil tem a grande oportunidade de utilizar o 

etanol como um mecanismo não só de mitigação de emissões, 

mas também como promotor de sequestro de carbono. Mas, 

para que essa relação virtuosa se concretize, será essencial garantir 

um contexto político e regulatório apropriado, de modo 

que os projetos possam se estruturar de forma economicamente 

viável. 

Por Joaquim Seabra 

Professor do Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica 

da Unicamp. Doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos com pósdoutorado 

em Biorefinery Analysis nos EUA (Estados Unidos da Ámerica)

Biomais_56 - Opps

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