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previsão de inadimplência em operações de microcrédito

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XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO<br />

Maturida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>safios da Engenharia <strong>de</strong> Produção: competitivida<strong>de</strong> das <strong>em</strong>presas, condições <strong>de</strong> trabalho, meio ambiente.<br />

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010.<br />

PREVISÃO DE INADIMPLÊNCIA EM<br />

OPERAÇÕES DE MICROCRÉDITO<br />

César Moreira Alves (FNH)<br />

admcesarma@yahoo.com.br<br />

Marcos Antônio <strong>de</strong> Camargos (IBMEC-MG)<br />

marcosac@ibmecmg.br<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é i<strong>de</strong>ntificar e analisar os fatores<br />

condicionantes da <strong>inadimplência</strong> nas <strong>operações</strong> <strong>de</strong> crédito concedidos<br />

por duas instituições <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong>, o BLUSOL <strong>de</strong> Santa Catarina e<br />

o Banco do Empreen<strong>de</strong>dor do Maranhão. Foi rrealizada uma pesquisa<br />

quantitativa com dados socioeconômicos e dos financiamentos<br />

concedidos no período <strong>de</strong> 2003 a 2009, por meio <strong>de</strong> um corte<br />

transversal composto <strong>de</strong> 20.033 contratos <strong>de</strong> crédito. Para a análise<br />

dos dados, foi utilizado o método estatístico dos Mo<strong>de</strong>los Lineares<br />

Generalizados (MLGs). As variáveis apontadas com maior<br />

representativida<strong>de</strong> na classificação dos grupos para predizer ou<br />

classificar um contrato como adimplente ou inadimplente, foram<br />

FINCRED (finalida<strong>de</strong> do crédito), BANCO (banco <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>),<br />

OPERACAO (tipo <strong>de</strong> operação) e FINCRED:FORM_INF (finalida<strong>de</strong><br />

do crédito segundo tipo <strong>de</strong> operação da ativida<strong>de</strong>). Conclui-se que o<br />

mo<strong>de</strong>lo estatístico utilizado foi eficaz no alcance dos objetivos<br />

propostos, com probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>previsão</strong> correta da <strong>inadimplência</strong> <strong>de</strong><br />

83,67%. Portanto, apesar das especificida<strong>de</strong>s do <strong>microcrédito</strong>, é<br />

possível a utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los estatísticos, como instrumentos <strong>de</strong><br />

apoio ao processo <strong>de</strong> concessão e avaliação do risco <strong>de</strong> crédito e na<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

Palavras-chaves: Inadimplência, Microcrédito, Risco <strong>de</strong> Crédito


1 INTRODUÇÃO<br />

As instituições <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong>, por meio <strong>de</strong> uma metodologia diferenciada <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong><br />

crédito, se <strong>de</strong>stacam como uma alternativa socioeconômica <strong>de</strong> inserção social <strong>de</strong> cidadãos<br />

menos privilegiados na dinâmica da economia e como uma alternativa importante <strong>de</strong> ação <strong>de</strong><br />

combate à pobreza, apresentando o crédito para esses <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dores como uma mola<br />

propulsora das micro<strong>em</strong>presas e dos <strong>em</strong>preendimentos da economia informal, conferindo<br />

melhoria das condições <strong>de</strong> vida do <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor e suas famílias.<br />

Os <strong>em</strong>preendimentos informais e micro<strong>em</strong>presas formais, b<strong>em</strong> como a mitigação da<br />

<strong>inadimplência</strong> <strong>de</strong>mandam ferramentas financeiras <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> crédito, que é fundamental para<br />

possibilitar o acesso aos bens <strong>de</strong> produção que permitirão aumentar investimentos <strong>em</strong> ativos<br />

fixos e ao mesmo t<strong>em</strong>po, manter um volume a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro, proporcionando<br />

aumento das vendas e possíveis melhorias no resultado.<br />

Um dos maiores <strong>em</strong>pecilhos para que se amplie a oferta <strong>de</strong> crédito é o custo <strong>de</strong> transação das<br />

<strong>operações</strong> <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong> a ser<strong>em</strong> efetuadas com as camadas mais pobres da população e,<br />

principalmente, com a economia informal, uma vez que esses custos são elevados. Segundo<br />

Desai e Mellor (1993), os custos <strong>de</strong> transação po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> duas naturezas: 1. administrativos<br />

que envolv<strong>em</strong> o monitoramento dos <strong>em</strong>préstimos; e, 2. <strong>de</strong> risco, associado às incertezas da<br />

transação. No primeiro caso, os custos <strong>de</strong> se <strong>em</strong>prestar para essa população são altos <strong>de</strong>vido à<br />

<strong>de</strong>sproporção do custo por <strong>em</strong>préstimo cedido <strong>em</strong> relação ao valor do <strong>em</strong>préstimo. São muitos<br />

<strong>em</strong>préstimos <strong>de</strong> pequeno valor, gerando altos custos administrativos. No segundo caso, o risco<br />

está associado à assimetria <strong>de</strong> informações, essencialmente pelo baixo nível <strong>de</strong> organização<br />

<strong>de</strong>sses <strong>em</strong>preendimentos.<br />

Segundo Nichter (2002), um dos motivos para a elevação da taxa <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> das<br />

carteiras <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong> das Instituições <strong>de</strong> Microfinanças (IMFs) advém do <strong>de</strong>svirtuamento<br />

da metodologia <strong>de</strong> concessão do crédito, ao não ser<strong>em</strong> <strong>em</strong>pregados métodos característicos <strong>de</strong><br />

concessão como o aval solidário. A <strong>inadimplência</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada o principal probl<strong>em</strong>a<br />

do setor microfinanceiro, pois uma gestão ineficiente da carteira <strong>de</strong> crédito aumenta os custos<br />

da transação e inviabiliza a sustentabilida<strong>de</strong> financeira e o crescimento da organização.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste artigo é i<strong>de</strong>ntificar e analisar as características socioeconômicas dos<br />

<strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dores, econômico-financeiras das <strong>em</strong>presas, b<strong>em</strong> como contratuais, visando<br />

i<strong>de</strong>ntificar os fatores condicionantes da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> nas <strong>operações</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>microcrédito</strong> concedidos por duas importantes IMFs brasileiras, a Instituição Comunitária <strong>de</strong><br />

Crédito Solidarieda<strong>de</strong> (BLUSOL) <strong>de</strong> Santa Catarina e o Banco do Empreen<strong>de</strong>dor do<br />

Maranhão (BEM). Na seqüência, após essa introdução, a seção 2 apresenta os conceitos e<br />

teorias para o entendimento e gerenciamento do <strong>microcrédito</strong> no Brasil. A metodologia<br />

utilizada e os resultados são apresentados nas seções 3 e 4, respectivamente. Encerra-se com<br />

as conclusões e consi<strong>de</strong>rações finais na seção 5, seguidas das referências.<br />

2 REFERENCIAL TEÓRICO<br />

2.1 Microcrédito<br />

O conceito efetivo <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong> possui várias formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição, mas a idéia <strong>de</strong> maior<br />

precisão seria aquela que o <strong>de</strong>fine como “um crédito <strong>de</strong> pequeno valor concedido aos micros e<br />

pequenos <strong>em</strong>preendimentos (<strong>de</strong> base individual, familiar, comunitária ou <strong>em</strong>presarial) para<br />

ser utilizado <strong>de</strong> forma produtiva, na construção, manutenção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sses<br />

2


<strong>em</strong>preendimentos” (COUTINHO, 2002, p. 23). Entretanto, há que se consi<strong>de</strong>rar o fato <strong>de</strong> que<br />

o <strong>microcrédito</strong> aten<strong>de</strong> às necessida<strong>de</strong>s dos pequenos <strong>em</strong>preendimentos, no que se refere ao<br />

suprimento dos recursos, e ainda, consi<strong>de</strong>ra suas condições econômicas e as relações sociais<br />

do tomador.<br />

Para Alves e Soares (2003, p. 6), o que se <strong>de</strong>fine, hoje, como <strong>microcrédito</strong> é "a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conce<strong>de</strong>r crédito <strong>de</strong> pequena monta e diferencia-se dos <strong>de</strong>mais <strong>em</strong>préstimos essencialmente<br />

pela metodologia utilizada". Nesse sentido, o processo <strong>de</strong> análise e concessão é diferenciado,<br />

o crédito é assistido e orientado, os agentes buscam por meio <strong>de</strong> visitas aos <strong>em</strong>preendimentos<br />

alternativas para melhoria da gestão. Segundo Parente (2005), constitui-se <strong>em</strong> um segmento<br />

novo e <strong>em</strong> acelerado <strong>de</strong>senvolvimento, no qual se combinam diversos atores com o objetivo<br />

<strong>de</strong> estruturar serviços financeiros sustentáveis para a população <strong>de</strong> baixa renda, sejam<br />

cidadãos, famílias, <strong>em</strong>preendimentos informais ou micro-<strong>em</strong>presas formais.<br />

Segundo Amaral (2005), o conceito <strong>de</strong> microfinanças incorpora e amplia o conceito <strong>de</strong><br />

<strong>microcrédito</strong>, pois além do crédito, oferta <strong>em</strong> seu portfolio outros produtos financeiros, como<br />

poupança e seguros. Portanto, Nichter (2002) ressalta a importância <strong>de</strong> esclarecer a distinção<br />

entre <strong>microcrédito</strong> e microfinanças que é outro termo econômico, porém, mais abrangente: o<br />

<strong>microcrédito</strong> circunscreve-se ao ato <strong>de</strong> <strong>em</strong>prestar recursos próprios ou <strong>de</strong> terceiros, enquanto<br />

o conceito <strong>de</strong> microfinanças vai além <strong>de</strong>ssa ação, incluindo outros serviços financeiros como<br />

as micropoupanças, microseguros, entre outros.<br />

O objetivo principal <strong>de</strong> uma IMF <strong>de</strong>ve ser o alcance e o impacto sobre a população <strong>de</strong> baixa<br />

renda, auxiliando na redução da pobreza. Entretanto, a sustentabilida<strong>de</strong> financeira é<br />

fundamental para que os programas possam ofertar o crédito <strong>em</strong> longo prazo.<br />

2.2 Risco <strong>de</strong> Crédito e Concessão <strong>de</strong> Microcrédito<br />

O risco está presente rotineiramente <strong>em</strong> todos os atos <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> uma organização. A<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perda é inerente à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito e não po<strong>de</strong> ser eliminada. Nesse<br />

sentido, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se procurar alternativas para minimizar o risco <strong>de</strong> perda, reduzindo o nível <strong>de</strong><br />

incerteza.<br />

De acordo com Guimarães e Souza (2007), a concessão <strong>de</strong> crédito configura-se como<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>vido às várias possibilida<strong>de</strong>s que permeiam o <strong>de</strong>vedor no que se refere à<br />

capacida<strong>de</strong> e à pretensão <strong>de</strong> pagamento. Assim, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> por parte do<br />

<strong>de</strong>vedor caracteriza-se como risco <strong>de</strong>terminante no momento <strong>de</strong> concessão do crédito.<br />

Segundo Parente (2007), a concessão <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong> não exige garantias reais como o<br />

crédito tradicional, sendo o aval solidário uma das garantias, a qual por sua vez consiste na<br />

reunião <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> três a cinco pessoas, com pequenos negócios e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

crédito, que assumam a responsabilida<strong>de</strong> solidária pelo crédito grupal. No sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

concessão <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong>, direcionado para a população <strong>de</strong> baixa renda, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> uma metodologia alternativa para a concessão <strong>de</strong> crédito, que possa superar a falta <strong>de</strong><br />

informações disponíveis e as garantias tradicionais <strong>de</strong>ssas <strong>operações</strong>, ocorre com a adoção <strong>de</strong><br />

visitas in loco e a entrevista com os tomadores, realizada pelo agente <strong>de</strong> crédito, que utiliza a<br />

intuição e sua experiência na execução das suas ativida<strong>de</strong>s. É importante <strong>de</strong>stacar que, para o<br />

segmento <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong>, uma alternativa viável para elevar as liberações dos <strong>em</strong>préstimos e<br />

reduzir os custos incorridos com a exigência <strong>de</strong> garantias reais, seria uma ampliação do uso da<br />

metodologia do aval solidário (SANTOS e FERREIRA, 2009).<br />

3


2.3 Trabalhos Anteriores no Mercado Brasileiro sobre Inadimplência<br />

No Quadro 1, são apresentados alguns trabalhos utilizando Análise Discriminante (AD),<br />

Regressão Logística (RL), Análise Envoltória <strong>de</strong> Dados (DEA) e Re<strong>de</strong>s Neurais (RN).<br />

Autores / Ano Amostra<br />

Camargos<br />

et al.<br />

(2008)<br />

Camargos<br />

e Lima<br />

(2008)<br />

Onusic e Casa<br />

Nova<br />

(2006)<br />

Guimarães<br />

(2002)<br />

Pereira e Ness<br />

Jr.<br />

(2003)<br />

Antunes, Kato<br />

e Corrar<br />

(2002)<br />

Horta e<br />

Carvalho<br />

(2002)<br />

Amorim Neto<br />

e Carmona<br />

(2004)<br />

Lachtermacher<br />

e Espenchitt<br />

(2001)<br />

Samanez e<br />

Menezes<br />

(1999)<br />

17.743<br />

<strong>em</strong>presas<br />

17.743<br />

<strong>em</strong>presas<br />

300<br />

<strong>em</strong>presas<br />

753<br />

<strong>em</strong>presas<br />

36<br />

<strong>em</strong>presas<br />

56<br />

<strong>em</strong>presas<br />

76<br />

<strong>em</strong>presas<br />

344<br />

clientes<br />

(bancos)<br />

83<br />

<strong>em</strong>presas<br />

40<br />

bancos<br />

Dados /<br />

período<br />

Processos <strong>de</strong><br />

Jun./97 a<br />

Jan./06<br />

Processos <strong>de</strong><br />

Jun./97 a<br />

Jan./06<br />

Anuais 1995 a<br />

2001<br />

Socioeconômi<br />

cos Jan./98 a<br />

Fev./01<br />

Contábeis<br />

Anuais 1998 a<br />

2000<br />

Contábeis<br />

Anuais 1999 e<br />

2000<br />

Contábeis<br />

Anuais 1996 a<br />

2000<br />

Socioeconômicos<br />

Jul./2001<br />

Contábeis<br />

Anuais 1983 a<br />

1993<br />

Contábeis<br />

Anuais 1994 a<br />

1997<br />

Mo<strong>de</strong>lo Conclusão<br />

RL<br />

AD<br />

RL e<br />

DEA<br />

AD<br />

RL<br />

AD<br />

AD<br />

AD e<br />

RL<br />

AD e<br />

RN<br />

AD<br />

Quadro 1 - Síntese <strong>de</strong> trabalhos correlatos no mercado brasileiro.<br />

Fonte - Adaptado pelo autor <strong>de</strong> Camargos e Lima (2008, p. 4).<br />

Fatores condicionantes da <strong>inadimplência</strong>: <strong>em</strong><br />

MPE´s, setor industrial, informatização<br />

intermediária e gerenciada por sócios com segundo<br />

grau, financiamento associado com maior uso do<br />

recurso para capital <strong>de</strong> giro.<br />

A função discriminante calculada pelo mo<strong>de</strong>lo<br />

classificou 96,8% dos dados corretamente,<br />

mostrando um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> precisão e qualificação<br />

superior aos mo<strong>de</strong>los das pesquisas consultadas.<br />

O erro <strong>em</strong> classificar uma <strong>em</strong>presa insolvente como<br />

solvente foi reduzido para 3 <strong>em</strong>presas (ou 20%) e o<br />

erro <strong>em</strong> classificar uma <strong>em</strong>presa solvente como<br />

insolvente permaneceu igual ao encontrado na RL.<br />

Encontraram um mo<strong>de</strong>lo com baixa capacida<strong>de</strong><br />

preditiva (classificatória) para casos inadimplentes<br />

(43,6%) e com boa capacida<strong>de</strong> preditiva para<br />

adimplentes (81,8%) <strong>de</strong> acerto. No geral, o mo<strong>de</strong>lo<br />

classificou corretamente 66,6% das <strong>em</strong>presas.<br />

O mo<strong>de</strong>lo (e-Score) atingiu um percentual máximo<br />

<strong>de</strong> acerto na classificação <strong>de</strong> 97,4%, para um ano<br />

antes do evento da falência ou concordata, e 88,1%<br />

para dois anos anteriores a este mesmo evento.<br />

As variáveis que melhor explicaram o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

obtido no exercício <strong>de</strong> 2000 foram Endividamento<br />

Geral e Log das Vendas. No geral, o mo<strong>de</strong>lo<br />

classificou corretamente 61,54% das <strong>em</strong>presas.<br />

Em todas as equações dos mo<strong>de</strong>los estão presentes<br />

diferentes indicadores capazes <strong>de</strong> explicar a<br />

diferença entre <strong>em</strong>presas solventes e insolventes.<br />

A taxa geral <strong>de</strong> acertos do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong><br />

crédito <strong>de</strong>senvolvido com a técnica <strong>de</strong> RL (72,4%)<br />

foi b<strong>em</strong> próxima à taxa encontrada no mo<strong>de</strong>lo com<br />

a aplicação da AD (73,3%).<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> neural apresentou <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

superior ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise discriminante com<br />

88% e 81% <strong>de</strong> classificações corretas.<br />

Acerto total 95,0%, o percentual da classificação <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>presas insolventes como solventes foi <strong>de</strong> 25% e<br />

<strong>de</strong> <strong>em</strong>presas solventes como insolventes foi <strong>de</strong> zero.<br />

Conforme se observa, nos últimos anos o t<strong>em</strong>a v<strong>em</strong> ganhando a atenção <strong>de</strong> pesquisadores e,<br />

no Brasil, diversos estudos foram <strong>de</strong>senvolvidos utilizando técnicas estatísticas, visando<br />

i<strong>de</strong>ntificar os principais fatores característicos <strong>de</strong> solvência, <strong>inadimplência</strong>. Porém, cabe<br />

salientar que, <strong>de</strong>ntre os diversos trabalhos listados no quadro 1, nenhum <strong>de</strong>les apresenta teve<br />

como foco a <strong>inadimplência</strong> no <strong>microcrédito</strong>.<br />

4


3 METODOLOGIA<br />

Esta pesquisa po<strong>de</strong> ser classificada como <strong>de</strong>scritiva e quantitativa, pois teve como objetivo a<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> vivenciada por duas instituições financeiras, utilizando<br />

para isso <strong>de</strong> dados secundários e do <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo estatístico, o Mo<strong>de</strong>lo Linear<br />

Generalizado (MLG). Foi feita uma análise do tipo cross-section, na qual os dados das<br />

variáveis foram coletados no mesmo período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. O corte t<strong>em</strong>poral utilizou dados dos<br />

financiamentos concedidos por meio do <strong>microcrédito</strong>, coletados no período compreendido<br />

entre janeiro <strong>de</strong> 2003 e junho <strong>de</strong> 2009.<br />

As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> observação foram duas instituições operadoras do <strong>microcrédito</strong>, o Banco do<br />

Empreen<strong>de</strong>dor do Maranhão (BEM) e da Instituição Comunitária <strong>de</strong> Crédito Blumenau<br />

Solidarieda<strong>de</strong> (BLUSOL). O universo <strong>de</strong> contratos utilizado continha 20.033 observações dos<br />

quais a maioria 16.326 (81,5%) eram provindos da IMF BLUSOL e 3.707 (18,5%) da IMF<br />

BEM. A análise preliminar do banco <strong>de</strong> dados <strong>de</strong>tectou que a maioria dos contratos 16.767<br />

(83,7%) na data do corte, estava na situação <strong>de</strong> adimplentes, contratos com todas as parcelas<br />

pagas com no máximo 30 dias <strong>de</strong> atraso e 3.266 (16,3%) na situação <strong>de</strong> inadimplentes,<br />

contratos com parcelas <strong>em</strong> atraso ou pagas com mais <strong>de</strong> 30 dias após o vencimento.<br />

O presente estudo t<strong>em</strong> como variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte a <strong>inadimplência</strong> dos contratos <strong>de</strong><br />

<strong>microcrédito</strong> junto às IMFs. Já as variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes foram <strong>de</strong>finidas tendo como base a<br />

bibliografia consultada e divididas <strong>em</strong> três grupos: 1. socioeconômicas dos <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dores e<br />

avalistas (variáveis 1 a 8); 2. econômicas e financeiras dos <strong>em</strong>preendimentos (variáveis 9 a<br />

14); e 3. contratos <strong>de</strong> financiamentos (variáveis 15 a 19).<br />

Nº VARIÁVEL SIGLA FONTE INTERPRETAÇÃO<br />

1<br />

Nível <strong>de</strong><br />

Escolarida<strong>de</strong><br />

2 Estado Civil<br />

3 Gênero<br />

4<br />

5<br />

Renda<br />

Familiar<br />

Gastos<br />

Familiares<br />

NESC1<br />

NESC2<br />

NESC3<br />

Variável informada no<br />

formulário <strong>de</strong><br />

Levantamento<br />

Socioeconômico (LSE)<br />

ESTCIVIL1<br />

Solteiro (a)<br />

Variável informada no<br />

ESTCIVIL2 Casado (a)<br />

formulário <strong>de</strong> cadastro<br />

ESTCIVIL3 Outros<br />

Nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> menor ou igual ao<br />

primeiro grau (< ou = 1º grau)<br />

Segundo grau completo ou incompleto (><br />

que primeiro grau, < ou = segundo grau)<br />

Nível superior completo ou incompleto<br />

(> que 2º grau)<br />

DSEXO0 “0” sexo f<strong>em</strong>inino e “1” Empreen<strong>de</strong>dor do sexo f<strong>em</strong>inino<br />

DSEXO1 masculino<br />

Empreen<strong>de</strong>dor do sexo masculino<br />

RENDAFAM Valor da renda familiar<br />

Valor <strong>em</strong> R$, da renda mensal familiar<br />

(contribuição dos familiares)<br />

GASTOFAM<br />

Valor dos<br />

família<br />

gastos da Valor <strong>em</strong> R$, dos gastos familiares<br />

mensais<br />

6 Saldo Familiar SALDOFAM Valor do saldo familiar<br />

7<br />

8<br />

Experiência<br />

no Negócio<br />

Valor da<br />

Renda do<br />

Avalista<br />

Valor <strong>em</strong> R$ do saldo familiar mensal<br />

(Renda familiar – gastos familiares)<br />

EXPE T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> experiência<br />

Representa o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> experiência do<br />

<strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor no negócio (<strong>em</strong> anos)<br />

Valor da renda do Dummy 1: Valor <strong>em</strong> R$, da renda mensal<br />

RENDAVAL avalista<br />

do avalista (comprovada)<br />

Grupo Solidário Dummy 0: Garantia <strong>de</strong> Grupo Solidário<br />

5


9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

Faturamento<br />

mensal<br />

Resultado<br />

Operacional<br />

Setor <strong>de</strong><br />

Ativida<strong>de</strong><br />

T<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

Ativida<strong>de</strong> da<br />

Empresa<br />

Situação da<br />

Empresa<br />

FATMEN<br />

RESOPE<br />

SEATIV<br />

TAE<br />

Receita bruta mensal,<br />

fonte <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor LSE<br />

(Receita operacional –<br />

custos variáveis – custos<br />

fixos), fonte LSE<br />

Comércio = 1; serviços =<br />

2; indústria = 3<br />

Variável informada no<br />

formulário do<br />

financiamento<br />

FORM_INF0 Micro<strong>em</strong>presas<br />

registradas<br />

Faturamento mensal do cliente, <strong>em</strong> R$<br />

Resultado do negócio: disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

recursos mensal líquida<br />

Representa o setor <strong>de</strong> atuação do<br />

<strong>em</strong>preendimento<br />

T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa,<br />

calculado <strong>em</strong> anos, <strong>de</strong> acordo com a data<br />

<strong>de</strong> fundação do contrato social<br />

Liberação do <strong>em</strong>préstimo <strong>em</strong> nome da<br />

Pessoa Jurídica (PJ)<br />

13<br />

FORM_INF1 Empreendimento<br />

informal<br />

Ativida<strong>de</strong><br />

formal<br />

<strong>em</strong>presarial s<strong>em</strong> registro<br />

ESTNEG0<br />

Dummy 0: principal ou<br />

sobrevivência<br />

O negócio <strong>de</strong> sobrevivência é a única<br />

fonte <strong>de</strong> renda da família do<br />

<strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor<br />

14<br />

Estrutura do<br />

negócio<br />

ESTNEG1<br />

Dummy 1: Acumulada<br />

simples<br />

O <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor além da retirada do<br />

negócio possui <strong>em</strong>prego ou<br />

aposentadoria<br />

ESTNEG3<br />

Dummy 2: Acumulada<br />

ampliada<br />

O <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da retirada<br />

do negócio para sua sobrevivência e <strong>de</strong><br />

sua família<br />

OPERACAO0 Operação nova Primeiro crédito concedido ao cliente<br />

15<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

Operação OPERACAO1 Operação renovação<br />

Cliente com experiência na IMF<br />

(contrato quitado anteriormente > que o<br />

primeiro crédito)<br />

FINCRED0 Capital <strong>de</strong> Giro<br />

Recursos liberados para aquisição <strong>de</strong><br />

matéria-prima ou insumos<br />

16<br />

Finalida<strong>de</strong> do<br />

Crédito<br />

FINCRED1 Capital Fixo<br />

Recursos liberados para aquisição <strong>de</strong><br />

ativo fixo e reformas<br />

FINCRED2 Capital Misto<br />

Recursos liberados para investimentos,<br />

associado a giro<br />

17<br />

Valor do<br />

Contrato <strong>de</strong><br />

Crédito<br />

VLCRED1<br />

VLCRED2<br />

VLCRED3<br />

Valor do crédito liberado<br />

para o <strong>em</strong>preendimento<br />

Contrato liberado s<strong>em</strong> custo financeiro<br />

até R$1.000<br />

Contrato liberado s<strong>em</strong> custo financeiro<br />

<strong>de</strong> R$1.001 até 3.000<br />

Contrato liberado s<strong>em</strong> custo financeiro<br />

acima <strong>de</strong> R$ 3.001<br />

18<br />

Prazo <strong>de</strong><br />

Financiamento<br />

PFINAN<br />

Prazo <strong>de</strong> pagamento do<br />

contrato<br />

Número <strong>de</strong> parcelas do contrato, ou seja,<br />

período <strong>de</strong> amortização<br />

VLPARC1<br />

Valor da parcela mensal menor ou igual<br />

a R$150 (< ou = R$150)<br />

19<br />

Valor da<br />

Parcela<br />

VLPARC2<br />

Valor da parcela mensal<br />

do contrato<br />

Valor da parcela mensal até R$300 (><br />

R$150, < ou = R$300)<br />

VLPARC3<br />

Valor da parcela mensal acima <strong>de</strong> R$301<br />

(> ou = 301)<br />

Quadro 2 - Resumo das variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

Fonte – Elaboração própria.<br />

3.1 Método<br />

Os Mo<strong>de</strong>los Lineares Generalizados (MLGs) constitu<strong>em</strong>-se <strong>de</strong> uma técnica multivariada, que<br />

busca levantar relações básicas entre uma variável não métrica, ou categórica, e um conjunto<br />

<strong>de</strong> variáveis métricas. No que interessa aos propósitos <strong>de</strong>ste estudo, o uso <strong>de</strong>ssa técnica busca<br />

6


<strong>de</strong>terminar quais as características <strong>de</strong>terminantes da <strong>previsão</strong> <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> <strong>de</strong><br />

micro<strong>em</strong>presas que <strong>de</strong>mandam <strong>microcrédito</strong> nas IMFs pesquisadas.<br />

Nel<strong>de</strong>r e Wed<strong>de</strong>rburn (1972) propuseram os MLGs, que são uma extensão dos mo<strong>de</strong>los<br />

normais lineares, pois permit<strong>em</strong> que a variável resposta pertença a uma classe mais ampla<br />

chamada <strong>de</strong> família exponencial <strong>de</strong> distribuições. Por meio <strong>de</strong>les, é possível mo<strong>de</strong>lar a média<br />

da variável resposta com uma maior flexibilida<strong>de</strong>, ou seja, não se consi<strong>de</strong>rando apenas<br />

relações puramente lineares.<br />

Os pressupostos necessários que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser verificados nos mo<strong>de</strong>los MLGs são <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong><br />

correlação entre as observações da variável resposta, ausência <strong>de</strong> alguma variável explicativa<br />

não inclusa no mo<strong>de</strong>lo, ausência <strong>de</strong> heterocedasticida<strong>de</strong> e ausência <strong>de</strong> multicolinearida<strong>de</strong><br />

perfeita entre as variáveis explicativas. Segundo Paula (2004), as funções <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

probabilida<strong>de</strong>s que pertenc<strong>em</strong> à família exponencial são expressas da seguinte forma:<br />

��[ y�<br />

� b(<br />

� )] � c(<br />

, ) �<br />

f i<br />

i i<br />

( y;<br />

� , �)<br />

� exp<br />

y � ; i=1,..,n. (1)<br />

<strong>em</strong> que<br />

'<br />

E( yi<br />

) � �i � b ( �i<br />

) e<br />

�1<br />

V ( yi<br />

) � � Vi<br />

sendo<br />

V � d�<br />

/ d�<br />

.<br />

�1<br />

� o parâmetro <strong>de</strong> dispersão e<br />

*<br />

Neste estudo, está-se particularmente interessado na distribuição Binomial, ou seja, se Y é a<br />

*<br />

proporção <strong>de</strong> sucessos <strong>em</strong> n ensaios in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes então nY ~ binom(<br />

n,<br />

�)<br />

ou Binomial com<br />

parâmetros n e � , a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é dada por:<br />

��<br />

�ny<br />

� *<br />

* �<br />

�<br />

ny<br />

n<br />

� n � * � � �<br />

�� � ( 1�<br />

�)<br />

� exp �log��<br />

�� � ny log��<br />

�� � nlog(<br />

1�<br />

�)<br />

*<br />

�<br />

�<br />

� �ny<br />

� �1<br />

� � �<br />

�<br />

� n �ny<br />

*<br />

<strong>em</strong> que 1 � y , � � 0.<br />

*<br />

�<br />

�<br />

Por analogia, � � n, � � log , b(<br />

�)<br />

� log( 1�<br />

e ) e<br />

1�<br />

�<br />

�� * � � �<br />

c(<br />

y , � ) � log��<br />

. *<br />

��y<br />

�<br />

A função <strong>de</strong> variância é V ( �) � �(<br />

1�<br />

�).<br />

A função <strong>de</strong> ligação faz a junção entre a média e o preditor linear, ou seja, ela <strong>de</strong>fine a forma<br />

com que as variáveis explicativas serão transmitidas para a média. O componente sistêmico<br />

do mo<strong>de</strong>lo é composto por variáveis explicativas, logo,<br />

� � g ... � �<br />

i<br />

( �i<br />

) � �0<br />

� �1xi1<br />

� pxip<br />

(3)<br />

No caso da Binomial, segu<strong>em</strong> os principais tipos <strong>de</strong> ligação que serão usados:<br />

� Logística<br />

� � �<br />

� � log �� ��<br />

�1<br />

� � �<br />

� Probito ou probit<br />

�1<br />

� � � ( �)<br />

, on<strong>de</strong> � (.) é a função distribuição <strong>de</strong> uma normal padrão.<br />

Tanto os links Logit e Probit são a<strong>de</strong>quados para o estudo <strong>de</strong> proporções envolvendo a<br />

distribuição Binomial.<br />

(2)<br />

7


No mo<strong>de</strong>lo Binomial <strong>de</strong> link probit, quando se quer verificar o impacto que uma variável<br />

causa sobre a outra, mantendo as <strong>de</strong>mais constantes, usa-se o efeito marginal. Segundo<br />

Gonzaga, Leite e Machado (2003), os efeitos marginais são variações percentuais da<br />

probabilida<strong>de</strong> do evento ocorrer quando uma <strong>de</strong>terminada variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é<br />

modificada. Assim, se a variável é discreta, o efeito marginal me<strong>de</strong> a diferença entre a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o indivíduo ter uma ou outra característica. No caso <strong>em</strong> que a variável é<br />

contínua, o efeito marginal me<strong>de</strong> <strong>em</strong> quanto muda a probabilida<strong>de</strong> quando há um aumento <strong>de</strong><br />

uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta característica. Neste estudo, trabalhou-se com a média dos efeitos <strong>de</strong> cada<br />

variável explicativa sobre a taxa <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong>, variável resposta <strong>em</strong> interesse, dada por:<br />

�E(<br />

y / x )<br />

�x<br />

n<br />

i i �1<br />

T<br />

� n � ( x ˆ<br />

i � ) ˆ � j<br />

ij<br />

i�1<br />

� i ,� 1,..,<br />

n;<br />

j , � 1,..,<br />

p<br />

(6)<br />

Dessa forma, como �( ˆ �)<br />

T<br />

x representa uma probabilida<strong>de</strong> e, portanto, é não negativa, o sinal<br />

i<br />

do efeito marginal só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal do coeficiente � ˆ . Valores positivos do efeito marginal<br />

ten<strong>de</strong>m a aumentar a taxa média <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> e valores negativos ten<strong>de</strong>m a reduzir.<br />

O procedimento utilizado para se escolher quais as principais variáveis que <strong>de</strong>veriam estar<br />

contidas no mo<strong>de</strong>lo foi o método Stepwise i e, posteriormente, houve a exclusão <strong>de</strong> variáveis<br />

não significativas, a 10% <strong>de</strong> significância. A escolha do melhor tipo <strong>de</strong> ligação se <strong>de</strong>u por<br />

meio da avaliação do Akaike Information Criterion (AIC) e pela função <strong>de</strong>svio ou <strong>de</strong>viance. A<br />

estatística <strong>de</strong>viance e o critério AIC são medidas do ajuste do mo<strong>de</strong>lo aos dados. A <strong>de</strong>viance<br />

<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo qualquer po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo <strong>em</strong> relação ao mo<strong>de</strong>lo<br />

saturado (que inclui todas as variáveis). Normalmente, os mo<strong>de</strong>los com <strong>de</strong>viance mais baixa<br />

são melhores. No entanto, para testar se há diferença entre as <strong>de</strong>viances <strong>de</strong> dois mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>em</strong>prega-se o teste Qui-quadrado. O critério AIC é calculado a partir do valor da <strong>de</strong>viance<br />

adicionado a um fator que penaliza o número <strong>de</strong> parâmetros estimados. De forma similar,<br />

quanto menor o valor do AIC, melhor o ajuste do mo<strong>de</strong>lo.<br />

Após a construção do mo<strong>de</strong>lo, seu ajuste é analisado por meio da estatística <strong>de</strong> Hosmer e<br />

L<strong>em</strong>eshow. O teste <strong>de</strong> Hosmer e L<strong>em</strong>eshow <strong>de</strong>monstra se o mo<strong>de</strong>lo está classificando as<br />

unida<strong>de</strong>s amostrais ao verda<strong>de</strong>iro grupo a que ela pertence. As hipóteses <strong>de</strong>sse teste são:<br />

�H0<br />

: valores esperados são iguais aos valores observados<br />

�<br />

�H1<br />

: valores esperados são diferentes dos valores observados<br />

Rejeita-se a hipótese nula quando o p-valor é menor que o nível <strong>de</strong> significância estabelecido.<br />

4 RESULTADOS<br />

Os mo<strong>de</strong>los finais foram estimados por meio <strong>de</strong> 999 reamostragens bootstraps e todos os<br />

resultados paramétricos foram comparados com o mo<strong>de</strong>lo final, que foi consi<strong>de</strong>rado como<br />

referência. Os mo<strong>de</strong>los Probit e Logit são mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> estimação não-lineares com variável<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte binária. O Mo<strong>de</strong>lo Probit é uma alternativa do mo<strong>de</strong>lo Logit que admite a função<br />

<strong>de</strong> distribuição Normal para expressar a relação não linear entre as probabilida<strong>de</strong>s estimadas<br />

da variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e as variáveis explicativas.<br />

Link Logit Link Probit<br />

Valor P-valor Valor P-valor<br />

Resíduo <strong>de</strong>viance 17138 1 17138 1<br />

8


Graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> 20007 - 20007 -<br />

AIC 17190 - 17180 -<br />

Hosmer e L<strong>em</strong>eshow -15354,13 0,999 13951,68 0,999<br />

Fonte – Elaboração própria com dados da pesquisa.<br />

Tabela 1 - Ajuste dos mo<strong>de</strong>los Binomial com link logit e link probit<br />

Conforme apresentado na tabela 1, para a escolha do melhor mo<strong>de</strong>lo, os critérios Akaike<br />

Information Criterion (AIC) e <strong>de</strong>viance foram utilizados <strong>de</strong> forma que o mo<strong>de</strong>lo melhor<br />

ajustado seria o que apresentasse os menores valores. Por esse motivo, optou-se pela escolha<br />

do mo<strong>de</strong>lo Binomial com link Probit, que está b<strong>em</strong> ajustado, quando se observa os p-valores<br />

para a <strong>de</strong>viance residual e pela estatística <strong>de</strong> Hosmer e L<strong>em</strong>eshow.<br />

A presença <strong>de</strong> multicolinearida<strong>de</strong> <strong>em</strong> variáveis econômicas e financeiras é muito comum,<br />

sobretudo quando exist<strong>em</strong> interações entre as mesmas, como ocorre no mo<strong>de</strong>lo <strong>em</strong> análise. De<br />

acordo com Gujarati (2000), mesmo diante da presença <strong>de</strong> multicolinearida<strong>de</strong>, as estimativas<br />

ainda assim serão não-viciadas e consistentes, porém, po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> se ter erros-padrão<br />

modificados. A existência <strong>de</strong> uma amostra pequena, <strong>de</strong> uma forma funcional incorreta do<br />

mo<strong>de</strong>lo ou <strong>de</strong> variáveis explicativas estocásticas, seria mais prejudicial do que propriamente a<br />

existência <strong>de</strong> multicolinearida<strong>de</strong>, que é um fenômeno puramente amostral.<br />

A presença <strong>de</strong> heterocedasticida<strong>de</strong>, ou variância não constante nos erros, faz com os<br />

estimadores dos parâmetros continu<strong>em</strong> a ser não-viciados, no entanto são ineficientes. Dessa<br />

forma, para reduzir tal efeito, foi utilizada a correção <strong>de</strong> heterocedasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> White. Vale<br />

frisar que, segundo Kleiber e Zeleis (2008), tal correção não é muito usual e n<strong>em</strong> muito<br />

a<strong>de</strong>quada <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>ssa categoria, mas foi uma alternativa à correção da ineficiência dos<br />

estimadores <strong>de</strong> maneira que variáveis importantes para explicar a taxa <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> não<br />

foss<strong>em</strong> excluídas <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> multicolinearida<strong>de</strong> ou houvesse estimativas incorretas<br />

dos erros-padrão dos coeficientes estimados.<br />

Com relação aos efeitos <strong>de</strong> cada variável sobre a taxa <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong>, no caso das variáveis<br />

categóricas, não exist<strong>em</strong> os efeitos marginais da primeira categoria, pois esta é s<strong>em</strong>pre<br />

utilizada como base para a comparação com as <strong>de</strong>mais. Po<strong>de</strong>-se perceber na tabela 2, que as<br />

variáveis que causam maiores efeitos marginais sobre a taxa média <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> e seus<br />

respectivos coeficientes <strong>de</strong> estimativas são FINCRED1, (0,1165); FINCRED1:FORM_INF1,<br />

(-0,0791); BANCO1, (-0,0671) e OPERACAO1, (-0,0654) respectivamente.<br />

Socioeconômicas <br />

Econômicofinanceiras<br />

Variáveis do<br />

Financiamento<br />

Interações<br />

Variável Peso*<br />

Comportamento<br />

observado da<br />

chance <strong>de</strong><br />

<strong>inadimplência</strong><br />

Comportamento<br />

esperado da<br />

chance <strong>de</strong><br />

<strong>inadimplência</strong><br />

NESC2 -0,014493 Reduz Reduz<br />

NESC3 -0,026464 Reduz Reduz<br />

BANCO1 -0,067099 Reduz Reduz<br />

EXPE 0,003917 Aumenta Reduz<br />

RESOPE 0,000004 Aumenta Reduz<br />

TAE 0,000342 Aumenta Reduz<br />

I(TAE^2) -0,000001 Reduz Reduz<br />

VALORPARC 0,000034 Aumenta Aumenta<br />

FINCRED1 0,116544 Aumenta Aumenta<br />

OPERACAO1 -0,065369 Reduz Reduz<br />

PFINAN 0,002948 Aumenta Aumenta<br />

VALORPARC:ESTCIVIL2 -0,000074 Reduz Aumenta<br />

VALORPARC:ESTCIVIL3 -0,000038 Reduz Aumenta<br />

9


SALDOFAM:DSEXO1 0,00002 Aumenta Reduz<br />

SEATIV1:FATAMEN 0,000001 Aumenta Reduz<br />

SEATIV2:FATAMEN 0,000001 Aumenta Reduz<br />

SEATIV3:FATAMEN 0,000001 Aumenta Reduz<br />

FINCRED1:FORM_INF1 -0,07911 Reduz Reduz<br />

FINCRED2:FORM_INF1 -0,025511 Reduz Reduz<br />

ESTNEG0:VALORCRED 0,000007 Aumenta Aumenta<br />

ESTNEG1:VALORCRED 0,000005 Aumenta Aumenta<br />

Fonte – Elaboração própria com dados da pesquisa.<br />

(*) o peso consi<strong>de</strong>rado para o Mo<strong>de</strong>lo Linear Generalizado é o efeito marginal da variável.<br />

Tabela 2 - Comportamento da <strong>inadimplência</strong> segundo variáveis do Mo<strong>de</strong>lo Linear Generalizado<br />

Na tabela 3, encontram-se as taxas <strong>de</strong> classificação dos el<strong>em</strong>entos <strong>em</strong> cada população. A<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>previsão</strong> correta na população <strong>de</strong> adimplentes foi <strong>de</strong> 83,56% e na população<br />

<strong>de</strong> inadimplentes foi <strong>de</strong> 0,109%. O <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho global foi <strong>de</strong> 83,67%. Portanto, obteve-se um<br />

bom resultado, quando comparado ao <strong>de</strong> outros estudos sobre o t<strong>em</strong>a.<br />

População<br />

População Predita<br />

Real<br />

Adimplente Inadimplente<br />

Adimplente 83,56% 0,139%<br />

Inadimplente 16,19% 0,109%<br />

Fonte – Elaboração própria com dados da pesquisa.<br />

Tabela 3 - Probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classificação dos el<strong>em</strong>entos<br />

Os grupos <strong>em</strong> análise têm tamanhos muito diferentes, o que por sua vez, prejudica a eficiência<br />

das previsões, alterando, assim, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho global do mo<strong>de</strong>lo. Para validar os resultados<br />

classificatórios, ou seja, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> discriminação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> referência e com as mesmas<br />

variáveis consi<strong>de</strong>radas como relevantes para explicar o comportamento da variável resposta,<br />

<strong>de</strong> tal forma a permitir uma maior flexibilida<strong>de</strong> entre a média <strong>de</strong>ssa mesma variável e o<br />

preditor linear, este po<strong>de</strong>r foi avaliado por meio <strong>de</strong> 3.266 el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> cada um dos grupos <strong>de</strong><br />

contratos adimplentes e todos os contratos inadimplentes e foram impl<strong>em</strong>entadas 999<br />

reamostragens aleatórias bootstrap. A escolha <strong>de</strong> 3.266 observações do grupo adimplente<br />

ocorreu para que a amostra fosse proporcional, com relação aos dois grupos. Assim, a<br />

validação ocorre consi<strong>de</strong>rando grupos <strong>de</strong> tamanhos s<strong>em</strong>elhantes.<br />

A reamostrag<strong>em</strong> é importante para que não se incorra na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> selecionar uma<br />

amostra que, por ventura, produza uma alta taxa <strong>em</strong>pírica <strong>de</strong> classificação correta que não<br />

condiz com a real capacida<strong>de</strong> preditiva do mo<strong>de</strong>lo. Por meio da reamostrag<strong>em</strong>, selecionam-se<br />

várias amostras possíveis para validar o resultado final. Nessa perspectiva, obteve-se 88,11%<br />

<strong>de</strong> acerto global, <strong>de</strong> acordo com os resultados mostrados na tabela 4.<br />

População<br />

População Predita<br />

Real<br />

Adimplente Inadimplente<br />

Adimplente 48,01% 2,31%<br />

Inadimplente 9,57% 40,11%<br />

Fonte – Elaboração própria com dados da pesquisa.<br />

Tabela 4 - Probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classificação dos el<strong>em</strong>entos da reamostrag<strong>em</strong><br />

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO<br />

O presente trabalho teve como objetivo i<strong>de</strong>ntificar e analisar os fatores condicionantes da<br />

<strong>inadimplência</strong> na concessão <strong>de</strong> crédito <strong>em</strong> instituições <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong>, utilizando-se para<br />

10


isso, da técnica estatística <strong>de</strong> MLGs, que conforme indicado pela literatura, seria apropriada<br />

para tratamento estatístico dos dados analisados. Nesse sentido, o método se mostrou eficiente<br />

na discriminação dos contratos adimplentes e inadimplentes, além do fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ser<br />

utilizados para <strong>previsão</strong> da <strong>inadimplência</strong> <strong>de</strong> futuros contratos com as variáveis i<strong>de</strong>ntificadas.<br />

Por meio da pesquisa, foi possível verificar que, com diferentes pesos, algumas variáveis<br />

explicam a <strong>inadimplência</strong>, enquanto outras não são significativas para tal <strong>previsão</strong>.<br />

O apoio creditício apresenta-se hoje como um dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios para impulsionar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das micro<strong>em</strong>presas formais e informais, e conforme mencionado, é <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> importância para o Brasil, contribuindo para a geração <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego e para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> regiões mais atrasadas, o que, por vários motivos, é possibilitado por<br />

meio <strong>de</strong> pequenos <strong>em</strong>preendimentos. Portanto, os ofertadores <strong>de</strong> crédito necessitam possuir<br />

instrumentos que possam, efetivamente, predizer um futuro próximo, para que sejam evitadas<br />

dos financiamentos realizados. Nesse sentido, os estudos anteriores, aqui citados, tiveram<br />

s<strong>em</strong>pre essa preocupação, ou seja, fornecer ferramentas ao mercado, para que este possa<br />

melhor analisar os <strong>de</strong>mandantes do crédito.<br />

Uma vez que a <strong>previsão</strong> da <strong>inadimplência</strong> é consi<strong>de</strong>rada a principal finalida<strong>de</strong> dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

risco <strong>de</strong> crédito, o mo<strong>de</strong>lo estatístico utilizado nesta pesquisa foi, portanto, eficaz no alcance<br />

<strong>de</strong> seus objetivos. Nesse sentido, <strong>de</strong> uma forma geral, os resultados satisfatórios <strong>de</strong> <strong>previsão</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> do mo<strong>de</strong>lo obtido indicam que, <strong>em</strong>bora o <strong>microcrédito</strong> seja caracterizado<br />

com uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito diferenciada, é possível a utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los estatísticos<br />

nas IMFs pesquisadas, como instrumentos <strong>de</strong> apoio ao processo <strong>de</strong> avaliação do risco <strong>de</strong><br />

crédito e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

A diferença entre os tamanhos das populações <strong>de</strong> análise é uma das principais limitações dos<br />

MLGs da família Binomial, utilizado neste trabalho, quando se quer fazer mo<strong>de</strong>los preditivos,<br />

pois, po<strong>de</strong>-se incorrer no erro <strong>de</strong> classificar um <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor como adimplente sendo que, na<br />

realida<strong>de</strong>, é inadimplente. Com relação à capacida<strong>de</strong> classificatória do mo<strong>de</strong>lo, com base<br />

nessas variáveis específicas <strong>em</strong> análise, po<strong>de</strong>-se concluir que o mo<strong>de</strong>lo produziu um bom<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho global, seja no que se refere ao atendimento dos pressupostos do mo<strong>de</strong>lo, seja no<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> classificação dos <strong>de</strong>mandantes <strong>de</strong> crédito.<br />

Com relação à i<strong>de</strong>ntificação e análise <strong>de</strong> quais eram as influências das variáveis econômicas e<br />

financeiras <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas sobre a <strong>inadimplência</strong>, foi verificado que o mo<strong>de</strong>lo não só produziu<br />

um bom ajuste e conseguiu i<strong>de</strong>ntificar as principais variáveis que condicionaram a taxa <strong>de</strong><br />

<strong>inadimplência</strong>, como também i<strong>de</strong>ntificou, satisfatoriamente, qual a relação que havia entre<br />

estas.<br />

Sintetizando os resultados encontrados para os contratos pesquisados, foram i<strong>de</strong>ntificados,<br />

segundo a técnica MLGs, os seguintes fatores como condicionantes da <strong>inadimplência</strong>: 1.<br />

recursos liberados para capital fixo, cuja finalida<strong>de</strong> é investimento, têm menor probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser inadimplentes quando comparados com os <strong>de</strong> capital misto; 2. <strong>em</strong>presas que atuam s<strong>em</strong><br />

registro formal e usaram recursos para investimento fixo têm maior chance <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong>,<br />

quando comparadas àquelas que têm registro formal; 3. <strong>operações</strong> <strong>de</strong> crédito renovadas têm<br />

menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong>, quando comparadas com as <strong>operações</strong> novas, primeiro<br />

crédito; 4. quanto maior o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa, menor a sua propensão à<br />

<strong>inadimplência</strong>; 5. <strong>em</strong>presas gerenciadas por sócios possuidores do diploma <strong>de</strong> primeiro grau<br />

têm mais chances <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> inadimplentes; 6. quanto maior for o resultado operacional do<br />

negócio, maior será a <strong>inadimplência</strong> dos contratos; 7. <strong>em</strong>presas com sócios com maior t<strong>em</strong>po<br />

<strong>de</strong> atuação no negócio (experiência na <strong>em</strong>presa), têm mais chances <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> inadimplentes; 8.<br />

11


quanto maior o valor da parcela e o prazo do financiamento, maior é a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>inadimplência</strong>, isso ocorre também com o aumento do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> experiência do <strong>em</strong>pree<strong>de</strong>dor;<br />

e 9. quanto maior o valor do crédito para negócios com estrutura <strong>de</strong> sobrevivência e<br />

acumulada simples, maior será sua <strong>inadimplência</strong>.<br />

As variáveis apontadas com mais representativida<strong>de</strong> na classificação dos grupos foram<br />

FINCRED (finalida<strong>de</strong> do crédito), BANCO (banco <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>), OPERACAO (tipo <strong>de</strong><br />

operação) e FINCRED:FORM_INF (finalida<strong>de</strong> do crédito segundo tipo <strong>de</strong> operação da<br />

ativida<strong>de</strong>). Vale <strong>de</strong>stacar que a contribuição final <strong>de</strong>ste trabalho foi a <strong>de</strong> observar que, mais<br />

importante do que saber quais características contribu<strong>em</strong> para o sucesso do financiamento, é a<br />

verificação <strong>de</strong> quais variáveis não se mostraram relevantes para o sucesso do financiamento.<br />

Como contribuição gerencial, sugere-se a inclusão <strong>de</strong> outras variáveis nos instrumentos <strong>de</strong><br />

concessão e análise <strong>de</strong> crédito, com o objetivo <strong>de</strong> gerar condições <strong>de</strong> melhoria nos seus<br />

processos, consi<strong>de</strong>rando o segmento do <strong>microcrédito</strong>.<br />

A i<strong>de</strong>ntificação dos fatores relevantes capazes <strong>de</strong> predizer a <strong>inadimplência</strong> está diretamente<br />

ligada à necessida<strong>de</strong> das IMFs <strong>em</strong> gerenciar os custos <strong>de</strong> transação. Nesse sentido, a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> financeira é fator primordial para sobrevivência, ou seja, permanência da<br />

IMF no mercado a longo prazo. Assim, para reduzir os custos com a <strong>inadimplência</strong> é<br />

fundamental gerenciar os riscos <strong>de</strong> crédito. Fachini (2005) afirma que a taxa <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong><br />

está ligada ao risco das transações <strong>de</strong> crédito. Assim, a taxa <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong><br />

acordo com a entrada <strong>de</strong> novos clientes na carteira <strong>de</strong> crédito.<br />

As instituições operadoras <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong>, na perspectiva <strong>de</strong> uma melhor penetração <strong>de</strong><br />

mercado, buscam a expansão <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s normalmente com ampliação da região <strong>de</strong><br />

atuação. Nesse sentido, os agentes ainda não conhec<strong>em</strong> os solicitantes e as <strong>operações</strong> são<br />

liberadas para clientes no primeiro crédito, portanto, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> analisar o impacto que<br />

a expansão terá na taxa <strong>de</strong> <strong>inadimplência</strong> e na sustentabilida<strong>de</strong> da organização. Novos<br />

contratos, <strong>em</strong> relação aos renovados geram maior <strong>inadimplência</strong>, assim os gestores das<br />

entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>microcrédito</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração esse resultado.<br />

Por fim, ressalta-se que para o mo<strong>de</strong>lo construído no presente trabalho existe uma limitação<br />

na <strong>previsão</strong> da classificação <strong>de</strong> novos contratos pelo fato <strong>de</strong> ocorrer risco <strong>de</strong> se classificar um<br />

<strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor como adimplente, sendo ele, na realida<strong>de</strong>, inadimplente. Sugere-se, <strong>em</strong><br />

trabalhos futuros, o uso <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> regra <strong>de</strong> classificação por meio da construção <strong>de</strong><br />

algoritmos que possam estimar as probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classificações com o uso da avaliação <strong>de</strong><br />

custos ou utilizar novas variáveis explicativas que possam ser mais relevantes para se obter<br />

uma melhor classificação.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALVES, S. D. S. & SOARES, M. M. D<strong>em</strong>ocratização do crédito no Brasil: atuação do Banco Central.<br />

Brasília: Banco Central do Brasil, 2003. 46 p.<br />

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