Jornal 100% Agro — Ed. 2, Abril de 2023
Um mês depois do nosso lançamento, chegamos ao número 2 do jornal impresso 100porcentoagro. A proposta inicial de ser um jornal bimestral foi alterada diante da excelente receptividade. A acolhida nos enche de orgulho, mas traz consigo ainda mais responsabilidade com o compromisso de dar maior visibilidade ao agronegócio do Alto São Francisco, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro.
Um mês depois do nosso lançamento, chegamos ao número 2 do jornal impresso 100porcentoagro. A proposta inicial de ser um jornal bimestral foi alterada diante da excelente receptividade. A acolhida nos enche de orgulho, mas traz consigo ainda mais responsabilidade com o compromisso de dar maior visibilidade ao agronegócio do Alto São Francisco, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro.
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Grupo Sekita investe
em segurança e saúde
no trabalho como
fatores de proteção
para os colaboradores
Especialista do Sicoob
Credisg analisa
cenário regional de
crédito e opções de
seguro agrícola
Cafeicultores vão
discutir estratégias
de gestão, clima e
descarbonização no
ENCOFFEE 2023
Melhoramento
genético de gado
maximiza produção e
rentabilidade: análise
e experiências
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Formar mão de obra
e reter talentos
em empresas da
região são desafios
para instituições de
ensino e gestores
Em dia histórico, São
Gotardo acolhe quase
500 produtores
Rodolfo Molinari (à esquerda) e Antônio de Salvo, em São Gotardo
Recebemos 470 homens
e mulheres de 35 cidades
do Alto Paranaíba, Alto São
Francisco e Triângulo Mineiro,
representando milhares de outras
pessoas envolvidas com o
agronegócio regional. A fala
do anfitrião, Rodolfo Molinari,
Presidente do Sindicato dos
Produtores Rurais de São
Gotardo, no encerramento do
V Encontro Faemg Senar em
Campo, resume o evento, realizado
no dia 30 de março.
O Presidente do Sistema
Faemg Senar, Antônio de
Salvo, disse que foi um tributo
à representatividade do setor,
“que precisa ser protegido, e a
proteção está na nossa força,
na nossa união e no nosso trabalho”.
Página 15
Foto: Sistema Faemg
Houve uma grande mudança
no mercado de trabalho
da região, muito por
conta da grande expansão do
agronegócio. A observação
é da psicóloga Leticia Miura,
especialista em Recrutamento
e Seleção que atua em São
Gotardo há quase 15 anos, e
conta que sempre houve dificuldade
de encontrar mão
de obra local. A especialista
aponta falta de qualificação e
de instrução como complicadores
no momento da busca
de emprego. “Faltam cursos
técnicos que preparem o jovem
para o trabalho”, diz.
Uma das estratégias para
reverter a carência de mão de
obra é a formação técnica, não
necessariamente um curso superior.
As formações oferecidas
pela E-tecsg e Serviço
Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar) atendem quem
busca qualificação para atuar
no agronegócio sem precisar
cursar uma graduação. São
formações de curta duração,
com foco no mercado de trabalho.
Para quem tem nível médio,
o cenário vem passando por
mudanças importantes desde
a criação do campus Rio
Paranaíba da Universidade
Federal de Viçosa, em 2006,
com o desafio de formar profissionais
qualificados para o
agronegócio regional e nacional
em um dos grandes pólos
agropecuários do Brasil. Por
ano, são cerca de 50 novos
estudantes, somente no curso
de Agronomia. Atualmente,
são 265 estudantes, e 357 já
concluíram o curso.
No segmento do ensino
superior privado, uma das
referências regionais é o curso
de Agronomia do Centro
de Ensino Superior de São
Gotardo (CESG). A coordenadora,
professora Mariana
Cecília Melo, conta que um
dos diferenciais foi a possibilidade
de atender as pessoas
que trabalham durante o dia.
Levantamento da faculdade
aponta que 90% dos
agrônomos graduados pelo
CESG estão trabalhando em
sua área de formação.
A educação resolve a carência
de mão de obra qualificada,
em instituições privadas
ou públicas. Páginas 8 e 9
Ano I — Edição n. 2 — São Gotardo (MG), — Abril, 2023
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EDITORIAL
Boa receptividade define
uma nova edição todo mês
Um mês depois do nosso lançamento, chegamos ao
número 2 do jornal impresso 100porcentoagro. A proposta
inicial de ser um jornal bimestral foi alterada diante da
excelente receptividade. A acolhida nos enche de orgulho,
mas traz consigo ainda mais responsabilidade com o compromisso
de dar maior visibilidade ao agronegócio do Alto
São Francisco, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro.
Os mil exemplares da primeira edição se esgotaram rapidamente,
levando a uma nova estratégia de distribuição.
A partir deste número, os interessados em garantir um ou
mais exemplares farão a reserva por meio das nossas redes
sociais, e poderão retirar gratuitamente na sede do 100porcentoagro.
Teremos também distribuição em locais como
o Sindicato dos Produtores Rurais de São Gotardo e outros
sindicatos da região, além da versão on-line. Desta forma,
alcançaremos a todos que realmente se interessam pelas
informações diferenciadas e análises contextualizadas que
publicamos, chegando aos mais diversos públicos.
Mas, a grande novidade é a constituição do nosso Conselho
Editorial (saiba mais na página 3). Formado por lideranças
importantes do agronegócio regional, nos mais diferentes elos
da cadeia produtiva, o Conselho será o norteador da linha editorial,
atuando como órgão crítico, analítico e opinativo, nos
ajudando a sempre cumprir o compromisso de praticar o melhor
jornalismo em favor do agronegócio de Minas e do Brasil.
A matéria de capa desta segunda edição é a formação
de mão de obra e a retenção de talentos nos campos e nos
escritórios da região, com análise de cenário, formação em
nível técnico e o papel decisivo de instituições como o CESG
e a Universidade Federal de Viçosa, campus Rio Paranaíba.
São olhares diferentes sobre o mesmo tema, e que ajudarão
a cada um de nós com novas percepções sobre o nosso agro.
NOTAS
PROCAFÉ — Rio Paranaíba
terá uma unidade da
Fundação Procafé. O acordo
foi assinado na sexta-
-feira, 31 de março, entre
o Presidente da Fundação,
José Edgard Pinto Paiva, o
engenheiro agrônomo e pesquisador
José Braz Matiello e
a equipe do Prefeito Valdemir
Diógenes da Silva. A unidade
do Alto Paranaíba vai
atender cafeicultores de
toda região com pesquisas
de novas variedades,
tratos culturais e testes
de novos produtos para
combater pragas e doenças
da cafeicultura. Com
sede em Varginha, no Sul
de Minas, a Fundação tem
unidades em Franca (SP)
e Boa Esperança (MG). Rio
Paranaíba será a terceira.
SEMEAR UFV — Estão abertas
as inscrições para os
minicursos que serão oferecidos
na Semear. O evento
acontece entre os dias 19
e 21 de maio. Destinado a estudantes
e profissionais de
diversas áreas, será a oportunidade
de atualização e
aprimoramento. São mais de
40 temas variados, com vagas
limitadas. Inscrições no
site oficial do evento: www.
semearcrp.ufv.br.
FINANCIAMENTO — Ativa
Investimentos compra participação
na plataforma de investimentos
do agronegócio
Campo Capital, de Patrocínio
(MG). É a primeira empresa
peer-to-peer lending brasileira
100% direcionada a fazendas
e empresas do agro
sustentável. Com a nova
sócia, a Campo Capital P2P,
plataforma de investimentos
em ativos reais do agronegócio,
vai ampliar a conexão
do produtor rural ao investidor
pessoa física, por meio
da emissão de Cédulas do
Produtor Rural (CPR), auxiliar
na evolução e na distribuição
de crédito rural.
EXPEDIENTE
Jornal 100% Agro - Ano I - Edição n. 2 - Abril, 2023
Av. Erotides Batista, 770, Campestre - São Gotardo (MG)
100porcento.agr.br - contato@100porcento.agr.br
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Diretor de Conteúdos e Editor: Rodolfo de Souza
Diretor de Mercado: Marcelo Gonçalves
Diretor Financeiro: Daniel Ribeiro
Editora-assistente: Milena Caramori
Colunistas:
Felipe Zumkeler, Hélio Lemes Costa Jr., Henrique Zaparoli
Marques, Milena Caramori e Pauliane Oliveira
Grama,
mudas de abacate,
mogno e
cerca viva.
Jarbas: (34) 9 9918-5885
Libério: (34) 9 9902-1933
PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: 100porcentoagro
2 100% Agro / Abril, 2023
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SAÚDE DO TRABALHADOR
Grupo Sekita investe em segurança e
saúde no trabalho
A legislação brasileira de segurança
e saúde no trabalho é
ampla e engloba normas específicas
para o setor agrícola, como
a Norma Regulamentadora nº 31
(NR 31), que estabelece medidas
de segurança e saúde para o meio
rural, incluindo a agropecuária.
Essa norma tem como objetivo
proteger os trabalhadores rurais
dos riscos presentes no ambiente
de trabalho, como agentes
químicos, físicos e biológicos.
Além disso, outras normas de segurança,
como a NR 6, que trata
de Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs), e a NR 12, que
estabelece requisitos mínimos de
segurança para máquinas e equipamentos
usados na atividade
agrícola, também são aplicáveis
ao setor. Para garantir a segurança
e saúde dos trabalhadores no
setor agrícola, é importante superar
os desafios específicos desse
ambiente de trabalho.
O Grupo Sekita Agronegócios,
empresa de destaque no
setor de pecuária e hortifrutis,
aceitou o desafio: a fim de garantir
um ambiente de trabalho
seguro e saudável para seus funcionários,
a empresa tem implementado
medidas específicas
que consideram as particularidades
de cada atividade executada.
O Técnico de Segurança
do Trabalho Júnio Silva explica
que a empresa emite diversos
documentos para auxiliar no
gerenciamento de riscos, sendo
o principal deles o Programa
de Gerenciamento de Riscos
(PGR). O PGR descreve os riscos
presentes em todas as atividades
da empresa e as medidas
para eliminá-los ou reduzi-los.
Conforme explica, na implementação
do PGR na empresa,
foi desenvolvido um formulário
de entrevista para consultar os
funcionários de todos os setores
sobre suas atividades, riscos
envolvidos e como realizam suas
tarefas. Com base nessa pesquisa,
foram identificadas medidas de
gerenciamento de riscos, com o
uso de equipamentos de proteção
individual (EPIs), medidas administrativas,
mudanças nas atividades
e no ambiente de trabalho.
De acordo com o técnico,
a empresa conta com diversos
equipamentos de proteção coletiva:
corrimões em escadas e guarda-corpos
em locais com risco de
queda, sinalização, chuveiros de
emergência e kits de primeiros socorros.
Os EPIs são definidos de
acordo com a atividade e o risco,
com grande variedade de opções
disponíveis: botinas, camisas
e roupas de manga longa para
proteção do sol, chapéus, luvas,
protetores solares e equipamentos
especiais para a manipulação
de defensivos agrícolas, como
luvas nitrílicas, botas e roupas
impermeáveis. Júnio explica que
há resistência por parte de alguns
funcionários para o uso de
EPIs. “Creio que essa resistência
sempre vai existir. Querendo ou
não, a gente mexe um pouco na
zona de conforto dessas pessoas
e faz com que elas usem equipa-
Foto: Sekita
Ações na Sekita buscam
garantir ambiente de trabalho
seguro e saudável para
os funcionários por meio
de medidas específicas
que consideram as
particularidades de cada
atividade executada
mentos que, às vezes, não são tão
confortáveis para elas”. Porém,
o técnico garante que a empresa
investe na conscientização e no
treinamento dos funcionários
para que compreendam a importância
desses procedimentos
na realização de suas atividades,
bem como em ações preventivas
para evitar incidentes, acidentes
ou doenças ocupacionais.
Júnio Silva relata que a empresa
conta com um setor de
saúde, havendo sempre pelo
menos uma pessoa de plantão.
Júnio enfatiza que, apesar da
atuação preventiva, as emergências
não podem ser ignoradas,
por isso o setor funciona todos
os dias, inclusive nos feriados e
finais de semana e conta, ainda,
com equipe de brigadistas treinados
em primeiros socorros e
combate a incêndios, presente
em todos os setores da empresa.
O técnico menciona a parceria
com os serviços públicos de
saúde, destacando que a empresa
possui os contatos de todos
os prontos-socorros da região,
incluindo Ibiá, São Gotardo, Rio
Paranaíba, Arapuá, Matutina,
Tiros e outras cidades próximas.
Com a preocupação de garantir
um ambiente seguro e
saudável para todos os seus
funcionários, as ações da Sekita
Agronegócios contribuem para
a redução de acidentes de trabalho
e doenças ocupacionais na
empresa tornando-a referência
também em saúde e segurança
do trabalho.
COMPROMISSO
Conselho
Editorial pra quê
Nosso corpo editorial é enxuto,
competente e muito
funcional. Além do editor-chefe,
contamos com dois redatores,
colaboradores e colunistas convidados,
oriundos das áreas de
direito no agronegócio, ciências
no agro, engenharia florestal,
saneamento e gestão e formação
de lideranças na fazenda.
Ainda assim, resolvemos instituir
um Conselho Editorial.
Convidamos para compor o
nosso “Conselhão”, nomes importantes
do agronegócio, e os
convites foram prontamente
aceitos.
O editor coordena o processo
editorial dos canais, sendo
responsável pela manutenção da
política editorial e coordenação
do fluxo de trabalho junto à equipe.
Também é função do editor
constituir o Conselho Editorial
e, junto com seus membros, zelar
pela qualidade do jornalismo
praticado.
Esta é a razão de termos um
Conselho Editorial: cumprir o
compromisso de fazer jornalismo
de qualidade em favor do agronegócio
do Alto São Francisco, Alto
Paranaíba e Triângulo Mineiro.
Os membros aconselham o
editor e o corpo editorial, atuando
como observadores críticos,
opinativos e consultivos. Fazem
parte do Conselho: Makoto
Sekita, Hugo Shimada, Juliana
Lisboa, Rhenys Silva Cambraia,
Dener Henrique de Castro,
Flávio Márcio da Silva, Miriam
Delgado, Rodolfo Molinari,
Renato Ruas e Sabrina Miyazaki.
Ou seja, estão representados
os irrigantes, HF, políticas públicas,
prefeitos regionais, defesa
sanitária e agroindústria, cadeia
produtiva do alho, sindicatos
rurais, Faemg e Sistema CNA,
ciências agrárias e negócios no
agro.
Além de credibilidade, essas
pessoas agregam conhecimentos
e experiência à nossa missão de
valorizar o agronegócio.
100% Agro / Abril, 2023 3
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DO AGRO, SIM SENHOR
Joabe tem orgulho de ser trabalhador do agro
Trabalhador do agro e
poeta, com muito orgulho
A partir desta edição,
teremos uma coluna
dedicada a quem
trabalha no dia a dia do
campo, movimentando
as fazendas, pondo
a mão na terra. Uma
coluna para quem bate
no peito e diz que é do
agro, sim senhor
Em 2017, um adolescente deixou
o interior do Nordeste em
busca de uma vida melhor em
Minas Gerais. Junto com a irmã,
fez o que milhares de nordestinos
fazem todos os anos. A cidade escolhida
foi São Gotardo, no Alto
Paranaíba, e a escolha não poderia
ter sido melhor. Além do trabalho
digno, esse jovem conseguiu
entrar na faculdade, encontrou espaço
para expressar seus talentos
na poesia e se tornou conhecido e
Foto: Acervo Pessoal
respeitado. Tudo graças à sua persistência
e aos caminhos abertos
pelo agronegócio.
Seu nome de batismo é Francisco
da Silva Costa, mas ele
é conhecido como Joabe, um
jovem de 23 anos nascido em
Gonçalves Dias (MA). Joabe
veio do Maranhão aos 17 anos,
junto com a irmã, Janaína. Fez
pequenos trabalhos para ajudar
nas despesas de casa até alcançar
a maioridade e buscar um bom
emprego.
“Trabalhar na agricultura foi
desafiador e emocionante porque
precisava vencer o cansaço do
dia a dia, mas tinha consciência
de que meu trabalho alimentava
pessoas. É pesado, mas compensa
muito”, conta o jovem.
Seis anos depois de chegar
a Minas Gerais, Joabe segue no
agro. Desde 2018, trabalha na
Fazenda Santo Amaro. Entrou
nos serviços gerais imaginando
que ficaria somente no período de
safra, mas acabou contratado por
Wellington Brito, então gerente
da Fazenda. Virou funcionário!
Seu desempenho resultou em
novas oportunidades. Joabe fez
cursos, acumulou experiência e
passou a atuar como encarregado
de estoque de defensivos
agrícolas e responsável pelo abastecimento
de máquinas.
“O agronegócio é muito
importante para o mundo e
garante o desenvolvimento do
nosso país. Tenho orgulho de
fazer parte, e procuro contribuir
com o desenvolvimento
da empresa, exercendo a minha
função com responsabilidade
e qualidade”, diz.
Em seus versos, Joabe Costa,
não deixa dúvidas: “A agricultura
é a arte de cultivar. Ela é responsável
por garantir o nosso
café da manhã, o nosso almoço
e o nosso jantar. Que tamanha
responsabilidade! Merece todo
o nosso respeito, essa área que
tem a função de alimentar a humanidade”.
Os melhores shows e estrutura
completa para o seu evento.
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4 100% Agro / Abril, 2023
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ECONOMIA
Especialista do Sicoob Credisg analisa cenário
regional de crédito e seguro no agro
Em todo o país, de julho
de 2022 a fevereiro de
2023, foram assinados
1.341.573 contratos.
Nesses 8 meses, crédito
rural chega a quase
R$ 240 bi
O volume de desembolsos
do crédito rural alcançou R$
239,4 bilhões no Plano Safra
2022-23 entre os meses de
julho do ano passado e fevereiro
último. O anúncio do
Ministério da Agricultura e
Pecuária, no dia 6 de março,
informa, ainda, que os financiamentos
de custeio somaram
R$ 145,8 bilhões. Já
as contratações das linhas
de investimentos se aproximaram
de R$ 65 bilhões,
as operações de comercialização
atingiram R$ 17,2
bilhões e as de industrialização,
R$ 11,4 bilhões. Num
recorte para a microrregião
de São Gotardo atendida
pelo Sicoob Credisg, todos
os recursos disponibilizados
no terceiro trimestre da safra
já foram destinados, restando
poucos contratos a serem
assinados.
Análise da Secretaria de
Política Agrícola do Minisério
da Agricultura e Pecuária,
registra 974.424 contratos
no Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf)
e 159.125 no Programa
Nacional de Apoio ao Médio
Produtor Rural (Pronamp).
Os valores contratados pelos
pequenos e médios produtores
foram, respectivamente,
de R$ 39,6 bilhões no
Pronaf e R$ 38,1 bilhões no
Pronamp, em todas as finalidades:
custeio, investimento,
comercialização e industrialização.
De acordo com o informe
do Ministério da Agricultura
e Pecuária, os demais produtores
formalizaram 208.024
contratos, correspondendo a
R$ 161,7 bilhões de financiamentos
contraídos nas instituições
financeiras.
Os valores divulgados
pelo Governo são provisórios
e foram extraídos, no dia
3 deste mês, do Sistema de
Operações do Crédito Rural
e do Proagro (Sicor/BCB),
que registra as operações de
crédito informadas
pelas instituições
financeiras autorizadas
a operar em
crédito rural.
CENÁRIO REGIO-
NAL — Os recursos
disponibilizados
pelo Governo
Federal foram todos
direcionados
logo no início do
terceiro trimestre
do ano safra 2022-
23, na área de cobertura
do Sicoob
Credisg. A afirmação
é do Diretor de
Negócios do Sicoob
Credisg João José
da Silva (foto).
Até o fechamento desta
edição, faltava apenas a formalização
de alguns poucos
contratos, de acordo com o
Diretor.
De acordo com João José,
já há demandas relativas ao
último trimestre da safra
atual, com recursos disponíveis
nestes primeiros dias
de abril. O Diretor explica, no
entanto, que a Cooperativa
oferece linhas de crédito em
qualquer época do ano.
Nesta época do ano, a
maior demanda é para o
custeio do plantio de alho, e
a estratégia da Cooperativa
foi abrir o pré-custeio com
alguns meses de antecedência,
facilitando a compra
de sementes e insumos pelos
produtores.
Além de linhas de custeio,
o Sicoob Credisg disponibiliza
investimentos, cédula
do produtor rural financeira
(CPRF), estocagem, crédito
pessoal e giro rural, dentre
outras opções.
Sobre o fato de muitas vezes
o produtor não conseguir
acessar os recursos anunciados
pelo Governo João
José explica que, quando
ocorre uma liberação global
de recursos para todo o
país, nem sempre o volume
é suficiente para atender as
demandas dos produtores
devido à grande extensão
territorial do Brasil, com sua
enorme diversidade produtiva.
“Há, então, uma procura
gigantesca por recursos,
quase sempre inferiores à
demanda, gerando grande
expectativa, além das exigências
para utilizar a linha
de crédito. Nem sempre o
produtor está preparado
para atendê-las”.
SEGUROS — Mercado vê
espaço para seguro agrícola
voltar a crescer 30%
em 2023. Este é o título de
uma notícia publicada pelo
Estado de São Paulo no dia
27 de março último.
A reportagem cita um
possível El Niño que poderá
trazer mais chuvas ao
Centro-Sul, levando produtores
a eventualmente
buscarem proteção contra
perdas no campo.
Em relação ao seguro agrícola,
os produtores da região
de São Gotardo têm acesso
às melhores seguradoras,
em modalidades como os
seguros de máquinas e implementos,
pivôs, equipamentos
em geral, veículos,
seguro de vida para o associado
e seus empregados,
seguro pecuário, residencial
e da fazenda. “Outra modalidade
bem demandada é
o seguro das lavouras propriamente
ditas, conforme
o período de aceitação de
cada companhia”, conclui
João José.
Foto: Siccob Credisg
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DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Verde Agritech pede autorização para construir
ferrovia em Minas
Projeto prevê um
traçado entre as
instalações da
companhia, em São
Gotardo, e a cidade
de Ibiá, no Triângulo
Mineiro, para escoar a
produção de K Forte
e BAKS
A Verde Agritech solicitou
autorização da Agência
Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT) para construir
um ramal ferroviário
no interior de Minas Gerais.
A empresa possui a maior
capacidade de produção de
potássio para a agricultura
do Brasil e é a primeira do
mundo a aditivar fertilizante
mineral com microrganismos.
O projeto prevê um traçado
entre a instalações
da companhia, em São
Gotardo, e a cidade de Ibiá,
no Triângulo Mineiro, para
escoar a produção de K
Forte e BAKS.
“A ferrovia dará aos agricultores
acesso a um volume
ainda mais substancial
de produto”, disse Cristiano
Veloso, fundador e CEO da
Verde Agritech.
Cristiano Veloso, fundador e CEO da Verde Agritech (Foto: Verde Agritech/divulgação)
RAMAL — Segundo a Verde
Agritech, o ramal ficará interligado
a uma rede ferroviária
que conecta sete
estados e o Distrito Federal,
em parte administrada pela
Ferrovia Centro Atlântica
(FCA).
“As ferrovias FCA são a
principal rota entre as regiões
Sudeste, Nordeste
e Centro-Oeste do Brasil”,
destaca o comunicado ao
mercado.
O projeto apresentado à
ANTT contempla o transporte
de até 50 milhões de
toneladas de fertilizantes
potássicos por ano, cerca de
55% da demanda nacional,
segundo a empresa.
A Verde Agritech diz esperar
a autorização da ANTT
para os próximos meses.
OPERAÇÃO — Com duas
plantas em operação, localizadas
em São Gotardo
e Matutina, a capacidade
produtiva anual é de até 3
milhões de toneladas de fertilizantes.
Este ano, a construção da
terceira planta, com investimentos
de R$ 275 milhões,
foi anunciada pela empresa
para ser concluída em
2024, elevando a capacidade
de produção para 16,4%
da demanda nacional.
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AQUI TEM GERÊNCIA
Gestão das operações agrícolas: fazendo o certo
na hora certa
Conhecer os princípios
é só o começo. Se você
se interessa em entender,
aplicá-los na prática e outras
dicas de como gerenciar
o dia a dia da fazenda,
fique ligado em nossa nova
coluna, produzida pela
Cooperativa Terra Ideal,
um núcleo de aprendizado
dedicado a gestores e líderes
que atuam na gestão de
pessoas e de operações
agrícolas.
“Para ter resultados
ideais é preciso
comportamentos
ideais”
Shigeo Shingo
HENRIQUE ZAPAROLI
MARQUES, DIRETOR
ADMINISTRATIVO DA
ESCOLA COOPERATIVA
TERRA IDEAL
Ao passo que os produtores
vêm melhorando intensamente
os meios e métodos
de produção, buscando novas
tecnologias que prometem
melhores resultados, a principal
pedra no sapato continua a
Treinamento em campo (Foto: Henrique Z. Marques)
mesma, as pessoas. Diariamente
vemos produtores frustrados
com a mão de obra, uma preocupação
legítima e importante,
já que não basta ter meios ideais.
É preciso ter pessoas com
COMPORTAMENTOS ideais. A
pergunta chave é: como fazer
com que os comportamentos
das pessoas acompanhem as
demais evoluções na fazenda?
Bem, não há uma fórmula
mágica para isso, mas há caminhos
muito bem trabalhados
com métodos e ferramentas
práticas já testada por milhares
de empresas e fazendas. Uma
das empresas pioneiras nesse
assunto é a montadora de
carros Toyota, que revolucionou
a manufatura de carros no
século XX se tornando a maior
montadora do mundo, mesmo
sem toda a tecnologia e capacidade
produtiva que tinham
os concorrentes na época. Isso
só foi possível porque os gestores
da empresa passaram a
dedicar o seu tempo capacitando
os operadores a terem olhar
crítico, melhorarem todos os
dias, focando na perfeição do
trabalho que estavam executando.
Isso, praticando diariamente
5 princípios gerenciais:
Foque no que é valor para os
clientes — escute os seus clientes
internos e externos, entenda
por que ele compra de você
e quais são as barreiras que ele
precisa enfrentar;
Tenha uma visão sistêmica
— Mapeie como o produto é
produzido, do planejamento da
safra até a colheita e o dinheiro
no seu bolso;
Crie fluxo no trabalho de
maneira puxada — Elimine todo
tipo de pedra no caminho que
encontrar. Entenda que tudo
que não contribui para gerar
valor ao cliente é um desperdício
e produza exatamente
o que os clientes querem, na
quantidade que querem, quando
eles querem;
Procure a perfeição, melhorando
diariamente — Desenvolva
uma cultura de melhoria
contínua em que todos
contribuem todos os dias com
pequenas melhorias;
Esteja junto, respeitando,
capacitando e liderando com
humildade — Para capacitar e
melhorar, é preciso estar no
local onde as coisas acontecem,
não no escritório. Por
isso, o gestor deve ter como
principal atividade a capacitação
das pessoas no local
de trabalho enxergando as
dificuldades que as pessoas
enfrentam para executá-lo.
É perfeitamente possível
praticar esses princípios
diariamente com a ajuda de
métodos e ferramentas adequadas,
que servem como
um “gabarito” para que todos
tenham comportamentos
ideais.
Para ficar na
cabeça:
Quer que todos
se comportem de
maneira ideal na
fazenda? Comece
por você.
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MATÉRIA DE CAPA
Formação de mão
de obra e retenção
de talentos nas
empresas e
fazendas unem
gestores e
instituições de
ensino do Alto
Paranaíba
8 100% Agro / Abril, 2023
Quase 19 milhões de homens
e mulheres fecharam 2022 trabalhando
em empresas do
agronegócio e em fazendas
de todo o Brasil. Em número
exato, eram 19,97 milhões de
pessoas com carteira assinada,
segundo o Centro de Estudos
Avançados em Economia
(CEPEA) da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq), da Universidade de São
Paulo (USP). Os dados foram
compilados com base em informações
de microdados da
Pesquisa Nacional Contínua por
Amostra de Domicílios (PNAD-
Contínua) e de dados da Relação
Anual de Informações Sociais
(RAIS). Em fevereiro, o mercado
de trabalho em Minas Gerais
teve o melhor desempenho desde
agosto de 2022. Houve um
superávit de 26.983 postos de
trabalho. A agropecuária foi a
segunda que mais contratou, ficando
atrás apenas da indústria.
A região atrai um grande
contingente de trabalhadores de
outras partes do País, em especial
vindos do Nordeste, porque
as atividades de plantio e colheita
não atrai interesse dos moradores
locais e, para profissões
mais especializadas, falta mão de
obra qualificada.
Para a psicóloga Leticia Miura,
especialista em Recrutamento e
Seleção, houve uma grande mudança
no mercado de trabalho
da região, muito por conta da
grande expansão do agronegócio.
Leticia atua em São
Gotardo há quase 15 anos, e observa
que sempre houve dificuldade
de encontrar mão de obra
local. De acordo com a especialista,
outras atividades econômicas,
em particular o comércio e
a mineração, absorvem grande
parte da força de trabalho, levando
recrutadores e empregadores
a buscarem trabalhadores em
outras regiões. Miura aponta
outro dado interessante: “nos
currículos que recebo de São
Gotardo, percebo que faltam
qualificação e instrução. Faltam
cursos técnicos que preparem o
jovem para o trabalho”.
A entrevista completa com
Leticia Miura está disponível no
podcast 100porcentoagro no
Spotify e outros agregadores.
Aula prática de mecânica e mecanização Agrícola na Fazenda Aliança com os alun
Criação do campus UFV em
Rio Paranaíba foi virada na
formação profissional da região
A criação do campus Rio
Paranaíba da Universidade
Federal de Viçosa, em 2006,
foi a forma mais incisiva de
enfrentar o desafio de formar
profissionais qualificados
para o agronegócio regional e
nacional em um dos grandes
pólos agropecuários do Brasil.
A afirmação é do Diretor Geral
da UFV-CRP, professor Renato
Ruas. As atividades do CRP
começaram em 2007, trazendo
para a região a excelência
da UFV nas Ciências Agrárias.
Por ano, são cerca de 50
novos estudantes somente
no curso de Agronomia.
Atualmente, são 265 estudantes,
e 357 já concluíram
o curso. “Nossa formação
une teoria robusta e vivência
prática extremamente rica”.
O professor diz, ainda, que
a universidade é um sonho
possível para a maioria dos
jovens da região. “Nossa
forma de acesso é bem democrática,
pois usamos a
nota do Enem. Basta que os
jovens se dediquem, façam
um bom exame nacional e
apliquem para a nossa universidade.
Recebemos muitos
alunos da região que,
possivelmente, não teriam
condições de irem para outros
locais, como o campus
de Viçosa, por exemplo”.
Renato Ruas fala com orgulho
dos profissionais formados
pela UFV-CRP. “Esse
é um legado que nos orgulha
muito e nos dá certeza que
nosso papel está sendo bem
feito”.
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Formamos agrônomos capazes
de tomar decisões corretas
no momento correto, diz
coordenadora do CESG
m os alunos de Agronomia do CESG (Foto: divulgação)
Formação técnica de qualidade
abre oportunidades, mesmo
sem curso superior
As formações oferecidas
pela Escola Técnica de
São Gotardo (E-tecsg) e
pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar)
atendem quem busca qualificação
para atuar no agronegócio
sem precisar fazer um
curso superior. São formações
de curta duração, com
foco no mercado de trabalho.
A unidade de Patos de
Minas do Senar é referência
regional na formação profissional
rural. A proposta é
atender às demandas de agricultores,
pecuaristas e trabalhadores
do campo com formação
completa e atualizada.
O Senar oferece capacitação
profissional e promoção
social do produtor, do trabalhador
rural e seus familiares.
Anualmente, capacita 200
mil pessoas em Minas Gerais,
e ainda oferece Assistência
Técnica e Gerencial gratuita
para 11 cadeias produtivas.
Já a E-tecsg se propõe a
acelerar a formação e colocar
pessoas habilitadas no mercado
de trabalho, seguindo o
mesmo princípio da agilidade
na qualificação profissional.
“Nossos cursos duram 18
meses, com estágio desde o
segundo período. É uma forma
de colocar o aluno no dia
a dia da atividade prática,
vivenciando o que aprendeu
em sala de aula”, explica a
diretora, Dulcimar Lúcia.
A escola recebe alunos de
toda a região e, em fevereiro de
2024, forma a primeira turma
de técnicos em agronegócio.
O curso de Agronomia do
Centro de Ensino Superior de
São Gotardo (CESG) foi criado
diante da importância do
agronegócio no Alto Paranaíba
e da grande demanda por
profissionais qualificados. A
afirmação é da coordenadora,
professora Mariana Cecília
Melo. Engenheira Agrícola e
Ambiental com mestrado em
Agronomia e doutorando em
Engenharia Agrícola, Mariana
conta que um dos diferenciais
foi a possibilidade de atender
as pessoas que trabalham durante
o dia.
Em sua apresentação no site
da Instituição, o curso cita a
vocação natural do Brasil para
os sistemas produtivos agrícolas,
e situa a Agronomia como
um campo multidisciplinar, que
inclui subáreas aplicadas das
ciências naturais, exatas, sociais
e econômicas que trabalham
em conjunto para aumentar a
compreensão da agropecuária
e melhorar as práticas agrícolas
e zootécnicas em favor da
otimização da produção, do
ponto de vista econômico, técnico,
social e ambiental.
A primeira turma de Agronomia
do CESG é de 2017. No
fim de 2023, o curso forma sua
terceira geração de profissionais
que irão atuar em fazendas e
empresas da região e em outras
partes do Brasil.
Levantamento recente, feito
pela Faculdade junto aos egressos,
apontou que 85% deles já
atuavam no agronegócio antes
mesmo de entrarem no curso.
“Eles buscaram na graduação
a oportunidade de aperfeiçoar
seus conhecimentos e
de crescer profissionalmente”,
explica. A coordenadora classifica
os alunos de Agronomia
do CESG como alunos-práticos,
com alguma experiência
no ramo, o que gera uma intensa
troca de informações e de
conhecimentos entre os próprios
estudantes e os professores acerca
dos desafios, pontos fortes e
fracos e das oportunidades presentes
no dia a dia das propriedades.
Mariana avalia que os
egressos do CESG estão muito
atualizados com as inovações,
as técnicas e as tecnologias do
segmento.
Outro dado interessante do
levantamento: 90% dos agrônomos
graduados pelo Centro
de Ensino Superior de São
Gotardo estão trabalhando em
sua área de formação, sendo
que 70% deles atuam em empresas
privadas.
As principais atividades são
a revenda de produtos agrícolas,
produtividade de safra,
gestão de propriedades rurais,
supervisão de produtos alimentícios,
projetos de irrigação
e a prestação de serviços diversos,
como as consultorias, por
exemplo.
A professora Mariana Melo
cita que o índice de satisfação
entre os agrônomos graduados
pelo CESG alcançou 70% entre
os consultados no levantamento
da Faculdade.
“Acredito que ainda temos
muito a crescer. Nosso corpo
docente é bem qualificado, de
alta capacidade. Nossa estrutura
física é muito boa, e temos
um diferencial em relação às
aulas práticas, realizadas nas
próprias fazendas da região,
onde os alunos conhecem e
experimentam pessoalmente as
principais operações, etapas e
processos do dia a dia da produção
agrícola. É assim que
formamos profissionais capazes
de tomar decisões corretas, nos
momentos corretos, diante de
eventuais problemas no campo”,
conclui.
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CAFEICULTURA
Cafeicultores vão discutir estratégias de gestão,
clima e descarbonização no ENCOFFEE 2023
Luciana Martins: nosso evento vai levar informação e abrir os
caminhos da oportunidade
A temporada 2023 de
eventos do agro já começou,
e a agenda do Grupo Conecta
está a todo vapor. Um dos
mais aguardados é o Encontro
de Gestão dos Cafeicultores
Foto: Grupo Conecta
(ENCOFFEE). Nos dias 11 e 12 de
abril, em Uberlândia, a cadeia
produtiva do café terá acesso a
conteúdo de alto nível, troca de
experiências e informações decisivas
para os rumos da cafeicultura
brasileira. Especialistas
irão analisar os primeiros passos
do novo governo e as mudanças
nos aspectos políticos e
econômicos, mercado do café,
tendências, perspectivas, gestão
de risco e sucessão familiar.
Entre os apoiadores estão
a Coopadap (São Gotardo), a
Expocaccer (Patrocínio).
“O calendário esse ano do
Grupo Conecta está surpreendente,
com novos eventos,
inclusive em um cruzeiro. E
começar a nossa agenda com
o ENCOFFEE em um lugar lindo
como o Palácio de Cristal envolve
um sentimento de gratidão
a um setor tão importante
e tradicional para o Brasil como
é a cafeicultura. Sabemos que
os produtores vivem tempos
desafiadores, mas esta edição
do nosso evento vai levar informação
e abrir os caminhos da
oportunidade”, conta Luciana
Martins, Diretora Executiva do
Grupo Conecta, empresa organizadora
do evento.
Durante dois dias, os congressistas
terão uma série de
palestras com assuntos atuais
que refletem dentro e fora dos
cafezais. Além das questões
políticas e econômicas, outros
temas como mudanças climáticas,
carbono neutro e novas
tecnologias estarão no centro
do debate.
O Brasil é o maior produtor e
exportador mundial de café verde.
Em janeiro, abrindo a temporada
2023, o Brasil embarcou
2,8 milhões de toneladas. Só no
ano passado, pelo menos 300
mil fazendas de café mantiveram
o Brasil como maior produtor
e exportador mundial.
O ENCOFFEE terá cobertura
dos canais 100porcentoagro.
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MEIO AMBIENTE
São Gotardo começa a desativar lixão
Processo de
desativação começou
em março. Nenhum
resíduo poderá mais
ser depositado no
local
Lixão é uma ferida a céu aberto.
E, como toda ferida precisa
ser tratada. Eliminar os lixões
é um desafio em todo o Brasil.
Um estudo aponta que apenas
a região Sul deve conseguir eliminar
os aterros irregulares até
o fim desta década. São Gotardo
dá um passo importante, e começa
a desativar o lixão (foto).
Especialistas dizem que a
solução passa pela cobrança da
coleta e concessão do serviço à
iniciativa privada. Por ano, são
30 milhões de toneladas de lixo a
céu aberto, em lixões. Em peso, o
lixo colocado nesses locais equivale
a quase duas vezes a produção
anual de laranjas do país. Em
2010, foi sancionada a Política
Nacional dos Resíduos Sólidos
com uma meta ambiciosa: extinguir
os lixões até 2014. Não deu
certo. Em 2020, o Novo Marco
Legal do Saneamento estabeleceu
nova data para acabar com
os aterros: 2024.
Além de poluírem o ar, a terra
e as águas, os lixões ameaçam
a saúde pública e degradam o
meio ambiente. Para pôr fim
ao problema, a Prefeitura de
São Gotardo está iniciando o
processo de desativação do lixão,
e nenhum tipo de resíduo
poderá ser depositado no local.
Atualmente, a construção civil e
o agronegócio já são responsáveis
por dar a destinação correta
de resíduos. Agora,
a medida alcança os
demais setores.
Em linhas gerais,
vale o que es-
-tá previsto na da
lei 12.305/2010,
de-limitando as responsabilidades
do
poder público, do
setor empresarial,
da coletividade, de pessoas físicas
ou jurídicas. A lei define, ainda,
que a contratação de serviços de
coleta, armazenamento, transporte,
transbordo, tratamento ou destinação
final de resíduos sólidos,
ou de disposição final de rejeitos,
não isenta as pessoas físicas ou
jurídicas da responsabilidade por
danos provocados pelo gerenciamento
inadequado dos resíduos
ou rejeitos. E, ainda, que, as etapas
de responsabilidade do gerador,
realizadas pelo poder público,
serão remuneradas pelas pessoas
físicas ou jurídicas responsáveis,
em casos específicos previstos na
lei. A Prefeitura atuará para minimizar
ou cessar o dano, tão logo
tome conhecimento de riscos ao
meio ambiente ou à saúde pública
relacionados ao gerenciamento de
resíduos sólidos. Nestes casos, os
responsáveis pelo dano deverão
ressarcir integralmente o poder
público pelos gastos decorrentes.
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TROCA DE SABERES
Encontros em São Gotardo reúnem
produtores de café e abacate
Com o objetivo de fomentar
a troca de experiências, produtores
rurais se reunirão no dia
25 de maio, no 15º Encontro de
Cafeicultores e no 2º Encontro
de Produtores de Abacate de
São Gotardo, que ocorrerão simultaneamente.
Os encontros
serão a oportunidade de compartilhar
conhecimentos entre
produtores de todo o país, além
de proporcionar aprendizado
com especialistas nas áreas de
cafeicultura e produção de abacates.
A iniciativa faz parte do
Projeto Educampo, progra-
-ma de apoio do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae).
O Educampo atua há 15 anos
no Alto Paranaíba, acompanhando
produtores de café.
Os eventos, realizados pela
Associação de Apoio aos Produtores
Rurais de São Gotardo
(Assogotardo ), conta com o
apoio do Sindicato Rural de
São Gotardo, Federação dos
Cafeicultores do Cerrado e da
Emater-MG.
O gerente da Assogotardo,
Cesarino Bicalho, confirmou a
presença de palestrantes que
discutirão assuntos relacionados
à gestão econômica e
condução sustentável da cafeicultura
e manejo de poda
e comercialização do abacate.
Também está prevista
uma palestra sobre Gestão de
Organização espera superar sucesso da edição mais recente
Pessoas.
Segundo Jarbas de Pádua
Correia, engenheiro agrônomo
da Assogotardo, a participação
do Sebrae no projeto propicia
a identificação, em conjunto
com os produtores, dos gargalos
que precisam ser trabalhados
para buscar soluções
dos problemas apresentados,
através da gestão de processos
ou de pessoas, de forma
a obter melhor relação econômica
e técnica no negócio.
Pádua enfatiza que a troca de
informações, antes exclusiva
para produtores de café, agora
será estendida também aos
produtores de abacate.
Na produção cafeeira, já se
sabe que é preciso melhorar
a produtividade, que impacta
diretamente na rentabilidade,
Foto: Assogotardo
envolvendo fatores como a
necessidade de renovação das
lavouras e controle mais eficiente
de pragas e doenças.
Já na cultura do abacate, é
necessário garantir a demanda
de consumo para evitar
a estagnação da produção.
Além disso, existem desafios
de articulação entre os atores
da cadeia de produção. Jarbas
ressalta que a região do Alto
Paranaíba é privilegiada tanto
para a produção de cafés especiais
quanto para a produção
de abacate, por ter condições
climáticas e de solo bastante
favoráveis.
Hugo Shimada, referência
regional como produtor
de abacates das variedades
Margarida e Breda, faz parte da
organização do evento e reforça
a necessidade de fomento
e abertura de novos mercados
para a cultura do abacate.
Hugo destaca que essa ação
tem sido foco da Associação
de Produtores de Abacate
do Brasil. Enquanto isso, a
Associação dos Produtores
de Abacate de São Gotardo
concentra-se na parte técnica
e econômica, com ações de
difusão de tecnologias e comparação
entre os produtores
para avaliar o que está dando
certo ou não.
Bicalho reforça o convite
para a participação de todos
e destaca que as expectativas
para o evento são as melhores,
esperando receber um público
de cerca de 700 pessoas.
Desse número, estima-se que
40% sejam produtores, agrônomos,
gerentes e colaboradores
com influência direta
nas propriedades rurais. Além
disso, o evento conta com o
apoio de empresas parceiras,
que estarão presentes apresentando
seus produtos e
podendo oferecer promoções
especiais ao longo do evento
que contará, também, com a
realização de sorteios, especialmente
para os produtores
que estiverem presentes
desde o início. O encontro
propiciará oportunidades de
networking e troca de informações
na cadeia produtiva
do café e do abacate.
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REPRESENTATIVIDADE
Em dia histórico: quase 500 produtores da região
participam de evento da Faemg em São Gotardo
Sete e meia da manhã de
quinta-feira, 30 de março, e
uma intensa movimentação
sinalizava que o dia seria diferente
no Parque de Exposições
de São Gotardo. Em poucas horas,
dezenas de ônibus, vans e
outros veículos lotaram o estacionamento
trazendo homens
e mulheres do agronegócio de
35 cidades do Alto Paranaíba,
Alto São Francisco e Triângulo
Mineiro para a quinta edição
do encontro Faemg Senar em
Campo, iniciativa da Federação
da Agricultura de Minas Gerais
(Faemg) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural em
Minas (Senar). Ao final do
evento, o Presidente da Faemg,
Antônio Pitangui de Salvo destacou
a união dos produtores
numa demonstração de força
e de grande capacidade de trabalho.
Já o anfitrião do evento,
Rodolfo Molinari, Presidente
do Sindicato Rural de São
Gotardo, disse que “470 homens
e mulheres estiveram
presentes, representando
milhares de produtores da região”.
Além de Antônio de Salvo,
também estiveram presentes
diretores, gerentes regionais
e técnicos de campo, representando
os agentes que formam
o Sistema: produtores
rurais, sindicatos, Federação e
Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA).
Para Antônio de Salvo, reunir
tantas pessoas num dia
Produtores e produtoras rurais atentos à mensagem do Sistema
Faemg Senar (Foto: Sistema Faemg Senar)
normal de trabalho, numa época
em que os afazeres de cada
um não cessam, comprova o
sucesso do evento. “Foi mais
um grande encontro, mostrando
que não viemos brincar.
Vamos fazer diferença no agro
mineiro, com certeza”.
Por sua vez, o Presidente do
Sindicato Rural de São Gotardo
entende que o recado foi dado
e bem acolhido, e os resultados
irão aparecer em breve.
O gerente regional do Sistema
Faemg Senar em Patos
de Minas, Sérgio Coelho, comemorou
a presença dos produtores,
oferecendo a eles a
oportunidade de perguntar
aos especialistas para esclarecer
dúvidas sobre temas relevantes
do agro.
Nas redes sociais, em
@100porcentoagro há dezenas
de vídeos e fotos do evento.
ELOGIOS — Foram várias as manifestações
de reconhecimento
e elogios ao evento de São
Gotardo. Para Paulo Tolentino
Pereira (Haras Fazenda da Onça),
de Presidente Olegário,
o encontro foi de homem do
campo para homem do campo.
Nas redes sociais, Tolentino
escreveu: “Ótimo encontro.
Repasso aqui a opinião
dos produtores(as) rurais de
Presidente Olegário que estiveram
no encontro. Muito
bom. Aprendemos muito sobre
a Faemg, sobre o sindicato.
Nosso presidente é igual a nós.
Uma pessoa disse que imaginava
um monte de gente de
terno”. E, de fato, o encontro
foi marcado pela informalidade
e objetividade.
Outro produtor, Douglas
Coelho Chaves, parabenizou os
organizadores. “Ótimo evento,
mostrando muito bem o empenho
e dedicação de toda
a equipe do Sistema Faemg
Senar em ouvir e solucionar as
demandas dos produtores rurais
da região”, escreveu.
REPRESENTATIVIDADE — “Estamos
mostrando um pouco
do que o Sistema pode fazer,
e vamos fazer cada vez mais, à
medida que as pessoas entenderem
a importância de se unirem
a nós para que tenhamos
representatividade, não só técnica,
mas também institucional,
neste segmento tão importante,
compatível com o tamanho que
tem”, disse Antônio Pitangui
em entrevista exclusiva ao
100Porcentoagro.
Por fim, o Presidente do
Sistema Faemg Senar lembrou
que o segmento é altamente
importante para Minas Gerais
e para a economia brasileira, e
isso tem ônus e bônus. “Quanto
mais a gente lidera, e o nosso
segmento é líder, mais somos
atacados. Isso é normal em
qualquer lugar do mundo. Esse
segmento precisa ser protegido,
e a proteção está na nossa força,
na nossa união e no nosso
trabalho”, concluiu Antônio de
Salvo.
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CIÊNCIA NO AGRO
Melhoramento genético de gado
maximiza produção e rentabilidade
A pecuarista e zootecnista
Patrícia Canholi, residente
em Indaiatuba, São Paulo,
está conduzindo pesquisas
de melhoramento genético
em sua fazenda. O objetivo
é selecionar animais com
características desejáveis,
como maior produtividade,
engorda mais rápida e menor
consumo de recursos
naturais, variando de acordo
com o tipo de produção,
como a resistência a doenças
e ao calor para gado de
leite, e animais que produzem
carne com alto teor de
gordura intramuscular para
gado de corte.
Patrícia está focada na inseminação
artificial e busca
o melhor sêmen disponível
no mercado, além de utilizar
serviços mais baratos para
inseminar um rebanho de
30 cabeças.
Para Vinycius Silva, zootecnista,
especialista em
ruminantes e gestor da
FESA Agropastoril, de São
Gotardo, o princípio de tudo
está na seleção dos indivíduos
com as qualidades
desejadas. “A ação do melhoramento
genético é você
selecionar. Não tem como
você fazer o melhoramento
genético sem selecionar
indivíduo”. Vinycius explica,
ainda, que o foco do melhoramento
está em maximizar
as características desejáveis
de um animal para aumentar
a produção e a lucratividade,
de acordo com
os objetivos estabelecidos
na seleção.
Jean Júnior Carvalho, médico
veterinário responsável
técnico na loja Agroanimais,
especializada em produtos
e insumos veterinários, diz
que, para um bom melhoramento
genético, é preciso
Características do gado melhorado podem diferir para quem
está no Alto Paranaíba
um touro com características
desejáveis e uma boa
matriz genética. Para gado
de corte, essa matriz, segundo
Jean, teria principalmente
habilidade materna
e tetos pequenos para facilitar
a mamada do bezerro,
enquanto para a matriz de
leite são buscados tamanho,
reservas de glândulas
mamárias, arqueamento de
costelas, profundidade de
úbere, ligamento central
forte e tetos corrigidos.
“Ao escolher o melhor
touro para cada caso, é recomendável
consultar catálogos,
uma vez que um bom
touro pode produzir por cerca
de 6 a 8 anos e inseminar
muitas vacas com uma única
coleta de sêmen, resultando
em um rebanho mais rentável,
produtivo e adaptado não
só às demandas ou nichos de
mercado, mas, também, às
condições ambientais”, recomenda
Patrícia Canholi.
A zootecnista lembra
que as características de
um bom gado melhorado
podem diferir bastante das
características de um bom
gado para quem está no Alto
Paranaíba, especialmente
em função das condições
climáticas.
De acordo com Jean, para
o Alto Paranaíba o melhoramento
com a raça nelore é
a melhor opção para pasto
no gado de corte, devido à
sua rusticidade e excelente
conversão alimentar. Já
o melhoramento a partir
do cruzamento F1 de nelore
e angus é mais indicado
para animais confinados
ou alimentados em cocho,
oferecendo ganhos de peso
superiores em relação ao
nelore puro.
Embora diferentes tecnologias
de melhoramento
genético possam ser utilizadas,
é essencial considerar
o ambiente em que
o gado será criado. Elder
Ferreira, gerente comercial
da Agroanimais, compartilha
sua experiência ao adquirir
novilhas com aptidão
leiteira e alto padrão genético,
que não se adaptaram a
um sistema de piquete com
sombrite coberto, mas produziam
bem em um sistema
Foto: FESA Agropastoril
de barracão com sistema
free-stall. Elder destaca a
importância de fornecer o
conforto necessário para
animais de alta genética,
pois qualquer mudança externa
pode gerar estresse e
afetar a produção.
Para Vinycius, ao se pensar
em qualidade do gado,
não é possível separar o
genótipo – que são as características
genéticas – do
fenótipo – características
influenciadas pelo ambiente.
“A qualidade da carne é
um fator importante para os
consumidores, e um animal
bem cuidado é essencial
para produzir uma carne de
qualidade”, explica.
Romário Alvará, proprietário
da Agroanimais, também
destaca a importância
de oferecer o ambiente
adequado e a suplementação
necessária para obter
resultados satisfatórios na
criação de gado. Ele enfatiza
a necessidade de suplementação
com proteinados
durante a época de seca
para garantir ganho de peso
e aumentar a imunidade do
gado, evitando problemas
como, por exemplo, os carrapatos.
“Mesmo com pouco
pasto, existem proteinados
indicados para suprir a falta
de nutrientes e manter a
saúde reprodutiva do animal”,
diz.
Em resumo, é importante
ressaltar que o melhoramento
genético pode sim
trazer um ganho expressivo
na qualidade e nos lucros,
porém, para obter sucesso
na criação de gado, é preciso
garantir uma nutrição
completa e adequada, além
de considerar o ambiente e
as necessidades específicas
do gado.
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