18.07.2024 Views

Jornal Paraná Julho 2024

Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!

Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.

OPINIÃO<br />

O Brasil na nova economia do carbono<br />

Há para o País uma janela de oportunidade se houver<br />

foco e lançarmos mão de nossas vantagens comparativas<br />

Por Paulo Hartung<br />

Amudança é imperativa:<br />

ou alteramos as bases<br />

de nosso modo de<br />

vida, para diminuir as<br />

emissões de carbono na atmosfera,<br />

ou condenamos as próximas<br />

gerações. Não se trata de<br />

previsões catastróficas, mas de<br />

ciência. A necessidade de descarbonização<br />

da economia é<br />

um dos maiores desafios do<br />

nosso tempo, mas também<br />

uma das maiores oportunidades<br />

de inovação e criação de empregos<br />

em todos os níveis de<br />

atividades. A evolução do conhecimento<br />

humano joga a<br />

nosso favor, permitindo alternativas<br />

sem prejuízo ao potencial<br />

produtivo.<br />

Certo é que mudanças de tamanha<br />

magnitude e relevância<br />

exigem recursos abundantes.<br />

Saem na frente aqueles que os<br />

detêm. Vimos a China tornar-se<br />

em dez anos polo de soluções<br />

ambientais, enquanto os EUA e<br />

a União Europeia implementam<br />

pesados incentivos e elaboradas<br />

legislações para seguir na<br />

mesma trilha.<br />

Evidentemente, o Brasil não dispõe<br />

dos mesmos recursos.<br />

Acumulamos dívidas e problemas<br />

fiscais, enquanto lidamos<br />

com uma infraestrutura deficitária<br />

e com vácuo de lideranças.<br />

Mas há para o País uma janela<br />

de oportunidade se houver foco<br />

e lançarmos mão de nossas<br />

vantagens comparativas.<br />

Possuímos ativos ambientais<br />

notáveis. Abrigamos a maior floresta<br />

tropical do mundo. Concentramos<br />

20% da biodiversidade<br />

global e 12% de todas as<br />

reservas de água doce. Temos<br />

um parque de hidreletricidade<br />

pujante, vento constante em<br />

diversas regiões, boa experiência<br />

com biomassa e sol. É preciso<br />

aproveitá-los para a produção<br />

de energia e produtos<br />

limpos.<br />

Mas, há um dever de casa. Podemos<br />

nos tornar um ponto de<br />

atração de investimentos para o<br />

mercado verde, mas para isso é<br />

necessário organizar a casa.<br />

Quando falo de foco, preocupam-me<br />

alguns pontos de potencial<br />

dispersão, em particular<br />

em termos de regulamentação<br />

– frente que precisamos conduzir<br />

com rigor e qualidade superior<br />

à dos países na dianteira do<br />

processo.<br />

O primeiro ponto diz respeito a<br />

definir as rotas de descarbonização.<br />

O projeto de lei que regulamenta<br />

o mercado de carbono<br />

no Brasil, com suas idas e vindas<br />

e penduricalhos descabidos,<br />

está na contramão do<br />

cuidado e da atenção que precisamos<br />

ter para evitar o fracasso<br />

da missão. É urgente o reconhecimento<br />

de que o Brasil tem<br />

ganhos com o desenvolvimento<br />

simultâneo das duas lógicas de<br />

mercado de carbono. Uma é a<br />

lógica do mercado regulado,<br />

que traz ações custo-efetivas de<br />

redução de emissões, habilitando<br />

a indústria dentro do novo<br />

mercado climático global.<br />

A outra é a lógica do mercado<br />

voluntário, que atrai capital estrangeiro<br />

para projetos que protegem<br />

e restauram ambientes<br />

naturais atrelados a ganhos socioeconômicos.<br />

Destaque deve<br />

ser dado a este novo canal de financiamento<br />

que o mercado<br />

voluntário atrai ao País, principalmente<br />

para as atividades de<br />

restauro ecológico de ecossistemas<br />

degradados.<br />

Neste contexto, vemos outros<br />

dois projetos que poderiam ser<br />

importantes ferramentas regulatórias<br />

virarem impasse: o PL<br />

Combustível do Futuro, que estimula<br />

a produção de combustíveis<br />

mais ecológicos, e o<br />

chamado Programa de Aceleração<br />

da Transição Energética,<br />

cujo texto final foi aprovado em<br />

março na Câmara, após a polêmica<br />

inclusão do gás natural, de<br />

origem fóssil. Diante do momento<br />

crítico em que nos encontramos,<br />

incluindo o processo<br />

de discussão e a definição de<br />

legislações cruciais para o desenvolvimento<br />

sustentável, errar<br />

a mão tem gravíssimas consequências<br />

para o posicionamento<br />

do País no cenário global.<br />

Devemos e podemos aprender<br />

com os acertos e replicar as<br />

boas experiências. Temos, também,<br />

uma agroindústria que é<br />

referência global por proteger<br />

natureza e cuidar das pessoas,<br />

enquanto abastece a sociedade<br />

com elementos tão essenciais à<br />

rotina – a indústria de árvores<br />

cultivadas. Trata-se de segmento<br />

que deu saltos de produtividade<br />

e dobrou suas exportações<br />

nos últimos dez anos,<br />

gerando divisas ao País. O setor<br />

planta, colhe e replanta árvores<br />

para fins industriais em 9,94<br />

Podemos nos tornar um ponto de<br />

atração de investimentos para o<br />

mercado verde, mas para isso<br />

é necessário organizar a casa<br />

milhões de hectares. Em média,<br />

são 1,8 milhão de árvores plantadas<br />

por dia e conserva outros<br />

6,73 milhões de hectares de<br />

mata nativa.<br />

Muitas dessas empresas do<br />

setor estão substituindo o gás<br />

natural, o carvão mineral ou outros<br />

combustíveis fósseis por<br />

energia originada pela biomassa<br />

florestal. Mais de 80% da energia<br />

usada pelas plantas industriais<br />

têm origem sustentável. Há<br />

muitos caminhos que o setor<br />

vem seguindo com metas bem<br />

estabelecidas para tornar as fábricas<br />

totalmente livres de combustíveis<br />

fósseis e de aterros<br />

para resíduos.<br />

Com foco, com boa regulamentação<br />

e com orientação pela<br />

bússola dos bons exemplos, o<br />

Brasil pode figurar entre os protagonistas<br />

globais da impositiva<br />

reinvenção do paradigma de<br />

desenvolvimento. E ainda pode<br />

transformar o que é hoje apenas<br />

potencial em efetivo futuro de<br />

prosperidade para as atuais e as<br />

próximas gerações.<br />

Paulo Hartung é economista,<br />

presidente da Indústria Brasileira<br />

de Árvores.<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA <strong>2024</strong>/25<br />

Colheita avança no <strong>Paraná</strong><br />

Foram processadas 13.405.884 toneladas, registrando um aumento de 6,3%,<br />

comparada com a produção da safra anterior de 12.607.748 toneladas<br />

Oclima mais seco<br />

desde o início da<br />

safra <strong>2024</strong>/25 de<br />

cana-de-açúcar no<br />

<strong>Paraná</strong> favoreceu a colheita,<br />

especialmente durante o mês<br />

de junho. Na segunda quinzena,<br />

a moagem totalizou<br />

2.757.022 toneladas, levemente<br />

abaixo dos 2.871.007<br />

toneladas realizadas na primeira<br />

quinzena. No acumulado<br />

da safra foram processadas<br />

13.405.884 toneladas,<br />

registrando um aumento de<br />

6,3%, comparada com a produção<br />

da safra anterior de<br />

12.607.748 toneladas, apesar<br />

de as operações no campo<br />

terem começado em média de<br />

10 a 15 dias mais tarde do<br />

que na safra anterior.<br />

“Mesmo com o tempo mais<br />

seco e o rimo mais forte de<br />

colheita, o andamento da safra<br />

deste ano está dentro da<br />

normalidade. Com as chuvas<br />

recentes, as unidades industriais<br />

do Estado perderam praticamente<br />

uma semana de<br />

trabalho, o que pode eliminar<br />

a diferença em relação à<br />

safra passada já no próximo<br />

relatório de acompanhamento<br />

de safra”, comenta o presidente<br />

da Alcopar, Miguel Tranin.<br />

Em relação à produção industrial,<br />

até a segunda quinzena<br />

de junho foram produzidos<br />

948.840 toneladas de açúcar,<br />

440,68 milhões de litros de<br />

etanol total sendo 229,15 milhões<br />

de anidro e 211,53 milhões<br />

de litros de hidratado. O<br />

ATR (Açúcar Total Recuperável)<br />

teve um crescimento de<br />

2,5% totalizando 130,84 Kgs<br />

por tonelada de cana, quando<br />

comparado com a safra passada<br />

de 127,61 Kgs.<br />

O volume menor de chuvas no<br />

primeiro semestre favoreceu a<br />

colheita e a concentração de<br />

ATR, melhorando a qualidade<br />

da matéria prima, porém, o<br />

período seco traz consequências<br />

para a próxima safra, podendo<br />

reduzir a produtividade<br />

das lavouras do Estado, alerta<br />

Tranin. Ele ressalta que a recente<br />

semana de chuvas na<br />

região canavieira do <strong>Paraná</strong><br />

permitiu um bom depósito de<br />

água no solo trazendo alívio<br />

para as lavouras. O desenvolvimento<br />

vegetativo dos canaviais<br />

daqui para frente depende<br />

de o clima continuar quente<br />

e com chuvas.<br />

A safra 2023/24 do <strong>Paraná</strong> finalizou<br />

com 36,199 milhões<br />

de toneladas de cana, 15,6%<br />

acima do projetado inicialmente,<br />

segundoTranin. A produção<br />

de açúcar na safra<br />

2023/24 totalizou 2,765 milhões<br />

de toneladas, 23,4%<br />

acima dos 2,241 milhões de<br />

toneladas do período anterior.<br />

A produção de etanol total foi<br />

de 1,212 bilhão de litros,<br />

12,6% a mais do que os<br />

1,077 bilhão de litros da safra<br />

anterior, sendo 680,66 milhões<br />

de litros (+16,9%) de<br />

anidro e 531,7 milhões de litros<br />

(+7,5%) de hidratado. Já<br />

o rendimento industrial - ATR<br />

por tonelada de cana - teve<br />

um crescimento de 2,6% totalizando<br />

137,87 Kgs, quando<br />

comparado com a safra passada<br />

de 134,39 Kgs<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


CENTRO-SUL<br />

Clima seco favorece colheita<br />

Moagem de cana-de-açúcar atinge 48,80 milhões de toneladas na<br />

2ª quinzena de junho. No acumulado atingiu 238,40 milhões de toneladas<br />

Na segunda quinzena<br />

de junho, as unidades<br />

produtoras da<br />

região Centro-Sul<br />

processaram 48,80 milhões<br />

de toneladas ante a 43,19 milhões<br />

da safra 2023/24 – o<br />

que representa um aumento<br />

de 12,99%. No acumulado<br />

desde o início da safra <strong>2024</strong>/<br />

25 até 1º de julho, a moagem<br />

atingiu 238,40 milhões de toneladas,<br />

ante 210,48 milhões<br />

de toneladas registradas no<br />

mesmo período no ciclo<br />

2023/24 – um avanço de<br />

13,27%.<br />

O diretor de Inteligência Setorial<br />

da UNICA, Luciano Rodrigues,<br />

explica que "o avanço<br />

de moagem registrado até o<br />

momento está relacionado à<br />

antecipação de início das operações<br />

nos primeiros meses<br />

da safra e, especialmente, à<br />

condição climática que tem<br />

favorecido a colheita no atual<br />

ciclo". A moagem mais acelerada<br />

pode resultar em antecipação<br />

da colheita, com risco<br />

de intensificar o impacto do<br />

clima seco no rendimento da<br />

lavoura em algumas áreas,<br />

conclui o executivo.<br />

Ao término da segunda metade<br />

de junho, 256 unidades<br />

estavam em operação no<br />

Centro-Sul, sendo 238 unidades<br />

com processamento de<br />

cana-de-açúcar, nove empresas<br />

que fabricam etanol a<br />

partir do milho e nove usinas<br />

flex.<br />

Em relação à qualidade da<br />

matéria-prima, o nível de Açúcares<br />

Totais Recuperáveis<br />

(ATR) registrado na segunda<br />

quinzena de junho atingiu<br />

139,96 kg de ATR por tonelada<br />

de cana-de-açúcar, contra<br />

133,10 kg por tonelada na<br />

safra 2023/24 – variação positiva<br />

de 5,16%. No acumulado<br />

da safra, o indicador<br />

marca 128,31 kg de ATR, o<br />

mesmo índice registrado no<br />

ciclo anterior em igual posição.<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Produção de açúcar e etanol em alta<br />

A produção de açúcar na segunda<br />

quinzena de junho totalizou<br />

3,25 milhões de toneladas,<br />

registrando aumento de<br />

20,11% na comparação com<br />

a quantidade registrada em<br />

igual período na safra<br />

2023/24 (2,70 milhões de toneladas).<br />

No acumulado<br />

desde o início da safra até 1º<br />

de julho, a fabricação do adoçante<br />

totalizou 14,20 milhões<br />

de toneladas, contra 12,27<br />

milhões de toneladas do ciclo<br />

anterior (+15,70%).<br />

Com efeito, 49,89% da matéria-prima<br />

disponível foram direcionados<br />

para a produção<br />

de açúcar na última quinzena,<br />

ante 49,36% observados no<br />

mesmo período da safra<br />

2023/24.<br />

Ainda em relação à produção<br />

de açúcar, Rodrigues esclarece<br />

que "até o momento o<br />

crescimento da fabricação do<br />

adoçante atingiu 1,93 milhões<br />

de toneladas, sendo 1,63 milhões<br />

decorrente do avanço<br />

na moagem de cana-de-açúcar<br />

e apenas 300 mil toneladas<br />

associada à mudança no<br />

mix de produção das unidades<br />

produtoras".<br />

Na segunda metade de junho,<br />

a fabricação de etanol pelas<br />

unidades do Centro-Sul atingiu<br />

2,31 bilhões de litros,<br />

sendo 1,42 bilhão de litros<br />

(+32,84%) de etanol hidratado<br />

e 887,96 milhões de litros<br />

(+1,06%) de etanol<br />

anidro. No acumulado desde<br />

o início do atual ciclo agrícola<br />

até 1º de julho, a fabricação<br />

do biocombustível totalizou<br />

11,02 bilhões de litros<br />

(+13,52%), sendo 7,06 bilhões<br />

de etanol hidratado<br />

(+27,27%) e 3,96 bilhões de<br />

anidro (-4,83%).<br />

Do total de etanol obtido na<br />

segunda quinzena de junho,<br />

13% foram fabricados a partir<br />

do milho, registrando produção<br />

de 299,58 milhões de litros<br />

neste ano, contra 244,16<br />

milhões de litros no mesmo<br />

período do ciclo 2023/<strong>2024</strong> –<br />

aumento de 22,70%. No acumulado<br />

desde o início da<br />

safra, a produção de etanol de<br />

milho atingiu 1,80 bilhão de litros<br />

– avanço de 25,94% na<br />

comparação com igual período<br />

do ano passado.<br />

Vendas de etanol crescem 10,95%<br />

No mês de junho, as vendas<br />

de etanol totalizaram 2,84 bilhões<br />

de litros, o que representa<br />

uma variação positiva<br />

de 10,95% em relação ao<br />

mesmo período da safra<br />

2023/<strong>2024</strong>. Trajetórias distintas<br />

foram registradas entre o<br />

hidratado e anidro: o primeiro,<br />

registrou crescimento de<br />

27,84% (1,81 bilhão de litros)<br />

e, o segundo, queda de<br />

10,02% no volume comercializado<br />

(1,03 bilhão de litros).<br />

No mercado interno, o volume<br />

de etanol hidratado vendido<br />

pelas unidades do Centro-Sul<br />

totalizou 1,77 bilhão de litros<br />

em junho deste ano, o que representa<br />

um aumento de<br />

33,95% em relação ao mesmo<br />

período da safra anterior.<br />

A venda mensal de etanol anidro,<br />

por sua vez, atingiu a<br />

marca de 978,52 milhões de<br />

litros, retração de 10,10%.<br />

Apesar do crescimento das<br />

vendas na segunda metade de<br />

junho, o etanol hidratado segue<br />

competitivo nas bombas<br />

em grande parte do território<br />

nacional. Dados da Agência<br />

Nacional de Petróleo, Gás Natural<br />

e Biocombustíveis (ANP)<br />

mostram que a relação de<br />

preços entre o hidratado e a<br />

gasolina na última semana de<br />

junho atingiu paridade de<br />

65,3% e um diferencial absoluto<br />

de preços de R$ 2,03 por<br />

litro na média do mercado<br />

brasileiro.<br />

No acumulado desde o início<br />

da safra até 1º de julho, a comercialização<br />

de etanol pelas<br />

unidades do Centro-Sul somou<br />

8,65 bilhões de litros, registrando<br />

crescimento de<br />

22,13%. O volume acumulado<br />

de etanol hidratado totalizou<br />

5,67 bilhões de litros<br />

(+42,99%), enquanto o de<br />

anidro alcançou 2,98 bilhão<br />

de litros (-4,36%).<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


CANA-DE-AÇÚCAR<br />

Bioeletricidade gerada com bagaço<br />

e palha cresce 14% em 2023<br />

Bagaço e palha representam<br />

quase 75% da bioeletricidade<br />

para a rede no país<br />

Obagaço e palha da<br />

c a n a - d e - a ç ú c a r<br />

foram os principais<br />

combustíveis na geração<br />

de bioeletricidade para a<br />

rede no país no ano de 2023,<br />

representando uma oferta de<br />

20.973 GWh. O crescimento foi<br />

de 14% em relação ao ano anterior.<br />

A informação é resultado<br />

de um boletim recente apresentado<br />

pela União da Indústria de<br />

Cana-de-Açúcar e Bioenergia<br />

(UNICA), com base em dados<br />

da Câmara de Comercialização<br />

de Energia Elétrica (CCEE) e da<br />

Agência Nacional de Energia<br />

Elétrica (Aneel).<br />

Segundo Zilmar Souza, gerente<br />

de bioeletricidade da UNICA,<br />

esse avanço na geração sucroenergética<br />

foi muito bem-vindo<br />

para o sistema elétrico brasileiro.<br />

De acordo com o executivo,<br />

esses quase 21 mil GWh<br />

foram equivalentes a atender<br />

4% do consumo nacional de<br />

energia elétrica em 2023 ou<br />

10,8 milhões de unidades consumidoras<br />

residenciais.<br />

"Além disso, seriam equivalentes<br />

a 25% da geração de energia<br />

elétrica pela Usina Itaipu e a<br />

evitar as emissões de CO 2 estimadas<br />

em 4,3 milhões de toneladas,<br />

marca que somente seria<br />

atingida com o cultivo de 30<br />

milhões de árvores nativas ao<br />

longo de 20 anos", avalia<br />

Souza.<br />

Em 2023, a produção de bioeletricidade<br />

para a rede, com o<br />

bagaço e a palha da cana-deaçúcar,<br />

representaram quase<br />

75% de toda a geração de bioeletricidade<br />

para a rede no país,<br />

que foi de 28.137 GWh.<br />

Outro ponto importante é essa<br />

geração ser caracterizada como<br />

não intermitente e predominar<br />

no período seco do sistema elétrico,<br />

acompanhando principalmente<br />

o período de colheita da<br />

cana-de-açúcar na Região Centro-Sul<br />

do país. Dessa forma,<br />

essa geração acaba coincidindo<br />

também com o período<br />

seco e crítico no setor elétrico<br />

brasileiro, que vai de maio a novembro<br />

a cada ano.<br />

Segundo a Associação, os<br />

20.973 GWh ofertados à rede<br />

pelo setor sucroenergético, no<br />

ano passado, representaram<br />

termos poupado 14 pontos percentuais<br />

da capacidade total de<br />

energia armazenada na forma<br />

de água nos reservatórios das<br />

hidrelétricas do submercado<br />

Sudeste/Centro-Oeste, por conta<br />

da maior previsibilidade e disponibilidade<br />

da bioeletricidade<br />

justamente no período seco e<br />

crítico para o setor elétrico brasileiro.<br />

De acordo com Zilmar, assim<br />

que a safra se inicia, a geração<br />

de bioeletricidade começa em<br />

uma oferta contínua para o sistema<br />

até o fim da moagem, entregando<br />

uma energia de fonte<br />

renovável, firme (não-intermitente),<br />

que evita emissões e que<br />

está próxima dos centros consumidores,<br />

minimizando perdas<br />

na transmissão, ajudando o operador<br />

do sistema na garantia do<br />

suprimento energético ao país.<br />

O boletim da UNICA termina<br />

mostrando que, para o ano de<br />

<strong>2024</strong>, a previsão da Aneel é que<br />

a fonte biomassa em geral<br />

atinja um acréscimo de 1.155<br />

MW, o maior valor desde 2013,<br />

com a instalação de 24 usinas<br />

geradoras, sendo que uma já<br />

entrou em operação em fevereiro<br />

(31 MW) e as 23 usinas<br />

restantes têm viabilidade alta de<br />

entrada em operação comercial<br />

neste ano.<br />

Em <strong>2024</strong>, a maioria das 23 usinas<br />

que entrarão em operação<br />

comercial neste ano, totalizando<br />

1.124 MW, terão resíduos agroindustriais<br />

como combustíveis<br />

principais (categorizados como<br />

bagaço/palha de cana, biogás,<br />

capim elefante e casca de<br />

arroz). Serão 16 usinas usando<br />

resíduos agroindustriais (seis<br />

em São Paulo, quatro em<br />

Goiás, duas em Minas Gerais e<br />

uma unidade nos Estados da<br />

Bahia, Pernambuco, Mato<br />

Grosso do Sul e Roraima). As<br />

demais unidades geradoras<br />

terão como combustível principal<br />

biomassa florestal (cinco<br />

usinas), biocombustíveis líquidos<br />

(uma usina) e resíduos sólidos<br />

urbanos - RSU (uma<br />

usina).<br />

Em <strong>2024</strong>, prevê-se que a biomassa<br />

represente 11% do<br />

acréscimo de capacidade instalada<br />

no país. Em volume, o recorde<br />

de acréscimo anual pela<br />

biomassa foi em 2010 (1.750<br />

MW), seguido do ano de 2013<br />

(1.431 MW) e 2009 que acaba<br />

empatando com o ano de <strong>2024</strong><br />

(1.155 MW).<br />

Avaliando desde 2007 até<br />

2025, o setor sucroenergético<br />

deve atingir a marca de 14.100<br />

MW novos instalados no setor<br />

elétrico brasileiro. "Isto é equivale<br />

a uma Usina Itaipu instalada<br />

nesse período pela indústria<br />

canavieira. Itaipu tem 14<br />

mil MW. É um marco significativo<br />

para o setor sucroenergético<br />

e para essa energia não<br />

intermitente e renovável, tão<br />

importante para a segurança<br />

energética do país", conclui<br />

Souza.<br />

6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


AÇÃO SOCIAL<br />

Juntos para aquecer <strong>2024</strong><br />

Foi arrecadado 1.715 kits entregues para 31 instituições<br />

socioassistenciais de 21 cidades no <strong>Paraná</strong> e em Mato Grosso do Sul<br />

OJuntos para Aquecer<br />

é um projeto da<br />

Usina Santa Terezinha,<br />

que acontece<br />

anualmente e engaja os funcionários<br />

a arrecadarem kits<br />

de inverno (1 cobertor novo<br />

+ 1 toalha nova) para Instituições<br />

das regiões de atuação<br />

da empresa. Como incentivo,<br />

a UST dobra a arrecadação<br />

dos funcionários,<br />

comprando a mesma quantidade<br />

de kits arrecadados por<br />

eles, de acordo com a meta<br />

estabelecida a cada anosafra.<br />

E em <strong>2024</strong>, o comprometimento<br />

dos funcionários UST<br />

gerou um resultado extraordinário:<br />

a meta de arrecadação<br />

do Projeto foi superada. Foi<br />

arrecadado um total de 1.715<br />

kits, considerando a meta<br />

dos funcionários (799 kits), a<br />

dobra da UST e os excedentes<br />

da meta. As contribuições<br />

foram entregues para 31 instituições<br />

socioassistenciais<br />

de 21 cidades da região de<br />

atuação da usina no <strong>Paraná</strong> e<br />

em Mato Grosso do Sul. As<br />

instituições atendem crianças,<br />

adolescentes, idosos,<br />

pessoas em situação de rua<br />

e pessoas indígenas.<br />

Além de contribuir com a comunidade<br />

em que a UST está<br />

inserida, o Juntos Para Aquecer<br />

promove o senso de colaboração<br />

e solidariedade<br />

entre os funcionários, reforçando<br />

a empatia entre todos.<br />

A Usina Santa Terezinha<br />

agradece aos funcionários<br />

pela demonstração de respeito<br />

e cuidado ao próximo.<br />

Com o projeto, mais de<br />

1.700 pessoas foram aquecidas<br />

neste outono / inverno!<br />

Conferira o vídeo de<br />

encerramento do Projeto,<br />

com a entrega dos kits às<br />

instituições.<br />

Santa Terezinha envia três carretas para o RS<br />

Em junho a Usina Santa Terezinha<br />

deu sequência na “Campanha<br />

Solidária para o Rio<br />

Grande do Sul”, enviando<br />

mais duas carretas de doações<br />

para as famílias gaúchas<br />

afetadas pelas enchentes no<br />

estado.<br />

No mês de maio, a Usina<br />

Santa Terezinha enviou uma<br />

carreta com 4 mil cobertores,<br />

6.600 litros de água sanitária e<br />

2.880 litros de detergente e,<br />

em junho, uma carreta com<br />

21.600 litros de água mineral.<br />

Os itens enviados são essenciais<br />

para contribuir com as<br />

condições básicas e de higiene<br />

dos municípios gaúchos.<br />

A Empresa abriu a oportunidade<br />

para que os seus mais<br />

de 8 mil funcionários participassem<br />

da ação e esses<br />

abraçaram a causa. A Usina<br />

disponibilizou o transporte<br />

dos produtos doados pelos<br />

funcionários: 1.283 litros de<br />

detergente, 1.121 litros de<br />

água mineral, 908 litros de<br />

água sanitária, 366 galões de<br />

água mineral, 400 vassouras<br />

com cabos e 293 rodinhos<br />

com cabos. Todas as doações<br />

foram entregues para a<br />

Defesa Civil, na região de Encantado/RS.<br />

A Usina Santa Terezinha agradece<br />

aos funcionários que<br />

participaram dessa causa<br />

nobre, reforçando o espírito<br />

de união que permeia suas<br />

operações ao longo de seus<br />

60 Anos.<br />

8<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


COOPERATIVISMO<br />

Doação de sangue<br />

no Dia C da Cooperval<br />

A ação, que buscou mobilizar um número maior de pessoas, faz<br />

parte de um projeto contínuo em prol do Hemonúcleo de Apucarana<br />

Para marcar o Dia Internacional<br />

do Cooperativismo,<br />

comemorado<br />

este ano em<br />

6 de julho, a Cooperval Cooperativa<br />

Agroindustrial Vale do<br />

Ivaí Ltda, com sede no município<br />

de Jandaia do Sul, organizou<br />

entre seus colaboradores<br />

uma campanha de doação<br />

de sangue em parceria<br />

com o Rotary Clube de Jandaia<br />

do Sul e o Hemonúcleo<br />

de Apucarana.<br />

A doação faz parte da já tradicional<br />

ação solidária do Dia de<br />

Cooperar, o chamado Dia C,<br />

movimento de responsabilidade<br />

social do cooperativismo brasileiro<br />

que acontece em todo o<br />

território nacional. A ação é<br />

uma iniciativa das cooperativas<br />

brasileiras para promover o cooperativismo<br />

com atendimentos,<br />

serviços voluntários e atividades<br />

voltados à comunidade<br />

no âmbito cultural, educacional,<br />

ligados à saúde, responsabilidade<br />

socioambiental, esporte,<br />

lazer e outros.<br />

O setor desenvolve uma série<br />

de ações voltadas ao objetivo<br />

de atender o princípio 7º do sistema<br />

cooperativista, que é a<br />

preocupação com a comunidade,<br />

buscando estimular<br />

ações voluntárias e colocar o<br />

potencial transformador, a força<br />

do cooperativismo e a responsabilidade<br />

social a serviço do<br />

próximo.<br />

Unidas (ONU) que preveem,<br />

entre outros itens, o combate à<br />

pobreza, a promoção da saúde<br />

e do bem-estar, a redução das<br />

desigualdades e o foco na fome<br />

zero.<br />

A doação de sangue no Dia C<br />

buscou mobilizar um número<br />

maior de pessoas, mas a iniciativa<br />

faz parte de um projeto<br />

contínuo de incentivo à doação<br />

de sangue em prol do Hemonúcleo<br />

de Apucarana, desenvolvido<br />

desde 2007 pela cooperativa,<br />

que busca conciliar a<br />

demanda por doadores de sangue<br />

na região e o número de<br />

funcionários que trabalham na<br />

Cooperval.<br />

A cooperativa mantém um cadastro<br />

interno de doadores de<br />

sangue, cerca de 50 doadores<br />

ativos, que realizam três doações<br />

ao ano e a todo novo colaborador<br />

é apresentado o programa.<br />

Considerando que cada<br />

doação pode salvar até quatro<br />

vidas, a cada ano os funcionários<br />

da Cooperval impactam em<br />

média 600 vidas.<br />

Esse trabalho das cooperativas<br />

está em sintonia com os Objetivos<br />

do Desenvolvimento Sustentável<br />

(ODS) - Agenda 2030,<br />

da Organização das Nações<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

9


DOIS<br />

Parceria<br />

PONTOS<br />

Consumo<br />

A Embrapa e a União Nacional<br />

de Bioenergia (UDOP) renovaram<br />

o compromisso para o<br />

avanço técnico-científico do<br />

setor de bioenergia. A parceria<br />

tem o intuito de promover a<br />

cooperação técnica e científica<br />

visando fortalecer e implementar<br />

a execução de<br />

ações estratégicas entre as<br />

entidades, em benefício da fomento<br />

à pesquisa no campo<br />

da bioenergia nacional.<br />

Plano Safra<br />

A demanda somada de etanol<br />

e gasolina deverá atingir 58,6<br />

bilhões de litros em <strong>2024</strong>, aumento<br />

de 2,4% na comparação<br />

com 2023, com o biocombustível<br />

mais competitivo<br />

sustentando o avanço, projetou<br />

a consultoria StoneX,<br />

apontando uma revisão positiva<br />

na estimativa. A previsão<br />

considera os resultados parciais<br />

do ano de vendas de<br />

combustíveis do ciclo Otto, de<br />

alta de 4,7% no primeiro quadrimestre,<br />

os fluxos de veículos<br />

novos, além das projeções<br />

atualizadas do crescimento<br />

econômico. Para a gasolina C,<br />

com mistura de etanol anidro,<br />

espera-se que o combustível<br />

permaneça com preços menos<br />

atrativos nas principais<br />

regiões consumidoras ao longo<br />

de <strong>2024</strong>. Dessa forma, a<br />

StoneX aprofundou a queda<br />

esperada da demanda brasileira<br />

para 4,4%, devendo ficar<br />

em 44 milhões de metros cúbicos<br />

de gasolina - contra estimativa<br />

inicial de 44,2 milhões<br />

de m³", ponderou, indicando<br />

recuo na participação<br />

de mercado para o etanol hidratado.<br />

O valor anunciado para o Plano Safra para <strong>2024</strong> e 2025 foi de R$ 400,5 bilhões.<br />

O governo federal também anunciou R$ 108 milhões em recursos da linha de<br />

crédito LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) para complementar os incentivos<br />

do Plano Safra. Apesar do esforço, a bancada ruralista no Congresso mantém<br />

críticas e diz que o plano precisa de ainda mais recursos para o seguro<br />

rural e para a equalização da taxa de juros cobradas dos produtores. Do total<br />

anunciado, R$ 293,2 bilhões serão voltados para custeio e comercialização e<br />

o restante para investimentos. Além disso, R$ 189 bilhões terão taxas controladas<br />

e voltadas a produtores, cooperativas e Pronampe (Programa Nacional<br />

de Apoio ao Médio Produtor Rural), enquanto os outros R$ 211,5 bilhões terão<br />

taxas livres. A quem estiver no Pronampe, o juros de custeio será de 8% ao ano<br />

e, no caso de investimentos, a taxa será variada de 7% a 12% ao ano. O Plano<br />

Safra prevê ao menos 13 programas diferentes voltados à inovação e modernização<br />

da atividade produtiva. Também há linhas que beneficiam práticas sustentáveis,<br />

como a recuperação de áreas degradadas.<br />

Os representantes da Orplana<br />

e da Única assinaram um contrato<br />

com o Centro de Estudos<br />

do Agronegócio da Fundação<br />

Getúlio Vargas para a realização<br />

dos estudos necessários à<br />

revisão dos parâmetros técnicos<br />

e econômicos do Consecana-SP.<br />

Esses estudos<br />

serão acompanhados por um<br />

grupo de revisão composto<br />

por quatro representantes dos<br />

produtores rurais e quatro representantes<br />

das indústrias. O<br />

cronograma estabelecido prevê<br />

a realização do trabalho em<br />

Consecana-SP<br />

quatro meses, após os quais<br />

os resultados serão submetidos<br />

à avaliação da Diretoria do<br />

Consecana-SP .<br />

Em 2023, o território do Brasil<br />

ficou um pouco mais seco.<br />

Em todos os meses do ano,<br />

inclusive durante a temporada<br />

de chuvas, a superfície de<br />

água encolheu, aponta levantamento<br />

divulgado pela organização<br />

não-governamental<br />

MapBiomas. A perda registrada<br />

no ano passado foi de<br />

3% em comparação com<br />

2022. É como se a água esparramada<br />

sobre 5.700 km²<br />

tivesse evaporado – o equivalente<br />

a cinco vezes a cidade<br />

de São Paulo. Desde 1985,<br />

início do período analisado<br />

pelo Mapbiomas, a tendência<br />

observada no país é de declínio.<br />

Especificamente em<br />

2023, a redução foi de 1,5%<br />

em relação à média histórica.<br />

Seca<br />

Atualmente, a água cobre<br />

183.000 km² do território brasileiro,<br />

o que corresponde a<br />

2% do total. A tendência geral<br />

é de perda de água. A explicação<br />

para esse cenário é complexa<br />

e se deve a vários fatores<br />

como mudança nos padrões<br />

de precipitação, aumento<br />

de temperatura, verões<br />

mais quentes e mais longos,<br />

mudanças no uso do solo. O<br />

Pantanal foi o bioma que mais<br />

secou desde 1985. Em 2023,<br />

a superfície de água anual registrada<br />

ficou em 3.820 km²,<br />

o que representou uma redução<br />

de 61% em relação à média<br />

histórica. Além da diminuição<br />

da área alagada, o<br />

tempo em que este terreno<br />

fica submerso também caiu.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


O Brasil vai se aliar a uma das<br />

mais renomadas entidades de<br />

pesquisa aplicada da Alemanha,<br />

o Instituto Fraunhofer, na<br />

pesquisa em hidrogênio de<br />

baixo carbono. O termo da parceria<br />

foi assinado, mas as conversas<br />

ainda estão em estágio<br />

embrionário, de modo que<br />

ainda não há definição sobre se<br />

da parceria resultará um centro<br />

em um local específico ou uma<br />

rede integrada, com diferentes<br />

polos de pesquisa espalhados<br />

pelo Brasil. A Alemanha tem a<br />

meta de atingir a neutralidade<br />

climática até 2045 e precisa,<br />

para isso, reduzir drasticamente<br />

suas emissões. A guerra<br />

da Rússia na Ucrânia deu nova<br />

urgência a essa demanda, já<br />

Hidrogênio<br />

que a matriz energética do país<br />

era, até então, muito dependente<br />

do gás russo. Festejado<br />

por entusiastas como o "petróleo<br />

do futuro", o hidrogênio é<br />

um combustível produzido de<br />

diferentes formas e que, ao ser<br />

Biocombustível<br />

A demanda por biocombustíveis vem sendo cada vez mais importante para manter o crescimento<br />

do plantio de soja no Brasil, em um momento em que a China, o maior importador<br />

global, passa a adotar uma estratégia de não elevar muito suas importações da oleaginosa<br />

como fazia antes, avaliou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais<br />

(Abiove), André Nassar. A soja é a principal matéria-prima para a produção de biodiesel,<br />

com fatia de mais de 70%, enquanto novos tipos de biocombustíveis avançados, que podem<br />

usar o óleo de soja no processo, tendem a manter a demanda elevada no futuro.<br />

Óleo<br />

usado, não gera emissão de<br />

carbono. Ele também serve de<br />

matéria-prima para produtos<br />

em outros setores, como na indústria<br />

de aço, metais e fertilizantes,<br />

ou como fonte de<br />

energia.<br />

Transição<br />

energética<br />

A Ubrabio (União Brasileira do<br />

Biodiesel e Bioquerosene)<br />

chegou a um acordo com o<br />

governo de Moçambique para<br />

iniciar as discussões para<br />

o desenvolvimento e a implementação<br />

da indústria de biocombustível<br />

em Moçambique,<br />

com a tecnologia e o<br />

know-how brasileiro. A medida<br />

atende o Programa de<br />

Aceleração Econômica de<br />

Moçambique, cuja a meta é<br />

gerar postos de trabalho e<br />

atrair investimentos privados<br />

O Brasil está entre os países<br />

mais bem posicionados para<br />

fazer a transição energética, à<br />

frente mesmo de nações desenvolvidas,<br />

de acordo com<br />

relatório do Fórum Econômico<br />

Mundial. Na 12ª posição,<br />

o país está à frente do<br />

Reino Unido (13º), da China<br />

(17º) e dos Estados Unidos<br />

(19º) - os dois últimos, os<br />

maiores poluentes do mundo.<br />

O uso amplo de energia hidrelétrica<br />

e de biocombustíveis<br />

contribui para o bom desempenho<br />

do Brasil no ranking,<br />

mas contribuem também para<br />

o ranking avanços institucionais.<br />

A média global foi de<br />

56,5 pontos, e o Brasil registrou<br />

pontuação de 65,7 em<br />

<strong>2024</strong>. A Suécia, que aparece<br />

em primeiro lugar no ranking,<br />

marcou 78,4, seguida da Dinamarca<br />

(75,2), Finlândia<br />

(74,5), Suíça (73,4), França<br />

(71,1), Noruega (69,9), Islândia<br />

(68,0), Áustria (67,9), Estônia<br />

(67,8), Holanda (66,7) e<br />

Alemanha (66,5).<br />

Moçambique<br />

para a produção agrícola e redução<br />

das importações. A<br />

meta é a troca de conhecimento<br />

entre as partes, na<br />

forma de estudos, projetos e<br />

pesquisas, para que sejam<br />

delineados os termos e condições<br />

para o planejamento,<br />

a implementação e o desenvolvimento<br />

da indústria de<br />

biocombustíveis em Moçambique,<br />

com tecnologia brasileira<br />

para geração de empregos<br />

e riqueza a partir da<br />

produção local.<br />

Da produção brasileira de óleo<br />

de soja de 11 milhões de toneladas<br />

estimada para <strong>2024</strong>,<br />

cerca de 6 milhões de toneladas<br />

devem ser destinadas à<br />

produção de biodiesel, após a<br />

mistura do biocombustível no<br />

diesel ter passado de 12%<br />

para 14% em <strong>2024</strong>. Ainda segundo<br />

os cálculos de Nassar,<br />

outras cerca de 3 milhões de<br />

toneladas da produção de<br />

óleo de soja serão para atender<br />

a demanda por óleo de<br />

cozinha e o restante para exportações<br />

e estoques. Já a<br />

China adquiriu no ano passado<br />

74,47 milhões de toneladas<br />

de soja em grão do Brasil,<br />

de um recorde exportado<br />

pelo país de 101,86 milhões<br />

de toneladas, segundo dados<br />

do governo brasileiro. Segundo<br />

Nassar, a exportação<br />

de óleo de soja do Brasil em<br />

<strong>2024</strong> deverá cair para 1,1 milhão<br />

de toneladas, de 2,4 milhões<br />

de toneladas em 2023,<br />

por conta da maior demanda<br />

por biodiesel.<br />

Pelo projeto Combustível do<br />

Futuro, que aguarda votação<br />

de senadores, a demanda<br />

por biodiesel pode<br />

subir ainda mais, à medida<br />

que a mistura poderá passar<br />

de 14% para 25% no futuro.<br />

Para atingir isso, tem<br />

que dobrar o processamento<br />

de soja, esmagar<br />

100 milhões de toneladas<br />

de soja, hoje esmaga-se 54<br />

milhões, lembrando que o<br />

aumento da mistura geralmente<br />

é gradativo no Brasil.<br />

Nassar citou um cálculo da<br />

indústria que indica que seriam<br />

necessários investimentos<br />

de mais de 52 bilhões<br />

de reais para atender<br />

uma mistura de 25% até<br />

2035, com a construção de<br />

novas esmagadoras e fábricas<br />

de biodiesel.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

11


CENÁRIO<br />

Presença feminina<br />

ganha espaço na bioenergia<br />

Maior evento do setor no mundo, Fenasucro & Agrocana reflete mercado:<br />

elas marcam presença crescente nas grades de conteúdo e em cargos decisórios<br />

Arepresentatividade feminina<br />

no agronegócio<br />

vem ganhando<br />

cada vez mais espaço.<br />

De acordo com estudo<br />

do Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento<br />

(MAPA) em conjunto com a<br />

Embrapa e o Instituto Brasileiro<br />

de Geografia e Estatística<br />

(IBGE), as mulheres administram<br />

mais de 30 milhões de<br />

hectares, o que corresponde a<br />

8,5% das áreas rurais do país.<br />

Além disso, são cerca de 1 milhão<br />

de representantes femininas<br />

comandando propriedades<br />

do agronegócio no Brasil.<br />

Conquistando posições estratégicas<br />

em todas as áreas, as<br />

mulheres também têm reforçado<br />

sua atuação e protagonismo<br />

no setor de bioenergia,<br />

ao ocuparem posições de destaque<br />

em empresas e indústrias.<br />

Prova disso é que a presença<br />

feminina na Fenasucro & Agrocana<br />

- maior feira do mundo<br />

voltada exclusivamente ao setor<br />

bioenergético - cresce a cada<br />

ano, seja como visitantes, expositoras<br />

e palestrantes. Uma pesquisa<br />

realizada pelo movimento<br />

Cana Substantivo Feminino<br />

apontou que, em 2023, a média<br />

de mulheres no setor chegou a<br />

17% ante 7% registrado em<br />

2012.<br />

Para Rosana Amadeu, presidente<br />

do CEISE Br - a primeira<br />

mulher à frente da entidade -, as<br />

mulheres estão cada vez mais<br />

preparadas e se destacando em<br />

cargos de gestão, pesquisa e<br />

produção. A presença delas na<br />

oferta de tecnologias e inovações<br />

para o setor bioenergético<br />

é notória e está em sintonia com<br />

o grau de complexidade do<br />

mundo atual. “Estamos representadas<br />

tanto dentro de entidades<br />

como nos setores público e<br />

privado. Observamos grandes<br />

mulheres fazendo a diferença,<br />

assumindo postos de comando<br />

e responsabilidade, contribuindo<br />

para que o nosso País permaneça<br />

no protagonismo da transição<br />

energética global”, afirma.<br />

Filiada do LIDE Mulher e diretora<br />

de RH do Grupo Viralcool,<br />

Claudia Tonielo, também reconhece<br />

uma maior inserção<br />

de mulheres na cadeia da bioenergia<br />

e, consequentemente,<br />

na Fenasucro & Agrocana. “É<br />

uma força marcante, principalmente<br />

na feira, onde a mulher<br />

tinha outro papel antigamente.<br />

Hoje, o mercado mudou, a Fenasucro<br />

& Agrocana se adaptou<br />

e a gente percebe essa<br />

mudança também em muitos<br />

expositores”, revela.<br />

Defensora de mais mulheres no<br />

mercado, Claudia reconhece a<br />

importância da luta pela igualdade.<br />

“Não queremos competição<br />

e, sim, respeito. Não foi fácil<br />

chegar onde estou em um ambiente<br />

predominantemente masculino,<br />

mas estamos caminhando<br />

para as mudanças aos poucos.<br />

Vamos inspirando outras<br />

mulheres e isso acaba sendo<br />

um incentivo”, frisa.<br />

Claudia também é incentivadora<br />

da programação feminina no<br />

evento e confirmou a realização<br />

de mais um LIDE Mulher no encerramento<br />

da 30ª edição da<br />

Fenasucro & Agrocana. “É um<br />

encontro de suma importância<br />

para posicionamento das líderes<br />

empresárias e políticos. Com<br />

certeza contribui para um<br />

evento ainda mais grandioso,<br />

inspirador e com importantes<br />

discussões”, reforça.<br />

Refletindo esta representatividade<br />

no mercado e como<br />

forma de promover uma maior<br />

participação feminina na Fenasucro<br />

& Agrocana, a RX Brasil<br />

- promotora do evento - tem<br />

investido em trazer mais mulheres<br />

executivas do setor na<br />

grade de palestrantes. “A Fenasucro<br />

& Agrocana e o setor<br />

bioenergético, de maneira geral,<br />

vem passando por uma<br />

grande transformação nesse<br />

sentido. Hoje há muitas mulheres<br />

capacitadas, com conhecimento<br />

técnico e à frente deste<br />

mercado, que sempre foi tão<br />

masculino. É um orgulho para<br />

nós fazer parte dessa mudança<br />

tão importante”, destaca Mariana<br />

Vieira de Souza, gerente<br />

de marketing da RX Brasil.<br />

Há sete anos a jornalista Luciana Paiva, idealizadora do Cana Substantivo Feminino<br />

(encontro de mulheres da cana-de-açúcar), promove uma expedição de<br />

mulheres pela Fenasucro & Agrocana e percebe que o cenário não é mais 100%<br />

masculino.<br />

“Antes as mulheres não participavam da feira, pois não sentiam à vontade. Hoje,<br />

estão presentes, são profissionais qualificadas, em cargos de liderança, formadores<br />

de opinião e compradoras em potencial, que estão em busca de soluções,<br />

Números em crescimento<br />

de conhecer as novas tecnologias e inovações”, diz Luciana, que já programou<br />

para o dia 14 de agosto a ida do grupo de mulheres à feira.<br />

Muitas usinas, principalmente multinacionais, já oferecem mais espaço para que<br />

as mulheres desempenhem funções na indústria e no campo. “A mudança ocorre<br />

em razão do aumento de qualificação do público feminino e de características,<br />

agora, consideradas como diferenciais no ambiente de trabalho como foco, paciência<br />

e diálogo”, conclui.<br />

12<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


FENASUCRO<br />

ESG no setor bioenergético<br />

tem espaço exclusivo<br />

Evento acontece de 13 a 16 de agosto e traz nova arena com palestras, workshops<br />

e discussões para enfrentar os desafios ambientais e sociais da atualidade<br />

Minimizar os danos<br />

ao planeta e acelerar<br />

a transição<br />

energética por<br />

meio de ações ambientais, sociais<br />

e éticas. Esse é um dos<br />

papéis fundamentais da agenda<br />

ESG dentro do setor bioenergético<br />

e que tem colaborado, inclusive,<br />

para o Brasil ser líder<br />

global na produção de energia<br />

limpa, renovável e sustentável.<br />

Ponto de convergência para impulsionar<br />

esses ideais, a Fenasucro<br />

& Agrocana (Feira<br />

Mundial da Bioenergia) vai<br />

apresentar e debater as melhores<br />

práticas, em termos de eficiência<br />

e inovação tecnológica<br />

no setor, reforçando a importância<br />

do compromisso de toda<br />

cadeia com a sustentabilidade<br />

em cada aspecto de sua organização.<br />

Na edição comemorativa de 30<br />

anos – de 13 a 16 de agosto,<br />

em Sertãozinho – a feira estreia<br />

sua Arena da Sustentabilidade,<br />

um espaço exclusivo em que a<br />

sigla ESG é protagonista. O auditório<br />

oferecerá palestras e<br />

workshops informativos e servirá<br />

como um ponto de encontro<br />

para líderes do setor,<br />

acadêmicos e especialistas discutirem<br />

estratégias para enfrentar<br />

os desafios ambientais e<br />

sociais do nosso tempo.<br />

Temas como ‘Tecnologia Sustentável<br />

e Boas Práticas no<br />

Campo’; ‘Visão Global da Bioenergia’;<br />

a ‘A Importância da<br />

Certificação no Crescimento do<br />

Mercado de Derivados Inovadores<br />

da Cana-de-Açúcar’; e ‘A Liderança<br />

Brasileira na Transição<br />

para uma Mobilidade Sustentável’<br />

são alguns dos que já estão<br />

programados para serem apresentados<br />

e debatidos na Arena<br />

da Sustentabilidade durante os<br />

quatro dias de evento.<br />

Gestor executivo da Canaoeste<br />

(Associação dos Plantadores<br />

de Cana do Oeste do Estado de<br />

São Paulo), Almir Torcato, diz<br />

que além das questões ambientais,<br />

a cadeia da bioenergia<br />

também se preocupa com os<br />

aspectos sociais e de governança,<br />

sendo a governança<br />

corporativa fundamental para<br />

garantir a transparência, a ética<br />

e a responsabilidade na gestão.<br />

"O setor bioenergético tem<br />

grande potencial para gerar impactos<br />

sociais positivos, como<br />

a criação de empregos, o desenvolvimento<br />

de comunidades<br />

rurais e a promoção da inclusão<br />

social. Impulsionar e estimular<br />

o desenvolvimento dessas práticas,<br />

além de dar visibilidade ao<br />

desenvolvimento sustentável<br />

promovido pelo setor, serão os<br />

objetivos da Arena da Sustentabilidade<br />

na Fenasucro & Agrocana<br />

<strong>2024</strong>", destaca. Ainda<br />

segundo Torcato, a adoção de<br />

práticas de governança ESG<br />

constrói uma relação de confiança<br />

e contribui para a longevidade<br />

dos negócios.<br />

Para Lívia Ignácio, Head da Bonsucro<br />

para América do Sul, a<br />

Fenasucro & Agrocana se destaca<br />

não só por ser um ponto de<br />

encontro estratégico para o<br />

setor da bioenergia, mas também<br />

por seu compromisso com<br />

a sustentabilidade. Prova dessa<br />

preocupação é a novidade da<br />

edição de 30 anos da feira, a<br />

Arena da Sustentabilidade, que<br />

proporcionará uma plataforma<br />

para discutir e implementar práticas<br />

ESG, alinhando a indústria<br />

com os objetivos de desenvolvimento<br />

sustentável.<br />

“As entidades do setor, como a<br />

Bonsucro, desempenham um<br />

papel fundamental nesse processo,<br />

conectando os diversos<br />

atores e promovendo diálogos<br />

construtivos. A participação da<br />

Bonsucro na Arena da Sustentabilidade<br />

da Fenasucro & Agrocana<br />

reforça nosso compromisso<br />

com a transformação<br />

positiva e a promoção de um<br />

futuro mais sustentável e perene<br />

para o setor sucroenergético”,<br />

finaliza.<br />

O credenciamento on-line para<br />

a edição de 30 anos da Fenasucro<br />

& Agrocana já está aberto,<br />

é válido para visitantes, imprensa<br />

e assessorias e pode ser<br />

feito por meio do site www.fenasucro.com.br.<br />

14<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!