Entrevista Mercado
Catarina Silva, responsável pneus PLT da Continental Estou muito feliz com os desafios que se seguem Catarina Matos Silva tem 43 anos e é licenciada em engenharia Geotécnica e Geoambiente pelo ISEP. Atualmente é responsável pela industrialização de to<strong>dos</strong> os <strong>Pneus</strong> PLT (ligeiros de passageiros) nas 16 fábricas da Continental espalhadas pelo mundo, sendo a primeira portuguesa a ocupar um cargo de topo nesta multinacional da indústria automóvel Catarina Silva trabalha no setor <strong>dos</strong> pneus desde que entrou na Continental em 2008 (há cerca de 15 anos). Quando surgiu a oportunidade de integrar um programa de recrutamento no Departamento de Desenvolvimento de Tecnologia e Produtos em Hannover, na Alemanha, não hesitou. Aqui teve a oportunidade de trabalhar com várias equipas e departamentos em múltiplos projetos, com uma diversidade de formações e nacionalidades. Esta globalidade continua a ser um <strong>dos</strong> fatores que mais a cativa até hoje. Desde então trabalhou como engenheira no desenvolvimento de vários segmentos de produtos, para o mercado de substituição, mas também para equipamento de origem e mais tarde liderou o desenvolvimento de tecnologia para pneus de alta performance (UHP). Em 2015 mudou para a área de marketing, mas esteve sempre em contacto muito próximo com as equipas de tecnologia e, em paralelo, teve a oportunidade de liderar a equipa técnica de pneus responsável pelo Campeonato Extreme E (uma competição todo o terreno, 100% elétrica, com o foco em mensagens ambientais e de diversidade, com corridas em sítios tão remotos como a Gronelândia ou nos desertos do Chile e Arábia Saudita). Ter a oportunidade de trabalhar com pilotos como Carlos Sainz ou Jenson Button foi uma experiência extraordinária e muito enriquecedora. cido e ao mesmo tempo com a perspetiva de que há ainda muito para desenvolver. As nossas equipas e os nossos representantes nos merca<strong>dos</strong> e canais de vendas são extremamente competentes e interessa<strong>dos</strong> e isso é com certeza um bónus! O que menos gosto...não sei. Felizmente na Continental quando achamos que está na hora de fazer algo diferente e de nos propormos um novo desafio, temos sempre muitas oportunidades e é por isso que regressei à engenharia. Estou muito feliz com os desafios que se seguem. Pode descrever-nos o trabalho que está a desenvolver atualmente? Eu e a minha equipa somos responsáveis pelo desenvolvimento <strong>dos</strong> produtos, desde a sua origem e estratégia inicial até aos resulta<strong>dos</strong> do seu sucesso e performance no mercado. Nós definimos que dimensões, com que segmentos (Verão, Inverno, “AllSeason”, Nórdicos, etc), para que veículos e aplicações, quão extenso será o ciclo de vida, para competir com que outros pneus…são estas e muitas outras questões a que temos de dar resposta diariamente a diferentes “stakeholders”. Quantas pessoas trabalham consigo? A minha equipe direta é constituída por 9 pessoas, mas temos também responsáveis de produto em cada um <strong>dos</strong> nossos mais de 20 merca<strong>dos</strong> EMEA e outros tantos nas outras regiões do globo com quem trabalhamos regularmente. Só no centro tecnológico onde são desenvolvi<strong>dos</strong> os nossos pneus, temos mais de 700 engenheiros, a maioria em Hannover e uma pequena parte na Eslováquia. Quando tempo leva a desenvolver um novo pneu, desde que começa a ser desenhado até ser lançado no mercado? Desde o conceito original, dependendo da marca e segmento, o desenvolvimento de O que mais gosta e o que menos gosta na atividade que desempenha? O que mais me motiva é a diversidade de desafios que o trabalho na indústria automóvel e particularmente no setor <strong>dos</strong> pneus proporciona. Regulamentação, legislação, qualidade, testes, benchmarking, tudo isto são temas do nosso dia-a-dia, que por um lado tornam o meu trabalho menos aborreum novo pneu pode demorar entre um ano e meio até mais de quatro anos. É um processo muito complexo. A maioria <strong>dos</strong> condutores quer duas coisas principais <strong>dos</strong> seus pneus: um desempenho preciso e uma longa duração da banda de rodagem. Como se consegue conciliar estes dois requisitos? O investimento constante no desenvolvimento de processos, materiais e tecnologias é essencial para garantir que o desempenho <strong>dos</strong> nossos pneus é de topo. Trabalhar no conflito de “performances” e ao mesmo tempo garantir que to<strong>dos</strong> os pneus Continental assumem os mesmos níveis de segurança é essencial para a nossa identidade. Qual a visão de sustentabilidade na área de pneus da Continental? A sustentabilidade tornou-se a base para os nossos produtos de futuro, em todas as nossas marcas. O nosso compromisso é que até 2030 to<strong>dos</strong> os pneus produzi<strong>dos</strong> pela Continental contenham pelo menos 40% de materiais recicla<strong>dos</strong> ou renováveis, respeitando as características e o desempenho <strong>dos</strong> produtos Continental: resistência ao rolamento, com influência no consumo de combustível, ruído e segurança. Qual a estratégia da Continental para a eletrificação automóvel? A tecnologia na indústria automóvel evoluiu muito na última década relativamente à eletrificação automóvel e com a massificação deste segmento nós garantimos que to<strong>dos</strong> os nossos atuais produtos são compatíveis com os veículos elétricos. Ao longo <strong>dos</strong> últimos anos houve um grande investimento por parte da Continental em tecnologias e no desenvolvimento de méto<strong>dos</strong> de fabrico, com o objetivo de desenvolver pneus simultanea- www.revista<strong>dos</strong>pneus.com | 53