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Jornal Paraná Maio 2023

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OPINIÃO<br />

Etanol como combustível para carros elétricos?<br />

Montadoras e pesquisadores têm buscado<br />

respostas que aliem as novas tecnologias<br />

às energias renováveis<br />

Por Helen Jacintho<br />

Omundo tem buscado<br />

soluções sustentáveis<br />

para substituir o uso<br />

de combustíveis fósseis<br />

como gasolina e diesel nos<br />

automóveis. Entretanto, a substituição<br />

de motores a combustão<br />

por veículos elétricos somente<br />

faz sentido se a energia<br />

utilizada para abastecer estes<br />

veículos vier de fontes renováveis.<br />

Montadoras e pesquisadores<br />

têm buscado alternativas e<br />

uma solução sustentável e promissora:<br />

uma célula a combustível<br />

que usa etanol como combustível<br />

para carros elétricos.<br />

O etanol é um combustível renovável<br />

produzido a partir de<br />

matérias primas renováveis como<br />

cana-de-açúcar e milho. O<br />

Brasil é o segundo maior produtor<br />

mundial de etanol, sendo o<br />

líder global na produção de etanol<br />

de cana-de-açúcar.<br />

O combustível é produzido localmente<br />

e amplamente distribuído<br />

nas redes de abastecimento<br />

e postos de combustível,<br />

portanto, a infraestrutura de distribuição<br />

que já existe em diversos<br />

países, resolveria o desafio<br />

de ordem prática que envolve o<br />

uso de carros elétricos, como<br />

uso de tomadas para recarga do<br />

tipo plug in e a perda de longas<br />

horas com o carregamento de<br />

baterias de lítio.<br />

Os carros movidos à gasolina e<br />

diesel estão com os dias contados,<br />

com a intenção de conter<br />

o processo de mudanças climáticas,<br />

vislumbra-se que o futuro<br />

dos transportes passe pela<br />

eletrificação dos veículos.<br />

A grande maioria dos países europeus<br />

já estabeleceram datas<br />

para banir a comercialização<br />

destes veículos, começando<br />

com a Noruega 2025, passando<br />

pelo Reino Unido, Índia e<br />

Suécia 2030, Japão, China e<br />

EUA 2035 até a França e Espanha<br />

2040. A União Europeia<br />

determinou que todos os veículos<br />

deverão ter emissão zero de<br />

CO 2 até 2035.<br />

Atualmente existem quatro tipos<br />

de veículos elétricos: o veículo<br />

elétrico híbrido (HEV), onde o<br />

motor a combustão trabalha<br />

junto com o elétrico, o veículo<br />

elétrico híbrido plug-in (PHEV),<br />

onde existe o motor a combustão,<br />

mas o motor elétrico é carregado,<br />

o veículo elétrico a bateria<br />

(BEV), que é 100% elétrico,<br />

utilizando somente a carga na<br />

bateria, e o veículo elétrico a célula<br />

de combustível (FCEV) que<br />

utiliza hidrogênio como principal<br />

fonte de energia.<br />

O etanol se encaixaria como<br />

combustível para abastecer os<br />

veículos elétricos a célula de<br />

combustível utilizando as chamadas<br />

células de combustível<br />

de etanol direto DEFC (Direct<br />

Ethanol Fuel Cells), que são alimentadas<br />

com uma solução de<br />

água e etanol, sem a necessidade<br />

de conversão em hidrogênio,<br />

o que diminui os custos. O<br />

projeto visa criar carros elétricos<br />

que dispensariam a recarga externa<br />

de bateria, sendo necessário<br />

somente abastecer o veículo<br />

com etanol, assim como<br />

se faz com os veículos hoje.<br />

Os primeiros testes foram realizados<br />

pela Nissan em parceria<br />

com o IPEN (Instituto de Pesquisas<br />

Energéticas e Nucleares)<br />

seguido pela Volkswagen, que<br />

divulgou um projeto similar em<br />

parceira com a Unicamp (Universidade<br />

Estadual de Campinas),<br />

ambos visando desenvolver<br />

um sistema de célula de<br />

combustível usando o etanol<br />

como combustível para veículos<br />

elétricos, que seja viável e<br />

escalável comercialmente.<br />

O físico Fábio Fonseca do IPEN<br />

explica: “A tecnologia da célula<br />

a combustível a etanol permite<br />

abastecer o veículo com esse<br />

combustível em qualquer posto<br />

do país, como já ocorre hoje. A<br />

partir daí, o etanol é convertido<br />

[em moléculas de hidrogênio e<br />

gás carbônico] e o hidrogênio<br />

O etanol é uma fonte de energia renovável, reduz a<br />

dependência de combustíveis fósseis e minimiza<br />

as emissões de gases de efeito estufa, seu uso<br />

em veículos elétricos pode ser uma um caminho<br />

para maior sustentabilidade ambiental<br />

resultante do processo é injetado<br />

na célula, gerando a energia<br />

necessária para a propulsão<br />

do motor elétrico”<br />

O etanol emite menos gases<br />

poluentes do que os combustíveis<br />

fósseis, emissão esta que<br />

é neutralizada pelo plantio da<br />

cana-de-açúcar, fechando o ciclo<br />

de maneira sustentável.<br />

O etanol é uma fonte de energia<br />

renovável, reduz a dependência<br />

de combustíveis fósseis e minimiza<br />

as emissões de gases de<br />

efeito estufa, seu uso em veículos<br />

elétricos pode ser um caminho<br />

para maior sustentabilidade<br />

ambiental.<br />

Helen Jacintho é engenheira de<br />

alimentos por formaçaõ e trabalha<br />

há mais de 15 anos na Fazenda<br />

Continental, na Fazenda<br />

Regalito. Fez Business for Entrepreneurs<br />

na Universidade do Colorado.<br />

Também estudou marketing<br />

e carreira no agronegoćio.<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


COLHEITA<br />

<strong>Paraná</strong> sofre com chuvas,<br />

mas safra avança<br />

No acumulado, o volume produzido de cana-de-açúcar de 2.858.540<br />

toneladas é muito superior ao número observado no ano passado<br />

As chuvas ocorridas de<br />

forma isolada na região<br />

norte e noroeste<br />

do <strong>Paraná</strong> reduziram a<br />

moagem de cana-de-açúcar na<br />

segunda quinzena de abril para<br />

1.159.807 toneladas de cana.<br />

Mesmo assim, no acumulado<br />

desta safra o volume produzido<br />

de 2.858.540 toneladas é<br />

muito superior ao número observado<br />

na safra passada<br />

(2022/23) de apenas<br />

1.351.212 toneladas, um incremento<br />

de 111,6%, segundo<br />

o presidente da Alcopar, Miguel<br />

Tranin.<br />

De um modo geral, as usinas<br />

paranaenses começaram a colheita<br />

um pouco mais cedo que<br />

no ano passado e já esmagaram<br />

até o dia 1 de maio, quase<br />

10% dos 30.746.358 toneladas<br />

esperadas para a safra <strong>2023</strong>/<br />

24.<br />

A produção acumulada de<br />

açúcar foi de 159.093 toneladas,<br />

144,5% a mais do que o<br />

volume produzido no mesmo<br />

período da safra passada,<br />

65.081 toneladas. Como os<br />

levantamentos de safra ainda<br />

estão sendo feitos, a Alcopar<br />

tem trabalhado com a expectativa<br />

de produzir nesta safra<br />

30.746.358 toneladas, número<br />

semelhante ao do ano passado.<br />

Já a produção acumulada de<br />

etanol total soma 94,373 milhões<br />

de litros, 163,1% a mais<br />

do que na mesma data no ano<br />

anterior, 35,875 milhões de litros.<br />

Do volume total de etanol<br />

já produzido este ano, 50,607<br />

milhões de litros são de anidro<br />

e 43,766 milhões de litros de<br />

hidratado, respectivamente,<br />

176,8% e 148,8% a mais do<br />

que no mesmo período na safra<br />

anterior - 18,282 milhões de<br />

litros de anidro e 17,593 milhões<br />

de litros de hidratado.<br />

São esperados 1,061 bilhão de<br />

litros de etanol, sendo 571,783<br />

milhões de anidro e 489,749<br />

milhões de hidratado.<br />

O rendimento industrial<br />

(ATR/Tc) no acumulado é de<br />

115,32 Kgs, comparado com<br />

resultado do período anterior de<br />

96,25 Kgs/ATR, um aumento<br />

de 19,8%.<br />

4<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA <strong>2023</strong>/24<br />

Centro-Sul esmaga 34,82<br />

milhões de toneladas em abril<br />

Chuvas atrapalham início da colheita. Estima-se que as unidades<br />

produtoras sofreram uma perda de 10 dias de colheita no mês<br />

Asegunda quinzena da<br />

safra <strong>2023</strong>/24 foi<br />

marcada por um ritmo<br />

mais lento da produção<br />

em relação ao ciclo<br />

anterior em função do nível de<br />

chuvas mais intensos que inviabilizam<br />

a operacionalização<br />

da colheita da cana-de-açúcar.<br />

Foram processadas 21 milhões<br />

de toneladas frente a<br />

24,01 milhões da safra 2022/<br />

23 - o que representa uma retração<br />

de 12,54%. No acumulado<br />

da safra <strong>2023</strong>/24, a moagem<br />

atingiu 34,82 milhões de<br />

toneladas, ante 29,30 milhões<br />

de toneladas registradas no<br />

mesmo período no ciclo 2022/<br />

23 - um avanço de 18,82%.<br />

Em razão das condições climáticas,<br />

o ritmo da moagem<br />

na segunda metade de abril da<br />

safra <strong>2023</strong>/24 ficou aquém do<br />

processamento histórico potencial<br />

de cana-de-açúcar para<br />

o período. Estima-se que as<br />

unidades produtoras sofreram<br />

uma perda de 10 dias de colheita,<br />

nesse primeiro mês da<br />

safra.<br />

Na segunda metade de abril,<br />

44 unidades deram início à<br />

safra <strong>2023</strong>/2024. Ao término<br />

da quinzena, permanecem em<br />

operação 209 unidades no<br />

Centro-Sul, sendo 197 unidades<br />

com processamento de<br />

Produção de açúcar e etanol<br />

A produção de açúcar na segunda<br />

quinzena de abril totalizou<br />

988,97 mil toneladas. Essa<br />

quantidade, quando comparada<br />

àquela registrada na safra<br />

2022/<strong>2023</strong> de 934,27 mil toneladas,<br />

representa um aumento<br />

de 5,85%. No acumulado<br />

desde 1º de abril, a fabricação<br />

do adoçante totaliza<br />

1,53 milhão de toneladas, contra<br />

1,07 milhão de toneladas<br />

do ciclo anterior (+43,65%).<br />

Na segunda metade de abril,<br />

977,91 milhões de litros<br />

(-11,19%) de etanol foram fabricados<br />

pelas unidades do<br />

Centro-Sul. Do volume total<br />

produzido, o etanol hidratado<br />

alcançou 630,17 milhões de litros<br />

(-27,59%), enquanto a<br />

produção de etanol anidro totalizou<br />

347,74 milhões de litros<br />

(+50,70%). No acumulado<br />

desde o início do atual ciclo<br />

agrícola até 30 de abril, a fabricação<br />

do biocombustível totalizou<br />

1,76 bilhão de litros<br />

(+17,45%), sendo 1,12 bilhão<br />

de etanol hidratado (-10,42%)<br />

e 634,40 milhões de anidro<br />

(+161,17%).<br />

Mercado de CBios<br />

Do total de etanol na segunda<br />

quinzena da safra, 20% foram<br />

fabricados a partir do milho,<br />

registrando produção de<br />

195,91 milhões de litros neste<br />

ano, contra 116,54 milhões de<br />

litros no mesmo período do<br />

ciclo 2022/<strong>2023</strong> - aumento de<br />

68,10%. No acumulado desde<br />

o início da safra, a produção de<br />

etanol de milho atingiu 432,25<br />

milhões de litros - avanço de<br />

53,83% na comparação com<br />

igual período do ano passado.<br />

Dados da B3 registrados até o<br />

dia 09 de maio indicam a<br />

emissão de 10,93 milhões de<br />

CBios em <strong>2023</strong>. Até a data<br />

supracitada, a parte obrigada<br />

do programa RenovaBio havia<br />

adquirido cerca de 44,30 milhões<br />

de créditos de descarbonização.<br />

Esse valor considera<br />

o estoque de passagem<br />

da parte obrigada em 2021<br />

somada com os créditos adquiridos<br />

em 2022 e <strong>2023</strong>, até<br />

o momento, estejam eles ativos<br />

ou aposentados. O horizonte<br />

temporal selecionado<br />

cobre as aquisições que compreenderão<br />

os créditos utilizados<br />

para atendimento das metas<br />

de 2022, cujo prazo havia<br />

sido postergado, e <strong>2023</strong>.<br />

cana-de-açúcar, 7 empresas<br />

que fabricam etanol a partir do<br />

milho e 5 usinas flex. No mesmo<br />

período, na safra 2022/<br />

<strong>2023</strong>, havia 184 unidades produtoras<br />

em atividade.<br />

A despeito da queda na moagem,<br />

a qualidade da matériaprima<br />

registrou melhora, de<br />

modo que o nível de Açúcares<br />

Totais Recuperáveis (ATR) registrado<br />

na segunda quinzena<br />

de abril foi de 112,79 kg de<br />

ATR por tonelada de cana-deaçúcar,<br />

contra 110,22 kg por<br />

tonelada na safra 2022/<strong>2023</strong> –<br />

variação positiva de 2,34%. No<br />

acumulado do mês, o indicador<br />

marca o valor de 110,88<br />

kg de ATR por tonelada<br />

(+2,54%).<br />

Vendas de etanol<br />

No mês de abril, as vendas de<br />

etanol totalizaram 2,08 bilhões<br />

de litros, o que representa uma<br />

queda de 5,97% em relação ao<br />

mesmo período da safra 2022/<br />

<strong>2023</strong>. A quebra por produto<br />

compreende uma comercialização<br />

de 1,21 bilhão de litros de<br />

hidratado (+14,17%) e 870,25<br />

milhões de litros de etanol anidro<br />

(+8,44%).<br />

Quanto aos negócios realizados<br />

em mercado doméstico, o<br />

volume de etanol hidratado totalizou<br />

1,12 bilhão de litros, o<br />

que significa uma queda de<br />

18,46% em relação ao mesmo<br />

período da safra anterior. A<br />

venda de etanol anidro, por<br />

outro lado, atingiu a marca de<br />

833,77 milhões de litros, o que<br />

representa um crescimento de<br />

13,78%.<br />

O cenário supracitado se inverte<br />

para as transações relacionadas<br />

à exportação, cujo<br />

volume de etanol hidratado variou<br />

positivamente em 143,52%<br />

no mês de abril, registrando<br />

90,76 milhões de litros comercializados,<br />

enquanto o etanol<br />

anidro desfrutou de uma queda<br />

de 47,70% e vendas de 36,48<br />

milhões de litros.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

5


MERCADO<br />

Cenário para o açúcar<br />

é bastante positivo<br />

Mas, para o etanol, há uma forte dependência das medidas governamentais,<br />

segundo Martinho Ono, especialista em mercado de bioenergia<br />

Um cenário com boas<br />

perspectivas de safra<br />

e mercado, mas<br />

repleto de desafios.<br />

A safra de cana-de-açúcar<br />

tende a ser maior, mas, em<br />

um ano chuvoso, o que pode<br />

dificultar o processamento. As<br />

perspectivas são boas para o<br />

mercado de açúcar, mas não<br />

tão favoráveis para o etanol.<br />

Esse é o resumo do panorama<br />

traçado pelo especialista em<br />

mercado de bioenergia Martinho<br />

Ono, presidente da SCA<br />

Brazil Ethanol empresa de comercialização<br />

de etanol, que<br />

falou sobre o assunto em palestra,<br />

dia 28 de abril, na sede<br />

da Alcopar, em Maringá, a diretores<br />

e representantes das<br />

indústrias sucroenergéticas<br />

do <strong>Paraná</strong>.<br />

“Temos uma safra grande pela<br />

frente, depois de dois anos<br />

ruins, com o desafio de colher<br />

um volume maior de cana-deaçúcar<br />

em um ano que promete<br />

ser bastante chuvoso.<br />

Em ano de El Niño, com aumento<br />

de chuvas em nossa<br />

região, é preciso considerar<br />

se será possível moer toda a<br />

cana disponível no campo”,<br />

afirma Martinho.<br />

Segundo o especialista de<br />

mercado, vários importantes<br />

produtores de açúcar tiveram<br />

frustração de safra. As projeções<br />

de menor produção de<br />

açúcar na Índia, Tailândia,<br />

China e União Europeia e o<br />

atraso na colheita da cana-deaçúcar<br />

no Brasil, devido às<br />

chuvas, já vinham impulsionando<br />

as cotações externas<br />

do açúcar, que estão com preços<br />

elevados e oferta fraca no<br />

mundo. Por isso, o mercado<br />

está de olho no Brasil como<br />

fornecedor para atender a demanda<br />

mundial de açúcar,<br />

mas, o clima preocupa e a logística<br />

tem se apresentado<br />

como um grande desafio, especialmente<br />

quanto a movimentação<br />

portuária, para exportar<br />

todo esse açúcar.<br />

Agora, com as expectativas<br />

da ocorrência do fenômeno<br />

climático El Niño, aumentaram<br />

as incertezas quanto à produção<br />

do adoçante no mundo.<br />

Se isso acontecer, poderá provocar<br />

diversos efeitos climáticos<br />

em todo o mundo. No<br />

Brasil, pode causar um inverno<br />

mais úmido, o que dificultaria<br />

a colheita da cana, atrapalhando<br />

o ritmo e volume de<br />

moagem, e reduziria a concentração<br />

de sacarose na<br />

planta. Também, o El Niño geralmente<br />

leva as regiões da<br />

América Central, Índia e Tailândia<br />

a um clima mais seco<br />

do que o normal durante a janela<br />

mais importante para o<br />

desenvolvimento da cana. Na<br />

Europa, como no Brasil , a<br />

ocorrência de um o El Niño<br />

mais forte pode levar ao prolongamento<br />

do período de<br />

chuvas, dificultando a colheita<br />

da beterraba.<br />

“A evolução da safra do Brasil<br />

e a importação da China deixam<br />

em atenção o mercado.<br />

Para os produtores brasileiros<br />

é uma oportunidade de<br />

aproveitar os preços melhores<br />

e fixar o açúcar no futuro”,<br />

orienta Martinho, ressaltando<br />

que os preços da commodity<br />

devem permanecer em níveis<br />

elevados na safra, trazendo<br />

perspectivas de preços<br />

altamente remuneradores ao<br />

setor sucroenergético brasileiro.<br />

As vendas de etanol em abril<br />

vieram em um bom ritmo,<br />

avalia Martinho, mas, “precisa<br />

aumentar para o mercado dar<br />

conta de absorver toda a produção<br />

do biocombustível que<br />

vem por aí”. O mesmo em relação<br />

a exportação, cuja expectativa<br />

é ficar abaixo dos<br />

volumes exportados no ano<br />

passado. “O produto etanol<br />

tem dependência forte das<br />

medidas governamentais, especialmente<br />

quanto à tributação<br />

e à proteção ao preço da<br />

gasolina”, comenta o especialista<br />

de mercado. Por conta<br />

disso, acredita que as perspectivas<br />

para o etanol não são<br />

tão favoráveis, já que há muitos<br />

fatores interferindo.<br />

“Antes, as tendências de mercado<br />

eram mais simples de<br />

serem avaliadas. Atualmente,<br />

há muitos fatores que interferem,<br />

mudanças políticas,<br />

nuances, área tributária, há<br />

muitos solavancos. Ficou<br />

mais difícil estabelecer estratégias<br />

de produção e comercialização.<br />

A entressafra era<br />

uma oportunidade de fazer<br />

estoque durante o ano e obter<br />

preços diferenciados no período.<br />

Com a produção crescente<br />

do etanol de milho, a<br />

entressafra deixa de ser interessante.<br />

Tem que começar a<br />

olhar o mercado de outra<br />

forma. Etanol de milho é bem<br />

vindo, mas, o setor tem que<br />

mudar sua estratégia.<br />

Quanto aos CBios/RenovaBio,<br />

foram reestabelecidas as metas<br />

e prazos de aposentadoria,<br />

o que deve levar a uma valorização<br />

substancial dos CBios<br />

nos próximos meses, acredita<br />

Martinho. “Com pressão de<br />

compra e níveis de estoques<br />

atuais, devem ter bons preços<br />

no ano. A permissão dos contratos<br />

de longo prazo vai trazer<br />

benefícios na compra de<br />

CBios das distribuidoras. Isso<br />

beneficia e permite ao setor<br />

assegurar o mercado de etanol<br />

com prazo mais dilatado,<br />

dois a três anos, em vez de 12<br />

meses”. A meta de aposentadoria<br />

de CBios em 2022 passou<br />

para o mês 9/<strong>2023</strong>, a<br />

meta de <strong>2023</strong> foi para<br />

31/3/2024 e a de 2024, para<br />

31/12/2024, fechando dentro<br />

do ano.<br />

6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


El Niño durante maio e agosto<br />

preocupa produção de açúcar<br />

no ciclo <strong>2023</strong>/24. Em novo<br />

relatório “El Niño e seus efeitos<br />

no mercado de commodities”,<br />

a hEDGEpoint Global<br />

Markets detalha a relação dos<br />

padrões climáticos e seus<br />

efeitos na oferta de açúcar.<br />

Se o fenômeno for mais forte,<br />

o Brasil, principal fornecedor<br />

de açúcar, também pode sofrer,<br />

pois um inverno mais<br />

úmido pode prejudicar a concentração<br />

de sacarose e atrapalhar<br />

o ritmo de moagem. O<br />

El Niño geralmente leva a região<br />

América Central, Índia e<br />

DOIS<br />

El Niño<br />

Tailândia a um clima mais<br />

seco do que o normal durante<br />

a janela mais importante para<br />

o desenvolvimento da cana.<br />

Na Europa, como no Brasil , a<br />

PONTOS<br />

ocorrência de um o El Niño<br />

mais forte pode levar ao prolongamento<br />

do período de<br />

chuvas dificultando a colheita<br />

da beterraba.<br />

O Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

Econômico e Social<br />

aumentou em mais R$ 2<br />

bilhões os recursos disponíveis<br />

em sua linha de financiamento<br />

rural para produtores<br />

agrícolas que têm receita em<br />

dólar ou atrelada à moeda. A<br />

linha foi anunciada em abril,<br />

inicialmente com disponibilidade<br />

de R$ 2 bilhões, e beneficia<br />

com taxas mais baixas<br />

BNDES<br />

os agricultores que cultivam<br />

produtos de exportação. Segundo<br />

o governo, a demanda<br />

inicial superou os R$ 2 bilhões<br />

ofertados, por isso a<br />

duplicação do valor inicial. A<br />

linha tem taxa de juros fixa de<br />

7,59% ao ano mais a variação<br />

do câmbio, até 24 meses de<br />

carência e até 120 meses de<br />

prazo para pagamentos do financiamento.<br />

Hidrogênio<br />

Estudo da Universidade de São Paulo (USP) pretende abrir nova possibilidade de energia<br />

limpa para descarbonizar a frota brasileira. O hidrogênio ainda não é considerado uma alternativa<br />

viável aos combustíveis fósseis no mundo, pois ainda apresenta barreiras consideradas<br />

de alto custo, como a cadeia produtiva, armazenamento complexo e a<br />

infraestrutura necessária para seu uso. Um estudo realizado na Universidade de São Paulo<br />

(USP) quer mostrar como o etanol pode viabilizar a produção de hidrogênio renovável<br />

com importantes vantagens tanto para o meio ambiente quanto para o bolso. O custo do<br />

hidrogênio ‘verde’ obtido a partir do etanol é bem mais barato do que o valor do hidrogênio<br />

obtido a partir da eletrólise da água e também do hidrogênio a partir do gás natural. Além<br />

disso, a pegada de carbono do hidrogênio gerado pelo etanol é menor do que na eletrólise<br />

da água, mesmo com a matriz renovável de eletricidade disponível no país.<br />

Células de combustível<br />

A Ford testará uma pequena<br />

frota de protótipos de versões<br />

de célula de combustível de<br />

hidrogênio de seu modelo elétrico<br />

E-Transit para ver se o<br />

formato é uma opção viável<br />

de emissão zero para clientes<br />

que transportam mercadorias<br />

pesadas por longas distâncias.<br />

Os veículos com células<br />

de combustível de hidrogênio,<br />

em que o hidrogênio se mistura<br />

com oxigênio para produzir<br />

água e energia para alimentar<br />

uma bateria, podem<br />

reabastecer em minutos e têm<br />

um alcance muito maior do<br />

que aqueles com baterias elétricas.<br />

Mas há grandes desafios<br />

a serem superados<br />

para a adoção em massa de<br />

células de combustível de hidrogênio,<br />

incluindo a falta de<br />

postos de abastecimento e hidrogênio<br />

verde feito com<br />

energia renovável para alimentá-los.<br />

Energia mais cara matou mais<br />

europeus do que a Covid-19 no<br />

último inverno. Depois que a<br />

Rússia invadiu a Ucrânia, em<br />

fevereiro de 2022, os preços de<br />

gás para a Europa dispararam.<br />

Embora os custos no atacado<br />

tenham caído em todo o continente<br />

agora, os preços domésticos<br />

da eletricidade e do gás,<br />

em comparação com dois<br />

anos anteriores subiram espantosos<br />

69% e 145% no inverno<br />

Energia<br />

passado. Os altos preços da<br />

energia desencorajam as pessoas<br />

a aquecer suas casas<br />

adequadamente, e viver em<br />

condições de frio aumenta o<br />

risco de problemas cardíacos e<br />

respiratórios. Em novembro, a<br />

The Economist previu que a<br />

energia cara poderia levar entre<br />

22.000 e 138.000 pessoas à<br />

morte durante um inverno<br />

ameno na Europa. Infelizmente,<br />

estavam certos.<br />

8<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


O Ministério de Minas e<br />

Energia deve criar um grupo<br />

de trabalho para estudar o<br />

aumento do porcentual de<br />

etanol anidro - hoje de até<br />

27,5% - na mistura da gasolina.<br />

O porcentual a ser avaliado<br />

é de 30%, informaram<br />

fontes ligadas à Pasta. Entre<br />

os benefícios avaliados está<br />

a redução da dependência<br />

externa da gasolina importada,<br />

de emissões de gasesestufa<br />

pela menor pegada<br />

de carbono do etanol e do<br />

preço da gasolina no médio<br />

STF<br />

O Supremo Tribunal Federal<br />

(STF) negou a liminar do ministro<br />

André Mendonça que<br />

havia suspendido todos os<br />

processos que tratam da<br />

compra de terras por empresas<br />

de capital majoritário estrangeiro.<br />

A liminar havia atendido<br />

a pedido da Ordem dos<br />

Advogados do Brasil, que alegou<br />

a necessidade de preservar<br />

a segurança jurídica, pois<br />

há muitas decisões judiciais<br />

divergentes em relação à lei<br />

Mais influentes<br />

O diretor da Fenasucro & Agrocana, Paulo<br />

Montabone, está entre os 100 mais influentes<br />

do Agronegócio <strong>2023</strong>. A premiação, considerada<br />

o "Oscar do Agronegócio", é<br />

realizada pelo Grupo Mídia, por meio da Revista<br />

Agro World, e homenageia as pessoas<br />

que mais se destacaram nos últimos 12<br />

meses no setor. Paulo Montabone é formado<br />

em marketing com especialização em gestão<br />

de produção do setor sucroalcooleiro pela<br />

UFSCar. Há 29 anos atua na Fenasucro &<br />

Agrocana, sendo que nos últimos nove anos<br />

está à frente do time que realiza a maior e<br />

única feira do mundo exclusivamente voltada<br />

à cadeia de produção bioenergética.<br />

Taxação<br />

Não há no governo do presidente<br />

Luiz Inácio Lula da<br />

Silva qualquer movimento<br />

para taxar as exportações<br />

agropecuárias, mas isso<br />

não significa que o setor<br />

possa deixar de estar “vigilante”<br />

neste tema, disse o<br />

ministro de Agricultura, Carlos<br />

Fávaro. “Taxar exportação<br />

é exportar empregos.<br />

Se nós cometermos o mesmo<br />

erro que os nossos vizinhos<br />

amigos argentinos<br />

Etanol<br />

que regulamenta a medida. A<br />

rejeição da liminar não implica<br />

na rejeição do mérito. As<br />

ações que discutem a lei que<br />

trata da compra de terras por<br />

estrangeiros ainda serão apreciadas<br />

pelo plenário do STF<br />

fizeram, nós vamos matar a<br />

agropecuária brasileira. Por<br />

isso, o papel do Congresso<br />

com todo o meu apoio,<br />

como ministro da Agricultura,<br />

de não deixar…”, afirmou<br />

Fávaro.<br />

prazo. O governo espera<br />

ainda que seja possível a utilização<br />

de motores mais<br />

modernos.<br />

PIB Global<br />

Centro Sul<br />

A Canaplan estima que o Centro-Sul<br />

do Brasil vai processar<br />

entre 593 milhões de toneladas<br />

e 595 milhões de toneladas<br />

de cana-de-açúcar na<br />

safra <strong>2023</strong>/24, que começou<br />

em abril último e vai se encerrar<br />

em março de 2024. A consultoria<br />

prevê, ainda, produção<br />

de açúcar entre 36 milhões<br />

de toneladas e 36,8 milhões<br />

de toneladas no ciclo. A<br />

fabricação de etanol a partir<br />

Orplana<br />

O fraco desempenho da economia<br />

brasileira nos últimos<br />

anos levou a uma perda de relevância<br />

do País no cenário<br />

mundial. Ao fim deste ano, a<br />

participação do Produto Interno<br />

Bruto do Brasil na economia<br />

global deve responder<br />

2,3%, a mais baixa desde<br />

1980, quando teve início a<br />

série histórica do Fundo Monetário<br />

Internacional. A perda<br />

de participação do PIB brasileiro<br />

vem ocorrendo seguidamente<br />

- na década de 1980,<br />

o Brasil chegou a responder<br />

por 4% da economia do<br />

mundo - e deve seguir em<br />

queda pelos próximos anos. O<br />

que ajuda a explicar a perda<br />

de relevância do Brasil é o<br />

baixo crescimento registrado<br />

ao longo de quase 40 anos. O<br />

desempenho do PIB brasileiro<br />

tem sido inferior ao de outras<br />

economias, sobretudo, na<br />

comparação com as emergentes.<br />

da cana foi estimada entre<br />

25,7 bilhões de litros e 25,8<br />

bilhões de litros no período. Já<br />

o milho será responsável por<br />

gerar 6,2 bilhões de litros do<br />

biocombustível na temporada.<br />

Em 2022/23, as usinas moeram<br />

548 milhões de toneladas<br />

de cana e produziram 33,7<br />

milhões de toneladas de açúcar,<br />

além de 28,9 bilhões de litros<br />

de etanol, somando cana<br />

e milho.<br />

A Orplana - Organização das<br />

Associações de Produtores de<br />

Cana do Brasil tem um novo<br />

CEO. O engenheiro agrônomo<br />

José Guilherme Ambrósio Nogueira<br />

foi anunciado no cargo<br />

para representar a entidade<br />

que compõe 32 associações<br />

de fornecedores de cana. Com<br />

mais de 14 anos de experiência<br />

em gestão de negócios e<br />

planejamento estratégico dentro<br />

de empresas cooperativas<br />

e associações ligadas ao agronegócio,<br />

José Guilherme Nogueira<br />

já teve passagens pela<br />

COPLANA (Cooperativa Agroindustrial),<br />

Terreos, SOCICANA<br />

(Associação dos Fornecedores<br />

de Cana), Sebrae e Markestral.<br />

Nogueira é formado em Engenharia<br />

Agronônima pela<br />

Unesp, tem mestrado em Administração<br />

pela USP, pós-graduação<br />

em Gerenciamento de<br />

Projetos pela FGV e em Negócios<br />

pela Harvard Business<br />

School.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

9


EVENTO<br />

Cooperval marca<br />

presença na Expoingá<br />

Objetivo foi divulgar seus mais novos produtos - o DDG E WDG, dando<br />

visibilidade aos produtos. A usina é a única do <strong>Paraná</strong> a produzir o alimento animal<br />

Pelo terceiro ano consecutivo<br />

a Cooperval<br />

- Cooperativa Agroindustrial<br />

Vale do Ivaí<br />

Ltda., com sede no município<br />

de Jandaia do Sul, marca presença<br />

com um estande na 49ª<br />

Expoingá - Exposição Agropecuária<br />

de Maringá, no Parque<br />

de Exposições Francisco Feio<br />

Ribeiro, que aconteceu de 4 a<br />

14 de maio.<br />

O objetivo do trabalho foi divulgar<br />

seus mais novos produtos<br />

- o DDG (Dried<br />

Destillers Grains - Grãos<br />

Secos de Destilaria) e WDG<br />

O Dia das Mães na Cooperval<br />

este ano foi marcado por duas<br />

ações: uma interna voltada<br />

para as colaboradoras, onde<br />

cada mãe recebeu uma caneca<br />

em homenagem ao seu dia, e<br />

outra externa, homenageando<br />

mães da comunidade. A ação<br />

externa do Dia das Mães foi organizada<br />

pelo comitê de jovens<br />

funcionários da Cooperval, que<br />

apoiados pela cooperativa, se<br />

mobilizaram para arrecadar<br />

fundos e comprar uma pantufa<br />

para cada mãe interna do asilo<br />

de Jandaia do Sul.<br />

(Wet Destillers Grains - Grãos<br />

Úmidos de Destilaria), dando<br />

visibilidade aos produtos usados<br />

como ração na alimentação<br />

animal - pecuária de corte<br />

e leite, avicultura e suinocultura,<br />

devido a excelente composição<br />

nutricional.<br />

O WDG são os sólidos grosseiros<br />

separados da vinhaça<br />

depois da destilação, e o DDG<br />

é o mesmo produto só que<br />

depois de um processo de secagem,<br />

tendo então sua umidade<br />

reduzida de cerca de<br />

70% para apenas 11%. São<br />

dois produtos muito palatáveis,<br />

de grande aceitação pelos<br />

animais, além de terem altos<br />

teores de proteína, gordura<br />

e fibra de alta digestibilidade.<br />

Estudos já comprovaram<br />

que a substituição de<br />

até 40% do grão das dietas de<br />

terminação, por WDG aumentaram<br />

em até 15% a conversão<br />

alimentar.<br />

Mães são homenageadas<br />

A Usina Cooperval é a única<br />

do <strong>Paraná</strong> a produzir os dois<br />

subprodutos do milho a partir<br />

da produção de etanol do<br />

grão. Com uma estrutura<br />

flex para processamento de<br />

etanol a partir da cana-deaçúcar<br />

e do milho, desde<br />

2018, a Cooperval é pioneira<br />

na produção de etanol de<br />

milho no <strong>Paraná</strong>, e de seus<br />

subprodutos - DDG e o<br />

WDG.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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